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Sócio Fundador João Paulo Todde Nogueira Pedro Júnior Rosalino Braule Pinto
Sócio Carlos Henrique Nóra S. Teixeira Luísa Gallucci Alves
Sócio Érico Rodolfo Abreu de Oliveira Brenda Teles de Freitas
Maria Sofia Figueiredo Pelegio Arthur Victor Cardoso Lima
Cássio Matheus Gualberto Neves
Fernando Otto Silva de Almeida
Paulo Henrique Fernandes de Souza

EXCELENTISSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) FEDERAL DA


VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERAL

....

todos domiciliados em Brasília – DF, vem, por intermédio de seus advogados infra-
assinados, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fundamento no art. 300 e 319
do Código de Processo Civil, ajuizar

AÇÃO ORDINÁRIA

(COM PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA)

em face da UNIÃO FEDERAL, pessoa jurídica de direito público, representada pela Advocacia-
Geral da União, com escritório no Setor de Autarquias Sul - Quadra 3 - Lote 5/6, Ed. Multi Brasil
Corporate - Asa Sul, Brasília-DF e Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA,
autarquia especial, portadora do CNPJ n. 03.112.386/0001-11, com endereço no SIA trecho 05,
Brasília/DF, CEP nº 71.205-050, fazendo-o nos termos das razões de fato e de direito a seguir
delineadas.

I – DOS FATOS
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LAGO NORTE - BRASÍLIA - DF TEL.: (61) 3322-0502 E (61) 3201-0502

CEP Nº. 71.505-090 PORTAL: WWW.TODDE.ADV.BR


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Fernando Otto Silva de Almeida
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1. O Sindicato Autor foi fundado em 06 de outubro de 1988 e representa os servidores


públicos da Câmara dos Deputados, Senado Federal e do Tribunal de Contas da União, categoria
que exercer papel de grande relevância à toda sociedade.
2. Desde o início da pandemia os servidores filiados ao Sindicato autor não
interromperam suas atividades em razão da essencialidade do trabalho desenvolvido. Não fosse o
trabalho por eles desempenhados não se teria a aprovação de importantes medidas no combate ao
vírus da COVID-19 e suas consequências, podendo citar a aprovação do auxílio emergencial e as
leis emergências que garantiram a aprovação das vacinas de maneira emergencial.

3. Ocorre que no atual cenário da crise, não se mostra mias razoável que esses
servidores e suas famílias não possam por recursos próprios obter o direito de buscar a vacina,
notadamente quando o Poder Público não ter ainda atendido a contento um ou algum dos diversos
seguimentos do País no plano de vacinação contra a COVID-19.

4. Considerando o atual cenário de completo colapso da saúde pública e da economia,


em que se registra no Brasil a média diária de mais de 3.000 mortes causadas pela Covid-19,
com tendência de aceleração em todas as regiões brasileiras1, com hospitais públicos e privados
sem vagas de UTI, falta de insumos básicos necessários para procedimento de intubação, falta de
oxigênio, Estados decretando lockdown e a atividade econômica retraindo em velocidade
vertiginosa, é absolutamente imprescindível a abertura para que entidades privadas possam
importar as vacinas.

5. Paralelamente às iniciativas já implementadas pelo Estado, a pretensão do Sindicato


autor na presente demanda é obter a autorização judicial que o permita a efetivar a importação
direta das vacinas para utilização em seus filiados, mediante a contratação de empresa devidamente
autorizada e preparada para a respectiva importação, o que garantirá a saúde de milhares de
pessoas, bem como de seus entes queridos e, principalmente, desafogará o Sistema Único de Saúde
no tocante à aquisição e aplicação das vacinas nos indivíduos integrantes do ente coletivo.

1https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2021/03/14/covid-19-coronavirus-mortes-casos-14-
de-marco.htm
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6. Vale mencionar que não se busca a quebra da fila de vacinação, deixando os mais
necessitados ao relento. O que se pretende é uma atuação conjunta, de mãos dadas com o poder
público, pois quanto maior o número de vacinados, menor a disseminação do vírus.

7. Por esse motivo que o governo externou apoio à importação da vacina pela iniciativa
privada para imunização dos seus respectivos funcionários, como se observa no trecho da seguinte
reportagem retirada do site da Agência Brasil de Comunicação – EBC2:

“O presidente Jair Bolsonaro disse hoje (16) que o governo federal apoia a iniciativa de empresários de
importar, por conta própria, vacinas contra a covid-19 para imunizar seus funcionários. A afirmação
ocorreu durante participação, por videoconferência, em um seminário sobre investimentos na América
Latina, realizado pelo banco Credit Suisse.
‘O governo federal é favorável a esse grupo de empresários para levar avante sua proposta para trazer
vacina para cá, a custo zero, para o governo federal, para imunizar 33 milhões de pessoas. No que puder
essa proposta ir à frente, nós estaremos estimulando porque, com 33 milhões de doses de graça, ajudaria
e muito a economia e para aqueles que queiram se vacinar o façam para ficar livre do vírus’, disse
Bolsonaro.”

8. A grave situação de saúde publica impõe o máximo de ajuda possível no combate ao


vírus da COVID-19, permitindo que a iniciativa privada possa arcar com os custos da vacinação
dos seus trabalhadores ou de Sindicatos em prol dos seus filiados, desonerando o Poder Público
dessa tarefa, auxiliando-o na busca pela imunização nacional contra o vírus.

II-POSSIBILIDADE DE IMPORTAÇÃO DA VACINA COM REGISTRO


EMERGENCIAL DEFERIDO

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Governo é favorável à importação privada de vacinas, diz Bolsonaro | Agência Brasil (ebc.com.br)
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9. A saúde é um direito de todos e dever do Estado, sendo a assistência à saúde
permitida para a iniciativa privada, nos termos dos art. 196 e 199 da Constituição Federal:

“Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas
que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e
serviços para sua promoção, proteção e recuperação.
(...)
Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada.”

10. Decorre daí o dever do Estado de assegurar aos cidadãos o acesso a tratamentos
imprescindíveis à saúde, que é concretizado e ilustrado em inúmeros pronunciamentos judiciais,
todos no sentido de se ordenar o fornecimento de medicamentos de alto custo pelo SUS, mesmo
quando não previstos no rol de tratamentos disponibilizados:

“(...)
3. A Constituição Federal de 1988 erige a saúde como um direito de todos e dever do Estado (art.
196). Assim, conclui-se que é obrigação do Estado, no sentido genérico (União, Estados, Distrito
Federal e Municípios), assegurar às pessoas desprovidas de recursos financeiros o acesso à medicação
necessária para a cura de suas doenças, em especial as mais graves, não podendo a divisão administrativa
de atribuições estabelecida pela legislação decorrente da Lei n. 8.080/1990 restringir essa
responsabilidade, servindo ela, apenas, como parâmetro da repartição do ônus financeiro final dessa
atuação, o qual, no entanto, deve ser resolvido pelos entes federativos administrativamente, ou em ação
judicial própria e não pode ser óbice à pretensão da população ao reconhecimento de seus direitos
constitucionalmente garantidos como exigíveis deles de forma solidária.
4. Os direitos sociais não podem ficar condicionados à boa vontade do administrador, sendo de
fundamental importância que o Judiciário atue como órgão controlador da atividade administrativa. Seria
uma distorção pensar que o princípio da separação dos Poderes, originalmente concebido com o escopo de
garantia dos direitos fundamentais, pudesse ser utilizado justamente como óbice à realização dos direitos
sociais, igualmente fundamentais (AgRg no REsp 1.136.549/RS, Relator Ministro Humberto
Martins, Segunda Turma, julgado em 08.06.2010, DJe de 21.06.2010).”
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(AC 0007057-29.2009.4.01.3803, Juiz Federal Roberto Carlos de Oliveira, PJe
23/07/2020)

11. Além desse dever de atuação programática imposto pela Carta Política ao poder
público, o mandamento constitucional também garante ao cidadão a liberdade para buscar junto à
iniciativa privada o adequado tratamento por recursos próprios, mesmo que ainda não incorporado
pelo SUS.

12. Daí a conclusão de que o inalienável direito de busca pelo único tratamento
preventivo disponível e eficaz não possa ser tolhido pelo Estado, seja pela ausência/ineficiência
das políticas públicas ou proibição que a iniciativa privada o faça.

13. A legalidade da importação feita pelo poder público está respaldada na Lei nº
13.979/2021, que autorizou a importação e distribuição de qualquer material, medicamento,
equipamento e insumo de saúde sujeitos à vigilância sanitária, sem registro na Anvisa, quando
considerados essenciais no combate à pandemia e tenham sido registrados em pelo menos uma
das autoridades sanitárias estrangeiras listadas a seguir:

“Art. 3º Para enfrentamento da emergência de saúde pública de importância internacional de que trata
esta Lei, as autoridades poderão adotar, no âmbito de suas competências, entre outras, as seguintes
medidas:
VIII – autorização excepcional e temporária para a importação e distribuição de quaisquer materiais,
medicamentos, equipamentos e insumos da área de saúde sujeitos à vigilância sanitária sem registro na
Anvisa considerados essenciais para auxiliar no combate à pandemia do coronavírus, desde que:
registrados por pelo menos 1 (uma) das seguintes autoridades sanitárias estrangeiras e autorizados à
distribuição comercial em seus respectivos países:
1. Food and Drug Administration (FDA);
2. European Medicines Agency (EMA);
3. Pharmaceuticals and Medical Devices Agency (PMDA);
4. National Medical Products Administration (NMPA);”

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14. A intenção foi reduzir o tempo de aprovação das vacinas, para que a efetiva
imunização da população fosse atingida mais rapidamente. A aprovação do registro foi concedida
para as vacinas CoronaVac do Instituto Butantan/Sinovac Biotech, AstraZeneca de Oxford e
BNT162b2 da Pfizer/BioNTech, todas aprovadas pela Anvisa, as duas últimas de maneira
definitiva.3
15. Assim, a aprovação pela Anvisa dos imunizantes atestou que as mencionadas vacinas
que se pretende importar preenchem todos os requisitos relativos à segurança, qualidade e eficácia
contra a Covid-19, estando aptas à imediata aplicação para imunização da população brasileira.

16. Com a autorização de importação concedida apenas poder público, a realidade tem
mostrado a ineficiência na disponibilização do tratamento até mesmo para as pessoas que
compõem o grupo de risco mais elevado. A imunização nos moldes atuais caminha a passo lento.
O governo não consegue adquirir doses suficientes para a célere imunização do contágio ao novo
“Coronavírus”, mormente em razão de sua mora na busca pelos acordos comerciais pertinentes.
É de se registrar como exemplo dessa circunstância, a reportagem publicada no site uol, na qual
se aponta que o Brasil não tem doses de vacina suficientes para a 1ª fase do Plano de Vacinação.4

17. Infelizmente, a União tem ignorado a seriedade da pandemia. É fato público e


notório que o Poder Público Federal não fez qualquer esforço para comprar vacinas
antecipadamente, tal como fez Chile, Colômbia, Reino Unido e tantos outros países integrantes
do Bloco Europeu, ainda no ano de 2020, recusando acordo proposto pela Pfizer para venda
ao Brasil de setenta milhões de doses da vacina5.

18. Em outra publicação, o site da BBC NEWS6 aponta que a aprovação do uso
emergencial da vacina criou a indevida percepção de que a vacinação em massa ocorreria
imediatamente e que questões políticas provocaram ainda mais atraso na chegada das vacinas e
insumos. A reportagem cita, ainda, as ponderações de um experimentado diplomata brasileiro:

3
https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/noticias-anvisa/2020/andamento-da-analise-das-vacinas-na-anvisa
4
CoronaVac: Brasil tem 10,8 mi de doses, o insuficiente para a 1ª fase (uol.com.br)
5 https://www.bbc.com/portuguese/brasil-56160026
6
'Brasil passado para trás': as questões práticas e políticas que travam envio de vacinas e insumos de China e
Índia - BBC News Brasil
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Fernando Otto Silva de Almeida
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"Há fatores técnicos e burocráticos atrapalhando o envio de ingredientes para a Fiocruz, mas há também
uma prioridade dada pela China aos países africanos e pela Índia a seus vizinhos na Ásia. Em cima
disso, existe o ingrediente de mal estar dos dois países com o governo brasileiro devido aos erros cometidos
nesses primeiros dois anos (do governo Bolsonaro)", disse à BBC News Brasil o diplomata aposentado
Roberto Abdenur.
Ex-embaixador brasileiro em Pequim e em Washington, Abdenur diz que "o Brasil tem sido passado
para trás por decisões de política externa da Índia e da China".
Com uma carreira de 45 anos no Itamaraty, ele diz que o Brasil vive hoje um "quadro pavoroso" e que
"tanto em Nova Delhi quanto em Pequim seguramente há um mal estar com o Brasil que não ajuda na
hora de desespero em que nós estamos".

19. Não bastasse o completo descaso e despreocupação do Poder Público com a


preparação do Brasil para aplicação das vacinas quando finalizados os testes, em outubro de 2020,
o Poder Executivo Federal rejeitou a negociação engendrada pelo Butantan para aquisição
de quarenta e cinco milhões de doses da CoronaVac, até dezembro de 2020, e outras quinze
milhões de doses no primeiro trimestre de 2021.

20. No particular, cumpre destacar, como prova clara das ilegalidades perpetradas pela
Administração Pública Federal relativamente à política de vacinação, a fala do Presidente da
República na ocasião em que rejeitado o mencionado acordo:

“Da China nós não compraremos. É decisão minha. Não acredito que ela transmita segurança suficiente
para a população pela sua origem. Esse é o pensamento nosso. Tenho certeza que outras vacinas que
estão em estudo poderão ser comprovadas cientificamente, não sei quando, pode durar anos. A China,
lamentavelmente, já existe um descrédito muito grande por parte da população, até porque, como muitos
dizem, esse vírus teria nascido de lá”.7

21. Apenas em janeiro, o Presidente da República, em juízo de reconsideração, autorizou


a compra da CoronaVac pelo Butantan, quando já não havia tantos insumos disponíveis em função
da alta demanda de outros países, nem capacidade de gestão, resultando na importação de, tão
somente, nove milhões de doses da CoronaVac e dois milhões de doses da AstraZeneca, entre os

7https://oglobo.globo.com/sociedade/coronavirus/bolsonaro-diz-que-governo-nao-comprara-coronavac-mesmo-
se-vacina-for-aprovada-pela-anvisa-1-24705798
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Fernando Otto Silva de Almeida
Paulo Henrique Fernandes de Souza
meses de janeiro e fevereiro de 2021.8

22. Noutros termos, a demora deliberada e injustificada do Poder Público Federal,


pautada em meros devaneios ideológicos desconectados da realidade, resultou na aquisição de
menos doses, a um custo muito superior ao inicial.

23. Veja-se, portanto, que se as autoridades competentes estivessem, efetivamente,


empenhando esforços na imunização da população brasileira, que já conta com mais de
duzentas e setenta e sete mil mortes desde o início da pandemia, certamente a presente ação
não se faria necessária. Basta ver, por exemplo, as campanhas de vacinação contra a H1N1, através
das quais cerca de noventa e dois milhões de brasileiros foram vacinados em apenas três meses 9

24. Registre-se, por oportuno, que em pesquisa recente do departamento de biologia da


Universidade de São Paulo (USP), verificou-se que se o Brasil seguir o atual ritmo de vacinação –
que sequer atinge a marca de duzentas mil pessoas vacinadas por dia – serão necessários mais de
quatro anos para vacinar toda a população10.

25. Dessa maneira, revela-se mais do que necessária a aplicação da Lei nº 13.979/2020 à
iniciativa privada, para que ela possa exercer com liberdade a compra das vacinas já aprovadas
nacional e internacionalmente. Ademais, as tratativas inaugurais com os responsáveis pela
produção da vacina de Oxford já foram tomadas por um grande grupo de empresários, como se
comprova por diversas reportagens a esse respeito, em especial a publicada no site do
ESTADÃO11, o que poderia ser um caminho para o diálogo também com o poder público e os
fabricantes.

26. Além disso, a iniciativa privada pode ser muito mais ágil na efetiva compra e
distribuição das vacinas, especialmente em razão de não ter os entraves burocráticos da

https://www.bbc.com/portuguese/brasil-56160026
8

https://cee.fiocruz.br/?q=node/1314
9
10 https://www.cnnbrasil.com.br/saude/2021/02/07/no-ritmo-atual-brasil-levaria-mais-de-quatro-anos-para-
vacinar-toda-a-populacao
11
Apesar de AstraZeneca e Blackrock negarem, empresários reafirmam negociação de vacinas - Economia -
Estadão (estadao.com.br)
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administração pública que é obrigada a licitar. E mesmo nos casos de dispensa ou inexigibilidade
de licitação perde-se muito tempo, tempo precioso, pois diariamente milhares de mortes ocorrem.

27. Vale ainda mencionar que, em 06/01/2021, a Medida Provisória nº 1.026/21 foi
editada para facilitar a aquisição de vacinas, insumos e outros produtos para o combate ao vírus
COVID-19. No ponto que importa ao caso, o art. 16 da MP nº 1.026/21 traz disposição
semelhante ao art. 3º da Lei nº 13.979/20:

“Art. 16. A Anvisa, de acordo com suas normas, poderá conceder autorização excepcional e temporária
para a importação e distribuição de quaisquer vacinas contra a covid-19, materiais, medicamentos,
equipamentos e insumos da área de saúde sujeitos à vigilância sanitária, sem registro na Anvisa e
considerados essenciais para auxiliar no combate à covid-19, desde que registrados por, no mínimo, uma
das seguintes autoridades sanitárias estrangeiras e autorizados à distribuição em seus respectivos países:”

28. Nesse contexto, as normas de regência devem ser interpretadas de acordo com
realidade existente, bem como em conformidade com os direitos sociais previstos na Constituição
da República, que não podem ser suprimidos ou reduzidos, especialmente o referente à saúde.

29. Verifica-se, assim, que o arcabouço normativo vigente apresenta respaldo legal para
que também seja concedida a autorização excepcional e temporária ao setor privado importar as
respectivas vacinas, contribuindo de forma complementar às diversas buscas que estão sendo
realizadas pelo poder público.

30. Em conjunto com as normas em vigor pode-se mencionar, ainda, o Projeto de Lei
n. 948/2021 que autoriza a aquisição das vacinas autorizadas pela Anvisa de maneira emergencial
ou em definitivo contra a COVID-19 por pessoas jurídicas de direito privado. A exposição de
motivos do PL merece ser transcrita, pois ressalta a decisão judicial proferida pela 21ª Vara da
Justiça Federal do Distrito Federal nos autos do Processo n. 1007074-73.2021.4.01.3400:
“Como amplamente noticiado pela mídia, a Todde Advogados, firma de advocacia composta pelos sócios
João Paulo Todde Nogueira, Érico Rodolfo Abreu de Oliveira e Carlos Henrique Nóra Sotomayor
Teixeira, ajuizou uma ação em benefício dos integrantes do Sindicato dos Motoristas Autônomos de
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Transportes Privado Individual por Aplicativos no Distrito Federal (SINDMAAP-DF), buscando,
de forma pioneira no Brasil, autorização judicial para que uma entidade privada importasse as vacinas
já aprovadas, seja em caráter definitivo ou emergencial, pela Anvisa ou pelas consagradas agências
sanitárias estrangeiras discriminadas no art. 3º, VIII, “a”, da Lei nº 13.979/2021 ().
Em 04 de março de 2021, o Juízo da 21ª Vara da Justiça Federal no Distrito Federal deferiu a
liminar requerida, reconheceu que não há impedimento legal de a sociedade civil participar do processo de
imunização da população brasileira em relação à pandemia da COVID19, autorizou que Sindicato
deflagrasse a imediata importação de vacinas destinadas exclusivamente à imunização do coronavírus de
seus substituídos e respectivos familiares, determinou que a análise administrativa acerca do
preenchimento dos requisitos exigidos pela MP 1.026/21 ficasse postergada para o momento do
desembaraço aduaneiro dos produtos e dispensou o Sindicato da obrigação de obter antecipadamente a
autorização excepcional e temporária de importação junto à Anvisa.
Considerando a vanguardista iniciativa da referida firma de advocacia, a exemplar decisão judicial
proferida pela Justiça Federal e a demora no processo de imunização dos cidadãos brasileiros, a pretensão
da presente norma é obter a autorização legal que permita o setor privado a efetivar a importação direta
das vacinas contra a Covid10, viabilizando a imunização dos integrantes das entidades civis e de seus
familiares, mediante a contratação de empresa devidamente autorizada pela ANVISA e preparada
para a respectiva importação, o que garantirá a saúde de milhares de pessoas e, principalmente, desafogará
o Sistema Único de Saúde.
Vale mencionar que não se busca a quebra da fila de vacinação, deixando os mais necessitados ao relento.
O que se pretende é uma atuação conjunta, de mãos dadas com o poder público, pois quanto maior o
número de vacinados, menor a disseminação do vírus.
A grave situação de saúde pública impõe o máximo de ajuda possível no combate ao coronavirus, de
modo que tal medida visa permitir que a iniciativa privada possa arcar com os custos da vacinação
daqueles que estão a ela vinculados.

31. Não poderia deixar de consignar, ainda, que a recém aprovada Lei n. 14.125/2021
autorizou a importação das vacinas pelas pessoas jurídicas de direito privado desde que sejam
integralmente doados os imunizantes ao Poder Público, o que é de uma inconstitucionalidade
flagrante dado as condições nela registradas, que só atrasariam a vacinação e desestimulariam a
importação, como bem registrado pelo nobre Juiz Rolando Valcir Spanholo da 21ª Vara Federal
da Seção Judiciária do Distrito Federal em caso análogo ao presente, quando declarou a
inconstitucionalidade incidental da referida norma e deferiu a tutela antecipada, permitindo a
importação dos imunizantes:
“a) incidentalmente, DECLARAR A INCONSTITUCIONALIDADE parcial do caput do art.
2o da Lei 14.125/21[afastando a expressão “desde que sejam integralmente doadas ao Sistema Único
de Saúde” (SUS)] e total do seu §1o [“Após o término da imunização dos grupos prioritários previstos
no Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19, as pessoas jurídicas de
direito privado poderão, atendidos os requisitos legais e sanitários, adquirir, distribuir e administrar
vacinas, desde que pelo menos 50% (cinquenta por cento) das doses sejam, obrigatoriamente, doadas ao
SUS e as demais sejam utilizadas de forma gratuita];”

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32. Assim, não existe óbice para a importação pretendida.

III – DESNECESSIDADE DE REGISTRO DAS VACINAS NA ANVISA PARA


IMPORTAÇÃO

33. Mesmo que se entendesse que as disposições da Lei nº 13.979/2020 e da MP nº


1.026/21 não seriam aplicáveis ao caso, pois necessário seria o registro definitivo das respectivas
vacinas para que o setor privado pudesse importar as vacinas, a excepcionalidade do caso demanda
autorização de importação sem o respectivo registro e autorização da Anvisa.

34. Com efeito, quando do julgamento do tema n. 500, com repercussão geral, o
Supremo Tribunal Federal decidiu ser possível o fornecimento de medicamento sem registro na
Anvisa ao cidadão necessitado, desde que que atendidos determinados requisitos:

“1.O Estado não pode ser obrigado a fornecer medicamentos experimentais.


2. A ausência de registro na ANVISA impede, como regra geral, o fornecimento de medicamento por
decisão judicial.
3. É possível, excepcionalmente, a concessão judicial de medicamento sem registro sanitário, em caso de
mora irrazoável da ANVISA em apreciar o pedido (prazo superior ao previsto na Lei nº
13.411/2016), quando preenchidos três requisitos: (i) a existência de pedido de registro do medicamento
no Brasil (salvo no caso de medicamentos órfãos para doenças raras e ultrarraras);(ii) a existência de
registro do medicamento em renomadas agências de regulação no exterior; e (iii) a inexistência de
substituto terapêutico com registro no Brasil.
4. As ações que demandem fornecimento de medicamentos sem registro na ANVISA deverão
necessariamente ser propostas em face da União” (RE 657718, Rel. p/ Acórdão Min. Roberto
Barroso, DJe-267 06-11-2020)

35. Ao proferir seu voto no precedente acima transcrito, o Exmo. Min. Roberto Barroso
fez importante consideração que pode ser aplicada no presente caso:

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Fernando Otto Silva de Almeida
Paulo Henrique Fernandes de Souza
“Já quando a demanda se relacionar a medicamentos que, embora ainda não registrados na Anvisa,
tenham concluído as diversas fases de testes e apresentem evidências científicas
e clínicas de eficácia e segurança, o seu fornecimento por decisão judicial, embora não seja
vedado, assume sempre caráter absolutamente excepcional e somente poderá ocorrer em uma hipótese: a
de mora irrazoável da Anvisa em apreciar o pedido de registro [19]. O reconhecimento de que
a atuação da agência de vigilância sanitária é essencial para a garantia do direto
à saúde dos pacientes e da população em geral e de que a Anvisa está melhor
aparelhada para a tomada das complexas decisões relativas ao fornecimento de
medicamentos não impede situações de mora administrativa. Nessas situações,
a inércia da agência é responsável por impedir que os pacientes tenham acesso a
medicamentos necessários, frustrando-se indevidamente a fruição de seu direito
fundamental à saúde e justificando a intervenção judicial.” (grifo nosso)

36. Parece não haver dúvida sobre a validade científica das vacinas aprovadas, mesmo
que emergencialmente, pela Anvisa e diversos outros órgãos regulamentares estrangeiros de
reconhecida reputação.

37. Além da ausência de registro da vacina na Anvisa não ser um entrave para que o
poder público seja compelido a fornecer gratuitamente determinado tratamento, também não é
obstáculo para que a iniciativa privada ou o particular busque a mesma vacina em outro País,
utilizando de recursos próprios para tanto, para implementação desta em benefício dos seus
empregados ou, no caso do Sindicato autor, em seus sindicalizados e suas famílias, contribuindo,
repise-se, de forma prática com a desoneração do custo financeiro que seria despendido pela União
para aquisição de tas vacinas, encurtando o tempo de imunização dos ora representados e suas
famílias, estejam elas no grupo de risco ou não.

38. Nessa linha de raciocínio, em situações excepcionais, como a vivenciada no


momento, o Judiciário tem atuado com fundamento no princípio da dignidade da pessoa humana,
ponderando todos os interesses envolvidos, autorizando até mesmo a importação por particulares

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de medicamentos não registrados na Anvisa12.

39. Como exemplo, tem-se o conhecido caso do Cannabidiol (Resp. n. 1.657.075), no qual
o Superior Tribunal de Justiça confirmou a decisão do TRF da 5º Região, permitindo a importação
de medicamento sem registro na Anvisa.

40. Vale mencionar a substanciosa fundamentação do voto proferido pelo Des. Federal
Cid Marconi, quando do julgamento da apelação:

“Assim, em que pese a inexistência de registro do fármaco na ANVISA, a importação do referido


medicamento mostra-se como única medida capaz de assegurar o restabelecimento da qualidade de vida
da menor aqui tratada.
Revela-se presente no caso um embate entre os princípios constitucionais da legalidade e da dignidade da
pessoa humana, em sua vertente do direito à saúde. Nesse contexto, a hermenêutica constitucional impõe
a aplicação do princípio da concordância prática para reduzir o âmbito de aplicação de um dos princípios
para fazer prevalecer aquele que se revela mais importante no caso concreto.
Como bem destacou o Magistrado "a quo", "a filha dos autores não pode esperar o trâmite administrativo
para auferir os benefícios do medicamento e, sendo os direitos da personalidade absolutos, intransmissíveis,
ilimitados, imprescritíveis e inexpropriáveis, entendo possível ao judiciário suprir a autorização
administrativa, uma vez que a sua falta ofenderia a própria dignidade do indivíduo que se encontra em
estado de saúde tão sofrível e da família que o acompanha..."."
Assim, deve prevalecer, no presente caso, o direito constitucional à saúde e à
vida.” (Processo nº 08048339020144058300, Des. Federal Cid Marcone Gurgel de
Souza, data de julgamento dia 02/06/2016) grifo nosso

41. Portanto, o presente caso se enquadra em todos os requisitos identificados pelos


precedentes do Supremo Tribunal Federal, Superior Tribunal de Justiça e Tribunal Regional
Federal da 5ª Região acima listados, notadamente porque a) as vacinas a serem importadas foram

12
(PROCESSO: 08048339020144058300, APELAÇÃO / REMESSA NECESSÁRIA, DESEMBARGADOR
FEDERAL CID MARCONI GURGEL DE SOUZA, 3ª TURMA, JULGAMENTO: 02/06/2016), (PROCESSO:
08049869420144050000, DESEMBARGADOR FEDERAL MANOEL ERHARDT, Primeira Turma,
JULGAMENTO: 26/02/2015)
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aprovadas pela Anvisa e por outras agência renomadas em caráter emergencial, conforme
destacado na Lei nº 13.979/2021; b) as vacinas da Pfizer e AstraZeneca foram tiveram os registros
definitivos aprovados; c) não existe tratamento alternativo com eficácia científica demonstrada e;
d) a medida se mostra urgente, pois uma média de 3.000 pessoas está morrendo por dia vítimas
da COVID-19.

42. Não poderia deixar de esclarecer, ainda, que a importação ora requerida não significa
que o Sindicato autor irá buscar a compra das vacinas diretamente com os fabricantes, fazendo o
acondicionamento e transporte. Caso seja autorizado a importação, o Sindicato autor buscará uma
empresa no ramo de importações ou laboratório especializado, devidamente cadastrados e
autorizados a realizar a importação de outros imunizantes, seguindo o que determina os arts. 1º e
2º da Lei n. 6.360/76, bem como os arts. 2º e 3º do Decreto n. 8.077/13.

IV- DO PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA

43. De acordo a Organização Mundial de Saúde, o mundo já contabiliza um total de


124.215.843 casos confirmados de pessoas infectadas com o vírus COVID-19, com assustadoras
2.734.374 mortes confirmadas, números que seguem aumentando exponencialmente com novas
cepas sendo disseminadas.13 A urgência do tratamento é ainda mais flagrante quando se tem a
realidade nacional, o Brasil acumula um total de 12.130.019 de pessoas de contaminadas e 298.676
mortos. A cada dia o número de mortes aumenta em razão dessa terrível doença.

44. Soma-se a isso a ineficácia do Estado no tratamento dos infectados, seja pela
morosidade na vacinação, discordâncias sobre os tratamentos ou ausência de leitos de UTI e
respiradores suficientes para todos. No estado do Amazonas, mais especificamente na capital
Manaus, o sistema entrou em colapso com ausência de respirador, o que culminou com a morte
de centenas de pessoas sufocadas, como se vê na notícia publica no site da CNN-BRASIL14:

13 https://covid19.who.int/
14 O colapso no sistema de saúde em Manaus e o descaso do governo (cnnbrasil.com.br)
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“Pela segunda vez desde o início da pandemia, o sistema de saúde do Amazonas colapsou, e na capital
Manaus não há mais vagas para internar ou mesmo para sepultar. Só que dessa vez é ainda pior: mesmo
quem consegue um leito corre o risco de perder a vida por asfixia. Faltam cilindros de oxigênio nos
hospitais. Para completar, a Advocacia-Geral da União (AGU) alega que o Ministério da Saúde sabia
da situação da capital amazonense seis dias antes da situação fugir de controle.”

45. A tragédia ameaça se repetir em outros estados, pois os leitos de UTI estão lotados,
existe grande receio da falta de insumos básicos para intubação dos pacientes e ausência de
oxigênio. Assim impedir que o Sindicato busque o único tratamento disponível para o tratamento
dos seus filiados, que estão atuando em trabalho de suma importância para a sociedade, viola o
inalienável direito à saúde e o princípio da dignidade da pessoa humana, eis que continuam
expostos à contaminação ao novo Coronavírus, sem qualquer tipo de perspectiva de quando serão
imunizados.

46. Importante frisar, como já foi feito, que tal atitude não implica em “furar fila de
vacinação”, mas sim de colaboração com o Poder Público. A imunização da classe dos motoristas
de aplicativos favorecerá pessoas humildes que estão mais sujeitas a contaminação e, por
consequência, disseminar o vírus. A imunização garantirá a saúde dos filiados e de toda a população
que com eles tenha contato, sem comprometer as vacinas que serão destinadas ao SUS.

47. Caso a importação seja permitida, o fornecimento da vacina para os filiados do


Sindicato se dará de maneira não onerosa ao poder público, subsidiada por seus próprios filiados.

48. Por outro lado, como demonstrado nos tópicos acima, o pedido está bem
fundamentado pelas normas de regência vigentes e farta jurisprudência, além das razões de cunho
humanista que irão beneficiar os filiados do Sindicato Autor e aqueles que estiverem em contato
com os mesmos, impedindo a disseminação do vírus em um segmento de grande circulação
populacional.

49. Dessa maneira, restam preenchidos os requisitos do art. 300 do CPC acerca da
probabilidade do direito, perigo de dano ou resultado útil do processo.
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IV – DO PEDIDO

Diante do exposto, requer a) o deferimento do requerimento de medida liminar


inaudita altera parte para que o Sindicato autor seja autorizado, por intermédio de empresa ou
laboratório especializados devidamente cadastrados e autorizados pela Anvisa, a importar as
vacinas já aprovadas em caráter definitivo ou emergencial pela Anvisa ou pelas agências
reguladoras discriminadas no art. 3º, VIII, “a”, da Lei nº 13.979/2021; b) a citação da União
Federal e da Anvisa para, querendo, contestarem a ação; e c) após a instrução processual, que seja
confirmada a decisão liminar e julgado procedente o pedido no sentido de que o Sindicato autor
seja autorizado a importar as vacinas já aprovadas em caráter emergencial pela Anvisa ou pelas
agências reguladoras discriminadas no art. 3º, VIII, “a”, da Lei nº 13.979/2021 por intermédio de
empresa ou laboratório especializados devidamente cadastrados e autorizados na ANVISA.

Por fim, requer-se que todas as intimações e publicações vinculadas a este


processo sejam realizadas EXCLUSIVAMENTE em nome do advogado Dr. JOÃO PAULO
TODDE NOGUEIRA, inscrito sob a OAB/DF nº. 28.502, sob pena de nulidade.
Dá-se à causa o valor de R$ 1.000,00 (um mil reais)

Termos em que pede deferimento.

Brasília-DF, 26 de março de 2021.

JOÃO PAULO TODDE NOGUEIRA CARLOS HENRIQUE NÓRA SOTOMAYOR TEIXEIRA


OAB/DF Nº. 28.502 OAB/DF nº. 14.292

ERICO RODOLFO ABREU DE OLIVEIRA PEDRO JÚNIOR ROSALINO B. PINTO


OAB/DF Nº. 24.405

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