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MINISTERIO DO MEIO AMBIENTE, RECURSO? ™ EDA A AMAZONIA LEGAL 10 DO MI MEIO AMBII Cad BRASILEIR CURSOS NI NATURAIS RENOVAVE! - 1B. ! roo ‘0 DE ESTUD Apresentagao O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos ‘cumprimento da sua missio institucional de executar a Politica Nac} ‘um dos seus principais objetivos: criar, implantare realizar a gest como amostras representativas dos ecossistemas brasileiros. A Diretoria de Ecossistemas do IBAMA tem sob sua Nacional de Unidades de Conservaco, constituido, Pega Nacionais, Estagdes Ecologicas, Reservas Biologicas, Areas di Particulares do PatrimOnio Natural (O presente trabalho trata do plano de Gesto da Area de do Pamaiba e reveste-se da maior importancia do ponto de vista APA foi criada com o objetivo de garantir a protegdo dos deltas com sua fauna, flora e complexo dunar, dos remanescentes de possibilitando a melhoria da qualidade de vida das populagdes disciplina das atividades econémicas locais. OIBAMA tem como estratégia 0 estabelecimento de ps da efetividade da gestio ambiental, especialmente para as unid que foi celebrado 0 convénio entre 0 Ministério do Meio Ambiet Legal e o Instituto de Estudos e Pesquisas Sociais (IEPS) da Univ¢r com a intervinigneia e acompanhamento técnico do IBAMA. O convénio celebrado atribuiu ao IEPS a dificil, porém de Gesto de uma APA onde, 0 desafio de conservar a nature: ‘ameagas a capacidade de suporte dos ecossistemas e dos rec brilhantemente cumprida pelo IEPS, com 0 apoio e participagio de A unidade de conservagio. ‘Assim sendo, 0 IBAMA, ao aprovar o presente Plano} faturais Renovaveis - IBAMA no jonal do Meio Ambiente, tem como de areas protegidas, identificadas onsabilidade a gesto do Sistema te, pelas categorias de Parques Protesio Ambiental e Reservas rotegdo Ambiental (APA) do Delta Jconservagao da natureza, pois, esta ios Parnaiba, Timonha ¢ Ubatuba, ita aluvial ¢ dos recursos hidricos, sidentes, mediante a orientagdo ¢ ia, em todos 0s niveis, na busca is de conservac3o. Foi neste sentido ite, Recursos Hidricos e Amazonia sidade Estadual do Cearé (UECE), cencial, missio de elaborar o Plano € estimulante, face as presses € naturais. Entretanto, esta tarefa foi 90s Segments sociais pertinentes ide Gesto, vem, juntamente com 0 TEPS, disponibilizé-lo sociedade, através da presente publigacao, para que se tenha acesso 20 conhecimento produzido e se possa colaborar para a gestiio dessa int Federal. iportante Area de Protegfio Ambiental Ricardo José Soavinski Diretor de Ecossistemas do IBAMA. Introdugao.. IO Significado da Area de Protecdo Ambiental (APA) ¢ a. Legislakio Ambiental Prtinnte IIL. A Criagdo da APA do Delta do Pamaiba ¢ Seus Objetivos.. IIL1. Perimetro da APA do Delta do Parnaita. IV. Caracterizagio da Area.. IV. Diagnéstico Geoambiental. IV.L.1. Consideragdes Gerais... 1V.1.2. Configuragdo Geoambiental da APA do Delta do ‘on 1V2. Diagnéstico Socioeconémico da Area de Proteso Amb 1V22.1. Hist6rico da Ocupagio. 1V.2.2. Indicadores Demograficos... 1.2.3. Indicadores Sociais... VIA Oficina de Planejamento ¢ 0 Seminario de Avaliag&o. VL. Matriz.de Problematizagao versus Defini¢ao das Agoes... V2. 0 Plano de Ago ¢ 0s Resultados Esperados. V3. Quadro de Ages Emergenciais. VI.4. Cronograma Mestre de Implementaglo das AgBes... VLS. A Matriz Institucional. ANEXO ~ Tabelas do Diagnéstico Socioecondmico... Referéncia Bibliografi Apresentacao presente documento é a sintese do Plano de Gestio Ainbiental para a Area de Protecao ‘Ambiental - APA — do Delta do Paraiba, situada nos Estados do Marpnho, Piaui e Ceara. A claboracao do documento esteve a cargo do Instituto de Estudos e Pesquisa Socials (IEPS) da Universidade Estadual do Ceara (UECE) em convénio com o IBAMA. ‘Trata-se de um instrumento de planejamento que tem o prdpésito fundamental de subsidiar a gestao integrada e participativa do espayo geogrifico envolvido pel APA, assegurando a conservacao dos recursos naturais ¢ a melhoria de qualidade de vida da populagio. Fez-se uma caracterizagio integrada da area consubstancigda nos diagndsticos das condigées geoambientais e sécio-ccondmicas. Os diagnésticos serviram de bfse para a realizagao da oficina de planejamento e o seminério de avaliagio onde foram montadas as njatrizes de problematizagio versus definigio de agdes, considerando a identificago de problemas, resultados esperados e agdes propostas. Montou-se, além disso, a matriz institueional, identificando-se ins}ituigSes piblieas ou organizacdes, no govemnamentais que atuam no territério. Foram igualmente estabelecidas as atribuigdes basicas do Comité Gestor. Em sintese, procurou-se apresentar alternativas de pane cola para uma érea que tem relevincia (geoecol6gica), sociocultural ¢ econémica para os trés Fstados onde se situa. Coordenagio do Projeto Gustavo Krause Goncalves eee Ministério do Meio Ambiente, Recursos Hidri¢os e Amazénia Legal Haroldo Matos Lemos Secretdrio de Implementagao de Politicas e|Normas Ambientais Rémulo José Fernandes Mello Diretor de Formulagao de Politicas Ambientais Eduardo de Souza Mai Presidente do Instituto Brasileiro do mei Ambiente e dos Recursos Naturais Rent is Ricardo José Soavinski Diretor de Ecossister Maria Lolita Bampi Chefe do Departamento de Vida Silvestre Moacir Bueno Arruda Coordenador de Conservacao de E¢ossistemas Manoel Messias de Sot Instituto de Estudos e Pesquisas Socials da UECE -IEPS REALIZAGAO: Ministério do Meio Ambiente, Recursos Hidricos e da Amazénia Legal — MMA/IBAMA Instituto de Estudos e Pesquisas Sociais da UECE -IEPS EQUIPE TECNICA: Luiz Cruz Lima - Coordenagao e Analise Socioeconémica Marcos José Nogueira de Souza — Analise Geoambiental Manoel Borges de Castro ~ Andlise Geoambiental Jader Onofre de Morais ~ Andlise Geoambiental José Meneleu Neto — Andlise Socioeconémica Luzia Neide M. T. Coriolano ~ Andlise Socioeconémica Pedro Augusto Lopes Pontes — Consultor para o Plano de Gestao Manoel Messias de Sousa — Consultor para o Plano de Gestao Introdugao, 0 trabalho que se apresenta, trata de modo essencial, do eet socioambiental da area compreendida pela APA do Delta do Paraiba, que serviu de subsidio para a claboragao do Plano de Gestio da mesma. Essencialmente, o plano de gestio contempla os conjuntos Has ages que tém a anuéncia dos atores sociais envolvidos, visando a preservagdo e/oua conservagoxlo ambiente e dos recursos naturais da APA. ‘A Area de Protegaio Ambiental (APA) representa uma unidade de conservagao onde a populacio pode usar de modo controlado o ambiente ¢ seus recursos sem qug se exija sua total conservagao, Na ‘concepgio de AGRA FILHO (1994), 0 Plano de Gestio deve pronjover 0 ordenamento das demandas sociais em compatibilidade com os recursos do ambiente, além d¢ coordenar e aglutinar tomadas de decisdo nas diferentes esferas c niveis governamentais. Sugere ainda hue os planos devem ser coneebidos através de objetivos programiticos e de agdes estratégicas. Os objetivos constituem as linhas de atuago destinadas ao gerenciamento dos problemas ambientais. As ages estratégicas incluem as formas de ‘atuagdo a serem desenvolvidas para atender aos objetivos progranjiticos. A Area da APA do Delta do Paraiba abrange 0s municipios de Pamaiba, Luis Correia, Ilha Grande de Santa Isabel e Cajueiro da Praia, no Piaui; Paulino Neves, Tut6ia, Araidses e Agua Doce, no Maranhio; Chaval e Barroquinha, no Ceara e ireas jurisdicionais|Ver mapa do esboco da APA. ‘As atividades ligadas a elaboragdo do Plano de Gestiio jamente dito, como a oficina de planejamento e o semindrio de avaliagdo com representantes da qomunidade, foram procedidos pela claboragao dos diagnésticos geoambiental e socioecondmico.. diagnéstico geoambiental prioriza a identificagio ¢ ‘homogéneos contidos na APA. Cada sistema ¢ integrado por vari relagdes miituas eque so submetidos aos fluxos continuos de ‘uma unidade de organizagao do ambiente naturale é passivel de defimitagio, Em cada sistema, também ‘denominado de unidade geoambiental, hi um relacionamento centre seus componentes € «les sto dotados de potencialidades de restrigdes especificas em termos de recursos naturais. Como tal, tendem também a reagir de forma singular em relagdo as influgncias da ocupagdo do territorio pelo homem. 0 outro diagnéstico elaborado dé uma visto da situago demografica ¢ s6cio- econémica da populagio da APA e contemplaos seguintes aspectos: Demografig, Grupos Populacionais: especificos, ‘Trabalho e Rendimento, Saiide, Educagio ¢ Habitagaio. Com bage nesta classificagao inicial, foram selecionados pesquisas e levantamentos realizados no ambito dps érgaos produtores de estatisticas como 0 IBGE, IPLANCE (CE) , Fundagao CEPRO (PI) ¢ Minigtério do Trabalho, dos quais foram retiradas informagSes com a sintese dos referidos temas. cterizagio dos sistemas naturais componentes naturais que mantém u Assim, no que diz respeito a demogratia, divulgam-se estatisticas rlativas & regido e aos estados, Juntamente com os municipios ¢ para 0 conjunto da APA, de tal forma que permitam estabelecer ppontos de comparagao e conhecer os principais aspectos quantitativos e estrutura s6cio—econdmica da populacio nos processos das alteragdes que afetam a vida da populagio, A fonte basica para o conjunto consolidado dos dados sobre a populagdo é 0 ultimo censo realizado pelo IBGE em 1991 e, complementarmente, a contagem populacional realizada em 1996, Para as varidveis sobre trabalho ¢ atividades econdmicas foram utilizadas vérias fontes de base municipal, procurando unificar a base de dados entre as diferentes fontes de pesquisa, Neste sentido, priorizou-se aquelas informagGes cuja periodicidade mostrase um resultado mais réximo da realidade atual vivida pelas regides pesquisadas, como é 0 caso das informagées referentes 4s movimentages do mercado de trabalho formal segundo setores de atividade, bem como sobre as atividades agricolas e pecuérias. O trabalho dos dados sobre atividades industriais recorreu 4 mesma ‘metodologia, concentrando-se na contagem de unidades industriais segundo municipio onde esta instalada, Tanto as informages sobre mercado de trabalho, como sobre agropecuaria e industria, foram coletadas para o periodo 1995 e/ou 1996, no sentido de dar uma certa uniformidade na andlise dos indicadores. plano de anilise se divide em dois grandes grupos. O primeiro enfoca as condigdes sécio ~ demogrificas da populago que segue uma seqiiéncia preestabelecida: + _Inicia com as variveis demogrificas municipais bisicas: estrutura da populagéo total; a sua densidade demogrifica; a taxa de crescimento populacional; a taxa de crescimento urbano e rural; + Analisa as condig&es da populagao residente: niimero de domicilios particulares urbanos ¢ rurais; proporgio de municipios urbanos e rurais com abastecimento ¢ esgotamento sanitirio inadequados; proporgéo de chefes de domicilios particulares rurais e urbanos segundo a renda em salirios minimos a proporgo dos chefes de familias analfabetos; * Expie as condigdes bisicas de educago da populagao através da: populago em idade escolar; populago em idade de freqiientar os trés niveis de ensino; a taxa de analfabetismo de criangas (7 a 14 anos) e adultos (15 anos a mais); + Expde as condigdes basicas de satide através de indicadores gerais como: 0 nimero de unidades de satide com e sem internaco; proporcaio de criangas de 0 a 6 anos em domicilios particulares permanentes com fgua inadequada; niimero de emprego médico por mil habitante e nimero de leitos por mil habitantes; Ossegundo grupo de varidveis e indicadores diz respeito & andlise das atividades econémicas que ‘dio suporte &s populagdes das APAs, que seguem o seguinte roteiro: + Analisa a economia urbana, as condigdes do emprego formal da mio-de-obra municipal segundo: a movimentago de mao-de-obra anual; o fluxo de admitidos e desligados onde esté alocada a mao-de-obra; 12 ‘+ Expie 0 quadro da industria segundo 0 niimero de tipologia dominante na regio; Habelecimentos por municipio ¢ a + A-exposigd0 do quadro das finangas piblicas municipaisjcom base no Fundo de Participaio dos Municipios ~ FPM; + Mostra a infra-estrutura disponivel de transportes terrdstres que atende regido da APA; + Expde um quadro sintético da populagio agrop. partindo da estrutura fundidri ‘analisando as culturas agricolas dominantes, segundo Anunicipio, priorizando as varidveis {que t&m impacto direto sobre a utilizacdo do solo attavés: da area plantada de culturas ‘permanentes; area plantada de culturas permanentes ¢o tamanho dos rebanhos (cabegas) segundo tipologia dos mesmos; = Analisada a potencialidade ¢ os obsticulos ao de folvimento do turismo ecolégico, dando énfase aos atrativos naturais e histdricos do Delta do Parnaiba. s diagnésticos elaborados nao substituem 0 zoneamenth ecolégico ¢ econémico, mas se ‘colocaram como meios indispensaveis e como documentos de refgrencia para a realizagao da oficina de planejamento ¢ 0 seminario de avaliagio. Tratou-se de um indrio participativo integrado por representantes das comunidades de todos os municipios ¢ foi realizado na cidade de Paraiba (PI), no periodo de 18 a 20 do més de maio. Discutiu-se, inicialmente, uma: triz de problematizagao x definigio dde ages. Foram apontados os problemas mais relevantes da APA P indicados 0s resultados esperados para a solugdo dos mesmos através de ages variadas para cada cao. Elaborou-se uma matriz institucional visando designar centidade publica ou ndo governamental na gestio da APA. © Plano de Ago proposto, obedeceu a uma ordem de estabelecidos. Com esses procedimentos, adquiriu-se os requisitos Censo 1991. Rio de Janeiro: IBGE, 1992. Valor estimado, passivel de corregies. jos como Araidses € le, de outro, os demais municipios, feriores & média nordestina (Tabela icipios de Araidses, Barroquinha, ‘des de populagdo rural em [jd estabelecido em Paraiba. Deste 43 ‘As caracteristicas gerais da populagao da APA do Delta, nao apresentaram grandes alteragdes no iltimo Censo Demogrifico. Os resultados da Contagen/96 revelaram, contudo, um dectinio populacional em alguns municipios. Em Paraiba, a taxa de crescimento urbano seguiu positiva com aumento na taxa de urbaniza¢o, mas a populagio total cresceu num ritmo menor. A dindmica populacional no Delta pode ser dividida basicamente em dois grupos de municipios. A perda de populacao no terceiro grupo de municipios citados se deu por motivos diferenciados: uns especificamente demogrficos e, outros, de carter administrativo. A estabilizagdo populacional ‘em Pamnaiba se deve em parte & consolidagio do seu processo de urbanizagio e as caracteristicas da transigo demogréfica em curso na regido. No caso de Araiéses e Luis Correia, além da queda de fecundidade parece estar havendo um deslocamento de populagio para fora destes municipios, sobretudo da populacdo rural. O outro aspecto diz respeito ao desmembramento de territ6rio e populagdo para formar os novos municipios de Agua Doce ¢ Cajueiro da Praia, o que provocou a conseqiiente perda de populagdo para esses municipios. Em fungdo da tendéncia de estabilizagaio do crescimento populacional, os municipios apresentaram perda de populagio em 1996, foram exatamente aqueles que softeram perda de territorio para os novos municipios, A dindmica demogrifica na regito do Delta mostra ainda uma tendéncia moderada de urbanizacao, onde Barroquinhia e Chaval so 0s tinicos municipios que ficam acima da média regional. Portanto, Parnaiba mantém sua posigao isolada de centro altamente urbanizado e principal contigente populacional absoluto, enquanto os demais permanecem com caracteristicas rurais e pequenos contigentes. populacionais. E neste sentido que se pode afirmar que a particularidade do universo dos municipios do Delta é 0 polarizagao populacional em torno do municipio de Paraiba. C) Evolugao da Populacéo Urbana e Rural Pelo padrio nacional, os resultados do Censo/96 mostram que a populag&o urbana brasileira é 3,6 vezes maior que a populacao rural, consolidando a tendéncia iniciada na década de 60, quando 0 ‘efetivo urbano ultrapassou o rural. E a continuagio de um fendmeno que somente atingiu as demais Regides na década de 70, quando a populacdo urbana na Regio Sudeste jé era 2,7 vezes maior que a populagio rural. Na década de 80 acentuaram-se ainda mais os diferenciais nos quadros urbano ¢ rural. A populagao urbana continuou crescendo significativamente em todas as regides, inclusive naquelas onde as atividades rurais exerciam ainda forte influéncia’ . $ Censo 1991. Rio de Janeiro: IBGE, 1992 ‘A diminuigio do volume da populagio rural, ocorrida entre de 1,8 milhiio de pessoas. Desde 0 Censo de 1980, 0 contingent observado no Censo de 1960. Essa redugo deveu-se as perdas popu} 1991 1996, no Pais, foi da ordem de populagio rural ¢ inferior a0 lacionais rurais ocorridas em todas as Graces Regies, Em terms absolutos a maior peda populacoga rural ocorrida no periodo 1991- 1996 foi observada na Regio Nordeste, que experimentou um dec Esse fendmeno nordestino afetou com especial intensidade aquele ccimo de 1,1 milhao de habitantes. hjunto de municipios que possufam ‘maior parcela de populagio rural, o que nao se aplicou de forma Me ‘20s municipios do Delta. ‘Neste sentido, do ponto de vista da segmentagao da populacs entre urbana ¢ rural, observa-se tués tendéncias quanto a sua dinimica: De um lado, aqucles minicipios que apresentaram maior incremento de populagdo urbana, ficando acima da média regi alcancando crescimento anual de 2,13 ¢2,22%, respectivamente. com crescimento moderado, tendendo a estabilizagao demogrific anual de 1,45%. E, 0 terceiro, daqueles municipios, com decréscims ‘Araidses, Pamaiba, com creseimento anual de -3,95, -3,41 ¢-0,44 al, como Barroquinha ¢ Chaval, sgundo grupo, daqueles municipios ‘como Tutéia, com crescimento populacional, como Luis Correia, fo, espectivamente. Mas, outra diferenciagio pode ser notada entre os municipids que compdem a APA, quanto a0 nivel de urbanizacdo. De um lado, se destaca Parnaiba com alto ni proporedo de populagdo urbana de 90,37%, ou seja, superior & ‘aqueles municipios que esto passando por uma ripida transigao ‘urbana, como Barroquinha e Chaval, apresentando proporgdes de respectivamente. E, ainda o grupo de municipios que permanecem’ 1 de urbanizagio, alcangando uma 1édia regional. Por outro lado, hé je populagao rural para populagao lagdes urbanas de 52,91 ¢ 69,69%, sicamente rurais, com proporgles de populagio urbana abaixo de 50%, como Luis Correia, Tutsia ¢Araiéses. D) A Tendéncia de Urbanizacao na APA Ocrescimento de 12,1 milhdes de habitantes urbanos no Brap I se reflete na taxa de urbanizagio, que passou de 75,59%, em 1991, para 78,36%, em 1996, Esse incfemento se explica basicamente por {rGs fatores: o crescimento vegetativo nas dreas urbanas; da migrag incorporagiio de dreas rurais como novas dreas urbanas, da zona rural para zonas urbanas, No Nordeste, onde os niveis de urbanizagao ainda cram relativamente baixos, 0 ineremento nem sempre se deu gradualmente. O que explica por que, embora possijindo o segundo mais baixo nivel de urbanizacio do Pais, a Regiao Nordeste deteve 0 maior aumenfo 7,52%. 0 conjunto de municipios existentes na regitio abarcad| relativo da taxa de urbanizacio, pela APA da Delta do Pamaiba apresentava, em 1991, uma proporgdo de populago urbana dg 54,15%, enquanto em 1996, essa proporgdo elevou-se para 59,786, Do ponto de vista da mudangad je composigdo isso significou uma vatiagdo de 10,39% na proporgéo da populacdo urbana. Entre of municipios mais populosos, como Pamaiba, a taxa de urbanizagiio cresceu de 82,15%, em 1991, para 9P,. 37%, em 1996, o que correspondeu 45 um incremento da ordem de 10%. Municipios menores como Chaval, tinham uma proporgao de 65,22% de populacao urbana em 1991, em 1996, essa proporgiio passou para 69,68%, comespondendo uma variagio de 6,83% (Tabela 1). ‘Como se pode notar, a taxa de urbanizagio cresceu para o conjunto da APA. Assim, nota-se uma ‘urbanizagdo que se apresenta nos pequenos muniefpios através da migragio campo-cidade, enquanto se mantém no municipio de Paraiba, abastecida pela migragfo rural e da fea urbana dos municipios menores. A diferenca de ritmos entre 0s municipios mostra processos da mudanga de composicao da populagio urbana no Delta do Pamaiba. Pamaiba, encontra-se com sua urbanizagio consolidada, enquanto 08 outros municipios ainda esto com relativo atraso neste processo. Do mesmo modo, 0 principal contigente absoluto de populagio total ¢ a proporgio de populagao urbana estio localizadas na cidade de Pamaiba. Responsavel por 45,36% da populag2o somada dos municipios da APA, em 1996, esse muniefpio ¢ responsvel pelo principal foco de presso populacional relativa sobre o teritério «em questo e constitui o pélo que comanda a dinamica demogrifica no Delta. E) Densidade Populacional A situagio dos municipios da APA no que se refere densidade demogrifica mostrava em 1991 ‘um perfil superior 4 média regional. Enquanto a densidade demogrfica para o Nordeste atingia 27,53 hab/Km’, na APA o valor médio atingia 34,42 hab/km?, Apesar de uma densidade acima da média regional, ainda é um valor baixo em termos de concentrago populacional. As alterages administrativas decorrentes da emancipagao posterior de municipios tiveram uma influéncia considersvel nesse quadro. Embora alguns municipios tenham apresentado maior densidade relativa, como & o caso de Paraiba, ‘com 121,49 hab/Km, nenhum deles pode ser caracterizado como densamente povoado segundo os critérios nacionais utilizados pelo IBGE. De modo geral, a area dos municipios ¢ significativa, enquanto © contigente populacional, excetuando Pamaiba, se situa abaixo de 50 mil habitantes. A area média ara os 6 municipios existentes em 1991 era de 1.295 Km? para uma populacao total da APA de 267.595 hab. Entre 1991 e 1996 o processo de urbanizacaio de alguns destes municipios foi acompanhado ainda de declinio da populagio total como nos casos de Araidses (-3,41%), Luis Correia (-3,95) ¢ Pamaiba (-0,44%) (Tabela 2). Neste caso, as alteragdes espaciais decorrentes da criagao de novos municipios produziram algumas mudancas na densidade demogrifiea dos municipios. Isso fica mais evidente para aqueles municipios que perderam parcelas de territério como conseqiiéncia de ‘emancipagdes de distritos, como Pamaiba, Luis Correia, Araidses e Tut6ia. No comparativo entre a situago em 1991 ¢ 1996, s6 ocorreu queda na densidade do municipio de Araiéses, de 21,89 hab/Km2 para 22,40 hab/Km2. Nos demais a densidade aumentou, corroborando a tendéncia de urbanizagao ja descrita. Em Pamaiba observou-se a maior intensidade desse adensamento, de 121 hab/Km2, em 1991, para 288,04 hab/Km2 em 1996. Um dos fatores que provocaram essa enorme variagio num espaco de ‘tempo tio curto, foram as repartigdes territoriais ocorridas no periodo. De tal modo que, a caracterizagdo da APA do ponto de vis uma visivel tendéncia ao crescimento, que ja era relativamente alto densidade demogrifica mostra ‘0s padres regionais ¢estaduais. Embora deva set feita uma ressalva quanto as implicagdes admitlistrativas desse fendmeno, o que ‘minimiza 0 peso dos fatores propriamente demogrificos. 1V.2.3. Indicadores Sociais A) Condigdes Domiciliares: renda e saneamento ‘A anilise das unidades domiciliares corresponde a um aprofiindamento do estudo da populagaio Utilizando dados para 1991, nota-se que do total de domicilios obtidbs para o conjunto da APA, 28.961 local no que diz respeito aos niveis de condigao de vida eer a0 padro do local de moradia, ‘eram urbanos, que correspondiam a 55,83% do total. Essa predo: cia se deve sobretudo a Paraiba, que responde por 73,59% (21.313) do total dos domicilios urbanos|da APA (Tabela 3). Os resultados reforgam uma correlagao positiva entre a predgmindncia de domicilios urbanos e melhores condiges sanitirias das moradias. O quadto geral de ace} ‘nadequados, segundo padrao do IBGE, mostra que Pamatba ¢ um caso da APA, com indicadores menos criticos. 0 dos domicilios a gua e esgoto a parte no conjunto de municipios ‘A média de domicilios com gua inadequada atinge 83,13% para 0 conjunto da APA, enquanto aqueles com esgoto inadequado atinge uma média ainda mais alta, 999 13%. O impacto destes indicadores sobre as condigdes de vida, morbidade e satide publica ¢ perceptive], sobretudo no que se refere a0 uso dos recursos hidricos para o consumo humano (Tabela 3) Em geral, os menores municipios sto os que mais sofre ‘abastecimento de gua e falta de instalagdes sanitarias. Pamaiba fog com as precarias condigies de ye ao padrio geral, apresentando ‘um percentual de domicilios com agua inadequada de 48,50%, njuito melhor que a média da APA. (84,09%) e da regitio Nordeste (55,10%). Mas quanto ao esgs padece igualmente aos municipios vizinhos da auséncia de um sis média da APA para domicilios com esgoto inadequado atinge 99,9: se que a poluigao dos mananciais de gua potivel pelas aguas serv! das fontes de contaminagio tipicas de regides onde sio comuns as “ consolo o fato da média para a regidio Nordeste para esse indicad domicilios com esgoto inadequado. O estado critico revelado pores todo 0 conjunto de municipios da APA da Delta do Paraiba. nto sanitario a “capital do Delta” de tratamento satisfatério. A fe Pamaiba atinge 99,90%. Sabe- de uso doméstico constitui um was da pobreza”. Nao serve de também ser alta, com 86,90% dos ndicador é generalizado, atingindo Embora os perimetros urbanos de alguns municipios, com Pamaiba ¢ Luis Correia, estejam fora da érea delimitada pela APA, niio podem deixar de ser considefados os efeitos da poluigao urbana sobre a rea do Delta. O impacto previsivel do munici pelo sistema de esgoto de seus 124.579 habitantes, seja pela preset de ae ‘maior que o dos demais, seja a de suas industria. 47 utra informagio complementar diz respeito a situago dos domicilios segundo padrio ou perfil do rendimento dos chefes do domicilio. Como se sabe, o fator renda esté fortemente correlacionado ‘com as condigdes de acesso & educagio, satide e moradia. No caso do Delta, o percentual de chefs de familia que ganham até ¥ salério minimo ($.M.) atinge niveis que indicam processos de exclusio social e pobreza. Considerando que este parémetro é um indicativo de condigées de vida abaixo da linha de pobreza, obtém-se que 33% dos domicilios da APA possuem chefes de familia com renda até ¥4S.M., enquanto 0 padréo do Nordeste aponta para um percentual de 28,5%. Municipios como Tutéia, Luis Correia e Barroquinha atingem percentuais de 42,10%, 36,30% e 35,20%, respectivamente. O ‘inico que atinge percentuais menores que a média da regio Nordeste é Paraiba (20,80%) (Tabela 4). Também associado a0 quadro de baixa renda da populacao, os niveis de analfabetismo dos chefes de familia atingem percentuais maiores que os de pobreza. Confirmando o ponto critico representado pelo fator educago, 0 Nordeste apresenta 46% dos chefes de familia analfabetos. A média obtida para os municipios da APA revela que sio 65,38% os chefes de familia analfabetos. A. tendéncia regional é seguida de forma mais acentuada no Delta do Paraiba, sobretudo nos municipios de Araiéses (75,70%), Barroquinha (76,00%) e Tutbia (69,30%) (Tabela 4). © quadro sintético da condigdo domiciliar da APA mostra uma interrelagao entre as baixas ccondiges sanitérias, analfabetismo ¢ baixo nivel de renda, que ocorre tanto em Parnaiba, que detém os. melhores indicadores, como nos outros municipios, onde a situagGo é mais critica. De modo geral, 0 perfil da APA referente as varidveis analisadas mostra-se pior que 0 padrdo regional, mas com a caracteristica particular de possuir um centro urbano mais desenvolvido (Parnaiba) cercado de um grande bolstio de pobreza ¢ exclusio social. O fator onde o desvio é mais significativo diz respeito a renda. A associagao entre menores percentuais de baixas renda e melhor infra-estrutura urbana parece ser o fator determinante na redugao do contigente de excluidos. B) Infraestrutura de Educagao e Satide Para analisar 0 nivel de acesso 4 educago da populagdo da APA do Delta utilizou-se como critério © perfil etdrio adequado a cada nivel de ensino ¢ as taxas de analfabetismo de criangas e adultos. Por outro lado, se obtém a demanda potencial de educagao segundo a faixa etdria associada ao nivel de ensino e, por outro, o nivel do desvio traduzido na taxa de analfabetismo da populagao infanto- Junvenil ¢ adulta, Quanto maiores sio estas taxas maior é o tamanho do desvio no atendimento a ‘demanda etéria de educacao. Partindo dessa metodologia, obtém-se uma taxa de analfabetismo para a faixa de 7a 14 anos de 53,28%, enquanto a média nordestina é de 34%, o que indica a inadequagiio da oferta escolar, seja do ponto de vista quantitativo e/ou qualitativo. A situago para o grupo de 15 anos. ‘ou mais é semelhante, apresentando média de 55,92% para a APA ¢ 37,6% para o Nordeste (Tabela 5). Em termos absolutos, a maior freqiiéncia ctéria no Delta do Paraiba, de 7 a 14 anos, demanda oensino fundamental, estando ai o principal estrangulamento do fator educacao. Eram 60.066 pessoas, 48 ‘em 1991, com demanda pelo ensino fundamental, sendo Parnaita (27.016) ¢ Araiéses (10.739) os principais focos dessa demanda. Osniveis de analfabetismo municipal mostram que o hiato etre a demanda de educacio eo real ‘acesso a ela permanece elevado, explicando por que a média de a} ialfabetismo de adultos (15 anos e mais) da APA atinge 55,92% e 0 analfabetismo de 7 a 14 anos atilge 53,28%. No plano da oferta de infra-estrutura de saiide, entendida no’ clinico, trés variaveis basicas se destacam: o nimero absoluto dk internagao (leitos); e empregos médicos por habitante. Como br IBGE para 1992, foi composto um quadro estatistico sintético so ‘Como unidades de saiide devem ser entendidos hospitais, materni ‘maioria dos municipios da APA da Delta do Pamaiba possue al sntido do atendimento hospitalar e sunidades de satide; unidades com nas informagdes fornecida pelo a rede de atendimento de satide 5» Postos de saiide e clinicas. A tipo de unidade de satide, sendo ‘apenas quatro 0s casos em que néo dispdem de leitos: Tutbia e Bafroquinha, A média de unidades de satide por municipio é de 10,66 e de unidades com internagdo é de’ tem-se os de Pamaiba, com 42 unidades de saiide, 39 com inter 1000 habitantes, que esto em flagrante contraste com os demais 5,5. Ao lado desses valores médios to € 1,75 empregos médicos por iunicfpios (Tabela 6). Esses resultados evidenciam que além da precariedade geral da oferta de infra-estrutura hospitalar ddos municipios da APA, hi uma desigualdade espacial na sua disfribuigdo, que esta concentrada em Pamaiba. 1V.2.4, Indicadores Econémicos ‘A) Economia Urbana: industria e emprego formal Em regides pobres do Terceiro Mundo, onde o acesso & infra-estrutura piblica é precéria ou inexistente, 0 peso da renda monetéria obtida no mercado de tr4 lho & decisiva para a renda das familias pobres. Como confirmam os dados demogrificos sobre fendimento dos chefes das familias para 1991, predomina o quadro de pobreza na APA. Deste modo, arcela considerdvel da pobreza da regio esti vinculada as precérias condigdes de insergo da popul¢do em idade ativa no mercado de trabalho. por Domicilio (PNAD), apresenta informagdes restritas as unidades federacao, regides metropolitanas © universo das pesquisas sobre mercado de trabalho, inclusi i ‘a Pesquisa Nacional de Amostra capitais,ndo possuindo representatividade estatistica para as uni ‘municipais, inclusive por que 65 principais mercados estio concentrados nos espacos urbanos fnetropolitanos. A iinica fonte que permite a informacio ao nivel municipal é 0 Cadastro Geral de ‘emborarestrto ao emprego formal. Desta forma, a uilizagio do C. damio-de-obra, mostrando também o estreito espago ocupado pel tgadios e Desempregados (CAGED), (GED, permite revelaras flutuagdes lemprego formal na regio da APA. 49

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