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O mais comum € que equipamentos de separagao sdlido-fluido ope- rem com curvas de n versus d,, conforme mostra a curva tracejada na Figura 3.9, para a qual, claramente, d,, é menor de d,, e, portanto, SI é menor que 1. Por exemplo, hidrociclones (equipamento de separacio s6lido-liquido que sera estudado, ainda, neste capitulo), operam com Sl entre 0,3 e 0,6 (Klimpel, 1982). Observe-se que ha aqui um certo grau de liberdade na definicao de SI. Pode-se perfeitamente definir um SI bem mais rigoroso, como dys/ds, ou, entao, menos rigoroso, como dj5/dgs. Este ultimo ja foi, de fato, utilizado por Chu e Luo (1994). 3.3 CAMARAS DE POEIRA A camara de poeira é um equipamento para a remogao de particulas s6lidas suspensas em gases, sendo conhecida, também, como “camara de sedimentagao” e “caixa de poeira”. O principio de funcionamento da camara de poeira é inercial, isto é, as particulas se separam do gas pelo fato de que p, > p. De certa maneira, ela funciona como uma espécie de remanso, através do qual 0 gas escoa com velocidades baixas, de modo a permitir que a maior parte das particulas nele suspensas se sedimentem sob a acao do campo gravitacional terrestre. A Figura 3.10 mostra, esquematicamente, a vista superior e 0 corres- pondente corte longitudinal de uma camara de poeira ti — | @s azn ge Ja aa ——_| | FIGURA 3.10 Camara de poeira. UA Como mostra o desenho, e para uma vazao de alimentagao constante, a camara de poeira promove uma diminuicao na velocidade do gas, mediante um aumento progressivo na area da secao transversal de es. coamento. Consequentemente, as particulas suspensas no gas também diminuem de velocidade, o que propicia sua queda e eventual coleta pela camara. As particulas coletadas sao acumuladas em um compartimento em forma de silo, situado abaixo da camara de poeira. De tempos em tempos 0 silo deve ser esvaziado, removendo-se o flange, conhecido como flange “cego”, na base do silo. Naturalmente, como previsto pela equacao de Bernoulli, a pressdo na camara de poeira € maior (no caso, apenas ligeiramente) que na tubulacao de alimentacao. Pode-se entender melhor como funciona uma camara de poeira pela andlise do que ocorre com uma dada particula ao passar do duto de alimentacao (D) para a camara de poeira (CP), que trata uma vazao constante de suspensao solido-gas. A Figura 3.11 mostra as componentes da velocidade da particula, con- forme conclusées do item 2.6.1. particula no duto (D) particula na camara de poeira (CP) Use | 5 Usece ——+ — —— > Usp — Ucocp —_> — ——> — —_—— 1+" — Vt ad v mined v FIGURA 3.11 Particula no duto e na camara de poeira. Observe-se que, no duto e na camara de poeira, a componente vertical da velocidade da particula (v,) €a mesma em modulo, direcao e sentido. En- tretanto, a componente horizontal da velocidade é menor (U..,cp < Usop): em razao do aumento da area transversal de escoamento. Por esse motivo, a velocidade da particula (v) se inclina em dire¢ao a vertical, aumentando as chances de a particula ser coletada pela camara de poeira. Aexperiéncia pratica com camaras de poeira é vasta e vem principalmente de indtistrias do setor metaltirgico, particularmente de sidentirgicas. O Perry (1984) recomenda seu uso para a coleta de particulas maiores que cerca de 325 mesh (43 um). A coleta de particulas menores que esse tamanho exigiria camaras muito longas, geralmente invidveis. Entretanto, esse limite também depende da propria densidade das particulas a serem coletadas: particulas menores que 43 jm podem ser coletadas, desde que sua densidade seja suficientemente alta. A velocidade do gas na camara de poeira deve ser inferior a 10 ft/s, sob risco de ocorrer excessiva turbu- léncia no interior do silo, com ressuspensao de particulas ja coletadas. Na pratica, a maioria das camaras de poeira operam com velocidades entre 1 5 ft/s. Além disso, elas operam com quedas de pressao muito baixas, tipicamente entre 0,25 e 0,5 in 4gua, devidas principalmente a perdas de carga associadas a variacoes de area transversal de escoamento nas tubulacées de entrada e saida. 3.3.1 Avaliagao de camaras de poeira A Figura 3.12 mostra a parte essencial de uma camara de poeira, em que, de fato, se da a separacao sdlido-gas. As dimens6es da “caixa” sao conhecidas: largura B, comprimento L e altura H. FIGURA 3.12 Camara de poeira. Conforme indicado, o gas contendo particulas em suspensao entra pela face esquerda da camara de poeira, cuja 4rea transversal é BH. Ao longo de seu percurso, a suspensao perde particulas, que atravessam a area plana e horizontal BL e se acumulam no silo abaixo da camara (nao CAPITULO 3: Sistemas Particulados Diluidos ei mostrado na figura). As particulas nao coletadas deixam a camara de poeira pela face direita. Na avaliacao tipica de uma camara de poeira conhece-se p,, 6, DT, p e (variaveis de processo), B, H e L (varidveis de projeto) eQ, a oe volumétrica de suspensio sélido-gis (varidvel de operacao). Para avaliar a camara de poeira, considera-se 0 “caso limite” da par- ticula que entra no equipamento na posicao mais desfavoravel a sua coleta, isto é, junto ao “teto”, e é coletada no final do equipamento, Prever o tamanho da referida particula € uma maneira de avaliar a camara de poeira. Tal situacao € mostrada em duas dimensoes na Figura 3.13. FIGURA 3.13 “Caso limite” de particula coletada pela camara de poeira. Observe-se que, apesar da trajetoria da particula na camara de poeira estar representada por uma curva, 0 que possivelmente est4 mais pr6- ximo da realidade, viu-se no item 2.6.1 que a hipétese de auséncia de aceleracao implica trajetoria retilinea. Do mesmo item 2.6.1, sabe-se que, na direcao do escoamento do fluido, a componente da velocidade da particula é U,, e, na direcao do campo gravitacional, a componente da velocidade da particula é v,. Fazendo uso do “principio da independéncia dos movimentos” (Galileu) - que permite analisar separadamente os movimentos vertical e horizontal da referida particula - pode-se definir, respectivamente, o “tempo de queda” (t,) e o “tempo de residéncia” (t,) da particula do “caso limite”, na camara de poeira, conforme segue: ae (3.24) (3.25) para uma dada particula e trajetria, necessariamente, ocorre tq isto €: =a (3.26) (3.27) Sea camara de poeira, sob avaliacao, trata uma vazao volumétrica de suspensao sélido-gas constante e conhecida (Q), pode-se escrever: -Q “3H (3.28) Eliminando U,, entre as Equacdes 3.27 € 3.28 vem: wes ‘BL (3.29) Como a avaliacao da camara de poeira implica prever o tamanho da referida particula, precisa-se resolver um caso particular do problema do tipo (b): conhecendo-se a velocidade terminal de uma particula, determinar o seu tamanho, Tal problema foi analisado anteriormente (item 2.5.), e 86 pode ser resolvido se a esfericidade (0) da particula for conhecida. Considere-se, entao, o caso de camaras de poeira em que a interacao particula-fluido obedece a lei de Stokes (item 2.3). Nesse caso, a particula analisada é uma esfera e sua velocidade terminal é obtida a partir da Equacao 2.44 fazendo-se b = g: D°(p, - Yes = a os (3.30) AP{TULO 3: Sistemas Particulados Diluidos HL Como, no caso, v, da Equacao 3.29 é idéntico a Vv, sy, da Equacao 3.30, pode-se eliminar essa varidvel entre as referidas equacoes, resultando; D= (3.31) O fato de esse resultado ter sido obtido pela andlise da posicao mais desfavordvel de entrada da particula na camara de poeira, quer dizer que particulas (esferas!) com diametro igual ou maior que D (fornecido pela Equacao 3.31) serao coletadas com 1 = 1 (ou n = 100%), independen- temente das posicdes em que entrem na camara de poeira. Ou seja, D € 0 diametro das menores particulas (esferas!) que serao coletadas com 1) = | pela referida camara de poeira. Por essa razao, geralmente, apde-se o subscrito min (minimo) ao D (notagao de Perry, 1984): _ [_182Q Dain = BL(p, -p)B (3.32) Assim, se a lei de Stokes é valida, independentemente da posi¢ao em que entrem na camara de poeira, as particulas (esferas!) com D > Dypim (Equacao 3.32) serao coletadas com 7 = 1, enquanto aquelas com D < Dyin Serao coletadas com 7 < 1. Tais valores de n sao inversamente proporcionais a y (0 < y < H), que é a distancia vertical que aquelas particulas precisam percorrer (uma fracao de H) para serem coletadas pela camara de poeira. Se fosse usada a notacao do item 3.2.3 para outros cortes que nao d* (corte 50%), em vez de Dyyin S€ USaTIa Digg na Equacao 3.32. De fato, alguns autores preferem este simbolo. Neste ponto, é€ pertinente indagar se a lei de Stokes (que no caso fornece a componente vertical da velocidade da particula na camara de poeira) € de fato valida nas aplicacées praticas desse equipamento. Seja 0 caso tipico de tratamento de gases quentes provenientes de uma fornalha na qual se queima carvao mineral. Os gases contém particulas de cinza em suspensao, sendo p, = 2,0g/cm? e D = 90 12m, isto é, mais que o dobro do menor tamanho de particula em que o emprego de camaras de poeira é recomendado (43 pm). Emprega-se propriedades fisicas do ara 200 °Ce 1 atm (p = 0,747 kg/m3, p = 25,8 x 10-6 kg/m s). Em principio, presume-se que vale a lei de Stokes e usa-se a Equa- do 3.30: Sh CAmaras de pci ay _ D?(Ps -P)g Vustk = 18 usando unidades SI, vem entao: m (90 10-*)’ (2000 -0,747)9,81 20,342 — s 7 18x 25,8x10° Checando 0 valor de Rep, vem: Dy, Re, =—*— P Lb 90x10~° x 0,342 0,747 u 25,8x10°° Re 0,9 Embora se adote Re, < 0,4 como limite de validade da lei de Stokes (item 2.4), viu-se também que ha controvérsias sobre esse limite e que Re, < 1 €aceitavel. Alias, conforme visto anteriormente, para Morrison (2012) esse limite € Re, < 2. Assim, no “caso tipico” aqui analisado, a lei de Stokes pode ser considerada valida. Na prtica, particulas de mesmo d, e p, que 0 do “caso tipico”, terao esfericidades menores que 1 e v, menores que 0,342 m/s, com valores de Re, menores que 0,9, isto é, mais favoraveis ainda a validacao da lei de Stokes. Entretanto, deve-se ter cuidado pois, como mostra a Figura 2.13, para o < 1, o Re, limite de validade da lei de Stokes (tre- cho linear de Cp versus Re,, ¢ ) também recua para valores menores que 1,0. 3.3.2 Eficiéncia individual de coleta de camaras de poeira O procedimento de calculo de Di, (isto é, do diametro das menores particulas que sao coletadas com 1 = 1), visto anteriormente, pode ser extendido para outras posicdes de entrada mais favordveis a coleta da particula. A Figura 3.14 mosta uma camara de poeira com rea transversal de en- trada em primeiro plano, sobre a qual se posicionou um eixo y vertical de coordenadas cartesianas, conforme indicado. s particulados Di sistema FIGURA 3.14 Camara de poeira e segdo transversal de entrada. Observe-se que Djnin foi calculado para a particula que entra na camara de poeira com y = H, tendo resultado em 1 = 1. Procedendo de maneira andloga, pode-se analisar a posicao de entrada y = 0,9 H, porém man- tendo a coleta da particula no final da camara. Como antes, a anilise se baseia no “principio da independéncia dos movimentos’, isto ¢, na igualdade dos tempos de queda (t,) ede residéncia (t,) da particulaena lei de Stokes. Considerando que as Particulas estao uniformemente distribuidas (em massa; nao em numero de Particulas!) sobre a area da secao transversal de entrada da camara de poeira, 0 novo diametro de particula obtido corre ie > correspondera a 1} = 0,9. Isso se deve ao fato de par- ane referido diametro também entrarem na camara de poeita : wi 7 { (isto € acima de uma faixa retangular de area 0,9 H x 8), q NO, nao serem coletadas Por ela. Pode-se i , ciéncis ean © Procedimento anterior concluindo que a ef camara de poeira ae ca dado diametro de particula (n), que entra m8 é numericamente F pa ©€coletada no final da camara de poeil® Correspondente a y mB ee da area transversal de entrada (B ¥ ) RA 3-16 sees comaras de poeira em paralelo. A Figura 3.17 mostra, esquematicamente, uma associacao de trés camaras de poeira em série. Tal como no caso anterior, as particulas sao coletadas sobre bandejas. A figura mostra a trajetoria de uma particula (curva continua), coletada sobre uma bandeja. Se esta nao existisse, a particula 2 nao seria coletada pela camara de poeira (curva tracejada). |. FIGURA 3.17 Tiés cdmaras de poeira em série. lo ouem série. Considerando- .s disponiveis para a deposicao de particulas lida a lei de Stokes, € facil mostrar (veja item aralelo ou em série opera com: Seja No ntimero de camaras de poeiraem paralel se que o nimero de bandeja é sempre igual aN, ese for val 3.3.1) que cada camara do conjunto em Pp (3.71) IN (que aparece 0a Equacy, camara om Meg tata ow cada uma ge) No caso Oo wonsmerrnca UT (comparado 40 de sm, menos valor ca 9 MESS VAIO QE pe | aun Leque tata? Pome Sb corresponde meson BEL de cada camara § FAUaBO 136 yg . Co ee encia individual de colets 4 ihe, mostra Gue PPT damit quando Q ce SA ny No caso das MRE OT epatacao solide ee wham, chmaras comecutvy as uma camata de larguta Be compro, tual Q citrate 4.71) beso também corresponde 4 54, NL (que aparece 84 {comparada a0 de wena Grieg AMA com 4 menor valot de Daw Or coma varb0 Q)€ PORAMIO 4 1m muon Oe ese de cada camara, A Fequacho 8.18 tambon mom, se par dan BQ. achiecia india de cobs ase quan Laumenta 3.4 CICLONES O ciclone ¢ um equipamento para 4 temocho de § suspenuas cm gases Particulas muito Gnas para sctem cobetadas par Camara de pooira, pomneimente o senso pot cachones A dewormmain “ddone” tem aver com iemeiianca enite o ecamenke eo inaction do cquipamento ¢ 0 fendmenc natural de tmemo nome A Figura 018 mostra, xquemaucatente 4 Vinda supetiot € 0 come Pondemte conte langinadinal de win cicdane tipices Tal como na cient de poss pes ae de Rune ocnaaenerae de cadet @meroal aac ¢ 8 PartCH a ww a Entrrtante no oddone 4 $0 5 ace de SCN ce, O campo conte “oe Repo remus, 89 rotac ies que ¢ ienpunda 3 we? tea MME DR pens aaeranmvae amma 60 tadiai 2; -, _ BAR bee ae yi rary BTR ewe rae ts bee Wein eee oo gift

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