You are on page 1of 61
Herbert Marcuse Um Ensaio ara aLibertagao INFORMAGAO POLITICA quase odo podemon explivir ete ad orto nate avannalalors (por wig Gu rao 80 conseque deli Por outro lado, ans um recrudescimento de vol munud, 0 do seculo XX, propoe du por uma ifherdade onde ra Semagogicamente controlnde res pols como AB sabe 00 proseiva—, rma frabalhadores 00 Marcuse @ chogaca a tempo dh Tnopica, uma especulagao que conduan A liber tagdo humana, i 5 i (hut Livraria Bertrand DWP ORM AG eo PO nT ed HERBERT MARCUSE Um Ensaio Sobre a Libertacdo mmapecie ARIA ONDINA BRAGA mn oto1o100 Py LIVRARIA BERTRAND ‘APARTADO 97 ANADORA 135694 ‘Tieulo original: AN ESSAY ON LIBERATION Capa de Jor Chto © 3969, by Hosen erase “Too ov dhckos rervidoe pata publeagia dena obra em Jingve portegues pela Livaatia Bexzasie, 4k 1 —Lisbos UNIOESTE « Cemeve do Cvel, Coogoe€ inns ae Ok (pease Ba, Sebo epee ox Js de 27 ‘TESTEMUNEO DE RECONHECIMENTO Agzadeco novemente aos meus anic er meas Eoxnenticos ecrliis er eonsidetei mt fncegras em especial « Leo Towental (Universidade da California e ce Ber- Kaley), Amo J. Mayer (Universidade de Pifoceton) e Buringion Moore Jusier (Urey dc ce ear) ‘A lah ruler acuta comigo todas o pater ‘problemas do tmanuscrit, Sem fobpenigio, este enraio tere ab nolo at lo. Xede pd ls fer azonieedo PREFACIO, A oposigao orescente ao domtnio global da coli: keciio capitalista defrontasse com 0 poder perma nente desse dominio: sue fufludneia ccoudmica ¢ wnilitar nos quatro contixentes, 0 seu imptri neo- colonial e, mais importante ainda, a sua firme ca cidade para submeter a naciorie de populacio bésica 4 sua produtividade e forca dominantes. Bste poder slobal mantém a crbita socialste na dofensiva, tndo suite diapendiosarente nao s6 em tormos de gaz- os militares mas também na perpetnacto de uma burocracia repressioa, O desenvoleimento do socia- lismo continua assina @ ser desviado dos teu objec- Hoos originals e « coexisténcia conpetitioa com 0 Ocidente gere velores ¢ aspirecces « que o nivel de vida emericano serve de modelo Agora, contuio, essa emeccadora honogensidade tem estado a afrowear ¢ vse ume alternative come- tar @ romper « repressive continuidate, Esta alter. hativa nfo & texto. wm caminko diferente para o socialisnso como una entcrgéncia de diferentes objece tives e valores, diferentes axpiracbes nos homens e nas rmnlbores aue resistors e negam 0 macico poder ? explorador do mundo capialiste, mesmo nas suss realizazoes mais conjortiveis ¢ mais liberals. A Grande Recusa toma uma variedede de formas. No Vietnane, ent Cuba, na Chine, esta a defen- derse nua revolugio que luta pelo afastemento da administragio Burocritica do socilismo, As forcas de querrilba na América Latina parecem animadas pelo mesmo impulso subversivo: ¢ libertacio, ‘Ao mesmo tempo, a fortaleza eparentemente tnex- pugnivel do capitalismo di mostras de progressiva Jadige: dirse-ia que jd nem os Bstedos Unidos po- dens indefinidamente eutregar as suas tscreadorias —caubies © manteige, oapal e televisto a cores A popalacio dos guetos bom pode tomar-se ¢ pri imcira messa bisica de revalta (embora nio de reve- Inco). A eontestacio estudaniil esth a espalbar-se taito nos velbos paises soctlistas como nos patses capitelistas. Em Franca, desafion pelo primeira vex a force inseira do regime e recuperon, embore bor mo: Imentos, 0 poder lbertirio des Bandoiras vermelha e rete; ceima de tudo, abriu perspectives para urna base alargada, A supresséo tem poréria da revolta no condird a tendéncia Nembumta dessas forcar & em si reccmia a alterne- tiva, No entanto, iragari, em dimensies vnaito di- verses, 0s limites de acgao das sociedades estabele- cidas; do seu poder de moderacdo. Assina que esses limites forem aleangedos, o establishment pode int cian una novo regime de repressio totalitéria, Mes ora alone desses limites, bi também 0a espaco, fsico e mental, para a constructo de um reino de Nberdade que nio 6 0 do presente: inberta lawn 10 bens ont releso ao arbitvio de exploradores — wira libertagdo que deve preceder a coustrucio de uma socledade livre e aue postula unt rempinento bisto- rico com 0 passado e 0 presente Serie irresponsével exagcrar 0 valor das oports nidader actuais dessas forcas (este enscio dard & Jase aos obsidcilos e as ademorass), mas os facto, 1 estao, factos que nito sto apenas os simbolos 1aas’ tambéne ax personificacées da esperaica. Poens en confronto a tecria critica da sociedade corm « tarefa de recxaninar as porspectivas para a emergéncis de tuna sociedade socialista qualitativansente diferente das sociedades existontes, a tarefa de redofinir 0 sacialistio e os seus pré-requisitos, Nos capttudos que se segue, tenio desenvolver ‘algunas ideias primeiramente tratadas em Eros ¢ Givilizago e em O Homem Unidimensional, depois Aiscutidas em (05 trebelhadores) eliminarinm por si s6 0 dominio € a exploragio: um estado burocrético. préspero seria ainda um estado de repressfo que se protongs- mesmo na ésegunde fase do socialismo», onde feada qual deve seceber esegando as suas necessida- dese, (0 que estd agora em sisco € a plena realizasao de cada um, A questio poese deste modo: como pode © individuo satisfezer es suts necessidedes sem pre- judicar outros? Ou antes: como pode satisfazt-las fem se ferit a si préptio, sem reproducir, através das suas aspiracies ¢ satisfagdes, a dependéncia em que est4 de um aparelho explorativo, © qual, a0 contestélo, Ihe perpetua a seevidio? O advento de uma sociedade livre sevia catseterizada pelo facto de o aumento de bem-ester se converter numa qua- lidade de vida essencialmente nova. Esta mudanea quilitativa vem de acontecer nas necessidades, na infraestrutura do homem (em i propria uma di- 4 «dads da vide cessem de reclamar as fungBes agtess " mensdo da infraestrututa da sociedade): @s novas insttuigées ¢ relegbes de produsio devem expeimiz a ascensao de necessidades ¢ satisfages muito di- ferentes, ¢ até entagénicas, das prevalecentes nas sociedades exploradoras. Uma tel mudanga faculta- Ya enfim a liberdade que a longa histéxin da soci dade de classes tem bloqueado. A liberdade torn: sea o ambiente de’uiy oganismo que jé nfo 6 capaz de se adaptar ts fung6es competitive eque- tks pata o bemvestar sob.a opreasto, fmt capae 1) de-tolerar a" betal agressvidace © a fealdade da imancita tradicional de viver. A revolta teria entfo ganho talzes ma prépria natuteza, a os suas petigosas conse: us quéneies. A oposigio radical também conhece them estas perspectivas, mas a teoria cxitiea que deve guiar @ pritice politica ainda se encontra ‘em straso, Marx ¢ Engels abstiveram-se de esenvolver conceitos das formas de liberdade possiveis nuroa sociedade socialista; hoje, tal absten- fo jé no parece justificada, O desenvolvimento das forges procutivas sugere possbiidades de liber. dade humane muito diferentes ¢ para além dos vislambradas na primeira fase. Para mais, esses pos sibilidades reais sugerem que o fosso que separa 1 socicdade livre das sociedades existentes 6 lerg0 « profundo precisamente na medida em que 0 poder repressivo e as foreas proctutives das iltimas conce bem o homem ¢ meio social & sua imagem de _ecordo com 05 seus prprios intersses ‘Assim, o mundo do liberdade humana nfo pode 4 set construido pelas sociedades estabelecidas, por rmulio que eles possam modemnizar e racionalizar 0 seu dominio, A sua estratura de classes ¢ os contro les aperfcigoados regueridos para a manter gerim necessidadés, satisfegSes © valores que reproduzem a servidio da existéncia humana, Esta servidéo ‘evoluncériay (goluntéria tanto quanto se identifica om 0s individuos), que justfiea 03 patrdes benevo- Tentes, s6 pode sct desttuida por uma prética poli tica que atinja as ratzes de moderagio e contenta- mento da infte-estratura do homem, uma prética politica de desembarago metdidico e recuse do estar lishment e que vise a uma transformecio de valo- res, Tal prética envolve um tompimento com as me- neitus familiates, otinetas, de ver, auvic, sent © 16 compreender 1 coisas, de modo que 0 organisma se possa tomar receptive as formas potenciais de ‘um mundo nfo agressivo, no explotador, Pouco imporsa quio longe dessas nogGes a revolta _possa estar, pouco importa quanto isso possa patecer destrutivo e autodestrativo, pouco importa a distin: cit entre a revolta da clesse média nas metrépoles c-a.luta até A morte dos. deserdados da terta —comum a todos-.a_profundidade dic Recusi.> ‘A intintiva Recusa féclos eejeitar as reatas do jono aque estd montado contra eles, a antiga estratégin de paciéncia e persuasio, a confianga na boa vontade do establishment, os seus confortos falsos © imo- nals, a sua cruel abundincia caPsTULo 1 UMA BASE BIOLOGICA PARA O SOCIALISMO? Na sociedade da abundincla, o capitalismo herda fo que é seu, As cuas principals fontes da sua dint. mica — 0 aumento de produyfo de comodidades ¢ © de exploragio produtiva — penetram todas as di- ‘mensbes da existBneia piblice e privade, Mas o ma- terial disponiyel e 6s recursos intelectuals (0 poten cial da libertagio) ttm uluapassado tanio as inst ‘uigdes estabelecidas que s6 0 aumento sistemético de desperdicio, de destruigio e de manobra man smo sistema am actividad, A oposigio, que escapa 3 tepressio da policia, dos tribunals, dos represen- tantes do povo 2 do prbprio povo, encontra exprcs- so na sevolta dispersa entre a juventude e a dnt zemria, © 0a luta didria das minotias perseguides. ‘A luta armada srava-se fora: pelos deserdados da terra que combatem o opulento monstto, ‘A andlise critica desta sociedade exige novas cate sgotias; morais, politicas, estécieas, Vou tentar for. 19 smulé-los adiante, A categoria de obscenidade serviré de introdugio. Esta sociedade € obscena em produit e exibir indecorosamente ume abundancia sufocante de mer cadotigs, eo mesmo tempo que priva lagamente as uta vitimas de satisfagio de necessidedes vitals; cobscena em stulharse a si préptia de bens, en: quanto as latas dos seus desperdicios envenenam 10 mundo dos explorados; obscena nas palavras nos sortisos dos scus politicos; obscena nas sus ‘oragdes, na sua jgnorineia ¢ ne sabedoria dos intelee tunis que tolera ‘A obseenidade & um conesito moral no arsenal verbal do establishent, que insulta o termo a0 aplicélo nfo a respeito da sua prépria moralidade res de outta, Obscene niio € a geavura de uma ru Iher nus que expe os pelos do ibis, mas a de um general completamente vestido que exibe as suas medalhas de recompénsa numa guette de agressi dbsceno nfo € 0 rinal dos hippies, mas a declaracio de um alto dignitério da Igreja de que a guerra é niecessiria para a paz. A terapia linguistica— isto 6 ‘0 esforeo rumo a palayras (¢ assim conceitos) lives de tndo, sem distorsio do sen significado pelo establishment — postola a tansferéncia de stan- dards morais (e de sua validade) do establishmeent para a revolta contta ele. Do mesino moda, voea- bulitio sociolésico e politico deve ser radicalmente semodelado: deve set extixpado da sua false neutea lidade; deve ser _merédica e provocatoriamente «moralizado» em termos de recuse. A moratidade info necessariamente nem primatiamente ideolé- 20 ice, Diante de wm sociedacle amoral, torma-se uma arma politica, uma forga efectiva que leva as pes: soas a queimarem os idolos, @ridiculatizatem os di rigentes ascionals, a manifestaremse nas ruas © @ crguctem nas igtejes nacionais tabuletes que dizem «Nip matacisy ‘A. reacoio & obscenidade & a vergonha, geral mente interpretada como © sintome fisiolégieo do seatimento de culpa que acompanha a transgtessio de um tabo, As manifestecses obscenas da socie: dade de abundancia normalmente io. provocem nem vergonha nem sentimento de culpa, embora cssa soeiedade viole alguns dos tabos fondamentais da civilizagéo. O termo obscenidade pertence & csfera sexual; @ vergonha o sentimento de culpa c¥iamse na situagio de Bdipo, Se a este respeito a morelidade social est enmaizada na moralidade sexual, cntio a falta de vergonha da sociedade da abundinela © sus repressio efectiva do. senti- mento de culpa indicam um declinio do pudor e da conscigacia de culpa na esfera sexual. E na reali- dade a exposigio (para todas as finalidades pritieas) do corpo despido € permitide e até encorajada e 05, tabos quanto a ligag6es sexuals, antes e fora do casi~ mento, afrouxaram consideravelmente. Estamos, pois, perante um paradoxo: a liberalizacéo da semue- lidade fomece uma base instiotiva para o poder repressivo © agtessivo da socledade da abundancia Esta contradigio. pode resolverse se comprett- dermos que liberelizeedo da prépria moralidade do stablishmiext tem lugae dentio do quadro dos ¢on- twoles efectivos; conservada nesse guadco, « liberali- 2 ago zeforga a coesio do todo. O relaxamento de tabos alivia o scatimento de culpa ¢ lige libidinoss ‘ente (emora com aprecidvel ambivaléncie) 08 in- ividuos livres» aos pais institucionalizados. Sta pais poderosos mas também colerantes, cujo co verno da nagio e da sua economia concede © pro- Lege as lbetdades dos cidadios. Por outro lado, se 4 violagio dos tabos transcende a esfera sexual ¢ leya zesusa e & rebeldia, 0 centimento de culpa ago fica aliviado ou reprimidlo mas antes transfetido: nfo nés, mas os pals € que sto culpados; néo sio toleranies mas falsos; querem redimir a sua pré- ptia ealpe tonando-nos a nés, 0 filhos, eulpados; ceiacam um undo de bipoctisia e violéncia onde alo desejamos viver, A revolte instintiva transfor mise ein rebelifo politica, e contra ela, entio, 0 establishment mobilize todas as suas forsas. A tebeliao provoca mma tal xesposta porque te- vela o alvo antecipado da mudange social nessa fase de desenvolvimento, 0 gran em que a priticn pole tica radical envolve una subversio cultural, A re- ccusa com que a oposigio defronte a sociedade exis- tente € positive porgue tende a uma nova eultura que compre as promessas humanistices sxaidas pela cultura tradicional, O radicalism politico implica assim um radicalismo moral: a emergéncia de uma moralidade que precondiciona o homem pata a li- becdade, Esse tadicalismo activa a base clementar, ‘orginica, da moralidade no ser humano, Antetiot a todo 0 comportatnento ético de acordo com séan- dards sociais especificas, anterior toda a expression ideolégica, a motalidade € uma edisporigfo» do 22 corganismo, talver entaivada no iimpulso exstico para contrarlar @ agtessividade, pata exiar ¢ preser: ‘vat eunidades cada vez maiores» de vida. ‘Terfamos centio, deste lado de todos os avaloreso, uina base instintiva para a solidariedsde entre os seres hu: manos — solidatiedade que tem sido efectivamente -ptimida de acordo com as exigdncias da sociedade de classes, mas que aparece ogore como uma pré -condigao pata a libertacio. Na medida em que essa base é ela prspria is. rica e a maleabilidade da : 0 organismo recebe ¢ teage a eettos estimulos e cignoray ¢ sepele outros de acondo com a moralidade nele projesrada, que estd assim a pro: mover ou a impedit a fungio do cxganismo como célula viva na sociedede respectiva, Uma sociedacle rectia, pois, constantemente, no dominio da cons ctncia © da ideologia, padres de comportamento @ de aspiragéo como parte da «natureza» do seu ovo, ¢, a menos que a tevolta atinja casa lugfo}do mundo capitalisia; poderseia, portanto, considerar prematura a elaborocio teérica cones pondente, se nfo fosse 0 facto de a conseiénela das possibilidades transcendentes de liberdade dever tomnarse uum poder condutor no dominio do conhe- cimento e da {maginagio que preparem 0 solo para 39 4 nego sevolucionitia, A revolugio seri efectiva precisamente na medids em que for levada cabo pot esse poder. ‘A nova sensibilidade, que marca a supremacia dos instiotos da vida sobre a egressividade e a cul ps, ctiaia, numa eseala social, « necessidede vitel da aboligio da injustiga e da miséria ¢ modelatia a rilterior evolusio do enivel de vida», Os instinsos vitais encontrariam expressio racional (sublicnacéo) no planeamento da distribuigto do tempo de tea: tulho socialmente necessitio dentro de cada sector e entre of vdrios ramos de produsio, estabelecendo assim prioridedes de objectivos e escolhas, deter- mminando nfo 9 0 que s¢ deve produzir mas tam: boém a aforma» do produto. Libertada, « consciencia fomentaria o desenvolvimento de uma ciéncia ¢ de sua tecnologia com a liberdade necessitia. para crganizar homens e coisas de modo a que a vida hnummane decorsesse protsgida ¢ recompensada, jo- ‘gando com os potencialidades de forma © matéria pra o acesso Aguele alvo. A. técnica deveria nit fornarse arte, ¢ a atte serviria para format 4 reali dade: anularse-ia a oposislo entre o inagin suzo, as faculdades mais altas e a3 mais balzas, 0 pensamento poésico € 0 cientifico. Darse-ia emer zgéncia de um novo principio de Realidade, sob o qual a nova sensibilidade © uma inteligéncia clentt- fea deesublimeds se combinarlam na criagfo de um ethos estético. O termo «estéticon, na dupla acepsto de de scnsii [dade mana experts dos seth, sbre «ga {orgie modeladoras, limitatives © reptessivas, agi- | tiam de acordo com a respestiva situasso individual e social Agul uiokén toot erica de Kant conds 25 mai cvancads nogies: 0 belo come ; a alma é «negra, ‘wiolente®, «onmieticeys jé no esté em Beethoven cls ple Tngwatom falas. exsita don podere existent, © fe tio ronpe atin com « fs Lngsesen Keokigin five Tid as sot deigso Mu sence no contest pels a Guin Rena 0 cbaenlder ein meme te ne, Se, por exemple, eo mais ais governess nao fo hee ‘mus ab ¢ pieane X00 gover, nes 9 prc X 630 pore Vc ue o ack den om dcr de tepals oteeetdd come un BIGDME, tals desfratesolenias suse peu os par da tia de ches piles ac 8 ta 2 as irae canun.Sucgem eedetldos canoes Sue to reanante aon ole des tls. Eve oy tam camo {as db Tnnintod vine oe Bap, women tor peat cman ch ua ein morale: onde que Imp Som ta Jini tein ack 0 seu snineta de ele, Tetlan Joe ida cama mi toy tees sata 0 pay uso ees treet min sis vil Go Geo te Rilpa Of wets. te cobras linge police ds eda € 0 a0 sli dum at Sm cer fends 0 aoe faa © ita que 48 fs em for cp lesen oan ene «par ce do stn 0 ea icpeme @ anorla exer fod, se are eotrb 4 derbi de cura 0 uc, pau oF ray Uo recto de eta, 54 cox em Schubert, mas nos blues, no jess, no rock xd roll, 20 ealimenta da almao. De modo seme Uhante, 9 slogan militente antecipa, de modo distoreido, a Ubertacio social: a revolugio deve ser a0. mesino ‘tempo uma revolugfo da percepyéo que acompanha & reconstrugio matetial ¢ intelectual da sociedede, criando um novo ambiente estético A conscidneia da necessidade de uma tal revolu- ‘fo de percepedo, pata se chegat a um noyo tipo de sensorialidade, é talvez o nécleo da yerdade na ine vestigacdo psicaddlica, Mas ¢ viciada quando 0 seu ‘axcter natcético traz um alivio teiporitio nfo 56 da razo e da racionslidade do sistema estabalecido como também dessa outra tacionalidade que havers de transformar tal sistema, quando 2 sensibilidade se libettar nfo s6 das exigéncias da ordem existente ‘mas também das de libertacio, Intencionalmente ‘flo comprometio,o afastamento cxia 0 seu paraiso atfiial dentro da sociedade donde se afastou. Os " Peviodo ea quo ab 8 eb « infos de wm does aa lnogéien, de 7) 56 agentes. da mutagio manténse assim sujeitos a Let dessa sociedade que pune as realizagtes ineficazs. Em contraste, « etansformagio radical da sociedade implica # unio da nova sensibilidade com wna nova racionalidede, A imginasio torna-se produtive se se torna a mediadora entse a sensibilidade, por am lado, ¢ toa teorétion e prtica, por outto, © nessa harmonta de feculdades (em que Kent viu a marca dda iberdade) gaia « zeconstrugto da sociedade, Uma tel unifo tem sido a feicGo diferencial da arte, mas 4 sua sealizasGo deteve.se no ponto em que teria toredo incompactvel com as instituigdes bésicas ¢ as afinidades sociais, A coltura material apegada 20 ‘scaly deixouse ficnr para tr’s do progresso da ri Ho e da imaginagio e néo cessa de coudenar grande parte dos iimpulsos para a irealidede, a fantasia, a fiegdo, Nao convinlsa que a arte se tomasse uma tée- nica na reconstragio da zealidade; por iso « sensbi Tidade continvox a see reprimida, ¢ a experiéncla smutilada, Mas a revolta contra a razfo repressiva, 90 ertar as virtualidades do cstétco dentro da nove nsibilidade, promoveu também transformagies essenclais no valor e na funcio da arte, afectancdo- “he 0 eatcter afirmativo (ein virtnde do qual pode reconciliasse com 0 slats quo) eo gras de subli rmagio (que militow contra a tealizagio da verdede, dda forga consciente da arte). O protesto contra essas feigdes da arte espalbe-se através de todo o universo extético antetior & Brimeira Guetta Mundial ¢ e00- tinua com intensidade crescente: dé you © imager 7 0 poder negative da arte © as tendéneias para a dessublimasio da cultura ‘A emergéncia da arte contemporinea (usarel o tetmo «arte> em sentido total, incluindo as attes visuals, assim como a literatura e a misica) significa sais do que o substituisio tradicional de um estilo por otto, A pintura e a escultura nao objectives, abstractas, a literatura fontede-consciéacta © forma- lista, a composigio musical de doze tons, os blues € 0 jazz nfo so simplesmente formas novas de per cepcio a reorientar € a intensifcar as velhas, antes dissolvem a prépria estrutura da percepsio a fim de cxiar espago—e para qué? O novo objective da ate ainda nao est «dadon, mas 0 objecivo familiar tomnooese impossivel, falso. A partic de ilusto € que se procura a harmonia com a realidade— mas a reae Tidade ainda nio esta adaday; néo € a realidade que €0 objectivo de azealismon. A reslidade tem de set descoberta e projectada. Os sentidos devem apren- der a nio ver as coisas segundo @ lel, a ordem que as formou; a pritica errada que orginbra # nossa sensibilidade tem de ser anulada. Desde © principio, a nova arte insiste na sua autonomia radical em tensio ou conflito com 0 de. senvelvimento da Revolugio Balchevista e 08 movi rmentos revoluclonitios activedos por el, A atte mmantém-e aliada i praxis revolucionétia em virtude do compromisso do artista para com a forma: a forma como a prépria realidade da atte, como die Sache selbst. B assim que 0 «formalistay rosso B. Bikhenbaum insiste: inconsciente © «also» € destr6i a familiaridade que se instala om toda a pritien, ineluinds a prética tevolucionéria — um ‘utomatisito de expetiéncia imedigta, mas expe- ritneia socialmente engenctrade que milita contre 9 libertagio da sonsibilidade, A percepgio antfstica dissolve essa «instantancidade>, que, na verdade, é um produto histérico: 0 tipo de experiéncia imposto pela sociedade estabelecida ¢ coagulando tum sistema auto-suficiente, fechado, da arte deve com: nicer a verdade, uma eobjectividedes que nfo é cessive 8 linguagem ordindvia€ a experiéncia ord: nisla, Esta exigencia explode na situagio da atte contemporanea. (© ceanécter tadieal ¢ a «violéncian de tal recons: ‘rugio ne arte contemporines parece indicat que cla se zevolta nfo contta um estilo mes contra 0 préprio «estilo», contra « fora, 0 «signilicadon tradicional da arte, ‘A grande revolta aristicn no perfodo da Primeita (Guerra Mundial anuncia a viteger. © Ibi. 60 ‘Wir eetzen grossen Jahchunderten cin Neio cenigegen.,. (Wit) gehen, mar spottichen Ver ‘yunderung unsecer Mitwel, einen Seitenveg, det kaum cin Weg au soin scheint, und sagen Dies ist die Hauptstrasse der Metschheitsent swicklang, * A lute € contra @ Musionistiscbe Kanst Euro: pus: a atte nio deve mais set iluséria porque a tua relagio com a reaidade madou: esta tornou se sasceptivel de elteragio e até depencente da fungio transformadora da atte. As revolugdes frostredas ¢ traidas que ocorteram na estelia da guetta clenun ciaram uma realidade que fez da arte uma ilusfo, Visto a arte ter sido ume flusto (schomer Schein), nova atte proclamasse antiarte. Pare mat, a atte silasdelaw incosporara ingenvamente #3 ideias estar belecidas de posse (Besitzeorstellumgen) nas suas formas de representacio: nfo discuic « naturczs -objecto (die Dinglichkeiten) do mando como su. ‘a homem, A arte deve romper com tal con ‘retizagdo: deve tornar-se a gemalte oder modellierte Evkenmtniskritik, baseada numa nova Optica, cortes: Ns opcmes un io a muitos souls. (Nia) vamos, pura admiegio esta dos noses contempot eos poe an alin, ge gal parece um erminbo, « demas Ino @a eutads poe da evologo hunina.» Trasz Mara sDer Blue Reet» (1914), in Manse Monfeste, 19081933 (Dvds, Wee der Kans, 1956), 8 36 TRuoal Masmana, Die Kesst wed die Ze, 919 (i bid, la, 188). 61 pondente a um «tipo de homem que nfo & igual @ dso", ‘Desde entio, a erupio da antiarte na atte temse manifested em moitas formas familiares: destrute ‘0 da sintaxe, fragmentacio de palavras e frases, Uso explosive da lingvagem corzente, composicfes sem partitura, sonatas para nada. E todavia essa inteira deformagio é forma: a antiatte tem-se com seryado arte; oferecida, comprida contemplada como arte, ‘A revolta selvagem ca arte resumiu-se a urn chow que de pouca duro¢io, rapidamente absorvido na aaleria de arte, dentro de quatro paredes, no seléo de concertos, ou como objecto de adorno nos vestte bulos dos préspetos estabelecimentos cometciais. Transformar a intengio da arte € « antoderrota uma autoderrote gizada na propria estratura da arte, Por mais afizmativa, . A fotma é a negasfo, @ vitésia sobre a desordem, « violéncia, © softimento, mesmo quando veicula desorderm, vio- leacia, softimento. Este triunfo da atte conseguese sujeltando 0 conteddo & order esiética, que € aut roma nas’ stas exigéncias. O trabalho da arte esta belese 08 seus prdprios limives e fins, & sinngebend 0 relacionar 03 elementos uns aos outros de acordo com a sua pripeia lei: a masiado sublimadas, segrepedss, ordenadas, harmio- nizantes, As suas aspizagées de liberdade traduzem- se na negacéo da cultura tradicional, na exigéncia de uma dessublimagio metédica, Talvez. 0 seu fo peto miais forte venha de grupos sociais que até gui se tenham conservado fora do domfaio absor- vente da mais alta cultura, fora da sua magia afirma- tiva, sublimadom e justificante — tendo embora vivido i sombra dessa mesma cultura, vitimas da csirutura do poder que esti na sua base, A «tnitsica ales esferasy que era a realizagio mais sublime da cultura vigente opdem agora aqueles a sua ptopria misica, com todo 0 desaffo, © édio, e alegrin das a vivimas revoliades, definindo a sua prspria hume rnidede contea as definigdes dos mestres. A sien ‘ncgza, invadindo a culture dos brancos, é« ternivel realizasio de O Freade, nicht diese Tonel; a te: ‘use esté agora no coro que emia a Ode a Alegria, pondo em cause a cultura em gue se intesra, Nao © ignore 0 Donor Fausto deThomas Mann: «Quer anular a None Sinfonia.» Com o beito ¢ 0 ritmo subversivos, dissonantes, nasccls no. que fariam das muitas formas de arte rebelde ume forca libectuora na scala social (isto é, uma forga subversiva) ainda esto por alean- ‘at. Residiriam em métodos ée tsabalho e de prazer, de pensamento e de comportamento, numa tecnolo: sia c num ambiente naturals capszes de expzimis 6 ethos extético do socialismo, Entao, a arte talvea prea o seu privilesiado e sepremsdo dominio sobre « imginacio, © belo, 0 sonko. Talyez seja este fucuro, més 6 foturo penetra no presente: n¢ sua negatividede, « arte dessublimedora © a antiaric de hoje «antecipam» uma fase onde « capacidade da s0- ciedade pata produzir possa ser semethante & cepaci dade criativa do arte, © a construsto do mundo da facte semelhante & reconstrugéo do mando real pala essa fa 6 undo de atte libertadora eda tecnologia ibertas dora ®, Pelo seu caréeter precursor, a desordenads, incivil, burlesea deesublimacao artistica da cultura constitu um elemento essencial da politicn radical, isto é: das foreas subversivas em transici. Uma visio satualmente uo, as, 0 far, bewaate rola arinog oe sstadanee rultnter de Bele oie Bele chris de Pacis na sur sco en Malo de 1968: 9 que eles podiam cea o devavolrinents de waa onsséncia que gue {Deatildade cativa manne em code indilchos Se melts fal gue sobcn do ater «so ant» se txnasem sinple «0: Imeior aaa sivdades rotor ge 9 pataiedoe em (ole 0 estona soci gue tmfoeme « cori eu © bone ‘mus tina (Qaclle overiuee Onale s0ct0, oie. 123) 70 CAPITULO 111 FORGAS SUBVERSIVAS EM TRANSIGAO ‘A. nogto de «forma estéticay como forma de uma sociedade livre significaria sem Gide @inverséo do desenvolvimento do socialismo de cientifico para ut6picn, a iio ser que possamos apontar pats certas tendéncias na infre-estrutura da sociedade industsial avangeda que talvex dem a essa ntogdo iam eontetédo realiste. Temo-noe frequentemente refecido a tais tendénclas: primeiro que tudo ao erescente carfcter tecnoldgico do processo de produsfo, com a edu. Bo da cnergia fisica até hé pouco requerida © a sve substiwuigio pela eneepia mental — espiritualizas0 do trabelho. Ao mesmo tempo, um sistema meet: nico cada vex mais automstico, no usado j@ coino sistema de explocgo, permitinia 0 adistancie- mentor do trebalhador em relecto ace instrumentos de produgio que Marx previu no fim do capita: lismo: 0 trabalhadores cesseriam de ser os «princt- pis agentess da provdug’o meterial © tornabsedam ‘08 seus «superinsendentes e reguladoress — donde n

You might also like