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JORGE VALA * MARIA BENEDICTA MONTEIRO COORDENADORES PSICOLOGIA SOCIAL 5." Edigééo SERVIGO DE EDUCACAO E BOLSAS FUNDACAO CALOUSTE GULBENKIAN to in, ando das tute uefa. aente 27). s va- s de aveis o do 307 Ficura 7 Variiveis sintese e factores antecedentes (Hackman e Morris 1975) da tarefa e se as competéncias dependem da composi¢ao do grupo, as estratégias dependem das normas do grupo. Actuar nas normas de nipo por forma a tomar os seus comportamen- lamentalmente_um ‘os mais_planeados € funda census (esuino, 1987, p. 262). 13, Polarizacéio de grupo Um outro fenémeno identificado nos proces- s0s de grupo, ¢ particularmente no que se refere a lomada de decisio, € 0 efeito de polarizagdo, ou seja.a tendéncia para o grupo adoptar uma deci- sio final mais extrema do que a média das deci- sies individuais prévias & discussio de grupo. O efeito foi inicialmente detectado por Stoner com a designacdo de desvio purer 0 risco (risky shift), a0 verificar que os individuos, responderem a um questiondrio sobre situagdes envolvendo risco, mostravam uma tendéncia para adoptar posicdes mais arriscadas apés terem discutido a situagio em grupo (plano intra- -sujeitos). Posteriormente veio a verifiear-se que oefeito era mais geral ¢ ndo apenas em situagdes envolvendo risco. Se a tendéncia geral do grupo for para uma decisiio mais prudente ,nesse caso que se verifica € um desvio para uma posigio _ aa ‘cava com simples atitudes. Passando uma escala sobre atitudes para cons americanos a estu- resultados em grupo, verificaram que a discussio tinha © efeito de extremar as posigdes iniciais.. © fendmeno reveste-se de grande robustez, sendo facilmente observvel tanto em labora- {6rio como no terreno, dando origem a uma abun- dante titeratura, sobretudo na década de setenta € meados dos anos oitenta (Jesuino, 1987). Talvez por constituir um efeito paradoxal, a polarizagdo de grupo tem dado lugar a diversas 328 tentativas de explicagdo, constituindo uma casio privilegiada para 0 confronto das «zran- des teorias» correntes em Psicologia Social, aplicadas aos processos de grupo. Uma das teorias que maior aceitagdo gran- jeou foi (Burstein, 1982; Burstein e Vinokur, 1977; Vinokur ¢ Burnstein, 1974). E uma teoria de inspiragio essencialmente cognitivista, Sustents {que os stieitos no conhecem muito provavel- mente 1 totalidade dos argumentos a favor ou contra uma determinada questio ou causa social ‘Todavia, a sua posigio € determinada pelo nt- mero e forga dos argumentos que eles sio capa tres de invocar. Ao confrontarem em seguida, hum contexto de grupo, as suas posigdes com fas dos restantes_membros, tém oportunidade se familiarizar como novos arguments cu {qualidade persuasiva seria, de acordo com - Bumstein, funcdo de dois factores: validade, ou “seja, contetido légico © novidade relativa. Se esses novos argumentos contribufrem para reforgo da posigao inicial, os sujeitos tendero a emitir posigdes mais extremas. E caso a maioria {dos sujeitos se situe do mesmo ado da barreira, por exemplo, todos favordveis & interrupeio Voluntéria da gravidez, aps a discussio 0 grupo tender a favorecer uma posigiio mais extrema, tnais radical, do que seria de antecipar conhe- ‘condo as posigdes dos diferentes membros antes da discussio. Dispie-se de considersvel evidéncia empirica para esta teoria, As consequéncias légieas que ela podem derivar tém reeebido confirmacio experimental. Por exemplo, se todos os membros ispuserem dos mesmos argumentos, ou caso ‘nfo haja oportunidade de os discutir, no se veri- fica polatizagio, Identicamente, se as posigées dos membros se acharem divididas, havendo tan- tos arguments contra como a favor, 0 fenmeno que a teoria prediz e que a experimentagio con- firma € um efeito de despolarizagio. A teoria dos argumentos persasivos apoia-se exclusiva ‘mente na influéncia informacional (ver Cap. TX). Por outras palavras, © dnico factor consi: derado para explicar 0 efeito de polarizagio consiste apenas na natureza € distribuigao dos argumentos dispontveis, Outras causas possive's, como @ coesio do grupo, pressOes para a core Tormidade, ou normas sociais predominant, no so aqui consideradas. Tal como 08 préprios ‘autores sustentam, «a polarizagio € um fen6- ‘meno fundamentalmente informacional; ss influéncias normativas sdo relativamente remo- tas e operam na polarizagio através da cogni- gio» (Burnstein € Vinokur, 1977, p. 317). Esta Conelusio nao é, obviamente, subserita pelos fensores dat s auais colocam “(ver Cap. IX) que se exerce nos recon de grupo, Segundo sustenta esta linha ‘alternativa, 08 individuos so motivados pelo desejo de serem diferentes uns dos outros mas uma dimensdo socialmente aceite e valorizada ‘Lamm e Myers, 1978; Myers, 1982; Sanders ¢ Jaron, 1977). Por exemplo, se for socialmente lesejavel (norma social) que os empresirios 0 cientistas sejam arriscados, estes tenderio « adoptar a norma © a considerarem-se a st préprios como acima da média, Face a um pro- ‘blema especifico sobre o qual sejam consulta: dos, os sujeitos fazem as suas opgdes iniciais _procurando situarse um poco acima daquile {que consideram ser a média, ou seja, a norma do seu grupo de referéncia. Se todos procederem ds forma idéntica com a passagem a0 grupo, 08 xujeitos verificam que afinal ndo esto to acim média, 0 que provoca reajustamentos ¢ dai a jto de polarizagio de grupo. DispGe-se também de considerdvel evidéneia cempirica a confirmar esta tendéncia psicol6gies para a diferenciagao némica, ou seja, reforgando ‘uma norma social. Codol (1976) introduziu 0 que ele designou como efeito PIP (primum usiva- Cap. consi- izagao 0 dos siveis, acon rates, ~iprios fend- I; as remo- cogni- ). Esta nos tina + pelo s mas rizada ders e meme ios on interpares) e que consiste justamente nesta tendéneia para as pessoas se considerarem a si Proprias como superiores & média do grupo. E ‘quando tém de confrontar as suas posigdes com as dos outros, num contexto de grupo, procedem arevisdes que vao no mesmo sentido, Com vista a determinar qual o peso relativo de cada uma estas teorias para explicar 0 efeito de polariza- 80, Isenberg (1986) procedeu a uma metandlise cobrindo 21 artigos cientificos. O resultado desse estudo mostrou que amibas as hip6teses So subs- tancialmente confirmadas, embora os efeitos da teoria dos argumentos persuasivos sejam parti- calarmente fortes (correlagdio média de 0,766 ver- sus 0,436) relativa a teoria da comparagio social. Uma outra explicacio altemnativa para 0 feito de polatizacio de grupo proposta pela i nvolvida por Tumer e colaboradores (Tajfel e Tumer, 1986; ‘Tumer, 1982, 1991; Tumer, er al., 1987). Segundo esta teoria 0 individuos referem-se nao apenas anormas societais gerais, mas a normas especi- ficas relativas aos grupos a que pertencem ou a que se referem. Turner parte da teoria da identi dade social atribuindo particular relevo as relagées intergrupo (ver Cap. XII). A identidade social ou, para utilizar a sua terminologia, a forma como os individuos se autocategorizam, depende ou pode depender da forma como sio representadas as posigdes do préprio grupo face as posigdes reais ou imaginadas do grupo que se Ihe ope. Os individuos tendem a conformar-se ‘com a norma do préprio grupo, distinguindo-se da norma do exogrupo. A norma do endogrupo € definida em termos da posigao prototipica, nfo necessariamente coincidente com a média jo grupo. A posi¢Zo prototipica é definida, por Indo, pelo, sua semelhanga com a norma interna, e, | jue difere da norma externa (metacontraste). Nos exemplos que tém sido habitualmente utilizados para estudar a polarizagaio de grupo, a posigao 329 prototipica é, regra geral, mais extrema do que @ média das posigdes individuais. A polarizagio nao €, pois, seniio a convergéncia dos membros para a posigio. prototfpica do grupo. Para que polarizagio ocorra &, todavia, condigaio neces- siiria que 08 individuos se autocategorizem em termos de grupo. Se se autocategorizarem apenas enquanto individuos arriseados ou pru- dentes, a polarizagao nao se verifica. Para que tal suiceda, 0s individuos terdo de se autocategorizar enguanto membros dum grupo arriscado ou pru- dente. Sob certos aspectos, a teoria da autocate- gorizago € uma variante que permite introduzir precisses na teoria da comparacio social. Dis- lingue-se, todavia, pelo acento que coloca na diferenciagdo enquanto processo nao. apenas individual mas de grupo. ici e 1991, 1992) sao outros autores que prec © fenémeno da polarizagio de grupo, adoptando-o como refe- réncia paradigmetica para «ums teorin geral das decisdes colectivas».O argumento desenvolvido € complexo e qualquer resumo seré inevitavel- mente redutor. A ideia bisica parece, todavia, igualmente centrada na especificidade eolectiva do fendmeno de polurizagio, enquanto processo de mudungae inovacdo social. Numa linha que poderfammos fazer remontar a Kurt Lewin, a

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