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Coleccao Formacao Modular Automovel TERMODINAMICA CD CEPRA da Reparacéo Automével COMUNIDADE EUROPEIA Funde Social Europeu 9407 MOPPESSCEPRAI37 DCEPRA CEPRA Colecgdo —_Formagéio Modular Automével Titulo do Médulo —Termodinamica Coordenagao Técnico-Pedagogica Direcgao Editorial Autor Maquetagem Propriedade 19 Edigdo Legal CEPR — Centro de Formagao Profissional da Reparagao Automével Departamento Técnico Pedagégico CEPRA — Direcedo CEPRA — Desenvolvimento Curricular CEPRA ~Nacleo de Apoio Grafica Instituto de Emprego e Formago Profissional Ay. José Malhoa, 11 - 1000 Lisboa Portugal, Lisboa, Fevereiro de 2000 147897/00 © Copyright, 2000 Todos os direitos reservados IEFP. “Produg&o apoiada pelo Programa Operacional Formac3o Profissional e Emprego, cofinanciado pelo Estado Portugués, pela Unido Europeia, através do FSE" “Ministério de Trabalho e da Solidariedade ~ Secretaria de Estado do Emprego e Formacao” PCEPRA : re INDICE DOCUMENTOS DE ENTRADA OBJECTIVOS GERAIS. OBJECTIVOS ESPECII PRE-REQUISITOS. CORPO DO MODULO ICOS 0 — INTRODUGAO ot 4. - NOGOES ELEMENTARES DE TERMODINAMICA. an 4.1 - SISTEMAS TERMODINAMICOS, 44 1.2 - PROPRIEDADES, ESTADOS, TRANSFORMACOES E CICLOS. 14 4.2.1 - PROPRIEDADE “ 14 1.22 - ESTADO 12 1.23 - TRANSFORMAGAO, 12 1.24 -CICLO 12 1.3- ENERGIA, TRABALHO, CALOR. 13 4.3.1 - ENERGIA sosmnan 13 4.32 - TRABALHO. 13. 1.33 -CALOR 13 1.4 - TRANSFORMACAO DE ENERGIA CALORIFICA EM ENERGIA MECA- NICA 14 2 - ISOBARICAS, ISOCORICAS, ISOMETRICAS, ADIABATICAS E PO- LITROPICAS. 24 2.1 - ISOBARICAS. smn BA 2.2 - ISOCORICAS. 23 2.3 - ISOTERMICAS son 24 2.4 - ADIABATICAS 26 2.5 - POLITROPICAS 29 2.6 - APLICAGAO PRATICA DE TRANSFORMACOES TERMODINAMICAS.....2.9 3- LEI DOS GASES PERFEITOS 4 - PRINCIPIOS DA TERMODINAMICA ..esesesssesseseen 4.1 - PRIMEIRO PRINCIPIO DA TERMODINAMICA..... sone hl 4.2 - SEGUNDO PRINCIPIO DA TERMODINAMICA 44 4.3 - DESORDEM E ENTROPIA. sons 45 ‘Tetmodinamica - Indice FCEPRA 5 - CALCULO DO TRABALHO NUM DIAGRAMA DE CLAPEYRON. 6 - MISTURA DE GASES IDEAIS ..s.cssssssssnssee 6.1 - PRESSAO PARCIAL - LEI DE DALTON. 64 6.2 - VOLUME PARCIAL ~ LEI DE AMAGAT 62 7 - MUDANGAS DE ESTADO 7.1 - VAPORIZACAO DE GPL. 7A BIBLIOGRAFIA.... DOCUMENTOS DE SAIDA POS -TESTE. CORRIGENDA DO POS -TESTE.. Termodinamica Indice Arr eS DOCUMENTOS DE ENTRADA AcePRA aps cea pcs OBJECTIVOS GERAIS E ESPECIFICOS No final deste médulo, o formando devera ser capaz de: OBJECTIVO GERAL OBJECTIVOS ESPECIFICOS FCEPRA PRE-REQUISITOS COLECGAO FORMACAO MODULAR AUTOMOVEL Comnnsoen || commento wemeomoe || sponse aman e ||P coo sncemao ce |lewenmarcracens| | eecticae aie || ncromegmecre- || Tomes tatrens |] TSS nto Sitsecis Sceoramtame, || ‘saanenac || Sonate ‘rc inogndon | [ta sip | cancniic © ago Gunn . tmenconranssese||"""aetaqams” || Fincenamonovs |] osttuese || Cancraear _| [etm Aa Memprosessoes || Senco ao ‘ne or ‘ben | Sanaa de Sitcr de Noose || Alimasiotieed |] mertriopor || stores detrico || Setrmnsecoee recent terme retro ite | | | ceca || Sstenise || tampa ratte | pacapmaeranis || SEESAMO |] summa de se incom rosin a conan sitenasce || situmus cecontoro| | entrauconecaras|| —sstwmas de || swtera do taco] | Sites de Tavs] segmangaranona || °"eSequangs || "ce wocenies || Tonerens "earns “Rtsequie ‘Stamos de Deco occa | 808 Suapenato} | Deumentons Re l| vrata oradue || Sten do ficients ns Sarbondonenn ‘econdconas || Sopra ea ‘Supensto. annestcoe | [Unaaies Erne] en sswmaseweronice] | Raperac om _ | |snConan, mean || mance mete | Sxnae de mectt || Tepcos de Dates) | — Danae niin deca so || Ropsonsoum || rari em . ansengo Escape Opecane || sss com Goan} | Stem ton Prenat a > onniman’”” || Auomtedperor|| Eqapwrmocon ||" scweore =, ‘Stn RRRT CET freceros co Foncto] [aes aunens oe Teen = Wanariapeme ||" iin secon |) imag |] Mette || rar OUTROS MODULOS A ESTUDAR tmumdiraoee |) oeemo Tecnico |] watmsicarctese || FE QUE” |] canto Ofc £2 Termodinamica PQ CEPRA (SEN ee CORPO DO MODULO Ocean (i ee) 0 - INTRODUGAO ‘A Tetmodinamica & um ramo da Fisica que se ocupa fundamentaimente das transforma- es das diferentes formas de energia umas nas outras, com particular destaque para a conversao de calor em trabalho. Estuda as leis que governam estas transformagées € as propriedades das substancias que nelas esto envolvidas. ‘As bases cientificas desta ciéncia foram langadas no século passado com o estudo das méquinas a vapor. Mais tarde estendeu-se ao estudo de outras maquinas que convertem calor em trabalho, como motores térmicos. ‘Também para analisar correctamente o funcionamento dos motores d combustéo interna, € necessério ter 0 conhecimento perfeito dos fenémenos termodinamicos que so inerentes ao seu funcionamento. No estudo da Termodinamica desenvolveu-se uma terminologia propria que é fundamental conhecer pois caso contrario corre-se 0 risco de nao se entender o que se esté a tratar. 4 —NOGOES ELEMENTARES DE TERMODINAMICA 1.1 — SISTEMAS TERMODINAMICOS Um sistema termodinamico é definido como sendo qualquer quantidade de matéria ou regi- 0 do espago cujo comportamento vai ser objecto de estudo. Esta quantidade de matéria ui regido do espago deve estar contido no interior de uma superficie fechada, a que se d& © nome de fronteira, que pode ser deformavel (movel) ou rigida e real ou imaginaria, Se 0 sistema é definido como uma determinada regiéo que contém sempre a mesma ma- teria e onde no poderd haver transferéncia de massa através da sua fronteira, & designa- do por sistema fechado. Se, pelo contrario, & definido como uma regido onde poderé haver transferéncia de massa através da sua fronteira, é designado por sistema aberto. ‘A.um caso especial de um sistema fechado que néo interactua, de qualquer modo, com a sua vizinhanga, d-se 0 nome de sistema isolado. Qualquer coisa exterior a fronteira do sistema é designada vizinhanga do sistema. 1.2 - PROPRIEDADES, ESTADOS, TRANSFORMAGOES E Cl- cLos 4.2.1 - PROPRIEDADE Propriedade € qualquer caracteristica observavel dum sistema como, por exemplo, a pres- ‘so, 0 volume e a temperatura, Mas nem todas as propriedades que observamos tero in- teresse para a Termodinamica; por exemplo, conhecimento do cheiro e da cor dum siste- ma sa0 desnecessarios quando pretendemos determinar as trocas de energia do sistema com 0 exterior. As trés propriedades anteriormente mencionadas, presséo, volume e tem- peratura, s40 propriedades termodinamicas enquanto que 0 cheiro e a cor no. Outras propriedades so obtidas por operagées matemdticas sobre as observaveis, como por exemplo 0 produto da press, p, pelo volume, v. Poderiam definir-se deste modo uma infinidade de propriedades mas s6 algumas destas terao utilidade na pratica. Por fim, v8o surgir outras propriedades que nao so directamente observaveis e que seréo definidas & custa dos Principios da Termodinamica como, por exemplo, a energia interna e a entropia 1.2.2 ESTADO O estado ou condi¢ao dum sistema é definido por um conjunto de valores de propriedades deste, Uma vez que existem numerosas relagdes entre as propriedades dum dado sistema, como se constata experimentaimente, apenas € necessario o valor de algumas (poucas) propriedades para identificar este estado, pois todas as outras propriedades podem deter- minar-se & custa das primeiras. O nimero de propriedades necessario e suficiente para ca- racterizar 0 estado dum dado sistema depende da sua complexidade mas geralmente é pe- queno. Diz-se que um sistema esta num estado de equilibrio se nao ocorrerem mudangas nos va~ lores das suas propriedades sem a ajuda de um estimulo exterior. Para verificar se um dado estado € um estado de equilibrio isolamos o sistema e verificamos se se produzem alteragées nos valores das suas propriedades; se tals alteragbes nao ocorrerem porque 0 sistema esta num estado de equilibri. 1.2.3 - TRANSFORMACAO Uma transformagao em que todos os estados por que o sistema vai passando séo estados de equilibrio (ou muito proximos) diz-se quase-estatica; se simultaneamente, se verifica- rem tais condigdes que ¢ impossivel inverter 0 sentido da transformagao de modo a que 0 sistema, bem como a sua vizinhanca, pode regressar ao estado inicial trata-se de uma transformagao reversivel Na pratica, todas as transformagbes sao ireversiveis porque existem perdas. No decurso de algumas transformagées pode acontecer que uma das propriedades nao se altere. Se € a pressdo que se mantém constante a transformagao é isobérica; se for 0 vo- lume constante chema-se transformagao isocérica ou isométrica; se for a temperatura que é constante , Isotérmica. Se nao houver trocas de calor entre o sistema e a vizinhanca a transformagao é a 1.2.4-CICLO Um ciclo é uma transformagao (ou uma série de transformagdes) em que o sistema re- gressa ao estado que tinha no inicio desta. ‘As propriedades variam durante o ciclo mas, ao completar-se este, todas as propriedades voltam aos valores iniciais, por outras palavras, a variagao duma propriedade € zero em qualquer ciclo, 1.3 - ENERGIA, TRABALHO, CALOR 1.3.1 - ENERGIA Energia é tudo 0 que se pode transformar em trabalho, ou resulta da transformagao de tra- balho. Conhecemos varios tipos de energia, tais como a energia potencial, a energia cinética (ambas energia mecanica), a energia quimica, solar, atémica, térmica, etc.. Para 0 nosso estudo interessa-nos particularmente a energia mecénica, a energia térmica, e a energia ‘quimica que s80 aquelas que actuam no motor de combustéo interna. 1.3.2 - TRABALHO Trabalho é uma forma de energia que se pode manifestar atraves dos mais variados as- pectos. Um corpo ao desiocar-se sobre uma superficie nao lubrificada, necessita que Ihe fomecam trabalho para tal deslocamento que, ao fazer-se, devido ao atrito entre as duas superficies, originara uma libertagao de calor, que nao é mais nem menos que a energia térmica, Dada a equivaléncia entre os dois significados, trabalho e energia, pode dizer-se que traba- lho € energia mecanica de transigdo, visto néo poder ser armazenado num corpo ou num sistema. 4.3.3 - CALOR Calor também @ uma forma de energia, energia térmica de transicgo através da fronteira entre os sistemas em causa. Para que haja transmissao de calor, & necessério que exista diferenga de temperatura en- tre um sistema e outro. FCEPRA NogSes Elementares de Termodinamica - TRANSFORMAGAO DE ENERGIA CALORIFICA EM ENERGIA MECANICA Quando a um dado volume de gas, se fornece calor, a sua temperatura aumento e, em consequéncia disso, o gas tende a expandir-se, produzindo trabalho nessa expans&o. ‘Se aproveitarmos 0 trabalho obtido da forma a ser utilizado, por exemplo, num veio, temos esquematizado duma forma simples o principio do motor térmico. ‘Ao gas ou vapor, que vai produzir trabalho, chamamos fluido operante ou fluido activo. © fornecimento de calor ao fluido & provocado pela inflamagao do combustivel utiizado. Os motores poderdo ser clasificados em funco da combustao do fluido operante como moto- res de combustao externa e combust8o interna. Os motores s80 denominados de combustdo externa quando a inflamagao do combustivel € feita no selo do fluido operante. Para que tal acontega, o combustivel é introduzido no seio do fluido, simultaneamente com este ou posteriormente, formando uma mistura infla- mavel, como € 0 caso dos motores de inflamacao por faisca e dos motores de inflamagao por compresséo. PRINCIPIO DE CONSERVACAO DA ENERGIA “Todas as formas de energia séo equivalentes, ou seja, todas elas se podem transformar nas outras, mantendo-se constante a soma das diferentes energias de um sistema isolado” Assim, interessa-nos saber que @ equivaléncia entre a energia mecanica e a energia calori- fica é: 4 caloria = 4,185 Joule ‘oe sendo este valor chamado equivalente mecanico da caloria, o que significa que uma calo- ria, unidade de energia calorifica, ao transformar-se em energia mecanica, por um determi- nado processo, produz 4,185 J. UNIDADES Dada a equivaléncia entre as energias térmica e mecdnica, respectivamente entre quanti- dade de calor e trabalho, estas grandezas so expressas em joule (J). 14 Termodinamica a ACEPRA Neate ceramcarani| Unidade de calor, quantidade de calor, energia e trabalho: Joule -» Simbolo J 1J=1Nm ‘A.unidade Joule representa o trabalho realizado pela forga de 1 Newton quando desloca o seu ponto de aplicagao de 1 metro. 4.5 MOTORES TERMICOS ‘Os motores térmicos séo maquinas que transformam energia calorifica em energia meca- nica, que se obtém directamente como trabalho uti. tais como da ener- A energia calorifica pode ser obtida através doutras fontes de energi gia quimica (combustiveis s6lidos, liquidos ou gasosos), energia eléctrica, energia atémica, energia solar, ete. ‘Como exemplo de motores térmicos de combustao interna, cuja energia calorifica ¢ obtida de combustiveis liquidos ou gasosos: 2 — ISOBARICAS, ISOCORICAS, ISOMETRICAS, ADI- ABATICAS E POLITROPICAS 2.1 - ISOBARICA Isobaricas so transformagées reversiveis que se realizam a pressao constante, como é mostrado na fig. 2.1, para 0 caso de gases ideais. “Isobar ie Isobarica Te>hh f N % Vy Volume % He =w Fig. 2.4 ~ Transfomnagdoisobsrice A transformacao isobarica representada no diagrama de Clapeyron por uma recta paralela a0 eixo dos volu- mes, como mostra a fig. 2.2, © que significa que a pres- 's40 € constante ao longo da transformacéo. Fig. 2.2 — Representagéo de uma transformagéo isobérica ‘num diagrama de Clapeyron AICEPRA ——_—_ shares scores omens Aabates Poles No diagrama de Clapeyron, ou seja, um diagrama que tem como abcissas 0 volume (V) € como ordenadas a presse (p), como € indicado na fig. 2.3, s80 indicados os estados ter- modinamicos de um fluido. y p vy A (Vp) v ‘@) “ 6) Fig. 2.3 — Diagrama de Clapeyron 42) Diagrama cartesiano (abcissas (3), ordenadas (y)) ) Diagrama de Ctapeyron (abcissas (volume-V), ordenadas (pressdo p)) ‘Analisando a transformagao isobairca, indicada na fig. 2.1, pode-se observar que para ex- pandir 0 gas do estado 1 de equilibrio ao estado 2 de equilibrio, a pressao constante, 0 vo- lume de gas contido no interior do cilindro varia em func&o da temperatura. Ou seja: Avvariagao do volume do estado 1 para o estado 2, sendo a pressdo constante, € expresso a oAcrrra et ees Rane Rae aS A quantidade de calor a ser fornecido ao sistema para ocorrer uma transformag&o isobarica & Qy-¥2- Calor fornecido ao sistema (J) Cp Calor especifico do gas a pressao constante (J/kg K'*) m — Massa de gas (ka) ‘T—Temperatura do gas (K) 2.2 —ISOCORICAS Isocéricas so transformagées reversiveis que se realizam a volume constante, sendo re- presentadas no diagrama de Clapeyron como mostrado na fig. 2.4, para 0 caso de gases, ideais. A transformagao isocérica & representa- da no diagrama de Clapeyron por uma recta paralela 20 eixo das pressées, como mostra a fig. 2.5, 0 que significa que 0 volume € constante a0 longo da transformagao. YaeY v Fig. 2.5 ~ Representagao de uma transformagao ‘socérica num diagrama de Clapeyron AICEPRA nc nots oman Abia Plan Observando 0 comportamento de uma transformacao isocérica, que & descrito na fig. 2.4, ode-se observar que para expandir o gés do estado 1 de equillbrio ao estado 2 de equill- brio, a volume constante, a pressao do gés contido no interior do cilindro varia em fung&o da temperatura. Ou seja: ‘A variagao da presséo do estado 1 para o estado 2, sendo o volume constante, é expresso por: ‘A.quantidade de calor @ ser fornecido ao sistema para ocorrer uma transformagéo isocérica & Q)->2- Calor fornecido ao sistema (J) p- Calor especifico do gas a volume constante (J/kg’".K'!) m— Massa de gas (kg) T— Temperature do gés (K) 3 —ISOTERMICAS Isotérmicas sao transformag6es reversiveis, que se realizam a temperatura constante, sen- doo seu comportamento descrito na fig. 2.6, para 0 caso dos gases ideals. Fig. 2.6 ~ Transformagao isotérmica A transformagao isotérmica & representada no diagrama de Clapeyron por uma hipérbole, ‘como mostra a fig. 2.7, 0 que indica que a temperatura € constante ao longo da transforma yao. v Fig. 2.7 ~ Representagéo de uma transforma- go isotérmica num diagrama de Clapeyron Para expandir 0 gas do estado 1 para o estado 2, tera que gerar calor para manter a tem- peratura do gas constante, como € 0 caso da fig. 2.6, AICEPRA sates. stn somes Abies Plugs Caso contrario, ou seja, para comprimir 0 gs no interior do cilindro é necessério retirar 0 ‘calor gerado de modo a manter a temperatura do gas constante, ‘Analisando a fig. 2.6 pode-se observar que quando a press do gas diminui, 0 seu volume ‘aumenta, 0 que significa que a variagao da pressdo é inversamente proporcional & variag8o do volume, ou seja, 0 comportamento de uma transformagao isocérice & descrito pela equacéo! ‘A variagdo das propriedades do estado 1 para o estado 2, sendo a temperatura constante, € expresso por ‘A quantidade de calor a ser retirado, no caso da compresséo do gés, ou a ser forecido, no caso da expansao do gés, ao sistema para que a transformagao a ocorrer seja isotérmica é Qy-+2- Calor fornecido/retirado ao sistema (J) p~ Pressao do gas (Pa) V= Volume do gas (m*) 2.4 - ADIABATICAS Adiabaticas sao transformagSes, em que no seu decurso, sistema nao recebe nem fome- ce calor para a sua vizinhanga, ou seja, que o sistema esteja isolado, como € 0 caso do Ccomportamento de um gas ideal no interior de um cilindro isolado, mostrado na fig. 2.8. Fig. 2.8 - Transformagéo adiabatica ‘A transformaco adiabatica 6 representada no diagrama de Clapeyron por uma hipérbole mais inclinada do que a hipérbole da transformagao isotérmica, como mostra a fig. 2.9. Fig. 2.9 ~ Representagao de uma transformagéo adi- abatica num diagrama de Clapeyron ‘A-expressto matematica que traduz o comportamento da transformagao adiabatica é: AICEPRA sta, notes, ont Adanin Paes Para dois estados de equilibrio, 1 2, sera: Relembrando as definigbes de Ce Cy: O calor especifico para diversos gases a temperatura de 300 K ¢ indicado na tabela 2.1 Ar 1005.0 7180 1,400 Butano 1716.4 1873.4 4,091 Dioxide de carbo- 846, 687 1,289 Hidrogénio 44307 40183 4,408 Oxigenio 918 658 1,395 Propano 1679.4 1490.9 1,128 Tab. 2.1 - Calor especifica para diversos gases a temperatura de 300 K Para o ar, como C, > Cy, entéo, = Cy/C, > 1, 0 que indica que a curva de uma adiabatica € uma hipérbole mais inclinada que @ hipérbole das isotérmicas, sendo estas representadas no diagrama de Clapeyron, como mostrado na fig. 2.10. Deerra 2.5 - POLITROPICAS Politropicas so transformagées reversiveis tais que nos estados intermédios e inicial e fi- nal, se verifica a relagao: ‘Sendo n um expoente tal que 1 3) No final do tempo de compressao da-se @ combustéo (3-»4) isocérica da mistura, que se expande (4-5) adiabaticamente, realizando o tempo motor. No final do tempo de expansdo, quando o émbolo chega ao ponto morto inferior, a valvula de escape abre (5-2), ocorrendo uma diminuigdo isocérica da pressao no interior do cilin- dro, havendo uma troca de calor com o exterior, através da libertagaio dos gases de esca- pe. No tempo de escape (2-+1) os gases resultantes da combustéo sao expulsos isobérica- mente para o exterior do cilindro através da valvula de escape que permanece aberta, ‘Apos a ocorréncia dos quatro tempos do motor 0 ciclo termina. O funcionamento tedrico de um motor a gasolina é baseado na continua repetigéo do ciclo anteriormente descrito. le ie Fe wal ae if 5 + 5 J . S b ' a # 8 8 oo Ss Xs AG I ING. UI, Fig. 2.11 - Ciclo termodinamico tedrico de um motor que funciona segundo 0 ciclo Otto ACEPRN aes asa 3-—LEI DOS GASES PERFEITOS Fazendo o estudo de m gas perfeito dentro de um cilindro em que para cada estado de ‘equilibrio variam as trés varidveis: presséo (p), volume (V) e temperatura (T) simultane- mente. Considere-se entao trés estados de equilbrio dum gas perfeito, como mostra a figura 3.1 4° estado (A) Pai Vai Ta 2 estado (B) Po; Va; Ts (Ps=Pa) 3° estado (C) Fig. 4.1 ~ Trés estados de equilibrio dum gas perfeito no interior de ‘um ciindro Do estado A (inicial) para o estado C (final) variaram as trés variaveis P, V eT. Para um es- tudo tedrico do problema, considerou-se um estado intermédio B. Para os estados A e B, variam o volume (V) e temperatura (T) sendo a pressao (p) constante e de valor P,. Sendo esta transformagao uma isobérica, ou seja, @ pressao cons- tante, logo: PCEPRA toi ate Pros Do estado B para o estado C, mantemos constante a temperatura T, = Te fazemos variar © volume (V) e a pressdo (P). Utiizando a expresso da isotérmica temos: Relembrando que: © associando as expressbes das duas transformagées, de forma a eliminar V.das duas ex- pressdes e obtém-se: se considerarmos 0 estado final sem o indice C, teremos entdo: > < Como —F— 6 um valor constante e que designaremos por constante dos gases perfei- tos (R), que € uma constante universal para todos os gases, que tem os se- guintes valores, consoante o sistema de unidades utilizado: R= 8,314 Ji(kmol K) R= 29,27 kgmitkg.k) R= 287 Ji{kg,K), no Sistema Internacional Portanto sera : Moers areas que € a equagao de estado dos gases. Para uma dada massa de gas a equacao dos gases perfeitos vern: OE Ss a SS em que: p — Pressio, expressa em Pa ou Nim? V— Volume, expresso em m? m — Massa de gas, expressa em kg R — Constante dos gases perfeitos, expressa em Ji(kg.K) T-Temperatura, expressa em K EXERCICIO Calculo da massa de um gas perfeito no interior de um reservatorio, Dados: - Pressao do gas no interior do reservatorio: 2 bar = Volume do reservatério: 40000 cm ~ Temperatura do gas no interior do reservatério: 20°C Primeiro deve-se converter as unidades dos dados fornecidos, para as unidades do Siste- ma Internacional, que so as utilizadas na equagao dos gases perfeitos: Pressdo do gas no interior do reservatorio: 2 bar = 2 x 10° Pa Volume do reservatério: 40000 cm? = 40000 x 10 m* = 0,04 m* ‘Temperatura do gas no interior do reservatorio: 20 °C = 20 + 273,15 K = 293,15 K Utiizando a equagao dos gases perfeitos: pV=mRT m= (p.V)ART), entdo: m= (2.x 105. 0,04)/(287 . 293,15) = 0,0951 kg (Ou seja, dentro do reservatério com uma capacidade de 40000 om esta contido 0.0951 kg de gas nas condigdes dados no exercicio. 9 Os gases perteitos so aqueles cujo comportamento é definido pelas leis: Boyle-Mariotte que diz "A temperatura constante, o volume de uma dada massa gasosa varia inversa- ‘mente com a pressdo”. Esta lei retrata as transformagées isotérmicas (p,.V,=p:.V2= constante); Charles-Gay Lussac que diz: “A press&o constante, 0 volume de uma dada massa gasosa varia proporcio- ‘nalmente com a temperatura’. Esta lei retrata as transformagées isobaricas (T,.V=T>.V, = constante); Por este motivo a expresso definida anteriormente a partir das leis atras referidas, denomina-se por “equagao de estado dos gases perfeitos’ ‘Os gases perfeitos so uma criagdo necessaria dos fisicos, para um estudo aproximado dos gases real ‘A mistura operante, que constitui 0 fluido activo, nos motores de combustao interna, pode considerar-se, sem erros apreciaveis, com um comportamento préximo dos gases perfei- tos, numa primeira fase de abordagem do problema. Alei dos gases perfeitos, pode ser escrita para uma massa de gas e para dois estados de equillbrio, inicial (P,; V;: T,) € final (Pa; Vs: Ta), como: CEPRA ee Sse ae AcerRA roan emai 4 - PRINCIPIOS DA TERMODINAMICA MAQUINA TERMICA JA vimos anteriormente que todas as méquinas convertem uma fracgao da sua energia em inago do atrito entre as partes moveis da maquina, dai resultando a obtenco de maior rendimento da mesma. cenergia térmica, fraceSo tanto menor quanto mais se conseguir a el ‘Se pensarmos inversamente em converter energia térmica em energia mecénica, ¢ isso acontece nos motores de combustdo intema de inflamagao por falsca ou por compressao, e nas maquinas de combustao externa, tal como na maquina a vapor, por exemplo, tere mos precisamente 0 objectivo da maquina térmica, grupo de maquinas, no qual se incluem as referenciadas, Portanto “maquina térmica” sera qualquer méquina que converge a energia térmica que recebe, em energia térmica que fornece. 4.1 — PRIMEIRO PRINCIPIO DA TERMODINAMICA Qualquer que seja 0 processo e 0 dispositive utiizado na maquina térmica, para converter energia térmica Q (cal) em energia mecanica W (J), ou, numa "maquina mecanica” que converte energia mecénica W (J) em energia térmica Q (cal), as duas formas de energia ‘so convertiveis uma na outra, e ha uma relagao matematica entre elas, da forma: ‘Sendo J o equivalente mecénico da caloria, como ja foi referido. Esta relagao nao é mais do que uma tradugae do principio da conservago da energia para um sistema termodindmico isolado. Esta forma do principio da conservagao da energia, é conhecida pelo “1° principio da ter- modinamica”, podendo enunciar-se como se segue “Em qualquer transformagao termodinamica, em que um sistema evolui de um estado inicial | para outro estado final F, @ em que as Unicas formas de energia presente sto Q, sob a forma de calor, @ W, sob a forma de trabalho mecénico que atravessou a fronteira do sistema, temos que: Meera Pins Tenses AU = U; ~U, € variagao de energia do sistema entre os estados inicial e final, nao depen- dendo dos estados intermédios, mas somente do inicial e final EXERCICIO Quando um sistema termodinamico passa do estado A para o estado B, ao longo do pro- cesso ACB, como indica a fig. 4.1 recebe 100J de calor e fornece 40 J de trabalho. Fig. 4.1 — Evolugao de um sistema termodinamico 1) Qual é a quantidade de calor que o sistema recebe 20 longo do processo AEB, como indica a fig. 4.1, caso 0 trabalho fornecido pelo sistema seja de 20 J ? 2) Seo sistema passar do estado b para o estado a pelo processo BDA, como indica a fig. 4.1, 0 trabalho realizado pelo sistema sera de 30 J. Durante este processo o sistema recebe ou fornece calor? 1) Do primeiro principio da termodinamica vem que SACEPRA ea Para o processo AB: Usa = 60 J € a variagéo de ener longo de qualquer proceso. Ento, no processo AEB: intema na passagem do estado A para o estado B a0 AU sa = 60 = Qhep — Wace = Quea- 20 Entao: ‘heg= 80 J, OU seja, é 0 calor fornecido ao sistema para realizar 20 J de trabalho. = Que —Weos = Qaoa (-30) ; Sendo Weo,= -30 J (compresséo do gas) Portanto, para realizar um trabalho de 30 J para o sistema passar do estado B para o esta- do A, pelo processo BDA, ¢ necessério retirar 90 J de calor ao sistema. Breve analogia da Equacéo da energia aplicada aos motores de combustéo interna Num motor de combustao interna obtém-se trabalho @ custa do calor libertado pela com- bustéo de um combustivel; gasolina, gasdleo, GPL ou Gas Natural para veiculos. O com- bustivel é queimado (assunto tratado em médulo especifico) 0 que provoca a libertagao de uma significativa quantidade de calor. Os produtos da combustao do préprio combustivel, ‘ao serem aquecidos aumentam a temperatura e a presséo produzindo-se movimento alter- nativo de um émbolo 0 qual, por meio de um sistema apropriado (biela - cambota), 0 con- verte em movimento de rotacéo. Durante a expanséo, que determina 0 referido movimento, produz-se trabalho e liberta-se calor, 0 que provoca @ queda da pressao e temperatura do ‘98s, Este proceso repete-se ciclicamente. ACBPRA ti Temes 4.2 - SEGUNDO PRINCIPIO DA TERMODINAMICA segundo principio da termodinémica enuncia que: Nenhuma maquina térmica pode operar de modo a que 0 seu Unico efeito, sobre o sistema sua vizinhanga, seja o de converter completamente em trabalho 0 calor recebido pelo sis- tema; E impossivel qualquer processo cujo Unico efeito seja o da transferéncia de calor de uma temperatura para uma outra mais elevada, Voltando ao conceito de maquina térmica, verifica-se que 0 seu rendimento € balxo, visto que somente uma fracgéo de energia térmica fornecida pelo fluido activo, € convertida em trabalho uti, Esta dificuldade ¢ imposta precisamente pela teoria termodinamica, O rendimento ou eficiéncia de qualquer maquina, sera sempre: Para uma maquina térmica seré: visto a maquina receber energia térmica (Q,) e fornecer energia mecanica (W\.) Forecendo a uma méquina a quantidade de calor Q,, proveniente da fonte quente, a ma- quina converte em energia mecénica uma fracgo desta energia, sendo 0 restante da ener- gia (Q,) fomecida a fonte fria, como ilustra a fig. 4.1 trabalho util, de acordo com a primeira lei da termodinamica sera: O rendimento do motor representado na fg. 4.1 sera: como Q; # 0, entéo rendimento nunca se aproximaré da unidade, valor méximo e ideal Isto € confirmado na pratica através do 2° Principio da Termodinamica, iniciaimente enunciado por Carnot: “E impossivel, em principio, construir uma maquina, operando em ciolos, que produza trabalho mecanico extraindo calor de ume Gnica fonte, n&o 0 cedendo a uma outra fonte a uma temperatura mais baixa”, POSTULADO DE KELVIN E CLAUSIUS © 2* Principio da Termodinamica foi enunciado por varios fisicos, mas todos estes enuncia- ‘dos so equivalentes entre si. Assim, Kelvin, através do seu postulado, negava a existéncia de maquina térmica perfeita, ¢ Clausius negava a existéncia de maquina frigorifica perfeita. Postulado de Kelvin “E impossivel uma transformago, cujo Unico resultado final, seja transformar ‘em trabalho 0 calor cedido por uma Unica fonte, com todos os seus pontos a ‘mesma temperatura.” Postulado de Clausius “E impossivel uma transformagéo, cujo Unico resultado final, seja transferir ca- Jor de um corpo a determinada temperatura (fonte fria), para outro a uma tem- peratura mais elevadea (fonte quente)" Este enunciado do postulado de Ciausius, diz-nos que nao pode existir a maquina frigorift- ca perfeita, ou seja, que é impossivel transferir calor de uma fonte fria para uma fonte quente. Nas maquinas frigorificas, isto ¢ possivel, mas a custa de fornecimento de trabalho para o exterior. 4.3 - DESORDEM E ENTROPIA A andlise das transformagbes expontaneas e provocadas permite concluir que s6 & possi- vel provocar uma transformacao, se existir uma diferenga na desordem interior do conjunto dos elementos envalvides na transformagao. Na combustao do GPL carburante passa-se de uma estrutura molecular mais complexa para outras menos complexas e em que & muito superior a energia associada aos movi- mentos desordenados das particulas. AcePRA iis Tema A entropia é uma grandeza cujo valor cresce quando cresce o grau de desor- dem interna do sistema e por isso se aceita que mede esse grau de desordem. A variacao de entropia (S) de um sistema depende: ‘A razao deste ultimo factor deve-se a que, a um maior valor de temperatura correspond uma maior energia cinética, ou seja maior desordem do sistema, No entanto, € mais dificil desordenar um sistema j4 muito desordenado (temperatura elevada) do que desordend-lo se estiver relativamente ordenado (temperatura baixa). Assim, podemos afirmar que a variag8o da entropia (AS), seja directamente proporcional a0, valor de calor (Q) e inversamente proporcional ao valor da temperatura (T), a que se pro- cessa a transformagao. De facto, demonstra-se que: CAICEPRA eas coranmun oma He CERN 5 — CALCULO DO TRABALHO NUM DIAGRAMA DE CLAPEYRON P ‘Tomando como exemplo um processo no interior de um cilindro no qual o émbolo se movimenta provocando alteragées do volume, alternando as fases de compressao e de expanso do gas, e considerando que as transformagées s8o rever- siveis, podemos representar a variagdo de esta- do pelo diagrama de Clapeyron, como mostra a fig. 5.1 Fig. 5.1 ~ Representagao gréfica do trabalho (09) num diagrama de Clapeyron {(@) Trabalho positive (W>0) (b) Trabalho negativo (W-0) ‘Analisando a fig. 5.1, observa-se que no caso a) houve uma aumento de volume no decor- rer da transformagao, 0 que indica que existiu uma expansdo do gas, que consequente- mente fomeceu trabalho 20 exterior. & convencionado que quando o sistema fornece traba- Iho 20 exterior, esse trabalho é positivo. No caso b) houve uma diminuigao de volume no decorrer da transformagao, 0 que indica que existiu uma compressao do gas, para 0 qual foi necesséirio fornecer trabalho ao siste- ma. E convencionado que quando o sistema recebe trabalho do exterior, esse trabalho negativo. ‘Tendo em consideragao que a presséo (p) do gas, pode para cada valor do volume (V) it= se ajustando as novas condig6es, de modo a que durante a transformagao a forga da pres- ‘so do gas seja equilibrada pela forga exterior (F) podemos calcular o trabalho (W) da forga exterior, a partir das grandezas p e V. SACEPRA © cao eats decipayon Se a area de contacto do émbolo com o gas tiver 0 valor A, temos que: Admitindo que a forca (F) e também a pressao (p) so constantes durante a compressao, 0 trabalho para realizar deslocamento (s) do émbolo pode ser calculado por: (Das expressées (1) e (2) resulta que para comprimir 0 gas no interior do cilindro ¢ necessé- rio fomecer trabalho ao sistema, sendo o seu valor de: Enquanto que na expansdo, o sistema fornece trabalho, temos: De notar que no primeiro caso a variagao de volume do gas é negativa (V <0), enquanto no segundo ¢ positiva (V > 0). Podemos aceitar ento a seguinte relagdo, valida em ambos os casos: Assim, num diagrama de Clapeyron o trabalho envolvido nesta transformacdo & represen- tado por uma area, Na realidade a relag8o W = - p.V nao é valida porque a pressdo, e logo a forca, F, no s8o constantes, mas & uma aproximago, podendo utilizar-se 0 valor médio da presso, mas a valor do trabalho continua a poder determinar-se graficamente, ou seja, igual ao valor da area abaixo da curva que representa transformago, assinalada na fig. 5.1, que corresponde ao trabalho necessario para o gas passar do estado 1 para o estado 2 Um outro exemplo do célculo grafico do trabalho realizado por um ciclo é representado na fig. 5.2, onde o trabalho final do ciclo é dado pela expresso: FCEPRA pesto w » pL, Vole @ Fig. 6.2 Caloulo do trabalho de um ciclo fechado (2) - Ciclo fechado (b) - Trabalho fomecido de A para B (c)- Trabalho recebido de B para A (@) - Trabalho total do ciclo fechado ACHPRA i an as 6 —MISTURA DE GASES IDEAIS Qualquer mistura homogénea de gases pode ser considerada como uma substancia pura se 08 seus constituintes no reagirem quimicamente entre si e se mantiverem constantes a8 proporpées em que se misturaram. As propriedades da mistura podem ser determinadas experimentalmente, tabeladas e rela- clonadas como as de qualquer substancia pura. Por exemplo, a composig&o do ar & considerada invariavel na maioria das aplicagoes e, normalmente trata-se o ar como se fosse formado por um Gnico constituinte, mas no entan- to 0 ar é constituido por diversos componentes. No entanto, quando se trata da misturas menos vulgares & necessério saber as suas pro- priedades a partir do conhecimento dos seus constituintes. 6.1 —- PRESSAO PARCIAL - LEI DE DALTON Consideremos um sistema constituido por varios gases ideais contidos num reservatério fechados, de volume V. A temperatura da mistura é T e a sua pressao p. ‘Supde-se que a mistura se comporta como um gas ideal, por isso, pode-se aplicar @ mistu- ra a equagdo de estado dos gases ideais: No modelo do gas ideal admite-se que as moléculas exergam forgas desprezaveis umas sobre as outras ¢ que os seus volumes sao desprezaveis quando comparados com o volu- me ocupado pelo gas. Pode-se dizer entio que, “cada constituinte da mistura comporta-se como se estivesse sozinho, ocupan- do 0 volume V, @ temperatura T da mistura.” A presso que cada constituinte exerceria se, sozinho, ocupasse o volume total, V, a tem- peratura T da mistura, chama-se pressao parcial (p)), do constitute. Entao, ‘a soma das presses parciais dos consttuintes de uma mistura de gases ide- ais 6 igual a presséo total da mistura.” Lei de Dalton ou das pressées parciais ourka ae 6.2 - VOLUME PARCIAL - LEI DE AMAGAT Suponhamos que separavamos a mistura de gases ideais nos seus constituintes individu- ais e que colocévamos cada constituinte num reservatorio, de tal modo que fosse mantido pressdo p e a temperatura T da mistura, Este processo esta representado na figura 6.1 Fig. 6.1 ~ Lei de Amagat dos volumes parciais: © volume ocupado por cada constituinte denomina-se por volume parcial (vi) Entdo, “numa mistura de gases ideais, a soma dos volumes, vi, que cada constituinte cocuparia se estivesse sozinho a pressao e temperatura da mistura é igual a0 volume total da mistura.” Lei de Amagat ou dos volumes parciais. (© volume total de uma mistura de gases ¢ igual a soma dos volumes parciais dos diversos gases que a comptem, ou seja: Acura rata ze 7 - MUDANGAS DE ESTADO Definem-se trés estados da materia: sélido, liquido e gasoso, ‘As mudangas de estado mais usuais so: Nas mudangas de estado referidos em a) e c) € necessario fornecer energia ao corpo, en- quanto nas restantes mudangas de estado ¢ 0 corpo que fornece energia ao ambiente. E de notar que durante a mudanga de estado a temperatura da matéria € constante, como 6 0 exemplo da mudanga de estados da agua mostrada na fig. 7.1. T Temperatura (°C) 300 400 Golo + Agua Fig, 7.1—Mudanga do estados da Sou Analisando a fig. 7.1 observa-se que a temperatura s6 aumenta quando existe liquido satu- rado ou vapor de agua saturado, ou seja s6 existe agua liquida e s6 vapor de agua respec- tivamente. Durante a mudanga de estado onde existe mistura de agua liquida com agua solida (gelo) ou mistura de agua liquida com vapor de agua, a temperatura é constante até se atingir 0 estado de agua liquida saturada ou vapor de gua saturado, respectivamente, A temperatura é constante durante a mudanga de estado porque o calor fomecido ¢ utiiza- do para realizar a fusao da agua sdlida (gelo) até existir somente agua liquida, altura em que a temperatura comega a subir até comegar a haver mistura de agua liquida e vapor de gua, altura em que 0 calor fomnecido ¢ utilizado para vaporizar totalmente a agua liquida, até atingir a estado de vapor de agua saturado, ‘Sendo a mudanga de estado liquido-gas a de maior importancia no estudo dos motores de combustao interna que funcionam a GPL, serao referidos alguns detalnes sobre esta trans- formagao. © aquecimento de um liquido tem como consequéncia o aumento da sua temperatura que a0 atingir um determinado valor, designado por ponto de ebuligo, provoca a vaporizagao, primeiro a superficie e depois no interior do liquido, © exemplo mais simples ¢ 0 da agua, que a pressao atmosférica ao nivel do mar (eproximadamente 1bar) 0 valor do ponto de ebuligao & de 100°C. Precisando melhor o significado de ponto de ebulicdo, a experiéncia mostra que este valor varia de liquido para liquido, mas também o mesmo liquido apresenta diferentes tempera- turas de ebulig&o, no caso de variar a presso a que este se encontra, Assim, quando um liquido esta em contacto com 0 seu vapor, @ mesma presso que 0 va- por, diz-se que 0 liquido e 0 gas esto em equilibrio. Por outro lado, verifica-se que a press&o de vapor, ou tensdo de vapor de cada liquido au- menta directamente com a temperatura, ou seja, aumentando @ temperatura ambiente, a tensao de vapor também aumenta. 7.1 — VAPORIZAGAO DE GPL No caso do gas de petréleo liquefeito (GPL), 0 proceso de transformacao do estado liqui- do em estado gasoso faz-se através da superficie livre da estado liquido, por vaporizagao desta, em consequéncia de uma redugao da tensao de vapor, existindo a tendéncia para haver uma constante igualdade de pressdes entre ambos os estados 72 Termodinamica ae Bo eS: Myceprn ii Para 0 caso do propano e do butano os pontos de ebuli¢do so, a pressdo atmosférica nor- mal, respectivamente -42°C e -0,5°C, 0 que significa que as estados liquidos destes com- bustiveis passam facilmente ao estado gasoso, a temperatura ambiente. De notar que o GPL - carburante sendo uma mistura em que o propano € o butano so os componentes principais, teré 0 seu ponto de ebuligéo num valor intermédio entre os dois an ‘A mudanga do estado liquido para a estado gasoso faz-se quando a temperatura do estado liquido esta acima do ponto de ebulicgo e a capacidade de vaporizacao sera tanto maior quanto maior for a diferenca entre as duas temperaturas, mas este no é o Unico factor a influenciar 0 proceso. Referem-se de seguida alguns dos principais factores de que depende a capacidade de va- porizagso: Para ilustragao da influéncia de alguns dos factores, refira-se a titulo de exemplo, que as. garrafas com capacidade para cerca de 11 Kg de propano ou 13 Kg de butano, debitam di- ferentes caudais médios de gas para diferentes temperaturas ambientais em fungéio do tempo de utiizago, conforme indicado na tabela 7.1. Caudal médio de gas (Kg/h), em fun- Temperatura | ¢a0 do tempo de utilizacao ambiente (°C) : 30 min Zhoras 5 0,85 0,35 15 1.10 0,60 0 2.40 415 10 3.25 4,50 Tab, 7.1 — Caudal médio do gas propano e butano, em fungao do tempo de ullizagao Acer area ‘A vaporizacao dos gases de Petréleo Liquefeito (GPL) pode efectuar-se por duas formas diferentes: ‘Quanto & vaporizacéo natural, a energia necesséria 4 mudanca de estado é cedida pela massa no estado liquido, & custa da descida da temperatura, que por sua vez implica a descida da tensao de vapor de gas, Nesta situago a mudanga de estado ocorre enquanto a tensdo de vapor for superior & pressdo de funcionamento do equipamento utilizador do gas ¢ a massa de gas for superior 20 caudal minimo exigido pelo equipamento de combustéo, ‘Simplificando os factores que influenciam a capacidade de vaporizacao natural, podemos calcular aproximadamente 0 caudal (4m) que um reservat6rio fomece, através da expres- 880: Sendo: ty - Temperatura ambiente (°C); tz Temperatura da estado Iiquida (°C); S - Superficie molhada (m*); Q, - Calor de vaporizagao (kealkg) Nota: 1 kcal = 4,185 kJ Quando a vaporizagao natural nao ¢ suficiente para a utilizag4o em causa, a solugao € re- correr a vaporizagéo artificial que consiste em colocar 0 reservatério de GPL em contacto com uma fonte quente que forneca calor ao reservatorio, € consequentemente a0 GPL no ‘estado liquido, como por exemplo, um permutador de calor. Este permutador utiliza uma fonte quente de energia externa, por exemplo, 0 liquido de re- {rigeragao do motor, de modo fornecer calor ao gas e o fornecer nas condigdes de pressdo e caudal exigidas. CERA Cyl: SRT BIBLIOGRAFIA FISHBANE, Paul M.; GRASIOROWICZ, Stephen; THORNTON, Stephen ~ Physics for Scien- tists and Engineers, Second Edition, Prentice Hall, 1996 WILSON, Jerry D; BUFFA, Anthony J. ~ College Physics, Third Edition, Prentice Hall, 1997 MARREIROS, Maria Suzana ~ Termodindmica |, Instituto Superior de Engenharia de Lisboa ALVES, Germano; LIMBERT, Daniel, DUARTE, Henrique ~ Mecénica Aplicada, Motores Tér- micos, Editorial do Ministério da Educagao A CErRA (RO SS DOCUMENTOS SAIDA POS -TESTE Em relagdo a cada um dos exercicios seguintes, sé apresentadas 4 (quatro) respostas das quais apenas 1 (uma) esta correcta, Para cada exercicio indique a resposta que consi dera correcta, colocando uma cruz (X) no respectivo quadrado. 4. Das seguintes grandezas, qual nao é a propriedade termodinamica que permite efectuar o estudo dos gases: a) Presséo o b) Temperatura. a c) Volume. ao 4) CF. o 2, Para deslocar um corpo numa superficie nao lubrificada é necessario: a) Fornecer trabalho e calor a0 corpo b) Fornecer somente calor ao corpo ¢) Fornecer somente trabalho a0 corpo aaaa 4d) Retirar calor e trabalho do corpo 3. Uma transformagao isocérica realiza- a) A temperatura constant b) Com troca de massa com a sua vizinhanga ) A volume constante goaaa 4) A pressdo constante FCEPRA Pos “Teste 4. Uma transformagao isobarica é representada graficamente num diagrama de Clapeyron por: a) Uma recta paralela ao eixo dos volumes oa b) Uma recta paralela ao eixo das press6es: oa c) Uma hipérbole a d) Uma recta com origem no referencial (\/=0, p=0), do diagrama de Clapeyron e uma inclinagao de 45° com 0 eixo dos volumes. oq 5. A expressao que descreve o comportamento de uma transformaca a) p.V" = constante b) p.V = constante ©) © = constant goaaqa a aye ¢ constante. 6. A expresso de descreve o comportamento de um gas perfeito é: a) p\V"= piv byTV=4 ©) PV=RT. goagaaqaa d)pT=RV $2 Termodinaimica eee FCEPRA : 7. Segundo o primeiro principio da Termodinamica: a) Se um sistema fornece trabalho ¢ porque também fornece calor. b) Se um sistema recebe calor é porque também recebe trabalho c) Se um sistema recebe trabalho e calor simultaneamente ¢ um sistema isolado goaaa 4d) Se um sistema fornece trabalho é porque recebeu calor... 8. O segundo principio da Termodinamica descreve que: a) Nao é possivel construir uma maquina térmica que produza trabalho mecénnico, extraindo calor de uma tnica fonte quente sem ceder parte do calor extraido a uma fonte fis soso a b) E possivel construir uma maquina térmica que produza trabalho mecanico, ex- traindo calor de uma Unica fonte quente sem ceder parte do calor extraido a a uma fonte fria c) E possivel construir uma maquina térmica que produza trabalho mecanico, ex- traindo calor de uma unica fonte quente sem ceder parte do calor extraido a o uma fonte quente 4) E possivel que o calor seja transferido da fonte fria (menor temperatura) para a fonte quente (maior temperatura) o Aeentropia de um sistema: a a) Decresce com 0 aumento do calor fornecido. a) Cresce com a diminuig&o do calor fornecido a a) Descreve a desordem interna existente no sistema e cresce com 0 aumento do Q calor fornecido.. Q a) E mais facil de aumentar, quanto maior for a temperatura, ee FCEPRA 10. O calculo do trabalho produzido pela expansao de um gas perfeito dentro de um cilindro é expresso por: a)W=pav oa byW=Tav ao o)W=-pav q aw qo 11. A pressao de uma mistura de gases perfeitos: Q 2) € igual a presséo parcial de um dos gases constituintes da mistura Q b) E igual a pressao do constituinte da mistura com maior press8o parcial c) E igual a soma das press6es parciais dos varios constituintes da mistura. oa 4) E igual & soma dos volumes parciais dos varios constituintes da mistura a multi- plicar pela temperatura da mistura o 12. O volume de uma mistura de gases perfeitos, pode ser calculado, segundo a lei de Amagat: a) Pela soma dos volumes parciais, sempre medidos @ pressdo atmosférica, dos varios constituintes da mistura a a) Pela soma dos volumes parciais, sempre medidos a pressdo 1x10° Pa, dos vari- 0 constituintes da mistura a a) Pela soma dos volumes parciais, sempre medidos a temperatura de 300 K, dos varios constituintes da mistura a a) Pela soma dos volumes parcial ‘sempre medidos a temperatura da mistura, dos varios consttuintes da mistura a s4 ‘Termodinamica FCEPRA Pos Teste 13. Quando um gas passa do estado liquido para o estado gasoso, esta mudanca de estado denomina-se por: Q a) Liquefacgao b) Vaporizagao. ¢) Solidificagao. gaa 4) Fusdo. 414, Durante a mudanga de um estado da agua, por exemplo, mudar do estado quido para 0 estado gasoso, ou seja, quando existe uma mistura de liquido e vapor, a temperatura da agua: a) Aumenta até vaporizar todo o liquido ) Diminui até vaporizar todo 0 liquido ) E constante até vaporizar todo o liquido. goaaa é) Aumenta e diminui ciclicamente até vaporizar todo 0 liquido. influencia a vaporizagao de um gas de pe- 15. Qual dos seguintes factores tréleo liquefeito: a) Altura do depésito pressurizado onde o gas esta armazenado, 2) Temperatura a) Massa de gs no estado liquido. go0agaga a) Pressao do gas no interior do depésito Termodinamica = S.5 FCEPRA Corigenda e Tabela de Cotagao do Pés-Teste: CORRIGENDA E TABELA DE COTAGAO DO POS-TESTE RESPOSTA CORRECTA COTAGAO 1 d) 1 2 °) 1 3 °) 1 4 a) 2 5 b) 1 6 9 2 7 = @ 1 8 a 2 9 By 1 10 a 4 14 a 1 12 4 2 13 5 1 14 a 1 | 15 | a) 2 | TOTAL 20 s6 ‘Termodinémica

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