You are on page 1of 2
Da traducio (e da morte)’ filosofia da_atualidade est ‘dividida, basicamente, em Guas correntes, io tanto de um ponto de vista doutrina- Ho ‘quanto do tematico, Uma ‘isesas, correntes, que podemos deatificer, roullo aproximada- neate, com a Mlosofia anglo-s- Ronica, @ eminentemente tecni tare trata de problemas formals 0 Conkecimento, As assim chi- madas “eternas questGes da flo otis”, isto ¢, a arte de bem vi Sere bem morrer, estio coloea- Gis na periferia-do intezesse des: Sa corrente. Os pensadores que Sala pertencem ‘tendem a cox Siderar, tzig questdes com um ferto. desprez0, como néo per fencentes, propriamente, 20 €am- po da fllosofia. A outra corren- Fo, muito pelo contrario, profes Sendo somente um interesse vie So por elas, mas pretende te encontrado Tespostas inteirsmen- fe novas. Bata corrente, que po- Somos relacionar com a {ilosofia continental, esta como gue fas cinada pelo tema da vida e da morte (prineipalmente da morte) Paando sobre ela um aroma norbido. Por tratar-se, de tema- leas completamente diversas, & faell compreender que uma eon: ‘versagio entre as duas correntes, Tepresentadas, por exemplo, por Russel e Wittgenstein de wm la. o, © Heidegger e Camus do, ou tro, € sumamente difiel, Para 2 primeira, a segunda ndo é th Josotia, parém mA poesia, e pa ra a segunda, a primeira nio ¢ {losofla, mas um jogo de pacien ‘um, passatempo inautentico Este abisme que divide o pex- samento atual ¢ lamentavel, por fer desnecessario. A construgao Ge pontes sobre 0 abismo pare- ce ser faell e promissora. Quet- me parecer que basta, para tan Yo, manter uma corta distancia Gos preconceitos prevalentes. Es- ta distancla ns 2 temes, aqul ho Brasil, sujeltos que somos 4 infiuenela indiseriminada de am- bas as correntes. Nao seria es te um papel digno do pensamea- to brasileira representar dentro Go drama do pensamento ociden- tal? 0 presente artigo pretende ser uma contribuigéo modesta, ¢ fem forma de tentative, nesse sen tide. wir sind zum Tode da”: “exis: timos em diregéo da morte © a morte € a nossa finelidade”. Es- ta frase Tesume’o posto de vis» ‘Vitem Fiusser ta existencial, uma das caracte- risteas da atualidade, Assim brux talmente expressa, 2 frase, de- moa:lza a cua origem: a rellgio- Sidade, Pretendondo, embora, ne- gar a validade de todas as reli fides, por considerdlas fuges {nautentieas, tral Inadvertidamen- te a sua propria £6 religiosa. A morte, 0 nada, o aniqulamen- to, adquire um sabor positive @ pretende ocupar o lagar de Deus, fupostamente morto. ‘Tal pretensio é transeendencia tornase evidente quando acom- panhamos a tentatiya dos exis Yenclalistas de definir ontologt- eamente a morte, A qualidade 0 ser da morte difere da quail ‘dade do ser das outras coisas. AS ‘outras coisas podem ser alean- cadas e ultrapassadas (elngeholt © ueberholt). A morte. pode ser ‘apenas alcancada. Bia ndo esta i'indo (vorhanden) como © es- tio 25 outras coisas. Em suma: tla € a ultima coisa, tal como 9 Beus dos egeolasticos. Ela trans Cende a evistencia e ocupa o tu- gar do Ser reservado tradicional- mente a Deus. Neste aspecto 9 fexstenelalismo se aproxime do pensamento indian. “Nirvana ‘néoser, aniqulamento” é 0 fequlvalente do nosso Deus 10 Oriente buaista, e 0 budismo &, por sta ver, 2 existencializacdo fo vedismo. ‘A morte 6 pela sua definigio ontologies, uma situsede ée trom feira (para falarse com Jaspers). Pode sez alcangada mas nao ul trapassada. Portanto, no pode Ser apreendida e compreendida. Com ito 0 tema é eliminado do Campo da filosofia, tal qual ele E'delimilado pela’ corrente de peasamento. que chamel de “an- losaxonies”, Sugiro, entretanto, Sue ha tima‘situseao ontologica: frente semetbante & morte, que pode ser perfeltamente ullrepas- Eda (uebernolt, ou seie, apre- fudida e compreendida, e que tessa, situagdo pode servir, por Santo, como. elo entre ag) duns Correntes. ‘Reflrome 4 situagio que surge quando traduzo do ima lingua para outra. Propo- fzho a analize, embora. super. fal, dessa situagio peréeitamen- te corriqueira, e que, aparente- mente, nada tem de trenseenden- tal ‘Tomemos, como exemplo, 0 processo que resulta na tradu- Zao inglesa "I go” da frase por fuguesa "vou". O processo tem a dois aspectos. Objetivamente es- ‘8 sendo felta uma lgagio entre duns frases. Subjetivamente, 0 Intelecto se traduz, translads (transiate), salta (uebersetzt), Te: compoe. (preklads). Desprezarel grapes bleivo, do” ql a ei taiver num proximo artigo." fmitarel a diseussdo 20 aspecto subjelivo. 0 processo comeca Pe- In frase, sto’ €, pelo, pensamen- to “vou, 0 meu iatelect pete 2 “vou” e, em consequencla, 0 meu Intelecto é, neste instante, dentico 20 pensamento, "vou". Posso dizer que, neste, instante, ‘eu sou 0 pensamenio. “vou”, 0 Drocesso” acaba, alguns instantes ais tarde, pela frase, isto <6, pelo pensamenio “I go, Agora posso dizer que neste novo ins. fante eu sou o pensamento “I 40". Mas, 0 que sou no “curso do processo, quando me traduzo, me Tronslado para a outra lingua, quando ‘salto para ela ¢ qua do ae decomponto para me re eompor na margem da outta Ii sua? Antes de tentar uma res: Dosta esta perguntazquero Ji Kercalar a seguinte coasideragio: fluxo do meu intelecto, ou se fa, a sequenela dos meue pensa- mentor, € garantido pela re gras da Lingua na qual_penso G5 meus pensamentos. 30 fra Ses, organkzagses que consistem Ge" orgies como sujeltos, predi. ados objetes. Estas organiza. hes sto construldas de-tal ma, heira que fezem surdir por sine “as organizagées. Sio auto-repre- Gatoras, Um ipo dessa autee- produgéo ehamado “siloglsio", Gm. penstmento segie-ogice mente o outro, Bi outros. pos Ge autoreprodicto aie nic slo opicos., Estes suo. de anelise Tals diel, mas todos estio im Dliitos nas regras da Hgts, 2a ual estou, pensando., Se tenke Scertera da constancia ‘do meu Eu, devoa a essas Teeras. Sio Eas que. formam 0. eld entre fs vivenclas abruptas’@" descon- finues que formam avmaterie prima amorfa do meu pessgmen- 1, Nao fosse 9 peasamento or- ganizado, nao fbscem_ as f73se5, Smea fu seria wma serie e20- flea de impressoes, vollgdés ete Nao haverla.propHamente © um Eu, ¢ sim um Eu “ia ues’ ima potencialidads do-tm-20. Essds, Enpressbes, volicoes sestinos #16: permaneceiam sag eallni 2 Fem afticuladas Degsanipntos. Sem arfealados, tanto 9 ‘oltenios 20 problema. quaa- ant co portugues pera 9 sagt, aterromee, elena cep HuNo do imtelocts, 38 que ta 70 © Reo vm Zu em ants fo a pedir > Mgpmatsida ilosoiia cue flame de Canglosaonics”. eed publeato eJewenmals, 35 posig3et Frama timida icicagde Ho que deveremos ‘omer.

You might also like