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sait1/2020 ‘Trafco de Escravos na Bacia do Congo S overblog Trafico de Escravos na Bacia do Congo Por E. J. Glave Este texto é uma resposta ao video “Kony 2012” que com mais de 100 milhées de visualizagdes em apenas seis dias, tornou-se o maior viral da histéria, Um comentarista pediu que antes que se fizesse qualquer julgamento sobre o assunto 6 necessério conhecer como era o sistema de vida dos africanos antes do contacto com os brancos ¢ indicou o seguinte texto: ‘The Slave Trade in Congo Basin Um artigo de 1890, escrito por E. J. Glave, um dos oficiais pioneiros do jornalista explorador, Henry Morton Stanley, atesta que os negros nao foram simplesmente arrancados mas resgatados da Africa. Este artigo foi publicado originalmente no “The Century Magazine” em Abril de 1890. Todas as ilustragdes so do artigo original A regio do coragdo da Africa esté a ser rapidamente despovoada em consequéncia da enorme lista de mortos causada pelo barbaro comércio de Nao € apenas a servidao que a escravidao implica clamando o interesse do mundo civilizado, mas o derramamento de sangue, a crueldade e a miséria que isso envolve. Durante a minha resid@ncia na Africa Central, por varias vezes viajei pelas aldeias a0 longo do Rio Zaire ou Congo e dos seus quase desconhecidos afluentes Nas aldeias por onde passei, testemunhei evidéncias da terrivel natureza do mal. Nao porque tivesse procurado testemunhar os sofrimentos que o tréfico transmite A humanidade, mas pela crueldade encontrada por todos os lugares, que visitava e inevitavelmente a presenciava. Nao so apenas os arabes os tinicos que praticam raides escravistas na Africa Central. O limite ocidental dessas préticas é 0 rio Aruwhimi, pouco abaixo das cataratas de Stanley. O esclavagismo inter-tribal existe a partir desse ponto, atravessa todo o Congo em direcgao ao Oeste, aleangando 0 Oceano Atlantico. ww fara-nza.com/2016/06hafco-e-escravos-na-bacia-do-congo him! 41 s9it1/2020 ‘Trafico de Escravos na Bacia de Congo Durante os seis anos que residi na regidio do Rio Congo, vii poucos arabes. Neste relatério divulgarei apenas as minhas experiéncias relacionadas com “o assunto da eseravatura entre os préprios nativos”, Fui para o Congo em 1883. Viajei sem parar com destino ao interior. Ao chegar a Stanley Pool, recebi ordens de meu chefe, Mr. Henry M. Stanley para acompanhé- Jo no seu pequeno barco En Avant. Naqueles dias, Stanley estava envolvido no estabelecimento de alguns postos de observagio em pontos estratégicos importantes juntos as margens do alto Congo. Lukolela, mil e duzentos ¢ quarenta quilometros interior adentro, foi uma das escolhidas. Tive a honra de ser seleccionado por ele para ser 0 chefe desse posto. Como nunca houve um homem branco vivido nesse lugar, comecei por ter um imenso trabalho para me estabelecer. local escolhido do nosso futuro acampamento seria uma densa floresta, que até ao momento estava mais familiarizado com o trombetear dos elefantes e do rugido do leopardo do que dos seres humanos. De inicio os nativos se opuseram & minha permanéncia, e rapidamente passaram a questionar Stanley. Disseram “"Nés prometemos-te aceitar um homem branco aqui, mas voltamos a falar sobre o problema, e conclufmos que seria melhor instalar o homem branco noutro luger, Nés os chefes, reunimos e conversamos. Chegamos a conclusio de que nao é desejavel ter uma criatura tio terrivel na regio". Stanley disse: "Porque razo? O que tem ele de mau por vocés se oporem? Se nunca o viram!!". (Ainda nao tinha desembar do, porque estava muito enjoado e incapaz de sair do barco). Eles disseram: "Nao, nés nao o vimos, mas j4 ouvimos falar dele". Stanley ento disse: "O que vocé ouviu sobre ele?”. Eles responderam: "Ele é metade ledo e metade biifalo, tem um olho no meio da testa, vem armado com dentes afiados ¢ pontiagudos, e est4 continuamente a abater e devorar seres humanos, é verdade?” Stanley respondeu-Ihes: "Nao sabia que cle era uma criatura tao terrivel, mas vou chamé-lo, e deixar que vooés fagam seus proprios julgamento: ww fara-nza.com/2016/06hafco-e-escravos-na-bacia-do-congo him! 21 ‘9/2020 “Trico de Escravos na Bacia do Conga Apés a minha presenga, essa ilusio imediatamente foi dissipada, afinal, apds varios dias de sofrimento por essa doenga aguda, realmente essa criatura néo parecia muito formidavel e sanguinario. Ali vivi durante vinte meses, o nico homem branco, de modo que oportunidades para estudar o cardcter e os costumes dos nativos. VIDA DOS NATIVOS Para colocar diante do leitor um retrato da vida selvagem, intocada pela civilizagdo, basta esbocar uma aldeia t{pica de Lukolela da maneira que intimamente conheci. 0 distrito contém cerca de trés mil pessoas, a terra cocupada por eles se estende ao longo da margem por trés quilémetros, as aldeias pontilham esta distancia em grupos de cinquenta ou sessenta casas. As casas sto construfdas em ambos os lados de uma rua comprida ou em pragas. Sdo cobertas com folhas de palmeira ou grama, sendo as paredes feitas de bambu rachado ao meio. Algumas dessas moradias contém dois ou trés compartimentos, com apenas uma entrada; enquanto outras so estruturas longas, divididas até dez. ou doze quartos, cada uma tem uma entrada independente. Na parte de tras das habitagdes possuem grandes plantagdes de bananeiras, enquanto por cima delas ww fara-nza.com/2016/06hafco-e-escravos-na-bacia-do-congo him! 321 s9it1/2020 “Trico de Eseravos na Bacia do Congo se véern altas e imponentes palmeiras cobrindo as ruas e as cabanas com sua propria sombra. £ no frescor da manha que a maior parte dos servigos da aldeia é executada. A maior parte das mulheres, depois das seis horas, vai as suas plantagdes, trabalhar até o meio-dia, Outras permanecem na aldeia para euidar da culinari e outros assuntos domésticos. Grandes caldeirdes de barro contendo peixes, bananas, ou mandiocas, ficam a ferver sobre fogueiras, em torno das quais se agrupam os meninos e, meninas e também idosos aproveitando o calor, até que os raios quentes do sol da manha aparegam. Enquanto isso, os pescadores juntam suas armadilhas. Coam as suas armas, remam em direcgio aos locais de pesca, Os cagadores preparam suas langas, arcos ¢ flechas ¢ saem a procura das trilhas de suas cagas. O ferreiro da vila acende o fogo, o enxé (desbastador de madeira) do carpinteiro ocupado no trabalho é ouvido; as redes de caga e pesca so desenroladas ¢ examinadas, 0 curandeiro esta ocupado gesticulando com seus feitigos. Conforme o Sol se eleva no horizonte, a azéfama tornar-se-4 mais animada. O calor do fogo ¢ descartado, todos os departamentos dessa indastria se enchem de vida - 0 cenario rende-se alegremente aos rostos felizes ¢ sorridentes dos pequeninos que correm aqui e ali, entretidos nas suas brincadeiras. Ao meio dia o ealor sufocante do Sol tropical obriga a uma parada do trabalho. Uma quietude preguigosa prevalece em todos os lugares. Todos os recantos sombreados da vila sao ocupados pelos grupos que dormem, outros iniciam uma conversa, outros passam o tempo a cuidar dos cabelos ou participa na ajuda dos problemas da higiene pessoal conforme o seu costume nativo, como por exemplo raspar as sobrancelhas ou arranear os eflios - cuidam também de todos os pélos da face, excepto os do queixo, que sao trangados sob a forma da cauda de rato. Quanto mais rentes forem cortadas as unhas das mos melhor, ficam mais clegantes e vistosas. Até a ponta do dedo, a unha fica cortada até a polpa, se alguém quiser postar de belo ou de bela sempre tem alguma graca as unhas das maos ou dos pés inteiramente aparadas. Ahora de almogar, a aldeia assume um ar de calmaria, quebrada apenas por de grupos que discutem os méritos do vinho nativo. Toda a gente tem a mesma fraqueza de exigir, a maior parte das vezes, bebidas mais fortes que a 4gua. A natureza providenciou ao africano 0 suco de palmeira, uma bebida muito palatal, que quando fresea se assemelha a uma soda limonada bem forte, mas embriagante nos seus efeitos, £ obtida da seguinte forma: os aldedes encarregados dessa indistria particular sobem a érvore, aparam algumas dos ramos com folhas, e de seguida, fazem trés ou quatro furos de meia polegada de diametro no pé da copa até o cerne da frvore. ww fara-nza.com/2016/06hafco-e-escravos-na-bacia-do-congo him! an s9it1/2020 ‘Trafco de Escravos na Bacia do Congo De cada um destes furos fluirao a cada dia cerca de meio litro de suco, uma pequena cabaca é colocada para recolher o Ifquido. O contetido destas cabagas é recolhido todas as manhas. A bebida é denominada pelos nativos como malafu, bem conhecida por todos os viajantes europeus, como vinho de palma. Entre trés e quatro horas da tarde a vila novamente retoma o seu ar de actividade, que é mantido até o anoitecer. Nesta regido, perto do Equador, o Sol se pac as seis horas. Todas as ferramentas sio deixadas de lado, o trabalho é suspenso. As fogueiras si novamente acesas, tapetes sdo levados para fora e espalhados ao redor, e a principal refeigao do dia é saboreada, depois os nativos se retinem em torno do fogo para conversar sobre os acontecimentos do dia ¢ os planos para 0 futuro, Os jovens vio para os terreiros e se embalam em suas dancas nativas até meia-noite. Esta danga a noite é um espectéculo para ser lembrado. Os artistas se organizam em efreulos e dangam no ritmo da batida dos tambores, seu «i acompanhamento, e s6 0c: 0 jonalmente cantam suas cangdes nativas. A paisagem tropical em volta permanece delineada em forte contraste, as drvores mais proximas, as vezes, reflectem a sensacional luz das fogueiras, que também atinge 0s corpos reluzentes dos dangarinos, criando um contraste violento de luz e sombra, ¢ toda a cena se faz impressionante pela miisica selvagem, porém harmoniosa. A mei: noite, quando todos os moradores ja se retiraram para suas cabanas, reina o silencio, quebrado, as vezes, pelo piado de um estranho passaro, o rugido de um leopardo rondando por ali, ou algum outro animal selvagem, ¢ os variados sons dos insectos tropicais. O EFEITO ESCRAVIDAO. Este é um retrato fiel do dia a dia da vida levada em uma centena de aldeias do Congo, e se nao fosse pela existéncia da escravidao, isso atravessaria de um ano ao outro sem nenhum disturbio. £ a presenga do escravo na aldeia que brutaliza uma comunidade ora inofensiva e pacifica. fa influéneia venenosa, que um homem recebe por seu poder de vida e morte sobre o infeliz. que ele comprara, ¢ que estimula seu instinto selvagem para derramar, durante as execugdes € ceriménias, 0 sangue vivo do homem, mulher ou crianga que ele obteve - talvez em troca de algumas barras de latao, alguns metros de pano de Manchester. Aqui em Lukolela, por exemplo, mal tinha se estabelecido em meu acampamento, quando fui apresentado a uma daquelas cenas horriveis de derramamento de sangue que ocorrem com frequéncia em todas as aldeias ao longo do Congo, e que seré apregoada enquanto a vida de um escravo for contada como nada, e 0 derramamento do seu \gue contar tanto quanto o de uma cabra ou de uma galinha Neste caso particular a mae de um chefe tinha morrido, foi decidido, como de costume, comemorar o evento com uma execugao. No primeiro sinal da madrugada a batida lenta e compassada de um grande tambor anunciava a todos ww fara-nza.com/2016/06hafco-e-escravos-na-bacia-do-congo him! 521 s9it1/2020 “Trico de Eseravos na Bacia do Congo o que iria acontecer, e avisava ao pobre escravo, que haveria de ser a vitima, que seu fim esta proximo, Havia muita evidéncia que algo incomum estava prestes a acontecer, e que o dia seria dedicado a alguma ceriménia. Os nativos se reuniram em grupos e comecaram cuidadosamente a preparar suas vestes, vestir seus alegres panos de ombro, e enfeitar suas pernas e bragos com pulseiras de metal brilhante, e sempre se deliciando com gestos ¢ sadas selvagens quando discutem o evento. Apés tomarem uma leve refei¢ao, trouxeram de suas casas todos os instrumentos musicais disponfveis. Os tambores sao fortemente batidos, enquanto grupos de homens, mulheres e criangas formam-se em efrculos e animadamente desempenham dangas, que consistem em contorgées violentas dos membros, acompanhadas com cAnticos selvagens e com repetidos toques das cornetas de guerra feitas de chifre, cada bailarino tentando superar seu companheiro na violéncia do movimento e na forga do pulmao. Por volta do meio-dia, por pura exaustdo combinada com o calor do sol, eles sto forcados a parar, quando grandes jarros de vinho de palma so apresentados comegam as rodadas embriagantes, aumentando o entusiasmo geral, mostrando sua natureza selvagem em cores marcantes. O pobre eseravo, que todo esse tempo ficou deitado no canto de alguma cabana, com os pés e as mios algemados, sendo vigiado de perto, sofrendo a agonia e o suspanse que este tumulto selvagem sugere a ele, é agora levado para alguma parte proeminente da aldeia, onde vai receber as vaias e zombarias da multidao embriagada de selvagens. Os assistentes do carrasco, depois de terem seleccionado um local adequado para a ceriménia, trouxeram um toco de madeira de mais ou menos um palmo e meio, onde o eseravo é entio colocado sentado sobre isso, suas pernas sio esticadas em linha recta para frente, seu corpo é amarrado a uma estaca por detrés, cuja altura chega proximo dos ombros. E uma estaca é colocada por baixo de cada axila para escorar 0 corpo, onde seus bragos so firmemente amarrados; outras amarracGes siio feitas em pequenas estacas cravadas no chio, perto dos tornozelos e joelhos. ‘Uma vara é agora fincada em frente da vitima numa distancia de trés metros, no topo esto amarrados varios corddes, que es presos pela outra ponta, a um ane! de bambu. A vara é entao curvada como uma vara de pesca, ¢ 0 anel ¢ fixado ao pescogo do escravo, o qual se mantém rigido e imével pela tensdo. Durante esse preparo, as danas sio retomadas, agora mais selvagem e brutal ao extremo pela condigio de embriaguez do povo. Um grupo de dancarinos cercam a vitima e comegam a imitar as contorgdes do seu rosto que a dor causada por esta tortura cruel a obriga a mostrar. M impiedoso. 's ela ndo deve esperar nenhuma s jimpatia deste bando Nesse momento, a certa distdncia, se aproxima duas linhas de jovens, cada um segurando uma folha de palmeira, de modo que um arco é formado entre eles, por onde 0 carraseo é escoltado, A procissio passa em um passo lento, mas dangante Ao chegar perto do eseravo condenado, todas as dangas, cantos e tambores cessam, ¢ a turba embriagada toma seus lugares para testemunhar 0 iiltimo ato do drama, Um siléncio sobrenatural acontece. O carrasco usa um capacete feito de penas negras de galo, o seu rosto e pescogo esto escurecidos com carvao, excepto os ww fara-nza.com/2016/06hafco-e-escravos-na-bacia-do-congo him! 221 s9it1/2020 “Trico de Eseravos na Bacia do Congo olhos, cujas pélpebras sio pintadas com gesso branco. Suas maos e bragos até o cotovelo, ¢ os pés e pernas até o joelho, também esto escurecidos. Suas pernas estdo profusamente adornadas com largas tornozeiras metélicas, ¢ ao redor da cintura possui peles de gato selvagem amarradas. Entdo ele executa uma danga selvagem em torno de sua vitima, de vez em quando faz uma finta com a faca, um murmitirio de admiragéo acontece indo da multi reunida, Ele se aproxima e faz, uma marea de gesso fino no pescogo do homem predestinado. Depois de duas ou trés gingadas de sua faca para obter o balango certo, ele prepara o golpe fatal, e com um golpe de sua arma super-afiada, ele separa a cabeca do corpo. A visio de sangue traz um climax de frenesi aos nativos: alguns deles furam, selvaticamente com suas langas o tronco ainda tremendo, outros 0 cortam com. suas faci , enquanto o restante entra em uma luta medonha pela posse da cabeca, que foi arremessada para o ar pela tensio liberada da vara. Quando aquele que consegue segurar o troféu é perseguido pela turba embriagada, o horrivel tumulto se torna ensurdecedor; um lambuza a face do outro com sangue, e como resultado sempre surgem brigas, onde facas e langas sao utilizadas livremente. A razo dessa ansiedade em possuir a cabeca é esta: 0 homem, que ficar com a eabega contra todos 0s concorrentes até 0 p6r do sol, receberd um presente do chefe da aldeia pela sua bravura, E dessa maneira que eles testam os bravos da aldeia, e cles dito com admiragao, em relagao ao heréi local, "Ele é um homem corajoso, ele manteve duas cabecas até o anoitecer". Quando o gosto por sangue tem sido de certa forma satisfeito, eles novamente voltam ao seu canto e danga enquanto outra vitima é preparada, e a mesma chocante exibiglo é repetida, As vezes até vinte escravos so abatidos em um ‘imico dia, A danga e o tumulto geral dos bébados continua até meia-noite, quando mais uma vez reina 0 siléncio absoluto, em contraste ao abominavel tumulto do dia. Eu frequentemente ougo os nativos se vangloriarem da habilidade de seus carra ‘inico golpe da faca que eles usam, feita com um metal mole. Eu imaginava que eles seriam obrigados a dar golpes para separar a cabeca do corpo. Quando eu testemunhei esse espectéculo nauseante eu estava sozinho, desarmado e absolutamente impotente para interferir. Mas a silenciosa agonia deste pobre mértir negro, que morreu sem cometer nenhum crime, ma ‘cos, mas duvidava da sua capacidade de decapitar um homem com um. implesmente porque ele era um eseravo, a selvagens frenéticos, ¢ cada grito de agonia era um sinal para a explosio desenfreada de um Carnaval hediondo daquela selvajaria - apelou tao fortemente ao meu senso de dever que eu decidi impedir pela forca qualquer repeticao desta cena. Eu declarei a minha resolucdo em uma assembleia dos principais chefes, € apesar de terem feito varias tentativas, nao houve m: ‘ujos movimentos comoventes foram ridiculariz pelos is execugdes durante o resto da minha estadia naquele distrito. Algumas palavras so necessarias para definir a posigdo dos chefes de aldeia, como o mais importante factor na vida selvagem africana, pois de uma forma ou de outra, eles estdo intimamente ligados com as piores caracteristicas do sistema ww fara-nza.com/2016/06hafco-e-escravos-na-bacia-do-congo him! 721 san12020 “Trico de Eseravos na Bacia do Congo esclavagista, ¢ si responsdveis por quase todas as atrocidades praticadas nesse imbréglio. ais chefes séo os Iideres das aldeias, e sao classificados de acordo com o namero de seus guerreiros. O titulo de chefia nao é hereditario, e sim adquirido por um membro da tribo por provar a sua superioridade em relago a seus companheiros. O chefe mais influente numa vila tem necessariamente 0 maior mimero de combatentes, ¢ estes so principalmente escravos, pois a fidelidade de um homem livre pode nao perdurar. A ideia do chefe sobre riqueza ¢ - escravos. Qualquer tipo de dinheiro que ele possa ter seré convertido em escravos logo na primeira oportunidade. A poligamia é regra em toda a Africa Central, e um chefe compra quan vas. pode pagar. Também se casa com mulheres livres - que é, afinal, apenas outra forma de compra. AmLAvER'® cawor MODOS DE TORTURA. ‘Todas as tribos que conheci tém uma ideia de imortalidade. Eles acreditam que a morte que os leva para outra vida, é uma continuagéo das mesmas condigdes da vida que esto a levar agora; Um chefe acha que, quando entra nessa nova existéncia, sera acompanhado de um mimero suficiente de escravos que 0 credenciaré a ter 0 mesmo valor no outro mundo que tem no presente. A partir desta crenga é que emana um dos seus costumes mais barbaros - a ceriménia de saerificios humanos apés a morte de alguém importante, Apés a morte de um chefe, certo ntimero de seus escravos é seleccionado para serem sacrificados, para que seus espiritos possam acompanhé-lo para o outro mundo. Se este chefe possui trinta homens e vinte mulheres, sete ou oito dos primeiros e seis ou sete ww fara-nza.com/2016/06hafco-e-escravos-na-bacia-do-congo him! 321 s9it1/2020 “Trico de Eseravos na Bacia do Congo dos iltimos morrerao. Os homens sero decapitados, e as mulheres sero estranguladas. Quando uma mulher esté para ser sacrificada, ela sera adornada com pulseiras de metal brilhante, suas vestes serio cuidadosamente preparadas, seus cabelos serao perfei cidos fortemente smente trangados, e seu corpo er coberto por t coloridos. ‘Suas mos sero entao atadas para tras, uma corda sera passada em volta de seu pescogo e a outra extremidade seré passada por cima do galho de uma arvore mais proxima, e um sinal é dado para o inicio da zombaria; e enquanto 0 corpo pendurado no ar realiza eus movimentos convulsivos, os selvagens 0 seguem, imitando primorosamente. Muitas vezes acontece de uma crianga também se tornar vitima dessa terrivel ceriménia, sendo enterrada viva na sepultura, servindo de travesseiro para o chefe morto, Estas execugSes ainda sio perpetradas em todas as aldeias do Alto Congo. Mas 0 escravo nio é privado de sua vida apenas com a morte do chefe da tribo, quando sua sorte é Jangada. Vamos supor que a tribo & qual ele pertence esteja em uma guerra auto-destrutiva com outra tribo do mesmo distrito, e por alguma razio politica o chefe resolve declarar o fim da disputa, entao um encontro é organizado com o seu rival. Na concluséo do encontro, para que o tratado de paz seja solenemente ratificado, sangue deve ser derramado. morte Um escravo &, portanto, seleccionado e o modo de tortura antes de varia entre os distritos. No distrito de Rio Ubangi o eseravo é suspenso de cabega para baixo no galho de uma érvore, e ali é deixado até morrer. Porém, bem mais horrivel é o destino desses miseréveis em Chumbiri, Bolobo, ou nas grandes aldeias ao lado do rio Irebu, onde a vitima expiatoria ¢ enterrada viva, com a cabega deixada acima do solo. Mas antes, todos os seus ossos so esmagados ou quebrados, e numa s 1a morte. Geralmente & ilen josa agonia ele espera por s enterrado em uma eneruzilhada, ou ao lado de um caminho bem trilhado na saida da aldeia, todos os moradores que passam por la, mesmo que sintam uma pontinha de pena momenténea, nunca se atrevem a aliviar ou acabar com a miséria do condenado, pois seriam punidos com as mais severas penalidades. ww fara-nza.com/2016/06hafco-e-escravos-na-bacia-do-congo him! 91 san12020 ‘Trafica de Escravos na Bacia do Congo Como os nativos sao eseravizados. Os prémios da guerra entre tribos fornecem os mercados com escravos, cuja marca cicatrizada, mostra que cles so membros de diferentes familias ¢ de aldeias muito distantes. Mas hé algumas tribos, as mais inofensivas e mais pacificas, cuja fraqueza os coloca, frequentemente, A mercé de seus vizinhos mais poderosos. Sem excepeao, a raga mais perseguida no territério Congo Free State é a Balolo com suas tribos, que habitam a drea que envolve os rios Lulungu Malinga, Lupuri, e Ikelemba. Eu quero aqui mencionar que o prefixo "Ba" na lingua dessas pessoas designa o plural, por exemplo, Lolo significa um Lolo - Ba-lolo, significa 0 povo Lolo. Essas pessoas séo naturalmente meigas e inofensivas. Suas pequenas, ¢ desprotegidas aldeias séo constantemente atacadas pelas poderosas e ociosas tribos do Lufembe e Ngomb. Estas duas tribos sio vorazes canibais. Eles cercam as aldeias dos Lolos a noite, e ao primeiro sinal do alvorecer invadem. as aldeias dos distraidos Lolos, matando todos aqueles homens que resistem e aprisionando todos os demais. Depois os mais fortes sio seleccionados, algemados pelas maos e pés para impedir sua fuga. O restante eles matam, e sua carne é distribuida entre si. ww fara-nza.com/2016/06hafco-e-escravos-na-bacia-do-congo him! 1021 s9it1/2020 “Trico de Eseravos na Bacia do Congo Como regra geral, aps o raide eles formam um pequeno acampamento, acendem suas fogueiras, apoderam-se de todas as bananas da aldeia, e devoram a carne humana. Em seguida, marcham para um dos numerosos mercados de escravos, onde eles trocam os cativos do Rio Lulungu por colares, roupas, fios de lato, e outras bugigangas com os traficantes de escravos. E esses traficantes, por sua vez, rupam seus escravos em suas canoas e os levam as aldeias do rio Lulungu onde esto os mercados mais importantes. Masankusu, situado na jungdo dos afluentes Lupuri e Malinga, é de longe o mais importante centro de comércio de escravos. O povo de Masankusu compram seus eseravos dos assaltantes de Lufembe e Ngombe, e os vendem aos nativos € comerciantes do rio abaixo. Em Masankusu, os es sio expostos para venda em longos galpdes abertos, cobertos de grama presa em madeira lavrada. F comovente ver os detentos em um desses galpdes de escravos. Onde sto amontoados como animais. NO GALPAO DOS ESCRAVOS. As imagens que acompanham, a partir de esbocos que eu tracei em Masankusu, io uma ideia do sofrimento que é suportado pelos cativos em iniimeros mercados. Eles so amarrados em troncos cortados grosseiramente que Ihes causam enormes feridas em seus membros, is vezes algum é imobilizado pelo peso de um tronco de Arvore sobre seu corpo, enquanto seu pescogo é preso em uma forquilha de madeira. Outros permanecem sentados por membros amarrados em uma tinica posi (0, presos ao pilar por um cordao amarrado a um anel de bambu que envolve seus pescogos ou sao entrelagados com seus cabelos lanosos. Muitos morrem por pura fome, enquanto que outros recebem alimentacdo 0 suficiente para sobreviverem, e mesmo assim com muita relutancia. Es faminta criaturas, de fato, formam uma visio verdadeiramente deplorével. Depois de sofrer nesse cativeiro por um curto periodo de tempo eles se tornam meros esqueletos. Ali se pode ver: maes com seus bebés, jovens de ambos os sexos, meninos e meninas, e até mesmo bebés que ainda ndo sabem andar, cujas, mies morreram de fome, ou foram mortas pelos Lufembes. Raramente se véem velhos, estes s 10 todos mortos nos ataques: seu valor comercial é muito pequeno, nenhum fardo é carregado por eles. ‘Ao testemunhar os grupos desses infelizes pobres e indefesos, com suas aparéncias definhadas de olhos afundados, seus rostos com semblantes de muita tristeza, néo é dificil perceber a dor intensa que softem internamente, mas eles sabem muito bem que nada adianta apelar para a simpatia de seus impiedosos desde sua infancia, a testemunhar actos de snhores, que foram acostumado: crueldade e brutalidade, de modo que para satisfazer sua insaciavel gandncia eles proprios vio cometer ou permitiréo que seja cometido, qualquer atrocidade, até mesmo pior. Essa lamentavel visdo em um desses barracées de escravos nao representa nem a metade da miséria causada pelo tréfico — casas destruidas, maes separadas de seus bebés, maridos de suas esposas e irmdos de suas irmas. ww fara-nza.com/2016/06hafco-e-escravos-na-bacia-do-congo him! swe s9it1/2020 ‘Trafico de Escravos na Bacia de Congo Na minha tltima passada por Masankusu vi uma mulher escrava que tinha com ela seu filho, cujo esfomeado corpo, ela carregava enquanto mamava em seu exaurido seio. Eu fui atraido pela tristeza em seu rosto, que demonstrava um. frimento. Perguntei-Ihe a causa disso, e ela solugando me respondeu em voz baixa o seguinte: "Eu vivia com meu marido e meus trés filhos em uma enorme si aldeia do interior, a poucos quilémetros daqui. Meu marido era um cagador. FE dez, dias atrés, os Lufembes atacaram a nossa vila; meu marido defendeu-se como péde, mas foi dominado e ferido com langas até a morte junto com varios outros moradores. Eu fui trazida para c4 com meus trés filhos, dois dos quais jé foram comprados pelos comerciantes. Eu nunca mais os verei. Talvez eles vo maté-los apés a morte de algum chefe, ou, talvez, para servir de alimento. Meu filho restante, vocé vé, est doente, morrendo de fome, e eles nao nos dao nada para comer. Imagino até que ele seja tirado de mim em poucos dias, pois o chefe, temendo que ele morra e se torne uma perda total, o tem oferecido por um prego muito pequeno. Quanto a mim”, disse ela "eles vo me vender para uma das tribos vizinhas, para trabalhar nas lavouras, e quando eu me tornar velha e incapacitada para o trabalho, entio serei sacrificada” Havia certamente quinhentos escravos expostos & Grandes canoas estavam constantemente chegando vindas do rio abaixo, com mercadoria de todos os tipos para trocar pelos escravos. Outro grande comércio & realizado entre os rios Ubangi e Lulungu. As pessoas que habitam o pontal do Ubangi compram os eseravos Balolos em Masankusu e em outros mercados, os venda nesta dinica aldeia, levam até o rio Ubangi para trocé-los por marfim com outros nativos. Estes nativos compram os eseravos apenas para alimento. Ap6s compré-los, os escravos sao alimentados com bananas maduras, peixes ¢ azeite, e quando estiverem em boas condigdes sao mortos. A cada més, centenas de escravos Balolos so levados para o rio e sacrificados. Outra grande quantidade de escravos é vendida para as grandes aldeias do Congo, para suprir as vitimas das ceriménias de execugio. as vidas so perdidas durante a captura, e mui fome. Do restante, uma parte é vendida para se tornarem vitimas do canibalismo e das ceriménias dos sacrificios humanos. Poucos sao os que realmente conseguem sobreviver e prosperar. sucumbem no cativeiro por Canibalismo, O canibalismo existe entre todos os povos do Alto Congo a Leste da e numa extens longitude 16 ° habitam as margens dos seus numerosos afluentes. Durante uma viagem de dois meses pelo rio Ubangi, fui constantemente posto em contacto com o canibalismo. 0s nativos orgulham-se do nimero de caveiras que possuem, quando monstram 0 ndmero de vitimas que foram capazes de obter. .0 prevalec jo ainda maior entre os povos que Vi uma ca ibana indigena, em torno da qual fora construida uma mureta feita de barro com 30 centimetros de largura, onde havia fileiras de cranios humanos, formando um quadro horripilante. Aquilo que o chefe mais se orgulhava, pela mancira com que demonstrava ¢ mais chamava @ minha ateng&o, eram as pencas formadas com vinte ou trinta caveiras, dependuradas em posigGes de destaques da aldeia. ww fara-nza.com/2016/06hafco-e-escravos-na-bacia-do-congo him! 12 s9it1/2020 ‘Trafico de Escravos na Bacia de Congo Perguntei a um jovem chefe, cuja idade, certamente, nao passava de vinte e cinco anos, quantos homens ele havia comido na sua aldeia, e respondeu: trinta. Se espantou com o horror que demonstrei pela sua resposta. Também numa aldeia, a0 comprar uma presa de marfim, os nativos pensaram que talvez pudesse comprar erdnios e varias bragadas dessa mercadoria foram trazidas para o meu barco em poucos minutos. Senti que seria um pouco dificil negociar no rio Ubangi, pois o padrao de valor por ali era a vida humana - carne humana. Recebi em diversas ocasides, ofertas para trocar um homem da minha tripulagao por uma presa de marfim, e também me lembro de uma oferta para trocar um dos tripulantes do meu barco por uma cabra. "Carne por carne”, disseram eles. Fui muitas vezes convidado, também, para ajuda-los na luta contra outras tribos vizinhas. Eles diziam: "Voc® pode levar todo o marfim, que ficaremos com a carne", ou seja, é claro, todos os seres humanos que poderiam ser mortos na luta. Os mais hostis deles frequentemente ameacam que iriam nos comer, e eu nao tenho dtivida de que eles teriam feito isso se ndo fossemos forte o suficiente para cuidar de nés mesmos. Durante a minha primeira visita as 4guas do alto Rio Malinga, 0 canibalismo chamou minha atengio pela forma diabélica que foi realizado. Numa noite eu ouvi gritos penetrantes de uma mulher, seguido por um abafado gemido, entao ouvi gargalhadas e tudo voltow ao siléncio novamente. De manha fiquei horrorizado ao ver um nativo oferecendo aos meus homens um pedago de carne humana, em cuja pele havia a tatuagem que marcava a tribo Balolo. Mais tarde me contaram que o grito que ouvi durante a noite era de uma escrava cuja garganta havia sido cortada. Eu fiquei ausente desta vila de Malinga por dez dias. Na minha volta, eu perguntei se algum derramamento de sangue havia acontecido, e fui informado de que outras cinco mulheres haviam sido mortas. Na minha estada no rio Ruki, no inicio deste ano, eu fui apresentado a outra prova do terrivel destino dos escravos. Em Esenge, uma aldeia onde eu parei a fim de cortar lenha para o meu barco, ouvi sinistras batidas de tambores e sons de muita alegria ¢ animagéo. Fui informado por um dos nativos da vila que uma execugio estava acontecendo. Pela minha indagagao se eles tinham o habito de comer carne humana, ele respondeu: "Nés comemos o corpo inteiramente.” Eu ainda perguntei o que eles faziam com a cabega. "Comemos", ele replicou, "mas primeiro a colocamos no fogo para queimar o cabelo”, Existe um pequeno rio situado entre o Ruki e Lulungu, o chamado Ikelemba. Na sua foz nao possui mais do que 130 metros de largura. Suas aguas sao navegaveis por 220 quilémetros através das terras dos Lolos. Em proporedo ao seu tamanho ele fornece mais eseravos do que qualquer outro rio. Ao observar no mapa, vé-se que o Ikelemba, Ruki, e Lulungu correm paralelos um ao outro. As grandes tribos esclavagistas que habitam as terras entre esses rios, tr: mercados mais proximos descendo qualquer um desses rios. O MERCADO LOCAL DE ESCRAVOS ww fara-nza.com/2016/06hafco-e-escravos-na-bacia-do-congo him! 13921 s9it1/2020 “Trico de Eseravos na Bacia do Congo Ha algumas clareiras em certos intervalos ao longo das margens do Tkelemba, onde em determinados dias sdo realizados os pequenos mercados locais para a troca de escravos, Na medida em que se sobe o rio nota-se que os pequenos assentamentos as margens do rio vao se tornando cada vez mais frequentes, e oitenta quilémetros acima de seu pontal, sua margem esquerda torna-se densamente povoada. £ notério que as vilas sfo todas do lado esquerdo do rio, pois seu lado direito é infestado por tribos saqueadoras e itinerantes que atacam qualquer assentamento praticado em sua margem. Todos os escravos deste rio sio Balolos, uma tribo que é facilmente reconhecida pelas exageradas tatuagens mareadas na testa, nas témporas e no queixo. Durante minha visita de dez dias a esse rio encontrei dezenas de canoas das regides da foz.do rio Ruki e do distrito Bakute, cujos proprietdrios vieram para a compra de escravos, ¢ estavam retornando com suas mercadorias adquiridas. Quando sao transportados pelo rio, por conveniéncia, os escravos sao aliviados dos seus pesados grilhdes. Os comerciantes sempre levam consigo, pendurados nas bainhas de suas facas, algemas leves feitas de corda e bambu. O eseravo quando comprado é colocado no assoalho da canoa em uma postura de agachamento com as suas mos a frente, atadas por essas algemas. Durante a viagem ele é cuidadosamente guardado pela equipe de remadores que trabalham. em pé, e quando vem a noite, a canoa é aportada nas margens, suas maos séo mudadas para trés ¢ amarradas para evitar que tente fugir roendo a corda. Para tornar qualquer tentati de fuga impossivel enquanto dormem, seu pulso é atado ao de um de seus mestres. Em uma das canoas eu notei que havia cinco comerciantes, e sua carga de miseraveis humanos era composta de treze magros escravos Balolos entre homens, mulheres ¢ criangas pequenas, todos mostrando, inequivocamente, através de seus olhos fundos e corpos definhados a fome ea crueldade, a que foram submetidos. Esses escravos sio levados para as grandes aldeias no pontal do rio Ruki, onde so trocados por marfim com as pessoas do Ruki ou do distrito Ubangi, que os compram para abastecer suas orgias canibais, Alguns, no entanto, so vendidos pela redondeza, 0s homens para serem usados como guerreiros, ¢ as mulheres como esposas, mas em comparagao com os ntimeros daqueles que softem com a persegui¢ao dos cacadores de escravos, muito pouco de fato sobrevivem para aleancar uma posigdo segura, porém muito humilde em uma vila O estado deploravel destes Balolos sempre me entristeceu, intelectualmente falando eles possuem um grau bem acima de seus vizinhos; e realmente é devido & sua natureza mansa, e a sua disposicao pacifica, confiante, que facilmente caem como presa das hordas degradadas e selvagens de seu distrito. Eles tém gosto artisti 10 e genialidade mecAnica, fazem escudos primorosamente tecidos, e curiosas langas e facas moldadas e decoradas. Eles so extremamente inteligentes, fiéis, e, quando devidamente treinados, so corajosos. NO EXTREMO INTERIOR. ww fara-nza.com/2016/06hafco-e-escravos-na-bacia-do-congo him! sare s9it1/2020 ‘Trafico de Escravos na Bacia de Congo ides tive Nos meses que eu viajei pelo Alto Congo e seus afluentes, em varias oc: que defender-me contra a hostilidade dos nativos. Minha equipe era composta por quinze homens, a maior parte dos quais eram Balolos, e nunca fui enganado por eles. Quando eu os empreguei, eles chegaram as minhas maos como pedra bruta. Eles eram selvagens, alguns deles canibais, mas eles s maledvel, e com uma polit io de natureza muito irme e justa fui eapaz de converté-los em servidores dedicados ¢ fikis, Como prova do que pode ser feito por ganhar a confianga dos nativos, através de uma politica de firmeza e justica, eu acho que posso, seguramente, citar a minha ncia na Estado Equador. Eu permaneci por I quase um ano, com apenas um soldado Zanzibar, todo o resto do meu povo eram nativos que eu recrutei expel pelas aldeias vizinhas. Eu estava cercado por todos os lados por pessoas poderosas, que, se quisessem, poderiam facilmente ter me superado ¢ pilhado 0 meu posto. Mas nunca houve tentativa do menor ato de hostilidade ou de natureza hostil, e eu me senti tio seguro entre eles como sinto na cidade de Londres ou Nova Iorque. E verdade que os nativos nao tinham nada a ganhar por molestar-me, ¢ eles eram inteligentes o suficiente para perceber esse fato. Na realidade, minha presenga era, em boa dose, benéfica para seus interesses. Eu tinha pano, colares, espelhos, colheres, copos, ¢ outras bugigangas, ¢ eu as trocava com eles, e sempre que cu organizava uma pequena cacada atrés de elefantes ¢ hipopétamos, a minha parte no consumo desses animais era muito pequena, a maior parte da carne eu dava 08 nativos. Minha vida durante a minha estada na Estagdo Equador foi muito agradavel. As pessoas eram de uma disposigao feliz e alegre, todos foram simpaticos e falantes. Eles sentavam e por horas ouviam atentamente aos meus contos da Europa, ¢ suas perguntas inteligentes provavam que eles eram dotados de profundo entendimento. Ni o ha piiblico mais atento em todo o mundo que um grupo de selvagens africanos, se vocé puder falar sua lingua e se fazer entender. Quando eu me cansava de falar, passava a fazer-lhes perguntas sobre os seus modos, costumes e tradigées. Como eu sempre ficava muito impressionado por sua crueldade, sempre fizera questo de expressar a minha repulsa, e até mesmo dizia a eles que um dia eu lideraria um levante dos escravos. Minha audiéneia em tais ocasides consistia prineipalmente de eseravos, ¢ esses pobres miseraveis sempre ficavam muito satisfeitos por ouvir minhas opinides favoraveis a eles. Meus argumentos, eu pude ver muitas vezes, atraia fortemente os interesses dos proprios chefes, quando eu Ihes perguntava: "Por que vocés matam essas pessoas? Vocés pensam que eles nao tém nenhum sentimento, porque so escravos? Como vocés gostariam de ver seus préprios filhos levados para longe de vocés e vendidos como escravos, para satisfazer os desejos de canibalismos, ou de execugio?” Alguns deles, na época, até disseram que nao iriam mais realizar execugdes. Estas execugées continuaram a acontecer, mas de forma seereta, ¢ as noticias desses acontecimentos ficavam longe dos meus ouvidos até algum tempo depois, quando eu ficava sabendo através de meus proprios homens. Embora eu ww fara-nza.com/2016/06hafco-e-escravos-na-bacia-do-congo him! 1521 sart1/2020 “Trico de Eseravos na Bacia do Congo fosse incapaz de impedir a realizacao de tais ceriménias, com a forga que eu tinha & minha disposigio de um tinico soldado Zanzibar. ALGUNS COSTUMES BARBAROS. Lembro-me de uma execu depois. Foi para celebrar a morte de um chefe que morrera afogado durante uma expedicao comercial. jo que aconteceu, os detalhes eu fiquei sabendo bem ‘Tao logo a noticia de sua morte chegou a aldeia, varios de seus eseravos foram amarrados pelas maos e pés, e presos no fundo de uma canoa. A noite, essa canoa foi rebocada para o meio do rio, buracos foram feitos na mesma, e foi deixada para afundar com sua carga humana, Quando formos capazes de proibir essa terrivel perda de vidas, que as criangas de hoje sio obrigadas, constantemente, a testemunhar, sentimentos mais humanos poder se desenvolver, e cercado por influéneias mais saudév - pelo menos longe das exposigdes abertas da erueldade - el 10 no meio de uma geragio muito mais nobre. Nativos que sofriam nas maos dos traficantes de escravos, repetidamente, pediam-me para ajudé-los. No Malinga, onde a carne humana fora me ofertada para venda, os chefes reunidos votaram uma oferta a mim de varias presas de marfim se eu vivesse entre eles € os ajudasse a se defenderem dos Lufembes, e preparé-los a resistir as perseguigdes que sofriam das tribos vizinhas, que continuamente realizavam incursdes em seus territérios, capturando seus povos. Eles alegaram: "Nés vamos acabar morrendo de fome, pois no podemos mais fazer plantagGes, porque quando nossas mulheres o para a lavoura elas sio capturadas, mortas e comidas pelos argilosos Lufembes, que vive, win fore nza.com/2016(08trafco-de-escravos-na-baci-do-congo.him! ‘eet s9it1/2020 ‘Trafico de Escravos na Bacia de Congo constantemente, rondando por perto e levam qualquer desgarrado que encontram". Um velho chefe, Isekiaka, me disse que 12 das suas mulheres haviam sido roubadas, uma a uma, e varias de suas criancas. io dos Malingas € to Na verdade, a condigao de vida das pessoas na reg iserdvel, que varios deles foram expulsos, pelos Lufembes, de suas plantagi realmente compelidas a viverem no rio, em palafitas apoiadas sobre estacas. F, dessas miserdveis habitagdes langam suas redes, ¢ quando o rio esta cheio de peixes eles subsistem quase que inteiramente do produto de suas pescas. Isto deu origem a um curioso estado de coisas, pois, como os Lufembes eultivam apenas mandioca e produzem mais raizes do que consome a tribo, eles ento ficam felizes em trocar esse produto pelo pescado capturado por suas vitimas. E. assim, quando esse mercado é realizado, uma trégua armada é declarada, entao os Lufembes e os Malingos se misturam e negociam, com os seus produtos mantidos em uma mfo e uma faca de espera na outra. Pode, assim, ser facilmente imaginado que a perseguigdo incessante, as quais esses nativos sofrem, os torna cruéis e impiedosos. Em todas as regides do Malinga eles se tornaram to brutalizados pela fome que ‘comem os seus préprios mortos, ¢ a aparéncia de qualquer uma de suas aldeias sempre denota degradante miséria e fome. Eu tenho visto repetidas vezes, criangas pequenas comendo rafzes de bananeira, tentando em vo obter algum tipo de alimento de sua seiva. O fato de eles permanecerem vivos é um mistério. Qualquer coi tipos de moscas, lagartas, grilos so todos consumidos por essas pessoas. viva que eles sio capazes de pegar é visto como alimento; varios Somente quem vive durante algum tempo na Africa Central, pode entender a imagem da vida, que resulta nas mentes dos selvagens pelas mais atrozes ¢ desenfreadas crueldades. Cercados desde a infanci feriados ¢ grandes ceriménias marcadas por massacres de escravos, a mais branda e mais sensfvel das naturezas torna-se brutalizada ¢ insensfvel, e se isto acontece com o livre, qual deve ser 0 efeito sobre o escravo, arrancado de sua mae quando ainda erianga, talvez com a idade de dois anos, ¢ ainda, em sua infancia obrigada a sofrer pri por cenas de derramamento de sangue e tortura, seus ‘des. Se realmente esta eri: nga participa do desafio do canibalismo ¢ das ceriménias de execugao, nao se pode esperar que ele pudesse se apiedar com qualquer sofrimento. ‘As pessoas na parte inferior do alto Congo raramente praticam captura de eseravos. fi somente quando vamos ao distrito Bakute que temos contacto com isso, As grandes aldeias ao redor de Stanley Pool, - Chumbiri, Bolobo, Lukolela, Butunu, Ngombe, Busindi, Irebu, - Lago Mantumba, e o Rio Ubangi todos contam principalmente com as tribos Balolos para obterem seus escravos. Todas essas aldeias, excepto Stanley Pool fazem diariamente sacrificios humanos, seja pela morte de algum chefe ou por algum outro motivo cerimonial. ww fara-nza.com/2016/06hafco-e-escravos-na-bacia-do-congo him! a7 s9it1/2020 “Trico de Eseravos na Bacia do Congo Qualquer tipo de comércio realizado nesta parte da Africa s6 aumenta 0 derramamento de sangue, porque a ambigao do nativo é ter o maior mimero possivel de escravos ao seu redor, e quando ele vende uma presa de marfim ou qualquer outro artigo ele dedica quase todas as bagatelas que ele obteve na compra de novos eseravos. Assim, ele estara cercado por muitas mulheres € guerreiros durante sua vida, e teré sua importdncia marcaé em sua morte pela execugio da metade do nimero de seu povo AABOLICAO DA ESCRAVIDAO Eu frequentemente conversava com essas pessoas, e explicava-lhes a iniquidade daes wvidao, mas eles argumentavam: "Nos trabalhamos duro demais em nossas expedigdes comerciais para obtermos esses escravos, por que deverfamos abandoné-los para que outros que nao trabalharam os tomem? Nos os compramos, eles sdio nossos escravos, e temos o direito de fazer o que quiser com eles". A ceriménia de execugio, com sua brutalidade resultante, deveria ser, e pode ser extinta, O derramamento de sangue é ainda maior hoje, do que quando Stanley viu esse povo pela primeira vez em 1877; a razdo disso, como jé foi mencionada anteriormente, é que o contacto com os brancos tornou os nativos mais ticos, ¢ permitiu-lhes obter mais escravos. As grandes poténcias do mundo civilizado estio agora discutindo o movimento abolicionista, ¢ caso tais discussdes resultem em alguma acco conjunta voltada para a supres 10 do comércio no interior, existem algumas caracteristicas peculiares que podem ser transformadas em vantagens: Primeira, e mais importante, este tréfico nao possui complicacao de qualquer tipo de fanatismo religioso. Segunda. Esse povo € desunido; cada aldeia de cinquenta é independente da sua vizinha e pequenas guerras familiares esto frequentemente acontecendo. ou sessenta casas Terceira. Nao ha nada tao convincente para o selvagem Africano como a superioridade fisica. Agora, todos estes pontos so a favor do movimento anti- esclavagista. A auséncia de fanatismo religioso, a condigdo de desuniao entre os nativos e seu reconhecimento da superioridade fisica devem ser todos aproveitados, e sempre te isso em mente quando do projecto dos planos para a supressao do tréfico de escravos e sua barbarie resultante Em minha opiniao, levaré alguns anos antes que o tréfico de escravos realizado pelos arabes venha ser combatido com éxito, mas nao hé nenhuma razdo para atrasar o levante contra o comércio inter-tribal. © Congo Free State deu um passo na direc o certa instalando préximo A Stanley Falls um acampamento com trincheiras, com objectivo de formar uma barreira para manter os arabes, com seus bandidos de Manyema, a leste dessa posi¢ao. Cada pais no mundo deve apoiar o CFS a coneretizar esse objectivo, pois isso representaré o papel mais importante na historia da Africa Central. Quando ww fara-nza.com/2016/06hafco-e-escravos-na-bacia-do-congo him! 18121 s9it1/2020 “Trico de Eseravos na Bacia do Congo Stanley deixou Wadelai, os mahdistas (africanos islamicos) j4 estavam por l4. Se essas hordas se juntarem com os de Stanley Falls isso exigiré esforcos muito mais enérgicos, para salvar toda a Bacia do Congo de suas devastagées. Enquanto somos capazes de manter os arabes ao leste das Cataratas, no devemos perder tempo para iniciar a erradicagdo do derramamento de angue existent este daquele ponto. F um trabalho enorme, mas é uma divida que o mundo civilizado tem para com o escravo indefeso. Embora seja um selvagem, ele ainda um ser humano. Deve ser sempre lembrado que a supressio da escravidao na Africa ndo significa apenas combater os grilhGes dos membros do eseravo; a substituigdo do trabalho forcado pelo pagamento nio & seu tinico objec também o alivio, da humanidade escravizada em todas essas regides, de uma vida ‘0, mas de horror indescritivel, de torturas que s6 0 Africano selvagem pode inventar, e de uma morte certa e violenta. Desde Banana Point até Stanley Pool a escravidao realmente existe, mas com um cardcter mais brando que, quando as operagées realmente comegarem, Stanley Pool deve ser o ponto de partida. Se meia diizia de barcos répidos forem colocados no rio em Stanley Pool, cada um armado com vinte soldados negros, treinados e comandados por dois ou trés europeus que tenham comprovados por seus servicos passados que sao capazes de lidar com a questo, e se tal forca tiver © reconhecimento dos poderes civilizados e for autorizado a combater o mal, milhares de vidas humanas sero salvas. Estes barcos estariam constantemente a mover-se pelo rio, os que esto no comando comegariam por fazer um estudo cuidadoso da politica local. Teriam de convencer os nativos da sua determinagao em impedir essas ceriménias diabélicas de derramamento de sangue. Os nativos devem ser advertidos de que as aldeias que, no futuro, sejam consideradas culpadas de realizarem tais ceriménias, sero muito severamente punidas. Alguns dos chefes nativos com melhor predisposigio teriam suas cabecas feitas para apoiarem o lado do homem branco. Espides devem ser contratados em todos 08 distritos, de modo que um barco ao chegar a um porto imediatamente sua tripulagdo ouviré se alguma execuedo esta prestes a ocorrer ou jé ocorreu, e eu gostaria de sugerir que qualquer aldeia que continuasse com esses actos de crueldade, depois de ter sido legalmente advertida, deverd ser atacada, e um forte exemplo seria feito dos principais infractores. As punigdes logo teria um efeito muito salutar. Estas operagdes eu recomendaria a se realizarem entre Stanley Pool e as cataratas. Postos de observacées também devem ser estabelecidos em posigGes estratégicas para controlar os pontais dos rios usados pelos caadores de eseravos. ¢ rio. Outras estagGes devem ser estabelecidas no centro do distrito que praticar 0 Taide escravo. Escravos encontrados nos mercados poderao ser resgatados e colocados num assentamento, onde podem ser treinados como soldados ou aprender algum oficio itil; Tenho comprado, sempre que possfvel, o resgate de eseravos. a conclusio da compra, sempre tive a precaugdo de colocar nas maos do ponto deve ser suprido com um barco, igual ao que recomendei para o baixo ww fara-nza.com/2016/06hafco-e-escravos-na-bacia-do-congo him! 19121 s9it1/2020 “Trico de Eseravos na Bacia do Congo homem libertado uma declaragao afirmando sua liberdade resgatada por mim, € que a expedicao que representei fara um determinado pagamento mensal, enquanto ele permanecer a seu servico. EFEITO DA LIBERTACAO. Foi curioso observar os diferentes efeitos que o aniincio da redengao teve nos escravos libertados de forma tao inesperada. Como regra, o homem perplexo fazia todos os tipos de perguntas a cada um dos homens da tripulagao do meu bareo, qual seria o significado da ceriménia! Qual seria o seu destino? Seria trocado por marfim? Ou seria comido? Levei algum tempo e pa para explicar! Passado algum tempo o susto passou da primeira surpresa. A importancia do papel que e tinha foi colocado na sua mao. Outros, mais inteligentes, imediatamente compreenderam a sorte que tiveram; era estranho ver a mudanca surpreendente na expresso de seus rostos, num momento antes nada indicava, a ndo ser uma submissio sem resisténcia ao seu destino miserdvel, seus corpos inertes e cansados. De repente parecia ao mesmo tempo tornarem-se erectos ¢ vigorosos, quando libertados daqueles degradantes grilhdes. Depois de comprarmos todos os eseravos que estiverem expostos para venda, uma adverténcia foi feita, Alertou-se que qualquer tentativa de compra de seres humanos para escravidio seria considerada um sinal de guerra, que os compradores seriam severamente punidos. mais importante do movimento é convencer os escravos na nossa seriedade e sinceridade. Sinto-me confiante que as operagdes executadas da maneira como sugerimos, terfamos mais resultados satisfatorios A razdo para o facto das aldeias nativas serem desunidas é que, ra aparece um chefe suficientemente forte para liderar uma unio. Esta fraqueza deve ser aproveitada, incumbindo competentes homens brancos para lideré-los, € através da sua influéncia pessoal, unir as tribos sob sua lideranga. ‘amente Mais cedo ou mais tarde teremos que combater os 4rabes em Stanley Falls. Ac almente, permanecem por 14 nao porque os homens brancos nao Ihes permitam descer o rio, mas porque esto no centro dum campo rico, sabem que, descendo 0 rio devem confiar inteiramente nas suas canoas, as estradas no interior sdo poucas e distantes entre si, devido a natureza pantanosa do terreno. Também teriam pela frente os populosos e belicosos distritos de Upoto, Mobeka e Bangala para lutar contra, o que no seria to facil de superar como sao as, pequenas aldeias espalhadas ao redor dk ley Falls, que no momento sao frequentemente perseguidas. Todos os nativos do Alto Congo, até os actuais limites sob a influéncia dos arabes, devem ser controlados tanto quanto possfvel por europeus. Devem permanecer alinhados com os europeus, de modo que quando chegar o momento dos arabes ww fara-nza.com/2016/06hafco-e-escravos-na-bacia-do-congo him! 20121 s9it1/2020 “Trico de Eseravos na Bacia do Congo decidirem avangar rumo ao Oeste, encontrardo nas suas fronteiras uma barreira de nativos bem armados e decididos. 0 comércio de escravos de hoje é quase totalmente confinado a Africa. Os escravos so capturados e eliminados no proprio continente, o némero daqueles que sao enviados para a Turquia e outras partes é realmente pequeno em comparagdo com enorme tréfego exercido no interior. Nés temos toridade de Stanley e Livingstone e outros exploradores a cuidar da iniquidade existente na porgao Oriental da Africa Equatorial. Na India temos um exemplo daquilo que a determinacao e resolugao podem realizar, como as ceriménias desumanas do sati, carro de Juggernaut, 0 infanticfdio, e a sociedade seereta dos Bandidos foram todas reprimidas pelo governo britdnico. As oportunidades para alcangar o centro da A\ anualmente a melhorar. Desde que Stanley expés pela primeira vez ao mundo a histéria manchada de sangue do Continente Negro, répidos avancos foram feitos na abertura daquele pais. O trabalho para o bem estar da Africa, tio determinadamente perseguido por Livingstone, foi agora mais nobremente realizado por Stanley, e o rapido progresso que esté actualmente acontecendo ¢ inteiramente devido aos esforgos de Stanley. Um grande obstéculo sempre existiu entre o mundo exterior e a Africa Central, no trecho de aguas nao navegaveis entre Matadi ¢ Stanley Pool. A ferrovia que esté a ser construfda agora vai superar esta dificuldade. ww fara-nza.com/2016/06hafco-e-escravos-na-bacia-do-congo him! 21a

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