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A LUTA ENTRE O MATERIALISMO E O ESPIRITUALISMO#” Amaioria dos jornalistas tacha nossa religiao de falsa e supersticiosa!8), Qual a razio dessa afirmativa? Falando em poucas palavras, é que 0 ponto de vista deles difere do nosso. Eles analisam as questOes espirituais tomando por base a visdo materialista. A matéria, como a propria palavra indica, é uma existéncia claramente visivel e, por essa raziio, qualquer pessoa consegue compreender. O espirito, todavia, por ser invisivel, fatalmente acaba sendo negado. Assim, se fizermos uma simples comparacio, teremos de concordar que o espiritualismo encontra-se em situacao desvantajosa em relagao ao materialismo. ‘A visdo materialista esta restrita aos cinco sentidos; portanto, é uma existéncia limitada, ao passo que a visdo espiritualista nao conhece restricoes. E como se fosse o tamanho da Terra comparado com 0 tamamho da Mniversa, qne é 1m espaca sem-fim. Consideranda o que é visivel, daqui onde estou, s6 posso enxergar até o monte Fuji, e olhe lA. A distancia nao passa de algumas dezenas de quilémetros, No entanto, 0 sonen, que é invisivel, consegue, num instante, nao sé atingir qualquer ponto da Terra como também se estender até o infinito. E como se a viséo espiritualista fosse 0 oceano, e a visdo materialista, 0 navio que nele flutua. Nessa mesma légica, ha uma lenda do macaco Songoku!2), que, tentando fugir do dominio espiritual de Buda Sakyamuni, percorreu milhares de quildmetros, mas acabou se rendendo ao perceber que ainda estava na palma da mao de Buda. Podemos comparar o espiritualismo @ mao de Buda, e o materialismo, ao macaco Songoku. Se tomarmos outros exemplos do budismo, temos a “Teoria do Vazio”, que é a visto materialista analisada a partir da perspectiva espiritualista: “Tudo 0 que nasce esta sujeito a desaparecer” e “Todo encontro esta condenado a separacdo.” Hé ainda o estado de Huminac&o do zen-budismo: “Aquilo que possui forma, —infalivelmente desaparecera.” Pela exposigao acima, acredito que entenderam 0 quanto é errado analisar os assuintos espirituais do ponto de vista da matéria, pois esta é finita, enquanto o espirito tem vida eterna e ¢ infinito. E 0 mesmo que querer colocar um elefante dentro de um pote ou tentar ver todo 0 céu através de um orificio no telhado. Materialistas! © que fardo apds lerem essas palavras? 20 de dezembro de 1949 £42) Tyrulo anterior: “Materialismo e espiritualismo”. (48) Supersticiosa: Sem fundamento racional, que induz 4 confianga em coisas absurdas. £42) songoku: Personagem do romance chinés Fst Yu Chi (traduzido para o inglés por Arthur Waley como titilo Monkey) 1de1 A RELIGIAO PRECISA SER MUNDIAL“). ea religido nao for mundial na sua esséncia, mesmo que retina todas as outras condigdes como tal, nao se pode dizer que seja uma verdadeira religiao. Caso ela se restrinja a uma nacdo ou a wm povo, surgirdo conflitos tal como ¢ a realidade atual do mundo. Isto porque cada religito se orgulha da propria superioridade e facilmente desmerece as demais. Assim, além de elas nao conseguirem se harmonizar, dependendo da situacdo, podem até ser manipuladas pelos governantes. A exploracéo do xintofsmo de forma extremista pela ditadura militar japonesa durante a Segunda Guerra Mundial e as Cruzadas da antiga Europa sao fatos que explicam o que estamos dizendo. Nao s4o poucos os exemplos, mas a causa, conforme ja afirmei, estd no fato de que as religises eram restritas a determinados povos. Obviamente, nao podia ser diferente, pois, naquela época, quando a cultura ainda estava na fase inicial, os meios de transporte eram pouco desenvolvidos e as relacdes internacionais, limitadas. Hoje, quando tudo se tornou mundial, 0 correto seria as religides também acertarem seus passos com essa realidade. & por essa razao que reformulamos 0 nome da nossa religiéo tirando a palavra “Japao” e passamos a chamé-la de Igreja Messianica Mundial. 11 de fevereiro de 1950 QD Titulo anterior: “A rligiio precisa ser universal’ 1de1 FE UNIVERSAL S®SETA DATOS ‘omo sempre digo: aquilo que é mal, na perspectiva daijo, é bem do Conte ae vista shojo 4 acailo que é mal na perspectiva shojo, € em do ponto de vista daijo. Aiguns fiéis tendem a esquecer esse ponto fundamental. Por conseguinte, é preciso que reflitam bastante e se corrijam. Falando de uma forma mais compreensivel, a visto daijo consiste em observar as coisas de forma abrangente. Vou explicar melhor. Ha casos em que alguém se empenha numa pratica acreditando ser um bem, mas no final acaba se tornando um obstaculo para a propagagdo dos ensinamentos, Justamente esse tipo de pessoa age com base na propria capacidade, confia demais na forca humana e, inconscientemente, tende a esquecer a imprescindivel Forca Divina. Certamente, muitos devem ter vivido situacdes como essa. Frequentemente, ougo pessoas que, intrigadas, fazem o seguinte comentario: “Apesar de ser tdo fervorosa, aquela pessoa néio consegue expandir a fé, por que sera?” £ porque essa pessoa possui £6 shojo e, como tal, seu comportamento é excessivamente formal e rigido, néo atraindo as pessoas e, por isso, ndo propaga a fé. O pior de tudo é que, uma vez que leva as coisas ao extremo, perde a sensatez e age com palavras e atitudes excéntricas. Ao presenciar isso, pessoas esclarecidas julgam nossa Igreja uma religiao supersticiosa, de baixo nivel, e passam a nos olhar com desprezo. Por essa Taz40, devemos tomar 0 maximo de cuidado nesse onto. Existem pessoas, no entanto, que expandem a fé além das expectativas, apesar de néo darem mostras de serem tao fervorosas. O motivo € que elas assimilaram e praticam a fé daijo. Desejo acrescentar que sao justamente as pessoas de fé shojo as que costumam definir o bem e o mal do prdximo. Tenho dito frequentemente que isso ¢ um erro gravissimo, pois s6 Deus comhece 0 bem e o mal nos seres humanos. Na condigao de ser humano, querer definir o bem e o mal é uma blasfémia e no ha ofensa maior a Deus. Tais pessoas, geralmente, se consideram as tnicas certas e sto orgulhosas. Ao mesmo tempo, como nao sto virtuosas, além de nao expandirem a fé, muitas vezes criam problemas despropositados. Essa légica se aplica a tudo, tanto em pequena como em grande escala. Como exemplo disso, basta observar o Japao de antes do término da Segunda Guerra Mundial. Empunhando a bandeira da lealdade e do patriotismo, 0 povo japonés lutou com todas as forcas, e a consequéncia foi aquela derrota conhecida por todos. De fato, tudo aquilo foi praticado na época acreditando que se tratava de uma atitude correta e ditada pelo bem. Todavia, como esse bern era um bem do ponto de vista shojo, visava somente a felicidade do préprio pais, pouco se importando com o que viria a ocorrer com os demais. Foi devido a esse pensamento egoista que teve um fim lamentavel. A respeito disso, publiquei, recentemente, o ensinamento “Seja cidadao do mundo‘®" com o objetivo de mostrar que 0 auténtico bem é 0 bem do ponto de vista daijo, isto é, o bem em Ambito mundial. Evidentemente, se partissemos deste principio, nao teriamos promovido guerras e invasdes e nem 1de2 ¢Y precisariamos passar por aquelas situacdes tragicas. Com toda certeza, hoje nosso pais estaria desfrutando da paz e sendo respeitado pelo mundo inteiro, Em termos de amor, existem o amor de Deus e o amor do ser humano. Como 0 amor de Deus ¢ daijo, Ele ama a humanidade irrestritamente. © amor humano é amor shojo, que se limita a amar a si proprio, seu grupo € seu povo e, como resultado, esse tipo de amor de cardter restrito se torna um mal. Os fiéis, ao compreenderem claramente o sentido das minhas palavras, devem manter, sempre e em tudo, uma atitude daijo, isto é, manter 0 amor de Deus vivo no coracao e transmitilo ao préximo, 0 que, com certeza, produzira bons frutos. Por esse motivo, se eles fizerem da Vontade de Deus a sua vontade e tratarem as pessoas com amor sem discrimina-las, é natural que qualquer um se sinta bem ao se relacionar com nossos fiis, e passem a se reunir com alegria a sua volta. Assim, certamente, a fé se expandira. Escrevi aqui o que venho sentindo ultimamente. 25 de novembro de 1951 (ED Tuto anterior: “Possua fé universal” 45) paijo: visio macro, analisa o todo sem se prender ao particular. E uma visio larga, ampla, abrangente, coletiva, integral e de longo prazo. Ensinamento anteriormente intitulado “Precisamos ser universais” da coletanea Alicerce do Paraiso, volume 8 2de2 2. 0UTRAS FORMAS DE VAIDADE™ requentemente, encontramos adeptos que, movidos pelo ardor da fé, criticam o responsdvel e os diretores da Igreja A qual pertencem, dizem que seus procedimentos n&o sto bons, sugerem reformas na instituigdo, entre outros comentarios. Quando suas ideias nfo sao aceitas, por vezes ficam muito aflitos e impacientes. Por essa razéo, desejo expor sobre o assunto. Uma vez que esse tipo de pensamento é motivado pelo makoto desses figis, nao diria que seja algo ruim, mas hé um ponto que deve ser levado em consideracdo. Trata-se de um pensamento préprio da fé shojo}, Como tenho dito sempre, nossa religiao caracteriza-se pela f6 daijo'. e, por esse motivo, seu pensamento difere bastante da viséo comum. Enquanto nao reconhecerem isso, significa que nao estardo de acordo com a Vontade de Deus. Na realidade, o fato de julgar se una pessoa é boa ou mé, ja constitui vaidade, uma vez que somente Deus consegue distinguir o bem ou o mal do ser humano. Jé escrevi a respeito disso e aconselho que ajam com muita ponderacdo. Se a pessoa estiver errada ou for ma, Deus tatara de julgéla, sendo desnecesséria qualquer preocupagdo. Por conseguinte, creio que 0 fato de o ser humano se preocupar e sofrer sem necessidade significa que ele nao acredita na forga de Deus. Como prova do que digo, ha varios casos de pessoas que, devido a um equivoco em sua fé, foram julgadas por Deus e algumas chegaram até mesmo a perder a vida. Os fiéis antigos ja vivenciaram intmeras experiéncias dessa natureza. Logo, antes de julgar 0 bem ou o mal do préximo, devem observar o bem e o mal existentes no proprio interior. Sei perfeitamente que as pessoas que ingressam na nossa religiao possuem makoto e, portanto, nao faz sentido que tenham um sentimento ruim. Em relaco ao makoto, existe 0 amplo e o restrito e, ‘por essa raza, precisamos ficar atentos. Tenho dito sempre que o bem de shojo ¢ 0 mal de daijo. Mesmo em se tratando do bem, se 0 makoro estiver baseado no pensamento shojo, o resultado sera negativo. Nossa religiao se prop0e a realizar wna grandiosa obra de salvacao da humanidade, inédita desde a criagio do mundo. Por conseguinte, devemos confiar os assuntos internos da Igreja a Deus, tendo sempre em mente a sociedade, ou melhor, 0 mundo. Em suma, a visdéo deve estar voltada sempre para fora e ndo para dentro da religiao. Gostaria de dizer, ainda, que uma vez que o Plano Divino é€ extremamente profundo, obviamente nao ha como compreendélo por meio da viséo e do intelecto humanos. Ha o seguinte ensinamento da OomotofZ#; «No cerne de Deus, ainda ha profundidade. Como ha o profundo do profundo no Seu Plano, as pessoas no conseguem compreendé-lo. Quem pensa no compreender as coisas do Mundo Divino, é porque de fato as compreendeu.” Outro ensinamento adverte: “Seria possivel reconstruir os trés mil mundos@ por meio de um plano tao superficial, capaz de ser compreendido pelo ser humano?” Acho que essas so palavras realmente simples e que expressam bem tudo isso. Jornal Eiko n° 121, 12 de setembro de 1951 1de2 ¢Y POR QUE NASCEM GENIOS@22 utro dia, vi no jornal a noticia de uma crianga de seis anos que pinta quadros magnificos. Vou explicar por que nascem criangas assim. Desde as tempos antigos, de vez em quando, tém surgido génios. Ja ouvi varias vezes que, no Ocidente, existem grandes mtisicos que, aos seis ou sete anos de idade, j4 tocavam o piano ou o violino perfeitamente e, com pouco mais de dez anos, se tornavam grandes compositores. Soube que o famoso Schubert, com pouco mais de dez anos até a sua morte, aos trinta e um anos, compés mais de quinhentas mtisicas; portanto, nao ha duividas de que tenha sido um genio. Deve haver algum motivo especial para o nascimento desses prodigios. Gostaria de eserever sobre isso. Evidentemente, a causa é espiritual e nao é possivel esclarecé-la por meio da ciéncia materialista Contudo, creio que também é pertinente compreender 0 motivo. Dessa forma, procurarei explicar baseado na ciéncia espiritual. As causas podem ser duas: a reencarnacao do espirito de um grande miisico ou por influéncia desse espirito. Suponhamos que estejamos diante de um mtisico famoso. Mesmo apés a morte, no Mundo Fspiritual, ele nao consegue esquecer sua adorada arte. Assim, em virtude do forte apego, acaba reencarnando prematuramente. Esta é uma das causas. ‘A outra, que vem a ser a influéncia espiritual, pode se verificar pelo fato de o espirito nao conseguir esperar a préxima reencarnacao e procura um descendente de sua linhagem, de preferéncia uma crianca. Ele aguarda até que ela cresca e, por volta dos seis ou sete anos, quando os dedos das maos comecam a ficar ageis, encosta. Por ser ele um grande artista, consegue manifestar uma notavel habilidade. Entretanto, ele s6 pode influenciar as pessoas de sua linhagem espiritual com as quais possui afinidade e, em especial, as criancas, pelo fato de ser mais f4cil influencié-las e manejélas livremente. Pensem bem. Em situacoes normais, uma crianca de seis ou sete anos nao pode ter a capacidade de um adulta, Canhacenda, parém, as motives expastas, creia que naa ha nenhum mistério no aparecimento de génios e criancas-prodigio. Contudo, nem todas elas sera bem-sucedidas. Algumas 0 serao até certa idade e, depois, na maioria dos casos, se tornarao pessoas normais. Isto se limita a possessao'03) ¢ nao a reencarnacao. No caso de reencarnacao, nao ha mudancas porque o prdprio espirito reencarnou nessa pessoa dotada de genialidade. No caso da possessdo, o espirito s6 tem permissdo de influenciar a pessoa apenas por determinado tempo, em razio de uma miss&o recebida de Deus ou de uma expectativa de seus ancestrais. Jornal Kyusei n? 83,2 de 11 de margo de 1950 £102) yituio anterior: “Por que surgem eriangas prodigio”. 262) vide Ensinamento “Possessao por divindades”, da coletanea Alicerce do Paraiso, vol 1de1 ¢Y O PLANETA TERRA RESPIRA“) jodos sabem que os seres vivos respiram, Na verdade, a respiracdo é ‘uma propriedade de todos os seres, até mesmo dos vegetais e dos minerais. Se eu disser que a Terra também respira, muitos poderdio achar estranho; todavia, com a explanagio que farei a seguir, tenho certeza de que concordarao comigo. De fato, a Terra respira uma vez por ano. A primavera é quando ela comeca a soltar a respiracao, e tal processo atinge 0 ponto maximo no verdo. O ar que ela expira é célido, como a respiracao do ser humano, e isso se deve a irradiacao do préprio calor da Terra. Na primavera, essa irradiacao é mais intensa, e tudo comeca a ser formado, primeiramente as plantas e as arvores. Nessa estacao, todas as coisas se desenvolvem em direcao ao alto, e o ser humano também se sente mais animado. Com a chegada do vero, a vegetacao se torna mais vicosa e chega ao seu pice. A partir de entéo, a Terra comeca a inspirar, € a vegetacao seca € cai, Todos os seres entram em um proceso de declinio, e 0 préprio ser humano torna-se mais sereno. 0 inverno é quando esse estado alcanga 0 ponto culminante. Assim é a Grande Natureza. © ar que a Terra expira é a energia espiritual da terra, cuja denominacao cientifica € nitrogénio; gracas a ele, a vegetacdo se desenvolve. O nitrogenio se eleva até entrar em contato com 0 ar e ai se acumula, retornando ao solo em forma de chuva. Este é o fertilizante natural, a base de nitrogénio. Por essa razio, é errado retirar 0 nitrogénio do ar e utilizé-lo como adubo. £ verdade que, com a aplicacao de fertilizante a base de nitrogénio, se consegue um aumento momentaneo de produgao, mas o uso prolongado acaba “viciando” e enfraquecendo 0 solo. Com 0 excesso de nitrogénio, a propria forca de atividade do solo diminui. Como é do conhecimento geral, o fertilizante a base de nitrogénio foi desenvolvido na Alemanha, durante a Primeira Guerra Mundial. Em tempos de guerra, por causa da necessidade momentanea de aumentar a producao de alimentos, ele atinge o objetivo; com o fim do conflito e o consequente retorno & normalidade, sua utilizacao deveria ser suspensa. As manchas solares, que, desde os tempos antigos, tém sido assunto para muitos debates, representam a respirac&o do Sol. Dizem que as manchas solares aumentam de intensidade de onze em onze anos, ¢ isso se dé porque a expiracdo chegou ao auge. Com relacdo a luminosidade da Lua, considera-se que ela é 0 reflexo da luz do Sol. Devemos saber que, da mesina forma, a combustéo do Sol depende do elemento 4gua, proveniente da Lua. As fases lunares tém ciclos de vinte e oite dias, que representam a respiragdo da Lua. Coletanea Assuntos sobre Fé, 5 de setembro de 1948, a9) itulo anterior: “O globo terrestre respira’ 1de1 SOCIALIZAGAO DA ARTE®?! ‘ou explicar o significado fundamental do Museu de Belas-Artes de Hakone, que construf recentemente. Como sempre digo, o objetivo da nossa Igreja ¢ criar um mundo perfeitamente consubstanciado na Verdade-Bem-Belo. Como expresso do belo, concebi uma obra de arte inédita que até hoje ninguém tentara, unindo a beleza artificial A natural. 0 motivo é que, até hoje, sem entrar no mérito dos outros paises, apesar de o Japao ser detentor de um grande numero de magnificas obras de arte que ndo deixam nada a desejar em relagio as de outras nagdes, aquelas se encontravam nas méios da classe privilegiada, que as guardavam como tesouros, sem exp6-las ao puiblico. $6 as mostravam, de vez em quando, a um grupo limitado de pessoas. Em suma, wratava-se do “monopdlio” das belas-artes, e esse era 0 modo feudal de pensar dos Japoneses até este momento, Ha algum tempo, vinha achando esse fato realmente lamentavel e, portanto, de alguma forma, desejava eliminar esse mau costume € integrar as belas-artes a sociedade. Enfim, trata-se da “libertacao” das mesmas e do deleite para 0 povo. Acreditando que, esse sim, seria um motivo para impulsionar a arte, permanecia atento a possibilidade de realizagao. Pelo fato de eu ser um lider religioso, pude contar com a devotada dedicacao dos fidis. Assim sendo, 0 Museu de Belas-Artes foi concluido em um espago de tempo relativamente curto, e estou imensamente feliz. ao ver concretizada uma aspiracao de longos anos, Atualmente, em algumas regides do Japao, existem museus de belas- artes particulares, mas 0 objetivo de sua criacao difere completamente do meu propésito. Para satisfazerem seus gostos pessoais, preservarem seu patriménio e sta Teputacdo, pessoas abastadas e os grandes conglomerados empresariais investiram recursos financeirose transformaram vastas colecdes de arte em entidades juridicas com 0 propésito de garantir e preservar seu futuro. Uma vez que existe uma lei regulamentadora determinando que os museus devem, por alguns dias da ano, abrir snas partas an prihlien, eles assim procedem apenas durante um curto periodo, na primavera e no outono. Por essa Tazo, devemos dizer que seu papel social é ainda muito limitado. Em contraposigéo, nosso Museu de Belas-Artes fecha apenas durante os trés meses de inverno ~ dezembro, janeiro e fevereiro -, devido ao clima de Hakone. No restante do ano, ele permanece aberto, oferecendo a possibilidade de visité-lo quando se desejar. Nesse sentido, também podemos dizer que ele é um museu ideal. Os objetos expostos, que chegam a disputar espaco entre si, sao raros e de excelente qualidade, fazendo com que as pessoas interessadas em belas.artes desejem aprecié-los, mesmo que por uma tinica vez. Por conseguinte, imagino que a satisfacéo dessas pessoas seja realmente muito grande. Acrescente-se que o preco do ingresso também é acessivel, fato que nos faz crer que podemos contribuir amplamente para o hem-estar social. Outro aspecto positivo é que, quando o artista da atualidade deseja ver algum objeto de arte como referéncia para seus estudos, nao encontra nenhum museu adequado, pois prevalecem os objetos arqueolégicos e de cunho histérico. E, quando se trata de objetos de arte, 1de2 ¢Y estes sao predominantemente budistas. Os demais museus de belas- artes particulares tém exposto, sobretudo, a arte chinesa e a ocidental. Assim sendo, nao existia nenhum museu de __belas-artes verdadeiramente japonés. Por esse motivo, até para a preservacao de obras culturais de inestimavel valor, que tendem a se dispersar, poderemos contribuir amplamente. Outro dia, em visita ao nosso museu, 0 Sr. Assano™2), diretor do Museu Nacional [de Téquio], e o Sr. [kinji] Fujikawa, diretor administrative da Comisséo de Preservacio do Patriménio Cultural, disseram que nosso museu preenche as condicdes de que nosso pais mais necessita atualmente, raz4o pela qual, além do reconhecimento, eles manifestaram irrestrito apoio € desejo de que nos empenhemos cada vez mais nesse sentido. De fato, isto constitui um grande estimulo para mim. Para finalizar, gostaria de dizer, em especial, que, no futuro, grande maimero de turistas visitara o Japaio. Como nao existe quem nao passe por Hakone, sem duvida, esses turistas visitaraéo também nosso Museu de Belas-Artes. Desse modo, ele sera bastante util no que se refere 4 melhoria do posicionamento cultural do Japao. A propésito, estrangeiros de grande influéncia, tal como o professor Langdon Warner [1881- 1955], nos tém solicitado visitas ao museu, de modo que chegara também o momento em que o museu sera conhecido no exterior. Acho que nao esta muito longe o dia em que se tornara uma instituicao japonesa reconhecida. No desejo de corresponder a essa expectativa, atualmente estou-me —_esforgando ~—continuamente no seu aperfeicoamento como um todo. Jornal Eiko n° 168, 6 de agosto de 1952 £43) titulo anterior: “Obras-primas da arte ao alcance do povo". (4D agatake Assano (1895-1969) 2de2 CAPITULO IIL O TEMPO 13 Aproxima-se a grande transic¢ao ‘da histéria da humanidade. Abram os olhos e vejam a situagao do mundo atual. (.) A felicidade e até o mundo ideal, que eram a aspiracao inicial da humanidade, foram esquecidos, nao se sabe quando, tendo-se chegado a um momento em que nao se vai nem para frente, nem para tras. Desse modo, quanto mais a cultura progride, mais o ser humano se distancia da felicidade. £ um resultado extremamente irdnico. Parece uma gangorra: quando um dos lados sobe, 0 outro desce. Falando em termos mais simples, inicialmente tentou- se construir o Paraiso Terrestre com a cultura espiritual; mas, j4 que sua concretizacéo parecia impossivel, apelou-se para a cultura cientifica. Avancou-se com forga total. Nao obstante, conforme foi exposto anteriormente, ao invés de se alcancar o Paraiso, chegou-se a um estado pior que o do préprio inferno: a iminéncia da destruicdo da humanidade, com a invencao da bomba atémica. 0 fato, porém, é que, mesmo tendo chegado a uma época to perigosa como a atual, 0 ser humano ainda nao despertou, continuando a venerar a ciéncia materialista. Em poucas palavras, ele fracassou recorrendo cultura espiritual e também a cultura material. Levando em consideracao o fato lastimavel de que ele ainda nao aprendeu a licao, 0 que deve ser feito? Esta precisa ser a grande tarefa da humanidade: reconhecer 95 erros cometidos até agora e recomecar. Ou seja, a solucao 6 formar uma nova e equilibrada cultura, que nao pende nem para 0 espirito nem para a matéria, mas funde c iguala ambas as partes. Somente assim estara concretizado o Paraiso Terrestre. Por tudo o que vimos até agora, podemos dizer que a época atual é a época da mudanca da velha para a nova cultura, a era da grande transicao mundial 4 qual sempre nos referimos. Sera que, na histéria da humanidade, ja foi registrada uma mudanca tao grande? Em verdade, é um fato inédito. Como sera essa nova cultura que ocuparé o lugar da antiga? Incontestavelmente, trata-se de algo que nao pode ser compreendido pela inteligéncia do homem contempordneo, ainda que em pequena parcela. E quem se encarregara de crié-la? Nesse contexto, independentemente de crermos ou néo, é imprescindivel admitir a existéncia do ser conhecido como Deus. Por conseguinte, darei explicagdes a respeito. Embora digamos simplesmente Deus, na verdade 1de2 existem niveis ~ superior, médio e inferior — com imimeras funcoes. O xintoismo admite a existéncia de uma infinidade de deuses. Até hoje, quando se fala em Deus, pensa-se no monoteismo crist4o ou no politeismo xintoista. Entretanto, amas as visdes sao parciais. Na verdade, existe um tinico verdadeiro Deus, que se subdivide, transformando-se em varios deuses. Por esse motivo, Ele é um e muitos ao mesmo tempo. Cheguei a essa conchisao apés longos anos de pesquisas sobre o Mundo Divino. Tratase de um pensamento que ja existia, mas parece que nao se conseguit dar maiores explicacdes a respeito. Até aquele Deus que veio sendo adorado como Supremo esta abaixo da segunda classe. Deus esté muito além e s6 velo sendo venerado de Jonge pela humanidade. Quem é Ele, entao? Nao € outro senao 0 mais elevado dos deuses, ou seja, 0 Supremo Deus. ‘Aquele a quem os povos se referem como Jeovd, Logos, Deus, Tentei2®, Mukyoku2!, Cristo®2, Messias. © objetivo de Deus é a construgdo do Mundo Ideal de perfeita Verdade, Bem ¢ Belo e, para tanto, era necessério que todas as condigBes fossem preenchidas. Ele estava aguardando 0 tempo certo. Essa hora chegou: € a época atual. Sendo assim, é preciso, antes de mais nada, que a humanidade se conscientize disso e que se processe a revolugéio espiritual de cada individuo. (..) Nodes sobre a IMM, “Nascimento da Igreja Messiénica Mundial”, 20 de novembro de 1950 (publicado na Coletdnea Luz do Oriente, vol. 1) 20 Tentet: corresponde aos termos chineses Tiandi ou Shangdi, que, de acordo com 2 antiga religiosidade chinesa popular, se referer & Givindade absoluta que criou 0 Universo é 0 governa, Tambem traduzido como “Imperader do Céu” ou “Soberano do Céu’ 21. Mukyoku: corresponde ao termo chinés wui e literalmente significa “ilimitado”, “infnito", No taoismo, diz respeito ao ilimitado Universo primordial, anterior & separacdo entre yin e yang e & criacdo de todas as coisas. E representado por umm eircul6 vazio. 22 Meishu-Sama utilizou a expressao SO*') ZF (Sairin no Kurisuto) ‘para se referir & Segunda Vinda de Crista ow ao Segundo Advento. 2de2

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