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esa.) A magia do Cirque Reportagem HSM Management mostra como a companhia canadense Tn olecol RS ClO McC LcoMMNIcIn (OM ol olmreae Me crate Ueccrmeiae LORS kes decaia. A combinacao da arte do espetaculo com o pragmatismo do mundo empresarial a levou a um faturamento anual de mais de US$ 500 milhoes VERE MC © centro historico da cidade, os reno enrret eo eae eco ainda cinzenta, bandeirinhas Penta Sey Pe ee ey Pre eco teEM eae ees eee errs Iher de 70 centimetros de altura que fhuta no arsustentada por um “ramalhete de Prams ter ese ee ey SOS ene cree RN eee oot Cee eee an eres SOR ts apenas algumas frases em italiano, mas a com eee cn Senet eee bra e comove a platéia durante ay renee een ese certs Ce oy Essa reacio do ptiblico nao é Se teen cs Ele esta acostumado a surpreender mais de 7 milhoes de espectadores por ano, incluindo professores Pre ee Se ne? Peer eno ool ¢ na Insead, entre outras faculdades de primeira linha, esse Sree ere ee Pern ee eco eco) Reon ae enero Sree f Pre herent ee ar as ne ort ener principalmente pela competicao eee eee ed elevados custos de logistica. Para entender a que se deve Pee ne oe ee Seen eae Michael Bolingbroke, diretor-geral de espeticulos, responsivel pelas reece) ee ee eT foi chefe do escritorio do oe MO eC pert) ha ra: Soe Tee oer res de contetido”, diz Bolingbroke em um inglés carregado de sota- Peer ete Orne eee ce) soguinte maneira: “Comereializa- Pome Ck ee ee eee nee cea ene Se eee cc er ks eect a cumplexa o» segundos implicaram ree et estabelecimento de aliancas com Sead Deen ce PS rn ete na Ree ee oe ete een ce Pere RCo eee Pine eed nee ce ere ay teeter) etn Oe a Pee cent eee tee ees er eee ken etry oa se Por que a logistica das turnés € complexa? “Nada menos que 80 ‘caminhdes so utilizados para trans- portar tendas, cendrios, figurinos e ferramentas. E, além de montar ¢ desmontar as estruturas em cada ‘evento desses, é preciso lidar com questdes como visto de entrada, idioma, leis, moeda e demais dife- rencas culturais para 150 pessoas", diz Bolingbroke. Desses integrantes, somente 50 sio artistas; o restante se divide entre técnicos, profissionais da logistica e, nas turnés das quais participam criangas, também pro- fessores de ensino basico. Para os espeticulos com sede permanente foram escolhidas as cidades de Las Vegas ¢ Orlando, respectivamente na costa oeste costa leste dos Estados Unidos, que recebem grande afluxo de turistas, Eles tem um corpo préprio de Mirage, em L: Disney, em Orlando. O qu s fazem é encarregar-se ou adaptar os espacos para exibicio. Em Las Vegas ja ha quatro shows residentes e um quinto, sobre os Beatles, deve estrear em 2006. A midia especializada em entreteni- mento garante que o Cirque du Soleil mudou-para melhor=a cara da cidade dos cassinos. Bolingbroke devolve 0 elogio: cle diz. que 13 anos tras, quando chegaram com 0 es- O mercado do Cirque du SRR melee a STUUR Coie MelR MICU) e René Mauborgne peticulo Mystér, descobriram ali o mercado ideal para apresentacoes de grande qualidade. “Devido a grande aceitacio, pudemos, cinco anos mais tarde, criar “O" e, logo depois, Zumanity ¢ Ka. Em todos 08 casos tivemos éxito, mantendo alto nivel artistico ¢ de produc: relembra o diretor da companhia. © mercado do Cirque du So- leil € um “oceano azul”, segundo a teoria de Chan Kim e Renée Mauborgne, professores da escola de administracdo francesa Insead. Em seu livro A Estratégia do Oceano Azul (ed. Campus/Elsevier), eles descrevem as estratégias de mais de cem empresas € concluem que todas navegam em um mundo dividido em dois oceanos: no ver- melho, elas brigam ferozmente pela participacdo de mercado em setores de atividade estabelecidos, cujos limites € regras estio bem definidos; no azul, em vez de lutar com a concorréncia para conquis- tar clientes, criam nova demanda abrindo novos setores. Kim e Mauborgne estudaram 0 caso do Cirque du Soleil ¢ explicam que, com ele, 0 negécio do circo se reinventou. Por qué? Ainda que seus espetculos conservem alguns elementos tipicos (como a tenda, os palhacos ¢ os acrobatas), deixaram de lado outros (notadamer meroscom animais), dando musica, ao figurino e a cenografia. © fato de nao trabalhar com animais Ihe permitiu reduzir os elevados custos com seus cuidados, escapar das criticas dos defensores de seus direitos ¢ destinar os recur sos que sobram para a valorizagao do produto perante os clientes. Como resultado dessa estratégia, a companhia atraiu um piiblico que nao era espectador de circo, im- plementou um modelo de negécio dificil de imitar e obteve para sua marca um grau de conhecimento duradouro. Os principais produtos eee Lenee cee ST ore heen : Mais que calculos preciosos a S CACTI EORTC) a © pensamento estratégic 0 critérios da empresa incluem He ies SCE RM NOOR RSTn ets Québec, e viajou para a Europa. L se divertiu aprendendo a t de engolir fogo e percorreu o velho estratégias e criar um oceano Mais que cilculos precisos e des locais um show inasse mimeros de artistas de alguns ntimeros), que fazia espetié culos abertos em pracas puibl Dois anos depois, o grupo soube agarrar uma oportunidade inigu: tudos secundarios e a cidade natal, vel. No an io de 450 anos do espectadores. ‘wm hsmmanagement com br HSM Management 52 setemtro-outubro 2005 do portfdlio © sucesso veio ripido. Depois de Québec, eles foram contratados por outr Em 198 provincias do Canada. foi a ver de os Estados Unidos conhecerem seu trabalho ¢ as turnés inclué am Europa e Asia. Le pouco mais tarde (0 foi preciso ampliar a tenda principal para que 0 papel do marketing ‘Uma das chaves de nosso éxito esti no fato de que os fundadores que criar um espeticulo era tio mportante ec para produzir outros promové de marketing Mario D'Amico, um elegante ¢ caloroso descendente de italianos, D'Amico faz um acréscimo revela: dor: “Normalmente, as companhias artisticas fracassam porque vivem dos subsidios governamentais Laliberté, entretanto, propos-se © marketing determine o rume dos negécios. D’Amico, que in gressou no Cirque du Soleil h seis anos, ja foi o responsivel pelo marketing de companhias aéreas, Ny, CAI Michael Bolingbroke, ciretor-geral Se shows Nit. HSM Management 52 setembro-otubro 2005 tes de refrigerantes. Ao comparar suas experiéncias, advoga que 0 principal diferencial do Cirque du Soleil é que ali sua funciio se limita 1 posicionar, promover ¢ fixar ¢ preco do produto, sem interferit em seu desenvolvimento. Dessa tarefa isto 6, idealizar c espeticulo-encarregam-se equipes de profissi nais sob a supervisic do setor de criacao. E claro que algumas pessoas do departamentc de marketing assistem as reunides informativas durante o process de gestacdo do espeticulo, a fim de entender melhor seu tema e as idéias que o inspiram para poder batizé-lo e planejar seus materiais de promogio. Mas € 56, Os espeticulos tém precos simi: lares aos de uma apresentagiio de 6pera ou de um musical da Broad: ay. Em Montreal, p 1 exemplo, as vwowchsmmanagement som.br 51 2 ST OSIM RHO UTR incluindo o diretor do show, sao TTA Mee Ue Leesa g espetaculo, exceto o diretor de criagao US$ 40 € US$ 80, enquanto o ser vico “Tapis Rouge” -que, além do ingresso, inclui bebidas ¢ canapés antes da apresentacao e durante © intervalo numa tenda secundé- a US$ 200. Quando perguntam a D'Amico sobre a ca acteristica essencial que justifica os ria~ che; precos tao altos, ele responde que os espeticulos tém muito de 6per balé e musica clissica e que levam a platéia a outros mundos, “Durante duas horas e 1 dianas universo de sonhos ¢ fantasias. Qual € © principal objetivo do departamento que D'Amico comanda? Atrair aqueles que nao ‘em os espetiiculos do Cirque du Soleil. “Estamos certos de que se presenciarem uma apresentagad irao fazé-lo de novo quando vol 70% clos espe se um showja panhas de publicida A promocio € as relacées pti pela grande proximidade entre em. presa e clientes. Prova disso € 0 “Cit que Club”, um espaco na interne que conta mais sobre os artistas € personagens e que oferece venda de ingressos antecipada. “Os membros do clube fazem perguntas sobre wv hsmmanagement.com br Mario D'Amico, diretor de marketing nossa hist6ria € nossos espetdculos nos féruns de discussio”, comenta D'Amico. “Nor respondemios, mas um que conhecem a vida ¢ 1 obra dos protagonistas. Adoraria O controle e a terceirizaco Cada espeticulo tem, em média, um periodo de gestacio de dois a trés anos. O pontapé inicial é dado por Guy Laliberté e Gilles Ste-Croix, titular do departamento de criagio, eis pelas di- retrizes gerais, Além disso, ambos designam o diretor do showe o dire tor de criagao, os quais escolhem os HSM Management 52 setebro-outuro 2005 outros membros da equipe: de dez a 12 pessoas, entre elas figurinista, 0 -arregados do som Todos esses profissionais, in- cluindo 0 diretor do show, sio independentes, contratados para cada espetaculo. A tinica excecio € 0 diretor de criagio, que perten: ce 4 companhia e atua como seu mediador com os terceirizados € com os funcionarios contratados para a producio do figurino e dos cendrios, entre outras tarefas. Depois da estréia do espeticulo, a célula de terceirizados se dissolve € um diretor artistico, contratado pela companhia, assume 0 geren. No caso de Corteo, por exemplo, o diretor do showfoi o suico Daniele Finzi Pasca, fundador da compa- nhia de palhacos Teatro Sunil, ea direcao de criacao ficou por cont de Line Tremblay, que trabalha no circo desde sua fundacio. O restante da equipe era uma exética miscelinea de talentos de varias nacionalidades, como o argelino Jean Rabasse, cenégrafo m longa trajet6ria no cinema francés (foi indicado a um Oscar em 2001 pe filme Vatel~ Um Banquete para € participou dos long ix, Deli Jonathan Denis, responsé- sen e Os Sonhadores), vel pelo som, ¢ 0 uruguaio Hugo Gargiulo, formador de atores. maior desafio na criagio de Corteo, segundo Tremblay, foi fun- dir a experiéncia teatral do diretor com a importancia que o Cirque du Soleil atribui aos niimeros de acrobacia. “Tinhamos de integrar 0 melhor de Daniele com o que tinh: mos de melhor, a fim de respeitar a premissa de nos renovarmos cons Tanto na criacao c explica pas posteriores de um espetaculo, umpre uma fun¢ao vital pas que se ocupam dessa tarefa devem encontrar substitutos para 150 artistas por ano (a rotati vidade anual é de 20%) e procurar g Além disso, dado que al guns niimeros sio idealizados para pessoas com habilidade especifica, é preciso viajar pelo mundo para en- cont 20 papel Valent a, a acrobata tucraniana que participa de Corteo, por exemplo, foi descoberta quando trabalhava num circo de liliputianos numa turné em Israel. 0 trade-offe sua compensagao Michael Porter, 0 estratégia, costuma dizer que s6 tem realmente uma estratégia quem faz um trade-offe aceita uma perda. Michael Bolingbroke pare- e nos define ce concordar. “O 40 mesmo tempo se traduz numa limitacao: somente produzimos um ou dois espeticulos por ano” E explica tantos recursos criativos e artisticos para montar um espeticulo, torna se impossivel, a0 menos no médio simultaneamente : limitacao: prolongar 0 ciclo de vida dos shows. Depois da estréia em Montreal e de virios meses de apresentacdes didrias, o Cirque du Soleil empreende uma turné que primeiro inclui outras cidades do Canada e em seguida percorre, du s Estados rante dois ou trés anos, Unidos. Posteriormente, 0 espeté: culo é apresentado na Europa e na Asia, Saltimbanco, o mais antigo, foi criado em 1992 ¢ nao esta prevista sua safda do calendario, como tam bém nao ha planos para cancelar nenhum dos outros dez que inte gram o repert6rio da companhia ‘Com certeza, todos prosse até o final desta década’ Bolingbroke, que este an Brasil a Argentina para estudar a viabilidade de uma turné por esses mercados em 2006, © aprendizado dos espeticulos com sede permanente se transfere para as tumnés. Por exemplo, cada vez que se apresenta em um pais es trangeiro, o Cirque du Soleil se vin. cula a uma empresa local envolvida com o mercado de entretenimento. Primeiro escolhemos nosso sécio ¢ juntos identificamos lugares onde poderiamos instalar uma tenda Discutimos como 0 espeticulo ser promovido, procuramos patrocina dores ¢ analisamos varios aspectos de logistica, a fim de avaliar se 0 Um organograma diferente HSM Managomont 52 sotembxo-outubro 2005 projeto é comercialmente viavel Também estudamos a cultura do pafs, para nos assegurarmos de que $a sua populacio com nosso produto. E, por ultimo, fix mos uma data”, conta Bolingbroke O tipo de convénio comercial com a empresa local varia, Em lugares dos, costumam f acordo de servicos convencional: ovos, preferem com: partilhar os riscos e os lucros. Os negécios secundérios Embora a maior parte da renda da companhia venha da venda de N04 foi de US$ 500 milhdes-, uma fatia nada desprezivel de 25% vem do patre darios, como venda de CDse DVDs, producao de programas televisivos sobre os espeticulos e criacio de contetido pa O Cirque de Soleil como ter ceirizado? Sim. companhia fez. um convénio com a empresa de cruzeiros Celebrity, que vem investindo para oferecer expe rigncias diferentes aos passageiros de seus navios. Além de ter projeta: do um bar, que sera construfdo em varias embarcacdes da companhia © no qual serao vendidas bebidas € comidas exéticas, 0 pessoal do Cirque du Soleil oferecerd a bord um espeticulo ambientado com paisagens marinhas, no qual atua Ho personagens fantisticos como © “corresponder das ondas”, que 1rd aos passageiros mensa- gens dentro de g Como Bolingbroke antecipa, 0 Celebrity inaugura n mercado que tende a expandir- se, com a criacio de atragdes para lubes, restaurantes e hotéis. Isso explica por que © Cirque du Soleil se define basicamente como uma empresa criadora de contetido. 0 equilibrio como requisito de RH Guy Laliberté, que cultiva um perfil rigorosamente simples, sem- ‘eve hsmmanagementcom.br st a Tell [ie pre se diferenciou por combinar arte € negécios em sua visio da companhia. “A parte artistica é desorganizada e nada funcional. A comercial, por outro lado, € orde- nada. Acredito que bem poucas empresas alcancaram semelhante equilibrio”, assegura D’Amico. Em seu modo de ver, essa curiosa combinacao éa marca pessoal de Laliberté, que, além de atuar como CEO da empresa, desempenha pa. pel ativo na criacio dos espeticulos. Guy tem um lado despreocupado € outro exigente, e, ao selecionar executives, também procura n personalidade de seu se além do comercial, perderiam dinheiro. Definitivamente de preservar 0 equilibrio”, ref D'Amico. A“tabrica” coragao que mantém o sis tivo até carpinteiros, artisticos € fisicos, costur sapateiros A 30 minutos de carro da cidade de Montreal, o edificio-sede ocupa ‘wun hsmmanagement comb Oe ee C | et b-| bal Accultura do Tce em elegeleattr.| a personalidade de seu fundador, que vive a tensao entre 0 comercial e o artistico 75 mil metros quadrados, 32 mil deles de superficie coberta, ¢ sua construgao demandou um inves. timento de 60 milhdes de délares canadenses (aproximadamente US$ 50 milhées). Ele é constituido lois setores. O primeiro, mais (0, abriga os esttidios de treina- runs trapézios, um tanque cheio de cubos de bor No s que caem do teto, 108 € os ateliés encarre da confeccio de vestusrio e da ce afia, fungdes que nunca foram delegadas a terceiros. omo constatou a report de HSM M; em abril di aproximadamente 50 jovens, subdi vididos em grupos, fazem exercicios de aquecimento as 9 horas ao ritmo de musica eletronica. Eles tm em torno de 20 anos e recebem nirdo ou se fario parte HSM Management 52 setembro-outubro 2005 de um novo espeticulo. Ao meic dia, a lanchonete fica repleta de atletas, atores, técnicos, treinadores € funcionarios administrativos, to- dos vestidos de maneira informal. Somente se distinguem os artistas ¢ ginastas dos funcionarios de apoio pelas meias de danca, ou porque falam em algum dos 25 idiomas usados na sede da empresa, onde ha pessoas de 40 paises diferentes. Na ala nova, a producao se divi de em trés setores -sapatos, roupas e chapéus-, porque cada um requer cuidados especificos. Mais de 300 artesios trabalham nos ateliés, que confeccionam 20 mil pecas de ves tudrio porano-e até 4 mil pares de sapatos. Nos cabideiros do atelié de costura ha centenas de trajes, cada qual com uma identificacio que indica o espeticulo e personagem. Com excecao dos recém-con: tratados, nao ha artistas estiveis no Centro Internacional -estes estio em Orlando ou Las Veg: suas cabecas ficaram eternizadas nos moldes de gesso utilizados no atelié destinado a fabricacio de chapéus. Uma curiosidade: vista do ex terior, a sede do Cirque du Soleil em Montrea tipico edific ha cartazes n Som um sapato de palhaco, solitaria e escritérios. Nao n bandeirinhas. nte a escultura de bronze de modesta, representa as duas carac teristicas essenciais do citco: andar e entreter. © Viviana Alonso IM Management 3 Montr

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