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” earns 3 Imagem corporal: um conceito basico para fundamentar nosso trabalho “Serumser human ao oe carte nace ewes baie iste ao menos um ponto em comum entre as vias metadolo- as de trabalho corporal em Psicologia: independentemente de sua abor- dagem tebrica, ou das tcnicas de intervengio propostas todas elas pres- super a existéncia de alguma espécie de representaciointernalizada do ‘orpo,em reagio ao indivdio que nee viv, Pademos desde ji nos referit 4 essa representagio intra do proprio corpo de uma pesioa como sua imagem corpora deraovariarasterminologisutliadas, bem comoas nuances de concep sobre sua evo uso, ou aindaa tise colocada sobre os aspecos neuofisiolgicos ou psieoemocionaisenvolridos em seu desenvolvimen- {o, Porém de uma form ou de outra a pressuposcao de sua exstencia - lem como de sua relencia para a compreensio dos procesos pico: fisicos-, ¢ talvex principal ponto de enconzo ene os Viros enfoques de estudo a respite do tema, Por essa rezio dedcaremios aqui ui espas0 ‘expecal pars uma refleo sabre o conceit de imagen corpora, na vet {que sua apreensto é essincial para compreendermos adequadamente 0s efits promovidos pela diferentes téeneas de trabalho corporal De um ponto de vista mais espeifico, no entanto, interessa-nos estar « manera como esse conceito pode set tratado segundo a pe pectva do pensamento,unguiano. Assi, as idiasepresentadas a segut Serio siti, de forma geal, como embasamento de nosaintervengi0 te s6e00 anc Paces peutic desde o trabalho com o Desenho do Proprio Corpo, até ui ‘asso da Calatonia. © conceito de imagem corporal ‘Vamos tomar como pontade partida as colocagses de Paul Schiller, autor de orientacto pscanaliica que investigon detidamente 0 processo de formacao desenvolvimento da imagem corporal, coletando seus da- ‘dosa parirde diferentes perspectiva. Observon tant o processo evo ‘vo normal, quanta o fst decertostraumatismosfscos-amputagies fou condigies neuropatolbgicas- sobre o desenvolvimento da imagem do coxpo.Dedicou especial atengo a estudo de fangbes neurofsolgicas envolvida nestes procssos,além de considerar também a infludncia de fatores scioldgicos e ultras, chegando 2 seguinte proposgSo: “Enten- dde-se por imagem do corpo humano a figuragio de nosso corpo, formada ‘em nossa mente, ou sea, modo pelo qual corpo se apresenta para ns (ermpen, isin) (0s dadoscoleados por Schilder foram alvos de sua anise segun- do dptica da Psicandlisee do seu trabalho resultou, jem 1935, a obra ‘que se tomnou um clisico a respite do tema: A Imagem do Corpo - AS Energi Constrtivas da Psique. Desde entio muito jis pesquisou eescreveua respeito desse tema, mas dado o aspect pioneiro do trabalho de Schilder, torna-te prac ‘mente obrigatériaa nossa familiridade 0 menos, com suas dei, Como poquenos exempos,retomaremos a seguir algumas das suas colocabes, feitas no preficio da obra cada. "Sempre acreditei que nio existe separa «0 entre 0 onginico eo funcional. Os process psiquicos tém rales co- ‘uns com outtos process que se realivam no organism” (SCHILDER, 1981:7) sas declaragoes iniiis jf nos dio iia do enfoque com que se- + tratadaa questo ao longo de seu trabalho, Vejanos ainda como oautor vaisno decorter do texto, ampliando de forma inclasiva a conceitussio em pata Cems 3-acareoous asco seca nenacumoninsomue 1711 57 (eau do ovo, image witmenionsl que ado tn de mma. Peas dams de inagen cpu Et tn indice ue lo ea tetando de uns mera serra nia. xe una ape” do ‘cepa na tab ge, bors as ten hep str doe ec oe rata de uma mer eeu, Ber graiee repre c ‘olism € mira presenta, (SCHT.DER, 19811) Pereebemos como Schildr jf comesa aqui a delinear 0 proceso de formagio desa representaco do corpo em notsa mente Essa imogem 6 formada mio apenas a partir do regstio de dados obetivosformecdas pels vias sensoriise cinestésicas.Essesreistros si também permeados + deforma sui evariada - pelos signifcadosafetivose cogaitvos aqui ridos durante nossa vivincia dos mesmos, Consituem-se, portant, em significades atamente individuais em sua stribuicio. Teremos, como resultante final, uma representago simbica al- tamenteelaborada e complera, um dinamismo a0 mesin tempo res tante revelador e determinante das formas de eacto do indvidua com seu proprio coxpo enquantoestrutra sca objetiva, Const, ainda, ‘sta representagao interna no 50 como un dos principas determinants Aa relagio do individuo com 0 seu proprio corpo, mas, também, desea ‘onto com o ambjente em que est inserio. ejamos como pode te dat ssa duplainteragio, Consideremos, antes de to, que o coepo Fisica tal como percebi- do peo indviduo, €oinstrumento pelo qual ess pessoa pode estabelecer ‘ontat, sea consgo propria, com Seu ambiente ou com os demas ind ‘duos ao seu redor. st pode ser exempliicado, deforma bastante gené- rica, por uma ilustragao: Seem sia aut-consideragtoo individuo integra sentimentas postivos de auto-aetaggoe aprovagio arespeito da préipria apartacia aspecto fisic, ao estabelecer seus contatosfaré parte de sa atitude uma maior predsposist para ser acstoe/ou bem recebido, ‘Aconfirmagio dessa expectativa - 0 fato de ser ou nto realmente tbem rece na stuagdo vivid - por si vez, vai se constitu em novo registro feito pela pessoa a respeito de si mesma, Este registro, devida- mente colorido pela conotagio afetiva efou cogitvaatibutdas pelo in- dividuo,deversentio ser elaborado e integrado como novo componente dda imagem desi proprio. Ta componente, portanto, poder vic areforgar a imagem postive com que esta pessoa hipotética iniciow o movimento desert, 08, eventualmente tar 4 tona a necesidade de una revisio da prapriaauto-consderacto em relagso a algumas de suas dimensoes. ‘De forma bastante simplfcada procuramos ihstrar acim um dos aspects mls genéricos deste proceso, com aintengio apenas de caracte- Tizar esa espéie de cela dentro do qual a imagem corpora consiuise ‘num dinamism em constante mutacio. a0 mesmo tempo, um dinamis- ‘mo resultant €em certa medida também determinante das formas como ‘se dio as telagdes do individuo consigo proprio, com seu meio ambiente € om ses sernlhantes, Vejamos, nas palavras do préprioSchilder, um de talhamento sobre os viriosnives dessa constante construc, apresentado na concluso da obra jécitada: Eten gun spose ds experi do rio ora. Hs ceramente ‘i uri dad nua ide ct consant consi, Ester {Go ates que intron contnuaentO pmo nivel ¢0 nivel purse ‘See fig, mpton perio e molar Os prose ptolgos ids neni ia fo poser se frlados Hum ogo mel, {guo ts eviddes fos do sr © canis em Bie ae “vis coninonmente eee Sconce Cano dente pouepo de meade ‘Boer esto et cater, Un eine te gaan co as arias seins parcial corral at mcm semsta S (pz ho scm de Kool or empl te ¢ncarene orn, ‘cd om ns avid oie mts pina xa pli. ‘ren ns conic € na fre ppd nie ngunto quo reir dst ened Su pomta de ia pli. A oproctsoonico cr poco slg congelno , rament Bum quarto ae ‘los psun sem ma pin, nena 6 que cnce ‘ese somites ie us intro sonia deer gato he J 90 “is petra copa SCHILDER, 98125) Podemos enti identifcar como pertenoentes ao primeiro nivel apontido por Schilder aqucesfatore de ordem fisiligica ecinestsica, como: impresses ties, termicas ou a sensibildade a dor pecepyio da Superficie que deimita o corpo em relagao a0 meio externe; percep da posigo Felativa do corpo no espago etc. Ess fatores eto em esrita relagao com o organismo enquanto estrututa anitomo fsiolégica Certas (Cera hac coe ut Co¥ DH RONEN MYO anomaliase patologias neurlogicas, por exempl, podem produaie dis- torgBes na percepeso do individu relatva & estruturs real do sew corpo (ou parte dete). Um exemploclissico dese tipo de ditorsao é 2 continul- de da percepsio de determinada pate do corpo, mesmo apés sua perda busca em conseqaincia de tm acidente ou amputagso. ‘Meamo reconhecendo o valor dessa discriminagio em niveis de fa- tores identificados por Schilde, deveros lembrar que, ind no exemplo citado acima ¢ dill delimitarmas até onde vai a atuagdo de ftores pu- ‘amente orginios e onde comes a influlncia de fatorespscodindmicos 1a configuragio da imagem corporal. Esta se asemelha mais 3 um veto, produto da interagio desss miltiplas forgas simultaneamente atuantes Sobre 0 proceso em curso. Isto nos remete a outra ordem de fatoresrelacionada por Schilder, aquela onde os procesis acorridas na eferapslquica infuenciam (sic) nlvel somitco.Agui a mais variada gama de elementos pode ser consi- derada. Desde ftores sociais eculturas bem gers, como paddies et ‘os, us e costumes referents sindumentiria,prépros de cada culkra numa época determinada, caracterizagbesespeciticas dese grupo rlativas A definicio dos paps sexuaisetc Pademos também mencionar elementos mais espectians,relativos a padebesindividuaisadotados por cada pestou ‘em sua forma dle apreender eexpressr esses valores gers em ss rela- _Besafetivas com o meio ou com os demaisinividuos. Neste ponto vamos destacar umm dss fitores, pela sua relevncia a0 longo do nosso trabalho com o corpo Falaremos sobre o contato, quer seentenda esse termo em seu sentido literal (it) ou em sua acepeio mais ampla estar em interagdo, em diferentes ives tides como abstratos) Em ‘qualquer deses dois sentidos do termo, a esteutura do corpo do individu fem contato ser sempre - econcomitantemente-o sto eo objeto sobre ‘que atuam os efeitos de ais ineragdes. forma, bem como especialmente ‘qualidade do conttoestabelecido, podem ser consideradas atoresextre ‘amente atuantes na continua reconstructo da imagem que o individu faz de simestno [No moment estamos destacando, quase apenas nominalmente,a importincia do fator contato para © processo de formacio e desenvol- cores ecm Pacers vimento da imagem corporal, Dada a centradade dese for em nossa proposta de trabalho com ¢ corpo, o tema sed certamenteretomado em. ‘outros momentos de nos relat. Uiiizamos até aqui como principal referencia na consideragio de nosso tems, as proposes fits por Schlder. Porém, se consultarmos uma literatura mais ampla a ese respeit, vamos perceber em diferentes autores prioridade daca, implictemente, alguns dos fatorescitados ‘nos nveismensionados na proposta de Schilder. ‘As nuances resultantes dea excolha de enfoque preferencal na rmaneira de considerar e abordat a relasto do individuo com seu pe6prio oxpo foram alvo de pesquisa de Liliana Wah (wae, 1m:9.9) Bsa au tora cia Stechener, ue por sua vez relaciona as seguintes conceituaes, resultantes dessasdiferengas de enfoque Esquema corpora: Tist-se de um modelo perceptivo do corpo como figurag espacial, para que este poss se lcalizarno esparo, bem ‘como reconhece sitar as etimulagdeseatitudes correspondents. Este conceito, proveniente de uma visto descrtiva, derivada do modelo me dic, resutante do esorgo das pesquisa neuro fsiolbgicas eda Psicologia Experimental, Canceito sti, segundo «autora, para expicar alguns me- canismos de bse, porém ni sjuda a compreender enzo clarifica como ‘opera. mecansm da relagdo em pout Corpo vivide: Refere-w 8 relasio do Ser com seu mundo, habi- tando wm determina espaso, Coloce- aqui uma igacto do coepo com a consciéncis, if que a essencia da conscicia &situar se assum a si- twaslo no momento vivdo. A conscitncia¢ ainda defnida como “ser no ‘mundo’, senda o corpo o veicula deste ser no mundo. Esta peespectiva& resatada pelo estudos fenomenolicns. Corporeidade: “O termo ‘corporeidade’ design o conjunto com: plexo, porém unitiro, das maneiras de sere de tr um corpo que nem sempre €aquele percebido elo outro. Ao lado desta nogio global s o- ‘os termos visa mas especiticament aspectos eiferentes desta read de (sc) (Cru -hace cee vicontD lao nA MoM NO maED Masa formasio e desenvolvimento da imagem corporal ser mes- ‘mo um dinamismo tio central para estruueagso picofsica do indivi ‘duo, bem como para sua interagio com o meio em que vive? Que tipo de necesidade validaria 0 fito de nd, psiclogos, dedicarmos tanto empe ‘ho (por meio de recursos como tests, desenhos, et.) ns usa d a cx racterizaglo? Qual é enfim, a funso pritica, para noso trabalho clinic, de toda esa stengoterica cempircs sobre 0 tema ? ‘A busca de resposta para esas indagagDes va nos rete &refle- ‘do sobre outro conceito complexo e de df definisao em Pricologia: 8 ogo de identidade sua elacso com a imagem corporal Relagao imagem corporal €-> identidade_ Alexander Lowen, psioterapeuta de formasioreichiana,apresenta ‘com destague em se lvro"O Corpo Trak Lowe 7) sua manera de ‘entender arelagSo imagem carporal €-> identidade, Para Lowen, a no 40 de identidade ce uma pessoa, isto 6, nogSo de'quem sou et provém bsicamente da sensagio de contato que esa mesma pessoa &capaz de «stabeleer com 0 préprio corpo. Vejamr 0 qu dit ce. Pca sber quem leo indo preci tecnica dau qo sens, eve coeur expe do euros posts nad me ‘ments Sem eta consincs de enapo e tas corporis pon {ormuse divdida um eto desencrmado €or corpo sem ama (10- ‘WN, 178-21) Para Lowen, quanto mais dstante ext alguém da posibildade de ‘ontatoefetvo e consciente com seu prépro seats. a ne corporal tanto mass aliena de si mesmo e do meio «seu redor,entrando num estado correspondent perturbacio esquire, Por meio de relato de casos cli- nicos, Lowen demonstra como -vivendo no refigio de imagens cada ver ‘mais desvinculadas do conta com seu sent mais geauino - uma pessoa pode, a0 mesmo tempo defender-se, evitando o confranto com conteidor ‘emocionas confitivos¢ditanciar-te de i metma edo meio em que ive entrando num process de alenas, ais pensoas, o chegarem ern busca de tendimentopsicoldgico, sia por ele caracterizads como seres que vi ‘vem - em diferentes grans- as denominadas crises de dentiade, Gu a ‘ejamos agora o relat dese autor sobre 0 métodos por ele tl ados -ente ees 0 uso de desenhos do préprio corpo - para investgat a enatidadesindividuais com que tas crises de identidade podem vir & se expres ss pena dia ure ds Meas sons a: SRS Gn ds be ne tnogen rape es ot anda se at ncn son oddone prs cea desins as Meta hearts dopant 2 signs desis aes sl ae pt dua dene ia, Um aed pence me eae dace cope nos proportions una vo dasa Hentiae coror Boies cere eas enearroptas crescent informa ee Peerton sinet exo pie reveaem aca penanease ra Se det opon tem mes (LOWEN, 17:21) -Acxpresso por nésgrifads na ctagio de Lowen, di marge a um comentiio important para que s¢ evitem mal entendides. Ao orentar tos anise dos desenhos, costumamos enfatirararelidade daquela c= rreteriticis mais satis, reveladas pelo material rico como components Jrconscientes da identiade da pestoa que o produ em Tinguagem pro- jet, Porm, a anise dos deseahos nao deve ser confandida com una bse investigativa da yerdade oculta, mas, sim, como wma identifies uidadove daguees aspects da verde interior ainda nto conscientza- dos pla prria peso. “ais agpectos, uma ver colocados&dispoigio da conscitnia, po- dem ou nto mosrat-se conto aparentescontraigGes em relagio 3 ret- Tidndcobjetva também abservaa. A identiicacto dessesaspectos relat vosa nage internalizada pea pessoa slesi misma, poder represent vento oportunidade deintepragi eatualizagio de certas potencialidades nds nto reconhecidas por ela, quanto chance de identfcagtom tie cenos limites a exer espeitadose/ou amplindos. ‘Bimportante termos sempre em mente, 20 longo do trabalho cini- oem gera que aides defensivas- como manter alma caractritica won a margern da propria conscinca ~ do se estrutaram por 22, ve por lgum caprichoincomum de nossoscintes- Dever sr, porta to, rgitadas como um fato observado. Erespeitada enquanto se mani fesarem dessa forma, visto ter (outer tdo,em sta origem) alguna fango para a manutencio do equibro da personalidade. (myo -twcns coos waco uscormuromsecnicon weve _"*** 63 ‘Ao longo do procesy de observagio eandise conjunta dos dese nihos, verfa-se um cresente movimento no sentido da integragao e/ou. Feelaborayao de aspects deinfcio aparentemente contradit6ries, ow nto ‘sdmitidos pela propria pessa, como componentes da suaidentidade, Iso fende a ocorrer dessa manera, especialmente quando tal anise acontece ‘Como parte de uma tomads de consciéncia mais amps stimulad, por remplo, pao trabalho de sensibilizagio corporal. Aula atitudes Pos: ‘Shelmente defensivas tenderio entio ase diluir de forma pratcamente tural, quando a sua fungio de euporte ou proteio da personalidad, ‘ado mais forem necessirias ‘Em suma, gradual ampligao da conscitncia de wma pessoa a ses- pete da prépria imagem cerporal acaba por se entrlagarinimamente = © Talvec mesmo por coincidirem alguns moments - om o proceso de de- ‘envoivimenta e ampliagio da sua conscitnca enquanto individvalidade. Um eificio em corstrusdo geralmente se api em estruturs de _andaimes provs6ris de midera,enquanto sua forma definitive aisendo tmodelada, No momento que sua estutura mais bisica gankar consistén- Ga no ante, porém -poderio ser dispensadas aquelas toseas ecompli- adasestrusuas externas superficiis, mesmo se um fempo considersvel fiver que decorter para tomar-sevisivel a harmonia do projto original subjacete sas altima reflerbes, sobre as relages entre imagem corporal © ‘dentidade foram aqui apresentadas como argumentos cm favor da sel anciaeuidade clinica dh investgasao a respeit da imagem corporal. Teresa destaca ofato de esas eis nos verem formecidas por det nia inka de investiga deste tema, ou sj, aguels fundamentadss to pensamentopsianaiic -inicialmenteSciker~ ema das echia~ ths vit Lovien ser um dos mais destacadosdisciplos de W. Reich. Mas ‘bemos que Reich - bem como seus seguidores~ndo fo odnico entre 08 Teinos da Paiandlise ase ocupar com as quests refeentes s inter2> es pscofisica!. [Ee iaa mtv omic ampann a scghioode Osman A par en ra dae EO oe reno Paco ‘Vejamosentio agora uma outea forma de refiexo a respito dessa mestna questo, desta ver abordada segundo a éptica do pensamentg jut gulano. Atelevancia da imagem corporal tna perspectiva junguiana Para que possamos dar o paso proposto no subtitle acim, €ne- ‘esr relembrar, mesmo em terms gets, alguns aspectos do desen- olvimente humane segundo o ponto de vista junguiano. Vamos, ent, Tetomar sntticamentealgumas das proposihes dessa abordagem, pars lls ern seguida destacarmos alguns pontos mals dtetsmente relaciona <0 com nosso tems Aqueles jf familarizados com a Psicologia Analitica conheoem & ceniraldade do conctito de individuacio. A individuasao correspond 20 froceso de desenvolvimento interior pelo qual o ser humano camina fa diregto de tomar-se realmente um indivduo, 08 sj, o “do divide! Yejamos as palavras do préprio Jung respit: “A individuagdo € 0 tr- zat um consigo meso, € a0 mesmo tempo com a humanidade toda, fem que também nos incuimos JUNG, 1985: 103) Podemos ainda entender ese proceso como send o cain de ‘uma pestoa ma desde de tomar-e realeplenamente quem cla esenca- nent ett dstnada a ec. Bsa mesma idea de Jung €apresentad por ‘Nise da Sera em sua conhecid sintse sobre a obra de Jung “lose tee ant oie it em ee aE 8 om eee pas ome io ple proce Jo anal Ani ps a aa cro punts pte Mas po homexnembor o e- “cts usted mpulonsd fore sis Oe Sc cass prlr oe cope eta consi een cde fit recvament mo cofonto don Sarena enfin como on calaaoete mbos Ei SRRSE'S pened jena sche e wes a te, sree wm nds pce (SUVA, 17:9) Ese process gradual progresivopetoqualuma pessoa conscien- teomentereiliza sua potencialidade enquanto ser humanoinicia-se com © Sargimento do ego, ou sj, oclemento central da consctneia, Ou ainda, Como 3 -bucarcovou wicoce uecormrsonennveso mau _**** *65 agueledinamismo psguico que Jung defini como sero “um dado com- plex’ formado primeirariente por uma percepgio geral do nosso corpo € «vinci ea seguir, polos registros de nos meméria" JUNG, 150.3). “emos agai um significative ponto para reflexio sobre nosso tema, «partir da afiemagio do proprio Jung: 0 surgimento do ego sed, ini ialmente, a partir de “ama pereepetogeral do nosso corpo" Essa mesma ia vai ser posteriormente amplada e desewolvda por E.Neuann. Em. "A Crianc: Estrutura ¢ Dindmica da Personaldade em Desenvolvimento desde o Inicio de sua Formagso” (NEUMANN, 1991),0 autor desenvolvea ‘ita proposigio de jingae desrever, por exemplo, os primeira estgios do desenvolvimento da cnsciénca na crianga; Em “Histéria da Origem. «da Conscitncia" (NEUMANN, 1990), 0 mesmo ponto€sbordado, de for- sma mais abrangente, ao spresenar em uma perspeciva ampliicada, sua ‘manera de compreender © proceso do surgimento da conscitncia, em termos coletvos, enquanto etapa da volo humana, [io caberia nos mites deste nosso trabalho ums apresentagio ‘xaustive das idiaselaboradas por Neumann nas duas obras citadas. Re- comendamos, entrtanto, uma consulta mas dtalhada a tis fontes, até ‘mesmo para melhor compreensio de algumas de suas dis a serem des- tacadas a seguir. This ides ser3o mencionadss visto poder nos servr de lo de liga, tornando mais compreensivesalgumas das airmacdes do praprio Jung.a respeito dis dnamismas pscalsicos. Até mesmo poraue, conforme assinalamos acim, © trabalho de Neumann consist basica- mente no desenvolvimento das ieias de Jung, aplicadas 8 compreensio de procssos de desenvolimento subjacentes 20s dinamismes apontados pelo criador da Psicologia Anlitica. Conforme sabemos, ang dadicou @ maior parte de sua stengio as etapascronologicamente adults da evolo- 6 do individuo, deixando a seus dscipulos a exploracio das fases mais precoces dsse process, 7 _Segunda Nise da siveka:"Os comglenos 280 agupamesios te coralidos paisa ca So ieeteaeneere semen i see area eerste reac ii a ee etamno peo rae seco Paco 5 proceso de Para podermos colocar aqui uma breve nog sobre opr recoces da desenvolvimento do ego e sua coreasao com vivencias mais p ‘orporaldade,temos que deixar clara, antes de tudo, uma diferenca fan- mental des borage cm 8 pos da cn eins mscincia dviva-se do inconsciente, pera o pensamento junguiano, ao ‘0 contri, conforme propés Feud Isto posto, um outro ponto deve ser etenido, De acondo com « enfoge junglno crags ao nave por alum tee rs» emnbora jd se conattta em um oxganiamo biologicamenteindependente {do materno, prcologicamente compe ainda, com sua me, uma mesma tnidade, tanto que Neumaaan define tal periodo como “fase embrionria psrtering” (Nou 18:1. ct rl [Ness primeiosextigios do desenvolvimento, a imagem corpor da cianga€ dif, ndiferenciada: seus limites nao se estabcleceram ainda fm relagio a0 mundo a0 redor. No entanto ji se observa a exiséncia de tum centro reguladordatotalidade do organismo da rian, centro deno- tninado por Neumann “Self Corporal” (NEUMANN, 1991: 12) Se considerarmos que, durante essa fise,a mie é identificada com «9 centro do mundo ao redor, segundo Neumann, deparamo-nos aqui ‘om uma situagio paradoxal. Por um lado jf existe uma estruturares- porsivel pela regulagio da totalidade do organismo da crianga - 0 Self Corporal: Mas, por outro lado, esse primeiro dinamismo regulador do hove ver ainda esté abarcado, como que inciudo no Sel ° da prépria ie, Vojamos, nay pataveas do autor, w descriggo de pecularidade dessa condigao etn er eeeeetrnnets Settee conas emo wasn carro i agree tte pnen noc aap Po Ciu03-haca comeucatcnecoeuconiavoianniosn mann" ** *67 Por um ido este o Sef Corpor da en, eri pa epi merece em simultane com tle corporal nl po too mdeom lat pial, a pea denna papel de Se a ‘sans nase tenia ete Sele Mato Self Cope tem mb ocr {edema tend eo deeiscr toma como una ened ere ‘= fligice, porque posi corporal, e dips pig, ona eet nda se enor eset ee pg oS Corral NDUMANN, 199113) Partindo dssespressupostos, Neumann caracteria a pecalerida- de dos processos em ceorréncia durante a vigtncia da assim chamada re- Jagao primal. £ durante e através do contato desenvolvdo nesa fase entee 4 mie ese filho que ve di inicio do desenvolvimento da consciéncia individual na crianga. Mais especfcamente a partir do estabelecimento filho, Vasos citar a seguir apenas alguns ppontosressaltados por Neumann, que nos parece importantes scesci- ‘mos do autor no sentito de amplia acompreensio de nosso tema, © primeiro deses aspects refere-se ao carter estico (de Eros!) csvolvdo na ego primal esua importancis fundamental para o futuro relacionamento da crianga com vida eo o mundo. Vejamos nas pala- ‘ras do proprio autor como ge di essa conelagto, ‘Acxperinia d'aide cs oti na reid nis dsp ‘al (cj ester de rs elation) peu ho vt de fires eran (incase) eo mun (fe) Do exerci aco ‘etn aifcecnco iil erasing ral cage omnia par duo desenvaree um clconaten nile com mando come todo, NEUMANN, 19143) ‘ois tem, do pot de vit da ering, nea tp and to eserida quan strats do pepe egy a ser om sb tat qe 1 wien de td pac 6 indo aldo suo predane ‘is co peso asm an mea coma eo dh Goreeee esucto Pacecn rom cnc ecopora sbi em concrete oso ment ‘Relate cass capers oma opera sacs (Pree NOURAANIG 9). : portant, prtr dessa fase -vvencada pela rang esencia- mente nos teemos do proprio Self Corporal - que podeoslocaizar no penas os primeros etigios do desenvolvimento da consi, ou se, etratarayo do ogo como também, «simltaneamente a estrituragso Isica daqueledinamismo «se consti fururamente como & prépria imagem corpora ‘Anda nese estigo, de aro com a qualidade expeifica com que tal modelo de relaionamento for rgtrado~ do ponto de vst do Sef Corporal da crianga sero extabelecdas as bases para o fuataro relacion 8&9 mundo, se primero ponto destacado é mbm o primeio argumento apresentarmos 3 reflesto do lito, favor da relevincia dese considerar om tengo aquele dinamo set posteriormente obervida por meio Ge deseakos,2 a denominago imagem corpora assaremos agora a um segundo panto a ser destaad, Para tant, ‘vamos trazer nossa reflesto para umn nivel aparentemente mais simples ‘factual, relembrando como acontece a chamada relago prim. Como Samos, ama crianga teria minimas chances de sbreviver caso, 20 nase=t ino fose devidamentecuidada por um adulto, Assim, a me - ow alguémt ‘gue est fend sas vezes-acolhe alimenta,agasilha, aquece,e, para tanto, contatua - Iiterlmentefalando - com cranga. Ese estamos em- pregundo‘otrmo contato em arn sentido literal. no € por mera forca de Expresso, Noss tengo é justamentedestacaro fato de que oprimeio ‘tigio da reagdo crianga €-> mae - ou ej crianga €> mundo, com tovdas as suas implicages para 0 futuro desenvolvimento da consc = acontece 0 nivel da pele ‘No deta ec opto caro pp Jang. eiblcendo- aul ump Tal ene nose inept da clones de Neumann eta afr {cjmgetna oe eorge mtd coos: “Aconsciéca che ‘do produto pepo cerita no mundo aero i prvavdne {Ercan cb wend que sa org sea soda, NO tempo (ious ancouas ex mean crn era de um Wconament®. ‘tsar pl comand exten (TUNG, 98:5) (Conan 3-hncos omen w cones aca non nvosnean i mmyn tt * 169 Conform jf apontado por diversos autores (SANDOR, 1982, PENNA, 1979 e MONTAGU, 1986), nosa pele bem como nos sistema nervoso central, desenvlvem-se a partir da mesma camada embrionéria: a ectoderme, A constataao desse fato por si mesma j bstaria para que refletssemos sobre sua provéveisimplicagdes para futuro deseavolvi- _ment psicofisizo do serhumano! Montag cinco, no prime capt de ua inci vestigagio sobre “o mais antigo esensivel de nosts érgios” (MONTAGU, sst6, referee 4 “mente da pele ao descrever as caracteristcas fanco- nas peuliares dessa estrututaorganica que nos recobre e envolve. A pele cxtabelee, por um lado nosso limite em relacio 20 mo extemo e por ‘outro, é nossa via de acrsso a esse mesma meio, por intermédio de suas specifica variadas diterenciac6es, peas quaie se desenvolveram nossos ‘6rgi0s dos entios. Recomendamae ima consults mas detalhada dessa obra, Sera especialmente interessante oaceswo & fata iusrass, por meio de exemplos, aos achadas de pesquisa nio provenientes necessriamente de trabalhos de psislogos, mas que curiasamente vem a0 encontro de achados de pesquisdors de nosa dre, ‘Aimportincia desas pecliaridades ds exrututa de nosa pele nfo se configuram apenas como cxrosidadesanatmicas, As implicabes des. se fats relativo a desenvolvimento embonio, para todo o nosso de- senvolvimento psieofisco posterior vai-se constitu em ponto de grande nteresse nas investgagoes dos tes autores acima citados, entre esses tra bathos, dedicaremos mais adiante uma especial atengo quelesdesenvl- vidos por etho Sindoresew grupo, sobeea Calstonis?enquant propos ‘metodologica de trabalho psicoterdpico, Em sum, esas to algumas das colocapBes a serem entendidas como desdobramentos cou ampliages de observactes registradas por Jung jf nos primeiros tempos de seu trabalho, Além disso, por sua vez, servem de base para o desemolvimento de umn rellexso sobre o proceso de formagio e desenvohimento da imagem corporal. EZ miis que tudo, \demonstram também em nossa maneira de entender, a petinéacia de re slizarmos tal pesquisa segundo a perspectva do pensimentojunguiano,

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