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Assim, © conhecimento passa pela critica do imaginério, pela anise no sentido etimolbgico, isto &, a decomposigio do nos seus elementos, a desconstrucdo, ja que se trata de destruir uma reunido de elementos para reencontrar 0 principio de sua composi ‘eo, € reconstituir 0 processo pelo qual foram produzidos. Reencon: {ramos aqui. num outro nivel, o tema da critica marxista da ideologia. por um lado, & por outro lado, mostrar em que esta Higica que vem do sujeito. de 2 DA ALIENACAO AO FETICHISMO — FORMAS DE SUBJETIVACAO E DE OBJETIVACAO * PAULO SILVEIRA a © objetivo deste estudo & acompanhar o movimento do pensa- mento de Marx da alienagio ao fetichismo, Iremos nos coneentrar, principalmente, em rés momentos desse movimento. deles, e que funciona como uma mola impulsora do proprio movimento, encontrase nos Manuscritos de 44, particular- mente na parte final do 1." dos Manuscritos. onde € discutida a ques- 10 do trabalho alienado (© segundo ¢ um pequeno excerto dos Grundrisse de 57/58, que os editores denominaram "“O Dinheiro como relacao social”. E, finalmente, © momento do fetichismo da mercadoria, ao final do capitulo sobre a propria mercadoria em O Capital, onde Marx s¢ esforga para completar © movimento. Tratasc, desde logo, de um movimento mareado por lacunas, por diividas, por reticéncias e que. as veres. nao vai muito akém de importantes sugest ainda assim, 0 pensamento de Marx ai esta langado ¢ lancando-se nesse movimento, numa aventura dialé- tica; do sujeito ¢ do objeto, do homem e da natureza, do homem con- sigo mesmo e com os outros homens, do homem e da coisa, do ho- mem e do fetiche, do homem e da histéria, do homem ina histéria, uma palavra: da praxis humana, ‘Ao final deste pereurso, 0 que se pretende € ter pontuado alguns elementos do que poderia ser chamado de wma teoria marxista da subjetividade, colevines © Escrito especialmente para est a duza 20, nivel de seus atos posteriores ificagdes ignoradas, por ex terd, produzido sobre ele efeitos priticos: faz quando faz algo, mas ele mesmo se ‘saber. Da mesma forma, as sociededes no podem zir sem estas formas sociais de ident . de valores, de normas, cont Tangam sobre ‘uma parte de imaginari im de um. comportamento fo). Este conhecim ypenas sabe 0 que mnsformou através deste rece quando uma certa verdade ¢ alcancada, e & esta eficiéncia que dé 0 cariter de verdade as construgies, Qual é, nestas condigdes, 0 valor do saber? Em primeiro lugar, a emancipagao dos homens tem necessariamente uma dimensio cogni cura para ela mesma, pode se extraviar, fracassar, ser cheia de impasses ou de regressdes. O conhecimen 30 um efeito de acelerapao e um thor, néio reconhecido. mento cientifico s6 pode apatecer no registro simbé- uma cigncia é um sistema de coneeitos que permite esta- racionalidade ou a necessidade de um certo tipo de pro objeto, € 0 “re 0 real que ela propri a segunda posigio, defendo que o “real” wo € outra coisa do que o que rege eas socials e que 1as que a ele temos acesso através — e somente yguagem das ciéncias, O que rege a producio, 0 di ‘nds necessidade externa; nao fomos nds que quisemos estas trocas ou as predeterminamos, nem as programamos. Mesmo as transformagdes i jungdes ou . Estabele- tipo de racional transformagéo interna de um modo de pensamento, po localizar © que, no © que produziu estes efeitos no sistema, Estabelecer racionalidade das formas simbélicas e seus processos de transformagio ¢ 0 dinico acesso — indi na sua ra é 20 mesmo tem- malidade, ¢ as transformagies desta — indica, p. , enquanto tal, & 0 tinico acesso que temos 20 real. Mas, se s6 conhecemos 0 real através do simbélico, s6_temos acesso 0 simbélico através do imaginério, O simbélico em si mes- mo nio nos € “dado”. Nio conhecemos espontaneamente a raciona- lidade que rege nosso trabalho, nossas representagdes, nosso costu- mes. Precisamos reencontré-la, reconstruila, através da critica das representacées que dela temos, isto ¢, através do imaginério de um ou outro grupo especifico, ou até mesmo um imagindrio social co mum a todos, 39 “ atriburido & natureza do modo de producao, porque agora nestas relagées de produgao algo mais fundamental, © que ¢ ‘mais do que 0 inverso, a natun tese_permanece manana iia verdes sober sobre a sconomi de nosso lonpo, thas sie tadas como um sinfoma da natureza da produgio moderna; representagées das irocas humanas tm um discurso, e no somente moral, do flosofia sero, cada vm 8 sua mancira, e em diferentes 36 E que nestes modos de_pensamer of efeitos da servidio. (da domin: exploracdo de uma classe pensamento pertence t has dar conta do mundo onde se expressa. Pi realidade, e, no entanto, nfo tem o mesmo 1 primeiros escritos de Marx manifestam o esforco para a saber que™por um lado, as produgdes inte wdependente, auiénomo, de que ¢ so imanentes, e que, por outro lado, iém todos o mesmo valor de verdade. se se prefere, nem tod conhecimentos, nem todos visam tornar evidente o que € essencial ros processos soci Nao apenas nao ha r (nos anos 444) de uma certa auto-con ja, uma aproximagao teé- tempo todo presa uragio, no necessa- ‘éncia podemos Permitindo-me uma anal uma representagdo de sua Nao apenas por nfo poder viver sem esta representagio de si, mas| porque esta representago informa e condiciona seus atos vindouros. No ent \do através da anélise chega a revelar a si mesmo as| fontes até entio ignoradas desta representacio, pode ocorrer uma 7 sticessos histéricos de certos movimentos no garantem novessaria mente a perenidade das organizagdes que os sus 6 sobrevive pela promessa de que € portador. As produgGes intelectuais como sintomas do real Pode aparecer “ dade empitica, isto &, fenomenoldgica, ou sintomas de um “real — ave entendo como estrutural ou essencial —, isto é, de um pro- cess0 que s6 pode icialmente ser ident se possa estabelecer 0 que “ mas. As significagées conscientes, o “seni 4 seus atos, provém sempre do imaginéri ou de grupos aos quais pertencem, ou ainda 0 de gostariam de pertencer e com para a eles se sgrarem. Freud tentava descobrir que ansci tentavam determinadas representagdes, isto 6, oe adesio. Marx procurava reencontrar sua origem s estio presentes os dois elementos. compreender em que sentido as jas _aniecipam o futuro: allo o 34 indo-se com a toga da Roma antiga, por exempl "u anacronismo. 1789 ter, assim, valor de antecipacdo, apesar de ‘guagem € inadequada se nos falarem como os romanos {que no eram romanos € que vi tuia como sintoma era, para além da disténcia hist6rica, 0 que era visado nesta analogia. Era a utilizagao de modelos antigos para fins contemporaneos, para saber compreender e sobretudo agir sobre 0 presente. Dizer que um d plesmente consideré-lo. pura misti- ficagio. Levé-lo a sério € consideré-lo como um saber. Marx (e Freud) recusam estas alternativas do compfetamente fal verdadeiro, ¢ propdem uma ipando de certa forma a jo, pols a Alemanha dos anos 1840 ipacdo de uma classe, e jé pensa na revolugio social e na emancipago universal dos homens. Pode parecer surpreendente que os alemaes de 1840 tenham podido pular algumas etapas ¢ estarem adiantados sobre seus contemporaneos quando, pratica- eapazes de terem um Estado moderno. “Ora, a Alema- 38 povos modernos os di |. Mesmo aqueles que, cla ultrapassar de um Gnico sal barreiras mas também as que ce Pode-se, evidentemente, considerar estas reflexdes como as de tum jovem cuja geragio teve uma imensa esperanca politica, esperanga esta que foi profundamente decepcionada. Estas consideragSes a ramenas mas nao séo suficientes pata infirmé-las. A meu ver, ha uma interessante hip mages sobre © valor antecipat6rio das teorias. Antecipacio nfo ¢ adivinhacio. Nio . uma preseiéncia do futuro, pois nfo & ao nivel do saber que a filo- ‘05 povos modernos?”"# 35

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