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GESTAO DOS RESIDUOS SOLIDOS URBANOS. disposic&o dos materiais indesejaveis pelo ser humano, co- leta deficiente, auséncia de tratamento apropriado e locais para fazer a disposicdo final, com consequéncia do gerenci- amento inadequado. Aliais, essa é uma das maiores preocu- pac6es das sociedades contemporaneas e um desafio para as autoridades publicas dos municipios brasileiros. Nesse cerne, a gestdo continua e integrada dos resi- duos sdlidos urbanos passa a ser um dos mais evidentes problemas ambientais e desafiadores para a maioria dos gestores de comunidades urbanas ao redor do mundo, prin- cipalmente, a etapa de disposicdo final, que demanda solu- c6es urgente para reduzir a quantidade de residuos sélidos enviada para os aterros sanitarios. Os principais desafios séo 0 crescimento da popu- lacéo, que nado para de aumentar, a quantidade de resi- duos sdlidos produzida diariamente, a auséncia de politicas publicas efetivas que incentive a separacdo dos materiais umidos e secos na fonte, os reciclaveis e perigosos, e a falta de espaco disponivel em aterros sanitarios para fazer a dis- posicao final. Por outro lado, tem crescido as discuss6es entorno do tema, e a inclusdo das questées ambientais na agenda politica e na midia global tem contribuido para sensibili- zar a sociedade civil, para a importancia da separacdo dos residuos sdlidos na fonte. Em linha, a industria comecou 1 minuto restantes no livro 75% GESTAO DOS RESIDUOS SOLIDOS URBANOS. reza, que tem recursos nao renovaveis explorados excessi- vamente pelo setor produtivo mundial. O entendimento basico do termo “sustentabilidade ambiental” previsto neste relatério expande essencial- mente nossa percepcdo comum da atividade humana de modo a ligar-se mais claramente com 0 conceito ecoldgico de interdependéncia, delineando os limites desse uso de “sustentabilidade” para corresponder a sobreposicao da ati- vidade humana sobre 0 funcionamento do ecossistema de apoio *°, Analisando cronologicamente o uso do termo sus- tentabilidade de forma aplicada, pode-se dizer que as mu- dangas paradigmaticas que vao orientando as atividades humanas ao longo dos tempos e a evolucdo do entendi- mento conceitual acerca do desenvolvimento sustentavel sao questées que estao imbricadas. Da mesma forma como os problemas ambientais tém relacdo direta com a producio, consumo e geracio de residuos sélidos urbanos. O crescente aumento da produ- cao de residuos sdlidos vem de um padr4o de producao e consumo insustentavel, vivenciado em todos os paises do planeta, junto com o manejo e manuseio inadequado, espe- cialmente, durante a fase que envolve o descarte e a disposi- Ao final. Aproblematica dos residuos sdélidos origina-se da ma 1 minuto restantes no livro 74% GESTAO DOS RESIDUOS SOLIDOS URBANOS. O reaproveitamento de materiais e residuos sdlidos reciclaveis para a producdo de novos produtos, com o mesmo propésito ou um propésito similar aquele para a qual eles foram originalmente destinados, é uma aco cres- cente entre as industrias que anseiam a sustentabilidade de seus processos produtivos. A busca da sustentabilidade pode ocorrer através da prevencao, mitigacaéo de impactos (econémicos, sociais e ambientais) ou da pratica de medidas de compensacao. Nesse ponto, é consenso entre os pesquisadores que a mi- tigacdo dos impactos ambientais é um dos aspectos princi- pais a serem gerenciados na busca de uma melhor pratica de sustentabilidade ?°. A ideia de sustentabilidade ganhou corpo e expres- so politica no Relatério Brundtland de 1987, que define a sustentabilidade ambiental como aquela capaz de “satis- fazer as necessidades da geracdo atual sem comprometer a capacidade de as geracées futuras satisfazerem suas ne- cessidades”. Em outras palavras, significa que as proximas geracdes devem ter as mesmas possibilidades de consumo, moradia e renda que cada individuo tem no planeta no tempo presente. O relatério final expressou uma preocupa¢ao com a tensao entre as aspiracdes da humanidade para uma vida melhor, por um lado, e de outro, as limitacdes da natu- 1 minuto restantes no livro 74% GESTAO DOS RESIDUOS SOLIDOS URBANOS. Uma questo que precisa ser considerada pela socie- dade é que, a maioria dos recursos naturais do planeta sao bens limitados e exauriveis, por isso, as preocupacdes com o meio ambiente tém repercutido cada vez mais no cenario mundial. Considerando esse fato, as empresas devem criar recursos alternativos para producao de seus produtos, reu- tilizar, reaproveitar e fazer o uso consciente dos recursos naturais, como citaa PNRS. O uso de mais praticas sustentaveis por parte das organizacées, além de fazer o bem para o meio ambiente e bem-estar da sociedade, tém também gradualmente sido percebida como uma fonte potencial de vantagem competi- tiva estratégica para as empresas. Com a consolidacdo do conceito de sustentabilidade, os critérios ambientais passaram a ser considerados desde o projeto do produto. E cada vez mais evidente que a adocao de padrées de producao e consumo sustentaveis e o geren- ciamento adequado dos residuos sdlidos podem reduzir sig- nificativamente os impactos ao ambiente e a satide 48. A crescente preocupacéo com o desenvolvimento sustentavel tem levado o maior interesse das empresas por sistemas de producio de ciclo fechado, onde os inevitaveis residuos sdlidos resultantes dos processos produtivos pas- sam a ser matérias-primas de novos produtos. 1 minuto restantes no livro 73% GESTAO DOS RESIDUOS SOLIDOS URBANOS. para a natureza, jd que tudo gerado poderia ser decomposto. Porém, a partir dessa época, a quantidade e as caracteris- ticas quimica, fisica e biolégica dos residuos sélidos foram se alterando. Somando-se a essas consequéncias, houve um. intenso crescimento populacional e incentivo ao consumo. Como resultado desse processo de consumo em massa, aumentou muito a producio de residuos sdlidos em todas as regides do planeta. Nao obstante, a capacidade de degradacao pela natureza continuou da mesma forma. Os locais de disposicao final e as técnicas de tratamento tam- bém nao evoluiram muito. Para piorar a situagao, mais re- centemente, a industria tem produzido mais produtos com combinagées variada de substancias, e com ciclo de vida muito curto. Essas mudangas decorrem especialmente dos mode- los de desenvolvimento de produtos pautados pela obso- lescéncia programada, pela descartabilidade precoce e pela mudanga nos padrées de consumo baseados no consumo excessivo e supérfluo. Como os recursos naturais nao renovaveis nao s4o infinitos, consequentemente, 0 padrao de producio e con- sumo atuais sao insustentaveis. Indubitavelmente, a utili- zacao dos materiais provenientes de recursos nao renova- veis deve ser mais regrada e com uso eficiente, e a produgao e consumo ser menos prejudiciais para o meio ambiente. 1 minuto restantes no livro 72% GESTAO DOS RESIDUOS SOLIDOS URBANOS. PARTE 10 Sustentabilidade urbana e os residuos sélidos A geracdo de residuos sdlidos urbanos global e o consumo de recursos naturais ja estao acima da capacidade de suporte da terra, é o que aponta estudos de diversas organizacdes de pesquisa da area, como a Associacao In- ternacional de Residuos Sdlidos (ISWA), 0 Programa das Nagées Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e do Global Footprint Network (GFN). Ou seja, a humanidade esta uti- lizando recursos naturais de forma mais rapida do que os ecossistemas do nosso planeta podem se regenerar, e ainda, produzindo residuos sdlidos excessivamente. Apesar do progresso nas técnicas de tratamento al- cancados nos ultimos anos, o volume geral de residuos sdli- dos nao para de crescer, e a quantidade absoluta de residuos sdlidos enviada para aterros sanitarios nado para de aumen- tar. Com composicao variada de substancias, os residuos sé- lidos representam um risco eminente para a satide humana e os ecossistemas do planeta. Antes da Revolucdo Industrial, a quantidade de resi- duos sdlidos gerada nao representava um risco consideravel 1 minuto restantes no livro 72% GESTAO DOS RESIDUOS SOLIDOS URBANOS. 5. Cite estratégias que poderiam ser adotadas pelos municipios para facilitar o trabalho de coleta seletiva realizada pelos catado- res de materiais reciclaveis. 6. Como funciona a coleta publica dos residuos sdlidos no seu municipio? Tem coleta seletiva? Como funciona? 1 minuto restantes no livro 72% GESTAO DOS RESIDUOS SOLIDOS URBANOS. sdlidos urbanos é imprescindivel, da mesma forma que a participacdo dos cidadaos na coleta seletiva. A gestao apro- priada dos residuos sdélidos, do ponto de vista econémico, propicia a reducio de custos, com a coleta, transporte e dis- posicao. Do ponto de vista social, influéncia positivamente na melhoria da qualidade de vida da populacgao. Quanto o ponto ambiental, viabiliza o tratamento e disposicao final correta, a preservacao dos recursos naturais e torna vidvel a sustentabilidade urbana. [Questées para discussao] 1. Na sua opiniao, porque os catadores ainda sao vistos pela soci- edade como “delinquentes” e/ou “mendigos” que “sujam” os cen- tros urbanos? 2. A PNRS preconiza a inclusio social dos catadores de materiais reciclaveis nos processos de gestao e gerenciamento dos residuos urbanos, por meio de cooperativas ou associagdes. Como a mai- oria dessas organizacdes nao tém condicdes operacionais para atuar nos servicos de manejo dos residuos sélidos, poucas atuam. apenas na atividade de coleta seletiva domiciliar. O que vocé faria como gestor para mudar essa realidade? 3. As politicas puiblicas atuais para os catadores de materiais reci- claveis atendem realmente todos os anseios da categoria? 4. Porque os municipios nao contratam as cooperativas e/ou as- sociacées para operar os servicos de manejo dos residuos sdlidos? 1 minuto restantes no livro 7% GESTAO DOS RESIDUOS SOLIDOS URBANOS. tadores de materiais reciclaveis e a formalizacdo das coope- rativas e associacdes tém recebido um apoio na assisténcia técnica de universidades e ONGs. Mas, Baptista (2015) en- tende que ha de se ter em consideracao que a inclusdo dos catadores de materiais reciclaveis no 4mbito da gestao das politicas nao significa necessariamente maior articulagao na tomada de decisao °. O problema hoje, apesar do reconhecimento legal como uma categoria de trabalho, é o reconhecimento so- cial do seu direito de trabalho e de vida digna para além da perspectiva estrita de sobrevivéncia. E uma atividade no mercado do trabalho como outra qualquer, mesmo com seus aspectos peculiares, ainda assim existe uma parte da sociedade que os ver com atividade de mendicancia. Deve-se, nessa perspectiva, considerar a incluso dos catadores de materiais reciclaveis para além da simples previsao em leis e decretos, mas de efetividade das politicas publicas. Logo, o grande desafio dos gestores ptiblicos mu- nicipais sera incluir os catadores de materiais reciclaveis, que de acordo com Besen et al. (2014) so mais de 500.000 em todo o pais, e ao mesmo tempo tornar o sistema de ges- tdo de residuos sdélidos ambientalmente, socialmente aceito e economicamente sustentavel 17. Nesse aspecto, todos ganham, sociedade, cidadaos e meio ambiente. Nao obstante, a gestdo eficaz dos residuos 1 minuto restantes no livro 7% GESTAO DOS RESIDUOS SOLIDOS URBANOS. pelos catadores de materiais reciclaveis ajuda a reduzir a quantidade de residuos sdlidos dispersos nos centros urba- nos, além de contribuir na redugdo da quantidade de re- jeitos transportada e dispostos em aterros sanitarios pelos municipios. Reconhecidamente, os catadores de materiais reci- claveis fazem uma valiosa contribuicdo para a sociedade, através da coleta seletiva e conversdo dos residuos sdli- dos reciclaveis em recursos produtivos de valor econémico, bem como a limpeza da cidade. Esses trabalhadores contribuem para a manutenc4o da estética das areas urbanas e da integridade do meio am- biente, através de seus servicos prestados a sociedade. E por esta razdo que, segundo Besen et al. (2014) os governos mu- nicipais nos paises em desenvolvimento tém investido em sistemas de coleta seletiva em parceria com organizacées de catadores 1°. As estratégias desenvolvidas incluem a legalizacaéo das “atividades” dos catadores de materiais reciclaveis, in- centivando a formacaéo de cooperativas ou associacées, contratos para atividades de recolha dos residuos sdlidos, triagem, acondicionamento e reciclagem, além de parcerias publico-privadas entre governo e organizacées locais de ca- tadores de materiais reciclaveis. E importante notar que, a organizacao social dos ca- 1 minuto restantes no livro 70% GESTAO DOS RESIDUOS SOLIDOS URBANOS. tados diretamente com as empresas de reciclagem, ou seja, sem a intermediacgdo dos atravessadores, que tém ficado com a maior parcela dos ganhos gerados. Aindustria brasileira de reciclagem é de dificil acesso para Os pequenos comerciantes, dentre estes, as cooperati- vas de catadores de materiais reciclaveis individualmente, entre os motivos esta a pequena escala de producio, por isso na maioria dos casos, para barganhar valor, eles negociam em conjunto com outras cooperativas, combinando a pro- dugio de varias cooperativas o poder de barganha de me- Thores precos é maior. Os catadores de materiais reciclaveis reunidos em cooperativas ou associagées, tém pela frente o grande de- safio de conciliar os aspectos cooperativos (solidariedade, igualdade, liberdade) com a competitividade do mercado da livre-concorréncia. Ha uma latente defasagem nos termos de troca e nao ha condicées equivalentes de competigao !!. Por isso, a ideia de trabalhar em redes é atraente para os catadores de materiais reciclaveis, que através das coope- rativas ou associagdes vendem conjuntamente com outras organizac6es para obter melhores precos e acesso a novos mercados, e consequente melhoria nas condicées de traba- lho, renda e de vida social. No meio académico e nas esferas governamentais ha um entendimento mutuo de que a coleta informal realizada 1 minuto restantes no livro 70% GESTAO DOS RESIDUOS SOLIDOS URBANOS. Brasil, ha ainda relativamente poucos catadores de mate- riais reciclaveis profissionais qualificados em alguns seg- mentos especificos da reciclagem operando nos municipios do pais. Embora as cooperativas e associacdes de catadores de materiais reciclaveis atuem como um elo fundamental na cadeia de reciclaveis, elas estéo na base da estrutura, por- que nado podem agregar valor aos materiais, principalmente devido a falta de investimento em infraestrutura fisica ope- racional e de tecnologia da informacao, bem como a falta de politicas publicas para que os catadores de materiais re- ciclaveis adquiram estes equipamentos, e, por conseguinte, alcangarem melhores condicées de trabalho. De tal modo, os catadores de materiais reciclaveis estao sujeitos as acdes dos traficantes de reciclaveis e outros intermediarios 79. Apesar da expansdo dos programas municipais de apoio as cooperativas e associacdes de catadores de ma- teriais reciclaveis, grande parte delas ainda necessitam da infraestrutura basica para coletar e comercializar direta- mente com a industria recicladora, como vendem para or- ganizacées intermediarias da cadeia (atravessadores), elas comprometem seus ganhos. A situacdo ideal para maximizar as receitas dos ca- tadores de materiais reciclaveis seria possibilitar que estes e suas organizacdes comercializem os residuos sdlidos cole- 1 minuto restantes no livro 69% GESTAO DOS RESIDUOS SOLIDOS URBANOS. favorecer a sua inclusao social. Nessa perspectiva, em 2007 foi publicada a Lei n? 11.445, que altera a Politica Nacional de Saneamento, per- mitindo-se que as administracées publicas contratem com dispensa de licitacéo as organizacdes de catadores de ma- teriais reciclaveis para a prestacdo de servicos de coleta se- letiva. Em paralelo, o Ministério do Desenvolvimento Social deu inicio a realizagéo de acdes de apoio aos catadores de materiais reciclaveis, visando a inclusdo social e produtiva desses profissionais. Outro avanco com politica de inclusdo dos catadores de materiais reciclaveis em Ambito federal, foi a aprovacao em 2010 da PNRS (Lei n? 12.305), que prevé a insergdo de trabalhadores em programas de coleta seletiva municipais como requisito do Plano de Gestdo Integrada de Residuos Sdlidos a ser elaborado por todos os municipios. A lei inova ao reconhecer os grupos de catadores de materiais reciclaveis como atores fundamentais da cadeia de reciclagem, e preconiza a insercao deles nas diversas ati- vidades de Logistica Reversa. Com estes avancos, o trabalho desenvolvido pelos catadores de materiais reciclaveis ja é reconhecido pelas politicas ptblicas estabelecidas pelo go- verno federal. Mesmo sendo reconhecida como uma profissao fun- damental para o gerenciamento dos residuos sdlidos no 1 minuto restantes no livro 68% GESTAO DOS RESIDUOS SOLIDOS URBANOS. para os catadores de materiais reciclaveis. A insercdo desses profissionais no processo de gerenciamento dos residuos sdlidos é fundamental para o sucesso das politicas publicas de gestao do municipio. Uma das principais limitagdes para a integracdo dos catadores de materiais reciclaveis informais é a aceitacao social da sua atividade como uma fonte viavel de renda. Neste sentido, o Governo Federal criou programas que for- mecem recursos e apoio para a formalizacgdo (criagao de associacgdo ou cooperativa) dessa categoria que tem oficial- mente o reconhecimento como uma ocupacao profissional. Desde 2002 a profissio de catador de materiais reciclaveis é reconhecida pelo Ministério do Trabalho e Emprego, e funcionalidades na Classificacdo Brasileira de Ocupacées (CBO), sob 0 cédigo 5192. No 4mbito do Governo Federal, em 2003, por decreto presidencial, foi criado 0 co- mité interministerial de inclusao social de catadores de ma- teriais reciclaveis. Os catadores de materiais reciclaveis em termos de politicas ptiblicas, ainda aparecem no decreto n? 5940 de 2006, que regula o gerenciamento de materiais reciclaveis em orgiaos federais, edificios e condéminos. De acordo com este decreto, esses materiais devem ser tratados por meio de associag6es ou cooperativas constituidas por catadores de materiais reciclaveis e reutilizaveis como um meio para 1 minuto restantes no livro 68% GESTAO DOS RESIDUOS SOLIDOS URBANOS. Cidadaos Industrias Governos Gestao Integrada de Residuos Sélidos Instituig Industria 6es de de ensino reciclagem Fonte: Elaboracao propria (2018). Essa integracao entre os atores sociais na gestao dos residuos sdlidos, exige a criacéo de redes relacionais de sustentacao da comunicacio entre as partes, que, no caso dos residuos sdlidos urbanos, de acordo com a PNRS sao os produtores, importadores, distribuidores, comerciantes e cidadaos, além destes a industria recicladora e catadores de materiais reciclaveis sao atores essenciais, além do poder publico na implantacao das politicas publicas e fiscaliza- cao das acées desenvolvidas pelos demais integrantes da cadeia. Um dos principais desafios é fazer a integracao des- ses atores sociais da industria de reciclagem e entidades go- vernamentais em prol de uma melhor condicao de trabalho 1 minuto restantes no livro 67% GESTAO DOS RESIDUOS SOLIDOS URBANOS. claveis. Na maioria dos casos estas redes ou cooperativas re- cebem algum apoio ocasional do governo municipal, tais como a concessdo de galpdes para acondicionamento ou armazenamento dos materiais reciclaveis, doacées de ca- minhées para operacionalizar a coleta dos residuos sdlidos, equipamentos de protecdo individual, pagamento da conta de energia e/ou até aluguel de galpées de triagem. A organizacao de redes de cooperativas ou associa- Ges de catadores de materiais reciclaveis precisa da parti- cipacdo de todos os interessados da sociedade: os cidadaos, separando materiais reciclaveis; os governos em todas as esferas, através da promocio da coleta seletiva; a indus- tria de reciclagem, possibilitando um melhor acesso dos catadores de materiais reciclaveis; e instituicgdes de ensino como universidades, além das industrias de producao (Fi- gura 9.1). Figura 9.1 - Participagao dos atores sociais na gestdo integrada dos RSU 1 minuto restantes no livro 67% GESTAO DOS RESIDUOS SOLIDOS URBANOS. municipal dos materiais reciclaveis. Apesar dos progressos significativos alcangados nas ultimas duas décadas, no envolvimento de catadores de materiais reciclaveis na coleta seletiva no Brasil, os desafios ainda permanecem em termos de consolidar o processo como um modelo sustentavel de gest4o dos residuos sdéli- dos. Ainda persiste uma certa desconfianca das municipali- dades acerca da competéncia operacional das organizacées dirigidas por profissionais. Para mudar essa realidade, os catadores de materiais reciclaveis em situacdo de rua, submetidos a condi¢ées pre- carias de trabalho, por iniciativa prépria e por meio do tra- balho desenvolvido por organizagdes nao governamentais, iniciaram um processo de luta para mudar essa situacdo, principalmente em algumas capitais do pais das regides Sul e Sudeste, as ac6es incluem a organizacao dos grupos de ca- tadores de materiais reciclaveis em cooperativas ou associa- Ges, capacitacdo técnica e regulamentacao. Nas demais regides do pais, ONGs, universidades e agéncias governamentais tém estimulado e patrocinado a criagdo de cooperativas e associacées, a formalizacado e/ou organizacao dos catadores de materiais reciclaveis em redes de organizacdes de cooperativas ou associagées, com in- tuito de melhorar o poder de barganha e rendimentos dos catadores com a comercializacao dos residuos sdlidos reci- 1 minuto restantes no livro 66% GESTAO DOS RESIDUOS SOLIDOS URBANOS. favor de algum atravessador 9. Trabalhando sem as condicées de infraestrutura adequada, aonde falta até mesmo espaco para armazenar os materiais coletados, para os catadores de materiais recicla- veis auténomos, a tinica opcao que resta é vender isolada- mente aos pequenos sucateiros, sem qualquer condicao de barganha. Nessas condicées, eles recebem a menor parcela do que é gerado do valor na cadeia de reciclagem, apesar de contribuir com a maior parcela do que é coletado e reciclado no pais. Diferentemente das cooperativas e associacées de catadores de materiais reciclaveis que operam individual- mente ou em redes, que conseguem barganhar melhores precos, sendo uma iniciativa muito vantajosa para todos os membros da cadeia. O gerenciamento de residuos sdlidos a partir de um conglomerado de organizacao de catadores de materiais reciclaveis trabalhando em redes de cooperativas e associacées tem o potencial para promover o aprovisiona- mento rentavel para todos os envolvidos. As cooperativas e associacées de catadores de mate- riais reciclaveis sao organiza¢g6es sem fins lucrativos, cons- tituidas através da solidariedade econédmica e autorgani- zacao, com um objetivo comum, visam a prestac4o de um servico publico a sociedade. As que trabalham com residuos sdlidos atuam no trabalho de execugao da coleta seletiva 1 minuto restantes no livro 66% GESTAO DOS RESIDUOS SOLIDOS URBANOS. materiais coletados, para os catadores de materiais recicla- veis aut6nomos, a unica opcdo que resta é vender isolada- mente aos pequenos sucateiros, sem qualquer condi¢ao de barganha. Nessas condicées, eles recebem a menor parcela do que é gerado do valor na cadeia de reciclagem, apesar de contribuir com a maior parcela do que é coletado e reciclado no pais. Diferentemente das cooperativas e associacées de catadores de materiais reciclaveis que operam individual- mente ou em redes, que conseguem barganhar melhores precos, sendo uma iniciativa muito vantajosa para todos os membros da cadeia. O gerenciamento de residuos sdlidos a partir de um conglomerado de organizacao de catadores de materiais reciclaveis trabalhando em redes de cooperativas e associa¢ées tem o potencial para promover o aprovisiona- mento rentavel para todos os envolvidos. As cooperativas e associacdes de catadores de mate- riais reciclaveis so organizacées sem fins lucrativos, cons- tituidas através da solidariedade econédmica e autorgani- zacao, com um objetivo comum, visam 4 prestacéo de um. servico publico a sociedade. As que trabalham com residuos sélidos atuam no trabalho de execucao da coleta seletiva municipal dos materiais reciclaveis. Apesar dos progressos significativos alcangados nas Ultimas duas décadas, no envolvimento de catadores de materiais reciclaveis na coleta seletiva no Brasil, os desafios 1 minuto restantes no livro 66% GESTAO DOS RESIDUOS SOLIDOS URBANOS. Com base na PNRS, os municipios, Distrito Federal e territérios tém o papel de formular politicas publicas de inclusao efetiva desses trabalhadores, com a promocao de acées de apoio técnico, financeiro e de infraestrutura fisica e administrativa operacional. A lei ainda prevé o apoio a constituicdes de cooperativas e associacGes, além da forma- lizag&o de grupos de catadores de materiais reciclaveis ja existentes no municipio. O reconhecimento da causa como problema social e a sua insercdo efetiva na agenda de politicas publicas dos governos locais, é um processo que ainda esta em discussdo, com dinamicas diversificadas e especificas em cada muni- cipio. O que de certo modo pode levar um certo tempo para consciéncia efetiva dos agentes politicos e efetivagéo das ac6es de incluso social desses profissionais que atuam na coleta seletiva. Enquanto isso, cooperativas e associagées de catado- res de materiais reciclaveis necessitam de aparelhos legais, econémicos e institucionais para que possam manter-se e para que seus associados tenham a digna contraprestagaéo pelo seu trabalho; para a evolucdo da propria prestacao de seus servicos; e para que o valor econémico gerado por eles retorne a eles e nado seja apropriado como mais-valia em favor de algum atravessador 9. Trabalhando sem as condicées de infraestrutura adequada, aonde falta até mesmo espaco para armazenar os 1 minuto restantes no livro 65% GESTAO DOS RESIDUOS SOLIDOS URBANOS. materiais reciclaveis faz a coleta e triagem dos residuos s6- lidos do municipio. E realizada a selecdo de 30 tipos de materiais reciclaveis, apesar da falta de infraestrutura, os catadores de materiais reciclaveis nao tem ainda um galpao para acondicionar os materiais separados. Outro bom exemplo vem do municipio de Santa He- lena no Estado do Parana, a prefeitura contratou em 2015 um grupo de 40 catadores de materiais reciclaveis para fazer o servico de triagem dos residuos sélidos coletados. A cidade ja tem a coleta seletiva e da suporte na recolha do material com transporte, operador de caminhao, além da parte administrativa 5°. A PNRS prevé a criac&o de politicas puiblicas pelos municipios para permitir o gerenciamento dos residuos sdlidos urbanos em parcerias com organizacées formadas por catadores de materiais reciclaveis. Embora a gest&o dos residuos sdlidos seja uma atribuicdo exclusiva do ente mu- nicipal, a nova politica permite a geréncia compartilhada ou via concessao pelo poder publico e/ou em parcerias com organizacGes de catadores de materiais reciclaveis. Os catadores de materiais reciclaveis podem parti- cipar do processo de Logistica Reversa de empresas e do municipio, através da contratagdo das cooperativas ou asso- ciagées, j4 que a legislacdo nacional atual permite, inclusive condiciona como condi¢ao limitante o repasse de verbas do governo federal para os municipios, como visto na parte 6. 1 minuto restantes no livro 65% GESTAO DOS RESIDUOS SOLIDOS URBANOS. reciclagem 11. Apesar de muitos catadores de materiais reciclaveis realizarem a coleta seletiva dos residuos sdlidos no pais, sendo esta uma atribuicao das municipalidades, industria e comércio, eles nao recebem nada do setor privado e publico pelos servicos prestados, tanto referente a Educacéo Ambi- ental, como pela coleta seletiva dos residuos sdlidos reali- zada, e restituida ao setor de remanufatura e reciclagem. O pagamento para a prestacao do servico de coleta seletiva por organizacées de catadores ainda esta em um estagio de infancia no 4mbito dos municipios brasileiros, nao muito diferente na industria e empresas de servicos, logistica e do varejo e atacado. Nos municipios de Iconha e Mucurici no estado do Espirito Santo, a coleta seletiva ope- rada por organizacées de catadores de materiais reciclaveis jaé realidade. No municipio de Iconha no Estado do Espirito Santo, 7 catadores de materiais reciclaveis de uma cooperativa tra- balham na coleta seletiva dos residuos sdélidos secos, pelos servicos de coleta e Educacéo Ambiental a prefeitura paga via contrato a quantia de R$ 10,5 mil por més. A coleta é feita porta a porta e nos ecopontos da cidade. Sao separados 20 tipos de materiais reciclaveis, que rende R$ 1,2 mil por més para 0 grupo 8°. Em Mucurici, a propria associacgao de catadores de 1 minuto restantes no livro 64% GESTAO DOS RESIDUOS SOLIDOS URBANOS. cadeia de reciclagem no pais. Os catadores nao sdo “empregados” - pois se estao em associacées ou cooperativas, sfo sdcios e nado possuem. vinculo empregaticio. Por outro lado, na visao popular sao considerados “desempregados” e necessitam ser incluidos no mercado. E assim que sao vistos na construcio de politi- cas publicas por muitos gestores publicos 11. Soma-se a esse estigma social, o fato de que os cata- dores de materiais reciclaveis foram e, muitas vezes, ainda so “vistos” pela sociedade como “delinquentes” e/ou “men- digos” que “sujam” os centros urbanos. Tal percepcdo gerou, e ainda gera “politicas higienistas” por parte do poder pu- blico de grande parte das cidades brasileiras °°. Esta situacdo associada abaixa escolaridade, condi- g6es insalubres em que uma grande parcela destes traba- lhadores opera, com exposi¢io a riscos fisicos, quimicos, bioldgicos, mec4nicos e ergonémicos, que se traduzem co- mo perigo, os deixam vulneraveis e susceptiveis a doencas infecciosas e lesdes corporais no seu dia a dia de trabalho. Deve-se considerar, ao mesmo tempo que as pes- soas que trabalham com residuos sdlidos, especificamente os catadores de materiais reciclaveis, lidam diariamente com condigées extremamente desfavoraveis e precarias em termos de garantias legais (trabalhista e/ou assistencial). Ainda assim, sdo “operarios terceirizados” da industria da 1 minuto restantes no livro 64% GESTAO DOS RESIDUOS SOLIDOS URBANOS.. PARTE 9 Catadores de materiais reciclaveis: panorama de atuacao A cadeia produtiva dos residuos sdlidos reciclaveis brasileira concentra milhares de empresas que se autoin- titulam socialmente responsaveis, mas que, muitas vezes, se beneficiam de um ciclo vicioso de exploracao do traba- lho geralmente empreendidos pelos catadores de materiais reciclaveis. Os catadores de materiais reciclaveis sao profissio- nais que recolhem residuos sdlidos reciclaveis nas ruas e empresas, e até em lixées, classificam e vendem os mate- riais reciclaveis. Esses profissionais na maioria dos casos trabalham de forma independente, mas uma parcela consi- deravel j4 atua por meio de cooperativas e associacées, sem apoio das prefeituras na maioria das dos casos. Estes profissionais tém a disponibilidade e 0 conheci- mento para distinguir como os residuos sdlidos devem ser separados, acondicionamento e comercializagao do mesmo. Para alguns essa é a unica fonte de renda familiar, eles tra- balham individualmente ou em grupos informais, uns ja trabalham em associacées ou cooperativas. A figura do ca- tador de material reciclavel tem relevancia incontestavel na 1 minuto restantes no livro 63% GESTAO DOS RESIDUOS SOLIDOS URBANOS.. 3. Os custos elevados sao apontados como maior entrave para operacionalizar a coleta seletiva. Nesse aspecto, 0 que os munici- pios podem fazer para torna-la mais vidvel economicamente? 4. Na sua opiniao, os modelos de coleta seletiva em uso atual- mente sdo ideais para demanda de qualquer cidade? Porque? Ide- alize um modelo ideal: 5. Como a populacao pode contribuir para a efetividade dos pro- gramas de coleta seletiva? 6. Que acdes a populacao pode desenvolver como habitos para tornar os programas de coleta seletiva mais vidveis? 1 minuto restantes no livro 63% GESTAO DOS RESIDUOS SOLIDOS URBANOS. Na cidade de Sao Paulo existe um grande contingente de catadores de materiais reciclaveis organizados. Coma ex- pansao da coleta seletiva, se bem conduzida, com transpa- réncia e didlogo com os atores envolvidos, no futuro podera representar uma oportunidade de reduzir os custos da ci- dade com os servicos de manejo dos RSU, gerar milhares de postos de trabalho e promover maior corresponsabilizagao dos cidadaos com a limpeza e a sustentabilidade urbana “8. Deve-se, ainda, considerar que, para atender as di- retrizes da PNRS, a industria e o setor comercial deverado instituir a coleta seletiva e operar modelos de fluxos re- verso, ou fazer parcerias com outras organiza¢ées que tra- balha no manejo de residuos sdlidos. Neste aspecto, entre os atores sociais envolvidos na coleta seletiva no Brasil, como ja citado, destaca-se o trabalho espontaneo desempenhado pelos catadores de materiais reciclaveis. [Questées para discussao] 1. A maioria dos municipios do pais ainda nao possuem progra- mas de coleta seletiva. No seu ponto de vista, porque operaciona- lizar a coleta seletiva é tao deixado de lado pelos municipios? 2. Na sua opiniao, porque separar os residuos na fonte é tao im- portante para o processo de gerenciamento? 1 minuto restantes no livro 62% GESTAO DOS RESIDUOS SOLIDOS URBANOS. parcela do lucro desse mercado. Quando a coleta seletiva acontece com a participa- cao direta dos catadores de materiais reciclaveis, em alguns casos a prefeitura disponibiliza recursos logisticos (galpao de triagem, caminhGes, equipamentos e materiais) necessa- rios para operacionalizar o processo de coleta, transporte, triagem e comercializacao dos materiais reciclaveis. No Brasil, a prefeitura do municipio é responsavel pela politica de limpeza urbana, e por isso, de forma direta pela coleta e tratamento dos residuos sdlidos. O servico de coleta seletiva se implantado, geralmente é realizado pelas proprias prefeituras, por empresas prestadoras de servicos contratadas pelos gestores e/ou por associacGes ou coopera- tivas de catadores de materiais reciclaveis. Historicamente, a coleta seletiva com a participacao dos catadores de materiais reciclaveis no Brasil, tem sido rotulada de uma série de maneiras ao longo dos anos: joint- responsabilidade, coleta seletiva de lixo, coleta seletiva de lixo socialmente inclusiva e de coleta seletiva de lixo sus- tentavel 12. Em diversos municipios brasileiros ja é realidade a existéncia de sistemas de coleta seletiva e destinacao de re- siduos sdlidos operados por cooperativas de catadores de materiais reciclaveis, que coleta e realiza as demais opera- Ges de tratamento e destinacdo final dos residuos sdlidos. 1 minuto restantes no livro 62% GESTAO DOS RESIDUOS SOLIDOS URBANOS. que ha veiculos que recolhem e acondiciona em recipientes abertos ou fechados sem selecao dos materiais reciclaveis. Com o crescente apelo para adocao de praticas am- bientais politicamente corretas, esse quadro pode mudar. Entre as praticas ambientais, a coleta seletiva é uma ten- déncia. Através da coleta seletiva os residuos sao seleciona- dos por categorias e entregues em postos de coleta, ou reco- lhidos por veiculos publicos e/ou recolhidos por catadores de materiais reciclaveis, que os vende para os atravessado- res ou industrias recicladoras (Figura 8. 2). Figura 8. 2 — Processo da Coleta Seletiva ae — a o fae Anan ean om aces anes ee ee -Recothidos I = SS (ect ‘oa Fonte: Autoria propria (2018). A comercializacao dos materiais reciclaveis, quando realizada por catadores de materiais reciclaveis ou suas or- ganizacées, na maioria das vezes é realizada sem nenhum beneficiamento do residuo. Como resultado, vendem os materiais sem valor agregado para atravessadores, que sao um dos elos da cadeia de reciclagem que ficam com a maior 1 minuto restantes no livro 61% GESTAO DOS RESIDUOS SOLIDOS URBANOS. poder puiblico municipal a zelar pela limpeza urbana e pela coleta e destinacao correta dos residuos sdlidos. Embora nos tltimos anos a taxa de autorizagées para instalagéo de programas de coleta seletiva vem aumen- tando no Brasil, muito pouco tem sido feito ou mesmo dis- cutido em relagdo a matéria organica presente em residuos sdlidos coletados no pais. No Brasil, costumeiramente os residuos organicos nao sao coletados separadamente, apesar dos indices mos- trarem que estes representam a maior quantidade dos re- siduos sdlidos, em percentuais, a parcela de organicos re- presenta 51,4% dos residuos sdlidos coletados no pais 7. O desafio apresentado ainda é bastante consideravel. Rodrigues e Santana (2012) §4, em pesquisa realizada em Palmas/TO, concluiram que, ha uma série de circuns- tancias que dificultam a implantacao e a manutencao da coleta seletiva, e que precisam ser confrontados com os be- neficios reais que esse sistema pode gerar. Os resultados obtidos pelos pesquisadores indicam que os custos orcamentarios necessdrios para a implanta- cao e a manutencdo da coleta seletiva sao consideraveis, além do fato de em muitos municipios n4o existir uma cul- tura ambiental forte o bastante para que se promova a im- plantacao do sistema. Em sua maioria, as cidades usam um sistema tradicional de coleta de residuos residenciais, em 1 minuto restantes no livro 61% GESTAO DOS RESIDUOS SOLIDOS URBANOS. loto especifico, executados por organizacdes nao governa- mentais. As primeiras iniciativas de coleta seletiva foram implantadas no pais a partir da década de 1990. Em 1989, de acordo com Paschoalin Filho (2014) foram conduzidas na cidade de Sao Paulo as primeiras inici- ativas em relacdo 4 promocao da coleta seletiva de materiais secos, que apés um periodo de descontinuidade o projeto foi retomado em 2002, quando a gestao municipal daquela época implantou o programa de coleta seletiva solidaria. Naquele mesmo ano ainda foram implantadas centrais de triagem, e efetuados acordos e convénios com cooperativas de catadores de materiais reciclaveis. Nos anos 2000, mais iniciativas de programas de coleta seletiva surgiram em outros municipios do pais, con- tudo, Jacobi e Besen (2011, p. 142) contam que, a auséncia durante mais de vinte anos de uma PNRS e de vontade po- litica dos gestores municipais gerou um passivo ambiental de lixdes e aterros sanitarios controlados e, ainda, a necessi- dade de construcao de novos aterros sanitarios em razao do esgotamento da vida util da maioria dos existentes. Esses fatos, seguido da ineficiéncia das politicas pu- blicas ao longo dos anos, impediram avancos importantes relativos a coleta seletiva e maior efetividade das acdes de reciclagem, tratamento e disposicao final correta dos residuos, propiciando um passivo ambiental consideravel para os municipios. A Constituicao Federal responsabiliza o 1 minuto restantes no livro 60% GESTAO DOS RESIDUOS SOLIDOS URBANOS. operacionalizacao, viabilidade e continuidade, fatores fun- damentais para se atingir os resultados esperados e garantir sua sustentabilidade. Os programas de coleta seletiva de residuos secos no Brasil e no mundo, em geral segundo a ABRELPE (2015b, p. 23), 7 apresentam duas modalidades basicas: > Portaa Porta: coleta realizada em dias especificos da semana, com equipamentos adequados, coletando os materiais pré-separados nos domicilios. O poder pu- blico responsavel trafega pelas vias das cidades, reco- lhendo os residuos disponibilizados. > Postos de Entrega Voluntaria (PEVs): consiste no uso de cacambas ou contéineres, instalados, geralmente, em pontos estratégicos para onde a populacdo possa levar os materiais previamente segregados. No Brasil, é possivel encontrar um mix das duas mo- dalidades citadas, em programas de coleta seletiva desen- volvidos apenas pelos préprios municipios; programas de coleta seletiva operados pelos catadores de materiais reci- claveis em parceria com os municipios; e/ou em programas de coleta seletiva executados informalmente apenas por or- ganizac6es de catadores de materiais reciclaveis. A maioria das iniciativas de coleta seletiva desen- volvidas no pais sao realizadas informalmente, geralmente implantadas e operacionalizadas na forma de programa pi- 1 minuto restantes no livro 59% GESTAO DOS RESIDUOS SOLIDOS URBANOS. maior parte das empresas brasileiras. Os municipios ainda tém muito que avancar na for- malizacao e implantacao de iniciativas de coleta seletiva, pois do total de 5.565 municipios brasileiros, apenas 3.878 informaram ter alguma iniciativa de coleta seletiva 5. Apesar do baixo indice de programas ou projetos mu- nicipais de coleta seletiva, alguns municipios tiveram agdes interrompidas por ma aceitacéo da comunidade, erros no planejamento, custos elevados, e a falta de infraestrutura operacional adequada para executar as atividades. Por isso, os programas de coleta seletiva municipais necessitam de constante monitoramento e avaliacdo, para identificar gargalos, na busca de minimizar os riscos de in- sucesso. Essencialmente, mesmo os pequenos municipios com recursos financeiros limitados, nao podem ignorar os impactos ambientais causados pela geracdo diaria de resi- duos e deixar de ter um programa de coleta seletiva. Ha a necessidade de informacio e divulgacdo dos programas de coleta seletiva implantados, no que se referem as diretrizes, principios, instrumentos, praticas e modalidades de coleta adotadas, conforme Bringhenti e Giinther (2011), que reforcam, entre argumentos, que a co- munidade deve ser sensibilizada, motivada e os conceitos e praticas precisam ser assimilados e incorporados no coti- diano da populagao envolvida, com vistas a assegurar sua 1 minuto restantes no livro 59% GESTAO DOS RESIDUOS SOLIDOS URBANOS. A coleta seletiva e a reciclagem tém um papel muito importante para recuperar matérias-primas que de outra maneira seriam tiradas da natureza, j4 que os materiais coletados sao reprocessados, através da reutilizacdo ou rea- proveitamento, retornando como matéria-prima ou novos produtos para o ciclo de negécios. Estrategicamente, reduz o consumo de energia que seria usada para produzir e ex- trair nos recursos naturais, diminui a poluigao do solo, agua e ar, contribui para a geracdo de empregos e renda, dimi- nui os gastos com a limpeza urbana e manejo dos residuos sdlidos. Com a iminéncia possibilidade do esgotamento dos recursos naturais nao renovaveis, aumenta a necessidade da reutilizacao, reaproveitamento e remanufatura dos ma- teriais reciclaveis. Paschoalin Filho et al. (2014, p. 21) consideram que a geracao de residuos sdlidos, sua coleta e destinacdo final sao grandes preocupacées nas atri- buicdes dos érgaos responsaveis pela limpeza publica nos municipios brasileiros. O que exige uma gest4o consciente de seu manejo e destinacdo, tanto na esfera publica como na privada ©. A necessidade de desenvolver uma infraestrutura para coletar os residuos sdlidos pés-consumo, e identificar alternativas para assegurar a reutilizacdo e o reaproveita- mento dos materiais descartados e/ou destinar de forma se- gura seus rejeitos, so atividades ainda incompreensiveis 4 1 minuto restantes no livro 58% GESTAO DOS RESIDUOS SOLIDOS URBANOS. e aquisicdo de infraestrutura. Baptista (2015) 1! adverte que o modelo de coleta seletiva e as politicas publicas voltadas ao tema ainda pade- cem dessa dissociacdo entre os nticleos que pensam e exe- cutam as politicas. E isso impacta o desenvolvimento das atividades das cooperativas e associacées, por suas neces- sidades nao serem observadas no momento da criacdo das politicas. O que seria um tanto dbvio, uma vez que, se os afe- tados pela politica nao sao parte do processo de elaboracio, muitas partes significativas do processo nao sdo considera- das, o que enfraquece a politica publica em si. E mais, cria- se uma politica que nao observa atores que atravessam esse sistema, enfraquecendo as possibilidades dessa politica Quando o programa de coleta seletiva idealizado mescla a participacdo de todos os atores sociais da socie- dade envolvidos [...], a coleta correta dos residuos sdlidos e, aconscientizacao dos cidadaos podera ser feita cada vez em uma maior proporcao, diminuindo as impurezas ambien- tais trazidas nos residuos sdlidos coletados. Para tanto, as campanhas desenvolvidas precisam ser repensadas, enten- didas e implementadas como uma importante estratégia de planejamento ténue para sensibilizacdo dos cidadaos, sema qual os esforcos seguintes podem nao apresentar os resulta- dos almejados. 1 minuto restantes no livro 58% GESTAO DOS RESIDUOS SOLIDOS URBANOS. acesso aos recursos da Unido. Do mesmo modo que, faculta- se a municipalidade privilegiar com incentivos econémicos os consumidores que participarem do sistema de coleta se- letiva. A PNRS vai além da simples valorizacado do trabalho desempenhado pelos catadores de materiais reciclaveis, ao recomendar a priorizacdo de parcerias entre empresas e estes profissionais, organizados em cooperativas ou associ- ag6es, para a realizacdo de atividades de Logistica Reversa. Nao obstante, grande parte das cooperativas e asso- ciagdes de catadores de materiais reciclaveis enfrentam a falta de infraestrutura para coletar, transportar, acondicio- nar ou armazenar grandes quantidades de residuos sélidos, impossibilitando as parcerias e/ou as vendas diretas para a industria de reciclagem. Dessa forma, algumas nao con- seguem fazer parcerias e/ou sao obrigadas a vender para atravessadores, comprometendo seus ganhos e a propria sustentabilidade de suas operacées. Essa conjetura sinaliza a necessidade de apoio ins- titucional das municipalidades para 4s cooperativas e as- sociac6es de catadores de materiais reciclaveis. Apoio para aquisicao de equipamentos, galpées de triagem e veiculos para coleta e transporte, ja que grande parte dessas organi- zac6es carece da infraestrutura operacional, tao como cur- sos de capacitacdo técnica. A inclusdo desses atores sociais conforme a PNRS, deve passar pelo apoio técnico, financeiro 1 minuto restantes no livro 57% GESTAO DOS RESIDUOS SOLIDOS URBANOS. A participacao proativa de diferentes atores sociais Nos programas de coleta seletiva é importante para o seu sucesso. Da mesma forma, que a implantagdo dos progra- mas pelas municipalidades. A opcdo de utilizar a coleta se- letiva reforca a ideia de inclusdo dos catadores de materiais reciclaveis, por meio de associacdes ou cooperativas. Os catadores de materiais reciclaveis ligados as coo- perativas ou associacées, sao agentes que podem colaborar com a reducdo dos impactos ambientais negativos decor- rentes dos residuos sélidos, descartados inadequadamente, ao mesmo tempo em que a comercializacdo dos materiais reciclaveis é fonte de renda para sua familia, dai a impor- tancia da coleta seletiva e, o relevante papel desses traba- Thadores perante a sociedade. A PNRS reconhece as organizacées de catadores de materiais reciclaveis como agentes fundamentais na cadeia de reciclagem no pais, pelo trabalho desenvolvido na coleta seletiva de materiais reciclaveis e reutilizaveis. Pela acdo anénima e precaria desses profissionais, a coleta seletiva de residuos sdlidos ocorre de forma difusa em grande parte das regides do pais, em programas piloto de ONGs e univer- sidades. De acordo com a PNRS, os municipios que implan- tarem a coleta seletiva com a participacdo de cooperativas ou associagao de catadores de materiais reciclaveis, forma- das por pessoas fisicas de baixa renda terdo prioridade no 1 minuto restantes no livro 56% GESTAO DOS RESIDUOS SOLIDOS URBANOS. leta e disposicao final apresenta-se como um dos maiores desafios a ser enfrentado pela sociedade moderna, devido a quantidade crescente de geracio, os gastos financeiros re- lacionados a seu gerenciamento e os impactos negativos ao meio ambiente, animais e a satide do ser humano. Oacumulo continuo dos residuos sélidos no decorrer do tempo aumenta seu volume. Nesse contexto, compete a administragao publica municipal a responsabilidade de or- ganizar, gerenciar e prestar os servicos publicos de coleta dos residuos sdlidos, fazer o tratamento e/ou a sua disposi- cao final, que deve ser apropriada. Apesar da prestac4o do servico de coleta seletiva pelos municipios brasileiros ter avancado nos ultimos anos, ainda se encontra muito aquém dos patamares necessarios para efetivamente reduzir a quantidade de residuos sdli- dos, potencialmente reciclaveis que ainda sao dispostos em aterros ou lixées, e os impactos negativos decorrentes. A efetividade de programas e iniciativas de coleta seletiva requer necessariamente o envolvimento dos cida- daos, os geradores dos residuos sdlidos. Nesse sentido, a sensibilizagéo da populacao é um fator determinante para a eficiéncia da segregacao dos residuos sdlidos urbanos ?°. A eficacia da coleta seletiva implica o envolvimento de dife- rentes agentes, tais como: os catadores de materiais recicla- veis, o governo local, comunidade e empresas. 1 minuto restantes no livro 56% GESTAO DOS RESIDUOS SOLIDOS URBANOS. Preto Madeira Roxo Residuos radiativos Verde Vidro Branco _Residuos de servicos de satide Amarelo Metal Laranja Residuos perigosos Marrom Residuos organicos ma Residuos nao reciclaveis Vermelho _Plasticos Fonte: Adaptado (2018). As cores dos recipientes representam o tipo de resi- duo que cada um deve receber no processo de separacao seletiva dos residuos sdlidos secos e imidos (organicos). Atualmente, existe uma discusséo para mudar, pois nao ha necessidade de tantos coletores. A coleta seletiva nao é viavel com a coleta separada de tantos diferentes tipos de residuos. Para viabilidade da coleta seletiva seria necessa- rios apenas trés coletores, um para residuos sdlidos reci- claveis (coletor azul), residuos sdlidos reciclaveis imidos/ organicos (coletor marrom), e residuos sdlidos nAo recicla- veis/rejeitos (coletor cinza). A coleta dos residuos separados por tipos é uma das opc¢ées para enfrentar o problema da disposicao final. A co- 1 minuto restantes no livro 55% GESTAO DOS RESIDUOS SOLIDOS URBANOS.. duos sdlidos reciclaveis, Paschoalin Filho et al. (2014, p. 21) ponderam que: ainda se nota por parte de alguns municipios a ocorréncia de programas pouco maduros e com baixa eficiéncia, que pouco colaboram na solu- cdo dos problemas de gesto de residuos sélidos. Além disso, ainda existem diversas municipali- dades que nao tém programas implementados de coleta seletiva e reciclagem de seus residuos, mesmo apés a publicacio da PNRS em 2010. A PNRS define a coleta seletiva como a “coleta de re- siduos sdlidos urbanos previamente segregados conforme sua constituicdo ou composicao”. A coleta seletiva é um dos mecanismos empregados para a destinacdo final adequada de uma parcela dos residuos sélidos reciclaveis. Arecolha separada é um processo de selecao de mate- riais reciclaveis, como papel, vidro, plasticos e metais. Para a separacdo dos residuos sdlidos reciclaveis, a Resolucdo do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) n° 275: 2001 estabelece um cddigo de cores para distinguir os reci- pientes de diferentes tipos residuos sdlidos (Figura 8.1). Figura 8.1 - Cores usadas em coletores para separacio de residuos sdlidos Ee Azul _Papel/papelio 1 minuto restantes no livro 55% GESTAO DOS RESIDUOS SOLIDOS URBANOS. Como a geracao de residuos sdlidos é ininterrupta, uma vez que o consumo por parte da populacao é diario, Paschoalin Filho et al. (2014, p. 21) 6? argumentam que ha a necessidade de implementar servicos de coleta seletiva, além de promover acées de reciclagem, de maneira a valo- rar os residuos sdlidos descartados e reduzir os volumes en- viados para aterros. Para a implantacao de acées de reciclagem dos re- siduos sdlidos, inicialmente, deve-se pensar em parcerias como elementos essenciais para viabilizar os programas de coleta seletiva, conciliando a necessidade de criar infraes- trutura necessaria para tornar o programa efetivo. A efetivi- dade de programas e iniciativas de coleta seletiva requer ne- cessariamente o envolvimento dos cidadaos, considerados no extremo da cadeia de producao e consumo, os principais geradores dos residuos sélidos. Neste contexto, as politicas publicas de conscientiza- cao da populacao acerca da importancia da coleta seletiva dos residuos sdlidos séo muito importantes para o sucesso do gerenciamento. O objetivo principal da gestao deve focar na minimizac4o da geracio de residuos sdlidos, e proporcio- nar a adequada coleta, transporte, tratamento e/ou disposi- go final ambientalmente adequada. Apesar da importancia da coleta seletiva, tanto na reducao dos volumes de residuos sdélidos enviados para os aterros sanitarios, como na valoracaéo econémica dos resi- 1 minuto restantes no livro 54% GESTAO DOS RESIDUOS SOLIDOS URBANOS. as grandes massas populacionais da periferia. Estas sio du- plamente vitimizadas por este dispositivo ideoldgico: pela privacdo do consumo efetivo e pelo aprisionamento no de- sejo de ter. Pior que reduzir 0 desejo ao consumo é reduzir 0 consumo ao desejo do consumo 83. Subjacente, a prevencdo da geracao de residuos sdli- dos tornou-se um desafio ambiental de dimensées inéditas. Logo, é preciso que os cidadaos adquiram conhecimento dos impactos de suas acdes e tomem decisées acertadas no ato do consumo e, os agentes governamentais e do setor pri- vado procurem implantar medidas que focalizem a preven- cao da geracao de residuos sdlidos. O que se requer é uma reducdo na geracao de resi- duos sdlidos, que va além da mera substituicdo de produtos poluentes por verdes ou limpos, com o mesmo ou maior nivel de consumo. Nessa perspectiva, o reaproveitamento dos produtos descartados é uma tendéncia mundialmente disseminada para a fabricacdo de novos objetos, tao como a reutilizacao e a reciclagem. A reciclagem é um conjunto de técnicas que, para Marchi (2011, p. 119), tem por finalidade aproveitar os re- siduos s6lidos, e reutiliza-los no ciclo de producao de que sairam. Este elemento esta ligado 4 uma ferramenta geren- cial intitulada logistica de fluxos de retorno ou Logistica Reversa, que recupera produtos, reintegrando-os aos ciclos produtivos e de negécios. 1 minuto restantes no livro 54% GESTAO DOS RESIDUOS SOLIDOS URBANOS.. PARTE 8 Coleta seletiva: importancia e impasses para sua efetiva- ¢ao O ser humano, tanto individualmente e organizados em um grupo social de qualquer nivel de escala e complexi- dade, tem uma grande capacidade de modificar os recursos do meio ambiente e produzir substancias capaz adicionar novos elementos aos ecossistemas. Em meio a os novos elementos adicionados pelo ser humano a natureza, podemos citar os residuos sdlidos, que segundo Goncalves-Dias (2015, p. 39) 48 cada vez mais au- mentam o “monte de lixo” formado por residuos industriais e produtos obsoletos descartados na natureza. Para a pesquisadora, esse fendmeno é¢ dificil de ser freado, devido ao crescimento da producgio, consumo e des- carte acelerado pela obsolescéncia programada dos produ- tos e pela multiplicacéo de novos modelos e vers6es cons- tantemente colocados a disposicao do publico (Id., Ibid.). Esta se criando uma ideologia global consumista que se propaga com relativa independéncia em relagao as pra- ticas concretas de consumo de que continuam arredadas 1 minuto restantes no livro 53% GESTAO DOS RESIDUOS SOLIDOS URBANOS. seletiva. [Questées para discussao] 1. Na sua opiniao, a Educacéo Ambiental como disciplina obriga- toria nas séries iniciais ajudaria mudar a percepcio da populacio brasileira sobre as quest6es ambientais, especialmente, sobre os impactos socioambientais dos residuos solidos? 2. Porque o incremento de agées equivocadas compreendidas como Educacao Ambiental pode ser maléfico para os cidadaos no desenvolvimento de valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competéncias voltadas para a conservacdo e preserva- cdo do meio ambiente? 3. Qual é o maior desafio da Educagdo Ambiental no Brasil na atualidade? 4. Que pressupostos foram fundamentais para o surgimento da Educacéo Ambiental? 5. O que é preciso para a Educacao Ambiental despontar no coti- diano das pessoas de modo geral? 1 minuto restantes no livro 53% GESTAO DOS RESIDUOS SOLIDOS URBANOS. prescindivel - subdividir a realidade no campo teérico, para facilitar o seu estudo, existem componentes que estado ine- xoravelmente interligados, como deveria ocorrer no caso da Educacéo Ambiental °*. Nessa perspectiva, a Educacao Ambiental deve pro- porcionar um enfoque holistico que possibilite o individuo a compreensdo do complexo ambiente natural e as interre- lacgdes entre o homem e suas transformacées dos aspectos bioldgicos, fisicos, sociais, econédmicos e culturais do meio em que vive. As transformacées mais perceptiveis para os cida- daos sao a exploragao excessiva dos recursos naturais, po- luicdo do ar, rio e agua, e a atual relacéo de consumo exa- cerbado, que tém contribuido para uma crescente producao de residuos sdlidos, o que representa um risco significativo para a degradacdo dos ecossistemas. A partir desta perspectiva, e como uma solugdo de protecdo da natureza, a Educacéo Ambiental é uma op¢4o de conscientizagao da populagao, contra a degradacao do meio ambiente. Para tanto, é preciso que os cidadaos adqui- ram conhecimento dos impactos de suas ac6es e tomem de- cis6es acertadas no ato do consumo. Novamente, é indispensavel a promogao de agdes que estimulem a adocio de praticas sustentaveis de producdo e consumo, e praticas empresariais e dos érgaos publicos socialmente responsaveis, com intuito de ampliar a coleta 1 minuto restantes no livro 52% GESTAO DOS RESIDUOS SOLIDOS URBANOS. série de dificuldades de desenvolvimento da Educacéo Am- biental ou mesmo o desenvolvimento de acdes equivocada- mente compreendidas como Educacaéo Ambiental nos dife- rentes espacos formativos, as quais dificilmente assumem um carater efetivamente interdisciplinar, possivelmente em funcao, inclusive da dificuldade de se compreender o que venha a ser essa interdisciplinaridade que tanto se pro- poe 64, Giesta (2012) destaca o fato de nao haver uma una- nimidade no conceito de Educacio Ambiental, segundo a pesquisadora: mesmo com o aumento significativo de féruns de debates sobre a tematica, os pressupostos que guiam os teéricos estéo longe de ser um con- senso. Isso indica a necessidade ainda existente de discusso e reflexado sobre a teoria e sobre a pratica. Tendo em vista isso, é possivel supor que, ao longo dos anos, foram tratadas varias “educacdes ambientais”, norteadas por diversas vertentes, pressupostos, ideologias, politicas e metodologias. Deste modo, ainda que a proposicao da interdiscipli- naridade nao coloque em questao a organizacao disciplinar da ciéncia moderna, aponta para a necessidade de que tais fragmentos sejam abordados no ambito de suas intrinsecas relacGes. Isso porque, por mais que se consiga - e seja im- 2 horas 1 minuto restantes no livro 52% GESTAO DOS RESIDUOS SOLIDOS URBANOS.. ente e resolucdo de problemas sociais e ambientais. Nessa perspectiva, Denicol e Conto (2014, p. 495) 3° afirmaram que, a Educacéo Ambiental é entendida como uma necessidade formativa permanente de todos os cida- daos, cabendo a todos os setores da sociedade, as insti- tuigdes de ensino, a iniciativa privada e ao poder publico propor acées e politicas que contemplem a mesma no seu planejamento e na sua gestao. Educagéo Ambiental é uma forma abrangente de educacao, que busca atingir todos os cidadaos através do ensino formal ou por meio de ages informais. O principal desafio da Educacao Ambiental é conscientizar a sociedade, diante das crescentes transformacées dos espacos urbanos e ecossistemas. A Educac&o Ambiental tem uma influéncia sig- nificativa sobre a consciéncia ambiental do in- dividuo. Por isso, a EA deve ser parte de uma mudanca e transformacio cultural, de frente para uma ética ambiental. Deste modo, pode- mos dizer que a EA é, sobretudo, uma educacio para a aciio, a partir de uma abordagem global e interdisciplinar, facilitando uma melhor com- preensao dos processos ecolégicos, econémicos, sociais e culturais ® ¢ 3°, Apesar de sua importancia, tem-se verificado uma 2 horas 2 minutos restantes no livro 51% GESTAO DOS RESIDUOS SOLIDOS URBANOS. Neste aspecto, a Educaciéo Ambiental nao deve ser limitada 4 prestacdo de informacées, mas deve ajudar as pessoas a reconsiderar suas concepcées erréneas sobre os diferentes problemas ambientais e estudar e refletir sobre os sistemas de valores comumente aceites mais ou menos explicito. Em sintese, a EA busca promover a mudanga so- cial através do desenvolvimento de valores, atitudes e habi- lidades nos cidadaos, para que estes assumam a sua respon- sabilidade social e ambiental *. As condicées ambientais sao o resultado de escolhas sociais, politicas, econdmicas, culturais e tecnolégicas e nao apenas de natureza fisica, por isso, a Educagao Ambiental deve ter como objetivo estabelecer um novo conjunto de valores para orientar os cidadaos em suas decisées, e pro- porcionar uma atitude de responsabilidade com o meio am- biente e os espacos de convivio da sociedade. Conjuntamente, organizacdes publicas e empresas privadas, representantes politicos, organizagées nao gover- namentais (ONGs), midia, instituigdes de ensino e financei- ras, educadores e os proprios cidadaos precisam procurar solucées para sanar e/ou mitigar os atuais problemas ambi- entais enfrentados pela sociedade. A Educacao Ambiental é uma ferramenta formidavel para a sensibilizacdo da sociedade, visando solucionar os graves problemas ambientais. A EA pode ser utilizada para melhorar as relagdes dos seres humanos com o meio ambi- 2 horas 4 minutos restantes no livro 51%

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