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o . . . . . . . . . Q . ® . ® D ® . 5 ® ® D . D . . . . . . . D . . “Este tivo, que & uma jéia na literatura brasileira, cispensa co- mentarios. Jé 0 tinha lido e muto aprendi nele, Sera obra de cabeceira estuciasos de direito publico.” (Alfredo Buzaid) tentie os que pensam dessa maneira esté 6 Sr, Paulo Bonavides iustre jurista cearense, que, dispulando uma cadeira na universidade da sua terra, escreveu uma lese sob 0 titulo 0 ESTADO LIBERAL AO ES: TADO SOCIAL. Recorda, em paginas de sadia erudigdo, 0 que foi oes «0 liberal e quais os seus grandes doutrinadores para, em seguida, sus tentar que na maior parte dos paises ja existe o estado social inclusive 0 Brasil, O Sr. Paulo Bonavides revela, ria sua tese, conhecimento intim: com 08 grandes autores antigos e modemos, notaddamente com Kant e Hegel, aos quais decica capitulos extensos do seu livvo, O'seu trabalho 6 lido com proveito e sem fadiga.” (Plinio Barreto) “O titulo 6 de um livro de Paulo Bonavides, cult e brihante pro- fessor da Faculdade de Direito da Universidade do Ceay4, escrito com primor de linguagem, profundidade de doutrina e apurado senso critic. Para terminar,tralg-se de um lvro de renome para 0 autor, de rele para a cultura universitéria do Ceara: de. preciosa contribuicdo para as letras jurcicas do pais:" Joaquim Pimenta) Slida e brihante inonogratia, que é, sem favor, uma fore ati. mage de cultura |uridica.* (Oswaldo Trigueiro) Contribuigdo digna da sua bela erucigao @ das tradi¢bes invejd veis da cultura cearense.” (Victor Nunes Leal) sumenta bem o poder da sua inteligéncia e de sua anal lemas da vida politica.” (Pinto Ferreira) a i PAULO BONAVIDES DO’ESTADO LIBERAL AO ESTADO SOCIAL DO ESTADO LIBERAL AO ESTADO SOCIAL FEBYVTVFVTFSCVZTVIGTIVPGVP@ITFP@PISOTITOSCOOOOOO: ae La PAULO BONAVIDES DO ESTADO LIBERAL AO ESTADO SOCIAL Bl { ) | NOTA DA EDITORA SOBRE O LIVRO E 0 AUTOR Com a 8 edigdo do livro Do Estado Liberal co Estado-Social a Malheiros Editores se associa as comemoracies que'em'2008 vao as- sinalarve solenizar o cinglientenario da publicagao desta obra, sem diivida a-primeira no Brasil e talver no ocidente ~.ndo conhecemos outra igual a tragar e definir com autonomia 0 novo modelo.de Es- tado incufcado pela Lei Fundamental de. Bonn na Alemanha,poucos anos depois da catAstrofe do Nacional Socialismo e do fim da Segun- da Guerra Mundial Tal otorreu ~ a aparigdo do sobredito modelo — durante a fase ‘mais agitada, mais aguda, mais turbulenta da controvérsia ideologi- a do século XX. Naquela ocasiao néo havia, com forga, na doutrina, uma forma de Bstado.que pudesse vir em substituigao da modalidade marxista, de feigto autoritéria, Havia tdo-somente o Estado liberal do sgeulo ‘XIX, em sua decrepitude eterna, proposto, mas repulsado, por alter- nativa aos sistemas estatais do autoritarismo totalitafio. , sesperavam-se os inconformados com a falta de outro cami- ihe qué 86 se alcangou com aquela verso de uma categoria de Esta- 4 que'sutgiu do fato constitucional, sobretudo da nova éérrétite de idéias e instituigBés due a Alemanha de’Bonn propunia redumir © consubstantiar na‘divisa do Estado Social E Exn Weimaf se proclamara ¢ abrira com os direitos'so% clo das futuras geragdes de direitos fundamentais. Em‘Béni'ée tampara a forma democratizadora de Estado que protegia, na liber- dade, esses direitos, fazendo assim de todo ininterrupta a gaminha- da té6tiea'‘pata’ se’ dleangar um grau superior de legitimidade dos ‘egimes que orgatiizam o poder na época contemporanea. De Estado Liberal ao Estado Social © Patno Bonavives & edigdo, 05.1996; 7 edigdo, 1° ‘iragem, 07.2001; 2 tiragem, 03.2004, ISBN 978-85-7420-826-8 OS CINQUENTA ANOS DESTA OBRA Dirgtos reseriados dest edigto por : “MALHEIROS EDITORES LTDA. Rua Paes de Araujo, 29 conju 171 CEP O653i-940-~ sid bade SP Tels (11) 3078-7205 Fax: (11) 3168-5495 URL: ware malheiroseditores.com.br e-mail: malheiroseditores@terra.com.br Composigao e editoracto eletrénica Virtual Laser Editoragio Eletrénica Ltda, Capa Criaglo: Vania Liicia Amato, Arte: PC Editorial Lida, Impressono Brasil. Piel nb PAULO BONAVIDES. DO ESTADO LIBERAL AO ESTADO SOCIAL St edigio EIROS ORES x DO ESTADO LIBERAL AO ESTADO SCCIAL segundo, e.a que j6 por-vezes tem sucumbid®, de cair no totalitarismo, Re governo das masses.ou na corrupsso da plutocracia. Trata-se de ‘bm livro atualissimo e de maior interesse” (Casnat dt MoncAD4). “Sélida e brilhante monografia, que é, sem favor, uma forte afir~ ago de culturh furidica” (Qsvatpo Trucuein0). «0 titulo € de um livro de'Paulo Benavides, culto e brilhante professor da Faculdade de Direito da Universidade do Cearé, eserito Eom primor de linguagem, profundidade de doutrina e apurado sen Se eritico (..): Para terminar, trata-ge de urn livro dé rénome para 0 tutor, de relevo para a cultura universitéria do Ceard, de preciosa contribuigho para as letras juridicas do pais” (Jonqin Prott4). “iste livro, que & una j6id da literattira brasileira, dispensa co- mentérios, J& 0 tinha lido e'‘iuito aprendi nele, Agora, que © Sa~ aiva The assegura divulgagio nacional, serd obra de cabeceira dos estudiosdside direit®'pblicd” (Axrnepo Buzarn). “Coitribuigas digna da’ dtd bela erudicko e dds tradigdes inveja- vveis da éultura cearense” (Victor Nunes Leat). Pasgamog, em seguida, & figura do Autor. Dentre as alusdes ¢ de- poimentbs relatives ao valor, ao papel ¢ ao significado dagiilo que o Professor Paulo Bonavides, por sua produgéo juridiea e por sua ativi- dade no magistério tem representado_para o Direito no Brasil, ¢ tam bbém para a educagdo das novas geragdes que frequentaih as Universi- dades do pais, as mengdes subseqientes resumem tudo, dando 0 perfil {do publicista da obra cinqlentendria cuja reedigo comemorativa ora langamos, . “Ontem, o doutor Clovis Beviléqua, hoje a figura oracular de Paulo Bonavides, um dos maisres constitacionalistas brasileiros de todos os tempos que se singularizou por colocar o seu imenso saber teédrico no compromisso com ¢ seu tempo e com a luta do seu povo contra todas as iniqlidades” (Serdivepa Perrence, ex-Presidente do ‘Supremo Tribunal Federal). 4 “0 autor. é.um dos mais notéveis publicistas do Brasil contem- porineo, com-uma série de obras que o destacam entre os seus con-* femportneos pela cultura e significagdo-de suas teses. &, por exce- lénela, um doutrinador politico, tragando rumos para a sociedade de seu tempo (..). Professor visitante de universidades estrangeiras, qmericanas ou alemas, hé um sentido de apostolado na pregacdo I beral de Paulo Bonavides” (Bannosa Lima S08n0¥#0). 0 Professor Paulo Bonavides é considerade em Portugal como tum principe entre os eonstitucionalistas de lingua portuguese. (0S CINQUENTA ANOS DESTA OBRA xt ““A sua obra vastissima e sempre atualizada, a profundidade das reflexes que nela se encontram, o sentido de justo que nele perpas- sa fazem do Professor Paulo Bonavides um mestre conhecido, res- peitado e admirado tanto no Brasil quanto em Portugal. “Por isso, a Universidade de Lisboa concedeu-lhe, erv-ceriménia solene realizada em 22 de janeiro de 1998, o grau de doutor honoris tauisa em Direit (distingao rarissima que o pos a par de satios come Duguit e Miguel Reale) (.). Aeresce que a palavra e a escrita de Pale Bonavies que tabi fo jralea~ sf de eleadains qualidade literaria, Hum emérite ciltor da lingua” (Jonce Misano Qutededtico da Universidade de Lisboa). me “Dr. Paulo Botiavides'é o:jurista e cientista politico brasileiro contemporéreo mais conhecido na Alemanha (..). Tive hé alguns fanos o prazer de traduzir unr de seus mais itnportantes trabalhos tebricos e-publicé- ali em nossa mais conceituada, mais rigorosa ¢ mais exigente publicagdo jurfdica, a revista’ Der Stact [0 Estado’, _que normalmente'ndo publica trabalhos de cientistas estrangeiros Vives. Seu.trabalho.‘A:-Despolitizagso da:Legitimidade’ eausou na ‘Alemanha grande sensagdo (hat in DeutséRfand 2urecht grosses ‘Aufsehen erregt) e também grande admiraclo (auch grosse Wuerdi- gung gefunden) (..) Dr. Paulo é, ao meu ver, dos mais importantes cientistas de toda « América Latina (Jetet meine ich Dr. Paulo min- destens der bedeutendsten Wissenschaftlers der ganzen Lateiname- rikcas)” (Prizonicn Musiier, antigo Catedrético da Universidade de Heidelberg). “Desde que hé mais de uma déceda conheci o Professor Paulo Bonavides em Coiinbra, onde, a nosso convite, proferiu magnifices Ligbes na Faculdade de Direito de Coimbra, as nossas rotas acadé- micas, civices © pessoais t8m-se cruzado frequentemente. Seja em _coldquios, eja na apresentacio de livros, seja em reunides de conv vio, a impressao que se colhe deste homem é sempre a de um jurista eminente, um homem {ntegro e um cidadao apaixonadamente dedi- ado a-defesa das virtudes efvicas. apaizonadaments ded “Nao foi acaso que a ‘carta 4 um cidadso participative, por nés escrita, foi parar a0 posto de'edrreio'de'Fortaleza, ‘Aqui mora o prin- cipe dos constitutionalistas de Iingita‘portuguesa” (J. J. Gowes Ca- Notts, Catedrético da Universidade de Coimbra), sen BL rot Paulo Bonavides no aos uno de os mts release 1es maestros de la comunidad jurfdico-piblica y cientifico-pltt rearets Tats noe bide Gbradacente ews ees ms de eineventa viajes académicos que levo-tealizados a la préct- ca totalidad de esa drea geogréfica a la que tan préximo me siento, vat DC ESTADO LIBERAL AO ESTADO SOCIAL Foi com reflexes pertinentes ao contraste entre o universo so- cialista de Merx em expanséo e 0 mundo morto do liberalismo que ‘ndo se deixava sepultar que o Professor Bonavides escreveu sia mo- ‘nografia juridica inaugurando uma nova artéria da democracia nas ‘esferas do pensamento constitucional Isso ele o fez mediante a construgio tebrica, em tese de citedra, na longinqua década de 1950, do modelo que a restauragdo democré- tica de pés-guerra, eoncretizada na Alemanha, lhe inspirars. ‘As constituigdes da democracia por toda a segunda metade do -séeulo passago, até aos nossas dias, consagram e, de iltimo, se em- penham em consolidar principios de constitucionalismo social que, pelo menos, atenuam a luta de classes ¢ os antagonismos da desi- gualdade Da importéncia dessa via aberta entre nés, com a aparigéo da obra cinqdentendria, bem como da poderosa influéncia que ela exer~ cou sobre as novas geragées formadas nas academias de Direito do Brasil, oferece sélido testemunho o eminente.e culto Minisira Se- rourena Penrice, ex-Presidente do Supremo Tribunal Federal, no Prefécio & obra Direito Constitucional Contemporéneo ~ Estuios em Homenagem ao Professor Paulo Bonavides. Escreve o Ministro Penrence:* “Vem de longe ~ dos meus longinquos tempos de estudante ~ a descoberta da dimensio de Paulo Bonavides, que fiquei a dever, se nao falha a meméria, a adverténcia do querido Prof, Orlando de Car- valho sobre a exceléncia da tese submetida ao concurso, obra semi nal da juventude ~ Do Bstado Liberal ao Estado Social ainca hoje, signo da definigao dos rumos de sua obra multiféria. "A leitura inesquecivel de uma das primeiras edigies da itese constituiu, para mim e os de minha geragdo, 0 encontro alvissareiro de sélido embasamento teérico para a nossa crenga ~ quigé ingénua nos dias que correm ~ na viabilidade da superagéo do individualis- to desenfreado do Estado liberal burgués, sem perda da reafirmagio das liberdades fundamentais de primeira geragdo conquistadas para a humanidade nas duas grandes revolugées que o erigiram. ..) O intelectual Paulo Bonavides se imporia, assim, é:admi- ragdo dos juristas de seu tempo, s6 pelo peso de uma obra de rar envergadura, Sepllveds Pettence, Preficio 10 Ditcilo Consttuciong! Contonporineo ade? Sgn om, Pe ite rind Cope, pp. 1X eX 05 CINQUENTA ANOS DESTA OBRA x “Mas 0 aleance do respeito:que granjeou, sem forcejar, néo se restringe ao que mereceria por si.s6 0 pensador encastelado na refle- xo académica e na esmerada difusdo do seu saber, na cétedra e nos livros. . “Quem conhece a obrare'o magistério de Paule Bonavides! - tes- temunha a autoridade do douto Ganotilhod.- indo pode, deixar de re. conhécer, com,hurnildade, of limites, do.nosso,saber quando a nossa frente so perfila um dos mais, notdyeis cultores da: Juspublicistica em lingua portuguesa. Aos seus, trabalhos ~ I\icidas e informadgs ~ estf sempre subjacente um inegnibmnayal Imperative egtopivio ¢ ‘uma inquebrantavel implantagao,ciiada’.. sea + _ “Nele, por isso, separar 0. furtdado. culto,ao sfbio da yeneracdo dovidn ao eas malar fra valaguar& ncoaiilinge te Re mem inteitigo.”. oe Assinalando-o significado, da. ofeméride jurtdica, ora festejada, coligimos e,transcteyemos nessa sequéncia opinises e apreciagses a ivro'e sua ressonfncia, beim somo ao autor ¢ sua repu- tged0.no meio jurfdico nacional e internacional a TBéncia @ conjugagdo desges jufzos de valdt,id'de infe- Ait oleitor a dimensio do homenageado é'a éstatura da contribuigdo aus ele deu ao Direite Canstiusional ea Ciencia Politica de nosso teinpo eoimo pensador da liberdade, testis dq demodracia, guardi doEstadsdeDireite. —” op emesracie Goarige ‘Agora, vejimos a manifestagio' dos jufistas sobre a obra cin- ‘uentendria: “0 livro Do Estado Liberal ao Estado Social, de Paulo Bonavides; (.) 6 um dos mais sugestivos trabalhos, publicados em lingua portw. uesa, sobre a grande hite do nosso tempo entre o velho liberalismo do século XIX e as novas idéias socialistas; chtve a ideologia burguesa do sapitalismo e a socialista.ou comtnista do, quarto estado ow proleta- Tadd, A paz entre as duas correhtess6 pode fazer-se, segundo’ autor, ‘mediante o compromisso do chamado Estado Social, como um Estado “hi de'uma classe 56 da sotiedadg mias de todas as classes. O autor ~foca neste livro, brilhantemente, os principais aspectos que tem acom- “panhado esta lenta mals segura ‘ubstituicdo:do Estado Liberal pelo “Esta Social, analigando, ao mesmo tempo, cdm acertado critério f- loséfico, as respectivas ideologias e' mostrarido os perigos que.corre 0 cpssae fs Coste? Catto, “Ciitzasgo ds Dito Cénstinidoral ou Cinstitucionae aia Die ii bas rae Wills Cuca Fito (Org Diss Coto Yl Etre heaps Pl Bohl, 1 Mahe Etre 00; p08 xi DO ESTADO LIBERAL AO ESTADO SOCIAL sino que es, de-igual forma, objet dél mismo reconocimienito,intelec- tual y académico en buen ntimero de paises europeos (Portugal, Ale- mania, Italia y Espafia son un‘buen ejemplo de ello, por s6lo citarle algunos). “La obra cientifica del Profesor Bonavides no sélo es de una ex- traordinaria, y poco comin amplitud, sino que, :la par, es de un reconocida rigor.cientifco, Su transitar por los-distintos campos del saber, siempre con ponderacién y equilibrio, al margen ya de rigor indiscutible,justifica, a mijuicio, que pueda considerarse al Profesor Paulo Bonavides como-un humanista de nuestro tiempo, califcativo. al que pocas personas podrian acceder: “En. Espaiia, la-obra del Prof.-Bonavides es recensionada, co- mentada,-leidaly seguida.con intergs por amplios sectores de la co- ‘munidad cientifica,ala que pertenezco.. | “Pero resultaria. incompletaila vision que.del:maestro Paulo Bo- navides'tenga se no. subrayara su extraordinaria‘congruencia per- sonalentresus.tscritos y.su aétuacién. Paulo Bonavides no.s6lo ha; defendido y defiende un marco:constitucional asentadé en los valo- res y en los derechos.de la persona en sus muchos libros y artfculos. Su trayectoria-humana, profesional, académica y cientifica es enor- memente coherente con sus escritos. En Paulo Bonavides siempre he visto un luchador en defensa de la democracia, de los derechos humanos y de aquellos valores constitucionales (dightdad, libertad, igualdad, solidaridad...).que fundamentan la cohvivencia civilizada en una sociedad democrética, Siempre me ha impresionado (y lo co- nozco desde hace ya muchos afios) su ettraordinaria coherencia y enorme honestidad intelectual” (Francisco Fervanoz Seoaoo, Cate- dratico de Direito, Constitucional da. Universidade Complutense de Madrid e Diretor do Anuario Tberoamericano de Justicia Constitu- ional). "E que honra é para a Universidade de Lisboa e sua Faculdade de Direito 0 poderem receber como seu Doutor honoris causa esse Homem do seu Tempo, esse Homem do seu Universo, esse Tomem da mesma Familia cultural.queé o Senhor Professer-Doutor Paulo Bonavides. (...) Hoje, chegou.a gratidao da Faculdade de Direito e da Universidade de Lisboa ao Senhor Doutor Paulo: Benavides, Agra- decemos-lhe o ter sido e confinuar a ser.um homem de seu século, intervindo nele, decifrando antecipadamente o,seu curso. “"E porque Ihe agradecemos tudo isto, queremog que se junte, aos doutores honoris causa.que, ao longo dos anns, nos foram enobresendo. Temos a certeza de que, 1é novalto, nesse colégio eterno dedoutores = longe das vicissitudes do imediata -, uma satisfagio incontida se (OS CINQUENTA:ANOS DESTA OBRA xi espelharé nos rostos de um Duguit, de um Josserand, de-um Lam- bert, de um Politis, de um Sarichez Albornoz. Quem melhor do que 0 Senhor Professor Doutor Paulo Bonavides para exprimir a rique- i requiatude de pensamento, exemplo de criatividade e de incansével juventude eterna ao servi. 0 do Espirito?” (Marceto Ressio ve Sousa, Catedratico de Direito Constitucional da Universidade de Lisboa). “Paulo Bonavides:& um dos mais sotéveis constitucionalistas, historiadores constitucionais e cientitas politicos do Brasil e de toda 1 América Latina. Ganhowalta reputagio no.somente na América do Sul ¢ na América. do Norte; mas também:na Alemanha, Itélia, Espanha‘e Portugal, mercé de seus trabalhos jurfdicos, (...) sua obra fundamental Histéria Constitucional do Brasil transpés o Brasil e se fez mundialmente célebre (...). Com freqiéncia tem sido considerado o fundador da Oiéncia Politica no Brasil” (Kiaus Stemn, Catedraties da Universidade de Colénia). 1, _ "Paulo Bonavides é um:dos maisvemjnentes mestres da ciéncia Juridica nacional, salientando.se, além disso, como.uma personalida- de de,renome no estrangeito pelo seu saber especializado no campo da ciéncia politica e dp direito constitucionsh. Pertence a linhagem dos grandes juriscongultos brasileiras, que tém glorificado o pen: mento juridico do pats..B de relembrar que o Brasil tem tido juris- gonsultos de eminéncia, entrecles se destacando Clévis, Bevildqua, Djacir Menezes, Teixeira. de Freitas, Tobias Barreto, Rui Barbosa, Joko Mangabeita, Pedro Lessa, que ge apresentam como pensadores que honram e glorificam a cigncia politica nacional. “Paulo Bonavides continua essa linhagem dignificando a cién- cia juridiea, do, pa(s, que concretiza. através de livros, eonferéneias, aulas, artigos de,jornal, todos representatives de uma inteligéncia privilagiada que conquista q admiragio geral” (Puro Fenazita, Ca- tedrético da Faculdade de Direjto do Recife). “A.leitura de qualquer trabalho do professor Paulo Bonavides é sempre um regalo para 0 esp{rito por duas razdes: a primeira porque © seu contetido 6 carregado de sabedotia, traz muitos efiginamentos, serve de aprendizao; a segunda por sor escrito em torneado ver: nécul, com un éstllo ao mesmd tempo simples, terso e castigo, sem ostentccao Via wigerdate vie “Foi com muita honra e encantamento que redigi este prefécid 20 livre de’umh ‘de togios maiores eonstiticionalistas contempora: neos, da linha de’ Jodo Barbalho, Pontés de Miranda e Aleing Pints Paleo, para s6 falar de alguns mortos. Como 0 notével advogado, xv DO ESTADO LIBERAL AO ESTADO SOCIAL jurista e politico francés Henri Torrés, Paulo Bonavides mostra que se conserva grande professor e,cidadao, que guarda intactas sua for- a de trabalho, sua resisténcia a fadiga, suas indignagGes e céleras civicas: ‘cumpriu a cada dia uma proeza muita rara neste mundo: continua fiel a si mesmo” (EvaNoRO LNs # Sitva, ex-Ministro do Su- premo Tribunal Federal) “Suristé emérito, constitucionalista'de larga contribuigdo a0 es- tado de direito democratico, um brasileirs jue j& lecionou, por perio dos letivos; em Universidades da Alemenha ¢ dos Estados Unidos; {til estilista do idioma pétrio.e no s6.ho.campo das letras jurt cas; historiador, jornalista'e orador que prende o leitor e faz atento © auditério,por:sér forradoldo saber associtdo ao.desassombro do di- zer, Paulo Bonavides é, som divide, hoje, um nome internacignal” (J. M. Ortion-Sinou, Fundatior @Presidente da Academia Brasileira deLetras Juridicas): v.00 ° “Paulo Bériavidas' tin dos Furistas ‘tiais notdveis do Brasil, néo apenas da atuilidade, mas dé todos os temrbu8. Sua produedo densa, de grande rigor‘eientiG e oflginalidade; foi fator decisivo para a forma- cdo de uma geraiaorde-estudiosds e penstdores brasileiros, na area do! direito constitueional; da flotofa e da ciénsia politica. ‘Seu pioneirismo, lideranga e respeitabilidade sioncontestaveis, Paulo Bonavides jamais {oi um repetidot deritico de discursos-convencionais. Justamente ao re- vvés, em lugar de’ percorrer os cathinho's quis existiam, criotniovos ru- mos #'levow sua visto brasileira e progressista do dircito e da vida a todos os dominios sobre os quais projetou seu talento invulgar, : “Mais do que um jurista, o Profestor Paulo Bonavides é um humanista devotado a0 Brasil, om uma perspectiva critica e cons- trutiva dos problemas nacionais, Nac é:possivel refletir acerca de fondmenos importantes has cifncias sociais, da interpretatde cons- titucional a globalizagdo, sem percorrer seus textos insuperéveis Um homei sintonizado com o seu tempo, né fibstncia e ndo nos ‘modismos" (Luis Roserro Bannoso, Jifisebnisulto). “Nas minhas Tides docéntd8\Y parlainefitatés + ao longo de qua- renta ands de vida piblica ~'Sémpre recbiti aos ensitarnentos do Pro- ‘ontides na sua exuberante obra no eartipo’ do’ dibiteeonstitiicional. Nao'ss pela derisidade, come pelo fio condiitér Aledstico te sua’ produedo, dela constaiido ainda os monu- mentais Textos Politicos da Histéria do Brasil, ei 9 volumes. iG Minato de Estado da Justicaja- ‘shlaBoragdo que Ihe pa solicitada, sem rificio peadoal pelo tempo dep- (OS CINQUENTA ANOS DESTA OBRA xv pendido, Ihe trouxesse alguma vantagem pecuniéria ou resultasse em dnus para os cofres pablicos “°B, por fim, na Assembléia Nacional Constituinte — da qual fui eu Relator Geral - 0 Professor Paulo Bonavides era o Mestre in- cansével, sempre atento no apontar caminhos e inditar solugbes" (J. Beenatoo Casrat, Relator da Constituinte), Finalizando a série de referéncias ao homenagedo, trasladamos 08 textos subsequentes da oragio com’que o Dr. Reanik:00 Oscar D4 Castro, ex-Présidente do Conselho Federal da Order: dos Advogados do Brasil, recepcionou o Dr. Pavto BONAVIDES, por ocasifo da entre ga da Medalha Rui Barbosa, em nome da entidade, durante a ceri- ménia de encerramento, em Fortaleza, da XVI Conferéneia Nacional dos Advogados: ‘Ne constelagfo de nomes augustos que formam e honram o fr- mamento jurfdieo do Brasil, terios hoje a assdeiagic de dois astros de primeira grandeza. “Um 6 Rui Barbosa. 0 outro, Paulo Bonavides: “O primeiro, filo dileto da Bahia, gigante da cultura do Direito em.notsa pétria, inspirador de,geragées'e orgulho ac Brasil em ter. ras daBuropa, ” “0 outro, nosso homénageada neste’ dia de glérie para a Ordem dos Advogados do Brasil, 6 discfpulo e herdeiro das melhores tr digées de Rui; modelo de professor e de edueador, de advogado e de cidadia | “8 momento de rara felicidade este que.hoje vivemos, quando 0 nome de Rui Barbosa, que ajudou a formar Weonsciéncia juridiea de Paulo Bonavides, como a de todos nés, brasileiros, vem pousar sobre seu peito, em forma de medalha de honra, que leva onome do gran de tribuno da Bahia, . “Se Rui Barbosa Paulo Bonavides sempre estiveram juntos em sus obras de paladinos do Direito, dagui porvdiaate essa unig se torna ainda mais firme e permanente, a partir da feliz combina gio entre ojurista de ontem, que empresta seu glorioso name a uma homenagem, ¢ o jurista de hoje, que a recekje com todgs os, méritas 9 quais sobram no cultor da teoria e da prética do Direite, autor do ioral volume CincisPaltze~ publicdo em 1857 «jf na sua cima edigio -, que a Universidade Federal do Cearé homen com o Prémio Clévis Beviléqua ngeon “Nio 6 este um galardéo que se distribua a mancheias. “A nossa entidade tem sido parcimoniosa e criteriosa na sua atribuisao, néo por falta de merecedores, que felizmente os temas XVI DO ESTADO.LIBERAL AO ESTADO SOCIAL eni.abiandasicia em, siossa-pétria, mag.pelo, rigor com que a Ordem ddos Advogados do Brasil se cémporta, tanto em reveréncia ao patro- no.que batiza a comenda quanto ao agraciado que a recebo. ‘Basta lembrar, que, antes-do:professor Paulo Bonavides, o pré- mio ‘Medalba..Rui, Barbosa’ ~. eriada.em,1957, extinto em 1961, ¢ restaurado dez anos depois ~, foi.conferido, nesses querenta anos, ‘a apenas nove eminentes brasileiros,.cpios, nomes declina com res- "de algyns, comssatidade: Heraclito de Sobral Pin:o, em 1973; ia. Magalhdes, om 1975; Nehemjas Gueiros, em 1976; ‘Miguel Seabra Fagundes, em 1977; José Cavalcanti Neves, er 1980; Ribeiro de,Casiro, em 1982; Augusto Sussekind de Méraes Rego, em 1984; Evandro,Cavalcante, Ling e Silva, em 1991, ¢ Berbosa Lima Sobrinho, em 1995, + “Hg cineo.qnop, partante, naa gutargava a nasga eniildde o seu mais,elevada,galardap,.que Bae Soran, spay, todos 2 titulos, ao eminente professor e jurista Paulo Bonavides, nome exponencial de nossas letras jurdicas e personalidade de destaque na cultura brasi- Feito ésae Balaitgs dd audgd's de papel do Professor’ Pato Bo- aviDES no eendrio juridico do Pals, stgundo testemunko das gran- der ores do Dirt que esp eee manifstaran no Brea ¢ no Exterior; reitahbs'ainide'reféhiirque e384 sendo programado para Ba ide ‘agosto dp 2008, & Feullzate, ts ‘Natal, do I'Congresso Brasileiro’ de Direitdé' Proc8sio‘Constitucional, por iniciativa da FARN (Faculdade Natalerise para o Desenvolvimento do Rio Gran- de do Norte),'eii‘horhéntagem aquele Megthere, especialmente; & sua obra Do Estado Liberal do Estado Social, # qual, segundo consta-da convdcagio, “o iniciou na eétedra de-Diteit‘Constitucional da Uni- versidade Federal do Ceara’. vo ‘A Malheiros Editores, hi quase 20 anos divilgadora da maiér parte das obras do Professor’ Pauto'Bonavibes langa, com jtibilo, essa tdigdo comemorativa dos 80:anc8 doivro Do Estado Liberal ao Es tado Social, vademecum de’gerégdes que o compulsaram’ nas esco- is juridieas do Pais'e quéy'médiante'a leitura dele; fortaleceram a renga nos printfpios da democracia © alentaram‘a fé nos valores da justiga social. vse “Ao redor de dois pontos sandentes, girs toda a vida do ginero humano: 0 individuo e a coletividade. Com- preender a relagéo entre ambos, unir harmoniosamente ‘essas duas grandes poténcias que determinam o‘eureo da, hist6ria, pertence aos maiores e mais érduot problemas. com que a ciriciae a vida se defrontam. Na ago, como, no pensamento, prepeners ora un, ora ou dene e “al Brepnke snd sum de sich das ganze Leben der Menschheit bewogt: Indivigaum © und Gesamte Das rehtige Vernal beider cu efssen, die belden gross Macchi welche den Can’ det Geschichte Eesimmen, Rarmonieh 20" veratigen fctoen ns den gression tn nfergen Proviesar Sc Wisencha snd des Uber Bal cbervechert det tls bald der ander Por in Godan ud Tt” Géorc Jeune, Ausgewashite Schriften und Reden, ester Ban, Brie BT ep BS “ " SUMARIO PREFACIODA7* EDIGAO ... PREFACIO DA # EDIGAO: PREFACIO {2:00.82 Cugtnuo I-DAS ORIGENS DO LIBERALISMO AO ABVENTO DO © “ESFADO SOCIAL: 1. O problenta di liberdade és Estado como'problema de resisté 20 absolutisma “ 2, O diteto natural da burguelid revoluciondria investeno poder ¢ tereira estado... . 3. Da consolidagto do Estado liberal ao comego de sua transformagi 42 4 A separacio de poderes, dogma do constitucionalismo da prime a fase (Locke e Montesquieu). . 5. O Estado liberal-deniocr4tico;fruto de uma ‘contradigio doutrindt 6. Vierkandt e 0 pensamento politico alemio. - 7. Ceca a0 liberalisme e advento do Estado soda. ‘Castro Il- © ESTADO LIBERAL E A SEPARAGAO DE PODERES 1. A queda de um dogma, 2. Importineia ejustificagdothistérica do Principio da separa de poderes.. 3, A burgudsia eo triunfo do liberalismo na & Asepanstodepaderes como tenia delimitasto do poder 5. Os perealgos da separacio. 6 2 8 . Corretivasatéonica Separatist Jelliek ea preservacéa da unidade da poder ».. Separasio relatva, com supoemacia do Legislativoy(Bluntschii). 4 DO ESTADO LIBERAL AO ESTADO SOCIAL 9. Ocrganicismo como doutrina de reagio e combata a liberalismo 10. Critica as teorias organicistas. 11, Tendéncia do constitucionalismo contemporaneo para estreltar 2 colaboracio e vinculaglo dos poderes... ve — Certo Il -O PENSAMENTQ POLITICO DE KANT 1. A flosfia do Estado de Kant 0 debate em tomo de sua importineia.. 89 2: Princials fas da Blosofa kantiana oo 3: O maior filésofo da Idade Modema etaves de todos os tempos 94 4, Elosoia e métedo, segundo Kant. vee 5, Btica, face Idealigtae renovadora do sistema 6. Dualsmo na lof de Kan com a supers metan edo ‘empirismo 7. Oproblema 8. Direitoe Estado... 9. Opacto social. hoa 10. A passagem do “status naturalis”20’status civils”, mofnento deisivo para o aparecimento do Estado e a garantia do Diréitosenwcennn IID 11, Aoutina da separstodepoderes¢oslogime da. ‘ordem etatal 113 12. Kant fl6sofo do liberalism and 15. Estado juridio “versus Esta rr 14. O panegirco da liberdade... Ww CCasirao IV -© PENSAMENTO POLITICO DE HEGEL 1, Pantelsmd edialtica Hegelian ns 2. A monarguia prussiana como realizagio do absoluto uma contradiggo de Hegel mi 3. O fildsofo ea Revolugdo Francesa a2 ‘ednlutn de Pato esse rigid Estado 5: Doutta exaa do aos em qu» Eopn rere 6 Hegel, fideo do totalitarismo?- 7-Superagdo dojusnaturlismo da vlhs teria absolusta 2 8, Poetalados hegelanos no: maemo pensaieniy poles vreorn” aocdizeito natural como salda para rie dalibetdade thodema 133 ‘9. Hegel e a separagdo de poderes snows 1 Oranidono eta SUMARIO 8 (Castro V- A LIBERDADE ANTIGA E A LIBERDADE MODERNA. 1. A crise da liberdade madera... soe 139 2. Germanismo, helenismo e reacionarismo 3. Benjamin Constante o cult da liberdade na, “polis” grega 4. O antiindividualismo do Estado-Cidade ou a indole coletivista das comunidades gregas 46 5, Conheceu a antigiidade direitos fundamentals do Homenn? snow 153 6. Opensamento de Miguel Reale so 160 7. Aliberdade em Roma, segundo Jehting. 161 8. Uma reinterpreted ExtidogregNietschee 0 Comego da Tragééi O antiliberalismo nas deutinas autoritiias da liberdade (Castro VI- AS BASES IDECLOGICASDO ESTADO SOCIAL 165 16 De Rousseau a Marx... 2 A originalidade de Rousseau. 3, A limitagio do poder, tse méxinha do liberalism a vepea democritica de Rousseau... — 167 4. O pessimismo de Rousseau e Marx .. 169 5. As trés posig6es fundamentais de interpretaci® da obra rouss¢auniana 170 6 Avalon generale” es recupeagio do otniamo “amt 7. Do pot, en Rousseau ao eto em Nar sua teria do Estado 8 Excl oContco Soil ecessarimnenteO Capital? 9. Da conrbuigfodoutriniri de Rousseau e Marx ao mademo Estado soil : 10, Rousseau ea evolugto democriia para osodalsmo wm “173 175 178 (Cariraio VIL-O ESTADO SOCIALE A DEMOCRACIA 1, O moderno Estado social 182 2. Distngfo entre Estado social e Estado socalista 3. Osada socal como frat da peas ideolgia do soto liberalism. 187 4, As massas no Estado social: oimismo e pessimismo dos socidlogos » 191 6 DO ESTADO LIBERAL AO ESTADO SOCIAL 5. Masifiesto nivelament (Sms) ‘Amassa como pressuposto das ditadures(Grabowsky) . A mportincia da massa nas democracas: ‘A pollizagfo da fangio social pelo Estadoicomo meio de agravar a dependéncid individuo, desvirtoar a democracia ou consolidar 9 poder ttt nin 9 Consagragio do Estado socal no contitucionalisio demacStico 202 Cueto VID- A INTERPRETACAO DAS REVOLUGOES 1: Nao basta fazer a soclologia das R vous urge também interpreté-las. 2, Tesesobre o deflagrareo destino das Revolugies : 3, Revolugio e golpe de Estado: ag conseqiéncias irreversiveis de uma Revalucéo. 4 O Bitado social oi, no Ocidente, a grande conseqiéncia ds Revolugio Russa 4. Nema Revolugto Francesa se legimitou pelo terror, nem a Revolugdo Ruséa pela ditadura do proletariado e sua burocracia «210 209 [REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS, 213 soe AT INDICE ANALITICO. v i ON" Do zstado liberat ao Estado socal, éstampado em fins da d6- cada de 50, foi.9 primeiro livro que se esereveu no Brasil sobre o Estado Quando veio a luz, 0 universo juridico da época ou ignerava em srande parte, ou ndo percebia, ou até relutava.em admitir, 0 sentido © 0 aleance,teérico da expressid, por nio dizer que no comungava com a formula de compromisso cunhada pelos humildes ¢ deslem- brados e desconhecidos, autores da Lei, Fundamental de Bona. Souberam eles, porém, com “ama loeugio breve ¢ ¢ de rara conciséo, formular em 1949 « cléusula princi reitos da segunda geragio. Herdaram-ne-do influxo weimariano, controverso e.casuls- tied, que, partindo da Alemanha, se jrradiara pelos, paises consti- tucionais, empenbados,em renovar, reformer ou reconstrair seus modelos .de Constituigao. Mas malograram.por. obra dos abalos ideolfgicos dos anos 20, Desgracadamente, as, Cartas Magnas desse tipo sogobrafim, pos- to que iag.hajam vingado. . +s0- mundo teeotheu. por-esse. modo,da:fonte-gerthdnies, a po- derosa sugestéa:de:um iconstitucionalismarde nova dimensfo, que intentava,: por. via dag cartas sociais de, direits,.apaziguar. rela- cies; juridcas. at Perpassadas dos litigios dq, capital Dip, lida chevigr sid ‘precuante os eonatiaisten mea anos: de1817; mas a fama-e osprest{gio da novidade intradutéria 8 DO ESTADO LIBERAL AO FSTANO SOCIAL ficara com 0s republicanos de Weimar e sua efémera Carta de 1919, tdo efémera e instével quanto a nossa de 1934. ‘Toda vez que versamos 0 tema pertinente ao Estado social, ocorrem-nos reflexses sobre a natureza dos entes ao redor dos ‘quais gravitam os fins sociais da pessoa humana: o Estado e a So- ciedade. De ambos, a liso da préxis, da historia, da experiéneia, do conhecimento, da ciéncia e da observagéo, nos consente inferir 0 contreste das duas organizagées. ‘A Sociedade € muito mais; nomeadamente em peso ¢ dimen- sio, Porque'é 0 valor, a legitimidade, a Constituigfo, a vontade popular, a cidadana, «justia doe principio, a sdberania do pro, 0, dieita ¢ itos, a igualdade e a liberdade, enfin, Alas sak cb Se do pluralismo, ou seja, um gine ro de a natural que, ao baixar da esfera abstrata © meta- fisica aos conceitos de valor ¢ principio; busca positividade, sfir- miiighc 6Presdnbl eo" eotididhoMta' Vidas do eto, “ > "he Sociedad® tent’ conto “bitrate “Otte feta, outa ida: a injustign das desigualdades,'a batalha dos egofsmos, o'téa tro "Wis ambigbes, 0 eepayo"féchado dos privilégios, a competigto dé clisses;' 0"jdgo' de interests, 'as.-contradigées,-0s agravos, as [Btlidaldtstondusides’¥s aferas: aetna, isto 6 do-traba- Iko:e°Mo eapital: aE ares 0 Bitado ‘nto “tard” godlollda’ & Bicietfadé'com’ 6 poder qie’a subjufa, com J: arbittiov que’ a -desfalege, com a onipoténcia que Ihe quebianta a'resisténcia, oii 6 desfotistnd qué a-dissolve. © liberticida, o tirano, 0 ditador, o°ehécida tém por domict- lio o Estado, ndo a Sociedade. Sujeitam’ésta @rufna e & servicio. © descompasso entre governo ‘¢ cldidao" dpsinala 0 déclinio da autéridade'e do eousenso, a'pai'da diab hibida"do poder cbm a lei, que 6, assim, regra e no principio; nottia @ nfo Valor. ‘Téve 0 Estado social séiabéyen Hol ’patses do cHainiadb Pri- ‘miéire-Mundo, logo apés a Seiuinda* Grande! Guerra, servit’ de ‘uma doutrina constitucional cuja inspiratad'tiaior se-ciffavi’ na justigayna igualdade, no’ estabelecimento; de: paz: social, na ‘cessa- ‘ea0 dis conflites de classo;inatmidangi-hogeimbnita:que-se tras- Tada do:prinetpio da legalidade’para principio da‘ legitimidade, das rogias dba-cédiges'teve"oF Neguitieitd & auro- ra dos principios ¢ das Constituiges. Em termos“rigbrssamente doutrindrivs) veorre-o primadovdo''prineipio:’sobreira ‘regra, da Lonstttuigao sobre a lei, do:direito sobre‘ norma; da justign so- PREFACIO DA 7* EDIGAO. 9 bre a seguranga; esta em sede.de razio de Estado, que’é a instan. cia de abuso onde se absolvem e se canonizam os atos de: forea dos governantes desviados do bem comum. © Estado Social, pondo-se nessa linha, motivou ¢ inspirou indubitavelmente a eriagfo contemporénea de um novo direito ra regido te6rica, com fundamentos principiais, bem afim as su- gestdes hermenéuticas de natureza concretista, escoradas no Princtpio da coustitucionalidade, que é, em sua esséacia mesma, © prineipio da legitimidade. “Daqui 0° denso teor: legitimate, qualitative hierérquico desse novo Direito que, atrelado ao campo constitucional e' No- jva Hermengutica, pOe abaixo, em certa maneira, a’ Dogniética Feldssica, bem como algumas categorias conceituais da velha es- cola positivista, ultrapassada: nos rigores. de seu tradicional :for- malismo, ‘Do Estado liberal'ao Estado social, sobre ser, portanto, a pre- lego: politica €-filoséfica deum direito positive instaurado now- tras ‘bases, que nao so as dovindividualismo minguante; mas as da socializagao ascendente e que trouxe @ altura constitutional, durante a segunda metade do século XX, os direitos fundamen- tais da segunda dimensto, 6,.do mesmo passo, uma espécie de iniciagdo, introdugéo ou propedéutica tedrica a democracia parti- cipativa, qual-a esbogamos em nosso Curso de Direito Constitu- ional, na coletanea Do Pais constitucional ao Pais neocolonial e em livro mais recente, por nome Teoria Constitucional da Demo- cracia Participativa. Conjugedos numa clara e manifesta unidade axiolbgica for- mam, consoante jé assinalamos em distinta ocasido, uma espécie de trilogia da liberdade, da. justiga-e da igualdade Com efeite, todo projeto de sociedade aberta e constitucional, consagradora da democracia.participativa,.fica inexeqUivel:e fada- do a0 malogro, se desfalcado desses valores ¢ principios superio- res, ali exppstos. ...., ier Tem, de° dltimo, 0. Estads: socialinexo direto .gom vas crises que’ a0 comego-doséculoXXI-flagelam: 0 Brasil, Basta:a esse res- peito ligeira reflexio acerca-das ‘comogbes do presidencialisimo, aauslap que aeompanhem departs ante. dasse gtneto de; Esta (Ou) formuldda-acutros erm faxen-impossvel estahtlecer fa sociedade participativa daquelé Estadovsociat’ A verdddé}ierim 10 DO ESTADO LIBERAL AO ESTADO SOCIAL plantagio entre nés de um-Estado.social & muito mais dificulto que na Europa, onde desde muito floresce ele em varias repdbl as constitucionais do continente. No Velho Mundo o retrocess® neoliberal fere tao somente a epiderme da sobredita forma de orgenizagio do poder, ao passo que nos paises da periferia.a lesto do tecido social é bem mais grave-e profunda, _ Compromete, por conseqéncia, o advento de quadros insti- tucionais propiciadores de um sistema que incorpore em suas bases: os principios de justiga ingénites Aquela modalidade de Estado, oy ‘Sto princfpios objetivamente volvidos para concretizar 0 dis- curso -declaratério de direitos fundamentais de quatro dimensées, jd teorizado pelo constitucionalismo contemporiineo. ‘A dificuldade mais espinhosa & concretizagdo desses direitos procede, como se sabe, da conjuragdo-neoliberal do capitalismo plobalizador © sua méquina de poder, que, domina mercados ¢ fanula,-com-pactos de vassalagem e recolonizagéo, a soberania dos paises em. desenvolvimento, Capitalismo de agressio, ¢ ele o inimigo miais feroz do Esta- do social porquanto percebe que este 0 ataca e organiza a resis- téncia dos povos oprimidos. . (0 Bstado social, nés0 vislumbramos hé cinco décadas, e 0 te- mos ainda por chave da-crise institutioiial deste Pats. Mas ele £6-funciondré’se o pevfilhtirios nas: instituitdes:poli- eas ao lado da democracia participativa, da qual 6, dé necessida- fo, na teoria, o predmbulo, e.na préxis, o érgio de execugio. Com 0: Estado social se positivaii os direitos fundamentais das Constituigdes progressivas:e libertérias. © * ‘As consideragSes acim expendidasicertifieam pois a’ relevan- cia atualizadora desfrutada’ pela temética deste livro, :agora. em sétima edigdo, > Vincula-se ele, por inteiro, a um pensamento abjuratido, jamais oblitetandoou ‘apostdtando-idéias, valores: prinefpies exarados numa linha de -eoneridadéespifitual inabdicdvel.. 5 wth PREFACIO DA 7 EDICAO. a Que munca nos falte, assim, jufzo ertico, espirito de anslise, energia, conviegio ¢, sobretudo,”consciéncia ética com que sus. tentar Propagar e defender aquele brevidrio de mandamentos da democracia e da justiga, que 6 a filosofia mesma do Estado so- cial em seu consércio com a soberania participativa do povo. Como se infere dai, a politica passa pela ética. Sem ética no exercfcio do poder, néo ha obediéncia nastida ou derivada do res. Brito Ie. Hid coagfo e modo, NAo hé tampouco direito na soie lade, mas arbitrio. Nao ha justiga, mas forga. N&o ha autoric nas opweseas, igé | rga. N&o hé autoridade, » Dessa -diregd ou ttiltis ~ tornas assinalar rt mos a assinalar - o legitimo Binds apr pat on lg gine prineipios b néo em decretos-leis; porque tem por si a legitimidade da. letra constitucions| einéo unicarhente a legalidade dos cédigos ou das regras -alterdveis ad nutum dos. legisladores de ocasiao, sem mandato’ popular, semlegitimidade, sem respeito a soberania, Senhores de um decisionismo refratério & ordem juridica ao Fegime; sto-eles, no caso'do Brasil,os autores de mals de qua tro -mil-medidas provisérias,’que desarticularam o Estado de'Di- feito atrpelaram as formas represetativas, feriram o dignida- ie das casas congressuais-~ desapossadais da func&o legiferante, invadida e'usurpada — desafiaram a independéncia dos tribunais, rompetan 0 saul, a divisto, a hariitnia’& a paridade consti- rucional dos poderes, enfirh, atentaram’ contra ‘a i ie cana’e fedérativa do sistema. ~ ssstnca republ Estado social, qual 0 entétidamos; & déiocracia, nao ‘ode nem medida de excegao, Sees ier nfo 6 desre: Estado de Direito, ‘nado ¢ valhiac i e do 6 valkdcpite de ambigdes prostitut- das ao eoatnleio dos poleres« dos andaton s ero néo é trafic de influéncia. que.avilta valores sociais. E poder responsével.e.néo entidade publica violadora dos in- teresses. do:pais‘e alienadora-da coberania, Nelasore dos is Estado“sovial, ‘por'-derradeito;"\é “avidentidade da a Estado’soc 6 ident nagio m mia; éxpreésa por uth ‘conistitieidHalisixe le“'libertacao, oor um igialitarititio'de democrat 4 fudifalisimo de salva- guarda”dos ‘direitos *funifa ” Em putras palavras, Estado social é efalid partitipativa’ que 2a a jaoa exec ag ek PREFACIO DA 6 EDICAO : «tic, iguatine ado social nasceu' de uma inspiragio de justica, igual de ieee ts mae sugestive do tela conatiicoral ee nelplo governative mais rico emigestacho no universe po oo cary rogar meio ntervenconitas para etabeecer 0 equils io nae ’ios bene socials, instifulu ele 20 mesmo pas wcarepie Se a St one Ttoriesa uona concepeio democratica de poder vineulada pr 3 direitos fundamentals, conee- teiro cistinta daquela peculiar ise subjetivintas do asst mn objetiva dos valores que o ser eomowoda paz eda justigana do. Teses sem lagos com a or coneretiza sob a égide de um objetivo mao sociedade. ‘feito, essa espécie de Estado socal, humanizador do po- er aes es fandafentossclis da iberdade,democrético na esséncia de seus valores, padece, de timo, amence etal i conser do das respectivas bases e conguistas. Esmaecé-lo e de} TERT part programaicn dao trmulas neoliberal propagadas ‘ertrnome da globalizacao e da econor mia de mercado, ' emo queda de fronteiras ao. capital migratério, cuja, expansio © crcl 6 0 tu dap sian vel ara decretar e perpetuar a ja ems elm conc desprotegidos, sistemes que demotam nas es rasdo Terceiro Mundo. * sa potas “Tem esse capital internacional yredatéria sobre o ‘bra dos pattesem desenvolvimento, porquanto gia de maieira especulativa, provoca crises, abala'a fazenda publica, desorgani ay ‘ikernas, derruba bolsas, dissolve economias, esmaga Rereados. ° PREFACIO DA.6 EDIGAO 13 As correntes déshationalizadoras navegatn todas no'barco do neoliberalismo: setus-axiomas inipugnam-o Estédo, a soberani nacionalidade, ¢ os éxércitos, cuja existéncia proclammam ind fazem como se tudo isso fora ansictonistio. Nad‘obstante,-selyeve- lam elas impotentes.para arrebatar o futuro as nacionalidades cons-_ tituidas ¢ calar o-Animo das-aspiragies:nacionais, que,confinuam, sendoo sangue da unidade decada organismonacional. + >. Demais, 6ijuees Shdbliberilisino quea regionilidadé dos ¢on- Atos militate 168 edinpos e rhonanhas balednieas da-ex-lugosl4- via, a par dos sobressaltos étnicos na Europa das Refides, lhes traz © desmentido das’ suas expectativas w prognésticos; bern assim a adverténcia de que'a nagdo, exprimindotumaiconsciéncia de identi- dade, 6a suprema vocagdo de'podér legitime-quie conduzo destino : dos povos Sobie ésses valores't © neoliberalismo.atéveair exanimeno vazio einconsisténciande'suas formulas idéias, ‘Cabe-inos assirialar, por igtial,’quie 0 néoliberalismo; invéstiga- do desaltas suas ratzése aférido mr sua niatireza, ado & endqaxnto forma’ politica regta de pderoW sistenta doutvindrio, mas to-S0- nieite aspecto'Secuhdario'e tributério da préptia eategoriathistni: cide organidagte dp Estado, que'chegou a'ium desraumals cleva= do de suas transformagées na'Segurida metade-do século XX pas- sando a'dendminar-se Estado social. © éonifromisso désse Ratado com a liberdade se fz irttiate- vel; a liBerdade éitebidida aqui ‘gm’ seu significado positivo, este que os liberais nunca compreerideram e nunca haverdo de compro ‘ender por hes ferir interesses econdmicos imediatose inarredavels, (Ora. significado positivo da liberdade, distinto do de Jellinek, que era o de um status negatious, néo pode deixar de ser 0 de sua con- spcdo como direito ental provido de dupla dimensio tec- rica! a'da subjetividade e a da objetividade. Desta ltima se achava desfaleadoo conceito do sAbio alemao. Fora desse angulo da bidimensionalidade e da associagio como Estado sotial ‘tériazmente recusada pelas posigdes neoliberais con tefipdtatiéss, a reflexdo' do" nesliberalismo, sobre ser retrocesso, Atta Conta’o dosenvolviments dIberdide mesma, cue iets “ filosofia’kantisti!'em miatéria politica, é 0 éoroamento doistri- nirio do liberalimo e se enquadra, indiscutivelmente, na fase jé adiantada desse movimento.:Exprime a maturidade por ele alcan- gada em fins do século XVIII, quando, impetuoso é triunfante, gra- {as a agio revolucionéria ~ seguro jf pelas enerpias arrogimere {fadas para conter a reagio medieval da nobreza.cecadente, ¢ ni ‘menos seguro em arrostar a reagio absolutista das realezas ociden- tals ~ podia.adormecertrangillo quanto ao soialiemo, que ainda The nao batia &6 pottas, e’cujos vagidos rernotos vinham de longe, quase imperceptiveis, quebrar-se por muitos anos em protestos inocentes nos esquemas pomposos da wopia. oe Sob a mesma inspiracio, estudamos aspectos da influéncia de Rousseau, Hegel e Marx, que formam os élos da graride cadeia so- Gil, responsdvel peas ms elebres preciitases doutrindrss, Jue condiuziram, na Idade*Contemporanea, & superagio final da- Shilo que, correspondendo,ags comecos da revolugio industrial, foi a estrutura priméria da ordem capitalista, no seio da qual se ge” rou antigo liberalismo da burguesia, sat do se chega ao Estado social jf ficou para trés toda uma consapeio ‘de vida, com as,tradigdes de um passado morto € irrecuperdvel, oa 0 Estado social ¢, sob certo aspecto; deeorténcia do dirigismo que a tecnologia e o adiantamento das idéias de colaboragio huma- nave social impuseram ao século, des ‘De um‘lado, 08 povos que'véem:nele 0 instrumento de sua ree ee ee fale tiana entre a planificaciollivre ea planificagéo completa. ‘PREFACIO 25 Mas planificagio livre, planificagio na liberdade? Naohaverd af alguma contradigao? Quando responde precisamente a essa indagacio, é que o libe ralismo se enrijece na sua ftiria anti-social, has objecdes as medidas hibrida, que impermeabilizam algumas zonas da Sociedade & ple- ra realizagio da livee iniciativa, Karl Mannheim debateu esse problema vital para a democr: ssoderna. E esse problema, a nosso ver, se resolve no Estado social. Distinguimos em nosso estudo duas modalidades principais de Estado social: o Estado social do marxismo, onde o dirigismo é im- posto e se forma de’cima para baixo, com a supressio da infra-es- ‘trutura capitalista,'e a coriseqiiente apropriagio social dos meios de producid ~ doravante pertencentés a coletividade, eliminando-se, dessa forma, a contradicao, apontada por Engels no Anti-Duehring entre a produgdo social ¢ a apropriagio privada, tipica da economia lucrativa do capitalismo — eo Estado social das democracias, que admite a mesma idéia de dirigismo, coma diferenca apenas de que aqui se'trata de um dirigismo consentido, de baixo para cima, que conserva intactas as bases do capitalismo. Todas as variagdes na relagéo trabalho-capital sio superestri- turais nessa tiltima forina, pois nao alteram substancialmente o sis- tema capital Inspirados na filosofia de Kant, ser-nos-ia licito, ademiis, for- mular outro conceito do Estado social contemporaneo. Caberia, nes- se-caso, ao estudioso aprofundar a filosofia formalista de Stammlér e-em harmonia com a linha,do pensamiento neokantiano, construir uma Begriff do Estado social, que abrangesse variacdes empiricas, histoticas,culturaise politicas dos mais distintos matizes. O dirigismo, conceito politico formal, nao Gomporia acaso, sob ‘esse ponto.de vista, a esséncia do Estado social? Por esse caminho, acabariams.na mesma conclusio que Stantmler com o direito na- tural:,um Estado social de contetido variavel. » A’saida’ pelo-formalismo concilia, pois discrepancia estrutu- ral tie toa irredutivel 0 Estado social das democracias ocidentais com o Estado social dos paises populares de inspiragao ow'organi- ‘zagao bolchévista. —~ : "Mas tlio 6a intérpretagio formalista o que buscamos. Dai por git 20 inscrevermos, no pértco deste trabalho, uma das mAximas ‘dorenovador da Teoria'Geraldo Estado — Georg Jellinek '~'o fize- ‘mios:na Zetteza de qué ela exprime'e consagra substanciatmente'a verdade mais simples ¢ elementar da ciéncia politica: ordissidio 26 DO ESTADO LIBERAL AO ESTADO SOCIAL ilenar entre o individual e 0 social, que chega a0s nossos dias com toda a intensidade tragica de uma luta indecisa. Pouco importa que sociélogos da estirpe de um Alfred Weber, {que conta, alids, com muitos adeptos, queiram dissimular a agude- za desse choque ott encobrir a face dessa realidade brutal, mediante a escusa de que 0 centro de gravidade se deslocou irremissivel- mente do individuo para 05 grupos sociais intermediarios - desde o sindicato a escola, cada vez mais influentes — ou entio para o Es: tado, com 0 qual referidos grupos se defrontam numa puigns desesperadora de afirniagao e controle. . [Nao negamos a importancia dessas formagoes socials interpos: tas. Negame-Ihes, porém, autonomia, no sentido de haverem elas removido o duelo essencial que o binémio individuo-coletividade representa. = “Sip apenas pecas dentro desse antagonismo,e tanto o so que ¢ Estado social! 0 -mais familiarizado comit.presenga de tais nui cleos ~ ora-os-v8'a servigo do Estado; que €6 caso antarga realidade contentporanea, ora inclinados-para a idéia indi- vidual da personalidade Essa idéia é aquela que‘ Estado social e dermocratico do Oci- dente forceja por salvar. E para i séria e definitivamente com o.antigo individualismo do laissez faire, laissez Passe vain! ose 5 + O Estado séeial do modem constitucionaligmo europeu eanie: ricano emprega assim, nos paises de stia'Srbita, como tiltimo recur: $0,:técnica de compromisto, que embora consagré-modificagbes se- cundérias e progressistas, deixa, contudo, conforme vimos, intacta, em grande parte, a infra-estratura econdmica, isto é 0 sistema ca- pitalista 4 Instrumento, por conseguinte, da tébreviveéncia burguesa, pos* saclranerto por cnsegul de abled urges, po conciliar-se,o Estado social, a despeito da impiedosa critica rharxis- ta e do colapso.do Estado liberal, constitui a palayra de-esperanca com queacenam estadistas ¢ tedricos. do, Ocidente,.na,ocasiio em que os elementos da tempestade sacial, de hémuito acamulados no Rorizonte politico das massas proletarizadas, ameacam desabar so- te a ordem social vigente, impondo-lhe o dilema de renovar-se ou re a ordem ea dorlhe ogi ena: Nele vemos, a sinica saida:honrosa.e humana que ainda resta para aris poten ¢ social despavoraule babitam a grande bacia atlintica ¢ Ps PREFACIO. * » No estudo oportunissimo de lenta, Estado literal so Estado soil, seidesenha adernre soa rosa nitidez — urge repeti-lo — te da democra ma pela superaio da antee cdnicsindividuotsorneee Todas essas razbes nos convence ‘ neste ensaio politico, umtema d iio, como a que vai do m, pois, de havermos versado, le nossos dias, PautoBonavives INTRODUGAO. 1, Do século XVIII a0 sécilo’XX, 0 miuiide atravessdu'duas andes revolugies ~ a da liberdade ea da.igualdade —rseguidas demais dune,quaon desenolam debaixo de possas vistas que es talararn ctuzante.es jltimas'slécadas. Unialé a'revolucio da fraters nidade, tendo-pox objeto o Homemsconcreto, a.ambiénciaplaneta- tia, 0 sistema ecol6gico, a itrigvuniverso-A outra &a revolugio"do Estado social em su fase mais recerite de'concretizacio constiticiow nal, tanto da liberdade como da igualdade. Se as duas primeiras tiveram como paleo 6 chamado Primeiro ‘Mundo, a terceira e a quarta'tém por cendrio mais vasto para defi- nir aimportancia e a profundidade de seus efeitos ibertirios aque- las faixas continentais onde demoram os povos subdesenvolvidos. ‘As, 0 atvaso! a'feime, a Uottiba, 5'déseniprego, a indigértda, 0 analfabetismo;o inedo, a insegufanga'e 0 zofrimento acometem mi- Ihbes de pesics,"Vitimas da. violencia social e das optessbes do neocolohialismo capitalista, beth como'da corrupcio dos piblicos.Impetiaih ibas miihas@ ise} Sida tanto & sobreviveticia como a’ Cada revolugio daguelis intentoi: ou intenta tornar‘efetiva uma forma de Estado, Priméird, 8 Estado liberal; a seguir, @ Estado, socialistay depois o Estado social as Constituigdes programstea’, assim batizadas‘ou carattetidadas pelo teor abstrato & bendinfent 1 Clonado de suas declaragées de direitos; e, de iltimo, 0 Butddo so- I dos dirsitosfundamentais este, sim, por inteira,cépacitado da idadee da conevecio dos preceltos-e egras quegarantem es: ites. a Deepa Tiverarn grande’ parté’unn'this mudangas as idedlogigs lids, enquanto ndtv positivaireseus Valores, a3 eis eee Séncia uma dmensio enooberta de jeanatitaiie Eat veraatere 30 DO ESTADO LIBERAL AO ESTADO SOCIAL ireito natural atuou sempre como poderosa energia revolucioné~ Sire iuina de wanslorbaySes socas Genus erga mesinien de seus principios, tem ele invariavelmente ocupado a consciéne! do Homem em todas as épocas de crise, para condenar ou sancio- nar a queda dos valores e a substituicdo dos préprios fundamentos da Sociedade. eal Asgrandes mutagSes operadas na segunda metade deste século Ln En erate © sécu’o XVIII por uma filosofia cujo momento culminante, em ter- mos de cletividade, foi a Revolugio Francesa. De natureza univer- sal e indestrutvel nos seus efeitos, porquanto entendem estes com: a natureza mesma do ser humano, aquela comogio revolucioniria rodus até hoje correntes de pensamento que transformam ou ten Gem atrpnsformaraSagiedademedema, 0s Houve, assim; pela vez priméira.na-historia’dos'povos, a uni- versalizagio “lopibcios politico: Ma-foram unéoamente quebran- tadas as instituigGes feudais eas hievargaids que sacraligavam atra digo e 0 pasado, sendb-que se constiiiu ou se intentowGoristruir, sobre esferas ideais, para um apolar elibaracto, menos 2 rls leste ou daquele povo, mas ade imano; polis cxjos ater, pb que anda sotto, o ramos sro br dade, a igualdadeea fratemidade, 5... . 0s ingleses a Magna Cafta,. Bill of Rights, 0 Insiru- sent of Coser os arneriante, as Cafas colons Pate f- derativo da Filadélfia, mas s6 os franceses, ao lavrarem a Declardgao Universal dos Direitos do Homemt, procederam como havia procedido © apéstolo Paulo com o Cristianismo, Dilataram as fronteiras da nova f6 politica. De tal sorte-que o governo livre deixava de ser a rerragativa de uma raga ou etnia para ser 0 apandgio de cada ente Famaro; em Roma, universalizow religifo; em Paris, uma ideologia. O homent-cidadao sucedia aohomemstidito, 4 modo, torousse a Revelucto.do,século XVIII género de impotence ronovactes notinnionals ne indie gon igou, a favor do Homem,.a triade.da liberdade, igualdade e,‘ra- ternidede, decretando, com,seus rumos,,o,presente,¢.0 futuro da civilizage.. 1a, . «!- Daquelelema derivaram; ao mesmo'gasso, as ditéiivas revolu- ciondras fadadas a esenarares rece at pollica subsegtiente. Dos trés dogmas, jd referidos, partiram os espé de cada Revolugio com que se particularizam as fasesimediatas da caminnada emancipadora, ou se, define, cada, momento, singular-e transformador.da Histéria, ou, ainda,,se alcanga-am grau qualitati- INTRODUGAO aL voina progressio daquela divisa que faz.0 Homem ocupar o centro de oe a feleologiacdo poder sbreaSoceaade Pe Mercé de tamanha amplitude hermenéutica da visio dos trés Litimos séculos, jf nos é posstvel discemincom clareza, pelo aspec- to de histoticidade e concrecio, e nio apenas-ie Sua inexcedivel infinitude tebrica, que a Revolugéo Francesa fora um espécimen do préprio género de Revolugio em que ela se conteve: a Grande Re- volugio espiritual e racionalista do século XVII. Sé debaixo desse aspecto de limitagio histérica e determinaco da fronteira espacial que a circunsereve se faz possivel aceitéla, restritiva e historicamente, enquianto categoria da Grande Revolu- {$26 do século XVI, ou seja, reduzida tdo-somente a Revolugio 4a burguesia ~"um horizérite menor ~,aliés, de acordo com o enter dimento mais vulgar e mesquiriho e; €¢ ordindrio, mais propagado seu respeito, Quem a concebeu apenas assim, nio Ihe conferindo sentido ou dimensio adicional, produziu unicamente uma ambigiidade. As ~ ligdes interpretativas extraidas do proprio marxismo enveredaram igualmente.por esse mesnio caminho, Tal aconteceu-com a escola leninista dé revolucionarios que, conforme se supe, Vieram trans- formaro mundo. Mas Lénin se equivocou redondamente por haver perdido, em relagto ao século XVIII, alguns horizontes filoséficos da maxima amplitude e vastidio polttica. Ficou, em face dessa distorc4o visual, impotente para descerrar ‘08 conceitos-chaves postos pela reflexio dos teoristas do povo-na- ‘o, do pove soberano e do povo-cidadania. O povo assim qualificado, titular da nova legitimidade, nio so- ‘mente encamna a vontade dos governados, sendo que a transmuta em vontade governante, Sujeito da noja titularidade do poder, en~ trava elea operar a grande estratégia libertadora do ente humano a0 longo dos tempos vindouros mediante processo centralizador ainda «agora em curso e como qual se familiariza cada geragio politica século XVII colocou, por conseguinte, todas as premissas divisas subseqiientes da rotacéo que 4 idéia revolucionatia, para curnpri-se, teve que cutsar. Primetro, promulgou as Constituicdes do chiamado Estado de Direito e, ao mesmo passo, coma RevolusZo da burguesia, decretou os cédigos da Sociedade civil. Outro nio foi, portanto,'o Estado da separagio’ de poderes e das DeclaragSes de Direitos, que entrou para-a histéria sob a denominacio de Esta. do liberal Aa suas nascentes:filos6ficas sio, por inteiroysondadas aqui na extensa inquirigéo das paginas desta monografia, 32 DO ESTADO LIBERAL AO ESTADO SOCIAL ir “avidin andrquica, potencialmente contidasna wus at rg en vue proclamara'a equipoléncia do principe &-divindade ou a insti- Faerie ie divPopep de’ Unenan latitude pagusa dipsfo antlestatalda visio de poderes, surgirain as wtopiasisocialistas¢, depois, marcinmer os pocialistas, sentenciando.a intrinseca inigh- dade da,tstado, gos maraiatasem nome da ciéncia, das eis hiss cea da ila ¢ determiner soca «fim de aparelho de coergigdaSociedade., : ‘Tal fim ndo passava; todavia, de uma,construgso aparentemen- te ientificeeum false, messianisme, ou profecia que nunc se suumprin e jimais se hé de:cumprir;.em suma, previsio feita, sem Taiz nancia ng razdo ero bom senso, eque a certidio dos even- tos his}Srigas transcorridos,coma malograda experiéncia sovietica parece haver invalidado por completo, wbts De semelhaintes.escolas do pensamento politicd brotou, portan- to, aquela opganizacio de poder e de Estado levadaa cabo pela Re- volugio Savictica da-prinieica metade deste século: o Estado socia- Tista, da versiorde Marx e Lénin, Gerando. ditadura'do proletaria- do, esse modelo, na pritica e:na realidade, configurou historica- tmente uma paradoral forma politic, tho negativa, to rude e tio opressiya para a liberdade humana, em: r8z30 dos desvios de por der, quanio haviam sido aquelas a que se propusera opugnar ea lira do absolutismo das velhas autocracas.imperiais ea da bur- ‘guesia, que trazia no ventre a ditadura do capitalismo, O.Estado liberal-e.o Estado socialista, frutos de movimentos gusreelveram @abalaram comarmase sangue os fundamentos da jedadle, buscavam, sem divide, ajustar © corpo social. novas as de exercjcio « i ropesito, de categorjas de exersicio do, poder concgbidas com 0 propésito, cage de ec de per ene ee ios revolucionstion- ™ a sate di ing totali- Jap.Estado social propriamente dito ~ pa 0 do figuring tok tira ce de extrema esquerdacquer deextrema direita — deriva do congengp, das mutagées pafficas do elapgento consttucional da SSE TA Tells cesergalvide pola elo cratva confi, dos-efellgs Jentos, porém seguros, provenientes da gradual acomo- decks dos iniaresses poltichs e spells, volvidee, delta, a0 seu leitonopmal, : vested oe ‘Afijguta-seinosivassim, 6 Estado: social le cohstitucionalisine dertioxratico da segundatmetadesdd século XX 0. mais adequado a cohcietizara‘universalidadedos-valbres abstratos dasiDéelaragses de Direitosifurdamentaigis onissa-nleos, INTRODUGAO 3 ‘Tem padecido:esse-Estado, porém, certa mudanga adaptativa 40s respectivos fins. Antes do esfacelamento do socialismo-auto- ¢rético na Unido Soviética,e na Europa Oriental, havia-ele por tare- fa imediata no Ocidente realizar, em primeiro lugar, a igualdade, com o minima posstvel de sacrificio das franquias liberais; em ou- tras palavras, buscava lograr esse resultado por via do emprego de eios intervencionistas ¢ regulativos da Economia e da Sociedade, mantendo, contudo, intarigivel a esséncia dos estatutos da liberda- de humana, Urs Estado pois, pasa debelaras crise e recassdes da ordem capitalista, sem-fechamento, porém, do sistema politico, que per- manecia plucalista.e abert, Um Estado, certamente, da concern de mercado, embora debaixo de alguma tutela ow dirigismo, que potico ou nada Ihe afetava as estruturas, posto,que interditasse de- terminados espagos da ordem econdmiea, subtraidos ao livre jogo das forcas produtivas. ve Era, assim, 0 Estado social do Estado, e nfo o Estado social da Sociedade, aquele que se Ki teorizado de iiltimo, de maneira tao cor- reta, embora passional. Era,também o Estado social das Constitui- des programaticas, de que ja fizemos mer Jao Estado social da Sociedade; que’, sobretudo, o Estado social dos direitos fundamentais, uma categoria por nés igualmente refe- rida, rhostra-se permeado detliberalismo, ou de vastas esperancas liberais, renovando, de certo modo, a imagem do primeiro Estado de Direito:do século XIX. Em-rigor; promete e intenta ele estabele- cer 08 pressupostos indispensiveis'ao advento dos direitos da ter- ceira geraclo, a saber, os da fratenidade. E Estado social onde o Estado avulta menos e a Sociedade. ‘mais; onde a liberdade e a igualdade jé nao se ¢ontradizem com a vee imino passadoy onde as digencias do poder e do cidadio con ‘vergems, por inteiro, para‘trasladiar ao eampo da concretizagio di- retos,prinlpiose valores que fzeme flonemse acerca cs gost bilidade de ser efetivamente livre, igualitério e fraterno. A esse Es- tado pertence,também a reyolucéo constitucjonal do segundo Esta- doide Direito, onde os-dixeitos fundamentais conservam sempre 0 seu primado, Sua observancia faz a leyitimidade de todo 0 orde. a ral, Estado’ socialista, “Est ‘social com primazis dos meios intéFehcionisas a8 Esto «:itainrente, Sede eal som hegemonia dai Sevier absteri¢ao possivel dé Es- lo’ els olargo:painelioibfrajetdria de istitucionalizayaosde'po- der emrsucéssivosiquadres'e modelos de wivéncia hist = 34 DO ESTADO LIBERAL AO ESTADO SOCIAL provada ou gm curso, segundo eicala indubitavelmente qualitativa fo que toca a0 exercicio real da liberdade; ‘A Revolugio do século’ XVIII, comas divisas da liberdade; igualidade e fraternidade, foi desencadeada para implantar um constitucionalismio concretizador de direitos fundamentais Nao 36 abrangeu distintas fases, seifo que perfilhou, na sua lon- ga jomada hist6rica, outras Revolugdes que lhe foram, & primeira vista, antagénicas. Antagonismo, hoje, comprovadamente de apa- réncia, porquanto nunca bastantemente forte para destruiro fio se- ereto ¢ invisivel de continuidade-e'congruéncia com as metas emancipadoras de teor fundamental, conforme a Revolugio Socia- de 1917 jé demonstrara, por seus efeitos bem visiveisenotérios. Outras comogies, cuja violéncia e sangue o mundo vira espar- jr em duas conflagratiés utiversais, assinalaram o,século XX, con- Fiuindo, pelos resullados alana, para estabeleceraqula com patibilizagio bisica a que nos reportarnos. io Padece dvida de qe tos eitesabslos profundos osten- taram a forca inipulsora das transformacSes de consciéncia que, afi- nal de contas, tomaram possivel}é advento daquele derradeiro mo- delo de Estado e Sociedade, Um modelo que faz transparecer quan- too novo Estado estampa uma identidade essencial com legitimos interesses do género humano. Jé nfo é tio-somente uma filosofia de direitos, mas a propria normatividade:desses direitos que abre c nais de comunicacéo -e perpassa as fronteiras da soberania até institucionalizar, num pacto transnacional, o respeito da Humani- dade aos direitos fundamentais, ponto de partida para a futura Constituigio de todos os povos. [Nesse sentido caminhs o Estado social, ¢ ai se deve discemir a diregio vocacional de seu espirito clvilizador e progressista, rumo & una Socledade onde, em tubstitigdo do cidaise do patria, se ergue 0 cidadao do universo, o homem da polis global Mas, enquanto esse'horizonte ainda s¢ desenha em linhas cur- vvas, timidas; esfumacadad, indecisas e fugazes,'cabe advértirquéa Histotia:viva nfo vatila tém recua. Dotada de uma dindmica pré- pria, peculiar a cada povo, vé-ela-representar em seu paléo avluta pela conguistee edbrevivargia daguelesmindelo, salvo, obviamen- te, por obsoleto, o:primeiro — 0 do Estado liberal classico ~, que tere lana aualdale einportincte durante ostculo XIK mis, de tiltimo, se.acka, por sem ditvida,de todg.ul 2 ‘ De feits, seria, de-estranhar quesassim nio.fosse, porquaiito'as distintasisociédades nacionais exibemidistintos grausde'desenvol- ‘Vimento' politico; uritas,mais atrhsadas,outrasimais adiantadas,no INTRODUGAG. 35 le toca ao exercicid dos macanismoe consagrados. efetivacio'das Thberdadesescencini Serta tendaquelas soctedades apartadas, por completo; da:normalidade do regime democratico e lie no konhecem sendo da mais. primitivarautocracia, cul- furalmente legitimadlos porumia obscutasttetiadigiode poder pes. seal sem limites esem contrastes, poder que raramente evolve ou se transforma, aniosger.com extrema ifeublade elentidao. .y_, Dissolvido o socialismo do partidoriinico e da ditadura, decre- tou-se; por igual 0-fim da scononmja dria asin como % termo de desloge gi es serviam de sustentaio, Nunes se lowvou a economiade mercado do capitalismo quanto agota, apre andoysevirhades que ihe seria inltas. Os repaursdones aetartore HEE ds prgmetores vitoriosos de umacclerado retomo.ao Estado liberal. Tudo porém, A sombra de liberalisme que, até cert Ponto, desfalcaecontradizaesaéncia do Estado soda Com efeito,a solider, a estabilidade ea prossecucdo dessa vti- ma variedade institucional chegaram a ser contestadas mediante o ehorcismo da Estado e dé seus instrumentos de agio. Relegados estes a um desprezo.tebrico, isso deixa o Es tado deser prontumente iwocadoeutlizado toda vez queton inte resse-empresarial mais influente, nascido das situagoes de emer- géncia, dele se pode valer para embargar crises ou remover emba- aqos funcionais da prépria economia capitalista, 4 Revessio, protecionismo e crise desmentem a ls dos milagres, visto que fazem renascer os mesmos datirboe one cos e mazelas politicase sociais tio familiares 4 evolugio do capita. lismo, Estamos, assim, em face de um capitalismo que, de necessi- dade, nio pode prescindir do Estado, cujo conceito nao envelhece, ftomeadamente tratando-se de Estadotd6 Tercejro Mundo. Aqui, sema presenga dé tdo poderosa alavanca, inevitével seri 4 recaida no colonialismo da primeira época industrial ~ de todos se.gplonialismos, o thaig reftitério A emancipagio dos poves. paren Estada social.teve tantanha ductilidadeye atualizagio Subjugaras-crisesA: conjuntirappalities.do Brasil-constitucio. fal fazo advento desse Estado nfo 26'indedlinivel, send deveras imperativo, : *1gOés, oit dimens6es; ¢ cuja concretizagioise un nhadapela Grande Revolugio doséeulg XVill sma 36 DO ESTADO LIBERAL AO ESTADO SOCIAL Noa. vivemos e viveremos sempre da Revolucio Francesa, do verbéte:seus:tribunps, do,ppensamento de seus fildsofos, cujas te- ses, principios, idéias e valores jamais pereceram e constantemente se. fenovam, porquanto-conjugam,,inagredaveis, duss legitimida- das, duias vantadex soberinas:a do:Pove.ea da Nacio. ~ “Afldla REDO prose, assim até char aos ois dt com o Estadé cial cristalizado nos prineipios da liberdade, igual- dade fraternidade. Umavez universalizados e concretizados, hao eles de compors suma:politica de todos os processos,lelibertagio doHomem i,” "Os esttiterés politicos do'Séetilo XVII, quando tiverém a intui- fo. statis Sociale Proclamaram a legitimidade do podef demo- Eratico estsWain |, sem Yaber; formulando e decretafidd} comm dois SEES te ahtevedlencia’as\ Bakes da fara Sb ‘ 20 Estat Liberal ao Estado Social, tese de concurso de'cktedra a Faculdade de Direito da Universidade Federal do Ceara, apare- coudarantea década-de'50; ¢ hunca foi tio atual nos seus fund: iments filosbicdsjuridicos e sociais quanto nesta época em qué a decomplosigitdo poder sovietico, jf ocotrida, paréce haver mud: dostfacedoniando, ~_ . Sem haver logradé &xtinguir o socialism ~ 0 que, als, se nos afiguraimposiivel —, 0 capitalismo, conservando insoltiveis os setisigraves'e crutciaig problemas, continua: muito.cqntrovertido-e impugnado; sajelto anovas.e futuras contestagées sociais. “A cétedra dispuitdda naquela dcasia era a de Teoria, do Estado, instituifda’ por ensejo da’ditadura civil do Estado Novo de Getilio Vargas e,iiais tarde, transformada em Diréito Constitucional I, por obra da reforma introduzida no eurriculo universitario. ~O Prograrha dé'Teoria Géral do Estado, da, época, no sé cir- cunsereVia apenas'a parte tecrita do irelto dBnstituciénal genio qué seivraiorde abrangéncia fazia a singular disciplinacoincidir, em Esnclipast colts cidncin polten|A findamentacio trea do state; portcdnseguintesida-ordem juridica.positiva compunha a espinha dorsal de toda a sua temética. ostuiio podia ser; portantd;mais atial « matériajue slegemos por objeto de tnguirigio maquelesrifporEra x década deretarno'sojus- raturalismo © de:profugdo:désalentordutrindriocomasiformulas clissicasda ciénciardo:dintito positive; nomeadamente do direito HMiblic,asventadas sobre a tradighode us fornaiamo professedo INTRODUGAO ” for jurists do porte de Gerbur-taban eeline. até chegar nak ‘mativistas puros, do quilatede Kelsen, chefe da Escolatde Viena O legalismo positivista desptlitizara, de'certo modo;‘o Estado, 420 rebaixar ou 'ignotar ‘o'coricettt de legitinhidade, ‘distolvido no conceito de: legalidade,- Manifestavaiessa -posigio estranheza ¢ alheacio absolutsca:valores efing)De'talssonte que, exacerbando.o neutralismo: axinlégico,e telealégico;.fazia prevalecer,iacima'de tudo, 0 principio,a legalidade. Bfetivamente ficava, por in teiro-d9 centro das reflexbes sobreo Dinstoo problematrtial da legitimidace, numa concepedo assim de todo falsa e, sobretydo, jé ultrapassada."Porquanto o mundade nossos dias 54 tem visto.cres- er a importancia que ainda ¢atribuida aquele.principio.....v-. Nossa tese reflete, emlarga parte, aquela fase grandemente em- bebied do pessiinisma ts gusty fia eda fminenda ao taloerasto nuclear. Coftsecvavacse Viva a: meméria.da tragédia que fora a 01 Grarice Guetra Mundial o 8 Bak vial grad ‘Fessent ea Oak 198 <0 espécie de capitalisina cujos ecros grayes se acumulavam so redor de dima forma de Est ic inpolent \enser cise de to yastas Proportées qual aquéla do Estado ibgral condevado, atroncion mar-seou desaparecer. Mas, de>aixo das presses sociais e ideol6gicas do marxismo, 0 Estado liberal néo sucumbiu nem desapareceu: transformou-se, Deu lugarao Estado social. pareseus tanslormons Com efeito, a sobrevivéncia da democracia limitada e represen tativa reagia a proclamada lei da infalibilidade do advento do so- smo, que seria acelerado pela queda iminente e inexorével do sistema capitalista, conforme 0 pressdgio dominante nos circulos mais influentes do pensamento da época. Como se fora uma sentene ade morte lavrada por compulsio ideologica _» N30 podia, pois, a Sociedade liberal achar outra férmula de scbrevivinci senfo a que apontava para os termoe participa os, consensuais e pacificos.da democratizagio progressiva da civ dadania, P = Semocrateasio progres Em suma,tratava-se da mésma fSrmula gravada em nossa pre- coce e recuada andlise sobre o Estado social, tao distanciado, entio, a sstematzarfo doutrintria e dos pubiistas que ainda noha viam percebido o aleance da clausula constitucioral introduzida Lei Fundamental de Bonn. rat introdsa na Ott da Ll Maior lem postvar, jurdicamente, princt- pio de unt novo regime repassado da unio conciliatoria da iberday de coma isonomia democritica, debaixo de uma i= | novaque vi- ae 38 DO ESTADO LIBERAL AO. ESTADO SOCIAL nha restaurar anogio de Estado, tio lacerada pelos excessos autori- tériosidas décadas.de.20 e 30. Tai excessos perpetridos poridéo- i ‘gonfiscaram as liberdades do cidadao, convulsionaram 0 olitica: propiciaram b advento das ditaduras, Positivado como principio regra dé um Estado de Direito re- construida:sobrens “alores da ignidade'darpessoa hurnana,\o: Bs- tado:sccial.despontou para concilie de formadiiradourale'estivel a Sociedade-com otf tatlo,conformeiintentainios démonstrar:O°Es- tad social de hoes, portanto, a chave dis démocracias’do futuro.) % “PoRitdS Priméife MGido, Bose SeieahtaAli importa tudo se eifri'nessa'dltemativa:Estadd Sodial bit ditddura, Sém Esta do social nic ha deinodrtidia, e seth detmoccracia Ho ha légitimidade. fidtas rBflexdes ‘lil expehiteas fist eames de anual Signi da prédenté * ard ‘aide ia tendo PAPE Bebe pati de te sécuild, Actestentor -vivj'por ehseo da Quinta eiligdd, ann Captule bride o quit sumtriamente sobre x Revoliigio Francesa fd se diz cor muito rigor’ propriedads. Seno, Eodlira-de Som 4 anslise feita a Her- menéutica das Revolugdes. Capitulo 1 DAS ORIGENS DO LIBERALISMO AO ADVENTO DO ESTADO SOCIAL 1.0 problema da litendede edo Estado como problems de resistencia 20 abslutsmo,2.O diet natural di urguesia revolute: tem poe 0 "teretv estado". 3. Da constldapo do Estado liber comego de sux tranformagto. 4. A separa de podees, dogma do constticonlismo da prea fse (Locke Mortesquiew 5.0 Esta 4p teratdemoeritco, frto de wna cntradito doutindri. 6 Viertandte 0 penstmenio poltico alerze. 7. Critic ao liberals ¢ cadverto do Este soc. 1. O problema.da liberdade e do Estado como problema de resistincia ao absolutismo © problema da liberdade, para qua exata compreensio, deve set posto-em,confronto dialético com a realidade estatal, a fim de ue possamas conhecer-lhe o contesido hist6rico eos diferentes ma- {izes ideolégicos de que se hd reves, até aleangarmos, no mo- demo Estado sosial,.25 linhas mestras de sua caracterizagio na consciéncia ocidental contemporanea, : « Trata-sede.tema.recothecidamente controverso, jue agitou, de funda, 0 pensaménto:,politico: da [dade Moderna, m ankandors, através de.seu,estudo, a propria conquista da HeMOsTACRG Sie Fo Para colocarntos'o problema ta libeitidde na esteta do constitu- cionalismo ocidental(iberl e social-democrdtce)€ indiepensdvel termos sempre em conta o Estado burgués de Direito, de qué nos fala 0 [DO ESTADO LIBERAL AO ESTADO SOCIAL Carl Schmitt, ou 0s conceitos histérico e racional-normativista da Constituisio, segundo o esquema ibérico de Garcia Pelayo. Na doutrina do liberalismo, o Estado foi sempre ofantasma que atemorizou'o individuo, O poder; de que néo pode prescindir 0 ordenamento estatal, aparece, de inicio, na modems teoria const tucional como o maior inimigo da liberdade. Foi assim que o trataram os primeiros doutrindrios do liberalis- mo, a0 acentuarem, deliberadamente, essa antinomia. 'A Sociedade representava historicamente, e depois racio- nalmente, com Kant, a ambiéncia onde o homem frufa de plena liberdade. + O Estado e a soberania implicavam antitese, restringiam a liber- dade primitiva. 1 Hipnit d cBasthiigho do Estado jtiridico, cuidavamos pensadores do ditaite natural, pfiraipatinerite ostde sua variante racionalista, hhaver encontrado formulacio tebrica capaz desalvar, em parte, ali- berdade ilimitada de que o homem desfrutava na sociedade pré-es- tatal, ou dar a essa liberdade fungio preponderante, fazendo do Es- tudo sacanhado seevado individuo Com o advento do Estado, que nio é de modo algum um prius, mas, necessariamente, uma posteriori da convivéncia humana, se- gundo as teorias contidas na doutrina do direito nazural, importa- Va, primeiro que tudo, organizar a liberdadeno campo social individu, titular de direitos inatos, exercé-los'ia na Socieda- de, que aparece como ordem positiva frente ao Estado, ou seja, frente ao negativum dessa liberdade, que, por isso mesmo, surde na teoria jusnaturalists rotleado de limitagBes, indispensiveis & garan- tia do cfrculo em que se projeta, soberana ¢ invioldvel, a majestade do individuo. ‘Decorrertte déssa posigio filoséfica, temos o Estilo gendarme de Kant,'9 Estado: guatda-noturno, que Lasalle tanto ridiculizava, de- missionérié de qualquet responsabilidade na promogio do'Bémi¢o- imum: Este $6 se aleanci quidrido os individuos sé eritregam livre e plena expansio de suas‘energias-criadoras, fora’de.qualder ebtor- Vodenaturéza estatal. eh ‘A Sociedade, por.suavvez, na teoriaidoliberalismo;se reduz & chamadapoeira atémicadéindividuos, ‘ate elausiila-Kantista, do espeito-mmeituo da liberdaite de cada ‘um, converte-se em dominio onde as aptid&es individuals con- cefizam,aemargem de toda-esbogo ds coacio eetatal- 1 aressunghlehrespald. os . owe DASORIGENS DO LIBERALISMO AQ ESTADO SOCIAL 41 ‘© Estado 'manifestayse,.pois, como. criacio deliberada:e cons- ciente:da vantade dos: individuas Se consoante as. doutrinas do contratualismo social: » sompoem, aoe engine inp spent oigmante rege sedeixasse de ser 9 aparelhiode que se serve o Homem para sleane ata Sociedade, « spalizagrore seus fins. mem Pa 5 como-d Estada ko monapolizador de poder, odetentor da soberania, o depositario da coagaoiincondicionada, torna-se,.em de- Seminndoe meeronton sige clean cee, ermaze em: Bibi, sevaliagontraaGriador. + Daj o,zelo doutringtia.da Filosofia usnaturalista em criar uma seis dee seine dh poder «formu ig de meics que passibilifem deter.o sey extrayasament na irres ponssbilidade do grande devstador, oimplacivel Leviata 2. O direito natural da burguesia revoluciondria investe no poder o"terceiro estado”. : Foi assim ~ da oposigio hist6rica e secular, na Idade Moderna, entre a liberdade do individuo e o absolutismo do monarca ~, que nase ptimeia nogio do E446 dé Direito, mediante um ditto de evolugdo tesriéa e decantacio conceitual, que se completa com a fi- losofia politica de Kant. ° Pistoome Estado é armadura de defesa e protecio da liberdade. Cuida- se, com esse prdenamento abstrato e métatisico, neutro e abstencio~ nista de Kant, de chegar a uma regra definitiva que consagre, na de- fesa da liberdade e dodireito, papel fundamental do Estado. ‘Sia ésséticla hé de esgotar-se nuishi riissfo de inteizo alhea- mentoe auséncia de'iniciativa social, Ease primeiro Estado -de Direto, com'seu formalismo supremo, que despira’o Estado'de substantividadlé ou conteddo, sem forga criadora, réflete & pugna da liberdade coxtra o despotismo na area continental eutopéia. _A pugha decidléied rid itVintento de 1789, quando 0 direito satutal da burguesia reviliciéndtia invest no' poder o teceiro Désde que 0 evolver politicdida Idade Modema tomou, segun- do felineko carder irremediavelmente antinomico ja réeriao, 0 direito natural foia fortalezasde idéins onde procuraram aslo,tanto 08 doutrindrios da liberdade'como aside absolutismo, Seria, pois erréneo reconhecer na teoria jusnaturalistada Ida- de Média & Revolugio Francesa) ordem de idéiasyvotada exclusiva. ‘mented postulacio dos direitos do Homem. a DO ESTADO LIBERAL AO ESTADO SOCIAL A burguesiarevolucionéria utlizouca para estritar os poderes da Coroa e destruir 0 mundo de privilégios da feudalidade deca- dente. E desse prélio saiu vitoriosa Daf porque'a pétspectiva hist6rica daqueles tempos nos mostra com mais evidéicia o prestigio da idedlogia que amparou 6s dire! toanaturis do Homem perante oEstado'de que aq oriunda de unr te6logo corno Bossuet ow unt flésot apregoava’o direito natural do Estado, encamado na opressio da realeza absoluta.” rer Esta veio a ser, por conseguinte, a cambiante vencida. Enquan- to, pdis,-o Estadd eo absdlutismo sq estearam na doutrirta da mo- Hafquia divina,Yoi® diteito'naturals maisnecesséria e conservado~ das douitrihas, conforie aésinalou, com rigorosa exacio critica, © jutista Kelsen: €m’andlise pertinente & evolucio conceitual'do jusnaturalismo. 3. Da consolidagio da Estado liberal ao comego de sua transformacao, \ Em suria, o primeito Estado juridico, guardito das liberdades individual, Heangou sea experimentagto histrica na Revolugio “Francesa. E tanto ele como a sociedade, qual a idearam os te6ricos desse mesmo embate, entendendo-a coo uma soma de étomos, corresipdndy sejuindo alguns pgisadores, entre os quais Schr, tdo-sbmehte a Concepgio Burguesa da order politica A burguesia, classe dominada, a principio e, em seguida, classe dominante, formulou os princfpios filoséficos de sua revolta social. E tanto antes como depois, nada mais fez do que generalizé-los doutrinariamente como ideais comuns a todos os componentes do corpo social. Mas, no momento em que se apodera do controle poli tico da sociedade, a burguesia j se no interessa em manter na pr tica a universalidade daqueles principios, como apandgio de todos ‘os homens.56 de maneira formal os sustenta, uma vez que no plano de aplicacio politica eles 9 conservam, de fato, principins cans: titutivos de wma ideologia de classe. Foi essa a contradicdo mais profunda na dialética do-Estado moderno. “Aburguesia acordavs 5, que eAtio despertou para acons- cigneia desues lberdadespoltea. All estava um Diretonovo, na teoria politica, que mantinha:principios cuja validez indiscutivel transpunha'qualquet idade-histbrica e se situava fora de quaisquer limitagSes de polo, meridiano ou latitude, como sea razio humana DAS ORIGENS DO LIBERALISMO AO ESTADO SOCIAL 43 Teismode Pascal so printeras erdades alee Infracetratura do grupalismohumang, sure? Ae sua na saad Prttensiosaniente, da doitrind de uma classta doutrina ce Diao dededjero ed Violéncid das objects qui mais tarde sulec- no amargo ce- tou, notadamente no século XIX, qudndo os seus do juridico puro se evidenciaram indcuos, ode lopli ee damente:abstrito, em face°de realidades socials imprevises ¢ anjargas, que rompiam os contomosde seu lineamento tradicional. saprichoss, dilatada e rica de expres- Feitos lindes lagu lto ‘de Procusto 1 doutzina dy rajlo.cuidava poder ‘da’ primgira fase do cons- is pede um.novo leito, Da Sabér, da id. i tleidhrtn incertae cease estate wie seoke mous asap ada «ARE ER AR ct aitltenart rep arteinsd na classe, 80 goving de todas'as classes. wort ca we va sobretudo, com invencivel,impeto,.rumo sguesia enuunciava-e defendia a principio de we? wave défeodia gpriociio da representagso. tilegos denen a eat or bon -iat.Frangay tio radical stiamaturaigiot cof stitucio | cance te ealizar-denmorio cb opembors ianeoto Eeeeeiiar Wisisambpeaber 8, coma yitéria on i Rexolugto Franessa. poi seutaratex presias de Mvolugho da bburguesiadevacaoa consumagiode; msocial, onde pate fRemastextos constitucionais,oteiunfojtotal doliberalismo. Doli- Bu RRe spette ado dacdemonsacaipm séquenda democracia i “yainops Ugur, «esate amg ot ioqrBistay aleangouray is, com 4 O consticionlomo de seclo Ie eramameren désangue,

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