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© Meraniane ‘tunca etistiu da mesma feima que; por exénipio, Cromwell on Colbert sti Simplesmente tim; couiceto que nos ajuda a compreender, sempre quo seja bem * escolhide, um ftagment da fealidade histérica de forma tins ofiiente do que se- nao Porat, Scale simplesmente da melhor forma como emprestta. Desde ji, julgamos pouss eportuno dar a este termo un significado que difira substancialmente daquele que foi dquirindo ao longo:da Esta critica recai, até certo ponto, sobreo modo cdma. 6 ‘gmpregou a palavra mercantli * desentender, de modo.algum, dos indiseutiveis progressos alcangados pelas‘inais resenics 9 9? Podemos expressé-lo em termos muito concisos: como uma fase na Histérie da politica econémica.~Pareoe ~oportuno; todavia, .que recisemos ¢ comentemos, ‘no opitiego. de nosso estudo, q sentido desta férmula. $ Rn Queremos dizer com isso, em. primeiro Iugai, que se trata do estudar. 0 aspecto ccontimies, e niio otro qualquer. E evidente que este modo de enfocar o problema tequet uma abstragio, Porta, gem um prinipio de selesio seria impossivel estudar qualquer fendmeno historic, medos que seja na forma de mora compilagto de dados, i © propésito'que aqui nos gui ser estudadds também, ‘com pr Viste. Interessaria, antes de osses atop representavam no aspecio puramente administrative, de que 38 smanavim; © assim mesmo se poderia estudar seu conteido ecprital, proveltnsamelite azpartir de um ponto de vista nko econdmico; por exemplo, no tecante i filosofia 46..Estadg. Todavia, aqui nos abstemos:com plena consciéacia de tocar nesses B:circunscrevérmos: estitamente 20 econérico. Nos parece. necessitia s rigor esta delimitagio do tema, precisamente porque nas obras que se ‘spreseniamn ‘coin do histéria da economia sto tratados, com. certa freqdéncia, problemas que nada tema ver cm b aspecto ecpndmico do desenvolvinents histérico, A expressto “histéria da pjlitica cooitmica” envolve,além disso, outa dolimite;a0 t2 fubstoncial pelo menos quanto} primeira, pois o que estuda & axclusivamente a politice crontmica @ ilo ¢ desenivolvijnento econémico como tal ou, se o quiser, nfo a prépia economia, mas as intongées encaminhadas 2 infliir nela ou altaré-la de alguma forma. Em ‘outros termaos: aqui niio pretendemos expor e nem ‘exporemos 0 desenvolvimento dos Rentmenos econémios em sua totalidade, Os femémenos econémicos obedecem a mina série de outros fatores, no sto $$ determinagos pela politica econdmica, e esta, por sua vez, € {nfluenciada também por fatores ex6grnos és condigbes econémices da épocs. E portanto, uma bré-condigao necesséria para um bon entendimento do assupto, ou seja, do entroncamento que existe entre os diversos aspectos do roblema, que-3e tenfia cm mente a todo 0 moments fas Publicaptes histrieas dos iltimos 50 anos. Sem:se° {{ifereaga que existe entre foltica econémica 6 ad condigesteediinica externas. A descrigko 4 politica econdimica adoteda em um determinado, momentgento pode ser tomada come ‘xplicagto suflcente para as circunstancias coondmicas em tal periodo; nem ae pode entender ‘politica eoondmica como o resultido e conseqténcia da situagio econdmioa real prétca: lace alo desearta 0 fato dé que os fenimenos econdmicos © a politica wondmmica esiejam e eahen necessatiament que estar conectaos a todo o momenta por uma serie de lacos. Nesta obras me esforgarei em enfocar e expor sempre a politica cm sta dupla conexo com os fendmenoy econdmicos correspondentes, ou seja, mostrando-a como causa e eftilo destés. Mas sem que Com 0 que jé fi dito, cremos jf ter esclarecido o que entendemos por citcinscrever Rosso tema ao campo da politica econtmmica. Vejamos agora que fare especial da histdrie da politica econtrmica é esta que chamamos de mercantilismo. Esta pergunta ¢ facilmente respondida em termos do periodo de tempo em que 0 fendmeno acontzceu. politica econdiice-que-aqui-tios interessa ¢ a praticada na época que separa a Idade Média do Periodo Liberal, & certo quie essa época nilo comega nem termina a0 ‘mesnio tempo nos, diversos palses e mas distintas zonas, mas, aa maori, sua duracto ‘ronolégica pode ser estabelocida claramente nos terms indicados. Ait hoje, nhé-se sempre considerado que a politica mercantilsta nto contin apenas tama certa coinciifia eronolégica de medidas de politica econtmica, e sim, que existia ore ;, Sus diversas parfes, uma conexio itera, uma unidade de concepgio fundamental, revelada em todas as suas meflidas/ Contudo, o conteiido de certo modo diverso que os historiadores dos ‘limes cinqJenth dios vém atribuindo ao final do mercanilismo, tem feito vom que tata lunidade resuitesse, én algo muito mais duvidoso do que se tinha pensado antes. B necessério estudar do, petd>a gealidade, para chegar a uma conclus%o-,rosprita.da-existéncia de tal lunidade e-d6 qie‘etd representava, caso existisse. Na minha opiniéosassé unidade-existe, ainda que nio,acja perfeité, ou, que pouce se fale na sua existéncia sempre presento na consciércis de seus sustentadores, jnas 6, j4, uficientemente Mtiite”para que a idéia auxiliar de uma’ politica eéoiémica-harménica seja essencial, para nilo dizer indispensével, a quem queira Penctrar nla fealidad¢ dos fatos, No meu julzo, a esquemetizagii, da qual & impossivel escapar quando se quer tiagar qualquer sintese, doixa intacto 0 que hé de. substancial no desenvolvimento da histéria da politica econdmica, se o mercantilmo é considerado um sistema harménico ”coercnte, a0 invés de concebé-lo simplesmente como um periodo sronologicamente délimitado. A prova da exatidio dessa concepyio hi de contribuir , no seu ‘conjunto, 6 estudo que aqui abordamos, mas para maior clareza nos pareceu oportuno indicar 54, como iniciagéo, o eritério fundamental que, a rigor, hi de guiar a dvisio de nosso trabalho. ‘Bese unidado, a'que nos referim@, pode ser comprovada desde o primeiro moments com sefertncia a um certo conjunto de fenBmenos econémicos, como a spsrigéo c consolidacio dos Estados surgidos sobre a5 rufnas da monerquia universsl romana, Estados delimitados, ‘errtorialmente e quanto a sua influéncia, ainda que soberanos dentto de suas fronteiras. A ‘ preocupagio com o Estado se destaca, com eftito, no centro das tendéncias mercanilstss, 0 ‘modo como estas se desenrolam historicainente; o Estado somite ‘inkjet de poltia ‘seondmica do inercantilismo, A sepsragio fundamental comegiimpondo-se-na que ¢ refereate a0 taio de affo uramente éxtemo dos objetos perseguidos.¢ no tocante aos érgiios sustentadores da politica ‘econtmica inercantilist, e se impée de um modo duplo, ou seja, em dois aspectos antagénicos ‘entre si. Conseqentemente, era nécessério tutar pelos postulados das:sociedades localmente delimitades, freate’ ag universalismo to caracteristico da Idade Média. Os Estados Nacionais vieram a destruir, én quase todos os territrios, a unidade representada pela Igreja medieval € por um segundo herdeifo,. merios forte que o Estado Romano: a:monarquia universal Tepresentada pelo Império, Mag este aspecto rd, em muito, 0 menos importante, pois na maioria dos problemas priticodJa Idade Média também representava. um cunhe mais particularista que universalista Por” isso a forya, indubitavelmente, tnais, poderosa do ‘mercantilistac’ sé projetava.para dentro © no fora, dirigia-se contra.os organismos sociais todavia mais delimitados, contra as cidades, as provincias, os, paises as comporagdes que haviam imperado na vida social na extensio da Idade Média, Tratava-se, portanto, de ganhar terreno em ambas as ditegbes para o trabalho construtivo do Estado num campo de ago que - dewde 0 ponte deve meremnlsa- vinha edo uewpado.por organism spares 20 adversério a fusto modioyal de:universalismo ¢.prticularismo ¢ tendia, principalmente, a impor os objetivos do Estado, num campo ‘econémico bomogéneo, sujeitando toda a apo econdmica aos pontos de vista que convinham as necessidades do Estado ¢ de seu tertit6rio © . gue 9c, concebiam ‘formando uma. unidade.Até que ponto isso cbastitula, uma missto importante e mais ainda, uma missio susceptivel de Ser.cumprida, dependia, por.vezes, da distinta fsionomia politica ¢ administrativa dos diversos Estados. Como efeito, se por um lado 0s Estados ja consolidados na Idade Média no sentiram a mesma nécessidade desta apo Uunificadora que os Estados fortemente, desegregados ou desintegrados desde um. principio, enquento por outro,.0s Estados que nfo tinham conseguido alcangar-em tempo, oportuno & unidade e a organizagao necesstrias, nfo contam, tampovco, com as.condigtes. prévias para ‘emprecnder, no seu conjunto, esta missto, Esta diferenca existente entre os diversos Estados & da maior importincia para a parte unificadora do trabalho referente & desagregagiio mais ou menos casual ¢ que se manifestava do modo mais caracteristico no regime aduanciro, ainda que tivesse também seu reflexo em outra série de setores, Mas, ao lado desta desagregaglo ~ que, na falta de outra expressio melhor, chamaremos feudal -, existie outra mais finportahte com muitos pontos de vista, a saber: a baseads na politica municipal da Idade Média. Uma prova da {orga da obra realizada pelas cidades medievais & que nem o feito desta segunda classe de desagregapdo a que nos referimos nem a capacidade para vencé-la terminaram afctados de um modo profuundo pelas desigualdades, eaquanto a estrutura politica dos diversos Bstados: no que se refere & politica rmunicipal da Idade’ Média, todos eles assumiam uma posiggo bastante andloge. - ‘Nesse ponto, se destaca com-bastante forga a diferenga existente segundo a qual a politce enfocada a partir do ponto de vista econdmico ou a partir do ponto de vista edministrativo. Se © que se faz ressaltar & 0 aspecto econiémico, hi dese revelar o contetido da. construco unificadore, © no sua forma. Neste ‘caso, nao interessa suber que “Grgios foram os ‘sustentadores desta politica; o-que importa & conhecer, simplesmente, 0 sentido em que esses Srgios, quaisquer que fossem eles, atuavam. O feito de que as. autoridades do Estado assumissem fungSes atribuidas antes 2-corporagdcs locais ou provinciais € coisa que por si ‘no nos interessa quanto ao problema objeto de nossa atual investigagdo, sempre ¢ quando, naturalmente, os novos érgfos continuem perseguindo os mesino fins que os antigos ou, pelo menos, que fosvem-perseguidos-os mestnos fins que antes.na.pidtica: Att agora, os que se dedicaram a estudar o tema, passaram por ‘alto, & primeira vists, por esta distingio. Indubitavelmente, l6gico supor que, 20 trocar os res encarregados de una fingo, trocar também dos fins perseguidos por eles. Mas a reatidade nem sempre confirma esta supasigio; em primeiro lugar, pela grande importincia que se tem que reconhecer a inércia no desearolat a politica econémica, em segundo Iugat porque as trocas.operadas na diregto nominal do Estado nom sempre:vlo acompanhadas por uina remogio dos érgiios subaltemos. B assim, ‘surge, no plano da'politica econdmice, 6 probleme de saber em que grau'o particularismo ~ © ‘mesmo, anda due em menor medida, ouniversalismo fi syperad pela politica eccndmica, 6 Alder, como se lovou este, realmente, &prética © exito ou 0 fracasso dessa politica ‘econdmica era de grande importancia para todo 0 --~-desenralar.da economia; pois isso se basvava tia dependéncia desta, soja quando esta obstrufe ‘ou quando estimulava o desenvolvimento’ dlrigido superar as formas sociais da Tdade Média. Este aspecto do mercantilismo tem uma importincia especial do ponto de vista das relagSes entre a politica © e economia, ‘Trata-se, ne verdade, de descobrir até que ponto as instituigdes. nascidas da desintegragio casual do Estado ou de um interesse municipal, sistematicanteite incitado, podiam se trensformar em um instrumento para ume politica econdmica do Estado, © em que gra a ago estatal estimalava ou obstrufa‘com isso novas' tendéncias da vide ‘econdmica que; em ‘ltima anlise, estavam construindo @ estnitura das formas moderns de sociedade. Isto nfo deve confundir-sc com o problema das origens da sdciedade modema nem ‘com & génese da "Revolugio Industriel” ou do “Capitaliemo Modemo”, mas representa 0 que 2 politica econdmica. tem contribufdo para este ponto; © mesmo que se tratasse ‘épenss de investigar isto, j seria uma tarefa suficientemente grande. O eritério que seguimos para estudar este t6pico na presente obra é o dé: destacar diversos aspectos caracteristioos da politica coonémaica nos’ paises em que o.mercantilismo primeiramente se manifestou, com 0, qué pretendemos esclarecer as realizaydes da politica econémica em geral, Como.a profundidade ou a originalidade.das verdadeiras idéias interessa aqui muito menos que'as possiblidades com que contam para serem levadas & prética'de um modo efetivo, estas questées ooupam na obra lum lugar relativamente grande, pois que Goethe afiria que as idéias convivem faciimente, mas as coisas se chooam entre si com dureza dentro do cspayo. Por esta razto,-a primcira parte da presente obra, que é dedioada a esta trea, ocupa aproximadamente tanto egpago quanto todse as demais juntas. ~~ Poderia ter feito uma enorme diferenga para a mobilidade econémica em todas as suas formas se © mercantilismo tivesse realmente obtido sucesso na transformagdo: de Estados em ‘unidades econémicas; neste sentide, podemos dizer que a politica do mercantiliswso apresenta ‘uma importincia especial neste ferren, sob aspecto positivo ou negatives’ O qual nfo impede, todavia, que 0 ponto de vista da unificagéo niio encerre, por si s6, nada de positivo; com efeito, nada nos diz, ou quase nada, no-que.se refere A classe de politica econdmica que deve se manter dentro dos Estados unificados. Nio € possivel, portanto, como pode ser compreendide, reduzir a isto 0 contetido do mercantilismo. Na realidade, nem sequer podemos nos limitar & este aspecto para compreender suas relaSes com o Estado. _____ Se nos fixarmos, como’ponto'de partida, naé rolag6es entre a politica © a Estado, surge imediatamente a pergunta: 0 qué’ 6: méreantilismo se propuinha a fazer com as forgas econtimicas, por interesse:do Estado? A contestaci6 que primero ovorre & esta: que pretendia servir-se delas, no sob interesse dos'stiditos diretamerite, mas sim para fortslecer o poder do mesmo Estado; 6 poder do Estado era o alvo central do mercantilismo. B, #0 decidir isto, me refiro primeira instincia ao poder do Estado no exterior, frente a outros Estados. O poder do Estado no interior, frente seus siditos, foi deixado em segundo plano da discussio, a menos que se tratasse da hecessidade-de ume ingeréacia do Estado part alcancar 0s fins elmejados, ¢ 0 fortalecimento do poder interior do Estado, constituia, na realidade, um aspecto da acto ‘nificadora. Compreende-se, pois, que estes aspestos do mercantlismo, sob o ponto de vista da unificagio ¢ do poder:.se’harmonizem perfeitamente entre si ¢ imprimissem um sinal de unidade. B quase & mais importante destacar outro aspecto, a saber: ode sua conexto indissolivel. Mas nfo por ele dévem confimdir-se, pois se trata dos aspectos distintos, como claramente se vé quando se estuda 0 liberalismo, Em efeito, este associa 2 unificagio realizada de um modo quase completo a uma marcads indifereniga uo que 0 critério do poder se refere. A combinage de. ambos os elementos & “portanto, caracteristica do mereantilismo. Zo zercantilismo com sistema de poder 6 objeto da segunda parte de nosso estudo. ‘Tanto a’ aso unificadora quanto a propensio ao. poder'eram vsinais claros do mereantilismo, enquanto sistema econdmico dos novos Estados soberanos: Ambos'0s fatoros ‘Vinkiam impostos em alto grat peles circunstincias externas, ¢ até caberia.afirmar de forma cenérgica que todo Estado teria forgosamente que aspirar a ura mfaimo de unidade econémica de poder exterior. Por isso, no tocante ao trabalho unificador, era algo que-se criava como diziamos hi um momento:'a idéia existia, a.tigot, como algo'implicito, é 6 que interessa investigar € o Bxito ou 0 fiacasso de sua realizar. Por sua vez, interessava mesmo na tondéncia ao poder seu grau de intensidade, ¢ em parte também o critério imperante referente ‘a0 modo como as forgas econdmicas poderiam pir-se a0 servico destes interesses de por. Este titimo ponto de vista € extraordineriamente adequado para penetrar a partir dele na ratéria de nossa investigagox Partindo daqui, chegamos, de fato, 2 conclustio de que'¢ impossivel compreender o ‘mercantilismo sem se investigar também,’ inclusive preferindo, algo mais que os fins perseguidos pela politica, a saber: os mcios para se conseguir 08 fins. Do ponto de vista econdmico, & perfeitamente Idgico que o problema fiudamental que st encontre centrado sobre teste aspecto; & dizer, sobre os meios e nfl sobre os fins, pois economia é sempre sinSnimo de adaptagiio a fins impostos por fatores extia-econémicos, mobilizapto de meios para se alcangar esses fins extra cconomicamiente dados. Seria -impossivel explicar mem de longe 0 rmercantilismo sem investigar a findo que meios considerava como os mais adequados para a realizagdo de seus fins. Para ver isso mais claramente, basta éstabelecer um paralelo eatre © mercantilismo ¢ o liberalismo. Entre as concepgSes de mercantilismo ¢ liberalismo, meio em que se refere ao problema dos fins legitimos que devem presidit a ago econdmmice'do Estado, uma diferenca importante iidisoutivel, ‘© €-que enquanto o mercantilismo s6 se interessa pela riqueza enquanto 5 ~ fandamento do poder do Estado, o liberilismo o coneebe como algo valioso para oindividuo ¢, pportanto, digno de ser apreciado, Mas a diferenga, assim caracterizada, revela ao proprio tempo fem que ambas as concepgSes encesram de comum. im ambss correntes vemos que a riqueza por si ocupa por igual o centro do interesse ¢ domina 0 pensamento e a.apto politico- ccongimiea em uma medida rauito maior ‘que o problema do destino final da riqueza. Nesse sentido, existe, pois, coincidéncia © niio antagonismo de fins entre o mercantilismo ¢ 0 Hberalismo, Um elogilente exemplo nés.femos em um.dos titulos das obras. mais famosas sepresentativas, respeclivamente, de ambos os campos. Johann Joachim Recher,-que foi indiscutivelmente 0 mais:importante-dos mercantilistas alemles, deu a sua obra principal (1657) 0 titulo de Discurso politico’ sobre las verdaderas eausas de la prosperidad y decadencia de las ciudades, palses y repiblteas, e o livro.de Adam Smith (1776) se titula, como sabemos: Ar Inquiry into the Nature and Causes of the Wealth of Nations. Kinda que precindindo a grande diferenga que se adverte entre ambos os titulos enquanto a elegincia © a modemidade de linguagem, 6 indubitdvel que ‘exista entre eles, uma certa dis intrinseca. Becher fala, no titulo de sua obra, das sociedades organizadas; Adam Smith, pelo contririo, passando por alto sobre o Estado, ¢ s6 fala das nagSes;.o primeiro se refere & Prosperidade e decadéncia em geral; 0 segundo, em mudanga, as causas da riqueza o do bem- estar, Mas hé de reconhecer que a exposigto do problema, em ambas as obras, somente se difere fracamente, enquanto o contraste, sobretudo.cm si se junta que, na realidade, Becher atende tanto como Adam Smith as trocas operadas precisamenie em matéria de riqueza, ‘Todavia, se do que foi dito queriamos inferir que Becher Adam Smith contemplavam os fenBmenos econsimicos com os mesmo olhos, nos equivocarfamos de meio a meio, © o.feito de que adotaram em realidade pontos, de vista substancialmente diferentes para nfo dizer antagbnicos cm matéria de politica econdmica apbia-se precisamente na grande disparidade de suas concepedes enquanto aos meio leg{timos. Tanto os mercantilistas como os liberais fixaram. sua atengto primordialmente em problemas desse tipo: Como se faz forte um Estado? Como ‘impulsionar seu florescimento ¢ bern-estar? © qui determina “a prosperidade © decadéncia" dos paises, a “riqueza das nagbes"?, Perguntas que, uns ¢ outros dio respostas radicalmente diferentes. i Bu entendo, desde jé, que se quiser aprofmdar 0 tema, todo o éstudo sobre mereantilismo deve ter como centro o-problema da concatensglo entre os fins © os meios; apreciagto que ‘outro argumento contibui a fortalecer. Em efeto, o mercantilsmo representa nesse ponto ~ coordenarto de fins © meios ~ uma concepelo que no s6 se observa cm abetto antagonismo enguanto the precedeu,:senBo, ademais, segue denominando o pensamento econémico mais além dos dominios do mercantilismo, com muito mais forga que nem uma outra das idéias que formam o acervo do sistema merceintilista, Todavia hoje — ainda que o acaso fosse mais exato ‘dizer novamente hoje — nos encontramos com o modo popular de pensar a esse respeito, cegue - sendo, no. fundamental; mercantilista. Estuder esse aspecto especial, do, mercantilismo, & portanto, estudar as origens de uma eoncépeao popular ainda imperante na atualidade. © “Ao dizer isto, me refiro freate & toda a atitude que o mereantilismo adoiavelcom Zeepaito 10s meios de satisfazer as necessidades humanas, com respeito is mercadorias, no sentido mais ‘amplo da palavra; me-refiro, para dizer em outros termos,lividéia dé que o porigo primordial 7 Joontta.o que se deve precaver a politica econdmica é o que hajg excesso de mercadorias dentro, ¢ do pals. Essa preocupagiio ¢ a que leya.o shervantilismo @ converter-se em um sistema 5 proteionisn| aspecto que temos que estudarnatecsra pare dessa obra. ; Lifecantsino, considera como sistema protcionist tinh um complement muito importante na esfera do, regime’ monelério, parte da vida cconémica que quase sermpre tinha influido sobre a fantasia do homem com maior forga que outros aspectos dela mais tangiveis. A concepgio mercantilista da-vida ezondmice estabelece a conexto entre 0 aspecto dinero e © aspecto mercadorias com sua teoria da balanca comercial, que ho poucts'vezes se considers como o mais espesificamente mercantlista de todo o sistema. Nio festa divida que'a idéia da bbalanga comercial e da‘importincia do diaheiro ocupam lugar central no mercantilismo, mas, ‘em todo caso, & caracteristico que essa idéia tenha hoje menos importineia para o modo de ‘conceber dos homens que a idéia do mercantlismo sobre acerca das mercadorias; nfo & este 0 tinico ponto de vista desde o qual entendo eu que o aspecto dinheiro teve menos importéncia para a politica econémica que o referente as mercadorias. O mercantilismo como sistema monetiro, ineluindo portanto, a teoria da balanga comercial, constui a quarta parte de nossa obra, Muito se tem discutido’ se’ o Meércantilismo encerrave' ou nf6¢°distema teérico, mas 0 problema, assim. colocado, carece dé sentido. Todo homem professa, de Yorma bascada ou nfo, certas teorias que Ihe servem de base para, sua conduta eos meroantilistas se echam abundaniemente providos de concepgSes econdmicas, conceppées que versavam, de uma parte, sobre a estrutura real das leis ctondmicas, ¢ de outra, sobre a possibilidade de influir acertadamente sobre elas. Pretende-so demonstrar que essas concepges nfo respondiam a uma midade de critério, apoiada no fato inegivel de que distintos mercantilistas aparecem ‘mantendo postulados antagOnicos entre si. Mes este argumento, antes serve para provar tunidade do sistema do que para repart-lo, Com efeito, se aqueles postulados antagtnicos se deriva dos mesmos prineipios, o de princfpios afins, a diserepaoia quanto aos pontos de vista priticos, demonstrard. precisamente que as premissas nko -desabam por sua vez em interesses préticos, seno, em principios com cardier mais ou menos generalizados. Assi, n& retlidade, quando se estida pessoalmeite o problema, se compreende até que ponto ere assim. ‘Neste sentido existia indubitavelmente uma unidade de doutrina, ao modo como existe, por cexemplo, na stualidede, entre os homens que a praticavam ¢ suas manifestaySes em artigos de imprensa ¢ em discussbes piblicas. Problema mito distinto ¢ muito mais diffcll de resolver & se os mercantilistas chegaram e acreditar numa teoria cientifica e conseqlentemente, numa teoria econdmica. A resposta que'se dé a essa pergunta tem que ser necessariamente arbitréria, a medida em que fallam elementos de julzo objetives para afirmar quando um raciocinio adquirido é:claro 0 ‘suficiente para ser clessificado. como cientffico. Como se deve estabelecer um eritrio das” relagées enire o mercantlismo e a teoria econémica cientifica, € investigado até que ponto os debates econdmicos daquela época se moviam realmente dentro da érbita de autonomia intelectual, decidindo até onde se afrontam realmente os problémas para se chegar a soluydes, objetivamente exatas, sem preocupsr-se com as conseqiéncias priticas que esses soluptes pudessem acarreer, E nfo bé mais-o reconhecer que esta exigéncia se dé, em efeito, numa parte do interedmbio de idéias estabclecidas principalmente no final do séeulo XVIL. Cabe afinnar que j& naquela época existia realmente, mesmo de modo rudimentar, ums teoria mercantilista de cardter cientifico, exato out nfo, pois nfo é disto que tratamos aqui, Em witimo 7 resultado, niio-cabe a menor divida de que os debates mercantilistas tiveram importincia para definir a aperiglo da ciéncia econdmica no século XVII. Finalmente, © mercantilismo revela também uma certa unidade de concepgio a respeito dos fenémenos generalizados da sociedade, enquanto afetam o. campo cconémico, da qual Teperoute também, uma série de pontos importantes, sobre a fisionomia da politica econémica. Este'é um dos aspectos do mercantilismo, digno também de ateng%o, porque guarda, as concepgber da Gpoca posterior numa ielagio que contrasia com » ea doutina puramente econdmica. Este cxpecto. do.mercantilismo apresenta. aqui um gntagonismo_em parte quase Paradoxo cor os seus: demais aspectos, O mercantilismo como eoncepgio social forma a ‘quinta e tiltimaa parte dese livro. 7 Sem exagerar na esquetnatizagao, pode afirmar-se, que dos cinco aspectos citados do rercantilismo, eto encontrados por seus investigadores,¢ por seus especilistas, até hoje, 0 pprimeiro ¢ o segundo, assim como também o terceiro ¢ o quarto juntos. ‘i (© mercantiismo como sistema unificador oi destacado primeiramente por Gustavo ‘Schmoller, no estudo, famoso em sou termpo, que tem o titulo “El sistema mercantil, en ssu significacién histérica” (Jahrbuch de Schmoller, 1884). Nele, & dito, que nio se deseja pecar com certas ambigiiidades, que o mercantilismo, “em seu interior mais {ntimo, no ¢ dutra coisa, {que tuma criagdo do Estado, mas nfo pura e simples, mas uma criago do Estado ¢ da economt nacional, 2o mesmo tempo; a criagfio do Estado no sentido modemo da palavra, convertendo a comunidade do Estado em uma somunidade econdmica nacional © redobrando com isso sua importincia”. H em termes j4 mais claros; Schmoller define a exséncia da politica mercantilista ‘como a politica cncaminhada “a uma,total transformardo da sociedade © de sua organizagio, tanto do Estado cota de_suas instiuigdes, substituindo a pélitica evonémica local e regional por uma politica econdmica estatal e nacional”. : ; (© mercantilismo-como sistema de poder foi estudado, principalmente, por William Cunningham em sua obra "The Growth of English industry and Commerce”, publicado pela primeira vez em 1882 e reeditado numerosas vezes. “Os polticas dos séealos XVI ¢ XVII ¢ da “maior parte do século XVIII doincidiara no,propésito,de regulamentar 0 comérvio ¢ a indistria ‘de tal modo que o poder da Inglaterra.se fortalecesse frente aos demais. paises”. “Os als privados e as comodidades pestoais deviam passar para um segundo plano arte a0 dever paltiético de fazer forte a naga”. Um eritico um pouco sfidico chegou a opinar (no Eeonoviie Journal, 1892) que Cunningham acreditava em um tipo de homem tio abstrato como a Teprodugo homem econémico do liberalismo, dominado’ por tuma, tendéncia do egoismo fiustrado: “O sistema mereantil se ocupa do homem conto de um ser que tende para a poténcia nacional”. Abaixo a agéo de impulsos impostas aas seus estudiosas, cada qual ao- sew modo, Schmoller e Cunningham. foram peridendo de vista, consciente ou inconscientemente, o carter ‘do mercantilismo como sistema protecionista e como sistema monctério. Sob os impulsos que imprimiram a seus estudos , cada qual a seu modo ‘a caracteristica do mercantilismo como um sistema protecionista ‘04 inconscientemente , negligenciado. Para encontrar um 8

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