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O tracgo freudiano da escrita na Psicandlise ‘Mauro Cordeiro Andrade Resumo Ete texto procura enfatzar a experfncia da escritt em Proud tal como especificada por Mallarmé e Blanchot, particular mente com 6 “ato 56 de eserever" e o “tazo destinado 20 desaparecimento” —como decsiva par osurpinento ("nas- cimento” “undagio”, “estabelecimento”.) da Psicanlise,& partir de'um recorte em seus exeritos dos anos 1890. Lacan lembra erelanga a questio em seus Ect PPalavras-chave: Bscrta, Psicandlise. Trago. Experiéncia, De- saparecimento, Résumé (Ce texte prétend mettre en rele la force de Vexpérience de V'écrit ‘chez Freud ~telle quelle se trouve speifie par Mallarmé et Blan- hot, surtout avec “seul Vacte d'écrre” et a “trace destinée & Aisparatre”— force déisive pour la crtion (“naissance”, “fonds tion", Hablissement”) dela psychanalyse, 0 parti d'un découpage de es crits primondiaux, ceux des années 1850, Lac rappelle a question et actualise dans ses Lexis, Motscts: Ecrture, Psychanalyse. Trace. Explrince, Disprition A csi um inseguro eaminho de vida, 9 um inconseqiente divertimente. Augusto fgquin "Nada mais oportuno, sob a evocagio de um tempo de homenagema Freud, do que a questio colocada sobre escrita e Psicanil'se. Ecerto que estamos sempre a perguntar “o que é isso, a Psicandlise?” Mas, quanto a escrita esta jd nao faz, uma pergunta to presente em nosso cotidiano. ‘Talver o ponto em comum entre elas sea ofato de seguirem, permanen- {emente, sob o risco da banalizagio e do apagamento, Seré que vale a pena perguntar: “O que ¢ isso, a escrita?” ‘Retomemos o risco permanente que ameaga uma e outa. Fase pode ser um bom caminho, pois oapagamento nos interessa, Sabemos que, 86 por estarmos ~na Psicanélise e na escrita -, sempre a beira de no mais ‘exist é que podemos insistir. Apagamento: por um lado, aniquilagio, ‘extingdo ou uma mutaglo a tal ponto de nao mais ser possivel discernir ‘que 6; por outro lado, apagamento supde marca e traco. Entao, exata- ‘mente por nao ser mais tarefa facil dizer hoje o que resta de freuciano na Peicanalise, concluiremos esta declinagio ~ que partit: donome do Col6- quio, ¢ chegou ao trago ~ formulando nosso problema assim: “A ex- pperiéncia da escrita em S, Freud” ou “O traco freudiano da escrita na Pesicanslise”. ‘Acserita de Freud, porsuas proprias dimensdes, exige um ou mais cortes, pela simples necessidade de ndo nos perdermosna vastidao da bra. Aparentementearbitrario, um primeiro corte poderia se, por exem= plo, aquele que demarca alguns escritos dos anos 1890, Um “pequeno livro”™ (Afasia, de 1891); outro livro (Estudos sobre ahistera, (1893) 1895); ‘os escrtos dirigidos a Fess (1887-1904); finalmente o livro dos sonhos (1899), Bssa pequena série é qualificada sumariamente da seguinte for- ‘ma: Afasia: “momento onde a fala comesa a falar-se"? Estudos sobre a 6 huisteria: nvengao de uma nova narratividade; Escritos a Fliess: um centro descentrado; A inferpretagto dos sonhos: liveo fundador. Notamos ai um trajeto, uma travessia, uma descoberta ou uma invengao, Interes- sa-nos sobretudo o centro descentrado, em que acreditamos poder indi- car a importancia da escrita de Freud. Parsfraseando Maurice Blanchot, diremos: ‘Uma obra, mesmo fragmentiria, possui um centro que @ atrai: centro ‘esse que nao fixo mas se desloca pela pressio da obra e pelas citcuns- tncias de sua escrita, Centzo fixe também, que se desloca, é verdade, sem deixar de ser 9 mesmo ¢ tomando-se sempre mais central, mais cesquivo, mais incerto, e mais imperioso.” No cotte jé feito — alguns eseritos dos anos 1990 — faremos outro entaoz0 foco agora esti no centro descentrado: 03 esritos dirgidos a Plies. Esses escritos nos trazem alguns dos mais importantes tragos e marcas da experiencia da escrita em Freud e particularmente o apagamento. A Principio, nada mais si0 que papéis, folhas avulsas, nas quais se desta cao trago gético da letra do escritor. Eles chegaram até nds como cartas, rascunhos e um grande manuscrito Ebem conhecida a hist6ria oficial desses papéis,nareada na biogra- fia “autorizaca” (Jones) e em outras; na introducao do editor inglés da Standard (Sreacesy);na edigio dita completa da comespondéncia Freud- Fliess (Masson). O que é menos eanherida on persadn io movimento, fora de toda orem hist6rica ou biografica,* que resultou na singular passagem desses papélsavulsos, primeiramentea livro, posterlormen- te,a obra. Fles esto, geralmente soba rubra “origens” ou" primérdios", cou “nascimento” da Psicanélise. Mas, entao, que comeco é esse? E que movimento éesse? Lacan assim se manifesta acerea desses paps: (© que na época, para Freuela fala que polarize, que organiza toda a sua cexisténcia, a conversa com Fless, Ela continua em filigrana durante toda ‘sua exsténcia como sendo a conversa fundamenal |. este vastodiscur- so enderecado a Fliess que vai constitu, mais tarde a obra toda de Freud Nao € sem importincia, para nés, 0 fato de, 9 que Lacan designa como “fala”, “conversa” e “discurso” constitua-se, essencialmente, em escritos, A “conversa fundamental”, nas palavras de Lacan, nés a apro- ximamos da “conversa infinita”, de Blanchot. Esse é 0 caminho que es- colhemos para manter viva a série de indagagSes que chegou até aqui, neste texto. Mas antes, um pequeno comentario sobre estes "escritos diri- gidos a Fliess”, Lembremos que estamos diante de um centro descentrado, 1” (© que é marcante no texto freudiano € a forga de atzagto exercida polaeserita, que organiza a existéncia de Freud, no dizer de Lacan. Além Ge tudo, o mais impressionante: uma escrita sobre a propria experiéncia de escrever. Como sabernos, essa correspondéncia cobre um peiodo de trabalhos fundamentais de Freud, entre 0s quais destacamos aquela pe- quena série. Nas cartas encontramos 0 diério do escritor, as narrativas ue relatam as condigdes, as circunstancias, os avangos e recuos, 0 bilo a decepgio, a alegria e a angtistia diante do trabalho maiar em curso. Ritmo de eserita, concigées externas da vida, assim como condligbes de satide e de humor, etc, s40 intensamente varidveis nesse peviodo, mas o que é evidente é que a escrita nao cessa His varias passagens em que o escritor associa suas condigbes psi {quicas & produgio de seus trabalhos. Interessa-se por seus pr6prios s0- ‘nhos e comesa a analisé-1os,}4 havia, em outro tempo, iniciado a escrita ddas queinas, dos sintomas e dos sanhos das pacientes. Os sonlhos come- cama revelar outa escitae ganham progressivamente waiorimportin- da sobretuco diante de seu préprio mal-estar,em épocas dealgum grande ‘malogro profissional ou perda existencial, como a morte de seu pai em 1896, Entdo, vemos Freud escutar pacientes eescrever;sonhar eescrever; lamar e padecer, enfim, viver e escrever. Assim se organiza sua vida; assim se movimenta um comeco: 0 comego da Psicanalise, que coincide com sua escrta Bin meio as carta, algumas essencialmente te6ricas esto também os rascunhos que conhecemos e um grande manuscrito sem nome, sem. conclusio, aparentemente sem destinacio. Esse manuscrto, de mais ou ‘menos 100 paginas, é um exemple maior dos movimentos da escrita em Freud. Iniciado, de forma compulsiva, num vagao de trem, ele foi “con- cluido” em duas semanas, em setemibro de 1895, mas sus histéria ocupa carlas de todo aquele ano. Fora enviadoa Fliess faltando. terceira parte. Enunca mais Freud se refert a ele. Encontramos na intiodugao do edi tor inglés da Standard as exiguas informagSes que nos dao uma idéia ro mais que fantasmagerica dese manuscrito:em estilo gtica, as qua- tro primeiras paginas eseritas a lipis, com intimeras abreviacbes, “qua- renta mil palavras do mais conciso raciocinio”, Nao existe um texto aleméo definitivo. Muito pouco podemos nés hoje imaginar acerca do anuscrito original, visto que s6 conhecomos suas versbes anexadas & obra, todas elas com uma ampla gama de intervengoes, a comevar pelo rome. Referido genericamente como “psicologia”, por Feud, nas caras, jgnoramos completamente as razdes dos editores para dar ao manuscrit o nome de Projeto. Nao podemos mais hoje nos distancar desse nome, {quando nos referimos a ele. Destinados ao apagamento, seus tragos sua ‘marca chegaram até nés. Seusestlhagos, seus destrogos, seus fragmentos 20 de escrita, podem ser rastreados antes e depois dele mesmo, aolongo do ‘conjunto das cartas, em movimentos de reescrita, abandono, retomada, avango, recuo, sintese, alargamento, condensacio. ‘Um curioso exemplo de outros fragmentos de escrita, nas cartas do final de 1897 e inicio de 1898, nomeados pelo proprio autor como “res- tos”, oumelhor, “merdas", s80 0s “relatérios dreckoldgicos”, RD. Estes, ‘como seu nome indica, nfo foram conservados, mas a referencia a eles & dda maior importéncia: a experiéncia da escrita nio elide 0 que dela é resto, residuo, dejeto. Nao teria sidoo mesmo em relagéo a0 grande ma- rnuscrito? Poralgum motivo, oescritor nao 0 destruiu, como os “RD”. Eo grande manuscrito se ineorporou a obra, apesar do préprio autor. O ‘ais importante, enfim, ésalientar seu carater le um escrito primordial, a principio talvez mesmo dejeto, mas que vem, nos iltimos anos, reve~ Indo cada vez mais seu carstor de “um texto irreproduzivel” que“ faz série, desafia a lei do simbdlico e reaparece noreal”? Voltemos ao comeco e ao movimento: movimento do comeco, Se- sguindo uma pista de Freud — que se coloca na linhagem de Mallarmé -, invocaremos aqui a palavra de Blanchot desde Mallarmé (para reduzir este timo a um nome ¢ este nome a uma referéneia),[..] veo luz a experiéncia de alguma coisa que conti= nuamos a denominar “literatura”, mas com wns seriedade renovada e, ainda por cima, entre aspas Essas palavras estao na “Nota” que abre a Conversa infinite,” livro «que trata infinitamente da experiéncia da escrita, Extrair, arrancar, de- cantar a experiéncia da escrita, do que conhecemos como “Literatura”, cis o projeto de Blanchot. Em outro livro, O espago litenrio, seguindo a infinitude de seu projeto, Blanchot cita duas passagens de Mallarmé: “Senti sintomas deveras inquietantes causados pelo ato s6 de escrever” “Ao sondar 0 verso a este ponto, encontrei, lamentavelmente, dois abismos que me desesperam. Um deles 60 Nada... (a auséncia de Deus, outro éa sua propria morte)". Nao ha como nao retornar aqui aos escritos de Freud. Trata-se, como ‘em Mallarmé, do “ato s6 de escrever’ Em Freud, trata-se de sondar, nso © verso, mas a palavra ~escutada, sonhada, proferida, enfim escrita—a ‘um ponto quenada deixa a dever ao testemunho de Mallarmé; depara:- se com todo o paths que dai advém (fartamente descrito nas cartas); atravessar a experiéncia cla morte, particularmente a de seu pai; ousar decifrar sonhos. Fis o vercadeiro projeto freudliano, eis o que 86 € possi- vel através da escrita, a ‘Oque conhecemos como Projeto , pois, apenas um estilhago ~cen- tro descentrado ~ dessa experiéncia maior, desse projeto maior. Um estilhaco tao fundamental, nao s6 por tudo 0 que jé explicitamos, mas pelo fato de ele demonstrar que 86 por um movimento da obra ~ "exi- xgéncia da obra”, nos diz Blanchot ~ ele teve forca de se transmitir, teve forca para ser incorporado & obra. Merda, lixo, resto, dejeto. Talvez possamos dizer que aquele escrito desvele, deixe aprender bem um ‘movimento de comeco, Nao que comece verdadeiramente alguma coisa, Ele “apenas” concensa e dispersa o que ja vinha sendo ttabalhado e 0 «que reapareceré a0 longo de toda a obra freudiana, Ele apenas aparece, desaparece, reaparece. Blanchot se pergunta pela “palavra comecanie”, intrgado que esté ‘com um poema de René Char,em que é cantado o trago ancestral — pintu- ra rupestre ~ nas grutas de Lascaux®, e sua proximidade com o pensa- mento de Heréclito, O que interessa a Blanchot, a partir da “palavra comecante”, éa génese da obra. Cito Blanchot: Existe, na experiéncia da arte e na génese ca obra, um momento em que esta ainda é apenas uma violOncia indistinta tendendo a abrirse & tendenda a fechar-se, tendendo a exaltar-se em um esfago que se abre « tendendo a retirar-se da profunceza da dissimulagiora obra é,entao, 1 intimidade em Iuta de momentos irreconeilidveis e insepariveis,co- sminieagio rasgada entre a medida da obra que se faz poder e a desme dda da obra que quer a impossbilidade, entre a forma em que ela se prende eo ilimitado em que ela se refuta, entre a obra como comego & ® origem a partir de que nto ha jamais obra, onde reinao désauvrement eterno. Pensat a origem como um movimento de tal natureza, essencial- mente ligado ao trago, A figura, ao tracado, a letra, & pelavra enfim — “palavra comecante” ~ nos permite escapar ao recurso mitico, invaria~ velmente convocado quando 0 desafio é pensar a origem, qualquer ori- _gem. Nesse sentido seria possivel fazer a critica, acompanhando Erik Porge,clo mito da auto-andlise de Freud, como elemento fundamentalna experiéncia de criagio da Psicandlise." Apontando em outra direca0, nossa hipétese 6 explicitada ao apontarmos a importancia dessa escrita primordial de Freud, exemplificada no corte que fizemos, eno foco que colocamos sobre as cartas e o Projeto. Para enuncié-la de outra form nossa hipdtese ~, diremos que, se Freud nao fosse esctitor, a Psican« se seria outra coisa: somente pelo fato de jé estar tomado pela mais, ‘profunda experiéncia da escrita -no sentido de Mallarmé e Blanchot— que Freud péde escrever a Traumdeutung tal como a conhecemos, ou 2 seja, escrever 0 aparelho psiquico, aparelho de eserita, Livro fundador: area da obra. Ao final de um de seus escritos ~ 4 diregio do tratamento...-, Lacan. nos dirige uma incagaco: "Quem dentre nés tentou articular a parte “titeréria’ da obra de Freud”. Literéria assim, entre aspas. E ele segue, nesse final, escrevendo: o clesejo tomado ao pé dalletra; 0 analista como tum letrado; uma obra com as dimensdes do ser/da letra ("Vir"). A diregao clo tratamento é uma operacio da letra, como a escrita/obra de Freud. Alguns anos mais tarde Lacan reescreve tudo isso: Lituraterra teria sido a resposta de Lacan a questio, to fundamental para a Psica- nélise, da experiéneia da escrita em Freud. Notas " Assim Froud se sefe a ele em carta Plies e 02 maio 1891 RODRIGUE, Letts Freudiana, 100 anas de Proto Freudian n. 15 (995). Ck: fest pré-histria do Profeto » Modificida de BLANCHOT. 0 espage lteriio, p. 7, + Agul o eco maior & do biografema. Cf. BARTHES, Sade, Fourie, Lagoa. pavine "LACAN. © seminiio, veo 2.1985, p. 158, Aula de 9 fer, 1955 Bim grego no original: ocaiho com a palavraslems Dreck (mer). Cf, MASSON, Avconespondéncis completa... p. 291-292. "Merdologia” poderiamos dizer, Apreneuteydos In Let Freudlass 100 unas de Projo Freudian, a, 18, 1985 Ia Psicandlise, 0 senhor eacontrarS reunidas, mesmo que transforinadas em jargio clentitico, as ués grandes escolas ltersrias do século XIX: Heine, Zola © Mallarmé estdo reunidos em minha obra sob o patrocinio de meu velho mest, Goethe.” Entrevista de Sigmund Freud ao escrito italiano Giovanni Papin, real. ada em Viena, em maio de 1954, ANSERMET, Prefécio, In GROSRICHARD. La syehase dans le teste, 1989 ° BLANCHOT. 4 conversa infsite, p. 7, © BLANCHOT. 0 espao biterdrio. p31 " BLANCHOT. 0 espapoiertio.p. 31, 2A beste inomindvel”, & 0 poema de Char: A besa de Lascar & 0 lio de Blanchot, © BLANCHOT, Le bite de Lasceux. Pais, Venicio Barbosa, Inédito ats Morgana: 1982, Traduglo de Mico CE PORGE, Freud Fess: Mythe et chimére de Fautornalyse, Referéncias ANSERMET, F. Proficio. In: GROSRICHARD, Alain. Lx psyehose dans le texte Traduca de Ana Paula Avila Pinto, Paris: Navarin, 1989 Inédito, 23 BARTHES, R. Sade, Fourier, Loyola. Tradugto de MéscioLaranjeita, Sio Paulo Martins Fontes, 2005, BLANCHOT, M. A conversa infinita. Traducéo de Aurélio Guerra Neto, S80 Paulo: Escuta, 2001 BLANCHOT, M, La be de Lascnux. Paris: Fata Morgana, 1982. BLANCHOT, M. 0 espago literrio. Tradtugso de Alvaro Cabral. Rio de Janeiro: Roceo, 1987, LACAN, |. Erle. Tadugio de Vera Ribeiro. Rio de Janeizo: Zaha, 1998, LACAN, J. O semindrio, Horo 2: O ex na teria de Freud e na téniea da Psioandise. ‘Trad. Marie Christine Lazalk Penot ¢ AntOnio Quinet de Andrade. Rio de Jane’ 0: Zahar, 1985. LETRA FREUDIANA. 100 anos cle Projeto Freudiano, Ano XIV, 15. Rio de Janet +0: Revinter, 1995, MASSON, J. M. (Bd). A correspondéncia completa de Sigmund Freud para Wilhelm hiss 1887-1908. Tradugio de Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Imago, 1986, PORGE, E. Freud Fliss: Mythe et chimére de Y'auto-analyse, Paris: Anthrapos/ Economica, 1996. 2%

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