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SOBREA _ CONCEPCAO DAS um estudo critico Emiliano de Brito Rossi SIGMUND FRE auténtica Talvez seja novidade para muitos que este primeiro livro escrito e publicado por Freud tenha Permanecido inédito no Brasil. A frequente justificativa para sua exclusio das obras ditas completas de Freud é 0 seu alegado teor mais neu rolagico do que psicanalitico. Entretanto, mesmo tendo sido es crito antes da cunhagem do termo Psicandlise, sabemos hoje que Sobre 0 concep¢ao das afasias: um estudo critico € uma obra fundamental para a com preensio dos escritos posteriores. So- bretudo se pensarmos © quanto a fun- damental relacdo entre 0 psiquismo a linguagem pauta, desde muito cedo, © pensamento freudiano. Com efeito, vemos aqui o itinerério de alguém que abandona as concepgdes hegeménicas do localizacionismo defendidas por seus mestres, tornando-se 0 cofundador de uma concepg’ tanto do psi- guismo quanto da linguagem em suas fungées e disfuncées. Um psicanalista, que lida cotidiana- mente com a fala dos pacientes, que pratica 0 método apelidado de talking ‘cure por uma paciente, nao pode ser in- diferente ao fato de que o primeiro tex- to importante do criador da Psicanlise, datado de 1891 e anterior, portanto, & sua teoria do oparelho psiquico, proponha literalmente um aparetho de linguagem. SOBRE A CONCEPGAO DAS AFASIAS OBRAS INCOMPLETAS DE SIGMUND FREUD SOBRE A CONCEPGAO ' DAS AFASIAS 7 Emiliano de Brito Rossi auténtica Apresentagio Pedro Heliodaro Tavares Sobre a concepgio das afasias Um estudo critico Posf Emiliano de Brito Rossi Obras Incompletas de Sigmund Freud [APRESENTAGAO (0 ESTUDO SOBRE AS AFASIAS: © GRANDE “APOCRIFO” DE FREUD Pedro Heliodoro Tavares Abrimos a colecio intitulada Obras Incompletas d Sigmund Freud justamente com a aprese mura nas colegé que, via de regra, nio f a eeangeiras das obras ditascompletas. Trata-se do principal Searito de Freud até o momento inédito no Brasil, contando gm lingua portuguesa somente com wma versio indireta « incompleta langada em Portugal ¢ claborada a partir de fama edicio italiana. Em outra ocasiio (Tavanes, 2011 heguei a me referir a tal caso como uma espécie de escrito spocrifo” (oculto) do autor e de sua doutrina [Lele], na jt 30 comum comparagio da compilagio dos textos biblicos com uma colecio supostamente abarcadora da totalidade do ‘canon” freudiano. Nesse sentido, é bastante interessante outra comparagio estabelecida pelos tradutores franceses de Freud entre os papéis dos tradutores James Strachey ¢ Sio Jerdnimo (BoURGUIGNON et al, 1989). © trabalho do primeiro na difusio e na padronizagio (estandardizagio) das obras de Freud a partir de uma tradugio seria comparavel a0 do segundo na difusio da Biblia catélica através da sua Viulgata, sua versio dos textos sagrados para o latim. Sabemos que, nas diferentes concepgies do judaismo ou do cristianismo, certos livros considerados fundamentais TS 8 opRAS INCOMPLETAS DES. FREUD, para a Biblia de alguns credos foram rejeitados,tidos com, inauténticos e ativamente ignorados por outras doutring, [A grande questio no tocante a Freud e seu trabalho sohy, as afasias & se essa exclusio, tradicionalmente, se deu poy motivos epistemol6gicos ou ideoldgicos. No caso da pioneira e paradigmética Standard Edizon inglesa de Strachey, chamada Obras Psicologicas Complet,, de Sigmund Freud (1974), 0 argumento para sua exclusig seria relativo ao suposto teor do material, de cunho inig psicoldgico, mas antes neurolégico. E bem verdade que se trata, este primeiro grande livro de Freud, de um texto anterior a Psicandlise e caracterizado por uma discussig com a Neurologia da época acerca dos distirbios referentes 4 compreensio e/ou 4 articulagio da linguagem: as afasias Néle, o Freud neurologista discute com os grandes nomes da Medicina que se dedicaram a0 assunto em sua época ‘Ainda que Karl Wernicke seja 0 seu ponto de partida, Freud traz uma profunda revisio dos trabalhos de outras grandes autoridades de seu tempo, tais como Grashey ¢ Lichtheim, mando com o primeiro 0 trio daqueles a quem o autor se ‘contrapée. Em carta de 2 de maio de 1891 ao seu confidente ‘Wilhelm Fliess, Freud comenta acerca do Estudo: “Nele, sow muito despudorado, tergo armas com seu amigo Wernicke com Lichtheim e Grashey, e chego até a arranhar 0 podero- sissimo idolo Meynert” (apud Garcta-Roza, 1991, p. 19) Mas se a publicagao da coletinea dessas cartas a Fliess mereceu em sua edigio francesa 0 sugestivo nome de O nnascimento da Psianalise (Fre, 1996), temos nas disputas de Freud com as autoridades médicas de sua época uma ruptara fundamental que posteriormente se vincula ao surgimento da Psicanilise. A grande questio de oposicio diz respeito, afinal, as doutrinas localizacionistas. Lembremo-nos do quanto até hoje dois dos te6ricos criticados por Freud neste APMESENTAGAO 9 da emprestam seus jvro, Paul Broca ¢ Karl Wernicke, snomes as regides do cérebro supostamente responsiveis pelo processamento ca produ eda perepso da inguagem: rea Fr Broca ¢ érea de Wericke, respectivamente. ‘Mas o nome que na confidéncia a Fliess mais nos cha- maaatengio é certamente 0 de Theodor Meynert, professor Jura proeminente m pesquisador circula- fe grande mentor de Freud na acader no universo cientifico no qual o jo ‘va, Afinal, 0 perfodo em que Freud escreve sobre as afasias encerra a passagem de um “parricidio simblico”, relative a ura representava junto 3 tradicional Meynert e ao que tal fi Medicina andtomo-patolégica, para 0 inicio de, se nao ‘uma “filiagio” intelectual, uma maior identificagio com as ideias de Jean-Martin Charcot, também reiteradamente citado nas paginas deste trabalho. Charcot, afinal, além de ser merecedor do epiteto de Napoledo das Histéricas, dada a sua forte influéncia como psiquiatra, era para Freud outra grande autoridade na Neurologia. Mesmo havendo certas discordancias teéricas no Estudo, Charcot passara, cinco anos antes da sua elaboracio, a ser sua maior referéncia durante o estagio de Freud realizado em Paris (1885/1886). Lembremos aqui também o quanto a especialidade médic da Neurologia nio era outrora tio apartada da Psiquiatria, pratica para a qual Freud gradualmente migraria antes de fundar sua propria modalidade clinica: a Psicanilise. Trata-se, logo, de um livro de rupturas, por um lado, mas de inicios, por outro, ¢ também por esse motivo foi o escolhido para abrir esta colecio logo antes de outro impor- tante escrito de Freud: seu derradeiro Compéndio de Psica- nndlise Abriss der Psychoanalyse], de 1939 (volume em prepa~ ragio). Com o primeiro ¢ 0 iiltimo trabalhos de Sigmund Freud, nio somente apresentamos “o alfa e o mega” de seu pensamento como proposta para a abertura das Obras 10 omRAs INCOMPLETAS OF §. FREUD Incompletas, mas apontamos também para as or transformagées de seu vocabulitio teGrica fang ee * Oriundo das problemiticas neurolégicas, tal vocsbun fie vai gradativamente se revestindo de novos sentidae dida que aatencio is estruturas fsico-biol6giens ya se supunha poder “localizar” a linguagem e 6 page ~ di lugar as abstrasdes estruturais-funcionais gag no da propria inguagem 0 substrato para a compoes do psiquismo. Se Sobre a concepcao das afasias nee 2 nogdo de um aparelho de linguagem através do vor apresentado na palavra composta Sprachappant, o ie livro de Freud, 0 compéndio que condensi 6 ese eNsig porta ee cial de sua obra e seu vocabulirio teérico, tem como tity do capitulo de abertura: “O aparelho psiquico” [1g Psychische Apparat"), por vezes também referido pel, composicio Seelenapparat, ou aparelho animico Quanto a tais relagdes entre o vocabulario inaugural, de Sobre a concepgio das afasias ~ um estudo eritico, ¢ o derra. deiro, do Compéndio de Psicandlise, percebe-se no primeiro texto a origem do conceito de associacao [Assoziaton], posteriormente utilizado para nomear 0 método clinica da livre associagao de ideias através da fala no diva. Esti ali também a transferéncia [Obertragung] dos impulsos nervo- sos, posteriormente ressignificada para tratar da relacio substitutiva do analisante perante 0 analista. Da mesma forma, estio ali presentes o esthmulo [Reiz] e suas exctagies [Enegungen], como perturbagdes fisiolégicas posteriormen- te relacionadas as pulsdes [Triebe] e suas mogdes [Regunger Vemos ali igualmente de modo inaugural a representagio de palavra © a representagao de objeto [Wortvorstellungen ¢ Objeketvorstellung]; a via [Bahn] nervosa e 0 respectivo ver bo trithar/facilitar [bahnen}, “abrindo 0 caminho” para 0 conceito posterior de trilhamento ou facilitagdo [Bahnune] Talvez exemplo mais instrutivo de “migracio dos seu respectivo subs conceitos” se refira ao verbo bese : tantivo derivado Beset=ung. Em Sobre a concepgao das afasias, ‘yemos aqui a traducio por ocupar e ocupagio para algo que é nte, na morfologia das palavras alemas, rela tio evidentem cionado ao verbo setzen {sentar/assentar]. Freud o utiliza em sua critica a Meynert, que descreve inicialmente como “a ‘ocupagio de um territ6rio livre” o processo neurolégico da aquisigao da linguagem. Curiosamente, porém, esse termo foi introduzido no Brasil através do neologismo catexia, a partir da cathexis da edigio inglesa, sendo posteriormente difundida a opcio por investimento, possivel interpretagio do conceito pelo viés econdmico de leitura. Esse percurso do vocabulario de Freud ficou evidente na presente edicio, que tem o privilégio de contar com a tradugio elaborada por alguém que dedicou a tal feito seus estudos de doutorado. Emiliano de Brito Rossi elaborou sua tese intitulada Traducio como sobre-vida: no exemplo de “Sobre a concepeao das afasias ~ um estudo crtico”, de Sigmund Freud, no ambito do Programa de Pés-Graduagio em Lingua ¢ Literatura Alemi na Universidade de Sao Paulo (USP), sob a orientagio de Joio Azenha Jr. (2012). Cabe aqui mencionar que o professor Azenha, grande autoridade no campo dos Estudos da Tradugio, foi também consultor técnico da primeira edigio brasileira de uma tradugio de Freud feita diretamente do alemio. © trabalho, que tive o prazer de apreciar como membro de sua banca de arguigio e defesa, envolveu nio somente a primorosa tradugio aqui apresentada, mas tam~ bem um estudo critico acerca da relagio das proposigdes psicanaliticas posteriormente desenvolvidas por Freud com esse primeiro estudo, relegado por tio longo tempo a0 esquecimento, Tratar-se-ia, no simile proposto pelo 12 onRAs INCOMPLETAS DE S. FREUD. tradutor-pesquisador, de uma forma de recalque cou repressdo/supressdo [Unterdrtckung] quanto a balho traz de origindrio, em antecipacio as metapsicolégicas de Freud. E digno de nota, nesse sentido, como Freud pria das observagdes do fildlogo Delbriick acerc. tafasia [Paraphasie), substituicio de palavras pos «?™ (ecbinebe ie yestos tio claramente ligado tt [Fehlleistungen) apresentadas dez anos depois, em p, fologia da vida cotidiana (1901). Entre os instrutivos ea. Vers Werdrinoy, © Que o i Concepgse, plos, tais como a ocorréncia de pena [Schribfeder), pa proferida no lugar de lépis [Bleistif], ou da ocorrinn da cidade Potsdam, nomeada no lugar da vieinka Berlin, espécie de deslocamento, vem a curiosa condensasao: Vistey [pac], combinagio ou sobreposicio das palavras Vater {pai} € Mutter (mie). Ambas contam no alemao com a poss “figuragao [Darstellbarkeit] através de uma semelhanca pela coincidéncia da segunda silaba: -ter. Digno de nota, que um exemplo tio construtivo, sobre o que posteriormente serviri de sustentaculo para a compreensio da “‘gramitica do inconsciente” relacionada ao recalque ¢ as substituigdes de representagées, tenha nas palavras referentes as figuras parentais 0 seu ponto de partida. Entendemos, portanto, que a publicagio deste tra- balho cumpre um papel importantissimo, muito além da satisfago da curiosidade de neurocientistas ou fonoaudi- dlogos quanto as concepgdes de Freud sobre os distirbios da linguagem no campo da Medicina. Esses profissionais ¢ pesquisadores, na verdade, vém nas iiltimas décadas re- valorizando muitas das proposigdes freudianas rejeitadss ao longo do século XX. Afinal, as criticas as doutrinas localizacionistas feitas por Freud ha mais de um século passam a ser fortalecidas com os mais recentes achados nenesentacho 18 proporcionados pelas modernas teenicas de abservacio Mo fancionamento cerebral Fundamentalmente, seguindo a pista fornecida pelo competente tradutor do texto aqui apresentado, acredita~ nos que o elemento funndamental aportado pelo Estudo diz respeito as antecipagdes do vocabulirio e de concepedes vretapsicol6gicas num texto to Tongamente ignorado por ver considerado um trabalho aparentemente alheio & pro tblematica psicanalitica. De fato, o leitor habitual de Freud poderi estanbar sua Hinguagem tio mareada peo discurso rentificista da Medicina ¢ to distante do Freud prosador ‘mas teri muito a ganhar, compreendendo a ou ensaista, linguagem desde os primérdios jmportincia atribuida & ddas proposigdes freudianas acerca do funcionamento ¢ da ‘estruturacio do psiquismo REFERENCIAS BOURGUIGNON, A. etal, Traduire Freud. Paris: PUF, 1989, FREUD, S. Lanaissance de la Psychanalyse:letes 3 Wilhelm Fis. ‘Tradugio de Anne Berman. Paris: PUF, 1996. FREUD, S. The Standard Euition ofthe Complete Payholoial Werks of Sigmund Freud. 24 volumes. Traducio de james Strachey tal, Londres: The Hogarth Press, 1974 GARCIA-ROZA, L. A. Inrodugio i Metapsicologiafewdiana v. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1991 ROSSI, E. de B. Trad como sobre-vida: no exenplo de “Sobre @ oncepio das afsias — um estido cco”. Sto Paulo: USP, 2012. Tese (Doutorado em Lingua ¢ Literatura Alem) ~ Progra’ de Pos Giaduacio da Faculdade de Filosofia, Letras ¢ Citcias Hunn ‘Universidade de So Paulo, 2012. Disponive em: irrestrito. O que : fato de sua fal im apresentar ndio permanecer intac gnificado ass “parafasia nifcad fe leance, e a esse fato se fard jus poste Wernicke) subcortical senséria: de grande (afasia de 7. Afasia sséncia de Esta se distingue da an- parafasia ao falar. P Afasia transcortical senséria, Esta forma apresenta ‘da divisio da capacidade da linguagem, mais inusita . fare ae deriva, contudo, necessariamente, do esquem® de a A Hichtheim. O falar espontineo do nfermo apresenta “pa- jem condigdes de repetir o que Ihe € dito, The é dito nem o que ele repete rafasia”, ele es io entende o que 3, Afasia de conducao de Wernicke } parafasia”, com auséncia de outras mi ta forma se distin- gue pela presenga de caracteristicas ‘Acrescento aqui ainda um outro esquema de Li- chtheim, no qual © autor, por meio da suposigao de um centro visual e um centro da escrita, bem como pela ligagio entre esses dois centros, procura fazer jus aos dis- tirbios da linguagem escrita pertencentes 3 afasia (Fig. 4) Entretanto, foi primeiramente Wernicke que solucionou peremptoriamente, num trabalho posterior (Os mais noves trabalhos sobre afasia, Progressos da Medicina 1885 até 1886) [Die Neueren Arbeiten tiber Aphasie, Fortschritte der Medicin 1885 bis 1886], essa questio, a partir do exemplo fornecido por Lichtheim. Sabendo que Lichtheim comprova todas as formas de dissociagio da capacidade de linguagem {Sprachfahigkeit], que se derivam de seu esquema, através de casos observados de fato~mesmo que em pequeno néimero dir-se-4, entio, squid -Fg2amicher, On Apap. 437. No exquaa signs ee celal E ocmte ecto Nep 43 Letham at iemostra ocentroE em igagio deta com Ae! caeerien Siaonigeediacom MeO? © esquema de Lichtheim fora estabelecido por via dedutiva; ele conduziu a formas surpreendentes ¢ até entio nio observadas de dissociagio de linguagem, ¢ o fato de confluem numa s6 via para percor ue para a fisiologi patologia do sng absolutamente indiferente, mas para 2 Pal da Ii 5 cortex seria muito significati- dominio da linguagem no c6r htheim fosse apoi: ada em novas vo See ecu no seria posse nena Algo mais grave adquire uma import a saber, que a ordena¢io dos distiirbios de linguagem r mente existentes, a partir do esquema de Lichtheim, traz consigo, com frequéncia, dificuldades, pois na maioria das ‘vezes cada uma das fungées de linguagem encontra-se pre- judicada em diferentes graus, em vez de algumas estarem_ totalmente anuladas e as outras permane: ncia decisiva, m incélumes. Soma-se a isso © fato de a facilidade com que se podem atribuira lesSes combinadas os distiirbios de linguagem que nio se explicam atravé de uma dinica ruptura no esquema deixar, na busca por explicagdes, uma margem grande de- mais } arbitrariedade. Mas enquanto se trata, até aqui, de falhas presentes, em maior ou menor grat, em quaisquer esquematizagdes, uma outra demanda se pode colocar ao esquema de Lichtheim, em especial, a qual cle, de fato, Parece niio estar em condigdes de satisfazer; por sua pro. Prianatureza, ele deve almejar a completude, ou seja, uerer possibilitar a acomodagio de cada um, observadas de distiarbios de deve a das formas Jinguagem. Ora, Lichtheim j4 See conhecia um caso frequente, cuja explic AGi0 ele nig fornecer a partir de seu esquem © Podiy 8 coocorréncia de [Schrifibindeia (ha 32 Ser esolvida age” ras. Para eslarecer : todas a fungSes da lingusea ais odistirbio que retrocede mais fier Se a surdez verbal, estariasuperado, de tal sone te. Sstigio restariam apenas os outros distisbis pon afasia motora e cegueira de escrta, Contudo, essaexpliens Parece nio proceder, pois Kahler," algum tempo a relatou um caso de afasia rapidamente superada, na ie ep cnfermo, apés sua convalescenga, assegurou que naan” Seguia falar, somente “resmungar"e g Porque as letras se Ihe apresentavam c mas que ele teria entendido tudo o qu Essas ¢ a motora com “‘cegueira de escrita” que, de fato, é frequ: nte demais p. asual de duas rupe complexo de sintomas, Lichth casos de perda completa de nos qu da coocorréncia c nio con. Ie No conseguia lr, ‘omo que “borraday” ne The havia sido dito Outras experiéncias semelhantes devem, contude ter levado um dos mais ponderados neurologings alemies, Eisenlohr;! 1 *a conceder ao esquema das afasias de Lichthein, nada além de um valor “predominantemente diditico”. U1 A iideia de que os distiirbios de linguagem observa- dos na clinica, contanto que tenham, de fato, uma base anatémica, provenham da ruptura dos centros de lingua- gem ou da destruigio das vias de associagio da linguagem [Sprachassoziationsbahnen], a ideia, portanto, de que seria licito distinguir afasia de centro de afasia de condugio, foi, se no expressa, ao menos tacitamente aceita por todos os “ autores desde Wernicke. Talver fosse 0 caso de investigar de forma mais acurada a legitimidade dessa distingio, jé que ela esti vinculada a uma concepgio, por principio c, do papel dos centros no cértex cete suito importante, do papel d sere se da localizagio de fungBes psiquicas, tal como fi Iiscutido acima segundo Wernicke os GOS paqucles. que assamem como verdadeira a sup diferenga entre um “centro de linguagem c de substincia branca) de liga¢io (composta por um feixe de : ae ddeveri esperar necessariamente que a destrui is ocasione o surgimento de um distuirbio de fungio muito mais grave que qualquer distirbio ocasionado pel ruptura de uma via de conducio, ssa expectativa parece se confirmar pela descri- em si mesma em fun- §ig.do,cansaco, da atengio dividida ou por influéncia de afetos perturbadores, através da qual, por exemplo, nossos Palestrantes tornam nossa escuta tio frequentemente algo Penoso. Parece-nos apropriado considerar a parafasia, Gu sus abrangéncia mais ampla, um sintoma puramente funciona r c cional, um indicio de capacidade de desempenho me nos a ‘curada do aparelho associative de linguagem. Isso nio exch fato de lui o fato de que ela possa ocorrer, em sua forma Diese pats iialitece togeoger proven pores \ INCOMPLETAS DES. FREUD mais tipica, como sintoma orginico focal. Somente yp, erit6rio autor, Allen Starr," empreendeu o esforco 4. rastrear pormenorizadamente os fandamentos anatémicg, da parafasia. Ele chegou a conclusio de que a parafis. pode ser produzida por lesSes nas mais variadas regide, Foi impossivel a ele proprio descobrir um trago patologicg distintivo constante entre os casos de afasia senséria cop © sem parafasia. Poder-se-ia levantar a objegio de que a critica supra. citada 8 afasia de conducio de Wernicke sejainjustificads, porque ela nio teria previsto uma possibilidade. Nela, nig precisaria ocorrer a impossibilidade da repetigio, porque a palavra ouvida, que nio pode ser diretamente trans. ferida para o centro motor b, é repetida no desvio pela via da “compreensio”. A via de ligagio A-B-M (Fig. 3) entraria no lugar da via rompida A-M, pela qual, em cir cunsténcias normais, da-se a repeticio. Se esse desvio é realmente passivel de ser percorrido, a afasia de condugio teria de ser caracterizada como um estado no qual, de um lado, a compreensio de palavras ¢ o falar espontineo estariam preservados, a repeticao de palavras compreendi- das estaria igualmente preservada e, de outro, a repeti¢ao de palavras no compreendidas, como as de uma lingua estrangeira, por exemplo, estaria, contudo, suspensa. Tam- bém esse complexo sintomitico ainda nio foi observado, embora também ainda nao tenha sido investigado. Seria possfvel que, oportunamente, ele fosse verificado. ‘Ao reconhecermos a legitimidade dessa solugio, deparamo-nos, porém, com uma segunda expectativa, que se deveria vincular 4 separago estanque dos centros de linguagem e de suas respectivas vias associativas. A destruigao de um centro causa naturalmente uma perda eran. PHO OAS ASASiAs 33 insubstitutvel de funcio; se, entretanto, somente uy estimular 0 centro intacto através de um desvig fre ee uma via de condus2o preservada e tornar as imagere oe Jembranca desse centro, ainda assim, ites 3 fungie procuirarmos por um caso no qual uma tal especitedage da compensa¢ao de distirbios de linguagem possase mos, tra, entio Se nos apresenta, prontamente, um exemplo cay discussio € de suma importincia para toda a concepgio das afasias em geral Hi casos de perda da compreensio da palavra (urdez verbal) [Worttaubheit] sem distirbio do falar espontineo, Estes sio raros, mas ocorrem, e pode-se afirmar que 4 doutrina das afasias teria tido um outro desenvolvimento se 0s primeiros exemplos de afasia senséria de Wernicke tivessem sido desse tipo. Isso, contudo, nao aconteceu; os casos de afasia sensdria examinados por Wernicke mostra- ram também, assim como a maioria dos casos observados posteriormente, um disttirbio da expressio verbal, o qual nés denominaremos provisoriamente, acompanhando 0 descobridor da afasia senséria, de parafasia. Naturalmente, um tal distirbio de linguagem nao se explicou a partir do esquema de Wernicke, pois, de acordo com ele, as imagens de movimento de palavra estio intactas e os caminhos que levam dos conceitos até elas encontram-se igualmente intactos; portanto, quando se fala, nio ha razio alguma para se entender por que nio se fala corretamente. Para a explicagio da parafasia no contexto de uma afasia senséria pura, Wernicke teve, entio, de apoiar-se num aspecto fancional no dedutivel do esquema. Ele lembrou-se de que a via a-b” seria aquela pela qual o falar fora aprendido. Posteriormente, fala-se por um caminho direto partindo do conceito, contudo a via a-b conserva ainda uma certa 34 onnas incompLerAs OF 8. FREUD importincia para a linguagem; ela serd a cada vez coin, vada no falar espontineo e exerceri, desta forma, ym, continua corregio no decorrer das representacdes de mg. vimento. A auséncia dessa inervagio paralela da via 4. tem como efeito a parafasia As ideias de Wernicke sobre esse dificil ponte njo . sio de forma alguma claras, e, a0 que me parece, nem, ‘mesmo coerentes. Pois, um pouco adiante (1874, p. 23) ele afirma que a mera existéncia da via a-b, sem sua iney. io intencional, jé bastaria para assegurar a selegio das representagdes de movimento corretas. E de se indagar de que modo a mera existéncia dessa via, mesmo quando cla nio é coinervada, pode exercer esse poderoso efeitg de que modo esse efeito pode se expressar, no caso de essa vi sobre o proceso motor durante a fa receber uma inervagio colateral durante a fala; se 0 centro b somente envia o impulso articulatério [Artikulationsimpul] depois que a excitagio provinda do centro a chega até ele; se, ao \-se antes a falar ¢ cometem-se erros, ¢ contririo, comes: essa via, entio, por meio da excitagio [Eregung] provinda do centro aciistico da palavra os corrige ~ a descrigio de Wernicke nio me fornece qualquer resposta clara e inques- tionivel a nenhuma dessas indagagdes. Creio que Lichtheim tenha percebido essa falha na tentativa de explicagio de Wernicke, pois ele exprime de modo muito mais acurado a condigio para se evitar a parafasia, Nao bastaria, para tanto, que as imagens dos sons de palavras estivessem in- tactas; elas deveriam, também, ligar-se, através da via is imagens de movimento de palavras, Um passo adiante teria conduzido Lichtheim & suposigio de que a fala nio se di seniio exclusivamente pelo caminho que passa pelis imagens de som e pela via A-M. Pois a influéncia de A oe SOMME A CONCEPGHO OAS AFASIAS 35 sobre 0 caminho A-M é claramente initil se ela exercida apenas ap6s ja se ter dado a fala a partir do centro M: nao se dari a fala até o momento em que essa e chegado a M, e, entio, solucionam-se satisfatoriamente todas as dificuldades quando abandonamos a suposicio supérflua de que para se falar haveria ainda a necessidade de uma excitagio especifica de M, provinda do conceito. Seja como for, gosta *xcitagio tenha mos de retornar a0 ponto segundo o qual, no caso da afasia sensoria (destruigio de A), 0 falar espontinco se torna parafisico, de acordo com Wernicke € Lichtheim, porque as imagens de som em A, que exercem a fungio de corregio, estio destruidas Dever-se-ia esperar, entio, que resultasse uma diferenga clinicamente observavel, quando essas imagens de som, tio importantes, nio estivessem destruidas, mas sim e tio somente quando estivesse interrompida a via que as liga aM, Deveriamos necessariamente reconhecer, numa tal diferenca, uma prova de que centro ¢ vias de conducio tém realmente significados diferentes; uma prova, pois, de ‘que as representagdes estio contidas somente no primeito, endo também nas jltimas. As imagens de som preservadas exerceriam sua influéncia sobre 0 falar através do desvio pasando pelos “centros de conceito”, como esclarecemos anteriormente, ao nos referirmos ao que torna possivel a repetigio, Se retomarmos, agora, 0 caso no qual, estando preservado 0 centro ¢ estando rompida, porém, a condugio, ou seja, 0 caso da afasia de condugio de Wer- de nicke, 0 que se nos revela é que um tal desvio nio seri percorrido, A interrupgio de A-M tem a mesma conse- quéncia que a destruigio do proprio centro A, ou seja, a Ocorréncia de parafasia no falar espontineo, A propria afasia de condugio de Wernicke, contudo, demonstra-se, ela mesma, pelo que foi dito, insustentivel, 36 OBRAS INCOMMLETAS DES. FREUO. Pois, se supusermos que a ruptura da via a-b (A-M) 13, pode ser compensada por um desvio da inervagio, «, teria de ter como resultado a incapacidade de repetigig « no caso de admitirmos a possibilidade desse desvio, es.’ ruptura nio poderia sequer resultar em parafasia, De igual maneira, a consideracio das outras afasias de condugao postuladas por Lichtheim, bem como a cons. deragio dos distirbios nio centrais do ler ¢ do filar levany a seguinte conclusio: «A.destmigaa.deum.assin denominadg -psiquicas.s0s.centies. Sabendo-me bastante isolado diante do seguinte postulado —.de.que.a.dignidade. psiquica especifica atri- -na.observagio.clinica dos distirbios de linguagem.-, nio quero deixar de aduzir que Watteville,** em uma pequena porém substanciosa dissertagio, trouxe a tona uma linha de raciocinio bastante semelhante. Diz esse autor: Chegamos A ideia de que esses centros sejam locais de armazenamento, nos quais ficam guardadas ima- gens de lembranga de diferentes naturezas, tanto motoras como sens6rias. Por outro lado, no nos é permitido procurar o substrato fisiolégico da ativi- dade animica® [Seelentatigkeit] na fungio desta ou daquela parte do cérebro, mas sim concebé-la como resultante de processos que se estendem para muito além do cérebro. Dessas duas pressuposicdes exttai- se como consequéncia que as lesdes cuja sintoma- tologia nio permite que se reconhegam diferengas 2 MRE A CONCEEEAO Ons ara SINS 37 consideriveis,ainds assim, no que nificado psiquico, comportan., diferente. Vejamos dois casos de quais um € provocado pela destruigio de centro de Broca, € 0 outro, provocade pela” dos feixes centrifagos que dele parte. ke aso, © doente perdew a capacidade de dinar y imagens de movimento de palavra, a0 paso ne segundo, essa capacidade é preserv pee jf se falou sobre o ¢ ©, apesar de boas observagies, chegou-se des ak, lados a resultados bastante contraditérion, Neo a. {ange 20 seus de maneita mi afasia motora, dos ruptur artem. No primeira ada. Ora, muito de. ntradicio nas veria estar a solugio dessa aparente relagdes por nés aventadas? [..] Parece-nos ley supor que, no caso de uma lesio central da | gem, 0 enfermo deva ter necessa ; nente sofrido também um prejuizo intelectual, a0 passo que ese nio é necessariamente © caso, em se tratando de. uma lesio das vias de condugio, Ni creio haver alguém que ja se tenha submetido a0 esforgo de efetuar o tipo de comprovacio mencionado por Watteville; tenho apenas a impressio de que a relacio esperada entre um prejuizo intelectual mais grave e uma afasia “central”, diferentemente de uma afasia de conducio, nio se comprovaria, Enquanto nos esforgivamos para descobrir quais nnifestacio clinica dos distirbios_ 38 onnas incommueras OE 5, FREUD essencialmente. nalSBAHENED™ Nao se comete injus, 2 alguma quando se caracteriza como tal o esquema 4 ‘Wernicke-Lichtheim; entretanto, é preciso lembrar ‘ ambos os autores também lancam mao, sem a deyaf, reflexio, de aspectos funcionais para 0 esclareciments dos distirbios de linguagem. Uma descrisio que preten, desse.esclareceros distrbios.de.linguagem observa tendo. por base-exclusivamente.a diferente localizacao q lesdes destrutivas teria necessariamente de se restringir suposisio de um nimero de.centros.¢ vias de conducie que funcionassem de forma independente uns dos outro, e-que_fossem_postos fora de funcionamento pelas lesies comamesma facilidade. Como vimos, porém, Wernicke e Lichtheim nao puderam evitar vincular a fun centro motor M nio apenas a sua integridade anatémica, mas também i preservagio de sua ligagio com o centro « sens6rio A. Com efeito, Lichtheim fez uma surpreendente descoberta, cuja comprovacio faria diminuir ainda mais a importancia do aspecto localizacionista. Ele se fez a pergunta se pessoas com afasia motora dispdem da assim chamada “fala interna”, quer dizer, do soar interno das palavras, que elas nfo conseguem proferir. Para respon- der a essa questo ele pediu aos enfermos que apertassem sua mio tantas vezes quantas fossem as silabas da palavra em questio e descobriu que os enfermos nio estavam em condigio de atestar, dessa forma, seus conhecimen- tos sobre a palavra. E evidente que tal fato nao poderia deixar de exercer a mais profunda influéncia sobre noss®> concepgdes do processo da linguagem, pois 0 centro A encontra-se, de fato, intacto, suas ligagdes com o restanie do cértex ilesas,existindo apenas uma lesio muito afastada da por¢io senséria do aparelho de linguagem, ¢™ a centro das representagSes de movimento da linguage™ te CR cr Sho ai Aes e,entretanto, 0 enfermo, em funcio da existéncia de Iesio circunscrita ao terceiro giro frontal, nio én de evocar 08 sons de palavra contidos no lobo tempera partir das percepyes 6ticas) Infeliz angular de uma nova teoria dos disttirbios de linguagem, finda no foi indubitavelmente comprovado. De imedisto pode-se apontar uma objegio contra o modo pelo qual Lichtheim quis comprovi-lo. Ele testou se os enfermos dispunham dos sons de palavra investigando se eles estavam je, esse fato, que deveria constituira pedra em condigio de indicar o ntimero de silabas das palaveas, em questo; porém, pode-se presumir que esses enfermos estivessem acostumados a encontrar esse niimero de silabas somente por meio de uma transféréncia™ do som para a via motora da linguagem. O modelo de teste teria sido, entio, inapropriado, pois ele pressupde exatamente que a via de condugio destrufda em casos de afasia motora esteja intacta. Uma objecio que Wysman" levanta contra avalidade do teste de Lichtheim c aminha. Resta ainda, porém, um ponto a ser analisado. Lichtheim informa que ele no péde utilizar seu teste em casos de indubitavel afasia motora (cortical) (destruigio de 'M), pois ele nio dispunha de casos puros dessa espécie nos {iltimos tempos. Ele relata meramente um caso da assim chamada afasia motora transcortcal,® para o qual esse teste fracassou, apesar de que, neste caso, o centro M nio foi tido por destruido, mas somente suas vias de ligagio M-B. Posteriormente irei, contudo, mostrar que esses casos da assim chamada afasia motora transcortical exigem uma outra concepgio, i qual melhor se adequa 0 desconheci- mento dos sons de palavra. Assim sendo, a pergunta se preservado ou se incide, creio eu, com acesso aos sons de palavra encontra-se 40 oonas incomPLeTAs OF §. FREUD cle é suprimido na afasia motora me parece totalmen,, aberta, Todavia, eu nao pretenderia construir uma teorig sobre as afasias sem que cu tivesse conhecimenty ,,. seguro sobre este ponto. Voltemos agora a0s dois outros argumentos que no, impelem a questionar a independéncia funcional do cener, M. 1, Se houvesse uma ligagio do centro M com B (a vig para o falar espontineo) que fosse diferente da ligacio coms A @ via que possibilita a repeticio da palavra ouvida ¢ 4 falar correto), entio deveriamos necessariamente encontray distiirbios da repetigio sem distirbios correspondentes dy, fala espontinea. Demonstramos pormenorizadamente iio ser esse 0 caso. Concluimos, entio, que essas duas via, coincidem. 2. Vimos que uma lesio no centro A ou na vis de condugio A-M produz um distarbio de linguagem que obrigou Wernicke ¢ Lichtheim a levarem em consideragio aspectos funcionais para seu esclarecimento, sem, contudo, esclarecerem satisfatoriamente o fato fundamental do sur. gimento na afasia senséria de distirbio da fala.»* Também essa dificuldade desaparece se supusermos que exista somente a via de condugao A-M e que a fala espontanea ocorra Ou somente por meio das imagens de som. Essa suposigio imunpen S€ mostra cada vez mais provavel, se considerarmos que femsie’ a via de condugio A-M foi de fato, indubitavelmente, a | porumale “pros primeira via através da qual a crianga aprendeu a falar. p2ejee Com efeito, Wernicke supde que, quando o falar ja te- nha sido aprendido por essa via, seja criada uma outra, : mais direta, que prescindiria das imagens de som; porém, nao fica claro de que maneira o aprendizado adquirido pela primeira via deva levar ao abandono desse mesmo caminho e 4 escolha de um novo. Quase todos os autores precedentes, inclusive Kussmaul,>* defenderam que o falar espontineo acontece seguindo o mesmo caminho que 4 ACONCE®CAO OAS asasias a4 igo, passando pelas imagens de som, e, dentre os ‘autores, Grashey” retomou essa suposigio, ‘Tarn ‘nunca pude entender, na exposigio geralmente tro de Lichtheim, a discussio na qual esse autor defende, opera Kussmaul, sta afirmagio da existencia de uma vi Fe linguagem motora direta. Se aceitarmos que a via utilizada para o falar s- taneo passe pelo centro sensério A, 0 distiirbio de finguagem ocorrido em virtude de lesio sensbria adquire para nés, naturalmente, um interesse especial. De fato, ficamos com a impressio de que Wernicke ¢ Lichtheim, coma designagio de uma “parafasia", nio puderam pro- porcionar 0 reconhecimento pleno a essa via. Por para- fisia devemos necessariamente entender um disttirbio de inguagem no qual a palavra apropriada é substituida por uma inapropriada que, contudo, mantém sempre uma certa relacio com a palavra correta. Podemos delinear essas relagdes com apoio nas exposigdes de um fildlogo, Delbriick,”” mais ou menos da seguinte maneira: trata-se de parafasia quando o falante utiliza uma palavra em vez de outra, que sejam ligadas em fungio de significado préximo ou que sejam ligadas uma 4 outra por meio de associagio frequente, por exemplo, quando ele usa pena em vez de lépis, Potsdam em vez de Berlim. Além disso, quando ele confunde palavras que tém sons semelhantes, ‘manteiga (Butter) em vez de mae [Mutter], canfora Campher] em vez de panfleto [Pamphlei}, e, finalmente, quando ele comete falhas na articulagio (parafasia literal), nas quais letras isoladas sio substituidas por outras. Fica-se ten- tado, diante dessas diversas formas de parafasia, a se diferenciar entre elas com base no local no aparelho de fala (Sprechapparates] em que 0 atabalhoamento se intro- duziu. Além disso, deve-se denominar também parafisico pes FREUD 42 oBRAS INCOMPLETAS, quando duas intengdes de fala oe rousing uma palavra deformada, como em pac ei ara ie {urter| ou pai [Vater € chegou-se 20 acordo de que seria tidas como patafasia aguelas modificagdes nas quais um determinado substantivo for substituido por um outro que seja o mais indeterminado possivel (coisa [Dings], machine, those)” ou por um verbo. © distirbio de linguagem dz afasia sensoria, entretanto, extrapola sobremaneira essay caracteristicas parafisicas. Hé casos em que 0 pacientes com afasia sens6ria no pronunciam sequer uma s6 palavra compreensivel, enfileiram silabas sem sentido em sequin. cias intermindveis (giria,” afasia de jargio" dos autores ingleses); em outros casos, como no descrito pelo proprio Wernicke, € notavel ao menos a pobreza da formacio de palavras com algum significado preciso, a abundancia de particulas, interjeig6es e outros assessérios da linguagem, a frequente repeti¢ao de substantivos e verbos ja proferi- dos. A paciente de Wernicke proferiu, por exemplo, em uma época em que ela jé havia demonstrado “progressos significativos’,® no momento em que alguém Ihe dera algo de presente: “Ai deixo eu a mim muitas muitas ve- zes todo 0 possivel, que o senhor somente visto tenha. Eu agradego muito mais quero muitas queridas vezes, que o senhor me dito isso tudo. E, ai eu agradego muitas vezes, que o senhor tenha sido tio bom, que o senhor tenha sido tio bonzinho”.? Lembro-me de ter visto um caso de afasia sens6ria no proprio hospital geral de Vie- na — Senhora E., ela nos foi apresentada como um caso © de “confusio encefilica” — cuja linguagem demonstrava as mesmas particularidades: 0 empobrecimento de cads umas das partes do discurso determinadas precisamente, tais como substantivos, adjetivos € verbos; a abundincis de todas as partes do discurso indiferentes ¢ a repens SOBRE ACONCEPGAO DAS AFASIAS 43, mesmas palavras que cla tenha conseguido proferir das ie, Wernicke procurou caracterizar o distiirbio de vez: 7 i imagem da afasia sens6ria como sendo “manutencio ie ocabuliio com parafasia”. Creio ser mais correto lo vevé-la como “empobrecimento do vocabulirio com = sos de fala [Sprachimpulse]”. riqueza de impul Se, porém, riscamos do esquema de Lichtheim a via para o falar espontineo B-M, como explicamos, Miedo, os casos da assim chamada afasia motora transcor- ial, que Lichtheim esclarece tio espontaneamente por meio da ruptura exatamente desta via? Recordamo-nos que esses 2505 apresentam a particularidade de o falar espontineo ser completamente impossivel, enquanto a repetigio, a leitura em vor alta (ou seja, o falar a partir da imagem de escrita), e assim por diante, ocorrem de forma desimpedida. Encontramo-nos afortunadamente na posigio de alcangar a compreensio desses casos por outro caminho. Heubner publicou, ha pouco, uma observagio de afasia A qual teremos de nos referir repetidas vezes em fungio de sua grande importancia. O paciente perdera a faculdade de falar espontaneamente, possuia, contudo, a capacidade de repetir © de ler em voz alta; ele apresentava, entio, ‘uma tipica afasia motora transcortical. Ademais, ele perdera 2.compreensio da linguagem e nio entendia, tampouco, © que ele mesmo lia, escrevia ou repetia — distirbios que correspondem aos da afasia senséria transcortical de Li- chtheim. Seu caso nao poderia ser esclarecido, portanto, Pormeio de uma simples lesio no esquema de Lichtheim, mas sim, através da coocorréncia de duas lesdes, a saber, nas vias B-M © B-A. es o* -OBRAS INCOMPLETAS DES. FREUD Figura 5 ~ Resultado de autpsia no caso de Heubner. A autépsia desse doente resultou na descoberta de amolecimento do c6rtex de localizacio muito interes. te, em todo o caso no dominio sensério, que comps a rea de Wernicke, o primeiro giro temporal, ¢ ae separava do restante do cértex nos limites superior pa: terior ¢ inferior, ¢, além disso, indicou um amolecimenn, superficial do cértex, quase do tamanho de uma lentilha, numa quina do terceiro giro frontal (Fig. 5). ; Por conseguinte, o esquema de Lichtheim pareceu, principio, comprovado; contudo, numa reflexio mais de. tida, deve-se necessariamente dar razio a Heubnerno que tange a consideragio de que a lesio presente no dominio motor é muito mais restrita e insignificante do que deveria ser para que se pudesse atribuir a ela 0 “poderoso e profun- do distiirbio de linguagem’. A propésito, ela esta situada no proprio c6rtex, é uma lesio cortical ¢ em nenhum sentido uma lesio a que se deva denominar transcortical, e se ela tivesse provocado distiirbios, estes teriam ocorrido tanto na repeti¢ao quanto no falar. Resta-nos, entio, apenas significativa lesio no dominio sens6rio para 0 esclarec- mento do distrbio observado, ¢ extraimos desse caso que uma separagao dos centros sensérios de suas outrasligacoes a corticais, 01 Sea, uma lesio ansconic rowoca supressio do falar esponein BM coincide com a via B-A ou, em outros chine iiiediandas.innagens de say,” Recordamo-nos de que Lichtheim estate fo auxilio de seu teste de silabas em seu cqas norora subcortical." que 0 enfermo nio peda est imagem de som das palavras através de sta agannt de pensamento. Se nos for permitido tar concn tir do caso de Heubner, sobre 0 caso de Lichthes, fue, de todo 0 modo, demonstra um prejuizo mee fangoes da linguagem, entio nele a lesio tambéin ang situada no dominio sens6rio, e 0 resultado negative 1a teste perderia, assim, o significado que ele tera tido vung faso de indubitivel lesio motora , todavia, no minimo temeririo fundamentar uma decisio em um tinico caso, especialmente por se tratar de ‘um caso que, contudo, apresenta uma pequena lesio no dominio motor. Por isso me esforcei em encontrar alguns outros casos da assim chamada afasia motor tanscontcal que tivessem resultados de autdpsia e cheguei, nessa empreita- da, ao seguinte resultado inesperado. A incapacidade do falar espontineo, com a capacidade de repeticio preserva- da, nio permite concluir necessariamente uma localizacio no dominio sensério. Esse sintoma caracteristico da afasia motora transcortical encontra-se igualmente em casos em que 0 adoecimento se situa exclusivamente na regiio mo- tora, mas somente em um tinico caso a lesio deveria real- mente ser descrita como uma lesio transcortcal. Tratava-se neste caso (Magnan),"* pois, de um tumor que se alojava na superficie interna da dura mater,” fincado de cima no hhemisfério esquerdo como uma cunha e com seu dpice chegando até o terceiro giro frontal ¢ até o tergo anterior + OU Sei, gue ge 46 onnas incompLeTAs DES. FREUD A paciente era incapaz qe da borda superior da insula. wa apenas palavras soltas dar noticia sobre si mesma, fala silabas sem sentido, porém podia repetir corretamente ag palavras que ela ouvia. Nos outros dois casos que encontrei providos de resultados de autopsia, a lesio encontrava-se no préprig cértex motor; mais precisamente, ela era “transcorti- cal” no sentido proprio deste termo, que © torna tig inapropriado para utilizagio na doutrina das afasias, 4 lesio consistia, em um dos casos, em uma hemorragia recobrindo o centro motor, € no outro ela consistia em uma lasca de osso encravada no centro motor. Ambos os casos pertencem a Hammond" ¢ s 10 descritos por ele da seguinte forma: caso I. Hammond, ao encontrar-se no verio de 1857 diante de uma tropa de soldados ¢ trabalhadores nas Rocky Mountains, um dos trabalhadores, um mexicano, recebeu de um outro trabalhador uma pancada com um porrete na témpora esquerda, de tal forma que ele desabou sem consciéncia. Quando 0 sujeito machucado voltou a si, havia perdido completamente sua meméria verbal, mas de modo algum tinha perdido a faculdade de articulagio, Ele nio conseguia falar nada por si s6, mas quando al- guém Ihe dizia algo, podia repetir sem qualquer falha de articulagio, desde que nao fossem muitas as palavras que Ihe houvessem sido ditas de uma s6 vez. Quando Ham- mond, por exemplo, 0 perguntou: “Como sientes ahora?” (Como se sente agora?), ele entio repetiu: “Como sie, sin sien” e irrompeu em légrimas. O paciente morreu no dia seguinte ¢ apresentou uma “equimose do tamanho de uma moeda de meio délar que atingia a porgao esquerda do lobo frontal em sua borda lateral posterior” ¢ além meningea média direita- disso, uma laceragio da artéria }OBRE A CONCEPGAO DAS AFASIAS 47 er-se-4 talvez a supor que a investig, Tend Hammond, nest 280, pode mote sido mato exastiva, ig que ele aerescenta 2 seguinte observagio: “nio atribui fi ane fancia especial alguma a0 dano do lobo frontal a uesdo aquela época; somente a partir da discussie na eravjemia de Paris em 1861 € que cheguei a convicgio Aetgye a afasia amnsica dese caso advinba desse dang” Caso II. No inverno de 1868/1869, Hammond viu tum homem que, alguns meses antes, durante o trabalho tim uma pedreira, sofrera o impacto de wm contra o lado esquerdo da cabeca. O paciente pareci ‘muito inteligente, compreendia tudo o que the diziam, faria os mais desesperados esforcos para falar por conta propria, contudo nunca soltava outras palavras a nio ser Sim" ¢ “no”. Hammond perguntou-the: “O senhor nasceu na Priissia?” ~ “Nao.” ~ “Na Baviera?” — “Nio.” _ “Na Austria?” — “Nao.” — Na Suiga?” — “Sim, sim, sim, Suiga, Suiga.”. Entio ele riu ¢ moveu a mio em todas as diregdes. — Hammond supés que, em fungio daquele acidente, uma fratura no osso craniano teria ocorrido e que uma lasca de 0380 pressionava 0 terceiro giro frontal. Ele recomendou uma trepanagio,” que foi inclusive realizada € que confirmou seu diagnéstico em toda sua extensio, Tio logo 0 paciente acordou de seu estado de narcose, sua linguagem ja havia sido restabelecida.”* maquin: Vemos, entio, que a afasia motora transcortical de Lichtheim aqui ¢ ocasionada por lesdes que nao tém o minimo em comum com a ruptura de uma via B-M. Em uma consideragio mais detida desses casos sur ge diante de nds outro ponto de vista importante que se estaria justificado em considerar também para outros 48 Onmas incompLeras DE 5. FREUD distiirbios da linguagem. Sabe-se de modo gera] que afasia motora, na grande maioria dos casos, tem por jas um amolecimento. Ora, € certamente uma Coincidéngie digna de atengio que os casos da assim chamada aft transcortical, anteriormente mencionados, remontam, 6 excegio a lesées de outra natureza, inclusive 6 eo i Heubner que apresenta uma lesio sensria. O caso exe plar do proprio Lichtheim é de natureza traumitica, foo como ambos os casos de Hammond. No caso de Magnan finalmente, tratava~se de um tumor.*+ . Agora sabemos que as partes do cérebro, cujos adoeci. mentos se revelam geralmente através de sintomas, some nos fornecem sintomas locais, diante dos quais Testa-nos desvendar 0 diagnéstico do processo patolégico através de circunstincias colaterais do caso, ou através do desentolas da afecgio. Contudo, o aparelho de linguagem dispoe -de_uma tal riqueza em meios de expressio dos sinto que poderiamos esperar dele que revele, pela maneira disttirbio funcional, nao somente a localidade, mas tam, bém a natureza da lesio. Talvez nos seja um dia possivel separar.clinicamente as afasias provocadas por hemorragia daquelas provocadas por amolecimento série de distiirbios de linguagem como sendo caracteristica { de processos especificos no aparelho de linguagem. Em relacao a assim chamada afasia motora trans- ete cortical, em todo o caso, deve-se tomar como algo de- SY2SS monstrado que sua existéncia nada comprova a favor da “S22 suposi¢io de uma via B-M para o falar espontaneo. Essa J2S2: forma de distirbio de linguagem sucede tanto por causa SLES, de lesdes de regides sensdrias da linguagem quanto por © 8" estados incomuns de adoecimento da regiio motora, em fungio dos quais o centro motor da linguagem seni posto am un estado de fancionanento redzido em fae de sy stado ‘e funcionamento normal.” Charlton Bastan,* que explica a afsia motor trapy. cortical de Lichtheim da mesma forma que més explo mos, distingue, a Propésito,t8sestados de exctabildad diminuida de um centro. A reducio maisleve se apresene de tal maneira que 0 centro nao reage mais um estimulo “yoluntério".* mas reage ainda ao estimulo provindo do camiinho da associag0 com um outro centro a excitagae ensivel direta. Por ocasiio de um dano funcional ma ave, 0 centro reage somente & excitagio sensivel dire, e, finalmente, no nivel mais profundo, ess dima rea também cessa. Dever-se-ia, entio, supor, no que tange 4 afisia motora transcortical, que o centro motor ainda pudesse ser posto em atividade por uma excitacio sensivel direta, mas no mais por um estimulo “voluntirio”, ¢ pelo fato de que esse centro motor é sempre estimulado pela associagio com 0 centro sens6rio actistico, a causa da modificagio de excitabilidade pode ser atribuida tanto a0 centro sens6rio quanto ao préprio centro motor, Notamos, neste momento, que estamos em condi- io de explicar uma forma de distirbio de linguagem. clinicamente observada pela suposi¢io de uma modifi- cagio do estado funcional, em vez de explicé-la por uma, suiptura localizada_em uma via de condugio, Pelo fato deste passo ser de grande importncia para a totalidade da concepgio das afasias, gostariamos de repetir, para nossa propria seguranga, que fomos impelidos a abandonar.a_ explicagio localizacionista, ja que os resultados de autopsia (Heubner, Hammond) a contradisseram. A suposigio 4 qual nés acatamios juntamente com Ch. Bastian parece- NOS ser uma expressiio natural do fato de que a repeti¢io fica sempre preservada por mais tempo do que 9 falag espontineo, Veremos posteriormente alguns fatos que nos comprovam também que a aco associativa de 4 m centro é perdida com menos facilidade do que a agin chamada agio “espontinea’’” A principio, a suposicio de Bastian contém, em togg © caso, algo de espantoso: ela contrapoe-se de forma ine conciliavel a tuma linha de raciocinio que lida com lesgey n primeiro lugar, de se-ia admitir que para a explicagio de circunscritas € seus efeitos. ver. uma redugio dy excitabilidade em um centro nio seria necessiria leg io alguma, jé que a redugio se nos apresenta como tum estadg “funcional” puro. Trata-se de um fato, e é possivel haver estados semelhantes a0 da afasia motora transcortical que surjam devido a um mero dano funcional, sem que haja uma lesio orginica. Quando, entretanto, se percebe mais claramente a relagao entre “lesio orginica” e “distirbio de fungao”, deve-se adquirir a convicgio de que nio se pode reconhecer toda uma série de lesdes orginicas senio por meio de distiirbios de fungio, a experiéncia demonstra que, de fato, essas leses nada mais causam do que dis- tarbios de fungio. Hi décadas imbuidos do empenho de nos servirmos dos disttirbios que a clinica nos oferece para chegarmos ao conhecimento da localizagao das fungées, acostumamo-nos a exigir das les6es orginicas que elas destruam totalmente uma parte dos elementos do sistema nervoso ¢ deixem as outras partes totalmente ilesas, pois somente dessa forma elas teriam serventia a nossos obje- tivos. Somente um pequeno niimero de lesdes preenche esses requisitos. A grande maioria delas nao é diretamente destrutiva e atinge um namero maior de elementos no ambito de seu efeito destrutivo. vesta-nos voltar um olhar atento i relagio Alem disso» almente destrutiva € 0 aparelho por yma Testo Fi ois casos plausiveis que também sio ido, Fylidade. Ou bem 0 aparelho se mostra » ao em algumas partes isoladas, enquanto ; as fancionam de modo inalterado, entre Y cela 2007 Sa > como uni kode adidereg ac: era sladas ser notada, mas sim mostra-se ‘Lem sua fingio, ele responde a lesao parcialmente enftagse rise er nirio de funco que também poderia surgir dest ion dano imaterial.” © aparelho central em co vite ye superior apresenta-nos, por exemplo, sua extrem fe reagio. Quando ha uma pequena lesio oF oe ee. giro pré-central, seu efeito pode consistir a wralisia isolada, como a paralisia do misculo 0, 0 mais comum é que o efeito se esia em grau moderado de todo 0 suas parte ver ele om cia de partes i86 age orginica em uma paral do polegar. Entretant revele como uma par x pyago. OQ aparelho de linguagem parece, entio, demonstrat, cm todas as suas partes a segunda forma de reacio a lesio ‘io destrutiva, ele responde a uma tal lesio de modo solidirio (pelo menos parcialmente solidario) com um distirbio funcional, Nunca ocorre, por exemplo, que, em fungio de uma pequena lesio no centro motor, cem palavras se percam dependendo meramente do local da lesio. £ sempre possivel demonstrar que a perda parcial € expressio de uma redugio funcional geral desse centro. =A propésito, nao ¢ Sbvio que os centros de linguagem se comportem dessa maneira, e isso nos servira de auxilio para fazermos, posteriormente, uma ideia bastante precisa da estrutura desses centros. Antes de finalizar esta discussio sobre a afasia motora, tenho de recapitular dois pontos que encontram aqui a 52 unas incompuetas oF 5 rneuo ‘mais apropriada solugio. Se a afasia motora transcorticalg © sintoma de um estado que se situa entre a hormalidade © @ completa inexcitabilidade, entio, deve-se necessarig. mente espera instaure no quadry ndo ela comeg: ar a ser superada, oy ‘elt que 0s pacientes com afasia motora aprendan mais cedo ¢ com maior éxito a repetir, antes de falar espontancamente. Creio qui que esse sintoma se da afasia motora qu voltarem 4 um caso de Ole nog stica, porém Permita reconhecer essa caracteri n n, de resto, para minha Posso dizer & que a atengio dos obe adores nio se dirigiu a este ponto, 0 fui capaz de reunir v expectativa, O que ‘tias comprovagde; Além disso, devo consider: tamente cada um dos leitoresj se da pelo ¢ ‘ar uma objecio que cer 4 fez. Se o falar espontineo ‘aminho B-A-M passando pelas imagens dé som, entio toda afasia senséria deveria, necessariamente, acarretar a perda da linguagem espontinea e nio mera. mente um distirbio dela. Como se deveria explicar que na afasia sensria ainda se fala tio abundantemente, quando nio também corretamente? Posso apenas reconhecer a dificuldade ¢ responder Por meio da indicagao de uma outra dificuldade. Ha casos de logoplegia, supressio concomitante da compreensio da linguagem ¢ da expressio da linguagem, nos quais poderiamos ver nossa exigéncia de perda da linguagem espontanea no quadro da afasia sens6ria confirmada, Eles se baseiam, contudo, em lesdes miiltiplas ou extensas que atingem, ao mesmo tempo, o territ6rio motor ¢ 0 se s6rio, Esses casos demandam um procedimento elimi todo especial. O distarbio sens6rio melhora, de oe em um estagio posterior o doente apresenta o quadr SOBRE A CONCERGAO DAS AFASIAS. 53 afasia motora pura. Pode igualmente ocorrer que um, ve patologico se apresente desde o inicio como afasia apenas a érea de Broca, mas também uma grande parte do restante da regio da linguagem, inclusive a érea de Wernick, encontra-se igualmente destrufda, Kahler pou relatou um desses casos, que no sio raros, e reuniu 0 472%" restante deles E conhecida, com certeza, a existéncia de 2!" destruigio do centro sensério A sem surdez verbal, a0 ‘menos sem que ela persista, apesar de toda surdez verbal dever ser relacionada 3 lesio desse centro. A solugio para essa contradi¢3o € algo que nio posso determinar neste momento; presumo, apenas, que sua explicagio traria consigo também a resposta para a pergunta que acaba de ser formulada, ou seja, por que a afasia sens6ria nao € sempre seguida da perda completa da linguagem. Da perspectiva da teoria dos centros de linguagem dever-se-ia necessariamente afirmar que a extensio do centro A nio tos € ainda conhecida seguramente o bastante Ocorre, a propésito, a afasia senséria sem qualquer Aistbio de linguagem, com um pouco de parafasia, com ato grau de empobrecimento da linguagem e com degra- ‘isfo da linguagem até a total incompreensio, Segundo Alen Star* ndo deve ser possivel explicar essa mulkipli- Cidade de possibilidades na avaria da fungio motora da linguagem a partir de uma diferenga na localizagio da slo na regio senséria, Talver algumas consideragdes a “Sem mencionadas posteriormente venham a contribuir Pero esclarecimeento dessa dificuldade WV. ‘Quasesimultaneamente Aquele trabalho de Lichtheim, ‘We realizou pormer horizadamente ¢ de forma coerente a 54 opnas INCOMPLETAS OF 5. FREUD explicagao localizacionista dos distarbios de linguag tornou-se conhecido um relato de Grashey,”” que fice logo consagrado por sua importincia fandamental pa 2 compreensio da afasia, sem que, a Propésito, myigt se tenha desenvolvido, desde entio, a partir dos fanit® mentos ali constituidos. O caso patol6gico relatady Grashey nio apresentou peculiaridades, a ndo ser poy PO sinico ponto: tratava-se de um homem de 27 anos em fungio de uma queda da escada, sofrera uma fad e surdo do ouvigg no cranio, ficara quase completamente direito, perdera o olfato e o paladar, somente perceby ainda, com o olho direito, movimentos feitos coma wnt a acuidade do olho esquerdo era de 2/3 ¢ seu campo a visio ficara restrito concentricamente. Os nervos da fice € 0 hipoglosso, bem como a totalidade da musculatury corporal do lado direito, eram parésicos. Além disso enfermo apresentava um distiirbio de linguagem que « manifestou imediatamente apés a avaria como surdep verbal. No periodo em que Grashey o submeteu sug observagio, sua faculdade de linguagem estava bastan. te recuperada e permitia reconhecer apenas alguns dos resquicios mais comuns do disttirbio. O enfermo podia falar de forma contextualizada, utilizava sem dificuldade todas as partes indiferentes do discurso, bem como alguns encontrava também um substantivo verbos ¢ adjetivo: aqui e ali no fluir do discurso; emperrava, entretanto, diante da maioria deles ¢ se socorria por meio de refor- mulagdes (“aquela coisa la”). Ele reconhecia cada objeto que conhecera antes de seu adoecimento, porém nunca encontrava o nome para designi-lo. Sua compreensio da linguagem estava intacta. A incapacidade de utilizar substantivos no fluxo do discurso e de indicar, com nomes, objetos conhecidos é, | | soBRE A CONCEPCAO DAS AFASIAS 55 do, um dos sintomas mais comuns da assim enciona’> "ica, que fora distinguida por autores Indo da afasia atdctica.** vvfasia amnésica com os tipos de distdir odiam se caracterizar por ruptura em que P% Bore iculdades 4 compreensio. re causou diff 1 Grashey elucida 0 distirbio de Fungo de seu gual y 1A, o centro pare as imagens de som; B, o centro Figura 6 ~ O-esquema no rae ; et eo cana prs soe, to 6 tet, ee "J impressos; D, o centro para as representagdes Sonos enumer Conner as or roves em avidadeduronte eset fos escritos o 2 fala; Fos ndcleos dos nervos da fonagao e de articulacao; G, cde movimento da escrita; H, os nicleos dos De fato, isso é compreensivel, j4 que a explicagio de uma das formas baseava-se em uma perspectiva psi~ colégica, e a da outra, em uma perspectiva anatémica. Lichtheim via como inconcebivel equiparar as amnésias as outras formas de disttirbio de linguagem; ele pensava que a amnésia fosse um frequente fendmeno que acompanhava 0s tipos por ele descritos ¢ seus estados de involugio, ¢ que nio fosse, contudo, um sintoma focal e presente nos processos patolégicos mais difusos, no disttirbio de circu- lagio no cérebro em geral, ou como trago da involugio senil da atividade do cérebro.” O coto de Groshey 56 oBRas INCOMPLETAS DE S. FREUD frente A exigéncia de desconside classe de distirbios de linguagem, aquela perspectiy, j calizacionisatda como 0 nico parametr para exclarege uma outra classe de distirbios de linguagem nio ten, : larecedor. Grashey, a0 conan principio, nada de esclarecedor. Grashey, a0 contain pos-se a analisar as caracteristicas de seu caso de af" : alasig amnésica langando mio do esquema aqui reprodangs (Fig 6) echegou 3 concusio de que ese esquema pers serexplicado supondo-se que a via partindo das imag s de som is imagens de objeto estivese live, enguarge contraria, levando as imagens de som, toda um, s estaria par. tida, Assim sendo, 0 enfermo realmente seria capay iy relacionar corretamente uma palavra uvida ao objey, por ela indicado, mas seria incapaz de encontrar o son de palavra correspondente a um objeto anteriormens mostrado a ele Seu mérito, entretanto, consistiu no fato de que ¢ descartou essa tentativa de explicago com as seguinte palavras: Deste modo poderiam ser esclarecidos finalmemte todos os sintomas [..] eu nio me contentei, a partir disso, com 0 acionamento ¢ a interrupcio arbitri- rios de vias de ligagao capazes de desempenhar suas fungdes, mas sim investiguei pormenorizadamente © enfermo e descobri que 0s centros aparentemente normais [...] estio consideravelmente perturbados em suas fungdes [..] Seu paciente apresentou, pois, uma notivel incap2- cidade de fixar por muito tempo, nas palavras de Grashey, “imagens de objeto [Objectbilder], imagens de som [Klang bilder] © simbolos [Symbole]”. Quando se mostrava um objeto familiar ao paciente ¢ se pedia, depois de um momento, que ele tocasse 0 objeto mostrado, entio ele ONCEPGAO DAS AFASIAS 57 esquecia, nesse meio tempo, qual era o objeto, quando fe falava uma palavra ao paciente, o distraia em, seguida s fom outra palavra, ¢ s© demandava dele, enti, qu < + entio, que repetisse a primeita palavra, ele sempre se esguecis fy mantendo somente a diltima na me ira, néria, © as- ae diante. Nesse sentido, ele era também incapae de “sintetzat € perceber como um todo imagens de abet, imagens de som, imagens titeis [Tastildr] ¢ simboleg surgidos de forma sucessiva e em intervalos de tempo nitidos”. Quando se cobria a imagem de um objeto por ele conhecido com uma folha de papel, cortada a0 meio, deixando uma fresta, e se deslocava a folha de forma tal que 0 objeto sd pudesse ser visto em partes sucessivas, entio o paciente nio era capaz de montar o abjeto 4 partir das impresses parciais recebidas dessa maneira: porém, ao afastar a folha de papel e sobressaindo-se 4 imagem como um todo, ele a reconhecia imediatamen- te. Quando se cobria da mesma man ra uma palavra escrita ou impressa, de tal forma que suas letras somente fossem visiveis isolada e sucessivamente, ele as soletrava uma apés a outta, conseguia fazé-lo inclusive na ordem inversa, mas nunca conseguia ler a palavra a partir das imagens de objeto, pois, ao ler a iiltima letra, todas as outras haviam sido esqueci Grashey esclareceu o distirbio de linguagem de seu paciente a partir desse dano generalizado da percep¢io, sem ter de supor necessariamente uma lesio localizad Um objeto, explica ele, pode ser percebido pelo olho simplesmente em fungio de uma incidéncia instantinea da luz; uma imagem de som, por sua ver, precisa de um, tempo mais longo para ser apreendida, pois ela é algo Ue se forna objeto aos nossos ouvidos, um objeto que S€ constitui sucessivamente. Pode-se reduzir a dura¢ao las, 58 capas iIncOMPLETAS DE S FREUD baixo dos 0,06 segundog da impressio do objeto 2 mesmo assim, ainda ha como apreendé-lo com y, todo, ao passo que a imagem de som correspondeny, no mesmo incervalo de tempo, 6 pode ser apreendiy: em suas primeiras letras. Imagem de objeto © imagen, a par a letra ¢ [p] da palavra cavalo [Pferd), por exemple bs, corresponde a parte alguma do objeto cavalo. m de som nao correspondem uma a outra parte 5 imagem de som necessita primeiramente tornar-se complet, mente pronta antes de poder estabelecer uma relacsy com o objeto. Se, pois, uma imagem de som deve ser suscitady Parti de uma imagem de objeto, a imagem de objen, deve necessariamente estar completamente promt, € durar tanto tempo até que as partes isoladas imagem de som constituam-se sucessivamente.§ duracio da imagem de objeto cavalo completamente pronta diminui a casa dos 0,06 segundos, entio se pode suscitar ainda, a partir dessa imagem de objets no maximo uma dinica parte, uma letra da imagem de som. Se, a0 contririo, uma imagem de objeto deve set suscitada a partir de uma imagem de som, entio, igual mente, nenhuma parte da imagem de som constituida pode excitar uma parte qualquer da imagem de ob- Jjeto, pois as partes dessas imagens nao correspondem uumas as outras. A imagem de som deve necessaria- mente, a0 contririo, estar completamente pronta ¢ durar 0 tempo suficiente para que a imagem de objeto constitua-se. Pelo fato de que a imagem de objeto precisa, em todo © caso, apenas de um instante para ser constituida, ela é iqualmente produzida no caso de curta duragao da imagem de som. EA CONCEPCKO DAS AFASIAS. 59 “Vé-se, pois,” conclui Grashe ° “que, por causa de um mesmo distrbio [J passagem das imagens de objces isimagens de som alterase, masa passagem das imagens desom as imagens de objeto permanece inaterada” Enén completamos: sem a suposicao de uma lesio em via de condugio ou em um centro, qualquer O paciente de Grashey destaca-se ainda por outra particularidade, Ele podia encontrar os nomes que se lhe escapavam com auxilio da escrita, desde que Ihe fose permitido ter 0 objeto diante dos olhos, Ele observava 0 objeto e escrevia, entio, a primeira letra do nome, lia a letra ¢ a pronunciava demoradamente, entio ele olhava novamente para o objeto, escrevia a segunda letra, pro nunciava as duas letras encontradas e continuava desea maneira até encontrar a diltima letra e, por conseguinte, o nome buscado. Esse procedimento particular pode ser esclarecido satisfatoriamente pela curta duragio de cada uma das impresses, se consideramos que a escrita ¢ a leitura das letras encontradas eram meios para fixar a impressio fugidia. Grashey péde concluir, com razio, a partir dessa observacio, que as imagens de som, imagens de escrita ¢ imagens de leitura correspondem umas is outras parte a parte e que sua associagio, portanto, pode ainda levar 4 descoberta da palavra, mesmo quando a duragio de cada uma das impresses sens6rias for dras- ticamente diminufda. Até o momento parecia comprovado haver casos nos quais no é preciso se aferrar 4 suposi¢io de uma lesio localizada, mas que se podem explicar em suas particulari- dades por meio de uma mod siolégica do aparelho de linguagem. A “afasia de Grashey Podia ser nitidamente contraposta as afasias baseadas na localizagao de lesdes, descritas por Wernicke-Lichtheim, -agiio de uma constante fi a € obteve-se a esperanga de poder explicar outras formas | de “afasia amnésica” por meio da descoberta de outro, aspectos funcionais além da redugio da duragao de inn. pressdes sensrias. Entretanto, 0 proprio Wernicke aniquilou com um, critica perspicaz essa importancia fundamental da anilise vce de Grashey. Ble fez notar que, de fato, no se ouve a imagem sro: desom.como.sendo,composta.por.letras.O-som € algo inteito, .cuija divisio cm.sons de letras s6 ocorre posteriormente ny vvida,a servigo.do trato.comalinguagem escrita. Tambéy, nio passou despercebido a Wernicke 0 fato de que havig uma outra objerio contundente a concepgio de Grashey, Quando era demandado ao paciente compor 0 som da palavra a partir dos sons das letras, sua escuta nio podia ser melhor que sua leitura, e, assim, ele deveria necess_ riamente ser incapaz também de compreender uma s palavra sem fixi-la por escrito. Wernicke expressou essa oposigao nos seguintes termos: O mesmo enfermo que, se Ihe sio mostrados uns apés os outros diversos objetos, inclusive letras, es- quece sempre o primeiro apés Ihe ser apresentado 0 segundo, pode ler fluentemente, compreende tudo ‘© que lhe é dito, pode escrever palavras que lhe sio ditadas, Para que se possa compreender uma palavra ou uma frase, 0 som de varias letras, ou, no caso de frases, 0 som de varias palavras, deve ficar retido na meméria do paciente durante tanto tempo quanto necessario para que o sentido da frase chegue a ser expresso de forma compreensivel. Entio, as imagens de som tém, neste caso, uma dura¢o muito maior que as imagens épticas de objeto, ¢ o distiirbio de meméria é, em certo sentido, localizado, na medida em que ele impactou 0 territério Optico de forma ' tio primordial (p. 470). SOBRE A COWCEDCAD bas ap ASIA ‘Tomamos conhecimento de que Wernicke caso de Grashey somente como um distarbio de Jocalizado (portanto, assimétrico). Nio podeme ue o posicionamento desse distirbio no territr gaclarega, por si $6 € de forma satisfasria, a panicenne dade da observa¢ao de Grashey. Recordamo. NOS, por exemplo, que Grashey comprovou diretamente, para ren caso, a duracio extraordinariamente curta também dee imagens de som. Além disso, nao se poderia compreendes caso a duragao das imagens de som nio seja reduzida de forma significativa, por que o enfermo precisa da fixagio por meio da escrita ¢ da leitura das letras encontradas; cle deveria chegar a imagem de som completa sem mai, ajuda, se ele restabelece a impressio do objeto de mor, suficientemente reiterado. O caso de Grashey demanda, portanto, outra expli cagdo, ¢ espero que esta, a ser introduzida a seguir, seja demonstrada de forma inquestionivel. A diminuicio ge. neralizada na dura¢io das impressdes do sentido nio pode, efetivamente, levar a um disturbio de linguagem tal como esse em questo. Rieger” investigou minuciosamente um paciente com um distirbio de meméria bastante seme- Ihante a esse (também por causa de um trauma) e dedicou, igualmente, a devida atengao a seu distirbio. Este enfermo tinha dificuldades de encontrar substantivos e adjetivos no fluxo da fala e precisava de auxilios frequentes para dizer o nome de um objeto visto. Ele encontrava a palavra buscada, porém sempre somente apés uma longa pausa, ¢ essa Pausa ndo era utilizada para tentar soletrar a palavra, em vez disso, ela explodia de uma s6 vez (p. 69). Para explicar ©caso de Grashey, devemos, entio, supor, além do enfraque- Gmento geral da meméria, um distirbio localizado ¢ dispd-lo #0 centro das imagens de som. Tem-se, entio, 0 caso que explica fungio anuir ° Optico Sf OUWES Bastian introduz como 0 segundo nivel de excitabitig, reduzida, no qual um centro nao mais responde . estimulo normal (“voluntario”), mas ainda & cape," desempenhar suas fangdes por meio de associagie, ¢ * testimulos sensiveis." No caso de Grashey, 0 cengye imagens de som nao pode mais ser excitado dliretams® pela asociagbes de objeto, mas permite ainda a con da excitagio 4 imagem de leitura que esti associady 34° gem de som. A partir da imagem de leitura, no moma” em que a excitagao provinda do objeto visto estiver an” a primeira parte (letra) pode ser reconhecida, e, por mnt da repetigio dessa sequéncia, as demais letras podem.” igualmente reconhecidas; as letras reunidas dessa mane despertam, entio, a imagem de som, que nio podis despertada a partir das associagdes de objeto, Minha explicagio encontra um apoio adicional py fato de que o paciente de Grashey estava inicialmens surdo (nio conseguia perceber as palavras faladas tinh, pois, uma grave lesio no mesmo local que deveria ea atingido por uma lesio menos importante, de acordo com minha suposigao para explicar os distiirbios de linguagen descritos por Grashey. Persisto em supor, naturalment, que a parte actistica do aparelho de linguagem reag solidariamente a essa lesio, tal qual descrito na discusso da afasia motora transcortical. A propésito, casos como o de Grashey jé se tom ram conhecidos ha mais tempo. Um doente, segundo observagio relatada por Graves,” perdera, desde 0 trav ma, a meméria para substantivos nomes proprios, Jembrava-se, contudo, com absoluta certeza, das primeir letras desses nomes. Ele achou atil preparar uma lista e® ordem alfabética contendo os substantivos mais usados, ade sempre 12712 CONSHEO © COM CO aurily a, fear. Quando ele precisava de wma palayny pm someira letra, Feconhecia claramente 4 pain a8 a meio da imagem de leitura e podi, 4 buscady Frade que mantivesse 05 OHO fix08 4 image sires ‘bla momento em que a lista era fechada, ele. nt” quecia No povamente da palavta. F claro que ta pana das palavras que fatavam, por incr jesociagao com a imagem de leitura O caso em que a atividade de um centro precy ser necessariamente apoiada pela atividade de Pe 7 centro, associada 20 primeito, quando ums opera, linguistica [Sprachleistung)” deve se realizar, ji fy van vezes observado na patologia dos dstitbios de lingunees O mais frequente & a ocorréncia deste caso com relay 20 centro visual (0 local das imagens de lets, 0 gue bem este does explica que, nestes casos, a leitura é impossivel se cada letra nio for escrita separadamente ou desenhada no ar Westphal relatou pela primeira vez uma tal observagio. de um paciente afisico que 56 era capaz de “ler escre vendo”; nas novas conferéncias de Charcot," por mim traduzidas, encontra-se o histérico completo da doenga de um outro paciente com cegueira de palavra que se servia dos mesmos artificios. A patologia dos distiirbios de linguagem simplesmente repete,” dessa forma, um estado que existia normalmente durante 0 aprendizado das fungdes da linguagem. Enquanto ainda nio podia- mos ler fluentemente, todos buscivamos nos certficar do conhecimento sobre as imagens de leitura, despertando todas as suas outras associagdes; da mesma maneira, 20 aprendermos a escrever, estimulamos, além da imagem de leitura, a representagio do som ea sensagio da ine vagio motora. A diferenga esti apenas no fato de que, 64 oMnAs INCOMPLETAS DES FREUD no aprendizado, estamos ligados centros, que assumiram sua fun} cas (primeiramente 0 centro sens6rio- motor, posteriormente o visu: «nos casos patologicos, o centro mah no passo que 08 €3805 patolOgieos, o centro gue serg convocado a ajud permanecido © mais capa as fan A peculiaridade dos casos de Graves © de Grashe pode ser buscada no fato de que neles é espec primeiramente seri aquele que tix de desempenhar su iu % ‘amen apoio d, nstincig © centro das imagens de som que precisa do parte de outros centros, que, em outras circun dependem dele em suas atividades. Mesmo que a investigacio de Grashey, portang niio tenha conservado a importincia que a ela fora ayy, buida inicialmente, como se fosse a explicacio da amnés} asi de toda modo, almejar um valor permanente devido a viri, descobertas paralelas. Ela retomou, primeiramente,, questio da verdadeira relagio dos centros de linguagen entre si, da dependéncia dos demais centros em relagn ao centro das imagens de som; ademais, ela nos dey, excluindo a localizagio, ela pode, pela primeira vez, uma ideia da complexa e tortuoa sequéncia das associagdes, miltiplas em suas diregde, no processo de linguagem e, finalmente, ela estabeleces peremptoriamente a perspectiva correta para a avaliagio dos distirbios de leitura, através da comprovagio de que nio se pode ler a nio ser soletrando. No iiltimo ponto talvez se deva introduzir uma restrigio. E provavel que em certos tipos de leituras (especialmente para certs palavras) a imagem de objeto da palavra inteira tambés ofereca uma contribuigio para 0 seu reconhecimente Dessa forma pode-se explicar por que pessoas ces para toda e qualquer letra ainda assim consigam ler se tS uma p pomes ou alg Fa Muito familiar ( Mima cidade, de um s paciente de Leube cons entualmente pr Rina palavra, que ela tentara soletrar até a exany gucesso, 40 1OgO a palaVra era retirada de wy, tej tio logo a oportuni mais existia. A suposi¢io é de que, (desig IBD aGio de MatOrio, ete.) impresse °8,€ que uma tio © sem ista, ou ade de soletri-ta, portanto,y imagem de objeto da palavra escrta ou impr sempo, ; ge impregnado profundamente 0 bastante prs gg funciada (explicagio de Leube), pro. Partimos de uma concepgio de distirbios de lin. guagem que almejava explicar algumas formas de ats exclusivamente pelo de condugdo € centros, enquanto buscav. uma outra série de afasias exclu to de lesbes circunscritas de vi ‘1a origem de amente em mudangas fancionais no aparelho de linguagem. Demonstramos com o exemplo da afasia motora transcortical que, para esta, a explicagio localizacionista é inconcess te que, neste caso, € necessirio admitir a suposigio de modificagdes funcionais. Por meio da critica ao caso de Grash cluimos, por outro lado, que nio se pode expliar ate amnésica de outro modo senio pela suposigio de uma lesio localizada, Encontramos um meio termo para conciliar as duas suposigdes antagénicas na ideia de que os centros do aparelho de linguagem reagem solidariamente, por assim dizer, com uma mudanga funcional contra lesies indiretamente destrutivas, e aceitamos como tais mudangas de fungio, Por n6s conhecidas, os trés niveis de inexcitabilidade de Bastian: que um centro 1. no é de maneira alguma capaz de desempenhar suas fungdes, 2. s6 & capaz de desempe- thar suas fangdes incitado por estimulo externo, 3. ainda €capaz de desempenhar suas fungdes pela associagio com um outro centro, Pelo fato de estarmos, neste momento, 66 opRas iInCOMPLETAS DES FREUD Preparados para enxergar todo e qualquer caso de digg. bio de linguagem como consequéncia de uma rupey de via ao lado de uma modificagio do estado fimcign tarefa de discernir os critérios se i ional, impde-se Bundo quais se deve atribuir um sintoma de um distrbig lc linguagem a uma ou outra dessas causas, Ademais.» Te taria para nés a tarefi de construir uma outta concep : = dos distirbios de linguagem que nio se} a a Suscetivel 5 objecdes aqui levantadas. ve Vimos em um dos capitulos precedentes (cap, D aque a teoria do proceso de linguagem de Wernicke estaly leceu como principio uma determinada suposigio sobs © papel dos “centros” no cértex cerebral e (cap. I) que clinica dos disttirbios de linguagem nio confirma cert, expectativas que se poderiam derivar de uma tal supos. G40. Isso deve nos servir de ensejo a langar um olhar mas atento aquela teoria Devemos imaginar, a partir de Wernicke, que no ‘6rtex cerebral haja Areas definidas (todavia nao exat- mente delimitaveis) (por exemplo, a area de Broca, aires de Wernicke) em cujas células nervosas estejam de algums maneira contidas as representagdes com as quais a fungio de linguagem trabalha. Essas representagSes sio restos de impressdes que chegam pela via dos nervos dpticos actisticos ou que surgem durante os movimentos de lis guagem como sensagio de inervagio ou percepcio dos movimentos realizados. De acordo com sua proveniénc de uma dessas fontes, elas se retinem no cértex cerebral, de tal modo que uma Area contém todas as “imagens de so” de palavra”, a outra area contém todas as “imagens de m vimento de palavra”, e assim por diante. A ligagio des* SOBRE Ac ‘ONCEPCAO OAs THORS ASasias 67 centeos cortcais distntos€ realeada por fies de 8 de subs. fancia Branca (Fees ) entre os centros en contra ut "“tersitéio desocupado lanes Co do cortex cerebral, segundo a expresso de Mey “qacunas funcionais”.”" Com a iltima definigio, abandonames a links de raciocinio de Wernicke © a complementamos com am detalhe da doutrina de Meynert. Wernicke, que em nar nhuma oportunidade deixou de afirmar que sus tong das afasias & apenas uma aplicagio da teoria mais exten de Meynert, preferiu, de inicio, especiticamente em se. lagio aos centros de linguagem, uma postura um unto distanciada da doutrina de Meynert, Em seu escrito sobre © complexo de sintomas afisicos (1874), todo o primeiro giro em torno da fissura de Sylvius ainda era tido como um centro de linguagem; em seu Compéndio das Doengas do Cérebro [Lehrbuch der Gehimkrankheiten, 1881], por outro Iado, 0s centros de linguagem sio descritos como partes do primeiro giro frontal e do primeiro giro temporal (Fig, 7) Parece-me oportuno, neste momento, considerar algumas passagens do edificio doutrinirio de Meynert relativo a estrutura ¢ ao funcionamento do cérebro, Minha descrigdo deste, bem como as objecdes a serem contrapos- tas ele, seré meramente fugidia e esbogada e nio poderi fazer jus 4 grande importincia do objeto em questio, Outro tipo de consideragio extrapolaria sobremanei~ 12 0 Ambito deste trabalho, que deve tratar somente da concep¢ao dos distiirbios de linguagem. Na medida em que a Gltima no pode ser pensada independentemente de uma concepgio geral da atividade do eérebro, vejo~ ‘Me, portanto, obrigado, ao menos, a aludir 4 questio da importincia geral do cérebro. ii A doutrina de Meynert sobre a estrutura do cérebyy merece o nome de cértico-céntrica. Em sua propria e ample interpretagdo das relagdes anatémicas, Meynert afirins que o cértex cerebral, pela exterioridade de sua localiza. io, & apropriado para receber ¢ aprender a totalidade das impressGes sens6rias.*” Além disso, 0 cértex cerebral, segundo Meynert, equipara-se a um ser protoplasmitico composto que pretende se assimilar is partes componente <» de um corpo que ele recobre, transformando-se em uma * cavidade.*' A totalidade restante do cérebro aparece como 6rgio anexo ¢ auxiliar do cértex cerebral; a totalidade do corpo aparece como uma armadura de seus feixes sensérios € tentéculos, que Ihe asseguram as condigées de incorporat a imagem do mundo e de nela interferir. Todos os sistemas de fibras do cérebro" conduzem a0 cértex cerebral ou dele partem; todos os micleos SONCEPGLO Das arasias 69 [graven Massen] sio interrupgses no caminho inzentos UL cin ras TUMO ao cérebro, Siassas de A medula espi- opal deriv -se do cértex cerebral por uma origem dup, rvelada por um corte transversal na regio do pediineyiy cerebral. A assim chamada base do pedkinculo cerebral fontéin 38 V : do cortex cerebral para a periferia, bem como as vin que ntermedeiam a recep¢io das impressdes sensorigg pelo 1a porta uma proj as que enviam os impulsos de movimento e¢io do corpo, cérebro. Dessa mane! em relacio de dependén- hamedida em que o iiltimo esta cia direta com 0 cértex cerebral. © assim chamado tero do pediinculo cerebral, em contrapartida, traz a0 costes cerebral 0 conhecimento das conexdes dos teflexos ny medula espinhal e no tronco cerebral e, asim, o primer. nulo para os impulsos de movimento proprio. Ax roe massas cinzentas do tronco cerebral podem ser, em fun. ¢io de sua ligagio simultinea com os cordées da medula espinhal ¢ com as grandes superficies sensoriais, por um Jado, partes componentes daqucle aparelho reflexo, que esti ligado ao cértex cerebra Por meio do teto do pediin- culo cerebral, como 0 tubérculo quadrigémeo e o tilamo, ou entio elas interrompem a via direta a0 cérebro como ginglios da base do pediinculo cerebral (1 ~ corpo estriado). A via motora, em especial, que submete 4 musculatura do corpo 4 influéncia do cértex cerebral Percorre trés passos (membros do sistema de projegio) do Cortex até a periferia, que sio separados por dois niicleos Cinzentos (nticleo lenticular-caudado e substincia cinzenta do coro anterior). Na ponte, ela encontra, além disso, por intermédio da substancia cinzenta dos micleos da ponte € feixes de fibras “centrifugas”, uma ligacio com o cerebelo, Que, a no ser por essa mencii no esquema do cérebro de Meynert. leo lenticular 10, € quase deixado de lado i 70 OBRAS INCOMPLETAS DE 5. FREUD f t Como se forma, entio,a reprodugio de um core cortex cerebral, que esti ligado a periferia por meig qe’ ‘vias? Meynert denomina essa reproducio de tQiccign | igus de. seus comentarios permnitem. concluir que fato, supde uma projecdo, isto &.uma reproducio ponto.do.corpo no cértex cerebral. Nesse sentido, explicg et por exemplo, a comparasio ti frequente do cértey ce bral coma retina dos olhos, drgio terminal, cuja Substing;, nervosa fora denominada por virios autores de um “peda * 8 Pasyy correspond morfologicamente a um pedago da substincia cine ty da medula espinhal. Algans comentirios, ademais, pan cem mais adequados 4 compreensio de uma Projecio 5, “em todo extremamente improvivel que cada um dos diinculo que representam as diversas Ponty externalizado de substancia cinzenta do cértex” que esta, entretanto, deveria necessariamente <0 np sentido proprio do termo, tais como: é, Be: fPeies do pe. fibras musculares, superfig da pet, glindulase entranhas |. se dispersem tanto a pong de serem representados em toda a superficie do ¢ Projegio"." ou: “Um corte transversal abrange através Pediinculo [.., por assim dizer, todo 0 organism, au seria, em todo 0 caso, cego e incapaz de sentir cheinoy"= “tex por Por outro lado, outros desenvolvimentos da doutrina é Meynert contradizem tio fortemente uma tal suposigio que eu nao gostaria de me atrever a combat a aqui como se fosse sua. Ao contririo, nio cometera de modo algun um engano aquele que pressupor que Munk ¢ outros pes quisadores que embasam seus pontos de vista na doutrin de Meynert defendem, de forma mais ou menos clar,1 ideia de uma reprodugio completa e topograficamente ec mes idéntica do corpo no cértex cerebral. descobertos Posso, neste momento, chamar a atengio para o fito ices de que as mais novas conquistas da anatomia cerebt I SOBRE ACONCEPCAO ong ArasAs 71 n, €m Pontos essenciais, a concepeig cetificaram. ™ PONtOS es neepio da carat verebro de Meynert e, assim, colocarany es i ae doe atribuido por ele a0 cOrtex cerebral e \-se diretamente em ques $8as corregses Fae a0 percurso da mais importante winais bem conecida via que vai do cértey cre é bral § Jatura do corpo. Primeiramente, 4 concepcio do que interrompe mu corpo & ee motora foi abandonada. Os clinico charcot, demonstraram que uma lesio deste eres, deste somente lugar cia sobre a motilidade a sua prox; striado como sendo um ginglio 0, em primeiro deve sua influ com a assim chamada ci 20 passo que lesdes dos ginglios que nao exercem influéncia sobre interna também nio estio nidade pula interna, a capsala PLAS a produzir paralisa al comprovou, entio. guma. Wernicke™ s que nio ha uma ligagio tio vasta do assim chamado ginglio do pedincule com 0 c6rtex cerebral. © primeiro internédio foi, come quentemente, retirado do percurso da via de Meynert. O estudo da formagiio sucessva da mielinizagio comprovou essa concepgio ¢ trouxe uma nova | concepgio da estrutura do c Projegio de lacuna 3 rebro de Meynert. Flechsig pode confirmar que a via motora do cértex cerebral culatura parte, de fato, sem interrupcio, mus da massa cinzenta do c6rtex, através da cpsula interna, rumo ao pediinculo cerebral, e que a via motora nio experimenta de forma alguma na ponte uma liga¢io com o cerebelo. Tem-se, entio, a via piramidal como ligagio direta entre a substan. cia cinzenta do corno anterior ¢ a substincia cinzenta do Cortex cerebral; o entrelagamento afirmado por Meynert do cerebelo com a via motora foi, com isso, abandonado. Das grandes massas subcorticais pertence ainda ao cbrtex cerebral apenas 0 tilamo éptico, qu congénito dos lobos cerebrais, também é malformado; a0 Passo que 0 corpo estriado permanece intacto em caso em caso de defeito ee 2 OBRAS INCO erntue 72 ownas incompLttas OF ro, mas atrofia-se em 480 de may magio congénita do cerebelo.” ae Parte exten subsincia do encéfalo, corpo estriado Ponte~cerg Contrapoe-se ao cérebro como Orgio sem FUncio recon cin mio sem uma vasta ligagio com 0 cérebro, p independente dele no que tange & historia de desenygit mento e 4 fungio. Assim sendo, a interpretagio de pert dos dois estigios do pedinculo cerebral nig ¢ sustentavel; entretanto, a propésito, ela nao foi até 9 ma mento subsicuida por alguma outra. Quando se fay tuma dupla origem da medula espinbal, s6 se pode ang de defeito do céreb' referir 4 origem, por um lado, no cérebro © no tilam | ¢, por outro, i origem no corpo estriado © no cerehe. Io, A totalidade da estrutura cerebral parece demongyy | uma culminancia em dois aparelhos centrais, dos quaise cértex cerebral representa o mais jovem, a0 passo que mais velho parece ter conservado uma parte das fungi do ginglio do prosencéfalo. Outra importante compo. nente da doutrina de Meynert, a suposi¢io de uma vig sensivel duplicada em uma direta © uma reflexa, parece dever necessariamente renunciar 4 sua confirmagio, Noss experiéncias realizadas até 0 momento nos ensinam que nenhum feixe de fibras vai até outra parte do cérebro sem estar em ligagio, seja com a substancia cinzenta da medula espinhal, seja com alguma estrutura andloga a ela, e que todas as vias reflexas partem diretamente das vias sens- veis. Se a posigo dominante do cértex cerebral parece abalada e surge a necessidade de relocar alguns process anteriormente tidos por subcorticais no proprio cortex,” entio resta, a seguir, responder a pergunta sobre o modo como 0 corpo esta reproduzido no cortex cerebral. pam ser possivel demonstrar que a suposicio de uma projess do corpo sobre o cértex cerebral, no sentido proprio > ACONCEEGKO OMS arasins 73 , ou seja, uma reprodugao completa e topografica- Mente semelhante, pode ser rejeitada, “Assim sendo, parto de uma perspectiva, 4 qual Henle também ja se dedicou no exame deste objeto, da redujao das fibras através das massas de substéncia cinzenta, SOROH, - s brancas que deixam 4 is fazer a ligacio com as part ds a espinhal para faz igag: partes mais_ £ntao,.quea iltima -Parcela da primeira, ‘Segundo uma contagem de Stilling, somente 365.814 fi- bras correspondiam em um caso a 807.738 fibras das raizes dos nervos em um corte transversal da medula cervical superior. As relagGes da medula espinhal com o corpo sio, a partir do que foi dito, de uma natureza diferente das relagdes das massas cinzentas superiores com a periferia do corpo. Somente.na.medula espinhal (assim como nas para uma projesao completa da periferia do corpo: a cada. unidade de inerva¢io periférica pode corresponder uma, parcela de substancia cinzenta na medula espinhal,.c,.cm, pode.corresponder um ‘nico elemento centraJ. Em con- sequéncia da redugao das fibras de projecio pela substincia cinzenta da medula espinhal ndo mais uma unidade pe- difgrica pode cotresponder a cada elemento de substincia dctuma unidade periférica. Isso também é vilido para 0 cortex cerebral, e, assim sendo, recomenda-se diferen- “lar essas duas formas de reproducio central atribuindo- thes nomes diversos. Se denominarmo : Mea: SEE 74 onnas InOMPLETAS DES - apropriado denominar a reproducao no cértey a cada” < dizer que <-Peifria do compo map scerboal ce. sii eral pedesa pod, 20s. sim x esté-contida-no.cét tivisia menos dtalhada.rpresetiads por fibres selecionadgs v7 linha de raciocinio até aqui t3o simples experi. ea ies novo desdobramento ¢ toma uma out tum novo d jenta agora c ea es consideragdes rego pelas seguint a Nem todas as fibras do corte transversal superior ae medula cervical servem a0 propésito de ligagio com 4 cortex cerebral. Uma parte consideravel delas (vias cup, tas) ird se esvair até a terminagao da substancia cinzentg da cavidade entre 08 nticleos dos nervos ¢ a oblongata enquanto uma outra parte chega até 0 cerebelo. Somente com rela¢io A via piramidal podemos dizer, com certeza, que ela chega até a substincia cinzenta do cértex na mesmg quantidade em que se W essa via é certamente uma continuagio extremamente reduzida das fibras que, partindo dos masculos do corpo, chegam através das raizes anteriores até a medula espinhal A redugio das fibras de projecio, por outro lado, nao é tio grande como seria de se esperar de acordo com o tiltimo exame, pois, por exemplo, no lugar das fibras das cordas posteriores, que como tais certamente nao chegam ao cér- tex cerebral, este tiltimo recebe as fibras do lemnisco, que, apés viria interrupgdes nos nés das cordas posteriores, 3 saber, nas substincias cinzentas da oblongata e no télamo, finalmente representam as cordas posteriores no cérebro. Nio se sabe se as fibras do lemnisco atingem em nimero de fibras as cordas posteriores; provavelmente aquelas ficam muito aquém destas. Além disso, 0 cérebro recebe fibras do cerebelo, nas quais se poderia ver um equivalente a as origens da medula espinhal no cerebelo, e, assim sendo, encontra na medula cervical e que SOORE A CONCEPGAO DAS AFASIAS 75 de tudo isso, seria ainda duvidoso se chegam Weer cetsbral, finakmente; tantas ou mais bree da serra mesmo que por meio de desvios —do que seria Meret see projecto la’ mcanls espingall er ahi, porém, ainda outro ponto a ser conside- ado, que nfo aparece de forma suficientemente clara na Tpposgio de Meynet. Para cle, que ena : sin fibrs principalmente o fato da ligacio com o cortex, oma fra ou fixe de fbra permanece sempre ainda vnesma, mesmo quando cla jé atravessou muitas substin- tas cinzentas. Sua construcio [Ausdrucksweise] ~“A fibra passa por uma substincia cinzenta.” ~ demonstra a ideia anterior. Is desperta evidentemente a impressio de gue mada tenha sido alterado na fibra durante sew longo caminho até 0 c6rtex, a nio ser pelo fato de que ela. tenha chegado a.um local em que hi. um maior namero. de possibilidades de ligagio. Nio podemos mais sustentar esse modo de ver as, ‘caisas, Quando vemos, ao longo do desenvolvimento individual, como se realiza, passo a passo, 0 processo de formagio das bainhas de mielina de uma substincia cin- zenta 4 outra, ou, ainda, como para uma via condutora originam-se trés ou mais vias que continuam a condugio deuma substincia cinzenta, entio as substincias cinzentas, eno mais os fixes de fibras, parecem sero ‘nico drgio do cérebro. Quando seguimos uma via sensivel (centripeta), ta medida em que ela nos € conhecida, ¢ identificamos como sua caracteristica principal uma interrupgio tio frequente quanto possivel nas substincias cinzentas e sua Continua ramificagio” através delas, devemos necessaria- mente aceitar a ideia de que uma fibra tenha modificado ‘« significado funcional apés cada nova emergéncia de ‘ima substincia cinzenta em seu caminho rum ao cortex nfatiza no percurso 76 opnas! a ros um dos exemplos que Tos ficaran, vervo dptico conduz uma imprey erculo quadrigémeo anterior: neste, jinagao preliminar””, ¢, em seu lugar da substincia do ginglio rumo 42 1. Nasubstincia do tubérculo quadrigémes . a ligagao da impressio da retina com imento do misculo do olho; &, ents, vel que a nova fibra entre o tubéreyy, Guadrigémeo e 0 lobo occipital no mais conduza um, Apressio da retina, mas sim a conexdo de uma ou mai, dlessas impressdes com as sensades de movimento. Aind, mais complexa deve ser essa mudanga de significado day osm fibras no que tange aos sistemas de condu¢io da sensi. 6" pilidade da pele ¢ dos misculos; ainda nao temos ideiy "Post alguma sobre quais seriam aqui os elementos componente, “2 do novo contetido do impulso conduzido. Somente nos é possivel concluir que as fibras que che- garam, apés transporem as substancias cinzentas, a0 cértex “cerebral,.de fato, ainda mantém uma relagio coma perife. ‘tiado.corpo, mas nio podem mais apresentar uma imagem, ‘topicamente semelhante dele, Elas contém a periferia do corpo assim como — para tomarmos de empréstimo um ‘exemplo ao objeto a que estamos aqui nos dedicando—um poema contém 0 alfabeto, em uma reordenagio que serve a outros propésitos, em uma miiltipla e diversa conexio entre cada elemento t6pico, de maneira que,alguns podem ser representados varias vezes, a0 passo que outros podem nio ser representados.” Se fosse possivel seguir em detalhes essa reordenaao, que acontece desde a projecio espinhal até o cértex cerebral, descobrir-se-ia provavelmente que seu fundamento é puramente funcional e que, nesse sen tido, s6 serio tidos em conta aspectos topicos na medida da retina até 0% term cértex occipital teve lugar, pore a sensagao de movi sobremaneita prov SAO BAS ARASIAS 77. em que eles coincidirem com as exigéncias da je nada indica que no cortex cerebral essa reondenachs geja anvlada para resultar em uma projecio topogritin completa, entZo temos 0 direito de presumir que a perfesig do corpo nio esta mais contida nas partes mais elevadia do cérebro, bem como no cértex cerebral, topicamenne mas somente est contida conforme a funsao. A pesquisa con, animais, contudo, deve encobrir esse fato, na medida em que ela s6 pode ter como resultado uma relacio t6pica Creio, entretanto, que quem procurar seriamente un, centro do M. extensor pollucis longus, do M. rectus internue ccili ou da sensibilidade de uma dea especifica da pele no c6rtex cerebral seré um pesquisador que desconhece a fungio dessa parte do cérebro, assim como desconhece a complicagio das condigdes que essa funcio pressupse™ fungio. Ja Voltamos”® apés esse desvio a concepgio da afasia © in. Iembramo-nos que do solo da doutrina de Meynert brotou “2, a suposiga0 de que 0 aparelho de linguagem seria com- P=" posto por centros corticais distintos em cujas células estio moe. contidas as representacdes de palavra e que esses centros “nice sio separados por territérios corticais livres de fungio e sms! so conectados por meios de fibras brancas (feixes de as- sociagao). Pode-se primeiramente colocar em questio se uma tal suposigo, que cativa representagdes em células, € de todo correta e aceitivel. Eu creio que nio”™ Erente 4 tendéncia de épocas anteriores da Medicina de localizar faculdades inteiras da alma [ganze Seelenver- mogen| i], na forma como sao definidas pelo uso linguistico ia Psicol logia, , em territorios determinados do cérebro, a explicacio de Wernicke de que s6 se poderiam localizar. ses sensbrias isoladas, ¢, mais preci das representaiorT] do netvo periferico que reeg na.serminasi ter sido vista como um grande aya a 9 se incorre no mesimg impressio a jncipio, entretanto, 13 Een tanta localizar Seja UM CONCEItO coy bisico dese seja uma atividade Jnteira da alma, seja um clonal siquico? E justifcado fazer uma fibra nervosa, que qt ae toda.a extensio do seu percurso fora somente yet crutura fisiologica submetida a modificagses fisiglgat mergulhar sua terminag3o no psiquico [Psychische] e do essa terminagio de uma representagio ou de uma in gem de lembranca? Quando se reconhece a “vontad “intligéncia’ etc. como termos técnicos da Psicolog 40s.quaiscomrespondem.no.mundo fsiologico rlacgy :nuito complexas, sabes, pois, com maior precisio sobye a ‘simples repesentagio sens6ria”, que ela seja algo qu nio um tal termo técnico? A cadeia dos processos fisiol6gicos no sistema nervoxs provavelmente.nao se encontra.em uma relagio de causale dlade.com.os processos psiquicos. Os processos fisiologicos nao cessam assim que os psiquicos tenham comecado; ay contririo, a.cadeia fisiol6gica prossegue, s6 que, a partir de_um certo momento, a cada membro dessa cadeia (ou memibros isolados dela) corresponde um fenémeno psi- quico. Assim sendo, o psiquico é um processo paralelo a0 fisiol6gico” (“um concomitante dependente”’*) Sei certamente que nao posso imputar aos homens cujos pontos de vista aqui contesto o fato de que teriam realizado esse salto e essa mudanga na perspectiva cien- tifica de avaliagio” sem ponderagao. Fica claro que eles nio querem dizer outra coisa senao que a modificagio das fibras nervosas pelo estimulo sensério — concernent 4 fisiologia ~ provoca uma outra modificagao nas eélulas SOBRE CONCEPGAO Das AFASIAS 79 « centras, que seri, entlo, 0 correlato fisiolégico voevresentacio”. Ja que eles sabem falar com multe da “rePipriedade sobre a representagio do que sobre a¢ Bee es ftiologicas desconhecidatjaihi nem sequer san, les vo eecvett @h epee liptica: na Beatie eacatia local ident representacio, Por Worse ponto de vista conduz imediatamente também sera confusio das duas coisas, que:ndo/necessitart ter ior alguma entre si. Na Psicologia, a representa- Go simples € para n6s algo elementar, que nés podemos fisting com exatidio de suas ligagSes com outrasre- presentagbes. Chegamos assim 4 suposico de que também seu correlato fisiologico, a modificagio que parte da fibra nervosa estimulada, cujaterminacio se encontra no centro, é algo simples, que se pode localizar em um ponto. Uma tal ransposigio é, naturalmente, totalmente injustificada; as particularidades dessa modificagio devem necessaria. mente ser definidas por si mesmas e independentemente de sua contraparte psicolégica.'% Qual é, entio, 0 correlato fisiolégico da represen inv tacio simples ou da representagio que a recapitula? Cla- °° ramente nada estatico, mas sim algo da natureza de um ‘*” Processo. Esse processo é passivel de localizagio, ele parte °="" de uma dea especifica do cortex cerebral e dali se espalha Por todo o cértex cerebral ou ao longo de caminhos es- Pecificos." Apés desenrolado esse processo, ele acarreta uma modificagio no cértex cerebral por ele afetado: a Possibilidade da lembranca."” £ totalmente duvidoso se a “ssa modificagio também corresponde algo psiquico; nossa daquelas da primeira lingua) est30 obviamen localizadas nas mesmas dreas que reconhecemos comes 5 Pois, Provocag materna ao qual escape a ng ° - ua stivessem, também entendg te dos sons alema alemig, ariamente haver pelo menos um eat CasQ amolecimento focal Jema deixasse de entender o alem: nume centros da primeira lingua aprendida. Nunca ocorre que, por meio de uma lesio organica, se) um distiirbio na ling posteriormente adquirida. Se os sons fr NCESES e: localizados, em uma pessoa alema que també: © francés, em um outro local diferet entio deveria neces em que, como consequéncia de um a pesos 30 © conti i. nuasse a entender o francés, Sempre ocorre 0 contin Lo, gem." Ag » nao bastante ‘humerosos em comparacio com o interesse que eles deg pertam), encontro apenas dois elementos que condicig. €, com efeito, para todas as fungdes da linguagem. (infelizmente, apreciar os casos em ques nam o aparecimento do distirbio de linguagem em umg pessoa poliglota: 1. a influéncia da época da aquisi¢ig, 2 a influéncia do uso. Via de regra, os dois aspectos atuam, hha mesma dirego; nos casos em que eles se contradizem, a capacidade lingufstica mais antiga pode surpreenden. temente prevalecer aquela mais bem exercitada. Jamais, entretanto, dé-se uma circunstincia que seria explicavel pela diferenga da localizagio € nio pelos dois aspectos funcionais mencionados. Fica evidente, entio, que as associagdes da linguagem, com as quais trabalha nossa atividade de linguagem, sio capazes de uma superassociae (fo, € esse proceso nés ainda percebemos com clareza, durante o periodo em que s6 conseguimos realizar com as novas associagbes,¢ fica igualmente evie ‘fo que foi superassociado, esteja a lesiio onde estiver, Pe pane ants do qe 04H, Joi primeiramente assoiado, (© grav em que Uma rar, mas intense modificagio {da no aparelho de linguagem pode também sobre- viver atm. dao — ie aes contradigao com todos pons de vst da locaizagio de representagdes pode oP eificado, talvez como em nenhum outro exemplo “forma mais enfitica, no seguinte caso que eu tomo fens de empréstimo a Hughlings Jackson. Este pesquisador, |! ie cujas ideias eu parto em_quase todos os comentarios ™” precesentes para com sua ajuda questionar a teoria loca- Fuacionista dos distarbios da linguagem, relata um caso mao raro em que o paciente com afasia motora tem a sua disposigio além do sim e do ndo ainda um outro resquicio de linguagem que, em outras circunstincias, correspon- deria a um alto grau de atividade de linguagem. Esse resto de linguagem consiste, nao raramente, em um forte pragucjar (Saeré nom de dieu, Goddam, etc)” e Hughlings Jackson esclarece que tal resquicio pertence A linguagem emotiva e no intclectual também em estados saudaveis. Em outros casos, contudo, esse resto de linguagem nio ‘um praguejar, mas sim uma palavra ou uma forma de dizer com significado especifico, ¢ poderiamos nos espantar, com razio, que exatamente essas células ou essas imagens de lembranga devessem ter escapado 4 destruicio geral. Alguns desses casos permitem, contudo, uma interpretagio muito plausivel. Um homem, por exemplo, que podia dizer somente: “I want protection” (algo como: eu pego ajuda), deveu sua afasia a uma briga em que se espatifara desmaiado no chao apés um golpe na cabega. Um ou- tro tinha © espantoso resto de linguagem “List complete”: 86 OBRAS INCOMPLETAS DE S. FREUD era um escrivio que adoecera apés ter concluide t um télogo em um trabalho exaustivo. Tais exeny S PlOS nos &, zem supor que esses restos de linguagem sio as gq palavras que o aparelho de linguagem construsta sap seu adoecimento, talvez até pressentindo o faro, pees a permanéncia desta dltima modificagio por stay dade, se ela ocorre em um momento de grande exes interna. Lembro-me"* de que pensei por duas veres sS® correndo rsco de vida, eas pereepydes ocorreram ata? as.vezes deforma sibita. Nos dois caso, eu pense conn “Agora se acabou para voce”, e enquanto meu falar inte se dava somente com imagens de som muito impresee® com as sensagdes dos libios quase sem intensidade, call Plicg intengi. * em meio ao perigo essas palavras, como se alguém as So. Prasse em meus ouvidos,¢ as vi ao mesmo tempa cena, que impressas em uma folha esvoacante. Rejeitamos, pois, a suposicio de que o aparetho de linguagem sea consticuido de centrosdistintos, separa por terrtérios corticas sem fungdo e, além disso que representagdes (imagens de lembranga) queservem linge, gein fica armazenadas em determinadas ireas do cénen denominadas de centros, enquanto a associagio dessas rar presentagdes € feta exclusivamente por fibras de substaneip branca subcorticais. Entio, resta-nos agora expor a iden de que o tertbrio da linguagem no cbrtex é um distrito comtome dentro do qual as associagdes ¢ transferéncias, nas quais se baseiam as funges da linguagem, ocorrem em uma com, plexidade cujos detalhes exatos escapam & compreensio.!# Como explicamos, porém, com base numa tal suposi- 40, a existéncia dos centros de linguagem que a patologia nos desvelou, sobretudo as 4reas de Broca e de Wernicke? Neste ponto, um olhar sobre a superficie convexa de um SOBRE A CONCEPCAO DAS AFASIAS 87 agro esquerdo pode nos trazero esclarecimento, Os bei ros da linguagem apontam, de fato, a relagdes ditos Comye exigem uma interpretagio que pode ser en. a Ps ars base em nossas reflexdes. Eles se distanciam muito «posterior do primeiro giro temporal, na parte pos- ie A terceiro giro frontal, no lobo parietal inferior, em eo giro angular se imiscui no lobo occipital: a posigéa ae pn quarto centr Part oF movimentos da exrita parece vo estar satisfatoriamente comprovada (parte posterior Mp io frontal mediano?). Além disso, eles se dispem de arimmodo que compreendem entre situm grande teritério torial (insula com as partes do giro que a recobrem), saya lesio provavelmente esti sempre ligada a distirbio ge linguagem; e apesar de sua extensio nio poder ser Gelimitada exatamente pela disposigio das les6es encon- tradas nos casos de afasia, pode-se, contudo, dizer que eles formam os distritos mais periféricos do suposto territ6rio da linguagem; além disso, pode-se dizer que aparecem distarbios da linguagem no interior dos centros (por volta do ponto médio da curva do hemisféric), 20 passo que no exterior deles encontram-se partes do cértex com outro significado. Se os “centros” aparentam ser os Angulos do campo da linguagem, deve-se considerar, a seguir, em quais outros territérios esses centros encontram suas fron- teiras. A area de Broca situa-se na imediata vizinhanga do centro motor para os nervos bulbares; a area de Wernicke sieua-se em um territério que abrange a terminagio do nervo actistico, cujo local preciso nao é conhecido, ¢ centro visual faz fronteira com as éreas do lobo occipital, nas quais buscamos a terminacio do nervo éptico. Uma tal disposigio, sem sentido de acordo com a teoria dos centros, se esclarece para nés da seguinte maneira: rcs Sagas de | ) © territério de associagio da linguagem + do quay participam el © (00 ei stende-se, POF i860 MSM, Pos campos corte Icais nentos Opticos, acisticos, motor nestésicos),¢ desses ners senses ¢ pelos respectivos Campos conics moron Se imaginarmos, agora, nesse campo de associagio, umn, lesio passivel de ser deslocada, entio cla teri tanto maie efeito (endo de mesma extensio) quanto mais ela se apg. ximar de um desses eampos corticais, ou se}a, quanto maiy periférica ela se situar no distrto da linguagem. Se ela fcgs diretamente na fronteira de um desses campos corticaiy cla separari 0 territorio de associag0 da linguagem qe assim, faltara s afluentes, mn dos sei © Mecanismo da linguagem um de seus elementos, dptico, actistico, ete é dessa natureza partiu dos respectivos campos corticais, que todo impulso para associagio [Assoviationsannegung) Desloc; ca lesio em diregio a regio interna do campo dg associagio, entio seu efeito sera vago; de maneira algumg a lesio poder anular completamente todas as possibilida. des de associacio de um tipo. Desa maneira, as partes do campo da linguagem que margeiam 0s campos corticais dos nervos 6ptico, aciistico ¢ dos nervos cerebrais motores adquirem a importincia que a patologia Ihes atribui e que as levou a ocupar a posi¢ao de centros da linguagem. Essa importancia vale, contudo, apenas para a patologia, e nio para a fisiologia do aparelho de linguagem, j4 que nio se pode afirmar que nelas ocorram outros ou mais importan- tes processos diferentes dos que ocorrem naquelas partes do campo da linguagem, cuja lesio é mais bem tolerada. Essa jdeia resulta diretamente da recusa em separar 0 processo da representagio do da associagao © em localizar ambos 0s processos em Areas diferentes. Wernicke se aproximou dessas ideias em alguns as- pectos quando ele colocou em diivida, em sua diltima SOBREACONCEPGAO OAS AFASIAS 89. fo sobre esse tema, a suposi¢ao de um centro es- exposi ; : Wa para a atividade de leitura citcunscrito & terminagio cortex Optico e de um centro especial para o eserever “peunsrito dita regio do bravo, Suas reflexdes ni sio, civ, de natureza fundamental, na medida em que eas paren meramente ca variagio anatémica, ou sj, de que PU magens de lembrangas opticas © quiromotoras, impor~ penees para a Hinguagem, ficam dispersas em meio a outras fe igual natureza. Por outro lado, Heubner foi impelido ‘uma duvidosa pergunta, pela consideracio de um caso porele relatado, que ¢ andloga & pergunta concernente a Finguagem, com a qual nos ocupamos: Ou nio hi, talvez, campo cortical algum concernente & cegueira, 4 surdez ow a paralisia da alma? Ou, a0 contririo, 0 sintoma desses estados produz-se simples- mente na medida em que os campos corticais[..] que servem diretamente is mencionadas fungées sejam isolados do restante do cértex cerebral por focos de amolecimento vizinhos? ‘Temos ainda que resolver duas questdes que se pode- riam dirigir contra o valor de nossa concepgio dos centros. 1. Sea destrui¢io do pedaco do territério da lingua- gem que margeia diretamente um campo cortical (do nervo 6ptico, do actistico, da mo, da lingua, etc) tem a conse- guéncia descrita para a fungio da linguagem meramente | porque a ligagio com os estimulos de associagio 6pticos, acisticos, dentre outros, foi interrompida, entio a destruigio do proprio campo cortical deveria ter a mesma consequéncia para a linguagem. Isso, contudo, entraria em contradi¢io direta com nossas experiéncias, que nos mostram que os sintomas locais de todas essas lesdes no vém acompanhados de distérbio de linguagem. Esta primeira contraditéria se 90 OBRAS INCOMPLETAS DE 5. FREUD .cilmente quando se considera que resolve campos corticais existem bilateralmente, ao passo todos 05 outyys Me 0 campo de cm um hemisfa, ais OPtiCos, pop exemplo, nio perturbara a utlizagio dos estimulos vieuaie associagio da linguagem esta organizado somente rio, A destruigio de um dos campos cortic para a linguagem (a leitura), pois, neste caso, © campo da linguagem conserva sua ligacio estabelecida (desta vez, pop ) COM 6 cam amp cortical dptico do outro lado, Move-te a lesio, entretante 0 aparec alexia, pois pode estar interrompida nio somente meio de fibras cruzadas de substincia branca para a fronteira do campo cortical dptico, ent ca a lig mas também a ligagio com 0 campo cortical 6ptico cruzado, 40 com 0 campo cortical do mesmo lado, Temos, portanto, de acrescentar a suposi¢io de que a aparéneia de centros surge ademais do fato de as ligagSes cruzadas dos campos corticais do outro hemisfério virem se juntar na mesma Area, ou seja, na periferia do campo da linguagem, em que também ocorre a ligagio com © campo cortical do mesmo lado. Isso é plausivel, pois para a atividade de associagio da linguagem a existéncia bilateral de estimulos Spticos, aciisticos, dentre outros, nio possui importincia fisiologica alguma O fato de existirem tais ligagdes do distrito da lin- guagem com os campos corticais bilaterais nao € uma nova suposi¢io, mas uma suposigao retirada da teoria dos centros. As relagdes anatémicas dessa associagao cruzada, a propésito, ainda nao estio indubitavelmente comprovadas € podem, quando se tornarem conhecidas, esclarecer al- gumas particularidades quanto 4 posigao e 4 extensio dos aparentes centros, bem como algumas marcas individuais dos distiirbios da linguagem. 7 2. Poder-se-ia perguntar que valor efetivo hi em questionar a existéncia de centros especiais para 4 SOBRE A CONCEPGAO DAS AFASIAS 91 idade de linguagem, posto sermos, contudo, obriga~ fosa falar em campos corticais, ou seja, centros épticos, sedsticos e motores dos Orgios da linguagem? Sobre este ponto se pode revidar dizendo que consideragdes seme- jhantes deveriam ser retomadas também no que tange qos ditos centros motores € sens6rios do cértex, € que, fontudo, nio se pode contestar campos corticais, por si mesmos mais bem delimitados, para as outras fungdes, pois tais campos corticais podem ser caracterizados pelo fato anatémico da presenga da terminagio dos nervos sens6rios ou pelo fato anatémico da presenga da parte correspondente da via piramidal em determinados terri- torios do cértex. O campo de associacio da linguagem, porém, carece dessas relagdes diretas com a periferia do corpo; ele certamente nao tem vias sensiveis de projecao propria, ¢ muito provavelmente também nio tem “vias de projecio” motoras especiais.""” vi. Nossa ideia da composi¢ao do aparelho central da linguagem €, entio, a de um territério continuo do cébrtex que abrange © espago entre as terminagdes dos ner- vos dptico e aciistico ¢ dos nervos motores cerebrais ¢ + das extremidades no hemisfério esquerdo; assim sendo, Provavelmente possui exatamente aquela extensio que." Wernicke, em seu primeiro trabalho, Ihe quis atribuir: © territério do primeiro giro circundando a fissura de Sylvius. Recusamo-nos a localizar elementos psiquiicos do processo de linguagem em reas determinadas des- <* ferritério, bem como rejeitamos a suposi¢io de que houvesse regides dentro desse territorio que estivessem ‘xcluidas da atividade ordinaria da linguagem e que sejam “antidas livres para novas aquisigdes de conhecimentos OSE 92. opRas INCOMPLETAS DE fnalmente, fizemos remontar 0 fato da exis fa linguagem que 2 patologia nog 4 numa delimitagao indetermj, linguisticos; ncia dos centros © muito embor: n ® de localizagio anatémica dos camy das vias de conducio proveniente, ta apresenta, nada, as relagde corticais contiguos € se hemisfério dircito. Portanto, os centros da linguagem voenaram-se para nds areas do cOrtex que podem, co direito, exigir o reconhecime anatomopatologica, mas nao podem exigi, ve reconhecimento de nenhuma importincia fisiologieg adquirimos o direito de descartar a diferencia. to de uma extraordindtig importanci especial; gio das assim chamadas afasias de “centro” ou corticais laquclas ditas afasias de conducao ¢ de afirmar que todas las afasias se baseiam na interrupraio de associacd 1 internupeao de vias de condusao. A afasia provocada por eS, OM seja, na destrui¢io ou lesio de um “centro”, em nossa concepgio, nao é nada mais nada menos que a afasia provocada por lesio daquelas vias de associagio que confluem para os chamados pontos nodais no centro. ‘Afirmamos, igualmente, que toda afasia deve ser rela- cionada a algum distarbio no c6rtex cerebral propriamente dito (provocado diretamente ou por efeito a distancia), 0 que somente significa que o territério da linguagem mio possui vias aferentes ou eferentes proprias que chegam até a periferia do corpo. A prova dessa afirmagao repoust sobre o fato de que lesGes subcorticais até a periferia nie podem provocar distiirbio de linguagem, se exchuimos ‘anarira, conforme sua definicao, dos outros distarbios de linguagem. Jamais foi observado que uma pessoa tenha adquirido surdez verbal por causa de uma lesio na raiz do nervo actistico, na oblongata, na parte posterior tubérculo quadrigémeo ou na cApsula interna, ser também de outro modo surda, ou que uma lesio parci do nervo éptico, do diencéfalo, etc. a tenha tornado daaiz do Mjeura. Em todo © as0, Lichtheim diferencia Pipex verbal subcortical, uma afasia motora subcor- ae e Wernicke supoe alexias e agate subcorticais. Eles veederivam ess formas de distéirbio de linguagem de Jesbes NOS feixes de associagao subcorticais, que, segundo fetes considcraca0, B30 precisam ser separados dos feixes de associagio que passam pelo préprio cortex, mas derivam-nas de lesdes radiais, ou seja, das vias aferentes cveferentes da linguagem. Reesta-nos, enti, a tarefa de snalisarmos mais de perto esses distiirbios subcorticais da linguagem A caracteristica de uma afasia senséria subcortical pode ser derivada facilmente do esquema de Lichtheim, que indica uma via auditiva especifica a-A (Fig. 3) para a linguagem. O enfermo nao estaria em condigio de guar- dar novos sons de palavra a ele proferidos, mas dispde, contudo, das imagens de som e realiza todas as fungdes da linguagem de forma plenamente correta. Lichtheim encontrou também, de fato, um caso desse tipo, cujos primeiros estagios da doenga, na verdade, ainda nio estio totalmente esclarecidos, mas que em seu comportamen- to final correspondia totalmente ao quadro provocado ee ee Me GA. Admito que, com respeito autre, uuida as “imagens de som" para o uso Seen ee dificil dar uma outra ee asia sens6ria subcortical que prescinda WipSnisrds x ae via auditiva aferente aA. Eu esta~ inigpeasieca es pa esse caso de Lichtheim por uma itigahiccmn sa, Evid ual dos outros elementos da lin- Mian ae as imagens de som, pois 0 paciente Saskia a jomnalista muito culto. Se o tivesse ada mais teria sido que um subterfagio 4 OBRAS INCOMPLETAS DES. FREUD ‘SOBRE ACONCEPCAO DAS AFASIAS 95 entendem, eles acreditam ter entendido alguma spins Procurei, entio, por casos semelhantes na Ij diyponvel. Wernicke reat, na ocasito de sua re ees ni oe cei habitualmence, em consequéncia dene Sooo sobre o trabalho de Lichtheim, ter feito uma obserye post, uma resposta inadequada. em bastante aniloga iquela e que ele a comunicaria noe na prepaciente de Giraudeau foi, entio, submetida 3 "0" sims relatos advindos de seu tabalhoclnico, Nag pen seine comprovou-se que a causa de seu distirbio de contuo, encontrar essa comunicagio na literatura 2utopnfoi tia lesio do primeiro e do segundo giros outro lado, depatei-me com um caso de Giraudeaan dnepras, mesma causa C30 frequentemente encontrada que, no minimo, tem uma grande semelhanga cont temas sens6rias comuns. Ninguém que langar um Mar sobre a ilustracio que acompanha a comunicagio de Giraudeau podera assum que essa lesio tenha provocado qutra coisa sendo a forma comum de afasia sensoria com distirbio de linguagem mais grave, Todavia, ainda ha algo quese deve considerar. A lesio no caso de Giraudeau é, por sua ver, uma lesio incomum, um tumor (gliossarcoma) Recordamos, neste momento, uma suposigo que nds pro- ferimos na oportunidade do comentario da afasia motora ranscortical, segundo a qual o aparelho de linguagem provavelmente nao dé apenas sinais locais, mas também permita descobrir uma natureza especifica do processo da doenga por uma variacao de sua sintomatologia funcional. Vemos, pois, que 0 caso de Giraudeau nao traz nada que sirva de comprovagao para a existéncia de uma via sub- caso de Lichtheim. A enferma (Bouquinet) encontraya. totalmente sem distiirbios em sua linguagem, e, aye em grande medida surda para palavege , mesmo, estav sem de fato ser surda (mesmo que a garantia do Gli. mo ponto deixe algo a desejar). Ela tinha, no minimo, uma “dificuldade de audigao de palaveas". Entendia ay perguntas feitas a ela somente quando se repetiam fe perguntas diante dela virias vezes, e frequentemente nem assim entendia. Quando acontecia de ela entender e responder a uma pergunta, todas as respostas seguintes recapitulavam a linha de raciocinio entio estimulada, sem levar em consideragao as perguntas feitas posteriormente, A diferenga entre os dois casos diminui ainda mais s¢ considerarmos que 0 paciente de Lichtheim apresentaya um outro comportamento além da surdez verbal. Ele nio fazia 0 menor esforgo para entender as perguntas a ele dirigidas, ndo emitia qualquer resposta e parecia nem mesmo querer voltar sua aten¢io ao que fora ouvido. Tak vez este paciente tenha adquirido a aparéncia de completa surdez verbal por meio desse comportamento proposi- tal, enquanto poderia ter sido em outras circunstancias demonstrado que sua compreensio da linguagem, assim como a de Bouquinet, devesse ser conquistada por meio de admoestagdes repetidas e enfaticas. Os pacientes com surdez verbal, via de regra, percebem a linguagem que cortical aferente a-A. © tumor descoberto pela autépsia nio era algo que, advindo da substincia branca, crescia para o lado de fora, de modo que ele tivesse provocado cm um estégio anterior uma mera lesio subcortical. Ele, muito a0 contririo, estava colado 4 meninge e podia ser facilmente dissecado da substincia branca amolecida. Greio, entio, poder supor, para a afasia senséria subcortical, gue ela no se baseia na lesio da via subcortical a-A, mas Sim em um adoecimento da mesma regio que sera tida como responsavel pela afasia sensoria cortical. Em todo 0 480, nio posso dar esclarecimento completo algum para 196 OBRAS INCOMPLETAS o estado funcional especifico que tenho de pressupor p © acometimento pela doenga acima referida nessa éreqy Sobre a afasia motora subcortical, podemos nos gy pressar de forma breve. Lichth n a caracteriza comg 9 mesmo comportamento da afasia motora cortical, eng, tanto com a manutengio da capacidade de escreven g proprio Wernick, que submeteu os distiibios da linguee gem escrita a uma anise cuidadosa e exaustiva, deine gy lado essa caracteristica distintiva. Para el aafasia motory subcortical se caracteriza pelo fato de os doentes “estarem em condigio de informar 0 nimero de sflabas” das paly, wras requisitadas, Vimos que controvérsias advém dege teste de Lichtheim. Algumas observacdes de Dejerine't confirmaram, desde entio, a importincia do teste de silabas de Lichtheim para o diagnéstico da afasia moto subcortical; resta-nos somente afirmar que poderiamos com 0 mesmo direito classificar esses casos como anarttia, € nao como afasia. Varios casos bem observados, por iiltimo um de senlohr, permitem crer que uma lesio abaixo da 4rea de Broca produz um distirbio de linguagem que se pode no- mear de parafasia literal e representa a passagem anartria, Somente para a parte motora do aparelho de linguagem seria concedida uma via especial rumo & periferia. Se dotamos o territério motor cortical da linguagem de um feixe especial eferente, gostarfamos, entretanto, de notar que a lesio desse feixe causa fendmenos que, quanto mais profundos, mais afasia permanece, assim sendo, um fendmeno cortical. Actescentamos, pois, & nossa concep¢io do aparelho de linguagem, que cle nio possui, além da via cuja lesio se aproximam de uma anartria. A SOBRE A CONCEPGAO DAS AFASIAS 97 hece como anartria, via especial alguma, seja recon! u eferente. Referiremo-nos brevemente aos ee distarbios subcorticais de leitura e escrita Mr eriormente Poe momento," pretendemos investigar quais sio pxigoes de que necessitamos para a explicagio dos i thos de linguagem, com base em uma tal composigio Pesprelho de linguagem; em outras palavras, 0 que nos se gnao estudo dos distrbios de Tinguagem sobre a fungio ‘ave aparelho. Nesse sentido, pretendemos separar, tanto quanto possvel, 0 lado anatémico do lado psicol6gico do objeto em questo: Para a Psicologia, a palavra é a unidade da funcio de linguagem, uma representacio complexa que se apresenta como um compesto de elementos aciisticos, visuais ‘qnestésicos. Devemos 0 conhecimento sobre essa com posigio a Patologia, que nos mostra que, em casos de Jesdes orginicas no aparelho de linguagem, ocorre uma fiagmentagao do discurso conforme essa composi¢io. Estaremos, assim, advertidos de que o colapso de um destes elementos da representagio de palavra se apresen- tari como 0 indice essencial que nos permite concluir sobre a localizagio do adoecimento. Normalmente se consideram quatro partes componentes da representacio de palavra: a imagem de som [Klangbild), a imagem visual das letras [visuelle Buchstabenbild), a imagem de movimento da fala [Sprachbewegungsbild] e a imagem de movimento da ‘sarita [Schreibbewegungsbild]. Entretanto, essa composi¢io S¢ mostra mais complicada quando se entra no mérito 2 eee Lae de associago que acompanha cada fas da linguagem: 4.Aprendemos a falarna medida em que associamos ‘imagem de som de palavra com uma sensagio de inervacao. A repre 98 opea he pds falarmos, encontramo-nos em, de palavra.'"* Apos fa a Pos ee nagio de movimento da fala (Censagdes cena uma repre dos érgios da fala), em seu aspecto motor, di os elementos determinantes, 0 primeiro, a representa’ , Parece possuir © meno de tal modo que a palavra & paps juplamente determinada, De gy da inervagao de palav' “i do ponto de vista psicolégico, ¢ pode-se questiongr ocorréncia como fator psiquico. Além disso, apés filay obeemos uma imagem de som da palavra falada, Engus ainda nao tivermos consolidado nossa linguagem, 2 segunda imagem de som nao precisa ser igual a primes i ‘mas somente estar associada a ela. | Nesse nivel (do desenvolvimento da linguagem jy fantil), servimo-nos de uma linguagem criada por ny mesmos, comportamo-nos, entio, como pacientes com, ~ afasia motora, na medida em que associamos diversos som de palavras estranhos com um s6 som produzido por nig mesmos. 2. Aprendemos a linguagem dos outros na medida em que nos esforgamos para tornar a imagem de som pro- duzida por nés 0 mais semelhante possivel ao que dev | ensejo a inervagio da linguagem. Aprendemos assim repetir [Nachsprechen]. Concatenamos, entao, as palavras umas as outras no falar coerente, na medida em que es peramos, de posse da inervacio da préxima palavra, até que a imagem de som ou a representagio de movimento da fala (ou ambas) da palavra anterior tenha sucedido. A certeza de nosso falar parece entio sobredeterminads [uberbestimmi}' e pode tolerar bem a falta de um ou outro fator determinante. Assim, algumas das particularidades da parafasia — fisiologica e patoldgica — explicam-se Po essa auséncia da corregio feita pela segunda imagem é som ¢ pela imagem de movimento da fala. SOBRE ACONCEPCAO DAS AFASIAS 99 3, Aprendemos a soletrar na medida em que conec- ramos as imagens visuais das letras com novas imagens fe som, que, 20 mesmo tempo, devem nos recordar dos aps ja conhecidos. Repetimos prontamente 2 imagem jp som indicativa das letras, e, assim sendo, a letra nos rece novamente determinada por duas imagens de som Fue se recobrem ¢ por duas representagdes de movimento Jorrespondentes uma 3 outra. 4, Aprendemos a ler na medida em que conectamos deacordo com certas regras a sequéncia de representagSes de inervages de palavra e de representagSes motoras de palavra que armazenamos a0 falar cada uma das letras, de tal forma que surgem novas representagdes de movimen- to de palavra. Tio logo tenham sido pronunciadas essas, {iltimas palavras, descobrimos pela imagem de som dessas novas representagdes de palavra que ambas, imagem de movimento de palavra e imagem de som de palavra, que adquirimos dessa maneira, sio conhecidas desde muito tempo e que sio idénticas as utilizadas durante o falar. Entio, associamos essas imagens da linguagem, obtidas por meio do soletrar, a0 significado atribuido aos primeiros sons de palavra. Lemos, assim, com compreensio. Se nds falivamos primariamente nfo uma lingua escrita, mas sim um dialeto, entio devemos superassociar as imagens de movimento de palavra, adquiridas ao soletrar, iquelas imagens de som da antiga lingua e, destarte, aprender uma nova lingua, o que ser4 facilitado pela semelhanga do dialeto com a lingua escrita. Dessa exposigio do aprendizado da leitura, conclui-se que ele resulta em um processo deveras complicado que deve necessariamente corresponder a um repetido ire vir do movimento de associagio. Estaremos, além do mais, advertidos de que os distiirbios do ler na afasia devem SOBRE A CONCEPGAO DAS AFASIAS 101 necessariamente suceder de maneitas muito Variadg, mente o distirbio na leitura de letras sera decisiyg . "9% tengi0 dividida [Phanomene der geteilten Aufmerksamkeit] inferie uma lesio do elemento visual na leitura, 4% aemoncram em consideracio neste momento, posto que a posigao das letras para formar uma palavra se dg gg ae preensio do que ¢ lido somentesucede por meio de a transposigio a via da fala; assim sendo, ela sera guar rgesvio bastante longo. O fato de no se tratar mais de em caso de afisia motora. A compreensio de algy a um ral compreensio, quando 0 préprio proceso de letura dé primeiramente por intermédio das imagens de soy °* oferece dificuldades, se tornara claro pela analogia com resultam das palavras proferidas, ou por intermegn® | qos0 comportamento durante 0 aprendizado da letura, imagens de movimento de palavra que surgiram ag a Mjeveremos nos precaver contra a afirmagio de que a § aséncia de uma tal compreensio sejatida como sinal de mae te dima interrupcao da via de condugio, A leitura em voz alta ambi | ao deve ser tida como um processo diferente da leitura Assim sendo, ela se demonstra como uma fungg extingue ndo somente por lesio motora, jor lesio actistica e, mais ain | p sainda, como uma fungio ques | leve ser te Ae ee aieee independente da realizagio da leitura. A auto-obserryge_| __ slenciosa, a nfo ser pelo fato de que ela ajuda a liberar a mostra a todos que existem varias formas de ler, dep | _sten#a0. da parte sensorial* do processo de leitura, + dente 5, Aprendemos a excrever na medida as quais algumas prescindem da compreensi Pre em que repro- ‘auane emcees corr gh dS a leit, duzimos 23 imagens visuais das letras através de imagens jue tenho ¢ . 2 ee Ry oe Zo asi de inervagio da mio, até que imagens visuais iguais ou propésito de voltar especial atengao as imagens Visas das semelhantes sejam produzidas. Via de regra, as ee de letras ¢ a outros sinais graficos, 0 sentido das palavras dy ai ita sio apenas semelhantes as imagens de leitura ea elas me escapa tio completamente que, para melhoramen escrita sio ap\ ge a ra superassociadas, jé que aprendemos a ler escrita impressa!! ¢ estilisticos do texto, necessito fazer outra leitura completa aprendemos a escrever escrita cursiva. O escrever se mostra Quando leio um livro que me interessa, um romanee, | como um processo comparativamente mais simples e nio por exemplo, ignoro todas falhas de impressio, ¢ pode tio facilmente perturbivel quanto a leitura. acontecer que eu nada guarde na cabega sobre o nome 6. de se supor que posteriormente nés também co- dos personagens nele presentes, a nio ser algum trago Joquemos em pritica cada uma das fangdes da linguagem confaso e algo como a lembranga de que eles so grandes pelos mesmos caminhos associativos por meio dos quais Opcesso OU Pequenos e contém uma letra curiosa, um x ou Z és as adquirimos. Podem ocorrer ai abreviagdes ¢ dele- S52". Quando devo proferir uma conferéncia, em que tenho | gages, mas nem sempre é ficil dizer de que natureza. A importancia delas sera ainda diminu(da pela consideragio “"""" de voltar atengio especial as imagens de som de minhis palavras, bem como a seus intervalos, corro novamentt de que, em casos de lesio orginica, o aparelho de lingua- 0 risco de me preocupar tio pouco com 0 sentido que, gem provavelmente sera em certa medida danificado como tio logo eu me encontre cansado, leio de tal forma qu lum todo ¢ serd impelido ao retorno as formas de associagio Primérias, mais seguras e circunstanciadas. No que tange a outra pes i der, mas eu mesmo nel P x 1 Ree ceens Pst elie a leitura, a influéncia da “imagem visual da palavra” se torna sei mais o que acabei de ler.'” Esses sio fendm io de palavra jet so ae visu ue 2m o objeto de m ela pela qual a imagem presents a palavra. As ligagdes da imagem de som da palavre com a sssociagdes de objeto além das visusis no foram indicedas: A palavra é, entio, uma representacio complex que consiste nas imagens mencionadas, ou, dito de outa forma, i palavra corresponde um intricado proceso. sociativo [Assoziationsvorgang| pata o qual concorrem 5 referidos elementos de origem visual, actistica e cinestisic Todavia, a palavra conquista seu significado pormsio da.conexio com a representacio de objeto [Objekivorstllun] a0 menos se limitarmos nossa consideragio aos substanti™s A representacio de objeto é, por sua vez, um_com} a 3 ssentage associativo composto pelas mais diversas representase susis, aciisticas, tat neste Concluimos a tt da Filosofia que a representacio de objeto mak parti oe pieto nada snais coneemalem di Presentagocs, ¢ que a aparéncia wna coisa, para cujas caracteristicas concorrem ana de ur aqu He esses dos sentidos, somen onstittii na medida p xe abarcamos, na soma das impre: mg sss dos sentidos “que apreendemos de um objeto. a possibilidade de uma grande scquepcia, de novas impresses na mesma cadeia se ociativa fi, S. Mull} A representacio de objeto, por. jo se apreventa a nbs como uma represen pres cio m tampouco como uma tasdo passivel de palavra nos apresenta como algo fechado, apesar de ser capaz de ampliacio. A afirmacio que devemos assumir com base na pato. rbios de linguagem é a de que a representagao estd unida em sua extremidade sensiv de ser fechada, 20 passo que a repr. logia dos dist de palav das imagens de som) a representacao de objeto. Consequente mente, chegamos a suposicio de duas classes de distirbios (por intermédio de linguagem: 1. uma afasia de primeira ordem, ou afasia verbal, na qual somente as associagdes entre os elementos individuais da representacio de palavra estio perturbadas, 2. uma afasia de segunda ordem, ou afasia assimbélica, na qual a assoc io entre representacio de palavra ¢ repre- sentagio de objeto est perturbada Utilizo a denominagio assimbolia em um sentido dife- rente do que se tornou usual desde Finkelnburg parece que a relacio entre representagio de palavra e repre pois me sentagio de objeto merece o nome de simbilica, muito mais que a relagio entre objeto e representagio de objeto. Aos distarbios do reconhecimento de objetos, que Finkelnburg resume como assimbolia, gostaria de sugerir a denominacio agnosia. Seria, entao, possivel que distarbios agnésticos, / Sa 104 ones INCOMPLETAS OF S que s6 podem ser provocados por les6es cortic ais bil ambém tenham como consequ ‘atey encia oe ; m J que todos 0s estimulos pag nis rao € extensas, fa tarbio de linguagent espontineo provém do territorio das associagses dey Sle Tais distirbios de linguagem cu os chamaria de af ty, A rn Yasig rencina order ot afasias aensticas. A clinica nos ing tt i, ¢ io, ‘A primeira dessas afasias agnésticas é : as € um caso Farges,!” que foi mal observado ¢ interpretado tany da maneira mais inadequada possivel e nomeady em uma tétil [Aphasie chez une tactile]. Assim sendo, ¢ poder dirimir os mal-entendidos a tal ponto que sep reconhecer os fatos ali presentes. Trata-se de uma enferma que ficou cega devids causas cerebrais ¢ que, provavelmente, tinha f0cos bilan. rais da origem do adoecimento no cOrtex. Ela nio reg a chamados ¢ repetia sem cessar, quando alguém query estabelecer contato com ela: “Nao quero, nio poss! com um tom da maior impaciéncia. Ela nio reconhesi nem sequer a voz do médico. No momento exato em que o médico segurava seu pulso, ¢ assim the fornecia, portant, uma representacio titil, ela o reconhecia, dizia seu nome corretamente, conversava com ele sem distiirbio de lingux- gem, etc., até que ele soltava sua mio ¢, destarte, voltavaae tornar inacessivel a ela. O mesmo acontecia quando alguén Ihe proporcionava uma representagio tatil’™ (representario olfativa, representagio palatal) de um objeto. Enquanto ds tinha acesso a essa representagio, ela dispunha igualmentt das palavras requeridas e se comportava de forma adequats no momento em que © acesso 4 representa¢a0 fosse retirado impaciéncia ou ft yeia 4 compreensi? relho de fato, sobre alguns casos que exigem essa concepeg fasig perp 86am dela, ela repetia sua monétona prova de lava silabas desconexas e se mostrava alhi da linguagem. Esta enferma tinha, entio, um ap" "SAO DAS AFASIAS. 105 sngwager completamente intato, do qual ela nip poi Mppor até o momento em que ele fosse estimulado peas yas asociac es de objeto preservadas [Uma segunda observagio desse tipo ensejou C. § freund™” a postular a categoria de afisiadprica. O enfermg » J Freund apresentava dificuldades no falar espontinee a nomeacao de objetos tal qual em casos de afisia ensoria provocada por lesio do territ6rio acistico, Uma vela ele denominava, por exemplo, éculos; nama segunda visada, ele dizia: “E, por assim dizer, um cilindro”, & vinda: “No, é...espera ai, uma luz de cera”. Contudo, se 0 Jeixassem segurar 0 objeto com as mios, de olhos fechados, tle encontrava rapidamente 0 nome correto. © aparelho de linguagem estava, portanto, intacto, somente reagia de forma defeituosa as associagSes de objeto provindas da visio, ao paso que trabalhava corretamente com as associagSes de objeto advindas do tato. A propésito, a infuéncia do distarbio nas associagdes de objeto no caso de Freund nio tem alcance tao grande quanto no caso de Farges. O enfer- mo de Freund piorou progressivamente, tornou-se depoi completamente surdo para palavras ¢, no exame de autépsia apresentou lesGes que atingiam nao somente o territério da visio, mas também o territério da linguagem, O fato de distarbios nos elementos Opticos das repre- sentagdes de objeto poderem exercer uma tal influéncia so- bre a fungdo da linguagem explica-se por serem as imagens da visio” os componentes mais proeminentes ¢ importantes de nossas representagdes de objeto. Quando em uma pes- soa 0 trabalho intelectual se realiza essencialmente com a ajuda dessas imagens dpticas, para o que, segundo Charcot, 4 idiossincrasia individual decisiva, lesGes bilaterais no territério cortical éptico devem necessariamente causa também lesdes das fungGes da linguagem que extrapolam poderia ter descrito sua observ nto Mais ray, como “afasia em uma visual te ches une Visueligy nto esses casos de afasia agndstica b, Enquanto es Sciam em um efeito funcional & distancia sem lesio orgin do apareho de linguagem, nos c2508 de afaia yee sssimbélica a lesio do proprio aparelho de lingys® deve ser levada em consideragio. Esforgaremo-nos por discernir aqui, 0 maximo possivel, tanto os apeaae funcionais quanto os aspectos t6picos que sig Televan e para a explicagao desses distitrbios de linguagem, peenot ds eparéncia de contros de linguoge i ptco, do brago e de musculature da linguegem soe meio de circulos; as vias de associagSo que partem delat ipo da linguagem so apresentadas como fees de 2ios, Onde as dltimas so cruzadas pelos feixes separ ios de suas origens neg tivo elemento associativo. Para o campo acistic ni lustradas as bilaterais, por um lado, co gas vo de evita tro lado, por causa da obscuridade que existe espect relagao entre o campo auditivo e 0c istic da ingut dir também espacialmente as ligagdes ¢ permitid [>a cae la considerago de que os movimentos dos olhos Stica de forma especial para a associaco da leitura, BRE A CONCEPGAO DAS AFASIAS 107 xbogaremos um esquema que prescinde™ das re _eapetamicas espaciais exatas e que deve somente 1aq0e* Ar as relagdes entre cada um dos elementos das presen, da linguagem entre si (Fig, 9). Nao ilustramos sociagitjema, por meio de circulos, os ditos centros ¢ neste em, mas sim os campos do cértex percorridos pelas looes da lingua m. As partes do campo da lingua gjacentes a eles adquirem o significado de centros da gem adjac v iagem pelas ligagdes cruzadas (indicadas pela muscula tinea mio, pela musculatura da fala (Sprachmuskelatur}™ e ilo nervo Sptico) com 0 outro hemisfério, Daf resultam, Jo, trés distirbios de linguagem, que, na afasia verbal, ‘io. Se a lesio localiza-se. indicam a localizagao de uma le 1 saber, nas partes do campo da linguagem conhecidas como centros da linguagem, vi inhas aos demais campos corticais, ela ter como efeito que: 1. a transferéncia 4 via da fala [Sprachbahn], 2. a transferéncia a via da escrita referente jmio e 3. o reconhecimento das letras sero impossiveis assim sendo, que surja a afasia motora simples, a agrafia e alexia da letra, Quanto mais central for a lesio no campo da linguagem, menos efeti a sera sua consequéncia de desligamento de um dos elementos das associagdes da lin guagem e mais 0 aparecimento do disttirbio da linguagem dependera dos aspectos funcionais que sio determinantes para o aparelho de linguagem, independentemente do local dalesio, Na afasia verbal, entio, podemos relacionar apenas 4 perda de alguns elementos associativos isolados com a localizayao cexplicd-la por meio desta. A certeza do diagnéstico sera aumentada nio quando a lesio se estender profundamente no territério da linguagem, mas quando ela se estender Nos campos corticais adjacentes a ele, ou seja, quando a afasia motora for acompanhada de hemiplegia e a alexia de uma hemianopsia 108 onnas incomPLeTa © distirbio de linguagem assimbélico poge 5 ven, em alguns caso, na Forma PUTA € eM Consee ema leo que nio for dita € que percory get tha perpendicular & diregio da associagio. Asgin tlk no caso de Heubner, que apresenta uma separacge cnuee 0 teritéro da Tinguagem © suas asociaege SA tm foo de amolecimento que contorna © pong do territério da linguagem, ou seja, a regio aegis distirbio de linguagem assimbslico sem comp (com a conservagio de todas a asocingSes de pa pode também resultar, talvez, de um estado mera) te funcional do aparelho de linguagem como ume pois hi indicios de que a ligacio entre representa palavrae de objeto seja a parte mais facilmente exagg® do trabalho da linguagem e, em certa medida, sey fiaco, Pick, por exemplo, ditigin sua atengio, eh interessante trabalho, & surdez verbal transitéris gan apés ataques epilépticos." A enferma por ele ob apresentou distirbio de linguagem assimblico dunt 4 convalescenga de um atague. Ela era capaz de rye algo que Ihe fora proferido antes de o haver entendig © fenémeno da ecolalia da repetigzo de pergunny parece pertencer sob todas as circunstancias 20 dst, assimbélico. Em alguns desses casos, por exemplo, ag caso de Skwortzoff™ (Obs. x) e no de Frinkel!” en Balled), a ecolalia se apresenta como um meio para con. seguir estabelecer a dificultosa relagio do som owvida com as associagdes de objeto pelo fortalecimento dos sons de palavra. Esses enfermos nao entendiam ime- diatamente a pergunta, mas somente entendiam-na¢ podiam respondé-lIa apés terem-na repetido, Recordit: nos-emos aqui igualmente do posicionamento de Ch Bastian, segundo © qual um centro de linguagem git SOBRE A CONCEPCAO DAS AFASIAS 109° Jesado em sua fungio perde primeiramente a tive fe de trabalhar a partir de um estimulo “espon- Pa venquanto pode manter-se capaz de realizar sua since » “softer uma excitacio sensivel, bem como através a8 seiagio com outros centros de linguagem. Todo da sitlg “espontineo” dos centros de linguagem passa; estimfanto, pelo territ6rio das representagdes actisticas eronsiste em tima estimulacao destas, proveniente das gssociagbes de objeto. Parece-nos, pois, que © surgimento de uma dita « afasia sensoria transcortical pode basear-se em uma lesio, ”” ‘mas ela é também, em todo 0 caso, funcionalmente favo- recida. Ambos os aspectos agem aqui na mesma direcio. ‘Mais frequente que a assimbolia pura é a afasia as simbélicoverbal mista, provocada pela lesio do elemento acistico da linguagem. Pelo fato de todas as outras as- sociagdes verbais se conectarem 4 imagem de som, uma lesio um tanto extensa do territério da linguagem nas proximidades do campo aciistico tera como consequéncia tanto a ruptura das associagGes de palavra entre si quanto © distirbio da associa¢io de palavra com as associagdes de objeto. O quadro que daf resulta é 0 da afasia senséria de Wernicke, que também abrange distirbios na com- preensio da leitura, na fala e na repeti¢io. O territério de cuja lesio se trata € provavelmente tio grande que, em lesdes menores, ora o distiirbio assimbélico, ora 0 disttizbio verbal se evidencia de forma pura. Um conhe- cimento anatémico mais acurado dos locais aos quais as diversas vias do campo acistico da linguagem chegam seria naturalmente imprescindivel para todos os propé- sitos de uma localizagio mais exata. Tal conhecimento ainda nao esta disponivel. Se bal mate HO OBRAS INCOMPLETAS DE S. FREUD Podemos somente admitir que a direcio de agge._ ciagio mais importante para a associacio simbélieg g 2 que vai de encontro a0 campo cortical 6ptico, vise que dentre as associagdes de objeto sio as imagens qe lembranga Spticas as que comumente representam ¢ papel principal. No caso de essas associagdes serem i possiveis, 0 campo da linguagem ainda pode recehey impulsos do restante do cértex, a saber, das associaga, = titeis, gustativas, dentre outras, e pode, assim mesmme ser estimulado para a fala. Entendemos, assim, que oc cas0s de afasia assimbélicoverbal com essas marcas falar espontineo nio seja suspenso, mas apresente © cariter de empobrecimento nas partes do discurso com sentidg estrito, Estas (wubstantivos, adjetivos) sio proferidas em sua maioria em resposta a um estimulo éptico. Partindg do estimulo provindo das outras associacSes de objeto, dawn que provavelmente entram em outras areas do campo VIS actistico, o campo da linguagem produz ainda uma lin. = guagem mutilada, ou entdo ele transfere 4 via motora da linguagem todos os estimulos disponiveis que nao necessitem de nenhuma associagio de objeto estrita,” como particulas, silabas (jargio). Recordamos que entre a terminagio cortical (em todo 0 caso muito estendida) do nervo éptico e a ter= minagio do nervo aciistico passam nio somente as vias associativas que conectam representacao de palavra ¢ representagao de objeto, mas também a via que torna Possivel a compreenso das imagens visuais das letras. E, entao, possivel que, dada certa localiza¢io de uma lesio, seja desencadeado um distdrbio de leitura juntamente com um distiirbio de linguagem assimbélico, por causa da contiguidade anatémica, ¢ a clinica nos mostra que SOBRE A CONCEPGAD DAS ARREINS 7H smbinagio desse tipo, de alexia com assimbolia de gna com enor grau, sera observada no adoecimento do ior ino parietal do primeiro giro. Como jé foi dito, imevrrencia de ambos 0s sintomas no é necessiria, 2 com dessa regiio provocam, caso contrério, somente tes como disthrbio puramente verbal; quando, além ao surge assimboli, less bilsterais do terrt6rio seeal Optico devem estar necessariamente presentes, cormproximidades do terrt6rio acistico da linguagem vege a assimbolia em consequéncia de lesio unilateral (por causa da ligagio do “centro de linguagem” com as (oriagdes Opticas advindas de ambos os hemisférios). A rmbinagio de assimbolia com surdez verbal ocorre, ido, com mais facilidade do que a combinagio de Seimbolia com alexia; a primeira necessita somente de ima lesio unilateral na proximidade do campo cortical relistico, 20 passo que a segunda necessita de uma lesio bilateral, que pode, contudo, além disso, estar afastada do campo cortical actistico.!"* G. S. Freund descreven esse distirbio de lingua- fesse iad gem, que se encontra em discussio, como afasia 6ptica; Zio entretanto, ao que me parece, ele no discerniu no bojo [23.2 .... trelmerte dessa discussio a parte da afasia agnéstica daquela da as- j=", simbélica."? | ? Com isso, parece, podemos seguir a influéncia do aspecto tépico da lesio sobre a sintomatologia dos distir- bios de linguagem. Descobrimos, em linhas gerais, que essa influéncia se torna efetiva quando duas condig6es sio preenchidas: 1. quando a lesio encontra-se em um dos centros de linguagem, entendidos no nosso sentido (nas regides extremas do campo de associacao da linguagem), SOGRE A CONCEPGAS GAS AFASIAR TID Donnas IncOMPLETAS DES FREUO de algum tipo de adoecimento do aparelho 22a tose ots, oan, a pe com « procrvcio de aga mai conta dos elementos que conjuntamente tomar. Ba Saiki 3 naturezs dos restos de lingwagern ma afi parte nas associagdes da linguagem. Em todos os oye, mororas MA qual tao frequentemente ficam preservados a casos, far-se-i0 notar 20 lado do aspecto t6pico Fatore, Fisposicao dO enfermos somente 0 sime o nao, além de 0 utilizadas desde 0 inicio do falar. goers palavF25 8 des 2, Outra constatagio é a de que as associagdes mais suatemente exercitadas resistem melhor & destruigio. A ffi’ deve 0 fato de que pacientes com agrafia ainda iso ue escrever seus ROmeS, assim como muitss pes sary que ndo sabem escrever s8 conseguem escreverespe- sifeamente seus nomes. (Uma preservacio da capacidade uzer 0 nomic pr6prio nio ocorte, entretanto, na afasia irorora, nem pode ser esperada, visto que proferimos ito raramente nosso nome proprio) A influéncia da profssio pode, com base nessa constatagdo, mostrar-se bastante marcante; assim sendo, tomo de empréstimo a B. Hammond, por exemplo, a observagio de um capitio de navio que, tendo se tornado afisico assimbélico, 56 podia indicar a todos os objetos com nomes de objetos héuticos. Fungdes da linguagem como um todo também se comportario mais ou menos capazes de resisténcia no caso de lesdes, em conformidade com essa constatagi0, ‘ps: ‘A exemplo desse autor, tendo a relacionar 0 caso do freon fiancionas e, especialmente, devemos diferenciar qual dat duas condigdes mencionadas restou insatisfeita. Se a egg. encontra-se notadamente em um dos pontos nodais dy aparelho de linguagem, mas sem destrui-lo, esse elemengs da associagio da linguagem reagir’ como um todo a lee com uma modificagio de suas condigdes de funcionamen, to. Tornam-se efetivas, entio, as modificardes proposiyy por Bastian. Se, por outro lado, a lesio se encontra em img rea central, mesmo tendo efeito destrutivo, ela somente poderi produzir tais redugées de fungo do modo com que eu as procuro aqui arrolar e do préprio modo com que elas resultam conforme 4 composigio geral de um aparelho associativo. A extensio da lesio se limita, neste caso, no podendo entrar em contato, por nenhum lado, com um centro.” Para a avaliagao da fungio do aparelho de linguagem sob condigdes patol6gicas, partimos da frase de Hughlings Jackson segundo a qual todas essas formas de reagio expri- ‘mem casos de involugao funcional [Dis-involution]! do apa relho altamente organizado e, assim sendo, correspondem advogado relatado por? Marcé, em cuja afasia o ato de ‘2"""" ben escrever algo ouvido fora menos prejudicado, a0 exer- 2°" cicio destas atividades na coleta de informagdes. O fato de alguns sintomas da afasia se configurarem em pes- soas cultas de forma distinta do que ocorre em pessoas menos letradas € certamente de se esperar ¢ deveria ser investigado em pormenores. 3. O fato de que o que foi associado intensamente adquirir uma forca que prevalece a lesio, como resultado a estados anteriores de seu desenvolvimento funcional"? Sob todas as condigdes, um arranjo de associagdes mais elevado, desenvolvido posteriormente, ser perdido, ¢ um arranjo de associa¢des mais simples, adquirido anterior- mente, ficaré preservado. Sob esse ponto de vista explica-se um grande niimero de fenémenos da afasia. 1. Em primeiro lugar, a perda de novas aquisigdes linguisticas, como as superassociagées,

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