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2. Impedimentos matrimoniais ¢ causas suspensivas A, CONCEITO ‘A Parte Especial do Cédigo Civil, no seu Liv. IV, Tit. I, Caps. III e IV, su- bordina o matriménio a certos requisitos, proibindo quem nao se encontrar nas condigoes nele arroladas de convolar nupcias*’, Trata desse tema sob o no- men juris de impedimento e de causa suspensiva, sem contudo defini-los. Da leitura dessa parte do Cédigo Civil percebe-se que 0 objetivo do nos- so legislador foi evitar unides que afetem a prole, a ordem moral ou ptibli- ca, por representarem um agravo ao direito dos nubentes, ou aos interesses de terceiros, tal a influéncia que exerce 0 matriménio nas relagées familia- res e em toda esfera social. Determina, por isso, circunstancias cuja verifica- cdo tem como consequéncia impedir a celebragao do casamento*. Daf di- zer-se que 0 impedimento matrimonial é a auséncia de requisitos para o casa- mento. Impede, portanto, a realizagéo de casamento valido®”. Se alguém, que 85. Silvio Rodrigues, Direito, cit., p. 33. 86. Caio M.S. Pereira, op. cit., p. 59; Silvio Luis Ferreira da Rocha, Introducdo, cit., p. 48-64. Tem pois razio Jorge A. Frias, quando afirma (E! matrimonio; sus impedimentos y nul dades, Cérdoba, Ateneo, 1941, p. 90) ser necessario que a familia se organize sobre s6- lidas bases, naturais e morais, que assegurem sua coesdo e permanéncia: “Asi como no hay tan absoluto que no sea necesario regular su eercicio, el matrimonio no se sustrae a esta regla universal. Y como el matrimonio es, de las instituciones humanas, la que tiene una mas sélida raigambre natural, la misma naturaleza insinua los primeros y mas importantes im- pedimentos matrimoniales... También la ley positiva impone otros que contemplan los diver- 50s intereses comprometidos en el matrimonio y que hacen de éste la primera instituci6n so- cial”. Nesse mesmo sentido, Silvio Rodrigues, Direito, cit., v. 2, p- 33. 87. Caio M. S. Pereira, op. cit., p. 59; Cl6vis Bevilaqua, Direito de familia, § 12; Pontes de Digitalizada com CamScanner Gunca pp Dins\To Civil BRASIESAG es exigidas por lei, contrair matriménio proj. a das condig® oe cee ulidade tal unido**. bido, a norma fulminard de n\ rea . jbuttati®, que “constituem impe. Assim, poder-se-4 dizer, com Carlo Tributté q eae Pe : : vas ou negativas, de fato ou de direito, fj. dimentos aquelas condigdes Pp 1 e ; te especificadas pela lei, as quais, permanen. sicas ou juridicas, expressamente esp reat a Ccamentatas te ou temporariamente, proibem o casamento um determinado casamento”. , capacidade para 0 matrim6énio com impedimen- to matrimonial”, pois o impedido de casar nao é incapaz de contrair casa- mento. A incapacidade constitui pressuposto material da realizagao do casa- mento, sendo, por isso, relativa vontade e a idade nuibil (CC, arts. 1.517 a 1.520). Pelo art. 1.520 (com a redacdo da Lei n. 13.811/2019), nao sera per- mitido, em qualquer caso, 0 casamento de quem nao atingiu a idade nubil, observado o disposto no art. 1.517 do Cédigo Civil. P. ex., o irmao esta im- pedido de casar com sua irma, mas tem: capacidade para se casar com outra moga; privado esta de convolar nipcias com sua irma em razdo de laco de parentesco. O irmao é capaz, estando somente proibido de casar com sua irmé, por impedimento legal. Jé o menor de dez anos de idade nao tem ap- por imps 8 p> tiddo para se casar com pessoa alguma, sendo, portanto, incapaz. Infere-se que a incapacidade é geral e o impedimento, circunstancial. No impedimen- to, ensina-nos Orlando Gomes, “consubstancia-se uma proibicdo que atin- e uma pessoa em rela¢do a outra ou a outras. Tal pessoa nao € incapaz; tem capacidade para praticar ato juridico, apenas nao se lhe permite que esco- Jha certa pessoa para, com ela, constituir vinculo matrimonial. Tecnicamen- te, Ba ue estd legitimada a contrair ntipcias com certas pessoas, mas é li- vre de faz@-lo com eS Maen todas as Outras que nao se achem compreendidas na proi- a Palavra, é impedida de casar com determinad: é incapaz para 7 la pessoa mas nao 2 ip Pi © casamento”. Impedimento é falta de | é incapacidade, mas ilegitimidade’!, Urge nao confundir in legitimagao, logo, nao po Miranda, Tratado de dreito de fami firanda, familia, cit, a8. Silvio Rodrigues, Direto,cit., p. 33 SOM 8G OT. . Tributtati, Digesto italiano, p. 263, 4 tati, Dj p. 263, i _ clopédia Saraiva do Direito& 42, eine MOnlo Chaves, Impedimentos, eit, in Eck . Candido de Oliveira, Diteito de famitis. i r ; de familia, j Lacerda, Riode aneito, 1918, v.55 93 Mata do Céigo Civil bras fase Pela $2 Inacio de Carvalho Neto, ieee - a (org, Lucas A. Bartoso), Ri ot eta ao Clgo Ci as Barroso), Rio de Janeiro, F Mando Gomes, Direto, cit, p. 99-100, ¢ nyo’, 2006 P: 413-48, Digitalizada com CamScanner Dinerro pe FAMiuta ‘A causa suspensiva da celebracao do matrimOnio é denominada por al- ns autores de impedimento impediente ou meramente proibitivo ou, ain- da, de impedimento suspensivo. Mas, na verdade, nao se trata de impedi- mento, visto ser fato suspensivo do processo de celebragao. Tal suspensivi- dade operar-se-4 tao somente quando certas pessoas legitimadas para sua Opo- sigio a arguirem antes da ceriménia nupcial, daf nao possuir estrutura de real impedimento. Nao profbe o casamento, apenas adverte os nubentes que nao devem casar-se, sob pena de sofrer san¢do (CC, arts. 1.641, I, e 1.489, II). O Cédigo Civil apresenta, nitidamente, essa distingdo ao tratar nos arts. 4,517 a 1.520 (com a redagdo da Lei n. 13.811/2019) da capacidade matrimo- nial, onde estabelece a idade nupcial e de seu suprimento; nos arts. 1.521 € 1,522, dos impedimentos propriamente ditos, denominados absolutamente dirimentes; e nos arts. 1.523 e 1.524, das causas suspensivas, ou seja, dos im- pedimentos impedientes” ou suspensivos. B. ENUMERAGAO DOS IMPEDIMENTOS E DAS CAUSAS SUSPENSIVAS Os impedimentos matrimoniais, devido a sua grande importancia como medida preventiva contra as anomalias que possam se apresentar na vida fa- miliar, no podem ser enumerados pela doutrina, Cabe ao legislador proce- der com precisao e clareza a sua enumeragio, ou melhor, classificacao, para que possam ser distribuidos por categorias, que terio peso diverso no que conceme as sangées cabiveis no caso de sua violagao”. Nosso Cédigo Civil, no art. 1.521, trata dos impedimentos dirimentes pit- blicos ou absolutos (ns. a VII) mencionados pelo Cédigo Civil de 1916, que, por razdes éticas, baseadas no interesse pblico, envolvem causas atinentes A instituigo da familia e a estabilidade social, podendo ser levantados por ma do Cédigo Civil, Rio de Janeiro, 1963, p. $1. Jemolo também distingue a incapaci- dade do impediment, in El matrimonio, p. 103. 92. Silvio Rodrigues, Direito, cit., p. 36. 93. Antonio Chaves, Impedimentos, cit., p. 275; Virgilio de S4 Pereira, Direito de familia, 2. ed., Rio de Janeiro, Freitas Bastos, 1959, p. 129; Sebastiao José Roque, Direito de fa- cit,, p. 31-40; Giselda M* F. N. Hironaka, Casamento: conceito ¢ natureza juri- dica, impedimentos ¢ nulidades matrimoniais, RDC, 54:7; Inacio de Carvalho Neto, Incapacidades e impedimentos matrimoniais no novo Cédigo Civil; Delgado e Figueiré- do Alves (coord.), Novo Cédigo Civil — questdes controvertidas, So Paulo, Método, v. 3, 2005, p. 17-50. Digitalizada com CamScanner 84 Curso DE Direrro Civit BRASILEIRO qualquer interessado e pelo Ministério Puiblico, na qualidade de represen. tante da sociedade, acarretando a nulidade do matrim6nio tealizado com a inobservancia da proibi¢ao (CC, arts. 1.548, II, e 1.549). Os antigos impedimentos dirimentes privados ou relativos do Cédigo Civil de 1916, art. 183, n. IX a XII, estatuidos no interesse de um dos nubentes, que procurava “preservar téo somente a incolumidade do consentimento li- vre, no pressuposto da capacidade do nubente para prest4-lo validamente”’s, Passaram a ser tidos como causas de anulabilidade do casamento (CC, art. 1.550). Podem demandar a anulagao o cnjuge prejudicado, representante le- gal ou ascendente. Todavia, se as partes preferirem silenciar ou se mantive- rem inertes, deixando escoar os prazos decadenciais, o casamento se conva- lida do vicio de que era portador (CC, arts. 1.552, 1.555, 1.559 1.560)%. Os impedimentos impedientes, suspensivos ou proibitivos do Cédigo Civil de 1916 sao as atuais causas suspensivas (CC de 2002, art. 1.523, I a IV) que desaconselham o ato nupcial, sem contudo acarretar a sua invalidacao, mas sujeitam os infratores a determinadas sancdes de ordem econémica (CC, arts. 1.641, I, e 1.489), principalmente a imposicao do regime obrigatorio da se- Paracao de bens, para obstar 0 mal que pretendiam evitar”, Pelo art. 78, § 1°, da LINDB, realizando-se o matriménio de estrangei- Tos no Brasil aplica-se a norma brasileira, quanto aos impedimentos dirimen- tes ¢ as formalidades da celebragio; no que conceme aos impedientes le- var-se-4 em conta 0 estatuto pessoal. P. €X., no se aplicara a obrigatorieda- de da separacéo de bens, se se tratar de conjuge estrangeiro, cuja lei nacio- nal nao prescreve tal sancio (RT, 167:195 e 297:275). C. IMPEDIMENTOS Os impedimentos matrimoniais distribuem-se e 1) Impedimentos resultan subdividem em: m trés categorias: Hes de parentesco (CC, att. 1.521, 1a V), que se ee Anténio Chaves, Impedimentos, cit,, p. 276. Digitalizada com CamScanner 85 Dinerro pe Famiuia a) Impedimento de consanguinidade (impedimentum consanguinitatis), que se funda em razdes morais (para impedir nuipcias incestuosas e a concupis- céncia no ambiente familiar) e bioldgicas ou eugénicas (para preservar a pro- Ie de taras fisiolégicas, malformacoes somiticas, defeitos psiquicos)”. ‘Assim, pelo art. 1.521, I, “nao podem casar: os ascendentes com os des- cendentes, seja 0 parentesco natural ou civil”. Logo, pela 1? parte deste dispositivo legal, néo podem contrair matrimé- nio, p. ex., pai com filha, avé e neta, bisavé e bisneta, uma vez que na linha seta o impedimento vai, teoricamente, até o infinito, por ser caso nunca vis- to viverem mais de cinco geragGes ao mesmo tempo..."®, Portanto o impedi- mento abrange todo e qualquer grau de parentesco da linha reta, quer seja ele matrimonial, decorrente de justas nuipcias, quer natural (CC, art. 1.593), proveniente de relagdes convivenciais, concubinarias ou esporddicas'', Luiz da Cunha Gongalves" indaga se 6 sempre necessario demonstrar o parentesco com a certidao de registro civil e, se nio houver essa prova Ii yre, o casamento sera incestuoso, sem duivida, responde ele, quando for impossivel demonstrat co natural, forgosa ser a consumagao do incesto. Mas, continua e quando 0 parentesco natural for denunciado apés a publicagao dos editais, ou se 0 proprio oficial do registro civil dele tiver conhecimento ¢ provas, devers recusar-se & celebracdio do casamento até que o impedimento seja julgado in- fundado. Com maior razdo assim deve ser quando exista uma perfilhagdo se- creta, pois este segredo nao obsta a que o parentesco seja provado por outros rmeios. Para a prova de parentesco admitem-se, a crtério do magistrado, todos ‘os meios de prova reconhecidos em direito (CC, art. 212, e CPC, art. 369), © parentes- sse jurista, 98. Troplong (Des donations ente-if et des testaments, 3. 4: 1, P-268) afirma que “as nip- Ciasincestuosas representam um dos majoresescindalos que possam afligt qualquer so- Giedade bem organizada’. No mesmo sentido: Carbonnier, oP cit v.21» 12, p. 50. 99, Candido de Oliveira (apud Antonio Chaves, Impedimentos, cit, in Encilopédia Saraiva tho Divito, v. 42, p. 286) aponta esse duplo motivo na proibisio do Codigo 29 serene: “Segundo a fisiologia, nas unides entre parentes a raga se enfraquece; 05 filhos so mui- ree a ine eacos, epléticos ou idiotas quando sobrevivem. A mistura do sangue 6 pois, regra fisiologica, que cumpre ser observada. Por outro lado, entre parentes pr6- Fee eer aia € muitas vezes intima; a vida de familia os rene debaixo da mesmo teto, a perspectiva de um casamento possiveltraria a desordem no eentro familiar”. 100. Luiz da Cunha Gongalves, Tratado de direito civil, v. 6. 1p. 183, 101. Caio M. S. Pereira, op. cit, p. 61; Silvio Rodrigues, Direito cit. p. 38: 102. Cunha Gongalves, op. cit., t. 1, p. 183- 103. W, Barros Monteiro, op. cit., p- 38. Digitalizada com CamScanner Cunso pe Direrro Civil BRASILEIRO iménio por consanguinidade abrange os irmaos, ‘bicao do matri : eae A proibiGa 20 aan demais colaterais até o 3° grau inclusive (Cc, unilaterais ou bilaterais, € art. 1.521, IV). = Os colaterais sao parentes que descendem de um tronco comum, sem descenderem uns dos outros. Explica-nos Silvio Rodrigues’ que o parentes. co colateral se conta por geragoes, partindo de uma pessoa até o ancestral comum e dele descendo até o parente que se tem em Mala Cada geragao ¢ representada por um grau. Assim, irmaos s40 parentes em 2* grau, pois para contar os graus sobe-se até 0 pai (um grau) & desce-se ao irmao (outro grau), Colaterais em 3° grau sao os tios € sobrinhos, pois, para contar os graus des. te parentesco, parte-se, p. ex., do sobrinho ao seu pai (um grau), vai-se ao avd (dois graus) e desce-se ao tio (trés graus). O impedimento matrimonial que decorre do parentesco colateral em 2° grau é absolutamente dirimente; compreende os irmaos nascidos ou nao de justas nupcias, os germanos ou bilaterais (que tem o mesmo pai ¢ a mesma mie), os unilaterais, sejam eles consanguineos (nascidos do mesmo pai e de mies diversas) ou uterinos (que nasceram da mesma mae e de pais diversos)'™. Todavia o impedimento entre colaterais de 3° grau, isto 6, entre tios e sobrinhas, nao € mais invencivel ante os termos dos arts. 1° a 3° do Decre- to-Lei n. 3.200, de 19 de abril de 1941, norma especial, que dispée sobre a organizacio e protegéo da familia, e, por isso, recepcionada pelo Cédigo Ci- vil, apesar de anterior a ele. Conforme o art. 2° desse Decreto-Lei, os paren- tes de 3° grau poderao casar-se se dois médicos que os examinarem atesta- rem-lhes a sanidade, afirmando nfo ser inconveniente, sob 0 ponto de vista da satide de qualquer deles e da prole, a realizagao do casamento. Esse cetti- ficado pré-nupcial equivale a dispensa. Vigora, portanto, o impedimento do art. 1.521, IV, apenas se houver conclusdo médica desfavoravel (Dec.-Lei n. 3.200, art. 28, §§ 4° e 7%), ressalvando-se o disposto na Lei n. 5.891, de 12 de 104. Silvio Rodrigues, Direito, cit., p. 40, 105. Alves Moreira, insttuiges de direito civil portugués, v. 1, p. 189. 106. Orlando Gomes, Direito, cit., p. 105, Essas unides entre tio € sobri “ . * tre tio e sob asamento avuncular) sao comuns no interior do Brasil, por isso 6 necessério aa median: te exame médico pré-nupcial 7 Vide: Bol. AASP, 2.649:1746. Sobre casamento avuncular: CC italiano, art. 87, item 3; CC" lombiano, art. 140, 98; CC espanhol, arts. 47, 286 48, 3,CC rego at 136 on art. 166, 2%; CC belga, art. 163; CC chileno, art. 52, item 2°; CC francés, art. 163) 0° japonés, art. 7341; CC peruano, art. 241, item 2; CC uruguaio, art. 91, 5% CC por gués, art. 1602, “c” e CC sufco, art. 100, I. : 7 Digitalizada com CamScanner 87 Direrro pe Fastitia junho de 19731”. Nesse mesmo teor de ideias: a) o Enunciado n. 98 (apro- yado nas Jornadas de Direito Civil, promovidas em 2002 pelo ccc de Justiga Federal), que assim dispoe: “o inc. IV do art. 1s2l. do Cédigo Civil deve ser interpretado a luz do Decreto-Lei n. 3.200/41, no que se refere a pos sibilidade do casamento entre colaterais de 3° grau”, e b) 0 pardgrafo unico a ser acrescentado ao art. 1.521 pelo Projeto de Lei n. 699/201: “Poder 0 juiz, excepcionalmente, autorizar 0 casamento dos colaterais de terceiro grau, quando apresentado laudo médico que assegure inexistir risco a satide dos fi- Jhos que venham a ser concebidos”. O Parecer Vicente Arruda acatou a pro- posta j4 contida no Projeto de Lei n. 6.960/2002 (substitufdo pelo PL n. 699/2011), pois “possibilita o casamento de colaterais de terceiro grau, como era praxe em face do CC anterior. A modificacdo procede”. Convém esclarecer que a moderna teoria tem entendido que a consan- guinidade 6, em si, inofensiva, porquanto, se é verdade que os parentes Pro- ximos transmitem aos descendentes as suas taras e defeitos, também 0 € que Ihes transmitem as boas qualidades. Oportuna ¢ a afirmagao de Vacher de Lapouge de que “a consanguinidade, como as demais unides, dé bons pro- dutos quando os autores sao bons; maus, quando sto mau”. Pessoa afirma que, realmente, essas unides parecimento de anormalidades na prole, apenas aumentam a probabilidade de surgirem certas anomalias heredit- rias, chamadas recessivas, que também podem ocorrer nos filhos de qual- quer casal. Entretanto, o risco é tanto maior quanto mais proximo é 0 pa- rentesco entre marido e mulher. P. ex., é mais provavel nascer um filho sur- do-mudo de um casal de primos em 1° grau do que de primos em 22 ou 3° graus. No caso de unides entre irmaos a probabilidade é cerca de quatro ve- 2es maior do que no caso de primos em 1 grau ¢ vinte © cinco vezes maior do que no caso de pais nao aparentados. Cada filho que nasce de um casal O geneticista Oswaldo Frota nao determinam de modo fatal o aj ae mental dos nubentes e a obrigatoriedade do 107, 0 atestado médico de sanidade fisica ¢ mento de filho deformado ou doente, a pro- exame pré-nupcial nao s6 evitardo nase} pagesd de doencas infectocontagiosas ¢ a transmisste de taras congénitas, como PaEaCHO de deo indice de mortalidade infantil, Silvio Rodgst Direito, cit., p. ‘Morland Gomes, Direit, cit, p. 105; W. Barros Monet, of cit, p. 39; Euclides de Oliveira, Casamento avuncular: dispensa de impedimento ou a quebra do tabu do incesto, Revista Brasileira de Direito de ‘Familia, 41:91 a 99; RT, 132:390, 452:496; RIT/SP, 25:663; RF, 86:735, 88:318, 243:414; TSJP, Ap- s/ Tev. 2. 414.053.4/0, rel. Fran- cisco Casconi, j. 26-4-2006. Sobre casamento avuncular: Cédigo Civil espanhi ants 162 2 164; Codigo Civil portugues, arts. 1.602, 108. Antdnio Chaves, Impedimentos, cit. P- 290. ol, art, 918.3; COdigo Civil francés, 1, 1.604, ¢, 1.609, 1-ae 2. Digitalizada com CamScanner 88 Curso pr Dinerro Civit BrasiLemo de irmaos tem uma chance em quatro, mais ou menos, de ter algum defej. to hereditario recessivo. Para filhos de casais nao consanguineos essa chan, ce € aproximadamente de uma em cem". b) Impedimento de afinidade (impedimentum affinitatis), pois 0 Cédigo cj. vil, art. 1.521, Il, reza: “Nao podem casar os afins em linha reta”. Parentes. co por afinidade é aquele que se estabelece em virtude de casamento, ou uniao estavel, entre um dos cénjuges, ou entre um dos companheiros, ¢ o5 Parentes do outro. P. ex., 0 pai do cnjuge é parente por afinidade do outro COnjuge (sogro e nora); 0 irmao do cénjuge é parente afim do irmao do ou. tro cénjuge (cunhados)!"* (CC, art. 1.595, § 1%). A afinidade so é impedimento matrimonial quando em linha reta, logo nao podem convolar nipcias sogra e genro, sogro e nora, padrasto e entea. da, madrasta e enteado ou qualquer outro descendente do marido (neto, bis. neto) nascido de outra unio, embora tenha sido dissolvido 0 casamento (ou companheirismo) que originou a afinidade'. Tal ocorre porque pelo Cédi- 80 Civil, art. 1.595, § 28, “na linha reta, a afinidade nao se extingue com a dissolucdo do casamento ou da unio estavel”. Assim, ndo pode o vitivo ca- Sar com a mae ou filha de sua falecida mulher; da mesma forma o filho no Pode casar com a mulher de seu pai", Discutia-se, outrora, se, p. ex., 0 filho podia consorciar-se com a come Panheira ou concubina de seu pai, a ee 109, Citacao de Bassil Dower (op. cit,,p. 42-3), que também trans Cuninada familia residente nas proximidades de Brasilia, Grice, de 15 abr. 1961. Trata-se de uma uniao entre nrg {fihos, todos desajustados mentais, sendo que cinco dele Ventes, dois deles sao auténticos animais com formas que se assemelham as dos hu- manos. Ora seen ear ebee's, oa de Quatro pes. do falam nied orvem con, m completamente nus. Trata-se, realmente, oso rincpis da dignidade humana’ “© &™ @¥adeo chocante, que fer to NO. AntOnio Chaves, Impedimentos, cit, P. 287; Bas Monteiro, op. cit, p. 39; Barassi, La famigtia legi 111. Anténio Chaves, Impedimentos, ci cit,, p. 39. 112. Carvalho Santo: creve a situagdo de de- descoberta pela revista 0 10s, da qual nasceram onze esto mortos. Dos sobre’ ssil Dower, op. cit., p. 44; W. Barros ttima nel nuovo Codice italiano, p. 74. » P- 287; RF, 103:493; W. Barros Monteiro, op. 's, Cédigo Civil brasi ileiro interpretado, v. ‘anulagao de casa egdo Sie 1 P. 38. Observa Horacio V.N. 1986, p. 18) que imento, Coleco Saraiva de Prati Digitalizada com CamScanner 89 Dinerro pr FaMitia Pontes de Miranda" afirmava que “A nao pode casar com a filha, a neta ou a mae ou a avé da mulher que foi sua amante; nem B com 0 filho, o neto, 0 pai, o avd de seu amante etc,”. Nesse mesmo teor de ideias mani- festava-se ‘Orlando Gomes ao escrever: “permitido nao é 0 casamento de um jomem com a filha ou mae de sua concubina ou com a propria de seu pai ou de seu filho. Necessaria, porém, a existéncia de concubinato, nao bastan- do simples relagdes sexuais”™. ‘Todavia, em que pesassem as opinides desses civilistas, parecia-nos que a razio estava, sem diivida, com Washington de Barros Monteiro, Astolfo Silvio Rodrigues e Anténio Chaves'’, ao asseverarem que 0 com- © concubinato ou 0 adultério nao produziam afinidade. Hoje, : “cada conjuge afinidade”, Rezende, panheirismo, 6 atual Cédigo Civil, no art. 1.595, caput, ao prescrever que cou companheiro € aliado aos parentes do outro pelo vinculo de dissipa essa dtivida. © impedimento de afinidade tem fundamento moral, extinguindo-se fe sorte que o cunhadio desaparece com o desfazimento portanto nada impede, p. ex., que 0 vitivo se case 7, uma vez que os afins em linha colate- na linha colateral, di do vinculo conjugal" com a ima de sua finada mulhe ral ficam excluidos pelo Cédigo Civil da proibicao, nenhum impedimento ‘matrimonial havendo na linha colateral afim. ©) Impedimento de adogao (impedimentum cognationis legalis), para velar, como 0 diz Saravia", pela legitimidade das relacdes familiares e pela moral do lar, evitando-se que a comunidade se veja empanada pelo surto de pai- jam um relaxamento moral nas relagdes de pessoas que coabitam. Esse impedimento € uma decorréncia natural do respeito e da confianga que deve haver na familia’. Nosso C6digo Civil, em seu att, 1.521, estabelece em trés incisos (I, III e V) os impedimentos para o casamento concernentes a adocao. x6es que forgosamente determinar! 113, Pontes de Miranda, Tratado de direito de familia, 114. Orlando Gomes, Direito, cit., p. 106. 115, W, Barros Monteiro, op. cit., P- 40; Astolfo Rezende, RF, 78:268; Anténio Chaves, Im- pedimentos, cit., p. 288; Silvio Rodrigues, Direito, cit-, v. 2, p. 40. 16. Silvio Rodrigues, Direito, cit, p- 39 117. W. Barros Monteiro, op. cit., p- 39. 118, Apud Antonio Chaves, Impedimentos, cit, p. 289; Lei n. 8.069/90, art. 41. 119. W, Barros Monteiro, op. cit., p. 40. Vide o que dizem ‘Candido de Oliveira, op. cit., v. 5,826, p. 46, Espinola, op. cit., n. 23, nota 79- cit, v. 1, §17, 0. 4 Digitalizada com CamScanner 90 Curso pe Dinriro Crvit BRASILEIRO Pelo art. 1.521, I, nao podem casar os ascendentes ae el tes de vineulo ou parentesco civil (CC, art 1.593); logo, © acount es contrait matriménio com a adotada e vice-versa. O art. situaggo de filho ag 0, do Cédigo Civil jé prescrevia: “A adogao atribul a si ue adotado, desligando-o de qualquer vinculo com 08 Dee en dos con. guineos, salvo quanto aos impedimentos para 0 are cobitecetingaty % juges ou companheiros adota o filho do outro, mante do adotante.¢.os res liagao entre 0 adotado e 0 cOnjuge ou aaa ar pectivos parentes”. Nesse mesmo sentido reza o ECA, art. 41. Pelo art. 1.521, III, do Cédigo Civil, nao podem convolar ate ne tante com quem foi cénjuge do adotado e 0 adotado eye ee ge do adotante, nao em virtude de parentesco civil, que no caso inexiste mas por raz6es morals, porque, como nos ensina Silvio Rodrigues, a adogao procura imitar a natureza, figurando o adotante, em face da vitiva do ado- tado, como se fora seu sogro; e a vitiva do adotante, ante 0 adotado, como sua mae”, Pelo art. 1.521, V, profbe-se casamento do adotado com 0 filho do ado- tante, que ter4, na familia, a posigao de irmao do adotado™!, preservando-se, assim, a moralidade familiar, que no esta adstrita ao tempo da filiacao (LINDB, art. 52)"3, 2) Impedimento de vinculo (impedimentum ligamis seu vinculis), que deri va da proibigao da bigamia™,, por ter a familia base monogamica. A mono- gamia € a forma natural e mais apropriada de aproximacao sexual da raga humana’, ao passo que a poligamia, como pondera Savigny, é o estagio menos avangado da moral", —— 120. Silvio Rodrigues, Direito, it, P. 40; Bas 121. Silvio Rodrigues, sil Dower, op. cit, Direito, cit, p. 41, ee cont é casamento se Tealizar, roto fi a ea joann cecil nial (art, 1771), 123. W. Barros Monteir it ©, Op. cit, p. 40, 124. Orlando Gomes, Direi ‘ ’ inn s, Direito, », Cit., p. ; " $1:3095 RITISP, a” P: 102. 107; Rr, 642:112, 677:105, 588:175, 760:23% 125, Collins, Résumé de ae op. cit pai! Philosophie de Herbert Spencer, 126. Savigny. Tratee + 1.314, apud W. Barros Montell Digitalizada com CamScanner —— 91 Dinero pe Fantinta proibida est de se casar pessoa vinculada a matriménio anterior valido (CG att. 1.521, VD. f dbvio que nao é 0 fato de ja se ter antes casado qual- er dos consortes, mas 0 de ser casado”’. Subsistindo o primeiro casamen- nao se pode contrair um segundo. Assim, se alguém estiver unido 4 outra pessoa por lago matrimonial e quiser contrair outro casamento, de- yerd apresentar ao oficial do registro incumbido de processar as formalida- tes preliminares: (a) a certidao de dbito do cOnjuge falecido, ou a certidao de nulidade ou anulagdo do casamento anterior (R/T/SP, 37:118, 40:45), (b) 6 registro da sentenca ou da escritura publica do divorcio (CF, art 226, § 6%, © CC, art. 1.571, § 18, Lei n. 11.441/2007), para nao sofrer a pena de 2a6 fe reclusdo prevista no art. 235 do Cédigo Penal, imposta ao crime de e para que o novo matriménio nao seja nulo (CC, art. 1.548, my. le estard 0 segundo casamento se 0 prece- ‘a men- to valido, anos di bigamia, Portanto, eivado de nulidad dente ainda néo estiver dissolvido por qualquer um dos meios acim tjonados, mesmo que haja decretagdo posterior de sua nulidade. Deveras, 0 fato de vir 0 primeiro a ser dissolvido, posteriormente, nao convalida o segundo, porque sua realizagao operou-se quando havia o im- pedimento matrimonial”. O Tribunal de Justica de Sao Paulo (RT, 393:167) decidiu até que “é vidvel a agao objetivando a anulagao do segundo casa- mento contraido por bigamo, nao obstante jé falecido este”. Do exposto percebe-se que os separados extrajudicial ou judicialmente, antes de obterem 0 divércio, nao poderfo convolar novas niipcias. Outrora, {gualmente, 0 cnjuge do ausente nao podia consorciar-se novamente, uma ver que a presungao de dbito, no caso de auséncia, ‘autorizada em matéria sucesséria era inoperante para fins matrimonials (RT, 190:709)". Logo, © cénjuge do ausente nao podia casar novamente, sem provar a morte daque- Je e sem promover a aco judicial de dissolucio do vinculo. 127, Caio M. S. Pereira, op. cit., p. 64. 128, Vide Antonio Chaves, Impedimentos, cit., 129, Orlando Gomes, Direito, cit., p. 107. 130, Bassil Dower, op. cit., p. 47; RT, 760:232, 755:333, 588:175, 528:108, 557:301, 541:84; TES, Adcoas, 1983, n. 90.808: “Reconhecida a bigamia no processo penal com tran- sito em julgado, igual solugao ha que ser dada na acao civel,a im de se anular 0 ca~ Samento, sem prejuizo da sua putatividade, pela boa-fé do conjuge enganado’. E ha decisao permitindo indenizagao por danos morals & segunda mulher, Por Testo A sua honra objetiva e subjetiva (TJRJ). Dispontvel em: <. . £0 que nos ensina W. Barros Monteiro, op. cit. p- 41. 132, AntOnio Chaves, Impedimentos, cit. P. 292+ p. 291. Digitalizada com CamScanner 92 ai 1LEIRO Curso pe Direrro Civil BRASHLEIE “ivi Hodiernamente, por forga do § 1* do art. ree Civil, 0 ca. samento dissolve-se em caso de presun¢ao ae ‘ . ena Convém ainda lembrar que nao constitu! se ae ; casamento religioso nao inscrito no registro civil Ne re aietice que for casado apenas no religioso poderé conson - Finalmente, pelo Cédigo Civil, art. 1.545, quando a pes folecerem, nna posse do estado de casados, nao pode ser-Ihes contest ¢ amen i. prejuizo da prole comum, salvo se do registro civil se con: i a cu pretensos conjuges estava, ainda, ligado a outrem por vin : 3) Impedimento de crime (impedimentum criminis), pois, pelo ii 1.521, VII, nao pode casar 0 cénjuge sobrevivente com o condenado por homici- dio ou tentativa de homicfdio contra o seu consorte. O homicidio ou tentativa de homicidio cometido contra um dos cén- juges constitui impedimento a uniao matrimonial entre o criminoso ¢ 0 ou- tro cOnjuge, por razdo de ordem moral, pois como pontifica Clovis Bevilé- qua™: “O homicidio ou tentativa de homicidio contra a pessoa de um dos cOnjuges deve criar uma invencivel incompatibilidade entre 0 outro cénju- ge € 0 criminoso, que Ihe destruiu o lar e afeigdes, que deveriam ser muito caras. Se esta repugnancia nao surge espontanea, é de supor conivéncia no ctime. Poderd ser auséncia de sentimentos de piedade para com o morto, ou estima para consigo mesmo, mas em grau tao subido que, se a cumplicida- de ndo existiu, houve a aprovacao do crime, igualmente imoral. E, nesta hi- Steel SW i 9 133. W. Barros Monteiro, op. cit. i i Wao mi OP. cit, p. 41 € 42. O Projeto do Codigo Civil, art. 1.818, VII havnt um Novo fatoimpeditivo, o das pessoas nis no religioso, uma vez Tico no registro ci i le fic do casamento religions SH Sl. Com isso viia'a aumentar a estore ae etcdea 0 ca pois, no caso de habilit: i a cnr ge ees Proceso jd constituriaimpedimentoa cele eer & 843 realizacao, 109) O atticipasse um dos figurantes (Clovis do Coueee ante oe casamento civil, cl podera impedir concretizacag ae oo! P1103), que a constata- a sido desfeita de instituicéo reconhecida peg 2D 134. Apud Anténio Chave edimentos 34. Apud Anténio Cha 's, Impedim: ¥2/nO art. 183, VII, como impedimer , Digitalizada com CamScanner 93 Dinerro pe Fastitia potese, @Iei nao feriré um inocente, quer haja codelinquéncia, quer simples provacio do ato criminoso”, Tal impedimento 86 diz respeito ao homicfdio doloso, j4 que no culpo- so nfo ha intenc&o alguma de matar um consorte para casar com 0 outro. Requer, ainda, a norma juridica que o delinquente tenha sido condenado pelo crime de homicidio ou pela sua tentativa; se foi absolvido ou se 0 de- lito prescreveu, extinguindo-se a punibilidade, nao hé qualquer impedimen- to matrimonial’, Todavia, anistia, graca ou perdao nao tém o condao de fazer desaparecer esse impedimento™, Daf a representacao grafica: Impedimentas matrimony, | ¥ us « , ae | pea vincilo time | 135, Silvio Rodrigues, Direito, cit., p: 46; Orlando Gomes, Direito, cit., p. 109. 136. W. Barros Monteiro, op. cit., p. 43. f crime contrair casamento conhecendo a exis- téncia de impedimento que Ihe cause nulidade absoluta (CP, art. 237). Digitalizada com CamScanner ro CIVIL BRASILEIRO Curso pe Dine D. Causas SUSPENSIVAS A violacao das causas ee ntes, suspensivos Ou proibitivos, n,, i impedimentos i q a aoa visto que nao é nulo, ee aplicagao de sangdes previstas em lel. Essas ¢ Wet de at eb cidas no interesse da prole do leito anterior; a ee ra Config sanguinis e a confusao de patriménios, na hipotese di gu nas nae no interesse do nubente, presumivelmente influenciado pelo outro™, ivas da celebracao do casamento, tanp, 0 des, Teta Para evitar a confusao de patriménios, pelo Lee) Codigo Civil, art, 1.523, I, nao deve ser celebrado 0 casamento de vitivo ou vitiva que tive §, lho do cénjuge falecido, enquanto nao fizer o inventario dos bens do cas € der partlha aos herdeiros (RT; 167:195, 629:259 ¢ 647:100 101. Vino ou vitiva que violar esse preceito, convolando as segundas niipcias sem an. tes inventariar os bens deixados pelo finado, sofrera, a nao ser que Prove inexisténcia de prejuizo aos herdeiros (CC, art. 1.523, paragrafo tinico), as seguintes sangdes: celebracao do segundo casamento sob o regime de sepa. raga de bens (CC, art. 1.641, 1)" e hipoteca legal de seus iméveis em favor dos filhos (CC, art. 1.489, Il). © objetivo do legislador ao fazer tal recomendacao foi evitar que o ace. ¥o patrimonial, em que séo interessados os filhos do primeiro leito, se con funda com o da nova sociedade conjugal, obstando a que as novas aftcos ¢ crlacao da nova prole influenciem o binubo no sentido de prejudicar os filhos do antigo casal"®, De for ma que, com a exigéncia do inventirio e par tiha dos bens do primeiro casal, apura-se o que pertence a prole do cae mento anterior", Para que nao haja confusao de Sangue (turbatio sanguinis), gerando ut contflito de patemnidade'', pelo nosso Cédigo Civil, art. 1.523, Il, nao de® 137, aligdo de Silvio R ireit . fle dest Diteito,cit., p. 50; Jones F, Alves e Mario L. Delga 138. RT, 14; 177, 143:312, 15S: 141177, 1433312, 155-815, rap, : - 219261, 64710 Al, 107194; ns oes yal "Taio M. S. Peteita, op. cit, p75 2 ti a (Oo mia = cs pe odrigues, o, , 188:884, 182:676, 261:132; 745 Sf ns sulz Paulo Cotrim Guimaraes, Causs SP" a na Civil, Consulex, 142:39 e 40. Digitalizada com CamScanner 95 Dinerro pe Fasiuia ser contraido o casamento de vitiva ou de mulher cujo matriménio se des- fez por ser nulo ou por ter sido anulado, até 10 meses depois do comeco de viuvez, ou da dissolugao da sociedade e do vinculo conjugal, salvo se antes de findo esse prazo der a luz algum filho ou provar inexisténcia da gravidez (CC, art. 1.523, pardgrafo tinico). A lei aconselha que a vitiva ou a mulher nas condi¢des acima mencionadas, sob pena de ter de casar no regime de separagao de bens (CC, art. 1.641, I), aguarde a expiragdo daquele prazo an- tes de contrair novo casamento, pois incerta seria a paternidade do filho nas- cido no sétimo més do segundo casamento, realizado trés meses apés a mor- te do primeito marido. O recém-nascido poderia ser filho tanto do primei- to como do segundo cénjuge'# (CC, art. 1.598). Por isso dispensa-a da exi- géncia do art. 1.523, Il, do Cédigo Civil, se provar que nao esta gravida ou que teve filho antes da fluéncia do prazo legal, pois nestas hipdteses nao ha- veré divida quanto a paternidade. O novo casamento, entdo, deverd ser ce- Iebrado, mesmo sem a decorréncia do lapso temporal exigido legalmente, uma vez que cessante causa, tollitur effectus. Logo, poder convolar novas nipcias antes do termo legal, sem sofrer a sancao do art. 1.641, I, do Cédi- g0 Civil, se antes dele der a luz algum filho ou se por processos cientificos irrecusdveis se provar que nao se encontra gravida"; se seu casamento foi anulado por impotentia coeundi absoluta e anterior ao casamento; se, como ensinam Ruggiero, Maroi, Planiol, Ripert e Boulanger, se apresentarem cir- cunstancias que demonstrem e provem a impossibilidade fisica de coabita- ¢ao entre ela e seu primeiro marido. P. ex.: se este esteve ausente durante todo 0 ano que precedeu a sua morte; se ele ou ela estiveram recolhidos, gravemente enfermos, por um ano em hospital", Embora a causa suspensiva se baseie na ideia de impedir a turbatio san- $uinis, convém nao ampliar a tinica excegdo admitida pelo nosso Cédigo Ci- vil", a fim de evitar riscos e errdnea atribuigdo de paternidade. ‘Também para evitar a confusio de patriménio da antiga com o da nova sociedade conjugal, nao deve casar 0 divorciado enquanto nao houver sido 142. W. Barros Monteiro, op. cit., p. 48. 143. W. Barros Monteiro, op. cit., p. 48, e em sentido contririo: RT, 224:175. Com o exa- me de DNA facil seria comprovar se a crianga é filha, ou nao, do primeiro marido, descartando a possibilidade de confusio de sangue. 144. Caio M. S. Pereira, op. cit., p. 73; Planiol, Ripert e Boulanger, op. cit,, v. 1, n, 829; Ru- ‘ggiero e Maroi, Istituzioni di diritto privato, v. 1, § 53. 145. Antonio Chaves, Impedimentos, cit., p. 299. Digitalizada com CamScanner BIRO vin BRAS! fo pe Danerre CHE 2 curs 0 casal (CC, art. 1.523, II), sd eee de separacao de bens (cc, homologada ou deci ie prigatoriO sob pena de ter de adotar © ° ” aver qualquer dano a0 ex-c6n, ns ; ; art. 1.641, 1), exceto se a en divorcio pode ser nee A Dinquelye (C, art, 1.581), mas 0 art 1,523, III, sujeita o qj. que haja parti ‘va para efeito de convolar novas mipcias, en. vorciado aquela cate’ 1 ser que comprove auséncia de qualquer i nai nto pendente a partilha, sas pares ex-consorte (CC, att, 1.523, paragrafo de desaconselhar matrimonio de pessoas que se acham ee ‘or isso conseguir um consentimento nao oder de outrem, que poderia Ps ; = Laven preceitua 0 Cédigo Civil, no art. 1.523, IV, que nie devem ca- ne : dentes, ascendentes, irm4os, cunha- descen sar “o tutor ou curador € 0S seus ¢ dos ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto nao ces- sara tutela ou curatela, e140 estiverem saldadas as respectivas contas”. Isto € assim porque 0 administrador dos bens da incapaz poderia procurar no matrimonio um meio de se ver livre da prestacdo de contas in iudicio™®, se zelou mal pelos haveres da pupila. A violacdo desse preceito acarreta a obrigatoriedade do regime de sepa- racdo de bens (CC, art. 1.641, 1), salvo se se provar inexisténcia de prejuizo para o tutelado ou curatelado (CC, art. 1.523, paragrafo tinico). Pelo art. 183, XVI, do Cédigo Civil de 1916 nao podiam casar “o juiz, ‘ou escrivdo e seus descendentes, ascendentes, irmaos, cunhados ou sobri- nhos, com érfao ou vitiva, da circunscricAo territorial onde um ou outro ti- ver exercicio, salvo licenga especial da autoridade judiciaria superior”, ou ae presidente do Tribunal de Justica, sob pena de ter de adotar 0 ia ae de bens, pois 0 objetivo desse dispositivo legal era por freio proteger os mais fracos e afastar a coagao moral, dado que tais au- toridades exercem influéncia sobre o nimo daquelas pessoas. O atual Cédi i os 80 Civil nao mais arrola essa causa 5 spensiva. 146. Caio Ms, + S. Pereira, 0 Es, Impetigo, °F. 74; W. Barn cit, p. 278, °s Monteiro, op, cit., p, 44: Antonio Ch , OP. cit., p. 44: Antonio Ch Digitalizada com CamScanner Dinerro pr FaMiiia arts, 110 a 115; pela Lei n. 5.467-A/68, que alterou o art. 102 do revogado Decreto-Lei n. 9,698/46, e pela Lei n. 6.80/80, que revogou a Lei n. 5.774/71, os militares da ativa ou da reserva convocados s6 podem contrair matrim@- nio com licenga de seu superior e, se quiserem se casar com estrangeira, pre- cisam de autorizagdo do Comandante da Forga Armada a que pertencerem. Os funciondrios diplomaticos e consulares dependem de autorizagao para casar, em razao de disciplina imposta pela carreira (Lei n. 7.501/86 — revogada pela Lei n. 11.440/2006), e pela Lei n. 1.542/52, art. 18, Decreto do Conselho de Ministros n. 2/61, art. 45, ndo poderdo casar-se com estrangei- a, salvo com licenca do Ministro de Estado, sendo que se a estrangeira se na- izar cidada brasileira ndo haverd restrigio alguma. A fim de resguardar 0 a servidora piiblica que se casar com diplomata _-Lei n. 9.202/46; RT, 205:585)'”. Além dis- teriores deve tural interesse do servico piblico, deverd exonerar-se do cargo (Dec 0 funcionério do servico exterior do Ministério das Relagoes Ex Repiiblica para casar com pessoa emprega- da de governo estrangeiro ou que dele receba comissdo ou pensao. O casa- mento de funciondrios diplomaticos e militares ¢ regido pela Lei n. 11,440/2006, pelo Decreto n. 93.325/86 (arts. 48 a 50) e pela Lei n- 6.880/80 (atts. 144 e 145), respectivamente. $0, pedir autorizagao ao Presidente da PEDIMENTOS MATRIMONIAIS E DAS CAUSAS E, Oposi¢Ao DOS IM SUSPENSIVAS A oposigéo dos impedimentos matrimoniais, ou das causas suspensivas, €0 ato praticado por pessoa legitimada que, até o momento da realizagao do casamento, leva ao conhecimento do oficial, perante quem se processa a habilitagao, ou do juiz que celebra a solenidade, a existéncia de um dos im- pedimentos, ou causas suspensivas, previstos nos arts. 1.521 ¢ 1,523 do Cé- digo Civil, entre as pessoas que pretendem convolar niipcias'*. Para De Page"? constitui uma sangao civil preventiva. a - parros Monteiro, op. cit., p- 45; Antonio Chaves, Impedimentos, cit,, p. 301. Vide er "a, 23.806/34; RF, 294:528, 296:527. 148. Vide Ontancio Genes Dieit, cit, p- 112s Bassil Dowes cit, p. 3; e Silvio Rodri- gues, Direito, cit., p. 52. Por analogia, a0 procedimento da arguigao aplica-se as mes- mas normas da oposi¢ao de impedimentos. 149. De Pava on cit. t. 4, P» 687- 147, Sobre o assunt Digitalizada com CamScanner

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