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Prezados,
Aproveitando a oportunidade para cumprimentá-los, nós, médicos vinculados ao Serviço de Clínica Médica
do Hospital de Base (SCM-HBDF) viemos expor a nossa insatisfação em relação as atuais condições de
trabalho e propor algumas medidas que consideramos fundamentais para que possamos continuar prestando
um atendimento de qualidade aos pacientes que ficam aos nossos cuidados. Sendo assim:
CONSIDERANDO que estamos em vivenciando uma pandemia por COVID-19 em que o número de casos
encontra-se em uma crescente;
CONSIDERANDO que é cada vez mais frequente a identificação de casos graves que necessitam de
internação, em sua maioria prolongadas, com múltiplas intercorrências e necessidade constante de adequação
do manejo clínico e realização de procedimentos médicos;
CONSIDERANDO que o SCM-HBDF é responsável por cobertura de diversos setores (internação no Posto
1, isolamento clínico – antiga USAT, pronto-atendimento, enfermaria, espaço Laura);
CONSIDERANDO que o HBDF é um hospital primordialmente terciário e que presta assistência a pacientes
que já possuem condições patológicas graves, múltiplas, que cursam em sua maioria das vezes com
imunossupressão;
CONSIDERANDO que há insumos primordiais em falta (como luvas de procedimento, máscaras N95 – não
alcançáveis em situação de procedimentos, face shield, capotes estéreis);
CONSIDERANDO a necessidade de assegurar ao médico condições dignas de trabalho, nas quais se insere o
direito ao repouso em local adequado que observe padrões mínimos de segurança e higiene;
CONSIDERANDO os Princípios Fundamentais do Código de Ética Médica, segundo os quais, para exercer
a Medicina com honra e dignidade, o médico necessita ter boas condições de trabalho, devendo o
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profissional ainda empenhar-se em melhorar os padrões dos serviços médicos e em assumir sua
responsabilidade em relação à saúde pública, à educação sanitária e à legislação referente à saúde;
CONSIDERANDO o art. 7º do Código de Ética Médica, que prevê ser vedado ao médico deixar de atender
em setores de urgência e emergência, quando for de sua obrigação fazê-lo, expondo a risco a vida de
pacientes, mesmo respaldado por decisão majoritária da categoria;
CONSIDERANDO o art. 19 do Código de Ética Médica, que prevê ser vedado ao médico deixar de
assegurar, quando investido em cargo ou função de direção, os direitos dos médicos e as demais condições
adequadas para o desempenho ético-profissional da Medicina;
CONSIDERANDO o art. 26, IV, h, da Resolução CFM nº 2.056/2013, que prevê que em todos os ambientes
médicos onde se realizem turnos de plantão é obrigatória a existência de área de repouso médico;
CONSIDERANDO o art. 2º, §3º, II, da Resolução CFM nº 2.147/2016, que atribui ao Diretor Técnico o
dever de assegurar condições dignas de trabalho e os meios indispensáveis à prática médica, visando ao
melhor desempenho do corpo clínico e dos demais profissionais de saúde, em benefício da população, sendo
responsável por faltas éticas decorrentes de deficiências materiais, instrumentais e técnicas da instituição;
CONSIDERANDO o Parecer CFM nº 12/2015, que conclui que nos estabelecimentos de saúde em que
houver médicos atuando em regime de plantão deve haver um local adequado para o descanso dos
profissionais, desde que não haja prejuízo à assistência;
CONSIDERANDO a Resolução CFM nº2.156/2016, que disciplina sobre “os critérios de admissão e alta
em unidades de terapia intensiva”;
CONSIDERANDO o Parecer CFM nº24/2019, segundo o qual “As unidades de terapia intensiva (UTI)
e unidades de cuidados intermediários (UCI) devem desenvolver critérios de qualidade para a segurança dos
pacientes, além de definir atribuições e competências na composição da equipe”,
1. Número de plantonistas – sugerimos avaliação e reconsideração do documento veiculado esta semana para
que seja realizada contratação imediata de novos médicos para ampliação do número de plantonistas
qualificados para melhor cobertura de todos os setores.
2. Insumos básicos – normalização imediata de material básico, como luvas de procedimento e capotes, além
de deixar disponíveis nos setores de atendimento, máscaras N95, capotes de procedimento, face shield,
óculos de proteção.
3. Escala em setor não acordado em contrato – os plantonistas da clínica médica não tem a prerrogativa de
cobrir setores considerados de cuidados intensivos, tal qual está sendo tratado o “isolamento clínico”, antiga
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USAT. Inclusive não há benefício salarial para isto. Ademais, com o número atual de plantonistas, a maioria
dos plantões neste setor está sendo coberta por apenas um plantonista, que fica responsável por mais de 10
pacientes críticos, algo que foge à orientação do CFM. Isto deixa o plantão tumultuado, cheio de demandas e
pendências, impede um contato adequado com familiares para boletim médico e coloca em risco a
assistência ao paciente crítico. Ainda sobre esta questão, a equipe de enfermagem muitas vezes não é
preparada para lidar com intercorrências graves, algo vivenciado em vários plantões. Soma-se, ainda, falta de
fisioterapia em todos os períodos neste ambiente que encontra-se com diversos pacientes em ventilação
mecânica. Salienta-se também, a falta de ponto de hemodiálise para estes pacientes, tendo eles que ser
transportados pelo hospital quando, raramente, há vaga disponível.
4. Ambiente do isolamento clínico – paciente com COVID-19 positivos ou suspeitos que estão em suporte de
oxigênio usam o mesmo banheiro para higiene pessoal e necessidades fisiológicas que pacientes do Posto 1,
a maioria imunossuprimidos por doenças onco-hematológicas. Há, ainda, insalubridade em relação ao
repouso oferecido ao médico que está escalado no setor, sendo este quente e sem ventilação adequada.
5. Recursos materiais/logísticos: não há no isolamento clínico, bem como no espaço Laura, algo básico para
o trabalho, como uma impressora, tendo o médico que se deslocar diversas vezes, após contato com paciente
COVID-19, para outro ambiente, principalmente o Posto 1, onde estão os pacientes imunossuprimidos.
6. Pacientes fora de fluxo – diariamente temos que lidar com pacientes de outros serviços que são colocados
aos cuidados do SCM-HBDF, especialmente pacientes cirúrgicos, pois os colegas não se sentem capacitados
a cuidar de seus pacientes com suspeita ou diagnosticados com COVID-19. Diante de uma pandemia, as
informações estão propagadas diariamente, cabe a estes colegas atualizarem-se para que possam assistir suas
especialidades. Ademais, diariamente a chefia de equipe autoriza abertura de ficha para pacientes que não
preenchem o perfil de pronto atendimento do HBDF, o que sobrecarrega o serviço, causa superlotação do
hospital e nos tira da linha de assistência previamente acordada com a SES.
7. Pronto-Atendimento (antiga tenda) – não há estrutura correta para assistir pacientes que chegam com
demandas graves, por diversas vezes ao longo das últimas semanas houve momentos em que chegaram
pacientes classificados como vermelhos ou em PCR e, além da equipe assistencial demonstrar dificuldade
para manejo da situação, o ambiente não possuía estrutura mínima para manejo (ventilador, ponto de
oxigênio, material de acesso, intubação, etc). Há necessidade de correção destas demandas
intempestivamente.
8. Rotina no Isolamento clínico – antiga USAT – é necessário dimensionar a equipe médica mínima
obrigatória para o funcionamento das UTI/UCI, a fim de garantir a segurança e a qualidade dos
processos assistenciais, considerando seu grau de complexidade. Sugerimos que seja colocado um médico
rotineiro que assista aos pacientes de forma contínua, trazendo mais lineariedade ao atendimento prestado, o
que é dificultado em escala variável de plantonistas conforme logística atual. Sugerimos, ainda, que se o
ambiente mantiver seu caráter de unidade de terapia intensiva, que o mesmo seja assumido por plantonistas
com a qualificação exigida para tal ambiente, bem como a remuneração apropriada ao setor.
Diante do exposto, solicitamos que sejam tomadas providências. Em nenhum momento estamos nos
eximindo de nossa função de assistir aos pacientes que nos são demandados. Pelo contrário, nós, médicos do
SCM-HBDF, desde o início da pandemia e até mesmo antes, quando já tínhamos uma sobrecarga de trabalho
devido ao número sempre elevado de pacientes e casos complexos, nos colocamos na linha de frente e
assumimos novos setores (Isolamento clínico, espaço Laura, novo pronto-atendimento). Porém,
considerando o cenário atual, entendemos que a situação é crítica, estamos expostos a erros devido a
sobrecarga de trabalho, pacientes podem ter assistência prejudicada e entendemos que não podemos ficar
sem cobrar uma contrapartida da gestão. Cientes de que podemos contar com a compreensão e colaboração,
nos colocamos à disposição para resolver situações pontuais e aguardamos um posicionamento.
Atenciosamente,
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Documento assinado eletronicamente por LUIZ HENRIQUE ATHAIDES RAMOS - Matr. 0000335-
7, Médico(a) - Clínica Médica, em 26/03/2021, às 09:57, conforme art. 6º do Decreto n° 36.756,
de 16 de setembro de 2015, publicado no Diário Oficial do Distrito Federal nº 180, quinta-feira,
17 de setembro de 2015.
Documento assinado eletronicamente por MARCELLA GOMES LOPES CRUZ - Matr. 1687712-8,
Médico(a) - Clínica Médica, em 26/03/2021, às 10:59, conforme art. 6º do Decreto n° 36.756,
de 16 de setembro de 2015, publicado no Diário Oficial do Distrito Federal nº 180, quinta-feira,
17 de setembro de 2015.
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Documento assinado eletronicamente por Raquelly Leny Marques Inomata - Matr. 0000436-1,
Médico(a) - Clínica Médica, em 26/03/2021, às 14:15, conforme art. 6º do Decreto n° 36.756,
de 16 de setembro de 2015, publicado no Diário Oficial do Distrito Federal nº 180, quinta-feira,
17 de setembro de 2015.
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Documento assinado eletronicamente por RAQUEL MIDORI KOGA MATUDA - Matr. 1661192-6,
Médico(a) - Clínica Médica, em 27/03/2021, às 09:56, conforme art. 6º do Decreto n° 36.756,
de 16 de setembro de 2015, publicado no Diário Oficial do Distrito Federal nº 180, quinta-feira,
17 de setembro de 2015.
Documento assinado eletronicamente por PAULO BATISTA DOS REIS NETO - Matr.0000641-2,
Médico(a) - Clínica Médica, em 27/03/2021, às 10:23, conforme art. 6º do Decreto n° 36.756,
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Documento assinado eletronicamente por LUIZ ALBERTO DE CASTRO JUNIOR - Matr. 0000335-
4, Médico(a) - Clínica Médica, em 28/03/2021, às 14:02, conforme art. 6º do Decreto n° 36.756,
de 16 de setembro de 2015, publicado no Diário Oficial do Distrito Federal nº 180, quinta-feira,
17 de setembro de 2015.
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