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—s ee Arte, ENSINO E A PRATICA NA FORMACAO DO ENFERMEIRO Ana Luiza Lima Sousa’) [Nao se pode considerar bem sucedido wm tipo de educagdo que desencadeie um novo tipo de pensar, mas nao de agir. (Werneek, 1982:103). A discussdo sobre quais os principios que regem a formagto clo profissional de saute e, especificamente o enfermeiro, passa necessariamente por questbesfilosofias que devein ‘sero fulcro de qualquer initwigdo formadora, A concepdo dle homem, concepcao de ‘rabatho, a universidade ¢ sua responsabilidade junto ao individual e 0 coletivo, so questdes que este artigo procura discutir. A agdo do homem sobre a natureza, transfor- ‘mando-a para saisfazer suas préprias necessidades, leva-o ao conhecimento de si réprio, dos outros e do meio onde vive. Esta agdo - 0 trabatho - & 4 préprie fonte do conhecimento, Pensar o wrabalho como principio educativo em nossa tradlicdo ocidental, ‘que valoriza mais a palavra i agdo, é algo complexo. A universidade apresenta dentro de sua organizacao estrutural a dficuldade em concrerizara pratiea deste principio. Nao hd uma articulacao da academia comoconcreto, como real. formagdo mantén-se arrelada ‘ao principio do Trabatho Industrial Tradicional,insistindo na dicotomia entre o pensar € 0 fazer. Esta dificuldade & refletida nos profissionais que tem sido formadox para a alienacao e o descompromisso. Chega-se a reconhecer que 0 saber é elaborado a partir ddo trabalho, mas no se consegue vislunbraraassociagao teérico-pratica em una privis revoluciondiria. Jomo dovente ¢ enfermeira da rea de enfermagem comunité ia, tenho earregado, 20 longo de meu exercicio profissional, muitas vidas sobre a minha formagio © a 1 pritica. Ao sair da gradiagio, iniciei uma busca da felagio entre 0 censino da enfermagem e sua aplicagio na realidade onde vivo. [Neste artigo apresento minhas in- ‘quietagdes acerea deste objeto, mais na perspectiva de questionar do que apre- Sentarrespostas, Nesta reflexio sobre 0 trabalho (7 Poaasra Aria da Faculte ci Erie como principio pedag6gico que nortcia ‘ne Method Unread ‘a formagiio do enfermeiro sua prtica [Sli Mocha wm Eacorao Esco Boste-_* formagio do enfe pe ‘pala Faclincete Echcopto “UF. profissional, apresentare algumas con sideragSes sobre a concepgio de ho- ‘mem, concep de trabalho, a univer: sidade e sua responsabilidade na forma deste profissiona, A CONCEPCAO DE HOMEM Discutir sobre qual a concepgo do hhomem que trazemosé, a0 meu Ver, um onto inicial das questBes que pretend Jevantar, poisesta concep devertser ‘omortede nido. que se enta construir ‘ou destruir. A formagio profissional do hhomem, que passa pela ages educado- ras formais, informais ¢ nao-formais, devecthe dar a dirego do seu caminhar 2B com trabalhador. "A paride tais dias podemos afe- mar que tfungSo mais nobre daca Gao € educar a mente critica, com Spreenslo clea do real. Esta mente deve pertencer ao trabalhador qualif= ado como sujeito conscente, com do- ‘mini erticodo real com capacidade de fpreender a propria vida, Esta € a fun- ‘ho ttima da educagio. B ist no vai ‘Sepender do volume dos eonteddosre- passados, mas sim da qualidade deste onto, da capaciade deeMexdo so- brecloede uo aplicahilidade dentro de tina realidade histrica ¢conereta®. Esta tarefa no deve ser entondda como exclsividade da escola. A logica das relagées de produgio que norciam todo o viver em soiedade ¢ 9 unlate rade, portant fica diel acitara possiilidade da escola tabathar para a tueagio do homem onilatral 80 ela dpa determinadapor estas mesmas Trlgoes de prodigal. Exe modclo de onlatraidade presenta 0 homem como aqucle que supers a fragmentagSo eo utitarismo ‘ceonsegueatingiraunidade da eoria e ‘ritica. homem oniateral precisa de Um novo saber, Este novo saber exige uma nova fungio social da escola para ‘desenvolvimento de todas as quali des humanas"). Nesta formagio part ipa no 36 a escola mas o seit. em todas aelagées sociis, fazendo-sesu- Jeito ¢ objeto das tansformagbes na realidad. homer que se pretend formar, modelo de ser hurano de homem modemo € uma indagago que necess taresposta Busca-se a formagio do ser mais perfeito, mais wt. A substiuigZo do fomem unilateral especalizado e a nado, por um homem omuiateral no tspecializado e, sobretudo live da ex- 0 € da alienagso do sou taba fon, . Gadoti (1990) ao estudar o pensa- rmentode Marx, apresenta a omnilatera- Tidade no como 0 desenvolvimento de potencialidades humanas inatas, mas 6 a propria criaglo destas potencialida- des pelo proprio homem, através do trabalho. A educagio aparece como um {fendmeno vinculado a produsao social tou, Este modelo de homem vai se pro- durido na sociedade ¢ pela propria o- ciedade. As relages sociais constituiréo osyjeito'", Poranto no se pode esperar s6 da escola - institu ‘¢i0.- 0 cumprimento total e perfeito Sesta area © pensamento pedagégico moder- no vé na educagdo a fungao de realizar ‘0 que o homem deve ser. Suchodolski (1984) acredita que Marx no apresen- tava a educagdo como meio para a re> volugio social, mas sim como instrumentoparaeievaronivel decons- cigncia do prolctariado ¢ este sim, € 0 responsdvel pela transformagdo da so- ciedade. Desta forma, a educagio esta- “A fungao mais nobre da educagdo é educar a mente critica, com apreensao critica do real” ria sendo utilizada para a formagio do bhomem onilateral,¢ nfo vista s6 como © papel exereido pela escola, mas por todas as formas de relagSes sociais. A ccdueaglo como medida para deseavol- ‘ver no homem tudo o que implica a sua participayio na realidade social", stenovo rabalhador deve ter com- tnciatenica, hailidadespoiticase Eonhecimenmo cena CONCEPGAO DE TRABALHO Discutiraconcepyiodohomem nos Jeva a pensar na sua formagio e no seu papel dentro da saciedade. O homem & tum ser que prodz, mas 08 outros ‘mais também, O que vai nos diferenciar ‘com relago aos outros animais? Engels firma que o trabalho é a fonte de toda ariqueza, ao lado da Na- tureza, do ponte de vista dos economi tas. E que, como tal, & a condicdo fundamental de toda. vida humana... trabalho, por si mesmo criow 0 ho ‘mem? Utlizando-se da Teoria de Darwin, Engels discute sobre a criagao do ho- ‘mem através de suas ages sobre a na tureza, Primeiro surgia a necessidade ‘material e esta impelia 0 homem (ma- ceaco?) a agir sobre 0 que a naturera dispunha, transformando-a de acordo ‘com esta necessidade, Pura Engels, a propria evoluco da mao ocorreu em fungao de sua wtlizagao. O trabalho & {que especializou e desenvolveu a mio humana. A mdo ndo é apenas 0 drgdo do trabalho: é também um produto des te (p-217)°. ‘Nios a mo mas todo o organismo hhumano sofre esta ago transformado- © dominio da Nature iniciado ‘com 0 aperfeicoamemo da mao, com 0 trabatho, ampliava 0 raio de percep ses do homem, a cada novo progresso (p.2179, (© homem passava a perccber a ne- cessidadee uidade da Vida em socie~ dade, Esta aproximasio ocorria cada ‘vez mais. A vida em sociedade eriou tama outra necesidade: a comunicagio entre os homens. Da originot a ling gem. Prineiramente 0 trabalho e, em Segui em comseqiénca dele, a pala va. (p. 21899), Sob estes dois esti Tos: linguagem © Wabalho, o cérebro hhumano se desenvolveu e se aperfei (0 trabalho © a linguagem so for- ‘mas mediatizadoras da consciencia do ‘homem, para que eleexisiaem socieda- de. 0 trabalho 6 a propria objetivagio doseitocapossiblidade deconscin- i. Por meia da interago da mao, dos <érgos da linguagem e do cérebro, nio -sdemeadea individuo, como também na “soviedade, os homens se foram capaci: tando para realizar rabathos cada vez ‘mais complicades, para fixar objtivos ada vee mais elevados e alcangé-los. 0 prépria trabalho se foi tornande di ferente, de geracao para geragao, isto 4 mais complexo, mais completo (p. 221), rateaacs al & presente no oo ert rece, rs crt kas mari do omecSo rig Sa BOTTOMORE, Temata Donde ‘2 Ponaamente asta S05 Soe ar Eat Po ce erro 888 Satide « ows ae Aa tigoe Sob uma visio marksta pode-se afirmar que o trabalho € prvilegio do homem, pois s6 ele € capa de ser sn cenerpia paratransfrmar @natreza a $20 favor ¢ dominila de modo cons Cente ¢ proposal O wabslo, portan- to, alters ovestado natural das coisas coma fim de melhorar su atlidade- ' difereaga eae o rabatbo huma- no. atvidae animal € que 0 animal apenas utiliza a Naturez, nea prove ‘indo modificagSer somente por sua Dresenga eo homem domina a Naure- ssp uma ago pews, um pac 10, mo sentido de objetives fntecipadamente conhecidos e deter “i “Fdotraatho humano prevé uma atividade infelectale mecca ma sa realizago. Eimponsiel separa, no ho tnem, em dois momentos nail que coe smuiltaneamente. Ao agirmsta- ticamente,o homem jé pensou 2 sua ago e nfo pode mais ser tido como 1x6 dato increta, ‘A itsistncia do capitalismo) em Imantrestauptra, em como produzir a alienagao do traathador © Imanterahegemoniadeuma clase 10 Se refete na forma de ensinar ao taba. Thador: 0 saber pritico se aprend fs endo, eo saber intelectual se arene na escola,E mesmo dentro das escolas fi uma separa entre 0 aprender & pensareoaprendera faze, data grande Gieuldade de aicuagan entre Educ {oe Trabalho, ‘A separagio cnr intelectual © ma- rus, permanece na prog dem prolcariado alfenado e dominado em Sua pric, O saber poe trace a con digdesparaopodere, portato nega to trabalhador associa dcisi cao Como se fosse pssivel, no trabaiho humano,detrminar os mites precios entre o saber faz. Neste sentido Gramsci avanga quando diz que o trabalho tem carer {Gérco-pratico © poder transformador das relies socials. Manx deixa claro que ohomem nio <éumacoisa dada cacabada, mas um sr sformagio,siravés de aoa pri em uma raid materi. Por tamo, qualquer conbecimentosepardo 4o trabalho, aaa por se opor a ee. O homem tanto 60 agente como 0 suite da realidade onde est. As cireunstin- cias devem ser ransformadas pelo ho- mem, miso prdprioecador tem de ser educadal Esta atvidade de formac3o do ho- ‘mem éckamada de prdrca social ou de trabaiho social. Apedagopia esti pre- sente nas cicustincias dé vide 40 ho- mem, dando-Ihe dire; rintando Sua trjtiia.O que € podagdico pode sr ediucativ, pode prtiipr na formagso (0 trabalho, concebido como todas ‘as formas de atvidade humana pelas ‘quais 0 homem apreende, compreende transforma a cireunsanctas ao mes- ‘mo tempo que se transforma, é catego Bee “O saber pode trazer as condicées para o poder e, portanto é negado ao trabathador associar decisiio e ago” ED ra fandamental do processo de elabo- ‘raso do conkecimento (p. 5). (0 trabalho nto pode simplesmente ser conceituada como sende todas 38 aividaessenties como tal pelos su- Jeitosque os realizam, mas 6a stvidade {que poset poder tranaformador sobre a natureza, de modo consciente™, gui surg o trabalho como eate- sori cent ma educagio. Na concep- $¥o educacional da modernidade ¢ Teoria da Formagdo € centrale indica aque o proto de formagi €histsrico. ‘Apresenta um modelo de sujeito a ser formadoe india os processosbisicos dessa formagio: que seria a sociedade Uma circunstincia fundamental para esta formagao 60 trabalho que passa ser 0 principio educative. A forma como cate principio vai sr lizado € determinada pelas relagdes de produ Gio da sociedad ele € 0 denommnador oma em td congo de vida hi- © TRABALHO COMO. PRINCIPIO EDUCATIVO © homem, a0 agir sobre a natureza, transformando-a para satisfazer suas necessidades,esté produzindo conheci- ‘mento, Esta ago do homem &0 proprio trabalho!) Aravés dele o homem co- inhoce asi préipri, aas outros e 90 meio conde vive, 0 ponto de partida, portanto, para a elaboragao do conhecimento, sdo 08 homens, em sua atividade, em seu trabalho, no interior das relagies sociais que eles geram (p.5Y® Na execugio do seu trabalho, ho- ‘mem produ conhecimento que vai pro- Piciar transformagées no meio onde est imserido.E pela prtica que se ob- im a verdad e se forma o homem. Dentro de nossa tradigio ocidental, pensar 0 trabalho como principio edu- «ativo na formago humana é algo ex {remamentecomplexo, pois, deve partir da propria concepga0 de homem, de mundo e de trabalho que sustentam a pedagogia modemat ‘Gramsci apud Kunzer (1992) aire ‘ma que um principio educative € a for- rma como & sociedade educa seus tcleetuas considerando as Fungi sociais que eles irbo desenvolver. Por- tanto este principio educativo soft in- ‘lugneiashistricase sociais Isto pode ocorrer de uma forma tra- dicional - principio edveativo traicio- mal -e de ua forma nova. O ue vai detcrminar tipo de principio a ser adotado serio fundamentalmente as r= lasbes socais de prolugdo. O trabalho industrial tradicional foi substituido a partir da Terecira Revolugio pelo Trae batho Industrial Modemo. Sio prine- diferentes de produgio, regidos pela mesma formula captalsta de at mulo de riqueza ealienagio entre taba- tho trabaihador. Dentro de um prinepio educative tradicional hi uma separagao premed tada e rigorosa entre fungbes inteloe- tuais ¢ fungoes instrumentais. Esta visio foi estabelecida porrelagéesso ciaispré-apitalistasenasce em fungd0 (2a ge pr capa ot serine atari cir arcsec de sep atop aot do abe precede 8 ‘alenao ota omarion domme do dana co cea (Pras conc car comarca Gov eps a sodade harana paca Que © spac avid anima tamer er sr roe © Ie v camaro vs Hentigos a divisio social determinada pelas re- ages de pode" Este principio corresponde ao est slo anterior do desenvolvimento capi- talista, onde a formagao dos Intelectuais se fazia através de propos tas dferenciadas de formagao de diri- gentes e trabaihadores que ‘organizavam diferentemente e de for- ‘ma desarticulada conteidas voliados ‘para a formacdo humanista ou profis- ‘ionalizante, em decorréncia da fungio social a ser ocupadatp. 13)°). De acordo com este principio, ota batho intelectual éreservado & burgue- sia, separado do manual e pretende constiuir uma teoria pura. © principio educativo tradicional «partir do momento em €-0 trabalho assumem ‘ovas formas de relagio, Nio se perce be to claramente a velha distingao en- tretrabalhador intelectual etrabalhador manual. Os processos produtivos, ao incorporarem mais teenologias, tor- ‘nam-seaparentemente mais simples. no entanto, passam a exigir mais conheci- mento ‘por parte do trabalhador para conseguir © dominio da maquina. Este dominio nfo significa, entretanto, ‘maior qualificagao no sentido de poder sobre 0 proprio trabalho. A segmenta- (Go entre saber tesricoe saber prético ‘mantém-se camuflada sob uma preten sa qualificagio do trabalhador. O 699 talperderia, se insistisse na manutengao ddo mesmo principio de separacio total entre 0 saber tedrico € 0 saber inst ‘mental, pois, nas relagdes sociis de produgio, afronteira ene os Jois no existe mais. Noentanto éustamente af Aue vai se manter todo 0 controle do capital sobre o trabalho eo trabalhador. ‘As novas relagdes sociais de produgao no alteraram 08 prncipios da organi zag capitalista do trabalho!" As no- vas formas de relages de produgio na sociedade moderna vém exigindo mu- dangas neste principio educativo, na bbusea de formar um homem adaptado As novas necessidades do capitalism, surgindo 0 principio educativo moder- no. Esta organizagio mamtém separa dos os espagos de concepgio © de ‘exeeugio 80 mesmo tempo que busea sempre, através da aceleraglo do ritmo do trabalho com a incorporagao dos avangos das cineias - microeletrdnica = aumento da produgio. consequente scimulo da riqueza. ‘© que precisa ser questionada & prépria concepeio de qualificagso. Em lum sistema capitalista, esta qualifica- (lo expressa as condicdes e qualidades Jisicas e mentais que compéem a capa- ‘cidade de trabatho © passa a ser deter- minada pelas relagdes sociais, constituindo-se em mercadoria®, © desenvolvimento da tecnologia tem realmente exigido maior qualificagio? (Qual é a qualficagio exigida do novo ttabalhador? Pee cane i EL) “0 principio educativo tradicional entra em crise a partir do momento em que a ciéncia eo trabalho ‘assumem novas formas de relagdo” Estenovo perfil de qualifiasoexi- sido pelas demandas do capital mio onfiguram um processorevoluciond rio. A escola permanece com a mexma Fungo social de edcaro tabalhador «que ocapitalexige ara aquele momen- tb. A preocupagio com formas po- tzmtea 36 chega ae onde no se ameaca para aordem vigente) ‘0 trabalho incoporou os conbeci- mentor que ee prio geo, mas 30 ‘asso a Ser dominio do proprictro do ‘apt, Oconhecimentoe sexperinc esto impregnando as novas méquinas: {nio se exge do trabalhadoe ano ser © dominio desta maquina. 3 perda do contetido do trabalho como pritica re- ‘eladora a verdade. ‘Um novo principio educsivo € ne- ‘cessério.em uma nova sociedade funda- mento no taba industrial moderne ‘enquanto atividade tebrico-prética, para formar um novo tipo de intelec- ‘wat (Petar eat sarc nado v0 lo oom 0 snide depois, mas eka, ‘heme tgrl co hom O trabalho seria este nove principio ceducativo, Nio 0 trabalho wisto.de tmodo fragmentado ¢ alienado, mas 0 trabalho como ago transforma 0- the a matureza, © lado positive da pd ‘Anicular, em um mesmo projeto “Trahathoe Educa exige um exere- cio de avto-andise dent do Sistema Edvcacional, com o objetivo de identi fiear as princpais essences Segundo Arroyo, a nossa tadiio Sloxsicaenfatiza muito mais as pal ‘ras que ago. A comunicagdoapare- ce construindo 0 sujeito social, onstruindo sia moralidade, sua spa” Cade comnitivac scus comportamen- {ox”-F, portant, dentro das Teoris da Educagio em predominado o peso das palavras sore a8 agbes, ¢ 0 trabslho Sicimente aparece ‘Quando aparece é de forma dsar- clad, entre fngio intelectual ¢ in {ramental. 0 Objeo dessa educasio€ a formagio do sjeito enguanto caado eset racial endo dosijeto taba Thador. A escola forma o cidadi, r= proxi as TolagGes sia, mantém a hhegemonia da barguesia ides ni produgio deme Yeora-pura. ‘O trabalho como principio ed ve dificilmente aparece na Historia da dvcagdo, emora a panir de Marx hi forgosamente que se feconecer a prd- aisrevluciondria. "Nos momentos em que o trabalho foi acetocutlizado pedagogicament, isso ocorew em estrus organizaio. tas extras no sistema edcacional GGeraimenteo trabalho cr usado como instramento de reforma soci coerga0 cde menores dlingdentes,ficando fob jurisigdo da Secretaria da Justia. docago para idan ¢edvca- so para trabalho, com aformagio do trbathador,comas quests relaciona- das com a pofissi, ifcimente 330 ‘equacionadasem um mesmo projta A educario € wm fendmeno social, ortanto, produto e produtor de vérias ‘determinagbes sociats (p. S7¥. ‘Quando a questio da educagio para ‘0 trabalho chega a ser discutida, isso & feito com uma visso utilitarstae frag- B SaIde w euveo a ee tigad ‘mentéria,entendendo que deve se tratar de fungdo das federagOes patronais\”. ‘A-educagio para o trabalho nio é con templada nas discusses dos projetos sobre educago. Nesta concep0 es: treita da edueagio, seu papel & tornar 0 trabalhador dil, mas Gul para quem? ‘Adificuldadeem equacionar educa- ‘¢40¢ trabalho em um projeto moderno da pedagogia, € facilmente percebido ‘até mesmo nos textos didticos uiiza- dos nas escolas, Eco & Bonazzi, 1980! mostram, através de uma coletinea de textos de livros didticos da alia, que o discurso 40 trabalho como modificador da nau reza, produgdo de objetos, instauragio derelagdes sociais,estava praticamente ausentc(, O trabatho é encarado de una for- ‘ma arcddico-arcaica os textos fazer vislumbrar figuras de camponeses, ‘marceneiros, semeadores, fereiros. O trabeatho industrial € muito pouco cita- doe, quando isto é fei, verifica-se un processo de antropomerfizagdo da fé- brica para tornd-la mais semelhanie a forja ow & oficina, Ndo sdo salientados ‘os aspectos téenicos do trabalho. Esid ‘quase completamente ausente do dis- ‘curso 0 aspecto transformador: 0 tra balho como modificagao da natureza, insiquracdo de relacdes sociaisp. 20), [No caso do Brasil os exemplos slo mostrados por Nosella, 1978! e cor- roborum as descobertas européias. O trahalho na vida escolar 6 apresentado, através de textos diditicos, como um entretenimento um esforgo que ésem- pre recompensado por bom dinheiro ‘As elagées de producio nunca io con- templadas em ais textos, mas escondi- das em histOrias ficticias que apresentama belezaeafelicidade de se trabalhar. AS profisstes descritas nos textos iditicos sio slienadas, falsas e nto ‘correspondem aos trabathos reais de pessoas concretas(13), O trabalho in dustrial € apresentado como resultado angio de potentes maquinase a figura 40 homem no € controlada, Estas idéias apresentadas aqui tm sido discutidas a nivel das escolas de primeiro e segundo grau, mas ainda é ‘aro encontrar tais questdes no seio da Universidade. Tor-se importante tra- ‘2er tas consideragdies para esta agéncia ‘que também forma otrabalhador. AUNIVERSIDADE A Universidade nasceu durante 0 periodo da Idade Média, como resposta as determinagGes da Igreja. O saber in- telectual pertencia exelusivamente aos ‘lérigos, que se encarregavam de man- \G-1o a salvo da curiosidade do homem ‘A Universidade, a0 ser eriada, con solidou os limites entre 0 saber te6rico ‘Go saber pritico, Iso acontecew como | “A crise na Universidade pode assumir vérias faces, no entanto, a mais séria € comprometedora é a falta de definigaio de um principio educativo que atenda a necessidade de formagao do homem que a sociedade pede” TSE resultado de determinismas soci. Bl surge assumindo a fungio de guardi da teoria purd®. A organizaco das universidades marca a iferenca de status entre 0 traballo intelectual, oriundo do conhe: Cimento abstrato, privilegiado. € do trabalho manual, desenvolvide pelo ove, nascido das necessidades de so- brrevivéncia e sacialmente desvaloriza do, Universidade tem representado um quente e confortdvel itero que pro tege seus académicos do eaos, da de~ sordem, que sdo as relagies sociais cconcreias, onde ndo existe explicado dofinitva, onde todas as verdades 50 remporais e passageiras, onde as com- peténcias so desafiadas a cada mo- rmento(p. 21)" ‘A Universidade Brasileira, embora tenha surgide no inicio do século e, Portanto, razero mérito de ser astante nova, i carrega consigo todos os des Vios e problemas das precursoras. ‘As dimensBes da crise na Universi dade hoje, vio desde sua concep, financiamento, legitimidade até 0 prin- cipio educativo que a rege ‘Accrise na Universidade pode assu- mir varias Faces,noentanto,amais seria ecomprometedora éafaltadedefinigo dde um prine‘pio educativo que atendaa rnccessidade de formagio do homem que a sociedade pede. Nio um homem fragmentado, especialsta, mas o ho- mem que se eneaixa dentro da concep= 0 de onilateralidade de Marx. A formagio de um trabalhador critico e no $6 a manutengdo da ordem com a formagio de cidadios decentes. ‘Como uma insttuigio conservado- insistido em se utilizar do principio educative tradici tendo uma divisio ideolégica sobre 0 trabalho, como se fosse possive separar 0 tedrico € © pritico, 0 intelectual e 0 ‘manual de acordo com a vontade deter- ‘minante, O trabalho € fundamental no processo de claborasdo do coneci- mento € & a0 mesmo tempo te6rico € pritico, intelectual e instrumental”. ode-se pensar que dentro da Uni- versidade, as atividades exercidas por ‘seus agentes io valorizadas segundo 0 prestigio que detém, Aparentemente aquelas que sto do dominio intelectual ‘cupam 0$ primeiros espagos, ficando (0s sltimos para as atividades instru ‘menfais. Existe, inclusive, a possbili- ‘da_existéncia’ de uma inagao destes campos, com a ‘pesquisa ocupando o lugar de excelén- cia, vindo em segundo lugar as ativida- des docentes, que jé envolveriam uma imtegragio entre o saber intelectual € 0 instrumental e por dtimo, o campo da textensio onde © saber intelectual nio icessitasse estar presente € fosse exi- tgido somente um dominio instrumen- tal Estes espagos deveriam ser ocupa dos para a articulagio da Universidade ‘com o concreto, com o real, no entanto, tém permanecido & margem até mesmo ‘das discusses mais sérias de reformu lagbes de curriculos. ‘0s profissionais tm sido formados para a alienagio © para © descompro- Ne amanco ot a ertigos misso, Uma nova Universidade, enga- Jada no mundo onde esté presente © ‘comprometida, formatia um produto tamemcomprometag8. (Os docentes se perdem na hora de definir estes espagos, no deixando ‘uma delimitagae precisa do que seja ‘uma atividade de ensino por exceléncia ‘© o que seja uma atividade de extensbo. ‘A.tividade do aluno enquanto aprendi- zado nio 6 discutida como trabalho. Nao se (re)eonhece a pris no ato de estudar. O estudo, visto como trabalho por Gramsci nlo é reconhecido. Esfor. ‘sa-Se para manter a dualidade entre © Saber te6rico e a prtica, perdendo-se ‘oportunidades da associag0 em uma réxis ransformadora isso resulta uma Universidade apstica inserida na sociedade de Forma ‘nodora,insfpidae incolor. © PROFISSIONAL DE. ENFERMAGEM A histéria da enfermagem tem re- sistrado as ambivaléncias entre 0 pen sar e 0 fazer como resultado da ideologia assumida pela intelectuali- dade orgdnica") que & a responsivel pela formagdo e pelos modelos de pri ticas de saide'"®). 0 mesmo ocorrendo ‘com © profissional médico. A concep- $0 € a execugio do trabalho médico lambém sofre uma separaglo entre 0 intelectual ¢ 0 manua®®, ‘A formagio de trabalhadores da ‘rea da sade tem obedecido a0 prinet- pio do Trabalho Industrial Tradicional ‘mantendo-seadivisio entre as palavras eas agdes. Estes profissionais vlo par- tiipar na atvidade reguladora ds pro ddutividade e da forga de trabalho!) Chega-se a reconhever que o saber 6 elaborado a partir do trabalho, mas Io se consegue vislumbrat a associa- {lote6rico-priticaem umaprdxistevo- Iuciondria. Formam-se profissionais acreitan- {do que o trabalho em saide esti desvin- culado da idéia geral de trabalho, aparentando serem, mais distinas, ‘mais nobres. Parecem ser algo mais que trabalho, pois permitem aos seus agen tes a obtenglo de privilégios ou po- ‘dex. Sao trabalhadores incapazes de se reconhecerem como ta nas elagSes de produgio na sociedade em que vem. Estiveram todo o tempo na Uni- versidade, aprendendo a priorizar a teoria ¢ recusar a prética como agente pedagégico. Formaram-se sem com- romisso com a prética social. Quando Iniciam a sua pritica profissional, si0 Incapazes de reflexbes erfticas sobre 0 real, € acabam agora por desvineular a teoriada priticaaoinversoe cairemum lativismo ndo-reflexivo, desnuttido de teoria('9, A. prdxis revolucionsria & \desconhecida para este produto de uma tuniversidade conservadora, acritica © despolitizada, ERE “Formam-se trabathadores, hoje, para um mercado de trabalho em movimento constante, da mesma forma que se formavam os trabathadores no inicio do século, como se as mudangas nao tivessem ocorrido”” Formam-se trabalhadores, hoj ‘para um mercado de trabalho emi mo. mento constante, da mesma forma que se formavam os trabalhadores no inicio do século, como se as mudangas no tivessem ocorrido. Quando muito, $2 preocupa de thes aumentar @ conteGdo {e conhecimento tedrico sobredetermi nadas especificidades, mas a ertica o- bre 0 conteddo nio é contemplada, Esta formagio critica prevé 0 edu- ‘eando se exervitando em aliar © pensar ap fazer em um proceso dialética e ‘comprometido socialmente!"®, © PROFISSIONAL DE ENFERMAGEM ~ PROBLEMATIZANDO SUA FORMAGAO A histéria nos traz exemplos claros de como se processa a divisio entre © trabalho intelectual eo trabalho manual ra enfermayem, a partir do que € esta- belecido pela ordem social. A enfermagem nasceu dividida em dois exiratossociais distintos. As ladies cabiao pensar, concretizado nos posios cde comando; as nurses 0 fazer sob a directo das primeiras. Para. trabalho ‘manual ficaram as nurses, provindas de classes sociais mais baixas. A dico- tomia entre o manual e intelectual € assim evidenciada na enfermagem (p. 55) (18) A afirmagao da enfermagem como profissio autonoma tem exigido refor- mulogGes radicais nas agéncias forma doras desta mio-de-obra, apesar da opulagZo ainda desconhecer a verda- deira fungio do enfermeito ¢ por isso mesmo nio exigir a sua presenga O mercado de trabalho tem determinado.o profissional necessério de acorda com as relagdes de producio histéricas, A politica de saide brasileira ndo oferece condigdes de absorver,e mesino de re- conhecer. asnecessidades do.enferme ro. E esta falta de identidade inicia-se na formagio deste profissional. Ele ‘mesmo no se reconhece portanto no tem a coragem e o empenho necessério para se afirmar como profissional aut6- ‘nomo. As solicitagies da Sociedade tem aleangado a academia e ainda aguar- dam respostas, Permanece aquestios0- bre qual profissional se deseja formar: tum que responda aos anseios capit tas de produgio ou um profissional po- litéenico que tenha suas qualidades totais desenvolvidas e possa contrbuir, com sua précis, na transformacio 80: cial? A propria pritica intelectual e os docemtes.precisam buscar definigdes sobre o que desejam) ‘Oestudante deenfermagem tem seu tempo, desde o inicio do curso, dividido para que possa ter © maior contato pos- sivel com 0 maior contesido imaginado (inlcude Crp De aco com Grams cada pupo soca em pars as cumades acti qu vb ed homegnniade a conscir- ‘ha pia, noscearpeseconimos soca © pomnce. Satide « enue —— a eA atigad para aquela carga horétia. Pensa-se a reforma curricular através de mudangas de contesdos. Discute-se a melhoria do ensino aumentando a carga horéria dos ‘cursos. A realidade interfere na forma ¢4o deste profissional, na medida em Aue ele se vé obrigado a identficar um ‘mero cada vez maior de um arsenal tecnolbgico, sob a ameaca de vir a ser tum téenico desatualizado e desempre~ ado, Oencontro com 0 real € montado a partir de contatos com equipamentos ‘modemos, como em um cendtio, Exige se Hospitais-Escolas cada ver. mais ‘equipados estualizados com as dtimas descobertas tecnoldgicas. A visio € uli- Titarsta e quando muito avangada pode ser organicista, mas no chega a atingir a dialética da pritica profissional. Formam-se profissionais de sade cenclausurados em uma zona de forca, 0b o pretexto de protego. E neste es ago, nem docentes nem alunos conse {guem definigbes sobre qual a prética evem exercer. Para alguns profissio- nais da saide a dificuldade existe até ‘mesmo para se reconhecerem como tra- balhadores ‘A Universidade nio responde a uma 4qualificagio do trabalhador em saide por que no tem concepedes claras so- bre trabalho e qualificagio. AA patticipagio de académicos em atividades que envolvam 0 contato di- retoe desprotegido com 0 real, é pron- tamente negado sob pretexto de defesa dos alunos, de nio utlizago de mao- dde-obra barata. Os professores ndo se arriscam aum novo principio educative ‘onde vio ter que assumir a fragilidade ‘de seu saber te6ricoe estético. Colocar- seem ona de batalha nioé exatamente © ideal de pritica docente nas nossas universidades®) ‘Assumie 0 trabalho como prinefpio educative significa um compromisso da Universidade coma sociedde, com no- ‘os termos neste contrato, assumindo a formagio de individuos comprometi- ddos com transformagies sociais(™®, O ensino ea pritica isolada devem ser combatides ¢ a competitividade en- tre professores e profissionais esqueci- da. Os fatores dissonantes a formago do enfermeiro podem ser a indefinigao do papel do profissiona, a dissociagdo entre eoriae prdtjca eando relevincia dda realidade. Prioriza-se a formagio técnica, oconhecimento mais verticale ‘critica sio marginalizados™, A incorporagao da tecnologia pelo trabalho modemo tem coloeado 8 mar- ‘gem todo trabalhador que se recuse Acompanhar tis mudangas, Ea Univer- sidade persiste na formagio de profis- de conereta, Ela tem trabalhado para a ‘manutenglo da ordem estabelecida he~ ‘gemonicamente, correndo o isco de fi- car 3 margem do processo de mudanga que esta prépria sociedade capitalista, ‘de modo contraditério, tem estimulado. A produgdo de um conhecimento comprometida com a realidade $6 6 Eas “A politica de satide brasileira nao oferece condigdes de absorver, e mesmo de reconhecer, as necessidades do enfermeiro” possivel quando mediada pela pritica do saber te6rico = prs revolucfond: ‘Analisar 0 compromisso do profis- sional com a sociedade deve ser através do reconhecimento de que, antes de ser profissional, ele éhomem. E este com- promisso € uma divida do homem a0. fazer-se profissional!®. ‘A consirugio de concepgies sobre ‘© mundo, 0 tipo de homem que deve viver nele e de que forma deve viver, precisa preceder qualquer tentativa de ormagio do profissional de sade, ten- do © principio educativo do trabalho como mediador. Sem esta contempla- ‘glo corre-s¢ 0 risco de mudar a reccita ‘mas manter-se o produto inalterado. "Asquestes apresentadas nest _20 permanecem com poucas ¢ insuf ‘ientes respostas para satisfazer minhas inguietagGes. No entanto, ficam regis- tradas como expressio de uma busca ‘que esté somente iniciando, REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS 01. ARROYO, Mave! Eeaghog Trabao. ‘pana na Une Fea Goat" wrane Coane CO, 2, BRITO, 2a Garo arg Eaveand pra o drcadree Sopa SP joa 0s (03. BRUNO, Readn Prteas de Sade: rocaaso go Trabalho» Neceeadaden. domes Sho Paso $B. CEFOR, 182 (04.£00, Ubu &BOMAZZL Mavic. Mentas eur ean So Pa OS ENGELS. Foren A Daten a Metro, Dea Regn Janove- Ra Pare Tea OTs 5 ann Coles An fe 7. GADOTT. Moss: A Concept lion encanto eco Pas 68. GRAMSC! A. Onna nto: Casas fer 198 scone tao ne Mideae a 00. seaport eee cases, 12. MARX, Ka ENGELS, Fadi A eotogla Alama Teses sobre Feuerbach ‘So peuo "SP horas 1008 "M4. NOSELLA, Masa de Lures Coat Dt ‘te Balas Momiras a secloga ojecente os feien satteos. 100d Sho Pouo" SF race toe 1 RESENDE Arta rar Ami ‘Soeedecme egies Sodas Cometousgeanraca Portes ‘iran Cation de S80 ‘grado go Pol Ooo S80 Paso 1852 mime) REZENOE. Ara Lica Magia Se Sade: itn do pnaare Solas 2 to 17. SUCHODOLSK:, Boasn. A Pecogogia eat ‘Grandes Corrente Fostcas, Cates Rovers. Pore eg vo 2. nT1s8.3690 bt 1090 SAE omunco

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