You are on page 1of 8
59 O joelho enrijecido a senhora sem sorriso Foi uma experiéncia antiga, ocorrida por volta de 7, quando eu ainda clinicava, que deu-me a certeza de a mente curava ndo sé doencas de origem psicolégica 10 também aquelas de natureza organica. Uma senhora, aparentando uns 25 anos, sentou a Inha frente com a perna esquerda estendida. Aparente- inte, tratava-se de endurecimento articulat6rio do joelho vocado por artrite. Ela tinha uma expressdo dura de lem hd tempo n@o sorria. — Gonorréia? — perguntei. — Talvez — respondeu ela, como se o assunto nao Ihe sse respeito. O belo rosto parecia petrificado, com ex- sso odienta, como de uma fera. — Como talvez? Diga claramente, pois o problema é — falei energicamente. — E gonorréia, sim — disse ela. Explicou que tinha 23 anos de idade e nao tinha pletado um ano de casada. Logo no infcio do casa- nto, seu marido transmitiu-Ihe a doenga. De in{cio, ela Peritonite, se internou no hospital e, quando a doenca €cia melhorar, os germes inflamaram a articulagdo do Iho @squerdo, provocando intensas dores. Depois de ito tratamento, a dor passou, mas o joelho enrijeceu-se. seid enearregado disse que podia operar, mas no que a mobilidade voltasse. E ela completou;: ~ Meu marido é o responsdvel por este meu estado, Ele Digitalizado com CamScanner il | 60 j e no entanto ndo | me transformou numa deficiente f{sica, ertindo me visitou uma vez sequer no hospital e vive se div com outra mulher. “Da para imaginar como a minha solidariedade néo traria O principal era reformular a ment , pensei. Mas 6 esse marido” hora no caso. qualquer mel talidade daquela senhora. $6 0 marido esté errado? poderia ajudé-la? Pela logica, ela De que maneira eu entio, de outro Angulo: nao tinha a menor culpa. Ataquei, — A senhora tem uma expressdo terrivelmente fria. — de nascenga? — Ela se assustou & tentou sorrir, mas no con- seguiu porque ha muito néo o fazia. — Mesmo que seu ma- rido tenha vontade de voltar para senhora, ele ndo consegui- ra se aproximar enquanto a senhora mantiver essa terr{vel expressdo! — Mas... — ela tentou dizer algo, mas me antecipei, dizendo: ~— Ele a deixou nesse estado, nao é? E por isso a senho- rao odeia, néo? — Claro! — Pois, enquanto néo abandonar esse Odio, seu joelho néo melhorard, Provavelmente tem vontade de dar um chute quando seu marido chega perto. Veja, a perna esté pronta para chutar! — disse eu, dando gargalhada. Ela comegou a rir também, mas imediatamente aban- donou o riso e voltou a assumir aquela expresso gélida, como se intimamente estivesse me reprovando. EU com Digitalizado com CamScanner 61 preendia perfeitamente os sentimentos dela, mas urgia mu- dara sua mentalidade.., Pechinchar com a Verdade *“Sim!", apds a quinta insistente pergunta E compreensivel o 6dio que uma esposa devota a seu marido se ele transmite gonorréia logo na noite de nuipcias e, em conseqtiéncia, ela tem peritonite aguda, seguida de paralisagdo da articulagdo do joelho esquerdo devido a infla- magdo. Era o caso da paciente a minha frente. Perguntei-Ihe: — A senhora quer se curar? Ela respondeu um “sim” hesitante. Tornei a Ihe fazer a mesma pergunta. O ‘’sim’’ foi um pouco mais n{tido. Repeti cinco vezes a mesma pergunta e, na quinta, ela retrucou com outra pergunta: — Por que o senhor me pergunta tantas vezes? — E porque sé Posso curé-la se a senhora estiver real- mente decidida a ficar boa. Perguntei-Ihe entdo se estava disposta a fazer tudo que eu determinasse e ela respondeu “Sim!’’. ' — EntGo, agradega a seu marido! falei decididamente. ~ Agradecer? — indagou ela incrédula. Podia-se ver em Sua fisionomia o resto da pergunta: ‘‘Agradecer aquele canalha que me tornou aleijada e ainda vive com a aman- 10?" Ela Permaneceu calada, mas era vis(vel a sua relutancia &M obedecer & minha sugestdo. __| — Digitalizado com CamScanner ee Se ndo quiser, ndo o faga. Mas a senhora néo acabou de prometer que faria tudo que eu determinasse? Se ndo agradecer, a sua perna néo vai mesmo sarar. — Falei-lhe rudemente e fingi desinteresse. Entdo ela disse baixinho: — Por favor, agradecer... — e gesticulou como que pedindo uma outra maneira menos penosa para Se Curar. Mas n&o se pode pechinchar com a Verdade, embora eu compreendesse que era muito diffcil para ela concordar com 0 que eu estava Ihe recomendando, pois era seu primei- ro contato com os ensinamentos da Seicho-no-le. Justamen- te por isso Ihe perguntara cinco vezes se estava disposta a seguir minhas orientagdes. Prova contra o marido Pensei um instante e falei: — Se nao puder agradecer, perdoe seu marido. O rosto da senhora se assemelha ao de uma fera, de tanto desamor! E nessa frieza que mantém congelado e paralisado o seu joelho. Eu sei o quanto seu marido estd errado. Mas ele ¢ responsavel pelas atitudes dele; a senhora o é das atitudes d@ senhora. Odiar uma pessoa, seja ela quem for, nao tra qualquer benef{cio para a senhora e para seu joelho. Ela me ouviu sem nada dizer. Ent&o continuei: — A senhora quer mostrar a todos o que seu mario tem Ihe feito, e é por isso que caminha com a perna a da. No momento em que abandonar o édio pelo seu mat nao precisaré mais de prova contra ele, e seu joelho = Digitalizado com CamScanner 4 Peon tinal a actisan seu Mmarido, ard Cony naturalidade, ular’ a senhora e ele serdo Infolizes, mas todas as pessoas ea dor kambsn 0 sero, A wall Ihe longamente, tentando mudar seu modo de ponsals No tivo A Verdade da Vida ha muitos exemplos de cura con a mudanga da mentalidade, mas até aquela gpoca eu No vira nenhum com o# mous préprios olhos, » tinha fé no que o Mestre Taniguchi dizia, ¢ falar com a paciente, tentando convencé-la a Aposar dis continual a se modificar para curar-se, 0 joelho dobroul Quando se dissipou o ddio A paciente acreditava que estava condenada definiti- vamente a arrastar a perna cujo joelho perdera a articulagdo em conseqiéncia da gonorréia que seu marido Ihe trans- mitira, Perguntei a ela; — A senhora acredita em Deus? — Sim. — Nesse caso, deixe-me explicar. Tendo Deus criado © ser _humano, somos todos filhos de Deus. Jamais Deus castiga Seus filhos nem Se irrita conosco. Os males e as infe- licidades no sdo criados por Deus para nos punir. Nem as doengas, Todo mal significa auséncia de luz, o estado de o ‘ous é luz; infelicidade é treva. Se a senhora acredi- eus e ficar receptiva a luz, a doenca, que é treva, — Digitalizado com CamScanner 64 desapareceré num instante! Vamos orar juntos... maos justapostas... Perdoemos primeiramente o seu marido: nao existe marido mau; é a senhora que o considerava mau; seu édio desaparecera totalmente com a oracdol Fiz a Meditagao Shinsokan. Durante cinco minutos, a mulher se harmonizou com o marido e mentalizou inten- samente a imagem de seu joelho ja curado e funcionando perfeitamente. Terminada a meditacdo, falei: — Experimente dobrar o joelho. Meio incrédula, ela segurou com as duas maos 0 seu joelho e tentou dobré-lo. E dobrou mesmo! Dobrou fazendo estrepitoso ruido! Com lagrimas escorrendo, ela juntou as ™dos e disse: ‘Muito obrigada”’. Ela se espantou, mas eu fiquei mais surpreso ainda. Nem tocara em seu joelho; apenas falara e praticara a Meditagao Shinsokan\ E aconteceu diante de mim algo inexplicdvel para a medicina cientifical Nao fui eu quem a curou, claro. Foi a mudanca da mente dela que a curou, num abrir e fechar de olhos! “A Mente é 0 Criador de tudo” Esse acontecimento mudou a minha fé. Tive ve compreensdo da existéncia de um mundo além dos ono mentos cient{ficos e da légica, e pude Te vide. 0 dade da Verdade que constava n’A bane : joelho n&o se curou totalmente, mas oa ue pravd ximadamente um Angulo de 100°. Cada no que aes” ouvia-se 0 barulho da fricgdo dos ossos, 6 Digitalizado com CamScanner 65 jmento que os paralisara. Esse barulho, para mim, ° raion os ensinamentos da medicina se despe- era COMO osamente. AAs iltimas diividas sobre Verdade dagando a ainda restavam no fundo do meu subconsciente da Vida aa instantaneamente. eet Mente é o Criador de tudo”. Arrependi-me pelo fato de ler essa frase da sutra sagrada Chuva de Néctar da tate sem muita conviccao até aquela data. E muito comum as pessoas duvidarem do ensinamento que diz: A mente cura todas as doengas’’. Quem nao viveu na propria carne a experiéncia de cura, resiste em aceitar essa afirma- cio. Felizmente, mesmo depois que Passei a trabalhar na Sede Central da Seicho-no-le e recebi a missdo de orientar semindrios, pude constatar inimeras vezes, Com os meus proprios olhos, casos de cura através da mudanga do estado da mente, o que me ajudou a fortalecer cada vez mais a fé Nos ensinamentos da Seicho-no-le, Muitos Participantes de semindrios retornam a seus lares com o semblante totalmente mudado. Se o semblante a muda, nada mais natural que mude o interior do lanto & impossfvel apresentar fisionomia ver raiva nos pés. E plenamente verdadeiro la Postura da mente traz acura da doenca! nando Curou. Ouse com Palavras Categéricas M “demos 360 Graus ®Pois gy wee que verifiquei com Ss Meus préprios olhos a Bt Digitalizado com CamScanner 66 cura milagrosa de uma doenga organica, minha {é se forta- leceu bastante. O Mestre Taniguchi diz: “A {6 ou existe na sua pleni- tude, em 100 por cento, ou nio existe, é nula. Nio hi 99,9 por cento de fé'". Assim, a f& se desmorona quando surge qualquer desconfianga ou divida. Eu passara a acreditar seriamente que a doonga se curava com a mente. Mas ainda sentia necessidade de tratar © doente do ponto de vista orginico, concomitantemente Com os ensinamentos a respeito da mente, o que provava que eu continuava a admitir a existincia da doonga e da mente em ilusio, Quando eu li até o vigdsimo volume d'A Verdace a Vida e@ pensei que tinha entendido que “a doenga ado existe", decidi abandonar a profissio de mddico, Mas, a0 terminar a leitura da colegio intelra, compreendi que a deci sto de abandonar a medicina tora OAS UA NUdaAG de 180 graus, A verdadeira mudanga deveria ser de JEU ghaus isto 6, a convicgdo da Verdade de que ‘a doenga nao ens na Esséneia, e & por Nao obstante tode ainda era ba que © Médico Conse ears as tentativas de td, mnlnha cons icamente do tntelecto, @ Hay da alos Palavras que gritel sem querer yy is } y clinicava Ha Manehurla, havle | Quando clinieave 5 he 4 a (have N estava convicto de que padecia de We see HCE A risa Set LY} verdade, sua Moleéstia eta colsa F¢ rian sy il! ays ga fuysistla & queria aceitar minha exlivayde & Digitalizado com CamScanner

You might also like