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4 Economia + Fontes / Ribeiro / Amorim / Santos j = ] > Os fatores de produgéo sGo terra, capital e trabalho > A terra corresponde aos recursos criados pela natureza, como as reservas de petréleo | e minério, as dreas agricultdveis etc. O trabalho caracteriza-se pelo esforgo humano, {fisico e mental para produzir bens e servicos. O capital sao os bens capazes de produ- | 3 . - : ; sir outros bens e servicos, como mdquinas e equipamentos. Uma caracteristica essencial do sistema de mercado € o fluxo regular de renda € riqueza direcionado a produgao, via poupanca e investimento, organizado atra- -vés de bancos e instituicdes financeiras, que cobram juros daqueles que solicitam empréstimos como pagamento pelo uso da renda dos que emprestam capital. As- sim, muitas transagdes comerciais sao realizadas atualmente com dinheiro em prestado, sobre o qual pagam-se juros. E interessante mencionar que emprestar a juros, antigamente, era considerado usura, consequentemente um pecado grave. ‘Como a influéncia da igreja sobre a sociedade era bem maior do que atualmente, a cobranca de juros pela utilizagao do dinheiro era crime na Idade Média. > Renda refere-se @ remuneracdo dos fatores de produgdo. Considerando-se apenas ca- | pital e trabalho, a renda corresponderia aos lucros ¢ salérios. > Riqueza refere-se ao patriménio acumulado, ou seja, a0 conjunto dos ativos financei: ros ¢ fixos, como délares, titulos, agées, imdveis etc. Outro elemento importante que contribuiu para maior produtividade e expan- sdio do mercado foi a tecnologia ou know-how, principalmente a partir da Revolu- co Industrial nos séculos XVIII e XIX. Com a invencfio de imimeras maquinas e ferramentas, a mecanizaco das atividades produtivas e a instalaciio do sistema fabril, o sistema de mercado e 0 capitalismo consolidaram-se de forma definitiva. > Direito de propriedade: no sistema capitalista, os bens de capital so propriedade pri- vada e os rendimentos que eles produzem pertencert aos seus proprietdrios. » As economias modernas se caracterizam pela constante evolucao tecnoldgica, 0 que | __ aumenta a produtividade delas. 1.4 CAPITALISMO E MERCADO SEGUNDO SMITH, MARX E KEYNES Adam Smith e 0 liberalismo econémico Adam Smith é tido como 0 fundador da Economia. Ele viveu de 1723 a 1790, publicando em 1776 sua famosa obra A riqueza das nagGes. Uma de suas ideias Ingrodugto 5 Serais mais divulgadas refere-se & mdo invisivel: 0 sistema de mercado age como =m mao invisivel, pois nele as ages individuais e egoistas dos agentes econdmicos tam nos melhores resultados do ponto de vista da sociedade como um todo. > Amdo invisivel foi uma metdfora criada por Adam Smith. Significa que, mesmo quan- do 0 individuo busca apenas o seu prdprio interesse, os resultados acabam gerando neficios para a coletividade a aah ag sti] Acompeticao é o principal mecanismo do sistema de mercado, impondo natu- ralmente certa disciplina aos diversos agentes econdmicos. Sé, por éxemplo, um endedor tenta colocar seu produto no mercado a precos excessivamente elevados, le nao encontraré comprador. Também um trabalhador que queira receber um salario acima dos niveis vigentes no mercado nao encontrara trabalho. Adam Smith foi o grande defensor do mecanismo autorregulador do mercado, enfatizando os beneficios do laissez faire ¢ da nao intervengdo do governo na econo- mia para a sociedade como um todo. Um sistema econémico dessa natureza gera, segundo ele, maiores mercados e consequentemente maior riqueza para a nacao. > Laissez-faire: politica econdmica liberal que estimula a competigéio e condena o con- trole ¢ a regulagao excessiva do governo na economia. Outra ideia de Smith bastante divulgada refere-se a diviséo do trabalho como mecanismo fundamental do aumento da produtividade da mao de obra. A fragmen- taciio das tarefas em varias subtarefas foi dinamizada a partir da Revolucao Indus- trial, dada a maior utilizagdo de maquinas e equipamentos no processo produtivo. Apesar de a Revolucdo Industrial ter contribufdo decisivamente para a poste- rior guinada de desenvolvimento dos paises, nao se deve perder de vista que ela ocorreu numa época em que o turno de trabalho para mulheres e criangas era de 16 horas, nao havia qualquer consciéncia dos direitos politicos e sociais dos trabalha- dores e existia muita miséria entre os desempregados. E compreensivel, portanto, que a leitura do capitalismo feita por Karl Marx, economista que viveu de 1818 a 1883 e autor de O capital, tenha sido bastante distinta da visto de Adam Smith. Karl Marx e 0 comunismo Karl Marx é considerado 0 pai do comunismo, uma doutrina que propée o fim das classes sociais e do Estado, com a abolicao total da propriedade privada e igual distribuigao dos bens produzidos pela sociedade. AA 6 Economia * Fontes / Ribeiro / Amorim j Santos Ao contrario de Smith, ele diagnosticava contradicdo e crise Para o sistema capitalista de produgao, culminando eventualmente com o seu derradeiro fim. Marx previa que haveria luta de classes sociais no sistema capitalist, como resul- tado das tenses e antagonismos entre trabalhadores e proprietdrios, © mercado era visto por ele como uma poderosa forca negativa de acumulacao de capital e riqueza. Os lucros excessivos eram obtidos porque os capitalistas remuneravam a méo de obra menos do que deveriam, daf originando a teoria da mais-valia. Mais- valia é, pois, um termo tipicamente marxista e corresponde ao valor do trabalho ndo pago ao trabalhador e que gera lucro ao capitalista. Refere-se & exploracio dos assalariados pelos capitalistas. r is | ® Mais-valia um dos pitares do Marxismo e refere-e & diferenca entre o valor produ | zido pelo trabalho e o valor pago ao trabalhador, sendo considerada a base da explo- racdo do sistema capitalista. O que distingue Smith de Marx é principalmente o fato de o primeiro ter vi- sualizado a acumulacao e o crescimento econédmico como aspectos inerentes e positives do capitalismo, enquanto 0 segundo via 2 acumulagio e o crescimento como processos que ocorreriam as custas da marginalizacio das pequenas firmas e dos trabalhadores, reduzindo eventualmente a estrutura social a uma grande massa de proletariados e a um pequeno ntimero de poderosos capitalistas. Marx previa uma proletarizagdo da mio de obra no sistema capitalista que, em tltima instancia, motivaria uma intensa luta de classes. Em sintese, o capitalismo seria um sistema politico-econémico autodestrutivo, na concep¢ao marxista. Keynes ea intervencado governamental John Maynard Keynes, 0 economista inglés que viveu de 1883 a 1946, foi to- talmente a favor.do sistema capitalista, embora divergindo substancialmente da visdo smithiana. Antes de 1930, predominou na economia a escola cldssica, cujo expoente maxi- mo foi Adam Smith, que defendia o ajuste automatico da economia sem qualquer intervencao do governo. O fendmeno da Grande Depressdo em 1930 contribuiu decisivamente para modificar essa situacdo. Com a Grande Depressao, a producao caiu muito, as taxas de desemprego subiram vertiginosamente, os bancos fecha- ram e as economias simplesmente ndo conseguiram retornar automaticamente, como previsto na visio liberal, ao nivel de pleno emprego, isto ¢, a uma situagéo de total utilizacéo da mao de obra no sistema produtivo. O famoso livro de Key- nes Teoria eral do emprego, do juro e da moeda surgiu justamente nesse contexto, Incrodusto 7 descrevendo a economia de mercado de forma bastante distinta de Adam Smith e outros liberais classicos. Keynes acreditava que o nivel geral da atividade econémica era determinado pela motivagao dos empresdrios em fazer investimentos de capital. Antes de Keynes, pensava-se que essa motivaciio empresarial e o consequente actimulo de capital s6 temporariamente poderiam ser interrompidos, sempre retornando a uma situag4o de equilfbrio. Mas, com Keynes, esse diagnéstico foi mais pessimista. O argumento keynesiano basico foi de que nao existia qualquer garantia de pleno emprego no sistema de mercado. Ele contradisse o liberalismo econémico classico ao mostrar a inexisténcia do principio do equilibrio automatico na economia capitalista Para os classicos, como Smith, 0 mercado poderia ter desemprego tempo- rario, mas a economia voltaria naturalmente a uma situacdo de pleno emprego, sem necessidade de intervencéo governamental. Keynes, no entanto, visualizou uma situa¢ao definitiva de equilibrio de desemprego ou equilibrio abaixo do pleno emprego para o mercado, ou seja, com intimeros trabalhadores desemprégados e méquinas e equipamentos ociosos, como ocorreu nos anos 30. Ele defendeu maior intervencéio governamental na economia, por nao acreditar que as forcas de mer- cado fossem capazes de fazer a economia voltar a uma situacéo de pleno emprego. aie | > Opleno emprego ocorre quando os fatores de producéo esto sendo utilizados em sua méxima capacidade, ou seja, néo existe ociosidade na utilizacdo dos fatores | > 0 equilibrio de desemprego ou equilibrio abaixo do pleno emprego é uma situagaio em que intimeros trabalhadores encontram-se desempregados e as mdquinas e equi- pamentos estéo ociosos. Desemprego, recessao, estagnacao e depressao nao foram temas econdmicos predominantes no pensamento cldssico e de Adam Smith, mas foram recorrentes nos escritos de Keynes. O problema do desemprego, para ele, era consequéncia de uma demanda insuficiente de bens e servicos, s6 podendo ser solucionado através do aumento do investimento. Assim, o investimento era visto por Keynes como © elemento dindmico da economia, com capacidade para estimular a demanda agregada ou global da economia, garantindo assim o pleno emprego. O governo teve um papel fundamental no pensamento keynesiano, por ele acreditar que o problema do desemprego poderia ser resolvido através da interven- cdo estatal. Medidas de incentivo ao investimento privado, aumento dos investi mentos publicos e reducdo das taxas de juros estimulariam a atividade produtiva, diminuindo, consequentemente, o desemprego. Em sintese, a ideologia capitalista € resgatada no cendrio keynesiano intervencionista, mas de forma substancialmen- te diferente da visdéo smithiana liberal. 8 Economia * Fontes / Ribeiro / Amorim / Santos Nao se pode perder de vista que esses grandes economistas foram produtos de suas épocas, como mencionam Heilbroner e Thurow (1987). Adam Smith per- sonificou.o otimismo de um capitalismo nascente, Karl Marx foi 0 porta-voz das vitimas do periodo industrial e Keynes captou as dificuldades inerentes ao periodo da Grande Depressao. De maneira bastante diversa, foram todos igualmente bri- Ihantes na interpretacao do sistema capitalista e de mercado. > Livre Iniciativa e Escola Classica: nenhum agente gerencia o funcionamento da estru- tura de precos da economia. Eles se preocupam apenas com seus préprios negécios, dada a concorréncia e a “méo invistvel” do mercado. | > Economia Mista e Escola Keynesiana: as imperfeicdes da concorréncia e do mercado levam mé distribuigdo de renda e bem-estar e a intervengdo governamental é neces- sdria para corrigir distorgées. > Comunismo e Escola Marxista: inexisténcia de propriedade privada ¢ funcionamento e e| de um sistema centralizado ou planificado, onde os problemas econdmicos sao resol- |» vidos por um érgdo central de planejamento, e nao pelo mercado | 1.5 FUNDAMENTOS ECONOMICOS BASICOS Economia é 0 estudo de como a sociedade toma decisées e utiliza seus recur- sos escassos. Esta baseada em alguns fundamentos que podem ser aplicados em diferentes situacdes. Mesmo as andlises econémicas mais sofisticadas comecam com esses fundamentos basicos, expostos a seguir. 8 site Escassez e custo de oportunidade Os estudos econémicos sao motivados pela escassez de recursos, que gera a ne- cessidade de se fazer uma escolha de seus melhores usos. Hd que se escolher como alocar os escassos recursos inteligentemente e essa busca deve-se basear numa andllise dos custos de oportunidade dos recursos. O custo de oportunidade de um bem ou recurso X é medido em funcio do custo de outro bem ou recurso Y que deve ser deixado de ser consumido ou utilizado para que X seja obtido. Refere-se a0 custo das oportunidades sacrificadas. Uma mao de obra desqualificada tem, por exemplo, um custo de oportunidade baixo, j que suas alternativas de emprego sdo limitadas e mal-remuneradas. Um profissional qualificado, no entanto, tem um custo de oportunidade alto, pois encontra varias alternativas bem remunera- das de trabalho condizentes com seu nivel de especializacao. —

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