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4, AJUSTES COM FOLGA 4.1. INTRODUGAO A determinagdo das folgas mais adequadas para um conjunto constitui um problema de solugo ndo muito simples em engenharia mecdnica. As informagées disponiveis na literatura nem sempre satisfazem as condigdes de funcionamento previstas para o conjunto. Para sua determinagdo © engenheiro deve se orientar pelas seguintes diretr zes: ‘© experigneias com projetos anteriores, # recomendagdes dos fabricantes, normas ¢ literatura existente, ‘* ensaios com protétipos em laboratérios. Outro método para determinagao das folgas consiste no conhecimento das variagdes inerentes ao processo de fabricagdo, j4 descritas no Capitulo 1. Com este controle, a dimensio da peca deixa de ser um valor exato ¢ passa a ser representada como uma distribuigio estatistica, conforme a figura 4.1, Quanto maior for o dominio do processo de fabricagdo, mais conhecida serd a distribuigdo dimensional e conseqiientemente menor 0 custo de produgdo da pega. FIGURA 4.1, Representagio da distribuigo de dimenstes de um cixo, Para cada um dos casos mostrados na figura 4.2, pode-se observar a representagio da distribuigdo dimensional obtida durante um processo de fabricago de um lote de pegas DEMUFRT Flavia de Marcollosé Stockler 37 Nos casos em que se deseja uma montagem com folga ou com interferéncia, os didmetros os processos de fabricago devem er selecionados de forma que as curvas de distribuigdo do furo ¢ do eixo nao possuam uma regizo em comum. Neste Capitulo sera estudada apenas a possibilidade de montagens com folga. Os ajustes com folga possuem as seguintes caracteri * fabricados no sistema ISO, do IT 4 ao ITI; e * folgas sempre positivas (F>0 e f> 0). bed 34 fall HH FIGURA 4.2. Formas de montagem entre cixos ¢ furos e distribuigdes dimensionais As aplicagSes sio diversas, normalmente em elementos que possuam movimento relative entre si, rotagdo ou translago, ¢ devem transmitir carga. Os ajustes com folga so normalmente especificados para: + mancais de deslizamento, ‘© parafusos e porcas, ‘© acoplamentos de eixos com engrenagens, polias, freios e embreagens, # eixos estriados e blocos deslizantes de engrenagens, etc. 4.2, DETERMINAGAO DAS FOLGAS Para determinago das folgas maxima (F) e minima (/) de um conjunto, o projetista deve conhecer os seguintes valores: DEMUFRT Flavia de Marcollosé Stockler 38 F; => limite miximo da folga maxima - indica o valor maximo permissivel para a folga em um acoplamento; acima deste valor 0 conjunto apresentaré mau funcionamento ou teré sua vida reduzida; nenhuma folga real deve possuir valor maior do que Fr. ‘fi => limite minimo da folga minima - indica o valor minimo permissivel para a folga em um acoplamento; abaixo deste valor o conjunto apresentard mal funcionamento ou terd sua vida reduzida; nenhuma folga real deve possuir valor menor do que fi F => folga maxima padronizada, F folga minima padronizada. frh Normalmente, antes que um produto seja liberado para 0 piblico, alguns protétipos so fabricados para corrego de eventuais erros fabricago e possiveis falhas de projeto, Assim, pode ser medida a folga real que apresenta determinado ajuste. Esta folga real é chamada FOLGA DE USINAGEM e tem como simbolo f,, Submetido o protétipo ao uso, haverd um valor eritico de folga a partir do qual ocorreré mal funcionamento (perda de eficiéncia, aumento de vibragdes ¢ ruido, etc.). Este valor, entdo, ser’ o valor limite para a folga maxima, F), A determinagao da folga minima é menos trabalhosa e dispendiosa. Normalmente, a folga minima ¢ fungdo da espessura minima de éleo necessiria para um funcionamento adequado do equipamento, caso tipico dos mancais de deslizamento, As vantagens de uma lubrificagdo adequada ‘+ redugo do desgaste dos componentes; ‘* aumento do rendimento, isto é, diminuigdo das perdas por atrito; ‘+ maior capacidade de carga; ‘© maior seguranga de funcionamento; ‘* menor consumo de éleo. im, para o cileulo das folgas, tem-se: (H+) DEMUPRI Flavia de Marcollosé Stockler 3 onde a, ay 2, 21, u, us, Hy e Hz so valores de desvios dimensionais e tolerancias j4 definidos no Capitulo 3. Com 0s valores limites das folgas, pode-se definir, também, valores limites para a vida do conjunto, expressa em yim, da s vida do conjunto [um]: VIDAcon = Fi —fu | vida maxima [m] VIDAmix=Fi-f $F > fa fi vida minima [ym]: VIDAwin=Fi-F 4.3. ESCOLHA DO AJUSTE A PARTIR DA IMPOSICAO DAS FOLGAS Com as folgas ou limites das folgas ja determinados, é preciso escolher o ajuste normalizado mais adequado ao conjunto. Para isso deve-se seguir o seguinte procedimento: 1, Determinar, atravé: de ensaios, testes ou do projeto, as folgas limite, Fy ¢ fj 2. Calcular as folgas de seguranga (F, e f.). 3. Calcular as folgas maxima e minima (F ef) 4. Calcular a tolerdncia de funcionamento (T = F -f) 5. Distribuir esta tolerdncia entre os elementos a ajustar, procurando atribuir ao furo uma tolerdncia superior a do eixo, de modo a satisfazer as duas exigéncias abaixo: Te+ITeITe 6. Procurar um ajuste normalizado que satisfaga as condigdes acima. 6.1, Escolher 0 ajuste normalizado que fornega as folgas reais, F e f, mais proximas das folgas de seguranga, caso varios ajustes satisfagam as condigdes. 6.2. Procurar sempre um ajuste no sistema FURO-BASI ; se ndo for possivel, em lugar do furo H, adotar outra letra do campo de tolerncia, a mais préxima de H (F, G, J ou K) ¢ repetir o procedimento, 6.3. Se em lugar das folgas, as interferéneias forem conhecidas, executar © mesmo procedimento, substituindo: IM=-f e DEMUFRT Flavia de Marcollosé Stockler 0

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