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2 SINTESE HISTORICA DE FATIMA DR, LUCIANO COELHO CRISTINO * —— SUMARIO Das origens & véspera da primeira aparigo de Nossa Senhora Da primeira apariggo de Nossa Senhora 2 sua primeira imagem Da primeira imagem de Nossa Senhora de Fétima a provisio episcopal de 1930 Da «magna carta» de Fatima coroacio da imagem de Nossa Senhora Da coroaciio da imagem de Nossa Senhora & peregrinacio de Paulo VI . Da peregrinagio de Paulo VI a de Jodo Paulo II . Da peregrinacio de Joao Paulo Il a actualidade reaver © Licenciado em Teologie Dogmética ¢ em Historia da Igreja pela Universidade Gregoriana de Roma e em Hist6ria pela Universidade de Coimbra. Director do Servico de Estudos ¢ Difusio de Fatima, 1—Das origens a véspera da primeira aparicao de Nossa Senhora Fatima, localidade com um nome ni mente drabe, surge no horizonte histérico- -geogréfico conhecido, nos fins do terceiro decénio do século XVI. © aglomerado é de- signado no numeramento populacional de 1527, como «vintena da Serra e Aljustreb> tinha, nesse ano, 36 fogos +, Nos meados do século (1561), dois lugares — Aljustrel e Mon- telo — aparecem registados no primeiro mapa corogréfico portugues Em 1568, é criada uma pardquia, ligada & colegiada de Ourém e ao arcehispado de Lis- boa, no lugar de Fatima, A 14 de Junho de 1586, toda a area inclui- da no termo de Ourém ¢ integrada na pequena diocese de Leiria ¢, que havia sido criada no ano de 1545. Os fogos sio, nesse ano, 144, distribufdos por 21 lugares 5. Nos prineipios do século seguinte, além da igreja paroquial, de uma ermida de romaria de uma capela particular, jé existentes, foram edificadas nada menos de trés ermidas pabli- cas: uma em 1604, na Moita Redonda, outra no mesmo ano, no Montelo, e outra em 1607, em Boleiros, indice de grande desenvolvimen- to demografico e espiritual °. Nos meados do mesmo século (1657), a freguesia tem mais de \ AN-TT., Livraria, a2 83: Registo das cidades vilas e logares..., 200 fogos *. Os habitantes vivem com certas dificuldades, devido sobretudo a aridez da Serra e & falta de recursos. No ano de 1758, sdo j4 27 os lugares men- cionados, com um total de 255 fogos e 870 habitantes. Além da igreja paroquial, ha ago- ra mais sete capelas, dispersas pela freguesia. Cultivava-se nessa época sobretudo 0 trigo, a cevada e o azeite; havia na drea da fregue- sia uma pedreira de pedra branca e uma lagoa que conservava a égua todo o ano, servindo de grande utilidade para os gados. Algumas casas tinham sido afectadas pelo terramoto de 1755 Sio escassas as informagies sobre o perfo- do que vai dos meados do século XVIII até aos principios do século XX. Até Fatima chegaram certamente os ecos dos acontecimentos nacionais que se verifica- ram na primeira década do século XX: o regi- cidio, em 1 de Fevereiro de 1908, e a implan- tagio da Repdblica, em 5 de Outubro de 1910. Na década seguinte, também a primeira guerra mundial atingiu Fétima, levando alguns jovens para as colénias portugucsas de Africa e, mais tarde, para os campos de batalha de Franga. Este acontecimento despertou um au- mento de fervor religioso. Em Outubro de 1914, escassos meses depois do inicio do con- flito, um jornal de Leiria noticiava que, em £1, 98 publ. em A. BRAAMCAMP FREIRE — . Entretanto, a 15 de Maio do mesmo ano, foi nomeado primeiro bispo da diocese restaurada de Leiria, D. José Alves Correia da Silva, que entrou na diocese em 5 de Agosto. O novo bispo visitou a Cova da Iria, pela primeira vez, em 12 de Setembro de 1921. Inicia-se entio a aquisic&o de terrenos na Cova da Iria para 0 ordenamento de espago para o futuro San- tudrio. Em 13 de Outubro do mesmo ano de 1921, quatro anos depois da iiltima aparicao, celebrava-se 2 primeira missa na Capelinha das Aparigées, e, em principios de Novembro, abria-se uma cisterna defronte da mesma Capelinha, A 6 de Marco de 1922, a dinamitagio da Capelinha das Aparicdes determinou final: ‘mente o arrangue decisivo para a investigagio 2 AAS, 10 (1918) p, 81-83, oficial canénica sobre os acontecimentos de 1917, com a nomeagao, por parte do bispo de Leiria, de uma comissio de inquérito, no dia 3 de Maio, Entretanto, o fenémeno de Fétima ia-se tor- nando conhecido no mundo, ao mesmo tempo que se dava corpo a um verdadeiro Santuério: inicio da publicagio do mensério Voz da Féui- ‘ma, em 13 de Outubro de 1922; criagao de uma associagio de servos (mais tarde chama- dos servitas), em 1924; construgio de um pavilhdo de doentes, em 1925; inauguracao de um posto de verificagdes médicas e de um albergue de doentes, em 1926. Em 28 de Maio de 1926, terminava em Portugal a Primeira Repiblica, iniciando-se um novo periodo da historia politica (0 «Estado Novo»), numa época em que se verificava ja um certo desanuviamento nas relagdes entre a Igreja e 0 Estado. Em 26 de Junho de 1927, era inaugurada ia-sacra na estrada do Reguengo & Cova ia, com a presidéncia oficial do bispo de Leiria, Em 13 do més seguinte, foi nomeado © primeiro capelao, comecando a existir 0 San- tuério propriamente dito. ‘A bencao da primeira pedra da grande igre- ja verificou-se em 13 de Maio de 1928. Foi a partir desse ano que se iniciou também o movimento organizado de peregrinacées e que a Santa Sé comecou a dar indicagdes concre- tas de aprovacio em relagio aos acontecimen- tos de Fétima e ao Santuério:.em 1927, a Sagrada Congregacio dos Ritos ja concedera para Fétima a missa votiva de Nossa Senhora do Rosatio; L'Osservatore Romano, didtio off: cioso da Santa Sé, publicava, a 3 de Junho de 1928, uma cronica da peregrinacdo de 13 de Maio anterior; em 1 de Outubro de 1928, 0 Niincio Apost6lico em Lisboa, Mons. Beda Cardinale, visitou pela primeira vez oficial- mente 0 santuério; em 9 de Janeiro de 1929, Pio XI ofereceu estampas de Nossa Senhora de Fatima aos alunos do Colégio Portugués em Roma e, em 6 de Dezembro do mesmo ano, benzeu uma imagem dessa invocagio desti- nada ao mesmo Colegio. ® GILBERTO FERNANDES DOS SANTOS, Os grandes Fendmenos da Cova da Iria e a Histéria da Primeira Imagem de Nossa Senhora de Fétima, Lisboa, Edigio do Autor, 1956, p. 57-68. SiNTESE HisTORIca DE FATIMA 23 4—Da «magna carta» de Fatima a coroa- ao da imagem de Nossa Senhora O movimento de expansio do culto de Nos- sa Senhora de Fatima no mundo incrementou- se extraordinariamente a partir do documento oficial do bispo de Leiria, de 13 de Outubro de 1930, declarando dignas de crédito as aparigées ¢ autorizando oficialmente 0 culto a ‘Nossa Senhora de Fatima, A investigacio canénica sobre os factos atribuides a vidente Jacinta, em 1934, e a transferéneia dos seus restos mortais, de Vila Nova de Ourém para o cemitério paroquial de Fitima, em 12 de Setembro de 1935, deram também uma dimensao extraordinéria 4 men- sagem de Fatima. A vidente sobrevivente, Licia de Jesus, ausentara-se de Fétima em 1921, para o colégio educacional de Vilar, no Porto, das religiosas doroteias; ingressara nessa congregacao em 1925, em Espanha, receben- do em Tuy e Pontevedra algumas revelacoes complementares da mensagem de 1917: a in- sisténcia na devogdo dos primeiros sébados e a consagracio do mundo e da Rassia ao Ima- culado Coragéo de Maria. Fortemente impres- sionada com as fotografias do rosto de sua prima Jacinta no caixéo, que the foram envia~ das pelo bispo de Leiria, a Irma Licia deixou transparecer algumas recordacdes sobre a vida dos seus primos e sobre os préprios aconteci- mentos de 1917. Instada a por por escrito es- sas lembrancas, daf resultaram as chamadas quatro Memérias, redigidas entre 1935 e 1941, com algumas precisdes sobre a sua propria infincia e a dos outros videntes, antes e depois das aparigdes de Nossa Senhora, ¢ a revelacdo de parte do segredo de Julho de 1917 e das aparigdes de um Anjo—o Anjo de Portu- gal — nos anos de 1915 e 1916. Da divulgacdo progressiva destes escritos surgiu 0 extraordinario incremento da mensa- gem de Fatima no mundo. Também a situagio de guerra que, entretan- to, veio a verificar-se, de 1936 a 1939, na Es- panha, onde a Irma Liicia continuava a residir, e, na Europa, de 1939 a 1945, trouxe, uma vez mais, 4 lembranca os acontecimentos de Fati- ma e a sua mensagem. Neste contexto, a dimensio verdadeiramente internacional e eclesial de Fétima intensificou-se ainda mais quando o Papa Pio XII, atento as solicitacdes da prépria vidente Licia, consagrou o mundo a0 Imaculado Corago de Maria, em 31 de Ou- tubro de 1942, ano do 25.° aniversdrio da apari¢ao de Nossa Senhora e da sua ordenagao episcopal. «Depressa Fétima se tornou o lugar sagra- do mais visitado de Portugal e um dos san- tuatios mais célebres do mundo. Através de Fatima € que muitas gentes, que no nos conheciam nem nos amavam, entraram na admiragio da nossa alma das nossas coisas. Nos préprios, os portugueses, que ha séculos vivemos no nosso lar pequenino, no sabiamos quase nada uns dos outros. Fatima aproximou- “nos nos costumes, na lingua, nos trajos, na psicologia. O norte € 0 sul descobriram-se. povo da costa sentiu que era irmao do povo da fronteira. O mar ¢ a serra uniram-se aos pés da Padroeira, na maior oragio colectiva da nossa Hist6ria. Foi o milagre. E 0 milagre con- tinua» 5—Da coroagio da imagem de Nossa Se- nhora & peregrinacio de Paulo VI Em 13 de Maio de 1946, 0 mesmo Papa coroou solenemente, através do seu Legado, a imagem da Capelinha das Aparigdes. Dias de- pois, a Irma Lticia visitava Fatima e Aljustrel, visita essa que determinou uma clarificacgo sobre a verdadeira Loca do Cabeco, lugar das aparigdes do Anjo. Desejosa de ingressar numa congregagio religiosa de maior recolhimento, entrou, em 25 de Marco de 1948, no Carmelo de Santa Tere- sa de Coimbra, onde actualmente vive. Em 1942, iniciara-se 0 costume de levar a imagem da Capelinha das Aparigdes a vérios locais de Portugal e da Espanha. A partir de 1947, uma outra imagem, que se designou pre- cisamente com o nome de «Virgem Peregri- na», percorreu quase todos os paises do mun- do até 1954 ¢ entre 1959 ¢ 1982; novamente retomou as viagens em 1984. Estas viagens congregaram milhdes de pessoas de todas as & D. JOSE ALVES CORREIA DA SILVA, 0 Culto de Nossa Senhora de Fatima, Leiria, 13 de Outubro de 1930, pis. = F, MOREIRA DAS NEVES, «Festas do Calend: em Vida e Arte do Povo Portugués, Lisboa, 1940, p. 180, 7 24. LUctANo COELHO CRISTINO racas, Iinguas e credos e alargaram extraordi- nariamente 0 ambito do conhecimento da historia e da mensagem da Cova da Iria. O encerramento do Ano Santo, marcado pelo Papa Pio XI para Fatima, em 13 de Outubro de 1951, ainda tornou mais conhecido este Santuério, desde entdo tornado meta de ‘muitos milhares ¢ até milhdes de peregrinos de todas as nages, entre os quais se contaram grandes figuras da Igreja e dos Estados, Um desses primeiros grandes peregrinos foi o Cardeal Roncalli, patriarca de Veneza, que visitou o Santuério em 13 de Maio de 1956, foi eleito Papa em 28 de Outubro de 1958, com o nome de Joao XXIII, ¢ anunciou, em Janeiro seguinte, 0 Il Concilio Ecuménico do Vati- cano, que abriu em 11 de Outubro de 1962. Iniciava-se, entretanto, uma nova era na histéria de Portugal. Em principios de 1961, davam-se os primeiros actos de revolta contra © dominio colonial portugués, com a ocupacao do Estado da India pela Unido Indiana, e com 08 actos de violéncia em Angola contra Portu- gal, que iniciavam um longo periodo de guerra colonial, com profundos reflexos na prépria interpretagéo da mensagem de Fétima e na afluéncia de peregrinos ao mesmo Santuario. Em 1963 reiniciava-se 0 Concilio, j4 com Paulo VI (Papa desde 21 de Junho), 0 qual, no encerramento da 3.* sessiio, em 21 de Novem- bro de 1964, ao mesmo tempo que declarou Nossa Senhora «Mae da Igreja», renovou a consagragio ao Imactlado Coracao de Maria, feita por Pio XII, e decidiu conceder «a Rosa de Ouro ao Santuério de Nossa Senhora de Fatima, tio querido, nao somente do povo da nobre nacdo portuguesa (...), mas também conhecido ¢ venerado pelos figis do mundo catdlico inteiro» —Da peregrinacao de Paulo VI a de Joao Paulo II Tal declaracéo solenfssima teve um coroa- ‘mento na peregrinaco do préprio Papa Paulo VI a Fatima, em 13 de Maio de 1967, 50. aniversério da primeira aparigio, «para rezar, uma vez mais, ¢ com a maior humildade devocio, pela paz» ™, Os anos seguintes foram os do pés-concilio: a Igreja foi-se readaptando, nem sempre sere- namente, as novas exigéncias doutrinais e pas- torais, ao mesmo tempo que a sociedade huma- na foi vivendo entre a perspectiva angustiante de nova conflagragio mundial e a esperanca num futuro de paz. Também Portugal vive entio os Ghimos anos da sua experiéncia de regime autoritirio que se vai esgotando inexoravelmente. A 25 de Abril de 1974, instaura-se um regime democratico em Portugal, com conse- ‘quéncias ainda dificeis de definir, mas algumas das quais ja visiveis: a descolonizacio, a sub- sequente reaproximagio da Europa e a instau- ragio lenta das estruturas democriticas ociden- tais. Isto no se fez sem ter havido algumas situacées de radicalizacio que chegaram a admitir a possibilidade de instauracao de regi- mes totalitérios de sinal diferente. Processo semelhante se verificou também na vizinha Espanha, a qual seguiu caminhos mais ou menos paralelos em direcco 4 Europa comunitéria. Na Igreja, termina o pontificado de Paulo VI (falecido em 6 de Agosto de 1978). Segue- -se 0 metedrico pontificado de Jodo Paulo I (33 dias, de 26 de Agosto a 28 de Setembro de 1978), 0 qual, como Patriarca de Veneza, tam- bém visitara Fétima, em 10 de Julho do ano anterior. A ele sucedeu o primeiro Papa nao italiano depois de 1523, 0 cardeal polaco Karol Vojtyla, que tomou o nome de Joao Paulo II. Foi uma lufada de ar fresco que percorreu 0 mundo inteiro, trazendo fundadas esperancas para a unidade e para a paz. Um inesperado acontecimento veio. porém, perturbar este optimismo e trazer, uma vez mais, Fatima e a sua mensagem ao primeiro plano da opiniao pablica mundial: no dia 13 de Maio de 1981, um atentado na Praga de Séo Pedro em Roma punha em perigo a vida de Joao Paulo II. A coincidéncia da data com mais um aniversatio da primeira apariedo de Nossa Sen- hora de Fatima, e 0 facto de no ter sucum- bido, levaram o Papa a considerar-se salvo por Nossa Senhora e a fazer uma peregrinago a Fatima. AAS. 56 (1964) p. 1017; Fétina na Palavra de Paulo VI, Documentos, 12°10, p. 16. » Ibidem, p. 15. SiNTESE HISTORICA DE FATIMA 25 —Da peregrinacéo de Joio Paulo II A actualidade Um ano depois, o Papa fez a sua peregri- nagio de agradecimento a Nossa Senhora de Fitima, querendo estar em oragio silenciosa, por largo tempo, junto da sua imagem, na hora exacta do atentado. Aproveita para fazer uma visita pastoral a Portugal, visita que deixou imensos frutos espirituais. Por desejo expresso do Papa Joao Paulo Il, a imagem de Nossa Senhora de Fatima da Capelinha das Aparic6es foi a Roma, renovan- do o Papa, diante dela, na Praca de S. Pedro, ‘a consagragéo do mundo ao Imaculado Corago de Maria, no dia 25 de Marco de 1984. m 13 de Maio desse mesmo ano, 0 Papa Joao Paulo II deu novo titulo & diocese de Leiria, acrescentando-lhe 0 nome de Fatima, dada a importincia que este lugar adquiriu para a Igreja e para o mundo. Todos os factos, relacionados com as aparigdes de 1917 ¢ a sua mensagem levaram, a partir da década de 1950, designagio do Santuério da Cova da Iria como «Altar do Mundo» e ao incremento, cada vez maior, deste ugar de peregrinaco, que cresceu tam- bém no desenvolvimento populacional, sécio- -econémico e cultural, de tal modo que, em ‘Agosto de 1977, foi elevada a categoria de vila a povoagao de Fatima com os lugares de Aljustrel, Cova da Iria, Lomba d’Egua € Moita. «s Porteria n° 519/77, de 13 de Agosto, que entrou em vigor # 19 do mesmo més (DR, 1 Série, de 13/8/1977) D: POPULACAO E DESENVOLVIMENTO URBANISTICO FATIMA MAGALHAES * SUMARIO 1. A populagdo permanente de Fatima 1.1, Evolugdo demogrética 1.2. Caracteristicas gerais 2. Populacio religiosa 3. A populagdo flutuante — Movimento de peregrinos 3.1, Alojamento: papel da inddstria hoteleira A actividade comercial 5. Servigos pablicos existentes em Fatima . Actividade industrial . Sugesties mays % Licenciada em Geografia Urbana pela Faculdade de Letras da Universidade Clissica de Lisboa. Pés-graduagio com Planeamento Urbano ¢ Regional pela Universidade de Durham — Gri-Bretanha, 1—A populagio permanente de Fatima O aglomerado de Fatima, indicado no nosso estudo, € constituido pela vila de Fatima, criada em 1977 com os lugares de Cova da Iria, Lomba d’Fgua, Moita Redonda, Fatima e Aljustrel, e pelos lugares periféricos de Casa Velha, Eira da Pedra, Moimento, Pederneira e Lameira com 0 total de 4982 habitantes em 1981 (INE). Neste aglomerado, o lugar que apresenta maior dinimica de crescimento € a Cova da Iria. Na Cova da Iria, em 1917, «Nao havia ali nada de construcio civil. Em cima deixara 0 homem o primeiro sinal visfvel da civilizagio: a estrada de macadame que descia para 0 Reguengo e Batalha»', Os restantes lugares, mais antigos ¢ de caracteristicas acentuadamente rurais, apenas totalizavam, em 1911, 882 habitantes. Em 1917, e apesar das Aparicbes, a Cova da Iria continuava a ser um descampado. Depois do anoitecer de um dia 13, o siléncio reinava até ao més seguinte, Nem sequer j4 era cortado pela passagem dos rebanhos, porque 08 pastos pisados pelas multiddes de curiosos deixavam de atrair os pastores. A multidao aflufa, mas ninguém se atrevia a fixar-se d nitivamente no local, porque o sitio era ermo, ‘0 movimento das pessoas muito localizado ¢ a Igreja ainda no se pronunciara sobre os acontecimentos. Em 1922, surgiu a primeira residéncia fixa, ou seja, a segunda construgio de pedra e cal, visto que a primeira fora a capelinha, Segundo 0 «Rol dos confessados» da paréquia de Fatima, a primeira familia residente na Cova da Iria era constituida por sete pessoas e veio do lugar da Lomba. Em 1940, o aglomerado de Fatima tinha 1649 habitantes, sendo 271 residentes na Cova da Iria, familias de carpinteiros e pedreiros que se deslocaram para a construgo da Basilica. Contudo, mantinha-se ainda o carécter tem- pordrio do aglomerado, pelas casas fechadas durante o ano, pela predominancia da acti dade agraria da populacdo, interrompida trocada apenas nos dias de grandes peregri- nagdes. Continuava a néo haver Agua, nem ‘esgotos, nem vias de comunicacio ou edificios apropriados &s varias actividades. Havia ape- nas uma aglomeragio de casas 4 volta de um Santustio. Depois de 1948, com a existéncia de um plano de urbanizagio que nao permitia as construgdes provisérias, verificou-se a fixagio de numerosa populacdo. Fixaram-se princi palmente os da regio, da freguesia de Fatima € de algumas freguesias limitrofes; petma- neceram aqueles que tinham terrenos na Cova da Iria ou nas proximidades. Quanto aos de fora, sobretudo feirantes, vindos de longe (orto, Figueira da Foz, Lisboa), que tinham a sua vida organizada nas suas terras, © para os quais a Cova da Iria representava unicamente uma data—o 13—e um local a incluir no seu constante deambular de feira em feira, fo- Tam-se embora. Em 1960, 0 aglomerado de Fatima tinha 3199 habitantes, dos quais 1028 residiam na Cova da Iria. Em 1970, esses nimeros subiram respectivamente para 3472 e 1339 habitantes. Em 1981, o aglomerado tinha 4982 habitantes dos quais 2191 residentes na Cova da Iria. 1.1 —Evolucdo demografica A populagio permanente do aglomerado corresponde sempre a uma percentagem insignificante, em confronto com a multidio ima... 1917», em Fatima $0, ano I, 1957, 0. 1, p. 7. 98. FATIMA MAGALHAES que aflui ao local, principalmente nos dias 13 dos meses de Maio a Outubro, e que constitui a populacdo flutuante, caracteristica dos cen- tros religiosos. O aglomerado de Fatima apresenta um crescimento acelerado podendo demarcar-se na sua linha de evolugdo quatro perfodos que apresentam ritmos préprios de crescimento (Quadro 1 e Fig. 1), Até 1940, 0 crescimento fez-se gradualmente & custa do crescimento natural dos lugares e sobretudo o da Cova da Iria, foi motivado pelos trabalhos de cons- trugao da Basilica que levaram a fixagio de construtores e respectivas familias. De 1940 a 1960, o ritmo de crescimento acentua-se, devido principalmente a influéncia que a aprovacao dos Planos de Urbanizacio (1948 © 1957) teve no ordenamento da Cova da Iria, que era o lugar que ja entao apresen- tava a maior dinimica de crescimento. Neste perfodo registaram-se também grandes celebra- bes religiosas de projeccio internacional, que decorreram no Santuério, atrafram populagao flutuante em larga escala e influenciaram a fixacio de populagio neste lugar. De 1960 a 1970, a tendéncia de crescimento foi mais ‘moderada, havendo apenas a assinalar em 1967 a celebragéo do cinquentenério das Aparicées, com a presenca do Papa Paulo VI, que moti- you a construgdo de novos hotéis e estabe- lecimentos comerciais e a fixagio de mais familias. De 1970 até & actualidade o cres- cimento acentua-se fortemente. QUADRO 1 EVOLUGAO DA POPULACAO RESIDENTE 981) aot | 1940 | 1960 | 1970 | 1981 Aljustrel 123| 162] 247) 284] 395 Casa Velha 132| 229] 303] 221] 241 Cova da Iria —| 271 | 1028 1339] 2191 Fitima 179| 253| 337) 382] S48 Loma gua | 8] 107) 293] 272] 313 Moita Redonda | 238| 379) 632) 725| 827 Lameira —| -| -| -]| — Eira da Pedra 53| 142) 203) 167) 195 Pederncira a9] a5| 79) —| 7 Moimento =| 21] 57] 62] ast ‘Aglom. Fatima | 882 |1649 | 3199 |3472 | 4982 Freg+ Fatima [2348 [3888 | 5852 |5898 | 7169 Verifica-se uma correspondéncia interes- sante entre as grandes peregrinacées, por ocasiao de eventos especiais, € os surtos de crescimento. Durante aquelas, redinem-se ¥: rias dezenas de milhar de pessoas que esti- mulam as actividades econémicas do aglo- merado. Esta exaltacdo econémica constitui um polo de atracc&o para as populagées em torno da Cova da Iria, levando algumas pessoas a trocarem as suas casas € as suas terras pela vaga perspectiva de enriquecimento relativo, no aglomerado. O encerramento do ‘Ano Santo em 1951, a entrega da Rosa de Ouro em 1965, 0 ano do Cinquentenério em 1967, com a visita do Papa Paulo VI, e a visita do Papa Joao Paulo II em 1982 foram datas muito importantes, que se repercutiram no crescimento de Fatima. ‘Uma das caracteristicas mais salientes da populaco permanente de Fitima é a existéncia de numerosas convivéncias, que correspondem as comunidades religiosas, lares, internatos, colégios, seminarios, hotéis, pensdes simila- res, Na medida em que a fixacio de trés ou quatro convivéncias representa largas dezenas de individuos, forgosamente isso reflecte-se em saltos no crescimento total da populacdo, consoante a fixacio dessas instituigdes no local. A dindmica de crescimento populacional que se verifica em Fatima é caracterfstica do crescimento de uma povoagio em fase de grande juventude, 1.2—Caracteristicas gerais ‘A populacao permanente de Fétima — 5058 habitantes — é bastante heterogénea, quer na sua estrutura elria, quer nas caracierfsticas sociais, quer no lugar de origem dos diversos grupos que a constituem. Na populagio per- manente de Fatima, para além dos leigos, destacam-se 0 grupo de religiosos e 0 grupo dos estudantes, parte dos quais sio semi- naristas (Quadro 2). Na pirdmide de idades, os elementos jovens ‘ocupam percentagens elevadas: cerca de 41,5% tinham menos de 20 anos de idade. A dilatacio das classes dos 10 aos 19 anos, que constituem cerca de 32,6% da populagao total, explica-se pelo nimero elevado de convivéncias do tipo educacional (seminarios e colégios) que exis- tem na Cova da Iria. Junte-se a isso as do tipo | | | POPULACAO & DESENVOLVIMENTO URBANISTICO 99 VILA DE FATIMA — 1985 EVOLUGAO DA POPULAGAO (INE) Nf dp abitantes ra.000-+ 7 ‘“ 7 pRegUESIA OE FéTIMA s000-+ 8000 / ‘AGLOMERADO OE FATIMA / ‘7000: 1 6000 t / 1 Jeova oa mia / I ‘5000: 4000 3000: I / / 2000- 1000 00 ae 301 1340 1960 1970 —— populartio: existente opulagto prevista FIGURA 1 100 EATIMA MAGALHAES QUADRO 2 ELEMENTOS DA POPULACAO! lomentos Total Tou! popula Absolute | Relative Populacio leiga 3980 18.1% Populagio religiosa 518 10,2% ‘Seminaristas 560 1% TOTAL 5058 100.0% hotéis, pensdes e similares, que empregam muita gente jovem, Contudo, esta populacio é muito instével © pouco significativa na evolugao natural do aglomerado: porque sao jovens, solteiros, que terminados os seus estudos, néo se fixam geralmente em Fétima (Quadro 3. Fig. 2). AS casas religiosas, sendo predominan- temente constitufdas por pessoas de 3.* idade QUADRO 3 PIRAMIDE ETARIA — FATIMA ‘Sexo Mascoling Sexo Femining tude Tot | Toa | tou | Tow Absolute | Relative | Absolute | Relativo 04 94 | 1,9% ag | 17% 59 | 128 | 25% | 141 | 2.8% 10-14 | 508 | 10.0% | 222 | 44% 15-19 | 494 | 9.8% | 426 | 84% 20-24 | 227 | 45% | 28 | 45% 25-29 | 136 | 31% | 151 | 3.0% 30-34 | 132 | 26% | 124 | 25% 35-39 | 109 | 22% | 107 | 21% 40-44 | 133 | 26% | 143 | 2.8% 45-49 | 130 | 26% | 117 | 2.39% so-s4 | 147 | 29% | 125 | 25% 55-59 | 104 | 21% 97 | 1,9% 60-64 | 101 | 20% 82 | 1,6% 65-69 | 87 | 1,7% 37 | 41% om | 82 | 16% at | 16% 75-79 | 49 | 10% 4 | 13% 80-84 | 38 | 07% 34 | 0.7% 589) 13 | 03% 23 | 04% 90-94 9 | 02% 4 | 008% >95 1_| 0.02% 2 | 004% TOTAL | 2742 | 54,3% | 2316 | 45,7% assim como os lares de 3.* idade, contribuem para o envelhecimento do aglomerado com 0 consequente aumento da mortalidade. Verifica- se também um desequilfbrio de sexos, pois as convivéncias religiosas femininas sio mais numerosas que as masculinas, tendéncia que € em parte contrariada pela existéncia dos semi- nérios. crescimento natural tem pouca impor- tancia no processo evolutivo da povoacio. Isto deve-se a0 nimero e 20 tipo de convivéncias existentes. Umas so constitufdas essencial- mente por jovens que se fixaram tempora- riamente em Fatima; no constituem familia nem criam raizes; é 0 caso dos internatos ou dos estabelecimentos hoteleiros. Outras, que englobam especialmente as do tipo religioso, formam elementos desfavordveis ao cres: mento natural da populacdo porque 05 que as habitam vivem em celibato, —Naturalidade A heterogeneidade dos elementos que compéem a populagio total de Fétima junta-se a extrema variedade das suas origens. No estudo das origens da populagio actual, veri- ficdmos que sé 1671 habitantes, cerca de 33,1% da populacao total, eram autéctones, isto €, naturais do concelho de Vila Nova de Ourém, sendo 6,6% estrangeiros (Quadro 4), Esta diversidade de origens atribui-se a0 caracter religioso do aglomerado e ao renome internacional de Fatima; deve-se sobretudo & existéncia de congregagdes e institutos reli- giosos que retinem membros de lugares varia- dos, quer do Pais, quer do estrangeiro. QUADRO 4 NATURALIDADE Toa Tol ee Absoluie | Relative Cone. de V.N. Ourém] 1671 33,1% Portugal Cont. ¢ Thas | 3051 603% Estrangeiro 336, 6.6% ‘TOTAL 5058 100,0% "A anilise da populagio do aglomerado de Fétima foi feita com base num inguérito realizado no local em 1985. ‘A auséncia de resposta a algumas questdes levantadas nesse inquérito faz com que algumas das caracteristicas estudadas rio abranjam a totalidade da populagio, $055 habitantes. 101 POPULACAO E DESENVOLVIMENTO URBANISTICO CUEM 8 0 8H) € Oe le TOE sce oo otk ee he ONINIEaS OxaS onrnnasn oxas vois1 oyovindod [_] vwsoioiay oyovindod ZZ $861 — VIHYLa SGINYHId 9861 — VWILy4 3a WIA FIGURA 2 102 FATIMA MAGALHAES —Actividades da populacéio A populagio residente em Fatima com- ‘QUADRO 7 SECTORES DE ACTIVIDADE preende 2815 habitantes inactivos ou seja eee Total Ta 55,7% da populagao total ¢ 2243 habitantes reer Absolute | Relativo activos (Quadro 5. Fig. 3). muaneth 18 anos) Grau de instragio ‘Toul Total > 18 anos Absolut | Relative ‘Analfabeto ou sabendo ler e escrever 401 14.1% 42 classe 1012 35,5% Ensino Basico 15,0% 92 ano 183% 129 ano 6.9% Curso Médio 5.4% Curso Superior 4.8% TOTAL 2852 100.0% —Atitudes ¢ comportamento ‘A populagdo de Fatima devido ao seu tipo de actividade muito voltada para o peregrino, nna dependéncia dos seus movimentos de fluxo ¢ refluxo, tem pouco tempo livre para dedicar a sie aos seus familiares. Também 0 facto da maioria das familias se dedicarem & mesma actividade (0 comércio ou os hotéis, res- taurantes e similares) cria um clima de con- corréncia entre elas que ndo favorece a criagio de lagos de amizade profundos. Os tempos livres siio vividos dentro do seu niicleo familiar mais chegado, 0 que conduz insensivelmente & formacao de pequenos clés, muito fechados sobre si préprios. Dum modo geral a populacao residente em Fatima tem habitos caseiros, talvez porque a falta de equipamentos de recteio ¢ lazer nao proporcione grandes convivios. ‘Assim, a ocupacdo dos tempos livres em casa faz-se a ver televisio, a ouvir rédio ou a conversar (Quadro 10. Fig. 7). QUADRO 10 OCUPACAO DE TEMPOS LIVRES EM CASA ‘Ocapagio do tempos lives | Total ‘Toul em casa Absolute | Relative Ler 597 14,0% Ouvir rédio mt 17,4% ‘Ver televisao 1091 26,7% Jogar 166 40% Trabalhos manuais 443 10,9% Conversar 635 15,5% Outras 444 10,9% ‘TOTAL 4089 100,0% Fora de casa os tempos livres sio ocupa: dos a sair com a familia, a ir a casa dos ami: gos ¢ familiares, a ir ao café (Quadro 11. Fig. 8). QUADRO 11 OCUPACAO DE TEMPOS LIVRES FORA DE CASA ‘Ocepagio do tempos livres | Total Total Tora de casa Absoluto | Relative Sair com a famflia 873 24.0% Ir a casa de amigos 799 21,9% Ir 20 café 616 16.9% Participar em festas ou ou reuniées 399) 11,0% Praticar desporto 260 11% Outras 692 19,1% TOTAL 3639 100,0% 106 FATIMA MAGALHAES. VILA DE FATIMA — 1985 GRAU DE INSTRUGAO (POPULAGAO > 18 ANOS) “anatabetas 02 sobendo ler © FIGURA 6 VILA DE FATIMA — 1985 OCUPAGAO DOS TEMPOS LIVRES EM CASA vir Rasio Ver elvisto FIGURA 7 POPULACAO E DESENVOLVIMENTO URBANISTICO 107 VILA DE FATIMA— 1985 OCUPAGAO DOS TEMPOS LIVRES FORA DE CASA Soir com a Familie FIGURA & As relagdes com os vizinhos nao sao fortes. 50,8% considera-os como estranhos, 33,3% considera-os pessoas amigas e 15,9% apenas os satida (Quadro 12. Fig. 9). QUADRO 12 RELACIONAMENTO COM OS VIZINHOS critica. Assim, 81,2% considera-o mal equi pado em servicos, centros de convivio e trans- portes, enquanto que os restantes 18,8% 0 considera bem equipado (Quadro 13. Fig. 10). A principal caréncia apontada é a de equi- pamentos culturais, desportivos ¢ recreativos Com base no inquérito, depreende-se que a populacio de Fatima vive confinada ao seu niicleo familiar, restrito, constituindo pequenas células independentes ou ligadas superfi- cialmente umas &s outras. O espirito de con- corréncia e de competi¢io econmica é muito forte e ndo facilita a formacao de uma verda- deira comunidade. ‘A atitude da populacio de Fétima em relago ao aglomerado onde vive é bastante QUADRO 13 ‘Tot | Tout Relacionamento com os vzinhos | bsetuto | Relivo LUGAR BEM OU MAL EQUIPADO? ‘Apenas 0s satida su | 13,9% ‘Acha que oseu ugar esti tem | Total | Total Considera-os seus amigos | 1066 | 33,3% ipa? tea Considera-os como estranhos | 1629 | 50,8% Sim a3 | 188% Nio 1345 | 81,2% TOTAL 3026 | 100,0% TOTAL 1658 | 100,0% (33,0%), seguindo-se-lhe estradas e transportes, (17,0%), infraestruturas e saneamento (8,2%), equipamentos de saide e assisténcia (6,1%) € escolares (0,9%). Uma percentagem signifi- cativa de habitantes considera que em Fatima falta tudo (26,3%), enquanto que 0,9% consi- dera que o aglomerado tem falta de seguranca ¢ tranquilidade (Quadro 14. Fig. 11). 108 FATIMA MAGALHAES. VILA DE FATIMA — 1985 TIPO DE RELAGAO COM OS VIZINHOS APENAS 05. SAUDA CONSIDERA-OS SEUS AMIGOS ‘CONSIDERA-OS CONO ESTRANHOS. o 0 2 30 0 30 c 70 0 90 100% FIGURA 9 QUADRO 14 VILA: DE FATIMA 1958 O QUE FALTA NO SEU LUGAR? UM AGLOMERADO BEM 5h a age ‘rot | Tort EQUIPADO? Absoluto | Ralatvo Equipamentos culturais, recreativos ¢ desportivos | 387 | 33,0% Egquipamentos de satide e assisténcia 1 | 61% Equipamentos escolares 11 | 09% Estradas e transportes a9 | 17,0% Infuestruturas e saneamento | 96 | 82% ‘Seguranca policial 1 0,9% Tudo 309 | 26.3% Diversos 45 3,8% Respostas ambiguas 44 | 3,8% TOTAL 1173 | 100,0% A maioria da populagio inquirida que respondeu & questo gosta ou nao de viver no seu Iugar, respondeu afirmativamente (Qua- dro 15. Fig. 12). QuapRo 15 GOSTA OU NAO DE VIVER NO SEU LUGAR? ‘Tout | Tot Gosia de viernes tugar? | Tout] Tout ‘Sim 1384 84,5% La Ls Nao 253 | 15,5% TOTAL 1367 | 100,0% FIGURA 10 POPULACAO E DESENVOLVIMENTO URBANISTICO. 109 VILA DE FATIMA — 1985, O QUE FALTA AO AGLOMERADO Equpamentos Cutters, Recrectvas © Despertivos Estradas Tronsportes Ee de Salde © Asistencia iroestrotras ‘sanecrenta FIGURA 11 VILA DE FATIMA — 1985, GOSTA DE VIVER EM FATIMA a 7 é ” 7» 30 © = @ 70 0 (om FIGURA 12 110 FATIMA MAGALHAES © que mais Ihe agrada no lugar onde mora é, por ordem de preferéncia, o ambiente de sossego ¢ recolhimento (55,5%), 0 Santuério e as caracteristicas religiosas do local (28,1%) (Quadro 16. Fig. 13). QUADRO 16 © QUE MAIS LIE AGRADA NO SEU LUGAR? equipamentos de lazer (9,3%) ¢ 0 excesso de comércio e especulacio (9,2%) (Quadro 17. Fig. 14), ‘Tot | Teal (© que mais he agrads no seu gat | ggcrino | Rettivo ‘Ambiente de sossego e reco- Ihimento Ta | 555% Santudrio ¢ caracteristicas religiosas do local 367 | 28,1% Servigos ¢ equipamentos 64 | 4.9% ‘Sem opinio definida ast | 115% TOTAL 1306 | 100,0% © que mais the desagrada no lugar onde ‘mora &, por ordem decrescente, a falta de in- fraestruturas e transportes (32,6%), a falta de formacao moral das pessoas (25,4%), a falta de ‘QUADRO 17 © QUE MAIS LHE DESAGRADA NO SEU LUGAR? (© que mais the desagrada ‘Tout | Tout no seu Togat Atsoluto } Relative Falta de infraestruturas € ‘ransportes 423 | 32,6% Falta de ordenamento urbano| 44 | 3,49 Falta de formacao moral das pessoas 330 | 25,4% Falta de equipamentos de lazer 11 | 93% Excesso de comércio ¢ espe- culagéo uo | 9,2% Barulho 42 | 3.3% Falta de equipamentos 16 | 12% Sem opiniio definida 183 | 141% Mendicidade 19 | 15% TOTAL 1297 | 100,0% © Santubrio ea Religiosiaade do oeat VILA DE FATIMA— 1985, O QUE MAIS AGRADA A POPULAGAO RESIDENTE FIGURA 13 POPULACAO E DESENVOLVIMENTO URBANISTICO a VILA DE FATIMA — 1985 O QUE MAIS DESAGRADA A POPULAGAO RESIDENTE Falta de Infroestruturas « Transpertes Foto de Formagte Morel oe. Pesseae Eeuipamentas ae exer FIGURA 14 © que a populagéo mais gostaria de ver instalado no lugar onde mora €, também por ordem de preferéncia, um cinema (16,2%), uma piscina (15.4%), um jardim ptiblico (15,3%) © um parque infantil (14,0%) Qua- dro 18. Fig. 15). Dum modo geral, a populagdo de Fatima considera que hi falta de convivio social entre QUADRO 18 © QUE MAIS GOSTARIA DE VER NO SEU LUGAR? os habitantes, 0 que dificulta a criagao de lagos de amizade uns com os outros. Como suges- tes para melhorar o convivio social entre eles, indicaram por larga maioria, a instalacao de equipamentos de recreio, cultura e lazer (59,7%), para além da melhoria do cardcter das pessoas (8,2%), ou da melhoria das infra~ estruturas (7,6%) (Quadro 19. Fig. 16). QUADRO 19 SUGESTOES PARA MELHORAR 0 CONVIVIO SOCIAL DO LUGAR Coomera” | site| atte| [Prater | a] ant Cinema ™ 16,2% Instalagao de equipamentos Piscina 36 15,4% de recreio, cultura e lazer 471 59,7% Jardim péblico 730 | 15.3% Promover a formacéo moral Parque infantil 668 | 140% das pessoas 65 | 82% Centro de dia para 3.* idade 584 | 12.2% ‘Melhorar as infraestruturas 60 7,6% TOTAL, 4782 | 100,0% TOTAL 789 | 100,0% 14 FATIMA MAGALHAES 2. Populacio religiosa A populacio actual de Fatima caracteriza- -se pela variedade dos elementos que a compée: leigos, estudantes ¢ religiosas. No entanto, as condigées do lugar, como centro religioso e de peregrinacio, contribuem para que seja o elemento religioso apesar de menor em nimero, 0 que maior afluéncia exerce no conjunto. A sua preponderéncia manifesta-se quer na estrutura da populacéo (envelheci- mento da piramide de idades, aumento da mor- talidade, desequilibrio da reparticao por sexos e estados civis, diminuicdo da natalidade); quer na distribuigao desta por origens. Os religiosos conferem caracteristicas qualitativas muito especiais 4 populacdo total do aglomerado. De idades geralmente superio- res a 20 anos, por um lado, engrossam a percentagem da populacdo, o que nao contribui para o aumento da taxa de natalidade; por outro lado, aumentam as probabilidades da mortalidade, uma vez. que € elevado o ntimero de pessoas de idades avancadas. Em 1985, a populacio religiosa do aglomerado de Fatima era de 518 habitantes, cerca de 10,2% da populacdo total e junta- ‘mente com os 560 seminaristas totalizava 1079 habitantes ou seja, 21,3% da populagao total. Depois de aprovado eclesiasticamente 0 culto, em 1930, através da pastoral «A Divina Providéncia», as ordens religiosas procuraram também ligar-se a Fétima, aumentando a heterogeneidade de actividades e origens que caracterizam a populacio do aglomerado. Em 1931, apareceram as Servas de Nossa Senhora de Fatima que se fixam, primeiro num edificio junto da igreja paroquial e em 1937 no proprio Santuario. Em 1939 surgem as Irmas Terceiras Dominicanas. Em 1934 fixaram-se as Irmis Reparadoras de Nossa Senhora das Dores (fundadas em 1928). No ano seguinte, estabeleceram-se as Irma Carmelitas Descalgas, inaugurando 0 seu Carmelo em 1939, préximo da Moita Redonda; em 1942, as Irmas Concepcionistas e, em 1945, as Irmas de Santa Doroteia. Conside- rando 0 crescente movimento religioso do lo- cal, 0 bispo de Leiria, determinou, numa proviso de 10 de Agosto de 1946, 0 «des- membrar da freguesia de Santo Anténio de Fatima desta diocese e isentar da jurisdiggo do respectivo paroco, 0 chamado Santuirio de Nossa Senhora do Rosério de Fatima situado na Cova da Ir Em 1948, existiam 7 instituicdes religiosas (Irmas Reparadoras, Carmelitas, Servas de Nossa Senhora de Fétima, Dominicanas, Doroteias, S. José de Cluny e Apresentagao de Maria) e construfa-se 0 Seminério Missionério da Consolata. No periodo de 1948 a 1958, fixaram-se no lugar 7 semindrios (Verbo Divino, Seminario Diocesano que foi transferido posteriormente para Leiria, Dominicanos, Missionérios do Coragio de Maria, Monfortinos, Beato Nuno, Capuchinhos) ¢ 12 instituicdes religiosas (Armas do Sagrado Coragio de Maria, Irma- zinhas de Jesus, Inmis Franciscanas Mis- sionérias da Mae do Divino Pastor, Irmas Dominicanas do Rosirio Perpétuo, Irmas de 8. Vicente de Paulo, Irmis de Nossa Senhora das Vitdrias, Irmas de S. Joao Eudes, Irmas da Divina Pastora, Irmzinhas de Assuncio, Irmas Carmelitas Terceiras do Sagrado Coracio, Irmas de Nossa Senhora das Gragas). Em Aljustrel, terra dos videntes, instalaram-se as Escravas de Jesus. De 1958 a 1969, fixaram- se mais 2 semindrios (Pio XII em Aljustrel e Marianos na Cova da Iria) e 8 estabele- cimentos religiosos ou para religiosos (Irmas Missionarias Reparadoras do Sagrado Coragio de Jesus, Fundagio Auxilio, Inmas Oblatas, Obra da Gaiata, Casa da Postulacdo dos Videntes, Irmis Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceicao e Irmas do Bom Pastor. De 1969 a 1973, instalaram-se no aglo- merado mais 2 seminérios e 5 congregagées: Padres Carmelitas Descalcos (Noviciado), Pa- dres Claretiano Missiondrios do Coracéo de Maria, Irmas Clarissas do Desagravo, Servas de Maria Reparadoras, Filhas de Santa Maria de Leuca, Irmas Filhas da Igreja. De 1974 até ao presente, fixaram-se 0 Lar Betinia, Inmas de Santa Cruz, Religiosas de Maria Imaculada, Auxiliares Missiondrias de Santa Cruz, Instituto Secular das Cooperadoras da Familia e 0 Mosteiro da Anunciacio. No total, 12 sio semindrios ou congrega- goes masculinas e 35 sio congregagées femi- ninas. O periodo de instalagio mais significativo, foi de 1950 a 1970, continuando-se esse ritmo até A actualidade, sobretudo nas instituigdes femininas (Quadro 20, Fig. 17). 116 FATIMA MAGALHAES ‘QUADRO 20 ANO DE INSTALAGAO DAS CONGREGACOES RELIGIOSAS Av ie isto [Feinins|Misins| Tout {5 dol Anteriorai9s0 | 7 | 1 | 8 | 16.3% Deiss0ai97 | 18 | 8 | 26 | 53.1%} Posterira 197 | 10 | 3 | 15 | 30.6% TOTAL as | 12 | 49 |10008 —Caracteristicas da populagio religiosa A populagio religiosa de Fatima, no total de 518 habitantes, é constitufda na sua maio- tia por pessoas do sexo feminino, 85.3%, enquanto que 0 sexo masculino representa 14,7% (Quadro 21). QUADRO 21 POPULACAO RELIGIOSA — 1985 teases Sexo Feminino | Sexo Masculino 0-4 59 10-14 15-19 i = 20-24 19 Ee 25.29 15 4 30.34 19 5 35.39 28 = 40-44 35 6 45-49 4 12 50-54 4B 6 55-59 38 un 60-64 40 8 65-69 3 5 70-74 45 10 75-79 28 5 80-84 25 4 85-89 8 x 90-94 3 - >95 TOTAL | 442 (85,3%) | 76 (14,7%) A sua estrutura etéria apresenta-se enve- Ihecida. A populagéo com idade superior a 65 anos compreende 36,4% do total. A sua origem é muito heterogénea, exis- tindo um nimero significativo de religiosos estrangeiros. Apenas 3,3% sio naturais de Fatima ou do concelho de Vila Nova de Ourém e 20,8% sao estrangeiras. Os restantes 75,9% so origindrios de diversos lugares de Portugal Continental e Tthas (Quadro 22). QUADRO 22 NATURALIDADE DA POPULACAO RELIGIOSA, ‘Tout | Tot foie Absoito | Relaiva Concelho de V..N. Ourém 17 | 33% Portugal Continental ¢Ithas | 393 | 75,9% Estrangeiro 108 | 20,8% TOTAL 518. | 100,0% As 49 casas ¢ instituigbes religiosas exis- tentes em Fétima tém uma capacidade de alojamento bastante significativa. Apresentam um total de 3274 camas das quais 2568 estio disponiveis para alojar peregrinos, alguns dos quais com ligagdes a propria comunidade religiosa. Varias destas casas e instituicdes religiosas tém obras sociais com interesse para a populacZo residente em Fatima, nomeadamente colégios, escolas, lares de 3.* idade, lares de estudantes, lares de proteccéo a menores, creches, infantdrios e centros de dia. Algumas prestam cuidados de enfermagem ou assis- téncia médica & populacio local, outras ins- tituigdes ensinam trabalhos manuais aos resi- dentes interessados (Quadro 23). Dum modo geral todas as casas e insti- tuigdes religiosas dao apoio aos peregrinos, nos dias 13, através dos servicos dos San- tudrio, quer no acolhimento, quer na distr buigio das refeicdes, quer na assisténcia aos doentes. Santuério de Fétima constituia o embriao da vila e € actualmente 0 motor da fungao teligiosa que dé a vila a sua razio de ser. A sua pastoral esté orientada para o acolhi- mento ¢ a assisténcia dos peregrinos, existindo para isso, diversos servigos: POPULACAO E DESENVOLVIMENTO URBANISTICO 7 A— REITORIA — Servigo de Direccdo (Englobante) B—SEAC — —Servico do ambiente ¢ construgies C—SEAL — —Servico de alojamentos D—SEAS. —Servico de associagées de Fatima E—SEAD — —Servigo de administragao (em geral) F— SEPRAM —Servico de promocdo e preservagio do ambiente (vigilancia) —Servigo de peregrinagdes aniversérias (dias 12/13 Servitas) G—SEPALI — Servigo de pastoral litdrgica (liturgia) H—SEPE — —Servigo de peregrinos I— SEPEAN J— SESDI — —Servico de estudos e difusio L—SEDO — —Servigo de doentes As fungdes destes servicos alargam-se a0 servigo littirgico, estudos ¢ difusio da Men- sagem, Associagdes (cruzados), doentes, alo- jamento ¢ alimentagéo dos peregrinos, con- feréncias ¢ informagdes aos peregrinos, com cio de artigos religiosos e livros e & admi- nistrago propriamente dita. © Santudrio de Fatima possui uma populacdo residente de 11 capelaes, 19 irmas religiosas e 13 empregadas domésticas inter- nas. A tempo parcial, regista a colaboracao de 10 padres. Pela diversidade de servicos que possui, 0 Santuério de Fatima constitui um importante local de emprego para a populacao leiga da vila. Actualmente, 0 Santudrio emprega 147 pessoas, incluindo colaboradores a tempo parcial, que se distribuem pelos diversos servicos. ‘A capacidade de alojamento do Santuétio 6 grande, Possui 741 camas que se destinam aos peregrinos e correspondem a cerca de 10,3% da capacidade total de alojamento do aglo- merado de Fatima. Casa de Retiros de Nossa Senhora das Dores — 62 camas Allbergue de Nossa Senhora das Dores — 143 camas Casa da Visitacio .. i — 52 camas Colunata Sul . ct o — 60 camas Casa de S. Miguel... ss — 84camas Abrigo de Peregrinos Paulo VI — 30 camas Casa de Retiros Nossa Senhora do Carmo — 211 camas Grande Alberguc... i a — 300 camas provis6rias TOTAL... 1252 QUADRO 23 INSTITUIGOES RELIGIOSAS EM FATIMA. ‘Ano de | Total de | Alois noun instalagio | Memiras | mento Cisse See 1 —Consagragio das Servas de Nossa Senhora de | 1931 | 19 — | Apoio ao Santuario. Fatima 2.—Congregacio das Reliogiosas Reparadoras de Nossa Senhora das Dores ssa | 37 | 150 |— Innis Carmelitas 93s | — —|- —Congregacio Portuguesa das Irmis Domini- ‘eanas de Santa Catarina de Sena 1937 | 36 | 279 | Enfermagem e ensino. 120 FATIMA MAGALHARS. 3—A populacéo flutuante. Movimento de peregrinos Os primeiros habitantes fixaram-se em consequéncia da presenca de peregrinos, a povoacio foi-se formando fundamentalmente para os peregrinos. A populacao flutuante, impossivel de quan- tificar, € uma constante da vida de Fatima; periodicamente desperta 0 pequeno aglome- rado, dando-lhe um movimento comparivel ao das grandes metrépoles. Evidentemente, este afluxo periédico tem os seus prolemas, mas é precisamente esta populacio flutuante que dé personalidade ao aglomerado. E uma popula- Gao variada, com predominio do sexo feminino ede um mimero importante de doentes, vindos nna esperanca dos milagres ou na necessidade de arranjarem animo para suportar os seus males, Desde as primeiras aparigdes, em 1917, a multidéo comegou a acorrer ao local. Em 13 de Agosto desse ano, reuniram-se cerca de 5000 pessoas na Cova da Iria e a 13 de Outubro, perto de 70 000 aguardaram 0 «milagre do sol», Mas, se nos primeiros tempos era principalmente a populagio dos arredores que se dirigia para o local, a pouco e pouco 0 raio alargou-se, comegando também a acorrer pessoas de todos os lugares do Pais. A 13 de Outubro de 1927, organizou-se a primeira peregrinagio de reparacdo nacional; em 1929, chegou o primeiro grupo de estrangeiros, vindo de Munique. Até aos nossos dias, 0 movimento jamais cessou e hoje anualmente, visitam Fitima mais de trés milhGes de pessoas, portuguesas ¢ estrangeiras (ano de 1985). Os maiores afluxos de peregrinos, portu- ‘gueses e estrangeiros, correspondem a anos de grandes solenidades religiosas. Em 1965, ano da entrega da Rosa de Ouro, oferecida pelo Papa Paulo VI, calculou-se um movimento total de cerca de 1,5 milhdo de peregrinos, quer em peregrinacoes oficiais, quer parti- culares; 22 paises estiveram representados 10 local. $6 no dia 13 de Maio desse ano, com as solenidades da entrega da Rosa de Ouro, afluiram cerca de 600 000 peregrinos portu- gueses e estrangeiros, figurando a Alemanha com mais de 600 pessoas. Em 1967, também se atingiu um valor elevado de peregrinos, cerca de 3 milhées, jf que se celebrava o cinquentenfrio das AparigGes, tendo-se veri- ficado a presenga do Papa Paulo VI a 13 de Maio. De 11 a 13 desse més, houve um movimento de vefculos superior a 70 000. No movimento de peregrinos de Fatima, poderdo distinguir-se dois periodos nitidos: 0 de Inverno, que vai de Novembro a Abril, ¢ 0 de Verao, desde Maio até Outubro. De In- verno, as celebragées realizam-se normalmente dentro da Basilica, néo sé porque o tempo nao permite as celebragées no exterior, mas também porque as pessoas que acorrem nao sio tio numerosas; restringem-se principal- mente a elementos dos arredores e raramente ultrapassam 6000 pessoas, que é a capacidade da basilica. Durante este petiodo, nio ha nenhum més que sobressaia em movimento, excepto 0 dia 13, se coincide com 0 domin- go, em que se poderé notar algum ligeiro acréscimo. Contudo nos iiltimos anos, tem-se verificado um aumento de peregrinos no periodo de Inverno, sobretudo aos fins de semana, O periodo de Verio é a antitese do anterior. ‘© movimento é enorme, calculando-se aprox madamente que a peregrinagao de Maio redina cerca de 500 000 peregrinos, seguida das de Agosto, com 300 000 e de Outubro, com cerca de 200 000. As peregrinagdes de Junho, Julho ¢ Setembro reiinem menos pessoas. Nos tiltimos anos, tém-se verificado modi- ficaces em relagéo ao movimento e ao tipo de populacao flutuante que frequenta o aglo- merado. Devido & projecco internacional de Fatima, reforcada pelas visitas do Papa Paulo VI e Joao Paulo II, tem aumentado o némero de peregrinos ¢ turistas que visitam o aglo- merado. Para além dos peregrinos sempre numerosos, assiste-se agora a vinda didria de peregrinagdes ¢ excursées, sobretudo de estrangeiros que fazem de Fatima, ponto de passagem obrigatorio. O contraste entre 0 perfodo de Verao e o perfodo de Inverno esta mais aceniuado, notando-se, durante 0 ano, um movimento maior aos fins de semana, para além do afluxo habitual dos dias 13. Ultimamente, 0 aglomerado de Fatima tem sido procurado como um lugar de repouso meditacéio, por pessoas adultas cansadas do stress urbano e por pessoas idosas. As primeiras instalam-se em Fatima normalmente por perfodos curtos que nao ultrapassam uma semana, ¢ as segundas instalam-se, por vezes, definitivamente. POPULAGAD & DESENVOLVIMENTO URBANISTICO qa © aglomerado de Fatima, para além de ser um centro de peregrinago consagrado inter- nacionalmente, comeca a impér-se a nivel nacional, como um lugar de repouso espiritual tanto mais necessério, quanto mais frenético é © dia-a-dia das pessoas. 3.1 —Alojamento: papel da indiistria hote- leira ‘A presenga de uma populagéo flutuante numerosa, vinda de lugares distantes © exigindo, por isso, a existéncia de um grande nimero de alojamentos, provocou o desen- yolvimento da industria hoteleira. O isola- mento inicial do lugar, isento de qualquer construc, as dificuldades de acesso, quet pela topografia da regio, quer pela inexis- téncia de vias de comunicagéo fécil, e a precaridade dos meios de transporte utilizados na €poca, implicavam demoras muito curtas ‘em Fatima, Os proprietérios das barracas que se armavam para o servico de refeigées, ou até para outros tipos de comércio, nao punham dificuldade, a troco de alguns escudos, em deixar af descansar os viajantes. Claro que as condiges de alojamento eram_precérias. Consistiam nalgumas camas armadas nas traseiras das barracas, por vezes também nos palheiros ou armazéns de arrecadagées, em casas dos arredores. A pouco e pouco, 0 habito de ceder alojamento foi-se enraizando e os naturais acabaram por transformar esse habito num modo de vida. ‘A 13 de Maio de 1929, inaugurou-se na Cova da Iria, o primeiro hotel, 0 «Hotel de N.* S. do Rosério de Fétima», propriedade do marqués de Rio Maior, para dar alojamento condigno a pessoas de uma determinada posicao social que exigiam um certo grau de comodidade. Localizava-se beira da antiga estrada distrital, todo construfdo em madeira; dai ser mais conhecido na regiéo por «Hotel de Madeira». A sua construcio constitu um acontecimento importante para Fatima, tendo sido inaugurado pelo General Carmona, Presidente da Reptblica na época. (0 «Hotel de Madeira» constituiu a primeira construgio funcional especializada, que se fixou na Cova da Iria. Mas 0 progresso nio parou e depois dele surgiram varias pensdes hotéis de luxo, que transformaram o des- campado primitivo num dos centros mais promissores da indistria hoteleira em Portugal (Quadro 24). QUADRO 24 EVOLUCAO DA CAPACIDADE DE ALOJAMENTO EM FATIMA (ESTARELECIMENTOS OFICIALIZADOS) Toul & a ene os |esabeecmeats . isteans | ce auaries | de comes 1931 5 36 a 1940 8 n 110 1950 9 96 12 1960 4 162 270 1970 2 m 170 1973 26 1029 1891 1985 33 1584 3213 Praticamente, no aglomerado, todos os habitantes alojam pessoas de fora, 0 que nio 6 de estranhar numa povoacao que esté sujeita periodicamente & chegada de grandes massas de individuos. Como os estabelecimentos hoteleitos aca- bam por ser em nimero insuficiente, desen- volveram-se 0s mais diversos meios de alo- jamento. Nesses perfodos de ponta, muitas casas particulares alojam peregrinos, assim como os semindrios ¢ casas teligiosas, con- ventos, adegas e casas de pasto, cafés, hotéis pensdes, quartos de aluguer autorizado ¢ nao autorizado concorrem para solucionar © pro- blema dos alojamentos ‘Actualmente, 0 alojamento oficializado de Fatima compreende: 1 estalagem, 10 hotéis, 5 residenciais, 14 pensées e 3 residéncias, com 0 total de 3213 camas. As casas e instituigées religiosas de Fatima apresentam a capacidade de 3274 camas para peregrinos. O Santuétio dispée de 1252 camas, © que juntamente com algumas casas parti- culares que nos dias 12 e 13 também recebem_ forasteiros transformam Fatima num aglome- rado com capacidade para albergar facilmente cerca de 8000 peregrinos (Quadro 25, Fig. 18). A indiistria hoteleira de Fatima regista uma quebra de frequéncia no perfodo de Inverno, contudo esssa quebra é atenuada através dos cursos ¢ retiros espirituais que se realizam frequentemente no aglomerado, assim como 122 FATIMA MAGALMAES. QUADRO 25, CAPACIDADE TOTAL DE ALOJAMENTO total dealgamento | Total | Total Copacidade oil de alejanento | ansolto | Relatvo Estabelecimentos oficializados | 3213 | 41,5% ‘Comunidades religiosas 3274 | 423% Santusrio 1252 | 16.2% TOTAL 7739. | 100,0% através de festas de casamento € baptizado que sio habituais nos fins de semana. Também com o correr dos anos, Fatima tende a deixar de ser um lugar de passagem para se tornar num local de maior perma- néncia. Impondo-se, incontestavelmente, como centro religioso, vem atraindo um grande niimero de pessoas que a escolhem para lugar de repouso, e se alojam de preferéncia nas casas religiosas. No aglomerado de Fétima, existem vérios restaurantes cafés que servem de apoio indistria hoteleira e alguns estio mesmo anexos a hotéis e pensdes. O seu némero tem aumentado bastante ¢ totalizam actualmente 143 unidades. Inicialmente previstas para satisfazer as necessidades alimentares da populacao flutuante, hoje constituem tam- ‘bém um equipamento de lazer da popula fixa. VILA DE FATIMA — 1985, EVOLUGAO DA CAPACIDADE HOTELEIRA (EVOLUGAO) FIGURA 18 POPULAGAO & DESENVOLVIMENTO URBANISTICO 123 4—A actividade comercial A actividade comercial surgiu no local das aparigdes logo desde o primeiro momento, em barracas improvisadas, dispostas ao longo da estrada principal, onde se vendiam comidas, bebidas © artigos variados. Assim que 0 aglomerado se concretizou em construcdes permanentes, também a evolugao destas foi acompanhada de uma correspondente evolugio de casas comerciais. A fixagio de alguns comerciantes no impediu que permanecessem as barracas improvisadas ¢ que, nos perfodos de maior movimento, o lugar fosse invadido por uma multiddo de vendedores ambulantes, que procuravam impingir, o mais rapidamente possivel os seus artigos. Aquando da regu- larizaco urbanistica do recinto do Santudrio, depois de 1948, os terrenos em que assentavam essas barracas foram expropriados. Em troca, construiram-se, em torno de duas pracetas, locos com um total de 88 lojas para venda de artigos religiosos: a Praceta de S. José, em 1950, localizada na zona poente do aglo- merado e a Praceta de S.” Anténio, em 1961, na zona nascente. As lojas sio pro- priedade do Santuério, que as alugou a par- ticulares numa tentativa de fixar e concentrar em locais especificos, 0 comércio de artigos religios. Actualmente, os estabelecimentos comer- ciais surgem num ritmo acelerado, predo- minando 0 comércio otientado para servir © peregrino, isto, é para uma populacao extralocal. Dum modo geral os estabelecimentos existentes so polivalentes, isto é, agregam varias unidades funcionais de comércio ou servigos. Assim , é frequente encontrarem-se lojas de artigos religiosos com artigos regio- nais material fotogrdfico ou lojas de mobi- liério que associam artigos de decoragio electrodomésticos, por exemplo. Muitas das casas comerciais consideradas para a populagdo fixa no estio completamente isentas da influéncia da populagéo flutuante, na medida em que quase todas elas possuem também artigos religiosos. ‘A propria indiistria hoteleira tem em quase todos os seus estabelecimentos, junto & recepgio, um quiosque para venda de artigos religiosos aos seus clientes. Varios factores concorem para que se verifique este predominio do comércio de —Factores psicolégicos, inerentes as caracteristicas do centro de peregrinagio. As pessoas tém sempre uma tendéncia para trazer dos sitios onde vao, qualquer coisa que Ihes recorde mais tarde esse lugar. No caso particu- lar do centro de peregrinacao, esse hébito da Iembranca é reforcado, na medida em que 0 objecto da recordacao tem um valor mistico, & um testemunho conereto do lugar santificado, para guardar ou para oferecer a parentes e amigos. 2.°—O comércio de artigos religiosos & previlegiado, uma vez que sao rarfssimas as pessoas que nfo compram «lembrancas», pagando logo @ pronto; pode-se dizer que estas so condigdes ideais para qualquer comer- ciante. ° — Os artigos religiosos nao tém tabelas, ¢ isto constitui um dos factores importantes aliciantes na explicagio do sucesso deste tipo de comércio. Os artigos religiosos so aqueles que dio as maiores margens de lucro Nos tiltimos anos, para evitar a saturagio do mercado em artigos reliosos, verificou-se uma variagio no ramo; surgem assim casas de artigos regionais, embora apoiadas no comér- cio de artigos religiosos. Procura-se fugir a0 perigo duma possivel estagnacio econémica ¢ aproveitam-se as caracteristicas turisticas de alguns peregrinos, para diversificar o ramo de actividade, no obstante prejudicar a imagem religiosa do aglomarado de Fatima. Fatima é 0 maior niicleo de comércio de retalho no concelho de Vila Nova de Ourém. A preferéncia dos comerciantes de artigos religiosos vai nitidamente para os artigo importados, pois € grande a sua variedade e sio satisfatOrias as listas de precos e encargos aduaneiros. Por toda a Europa floresceram ‘muitos centros de peregrinagao que hoje tém importantes indistrias de artigos religiosos. Trabalhando em série ¢ fornecendo a baixo preco, acabaram por conquistar os mercados estrangeiros. Deste modo, é mais Iucrativo importar do que comprar no Pais, onde no existe uma indisiria organizada que trabalha em série até permitir a redugao dos pregos. Da industria nacional os comerciantes fornecem-se de velas, fabricadas em S. Joao da 124 FATIMA MAGALIIAES Madeira € Mira d’Aire; de plésticos da Marinha Grande, Leiria e Coimbra; de artigos de ourivesaria, medalhas et... exclusivamente de Gondomar. Na regiéo de Fatima desen- volveram-se pequenas indistrias de artigos religiosos, que tém proliferado nos tltimos anos e se destinam a abastecer 0 aglomerado de Fétima. Na dtima década e acompanhando o aumento populacional de Fatima, verificou-se © aparecimento acelerado de lojas de artigos mais diversificados e que visam atender as necessidades da populacao fixa, Dum modo geral, estes estabelecimentos associam diver- Sos tipos de comércio, constituindo-se em agrupamentos de unidades funcionais. Actualmente existem 305 unidades funcio- nais de comércio, sendo 58,3% de artigos religiosos e regionais e correspondendo os restantes 41,7% ao comércio diversificado, normalmente destinado as necessidades da populacio fixa (Quadro 26, Fig. 19). QUADRO 25 UNIDADES COMERCIAIS Inidadescomercais Total | Total a Absolute | Retativo Artigos religiosos e regionais | 178 | 58,39% Santuério 7 | 41.7% ‘TOTAL 305 | 100,0% © ritmo de crescimento das unidades comerciais acelerou na tiltima década, Assim, no perfodo de 1917 a 1974, o ritmo de cres- cimento processou-se A média de 3 unidades por ano, de 1974 a 1985 esse ritmo subiu para a média de 10 unidades comerciais por ano, sendo 4 de comércio diverso (Quadro 27). QUADRO 27 ANO DE INSTALACAO DAS UNIDADES COMERCIAIS “Astigos rligosos| regions | Comécio diverso ‘Ano de istalagzo ‘Total | Total | Total | Total |Absotuto| Relatvo] Absoluo| Relative Anterior a 1974 | 108 | 60,6%] 81 | 63,796 Posterior a 1974 | 70 | 39,4%) 46. | 36,306 TOTAL 178 100,0%] 127 /100,0%% VILA DE FATIMA — 1985, UNIDADES COMERCIAIS sc At 1 prose ass FIGURA 19 5 —Servicos Pablicos existentes em Fatima Nos iiltimos anos, Fitima constituiu-se no centro de servigos mais importante da regiio © que assegura ao mesmo tempo um niimero significativo de empregos. Actualmente exis tem 121 servigos piblicos, pessoais ¢ domés- ticos, sendo 71 anteriores a 1974 ¢ 48 de aparecimento posterior a 1974, Dum modo geral' os equipamentos exis- tentes em Fétima surgiram para satisfazer as necessidades dos peregrinos. Contudo, a popu- ago fixa também vai beneficiando de grande mimero desses equipamentos, assim como vao POrULACAO & DeSENVOLVIMENTO URBANISTICO 125 surgindo outros que se destinam fundamen- talmente 8 populacdo residente. Os servicos piblicos mais importantes que servem simultaneamente os peregrinos ¢ a populacio fixa sio: —Umna estaco dos C.T-T., um posto da P.S.P., um posto de Turismo, um Museu de Cera, um Museu Etnogrifico, uma estacio da Rodoviéria Nacional, o Centro Pastoral de Paulo VI, os servicos religiosos ¢ de satide, os bancos, cabe- leireiros, fot6grafos, setvicos de taxi estagées de servico. Os servicos piblicos que servem essencial- mente a populacdo fixa sio: —as escolas, os colégios, 0 centro des- portivo, o cemitério, a Junta de Fre- guesia, uma delegacdo de Finangas, a Casa do Povo, para além das lavan- darias, oficinas diversas, alfaiataria, gabinetes de profissdes liberais e agén- cias de seguros. Os servicos de assis- téncia social i infincia e 3.* idade incluem-se também neste grupo. Os servigos piblicos que se destinam quase exclusivamente aos peregrinos do os servigos de recepgao e acolhimento de peregrinos e as. instalages sanitarias. Os servigos de satide existentes em Fatima ‘incluem: —Uma clinica com capacidade para 30 doentes, um dispensario médico na casa das Inmas de S. Vicente de Paulo, servico médico para os beneficiarios das Caixas de Previdéncia e dois consul- t6rios particulares. O Santudtio dispoe de um Albergue de Doentes, bem equi- pado e preparado para operacdes cirir- gicas, mas que se destina ao uso exclu- sivo dos peregrinos. Os estabelecimentos de ensino séo todos orientados por instituig6es da Igreja e tém uma rea de influéncia bastante vasta, de impor- tancia regional: — Jardim de Infancia «Jacinta Marto» das Religiosas Reparadoras de N.* S.* das Dores; —Residéncia Infantil orientada plas Filhas de S." Maria de Leuca; —Extemato de S. Domingos, dirigido pelas Irmas Dominicanas; — Colégio do Sagrado Coracdo de Maria, a cargo das Irmas do Sagrado Coracio de Maria; —Colégio de S. Miguel, que é um esta- belecimento diocesano. Os estabelecimentos de ensino secundério (Colégio de S. Miguel e Colégio do Sagrado Coracio de Maria) desempenham um papel importante no povoamento de Fatima. Nao s6 atraem alunos de fora da regio, que ficam internados em lares da Cova de Iria, como impulsionam as migracGes didrias, com 0 movimento dos alunos externos. Salienta-se também o trabalho de promocéo social ¢ cul- tural que as escolas e colégios estio a fazer na regiio de Fatima, quer pela instrugio das ctiangas e jovens, dando-Ihes novos horizontes de vida, quer pela tentativa de despertar interesses culturais nos adultos, originando cursos de formacio social e cursos nocturnos. A dindmica de crescimento deste sector de actividades, verificou-se no perfodo anterior a 1974, & média de um servico por ano, enquanto no periodo posterior a 1974, o ritmo de crescimento foi superior, registando a média de quatro servigos por ano. Também os vérios semindrios de Fatima tém um peso cultural significative e desde 1969 que conjugaram os seus esforcos, unindo- se no CEF (Centro de Estudos de Fatima) que distribuiu entre si os diferentes anos escolares. Em 1985, 0 CEF tinha 737 alunos, sendo 197 estudantes leigos do sexo feminino; apenas 0 Seminérios de Pio XII com 20 seminaristas, permanecia independente. A populacio escolar de Fétima é numerosa, totalizando 2143 alunos, dos quais 560 seminaristas. Os Jardins de Infancia e 0 ensino primério agregam 234 criancas. O ensino secundério atende 2106 alunos. Com excepcao dos seminérios, todos 0s outros estabele- cimentos funcionam em regime de externato (Quaéro 28). ‘A Grea de residéncia dos alunos, nao seminaristas, que frequentam os colégios externatos (1583 alunos) € bastante vasta embora a maioria resida no concelho de Vila Nova de Ourém (Quadro 29). 126 FATIMA MAGALHAES. QUADRO 28 EXTERNATOS DE FATIMA, Populagio escola Extematos nies Colégio de S. Miguel 612 Colégio do Sagrado Coragao de Maria 540 Externato de S. Domingos 131 Residéncia Infantil de Santa Maria, Seuca 51 Jardim de Infancia Jacinta Marto 52 CEF e Pio XII (1) 157 TOTAL 2143 ‘QUADRO 29 AREA DE RESIDENCIA Awa de residéacin ‘Total de nlunos Freguesia de Fatima 938 Concelho de Vila Nova de Ourém| 232 Concelho de Leiria 217 Concelho ds Batalha 34 Concelho de Alcanena 90 Concelho de Porto de Més 39 Concelho de Torres Novas 3 TOTAL 1583 aglomerado de Fétima dispoe jé de um néimero significativo de servigos péblicos © privados para atendimento da sua populagao fixa e flutuante. Contudo, a fungao religiosa mantém-se como a funcio dominante no aglomerado, sendo de salientar que os servigos plblicos mais significaticos sdo prestados pela populagio dos religiosos. ‘As escolas e colégios, os lares de 3.* idade e centros de dia, as obras de protecgio A infincia e a pessoas mais desfavorecidas, so servigos existentes no aglomerado, prestados quase exclusivamente pelas comunidades religiosas residentes em Fétima. Fétima constitui uma realidade geogrifica profundamente marcada pela sua fungao rel giosa, Sao os numerosos conventos ¢ semi- nérios que Ihe do imponéncia e a toponimia das ruas que traduz a importancia do factor (©) 0 CEF agroga $60 alunos o Pio XI 197 alunos religioso. Ba forga atractiva do Santuério na claboracao da fisionomia urbana. Possuindo varias actividades do tipo urbano, todas elas estio subjugadas & populagio flutuante das peregrinacOes. Também na estrutura urbana do aglomerado, os vastos edificios e os intimeros espacos livres reflectem as necessidade de recepeao e de alojamento das grandes massas de gente e dos seus meios de transporte. Para além dos aspectos materiais marcados na paisagem urbana, hd os aspectos espirituais que sao difundidos pela populaco religiosa, através da educagio escolar, da palavra ¢ da pritica religiosa, da frequéncia de encontros catélicos ¢ da disponibilidade em tempo ¢ cespaco para a realizacio de reunides e con- gressos. Tudo isto, em suma, propicia o desenvolvimento e o robustecer de uma fungao religiosa e cultural que poderé transformar Fatima num poderoso centro espiritual de grande impacto nacional ¢ internacional. 6 — Actividade industrial A actividade industrial de Fatima encontra- -se ligada & funcao religiosa do aglomerado predominando as oficinas e fabricas de artigos religiosos que produzem para abastecimento local. Presentemente existem 32 unidades industriais de pequena dimensio, nomea- damente: — Doze fabricas de artigos religiosos, das quais 5 séo posteriores a 1974; —Ouarto carpintarias e uma fabrica de méveis, todas anteriores a 1974; —Trés serragées de madeira, anteriores a 1974; — Seis serralharias civis, das quais trés sio posteriores a 1974; —Duas tipografias, que surgiram poste- riormente a 1974, —Duas serragées de marmores, sendo uma posterior a 1974; — Uma fabrica de bolos, que surgiu poste- riormente a 1974; —Uma fabrica de artesanato téxtil, que é posterior a 1974. Assim, das 32 unidades existentes actual- mente, 19 sdo anteriores a 1974 © 13 sao posteriores. POPULACAO & DESENVOLVIMENTO URBANISTICO 127 Verifica-se assim que a actividade industrial do aglomerado se relaciona sobretudo com a funcio religiosa de Fatima e com as condicées naturais da regiao, mais propriamente com a sua cobertura florestal, que permite 0 desen- volvimento das serracdes de madeira ¢ das carpintarias. —Sugestées para o ordenamento do aglomerado Sem esquecer que Fétima permanece como ‘um centro de peregrinagio, urgiria, no entanto, satisfazer as necessidades da populagio fixa que habita permanentemente no aglomerado, € se encontra, actualmente, condicionada pelo excessivo predominio das caracterfstica reli- giosas daquele. A existéncia de um aglomerado, como Féitima, que necesita de grandes investimentos de capitais em qualquer obras de cardcter piblico que se realize, visto que atende uma populagao oscilante que, em certas épocas do ano, se conta pelas dezenas ou centenas de milhar, cria sempre problemas dificeis de resolver. Urgiria repensar a hierarquia admi- nistrativa de Fatima, de modo a facilitar a resolugao dos seus problemas. 180 Luis Xavier, Peregrinacio de 13 de Outubro de 1951 (Encerramento do Ano Santo) INTERVENCAO DO MINISTERIO DAS OBRAS PUBLICAS 181 ae ad Ce nae SOS Peregrinagio de 13 de Maio de 1987

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