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| UMA HISTORIA DE AMOR ETERNO DO JARDIM A CRUZ | PREFACIO por MARCIO VALADAO Digitalizado com CamScanr _ AGRADECIMENTOS Filho e Espirito Santo. A razao o de vida em mim é por do eu ainda era apenas unca me desamparaste. ‘Ao tinico Deus: Pai, pela qual nasci ¢ ainda ha foleg: causa de Ti. Tu me amaste quan' um projeto em Teu cora¢ao, € 1! Obrigado por tua fidelidade. A minha amada esposa, Vane: a mulher virtuosa descrita em Pro companheiris disso seria pos limites na forca alegria € Se realiz: ‘Amo vocé para sem A meus pais, Jes! me apoiarem. Vocés que pais podem deixar aos Deus. Vocés me prepararam Agradeco também a Luana Ca irma. Crescer ao seu lado foi um vivemos momentos tao marcantes em fa | : Ao amigo Drummond Lacerda. Vocé nai | Sra i age este projeto, mas 0 abragou como incstimdeel a ae icagao a este livro teve um valor . igo Brdulio Brandao, por dias ¢ dias ssa Capochim, por ser wérbios 31. Sem seu compreens4o nada air além dos meus a.com a minha s. Isso € amor. m0, seu amor e sua sivel. Vocé me inspira de Deus. Vocé se alegr: a nas minhas realizagoe: pre! ino e Sonia Capochim, por sempre me concederam a melhor heranga seus filhos: 0 amor eo temora para a vida com exceléncia. pochim, minha amada privilégio, e juntos milia e em Deus. o apenas me Digitalizado com CamScanr Ie café ¢ revisio. Vocé inseriu um toque sui generis neste de ca g Jivro, Usufruir da un claro, as respectivas esposas, Raquel ¢ fio que ha em vocés para escrever foi especial. E, Cris, muito obrigado por abrirem mao de tempo com cles para que pudessem investir neste projeto. Ao meu pa(i)stor Marcio Valadao, por acreditar no chamado de Deus sobre minha vida e pela liberdade de cumpri-lo debaixo de sua lideranga. Sua vida, tanto ministerial como pessoal, 6 uma inspiracao para mim, e quero ser seu imitador, como vocé é de Cristo. A professora Mie Kawasaki, por me apresentar este assunto pela primeira vez com tanta graca e uncao do Espirito Santo. E ao Arthur Netto, um dos meus pro- fessores no Seminario. Recordo muito bem daquela manha de culto em Petrdpolis, quando vocé liberou uma palavra profética sobre minha vida: “Alianga de sangue é uma matéria que vocé precisa ensinar. Deus lhe deu graca para falar desse assunto”. Aos alunos do Seminario Teolégico Carisma. Servit vocés € um dos maiores privilégios que tenho. Este livro 86 existe porque ha pessoas sedentas por conhecimento revelado como vocés, a Digitalizado com CamScanr SUMARIO Prefacio 9 Introdugao 10 Parte 1: Definig6es € principios de uma alianga O que é uma alianga?. Razes pare uma alianca Rituais em uma alianga Pilares de uma alianga Parte 2: As primeiras aliangas Alianga da criagao Alianga do comego...-.-- Alianga da preserva¢ao. Alianga da promessa... Alianga da lei . Alianga do reino ......- Parte 3: A Nova Alianga Sombra e realidade Aceia do senhor. on O caminho de sangue: do jardim a cruz Bibliografia. 15 22 34 43 51 63 74 . 86 . 113 .125 139 158 169 189 Digitalizado com CamScanr PREFACIO . | osso Deus é um Deus de alianga. Desde o principio xisténcia, Ele nos amou e quis | \ da historia de nossa e: ter uma alianga conosco. Infelizmente, o ser humano caiu na cilada da serpente e quebrou a alianga no Eden. Mas, 0 que parecia 0 fim da humanidade, na verdade, se tornou 0 inicio de uma linda jornada de reconciliag4éo Jianga. Da promessa de Deus na para restabelecer essa @ 1 satda do homem € da mulher do Eden, Noé, Abrado, Davi, Isafas, Zorobabel, Joao Batista e o Pai Eterno pre- e caminho, que culminou na cruz de Cristo. Jianga trouxe a nova vida, o livre acesso e esto dispontveis até dentro dessa maravi- pararam ess‘ Essa nova al ao Pai e tantas outras dadivas qu hoje aqueles que buscarem estar Ihosa realidade. Neste livro, de uma forma objetiva, mas sempre buscando o rigor das Sagradas Escrituras, o pastor Leo- nardo Capochim, que trata ha muitos anos deste assunto no Semindrio Teoldgico Carisma, explica, com uma graca muito preciosa, essa jornada e suas implicacoes em minha esua vida, como essa alianga ird mudar sua histéria. Seja grandemente abengoado através desta leitura. Pastor Marcio Valadao IGREJA BATISTA DA LAGOINHA Digitalizado com CamScanr INTRODUGAO ma miisica suave € romantica ao fundo, conyj- \\/ dados com suas melhores roupas, flores belissimas ornamentando todo o lugar, pastor posicionado no altar, noivos apaixonados. Sim, estamos em um casamento. Como pastor, j4 celebrei muitos casamentos. Presenciei o choro dos pais, o olhar apaixonado dos noivos, a simpatia cativante das damas de honra. Porém, ha um momento que supera todos os outros: a entrada de um objeto que a EOE tf carregard em si todo o significado daquela ceriménia. Os casados que leem estas palavras podem con- templé-lo em sua mo esquerda. Fabricado com um metal de imenso valor, em forma de um circulo perfeito, em que néo ha infcio e nem fim. A alianga! Ao lerem © titulo deste livro, muitas pessoas conseguem pensar apenas nesse famoso objeto. Contudo, vale ressaltar que ele é meramente um simbolo para os princfpios ¢ Hine que, de fato, constituem uma alianga. 1 cba base ie lecer ae alianga com a Soni de uma igreja, his eu ouem uma corteira de a “ ual ambog coe mi asado em um relacionamen envolvidos para sempre. Digitalizado com CamScanr intropucgAo 11 Na primeira parte desta obra, vamos trabalhar o ‘ao seu estabelecimen- conceito de alianga, as razGes par to, seus simbolos e os pilares de um pacto nos tempos antigos. Essas percepg6es serao fundamentais para com- preendermos a esséncia e as implicagées da alianga de Deus com a humanidade. Em seguida, vamos analisar as diversas aliangas que Deus estabeleceu no Antigo Testamento. Perceberemos que, a cada alianga estabelecida, ficam explicitos 0 amor, a graca e o desejo ardente do coragio de Deus de estar préximo daqueles que Ele criou. Analisaremos também as promessas de béngdo, as leis e as particularidades de cada alianga. Na tiltima parte, seu coragio ser4 surpreendido ao perceber que todos os pactos divinos registrados no Antigo Testamento foram prentncios de uma Nova Alianga. Uma alianga tao perfeita e sublime que nao poderia ser estabelecida com sangue de animais, mas que exigiu o derramamento do sangue do Filho de Deus. Reafirmara que, por esse sacrificio, vocé pode viver a altura da gléria desse pacto e se assentar 4 mesa para a grande refeigéo memorial que sela essa alianga eterna. O Pai est4 no altar, os anjos séo as testemunhas, o Espirito Santo conduz a noiva para viver a plenitude de uma alianga com 0 noivo, que é Cristo Jesus. A festa esta pronta. Por isso, abra o seu coragdo e deixe que as proximas paginas lhe revelem um Deus de aliangas que se recusa a viver longe de vocé. Nunca mais vocé pensard que alianga é apenas um anel, Digitalizado com CamScanr A Palavra de Deus néo é propriamente entendida até que seja vista dentro de uma moldura de alianga. J. 1. Parker TEOLOGO ANGLICANO INGLES A intimidade do SENHOR é para os que o temem, aos quais ele dard a conhecer a sua alianga. Rei Davi SALMOS 25.14 (ARA) Digitalizado com CamScanr PARTE 1 DEFINIGOES E PRINCIPIOS DE UMA ALIANGA Digitalizado com CamScanr 0 QUEE UMA ALIANGA? de que, outrora, vds, gentios na carne, chamados les que se intitulam circuncisos, na carne, por maos humanas, naquele tempo, estéveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel e estranhos as aliangas da promessa, nao tendo sem Deus no mundo. Mas, agora, em Cristo Jesus, v6s, que fostes aproximados, pelo sangue de Cristo." Portanto, lembrai-vos incircuncisdo por aque esperanca antes estaveis longe, as pessoas, normal- como deveriam, as indo em que ca- tos podem ser nseridas na cultura do Ocidente, mente, ndo costumam yalorizar, aliancas que firmam. Vivem em um mu: samentos tém prazo de validade, contra’ facilmente quebrados e compromissos sdo muito frageis diante de adversidades. Desde a infancia, muitos pais buscam compartilhar com os seus filhos valores para a vida. Ensinam a respeito da seriedade de uma palavra empenhada e a serem pontuais em seus compromissos; porém, muitas vezes, nao associam esses principios a0 conceito de alianca. Muitos povos da Antiguidade nao tinham a difi- singularidade culdade que temos hoje de compreender a " Efésios 2.11-13 (ARA). Digitalizado com CamScanr ea profundidade de uma alianga. Naquele tempc 9, 05, costumes de alianga cram ensinados e pr aticados, ¢ nao observancia deles era algo condendvel ¢ malviste, Nessas culturas, todos entendiam o significado de _ pacto, as implicagdes dele em sua vidae as consequéncias de seu descumprimento.* Diante disso, para restaurar o valor e a grandeza de uma alianga, a ponto de se tornar realidade em nossq vida, precisamos compreender o seu significado. Em um de seus livros, Malcolm Smith define alianga nos seguintes termos: Uma alianga é uma obrigacao unificadora e inque- bravel entre duas partes baseada em amor incondicional, selada por sangue e juramento sagrado, que cria um relacionamento no qual cada parte esta presa por acgdes especificas realizadas em favor do outro. As partes da alianga se colocam debaixo da pena de retribuigio divina caso quebrem alguma das promessas feitas. £ um relacionamento que sé pode ser quebrado pela morte.’ Ao observar essa definicao, € possivel perceber que 0 conceito de alianca perpassa a nogio de compromisso em que as partes concordam sobre algo. Sabe-se que 0S relacionamentos humanos s4o sempre passiveis de falhas, logo, vulneraveis. Assim, é imprescindivel que neles haja 2p, Para um estudo com leitura de: DONAVA) pleto sobre a histéria das aliancs ‘edicoa NN, Jacks MILLEN {28 aliangas entre os homens indico 3 rites o| 3 R, Natha | a ala ew Rind Sai ir is . The power of th i a > : in God's et th. Tulsa, Okan a covenant : uncover the secret strength i House, 2002, p.12,13. (Livre Digitalizado com CamScanr © QUE E UMA ALIANGA? 17 solidez, a fim de que sejam sustentados. A base desse re- lacionamento é construfda por meio de um esforgo entre as partes para proteger 0 compromisso por eles firmado. Niveis de intimidade sao produzidos naturalmente em todo relacionamento. Quanto mais intimas, essas relagdes expdem fraquezas, falhas, preferéncias e im- perfeigdes das partes envolvidas. Soma-se a isso 0 fato de que, com o passar do tempo, com o costume de se relacionar, tem-se a rotina, o hdbito, que, em geral, conduz A instabilidade da relagao. Imagine um jovem casal que comegou a se conhecer. No inicio, 0 que os atrai é 0 gosto em comum. Ele diz: “Ela gosta de filmes, gosta de croissant de ervas finas e de esportes radicais, igual a mim”. Ela diz: “Ele é inteligente, gosta de conversar e sempre me faz rir, tudo o que eu sempre quis”. Observe: 0 que desperta o interesse mutuo sio as preferéncias compartilhadas e as qualidades indi- viduais. Cada novo encontro é, para eles, como tirar de uma caixa de surpresas seu presente favorito. Porém, a partir de certo momento, a intimidade comega a revelar mais do que os pontos agradaveis do relacionamento. O casal entra em uma senda, assim, consequentemente, os defeitos e as fraquezas de ambos sao evidenciados. Alguns casais nao chegam a separagao, mas vivem em constantes conflitos e discussdes por terem alcan- cado um nivel de intimidade que o relacionamento nao estava preparado para suportar. A tinica solugdo para a instabilidade produzida pela intimidade € 0 compromis- so. Compromisso de amar acima de tudo, de respeitar as diferencas e de aprender a viver juntos, apesar das Digitalizado com CamScanr FO RR imperfeigdes. Em um compromisso, valoriza-se Mais relacao do que as falhas uns dos outros. ‘Ao nos depararmos com 0 que nao desejamos, Nos. am instaveis. Caminhamos do amor sas emogoes ao édio, do carinho a aversao, do afeto ao desagrayo, 0 compromisso € a forga que sustenta e transforma Teacdes e emogdes. No compromisso, declara-se: “Eu nao dei- xarei a instabilidade das minhas emogGes afetarem 9 meu comportamento, mas farei com que a seriedade do meu compromisso influencie essas instabilidades”. Um grau profundo de intimidade exige um compromisso equivalente a essa profundidade. Isto é uma alianga: um compromisso que assegura a relacdo acima de circunstancias e sentimentos. Por essa raz4o, os classicos votos de um casamento afirmam: “Eu prometo estar ao seu lado, amar-te e respeitar-te, na alegria ou na tristeza, na satide ou na doenga, na riqueza ou na pobreza, até que a morte nos separe”. Veja que se firma um compromisso acima de toda adversidade e sentimentos, tendo apenas a morte como “prazo de validade”. O casal, agora, pode ser livre em intimidade porque esta seguro pelo compromisso. ser Se ae ie eee Por exemplo, ain significado de uma iene eae compreenderem GA, AS pessoas estao dispostas 4 quer situagéo. Alguns até t pensando em se separa! Promisso como forga sus" ©, 0 relacionamento corte Digitalizado com CamScanr abrir mao da relagao por qual mesmo caminham para 9 alta caso nao dé certo, Sem 0 ¢ tentadora, com, ah pts Brande risco, fo explanad © QUE E UMA ALIANGA? = 19 O alvo do compromisso no relacionamento € gerar comunhao. Comunhao é muito mais do que estar junto. Alguns relacionamentos podem ser comparados a uma salada de batatas: estéo juntos, porém, separados. En- tretanto, 0 propésito € que os dois se tornem um puré de batatas. Um puré de batatas é a unio de varias batatas que foram amassadas até se tornarem uma s6 massa. Fica impossivel dizer qual batata é maior ou menor, ou o sabor especifico de cada uma, pois elas se tornaram homogéneas. Isto é comunhio: estar junto, compartilhando cores e sabores da vida. Retomando os povos antigos, a ideia de mistura ou comprometimento de vida é intrinseca ao conceito de alianca de sangue, presente nesses povos. De acordo com TRUMBULL, 0 ritual de alianga de sangue “é uma forma de alianga mitua, pela qual duas pessoas entram no mais intimo, mais duradouro e mais sagrado dos contratos, como amigos e irmaos ou mais que irmaos na mistura do seu sangue através da bebida ou sua transfusao”.* O sangue est4 presente em toda a Biblia Sagrada. Ele simboliza a vida. O prdéprio Deus apresenta essa | realidade ao instruir Moisés, afirmando que a vida da carne est4 no sangue’. Quando o ser humano perde sangue, a sua vida se esvai. Lembro-me de que, quando pequeno, gostava de colocar um elastico na ponta do dedo por alguns instantes para vé-la perder a cor; mas . Fog. 4 . ° logo que tirava o eldstico, era possivel sentir o sangue “TRUMBULL, Henry Clay. The blood covenant: a scripture, 2 ed. Philadelphia: John D. Wattles & Ci ‘ Levitico 17.11. Primitive rite and its bearin gs on 0.) 1893, p. 4. (Livre traducio.) Digitalizado com CamScanr 20 ALIANCA DE SANGUE vo correr : 5 Itar a correr pelo dedo. Meus pais sempre diziam que mi itial cair ‘ : eu dedo iria cair se eu fizesse isso constantemente, Todavia, eu nao entendia que, com essa brincadeira, es- ta Va interrompendo a corrente sanguinea e provocando morte no meu dedo, podendo levar até a uma amputagao, dado que onde nao ha sangue nao ha vida. Os povos antigos, em seus rituais de alianga, faziam um corte em seu corpo € derramavam sangue; com isso, eles afirmavam que a vida de ambos estava comprometida naquele relacionamento. Nao era um acordo qualquer. A quebra desse pacto trazia escandalo, marginalizava o individuo e podia até resultar em morte. Executar juizo sobre aquele que quebrou a alianga era, no entendimen- to daqueles povos, a melhor coisa que poderia acontecer aquela pessoa, pois acreditavam que a quebra da alianca traria consigo diversas consequéncias € maldicées.$ A palavra alianga, no contexto biblico, é, por vezes, traduzida como concerto, pacto ou testamento. No he- 6 Os diversos registros de rituais de alianca compilados por Jack Donovan ¢ Nathan F. Miller na obra Blood-brotherhood and other rites of male aliance (Dissonant Hum, 2011) provam que, em diversas culturas, existia a crenga de graves consequéncias sobre aqueles que quebravam uma alianga. Beidelman apud Donavan e Miller, afirma que “era ‘proibido” para um homem quebrar 0 juramento feito a outro; acreditava-se que males sobrenaturais ocorreriam apés tal traigao. Cometer tal injustiga com 0 outro mundo seria ofender seu proprio sangue, uma vez que o sangue deles era compartilhado, 0 que automaticament® conduziria a grande desventura ou doenca”. Em muitos desses pactos era inserid® © pronunciamento de uma maldigio, “muitos pactos de irmandade de sang¥® envolviam uma maldigio como pena para a traigo, Alguns rituais envolviam * leitura de uma lista de tormentos horriveis que cairiam sobre o irmao que quebrou 0 juramento em ‘palavra, pensamento ou ato’. Alguns homens criam que 0 propre Sangue executaria vinganga sobre 0 traidor, causando doenga ou morte os face Cdn Seeker rages 8 erento de gros de café, acreditava-se Ne Se icc cee 4 alana uate § seer sisi ue aes dos irmios ‘ue inerecia e sofresse ett eine lo. que 0 rain de qualquer maneira recebess m consequéncia disso” (p. 251, e-book). Digitalizado com CamScanr © QUE F UMA ALIANGA? 21 é berith, que significa cortar.’ Toda vez que essa palavra aparece no Antigo Testamento, braico, a palavea aliangs © sentido que se quer dar é que esta acontecendo um corte com derramamento de sangue. O texto biblico : comou Abraao ovelhas e vacas, e deu-as a Abi- relata: “I meleque; ¢ fizeram ambos uma alianca”.® Vale ressaltar que, mesmo nao estando explicito nesse texto, 0 ritual de angue esté semanticamente implicito na propria palavra traduzida como “alianga”. Com isso, infere-se que Abraao e Abimeleque estavam empenhando suas vidas para cumprirem os compromissos que haviam derramamento de feito um com 0 outro. Nao ha contrato, acordo, pacto ou alianga mais sagra- da entre as familias da terra do que a alianga de sangue. Ela € permanente, indissolivel, inalteravel e nao pode ser revogada. Quando a cruz de Jesus Cristo ficou encharcada de sangue, Ele estava mais do que nos perdoando, estava firmando o compromisso de nos amar por toda a nossa existéncia. Diante disso, abra 0 seu coragao e perceba o poder da alianga de sangue que Jesus fez com vocé. Lembre-se sempre: O relacionamento produz intimidade. O relacionamento exige compromisso. O relacionamento visa 4 comunhao. Deus quer se relacionar com vocé, 7 O diciondrio biblico Easton d significa ‘cortar’e, portanto, ou a divisdo de animais em di lefende que “Berith & detivada uuma alianga é um ‘corte’ as partes e & pass de uma raiz que » fazendo referéncia ao corte Por entre elas, no estabelecimento da alianeg” sen 85 Partes que se aliancay; * Genesis 21.27 (ACK), re alana cae Digitalizado com CamScanr 2 RAZOES PARA UMA ALIANGA Deu alimento aos que o temiam, pois sempre se lembra de sur alianga* eee eeee m respeitado explorador do século 19, chamado Henry Morton Stanley,’ foi enviado pelo jornal New York Herald para fazer uma matéria sobre um missionirio escocés desaparecido ha seis anos no continente africano. Sem GPS, na mata fechada, andando por estradas nio pavimentadas, trilhas abertas por facdes © machad enfrentando as surpresas de ut lugar desconhecido, de safiando a natureza, docngas terrivets © 0 tisce de nunea mais ser encontrado. Sc, hoje, com todos os recursos ¢ tecnologias que possuimos, ia sera diffal encontrar um homem em um continente, imagine naquela época! Mas Stanley era um homem destemido, pronto a cumprir sua tarefa de encontrar o famoso missionirio Dr. David Livingstone, a *Salmos 111.5 ANVE. * A narrativa que onei sabre H, Bistrados em alguns livros. MEYER, Joyo 2012, p. 181,152, OSTEEN, John, Deseend Gerais Ho *! STANLEY, Henry Mt 9 frame, © samme. Beles Heres Ba Hews} Femme & Digitalizado com CamScanr RAZOES PARA UMA ALIANGA 23 HA registros em que o proprio Stanley narra as difi- culdades enfrentadas por sua expedigao. Doengas, fome, materiais saqueados e ameagas de morte sao relatos cons- tantes em seu diario de bordo. Sua equipe sofreu muito ea missio ficava comprometida devido a gravidade da situagao. Entretanto, esta nao seria apenas uma ardua miso, mas uma ligdo de vida, abalando todas as estru- turas da mente ocidental daqueles homens e abrindo uma enorme janela para uma nova visao de mundo. Quando Stanley e sua equipe se depararam com uma poderosa tribo equatorial, seu intérprete, um jo- vem africano que estudara na Inglaterra, rapidamente deu a eles um conselho: “Vocés deveriam cortar uma alianga com o chefe desta tribo”. Stanley estranhou aquela afirmagéo, pois nao sabia o que significava. En- tio, o jovem africano lhe explicou que esse seria um ritual em que Stanley eo chefe da tribo se apresentariam diante de testemunhas, e, entao, seria o sangue deles e cada um be- a um sacerdote, realizado um corte na mao de ambos, seria misturado em uma taga com vinho éla mistura, tornando-se, assim, amigos. beria daqu 1 aquele ritual. ‘A mente ocidental de Stanley repugno Beber sangue, mesmo que misturado com yinho, nao meiro na cultura do explorador. Porém, devido a insisténcia do jovem africano por causa dos beneficios que aquele ritual traria para ele e sua jornada, o explorador decidiu propor © corte de uma alianga ao chefe da tribo. O ritual foi, entao, cuidadosamente preparado. Os como que cléusulas de um contrato, era algo costu termos da alianga, Digitalizado com CamScanr 24 ALIANCA DE SANGUE antes da ceriménia, decidindo-se, por exemplo, que usariam substitutos no momento do ritual, Para garantir a disposigéo de cada uma das partes em guardar aquela alianga, eles deveriam entregar um presente um ao outro. Dai, o jovem africano orientou Stanley a pedir como presente a lana do chefe da tribo, uma langa feita em cobre com mais ou menos dois metros de altura. O chefe, por sua vez, pediu a Stanley sua cabra, uma das tinicas fontes de alimentacao desse explorador, que sofria com uma terrivel tilcera. Stanley imaginou es- tar em desvantagem nessa negociagao, pois ficou com uma langa, mas perdeu sua fonte de sustento, de vida. Aceriméniase inicia. Os substitutos séo apresentados ao sacerdote da tribo, que solenemente realiza uma in- ciséo na mao de ambos. O sangue deles é misturado em uma taga com vinho e eles bebem do lfquido. E cin- zas sao colocadas sobre o corte realizado nas maos dos substitutos a fim de que a cicatriz seja realgada e 0 pacto, foram negociados jamais esquecido. Logo apés, o sacerdote se pée a pronunciar uma se- quéncia de maldigées sobre Stanley, e o jovem africano faz o mesmo ao chefe da tribo. As mais terriveis situagdes que podem ocorrer a um ser humano sao citadas ali. Seriam aquelas as maldigGes que viriam sobre eles caso quebrassem a alianga. Satisfeitas todas as exigéncias da cerim6nia, o chefe da tribo se coloca diante de todo o povo e diz: “Venham, comprem e vendam com Stanley, pois ele agora € nosso irmao”. A partir daquele momento, a vida e a jornada de Stanley mudaram completamente. Seu novo amigo, 0 Digitalizado com CamScanr RAZOES PARA UMA ALIANGA 25 chefe da tribo, fazia de tudo para agradé-lo. Nao de- morou muito para esse explorador perceber que nao tinha perdido seu sustento, pelo contrdrio, agora ele tinha acesso a tudo que precisasse, bastava pedir ao seu novo amigo. E a langa, o presente que ele pensava ser uma grande desvantagem, se tornou uma das razoes do sucesso de sua missdo. Ela representava a autoridade do chefe daquela tribo equatorial, um homem poderosissimo e respeitado por toda aquela regiao. Assim, aonde Stanley chegava com a langa em mios, ninguém o importunava, pois percebiam com quem ele estava aliangado. Apés mais ou menos trés anos de exploracio, Stanley encontrou Livingstone em uma aldeia de Ujiji e péde, assim, encerrar aquela miss4o. Esse explorador nao apenas achou um homem no continente africano, mas encontrou um novo significado para a palavra “alianga”. Alguns historiadores chegam a dizer que Stanley cortou mais de cinquenta aliangas na Africa. Leia um trecho relatado por Stanley em sua quinquagésima experiéncia: “Myombi, o chefe, foi facilmente persuadido por Yumbila a fazer uma alianga de sangue comigo; e, pela quinquagésima vez, meu pobre braco foi escarificado, [...] um ramo novo de palmeira foi cortado, torcido e um né foi amarrado em cada ponta; os nés foram mer- gulhados em cinzas de madeira, e cada um de nés segurou uma das pontas, enquanto o curandeiro praticava sua : ue de sangramento e nos pungia até Myombi cerrar 0s olhos de dor. Depois disso, 0 ramo foi cortado e, de a maneira incompreensivel, eu havia me unido para npre ao meu quinquagésimo irmao; que eu teria Digitalizado com CamScanr 26° ALIANGA DE SANGUE obrigagdo de defender contra todos os inimigos, até a morte”.* A histéria de Stanley ajuda a compreender 0 quao profunda é uma alianga, e também demonstra as razGes para o seu estabelecimento. A partir dessas aliang: Stanley nao estava mais sozinho com sua equipe naquela jornada, ele podia contar com a protegao ¢ livre acesso ao cotidiano das tribos. — PROTEGAO — Uma razao muito comum para as pessoas cortarem uma alianga é protecao. Antigamente, se uma pessoa ou Povo se sentisse ameagado, estivesse em meio a rumores de guerras ou quisesse simplesmente se precaver de ata- ques, era comum que estabelecesse aliangas com povos mais fortes e guerreiros. A alianga e uma garantia de que, em dias de guerra, haveria alguém para defendé-lo e protegé-lo. Imagine se uma tribo se levantasse contra Stanley. Ele nao precisaria se preocupar. Bastaria Stanley levantar o seu brago, revelando as cinquenta marcas de aliangas estabelecidas, que seus inimigos fugiriam, pois ameagar Stanley era declarar guerra as cinquenta tribos, que prontamente se levantariam para defendé-lo. Com uma alianga estabelecida, a protecao era certa. Nao dependia do querer nem do sentimento ou vontade de proteger, era um compromisso que deveria ser honrado em qualquer situagéo e a qualquer custo. » STANLEY, Henry M. The Congo and the founding of its free state, a story of work and exploration. Harper & Brothers, 1885, p. 104-105. (Trecho tradurido por Braulio Brando.) Digitalizado com CamScanr RAZOES PARA UMA ALIANCA 27 Uma histéria que elucida muito bem essa honra ao compromisso é a de Josué com os gibeonitas.* Os gibeonitas eram um dos povos que deveriam ser destrufdos na conquista da terra prometida. Quando eles ouviram a respeito das vitdrias de Josué com seu exército, decidiram usar de astticia para se manterem vivos. Enviaram uma caravana fingindo ser de uma terra muito distante e propuseram o estabelecimento de uma alianga. Os lideres de Israel, sem consultar Deus, aceitaram a proposta ¢ cortaram uma alianga com esse povo astuto. Quando o povo de Israel descobriu que havia sido enganado, era tarde demais. A alianga estava estabelecida. Sangue ja havia sido derramado e eles nado poderiam mais expulsar os gibeonitas daquela terra e tomar posse da plenitude da promessa de Deus usa da alianga, agora 0 povo para eles. Além disso, por ca de Israel tinha o compromisso de proteger € defender os gibeonitas. Mesmo que eles tivessem sido enganados, 0 pacto estava firmado. E uma alianga estabelecida nao pode ser revogada. Tempos depois, cinco reis, de cinco regides diferen- tes, declaram guerra aos gibeonitas. O mais interessante é que nao ha relato de desespero ou medo da parte del Sabe-se que a tinica atitude que eles tomaram foi enviar mensageiros a Josué, dizendo: “No abandone os scus servos. Venha depressa! Salve-nos!”.° Repare que Josué hamado; ndo tem a op¢ao de atender ou nao a esse ¢ * Josué 9 ¢ 10. ‘Trecho de Josué 10.6 (NV). Digitalizado com CamScanr 28 ALIANGA DE SANGUE por causa da alianga estabelecida, ele € obrigado a de- fender aqueles que, inicialmente, deveria destruir. °O compromisso da alianga é mais forte e mais solene do que qualquer circunstancia. ; . Josué, entio, retine o seu exército, guetrela a favor dos gibeonitas, e o préprio Deus intervém nessa batalha. “O sol parou, e a lua se deteve, até a nagao vingar-se dos seus inimigos, como esta escrito no Livro de Jasar. O sol parou no meio do céu e por quase um dia inteiro nao se pds. Nunca antes nem depois houve um dia como aquele, quando o SENHoR atendeu a um homem. Sem diivida o SeNHoR lutava por Israel!”* Veja como Deus valoriza as aliangas! Ele lutou por Israel quando eles estavam honrando seu compromisso de alianga. A béngao de Deus esta sobre aqueles que honram aliangas. Se, por uma alianga baseada em engano, os gibeoni- tas puderam ter a certeza de livramento e 0 exército de Israel péde experimentar a intervengao divina, imagine nds que estamos em uma alianca firmada na verdade, totalmente legal, com o Deus Todo-poderoso! Se o ini- migo tem se levantado contra vocé, tem enviado o seu exército para destrui-lo, nao se desespere. Lembre-se da alianca que Deus estabeleceu com vocé por meio de Cristo Jesus. Seja como o salmista: clame Socorro, pega a Ele Para vir a Por vocé,” a Deus por S pressadamente guerrear us esté pronto para re ‘a prote & teriear por ana u Para proteger, defender queles que tém uma alianga com Ele. —__ ‘Josué 10.13,14 (Ny), Salmos 109.26 e Salmos 70.1, Digitalizado com CamScanr RAZOES PARA UMA ALIANCA 29 Protegao € um compromisso de alianga que nao pode ser negado. — NEGOCIOs — Além da protegio, outra razao pela qual se estabelecia uma alianga eram os negécios. Quando dois homens iriam fechar um acordo, eles cortavam uma alianga para garantir que as duas partes seriam beneficiadas e que nao haveria prejuizos para nenhuma delas. Em toda negociagao, ha risco de desvantagem. Homens de negécios que visam apenas 0 lucro, comumente, querem estabelecer contratos em que a outra parte tenha todos os deveres e eles tenham apenas os direitos e beneffcios. A alianga nos negécios servia exatamente como uma seguranga para ambos, ga- rantindo privilégios e responsabilidades mituos. Na histéria de Stanley e o chefe da tribo, fica claro que, por mais que o estrangeiro fosse o mais fraco e necessitado, 0 poderoso chefe nao viu na alianga uma oportunidade de usurpar tudo o que esse explorador ainda tinha. Na verdade, o presente que o chefe recebeu nao faria diferenga alguma para ele, mas faria toda a diferenca para Stanley. A disposigéo dele em entregar a sua cabra, algo que lhe faria falta, garantiu a seguranca em todaa sua jornada. A langa que Stanley recebeu como presente era um simbolo da autoridade daquele chefe tribal, e todos na regio conheciam e temiam aquela forte tribo guerreira. Em seu diario, ele diz que, por onde ia, a cada nova tribo ou regiao que chegava, todos © respeitavam ao verem que ele portava aquela langa de cobre. Em uma alianga, todos terao seus deveres, mas Digitalizado com CamScanr 30. ALIANGA DE SANGUE » seus privilégios. Na alianca divina na qual ha direitos ¢ deveres. Uma | éum direito dos filhos, ma heran Heranga ¢ testamento nos apontam para direitos que : da carta aos hebreus também ter: : vocé esté inserido, também por exemplo, o Redentor nos garantiu. O autor escreveu: “No caso de um testamento, € necessario que se comprove a morte daquele que o fez; pois um tes- tamento sé é validado no caso de morte, uma vez que nunca vigora enquanto esta vivo aquele que o fez”. Quando Jesus morreu na cruz do Calvario e ressuscitou ao terceiro dia, Ele nos fez herdeiros de Deus e coerdeiros com Ele.’ A mesma palavra traduzida como testamento no texto de Hebreus é traduzida, em outros lugares do Novo Testamento, como alianga. Essa palavra grega (diatheke) significa uma agio que parte de um lado sé. Uma decisao irrevogavel que nao pode ser cancelada por pessoa alguma. Um acordo feito por uma parte com pleno poder, em que a outra parte pode aceitar ou rejeitar, mas ndo pode alterar," Imagine um homem muito rico que prepara um testamento para que, apés a sua morte, os seus herdeiros Possam gozar dos beneficios que a sua heranga concede. Essa pessoa decide, por livre e €spontanea vontade, sem nenhuma Pressao externa, 0 que dar4 a seus herdei- ros, Ninguém pode alterar ou mudar o testamento. Os * Hebrews 9.16-17 (NVI), * Romanos 8.17, "© Para uma ampla definigio em toda a BROWN, Colin (orgs.). Alianga. In: Diciondnio Testamento. Tradugic p.58 et seq. " Sagrada, ef, COENEN, Lothar; f I Internacional de Te fordon Chown. 2 ed. Sio Paulo: Vida Nee sono Digitalizado com CamScanr RAZOES PARA UMA ALIANGA 317 herdeiros podem apenas accita-lo ou rejeita-lo, mas nunea altera-lo. Do mesmo modo, crentes nao tém direito 4 heranca porque trabalharam por ela, mas porque Deus decidiu da-la a seus filhos. Estando em alianga, nao podemos ter uma atitude de pobres coitados, que nao tém direito a nada. Nao podemos ser como o irmao mais velho do filho prédigo, que tinha direito a tudo, mas nunca usufruiu, pois se viu apenas apegado aos deveres.'! Por outro lado, ha deveres a serem cumpridos por quem entra em uma alianga. E triste ver que pessoas querem viver as béngaos de Deus, mas nao querem praticar suas responsabilidades. Vocé nao pode entrar em alianga apenas pensando em seus beneficios, pois jsso nao é alianga, mas sim interesse. Para termos direito aos itens do testamento, precisamos seguir seus termos de compromisso a fim de usufruir de seus beneficios. — AMOR — Quando duas pessoas se amam muito, elas firmam uma alianga para confirmar seu relacionamento. A ali- anca nao significava 0 infcio de um relacionamento, mas a ratificagdo de sua seriedade. A Biblia nos conta a respeito da amizade entre J6natas € Davi. O primeiro era filho de Saul, o rei de Israel, e 0 outro, apenas um pastor de ovelhas. O principe, mesmo sendo maior, propds uma alianca a seu stidito: “JOnatas € Davi fizeram alianga; 4 . nae 4? 12 porque JOnatas o amava como a sua propria alma”. "Lucas 15.11-32. 1 Samuel 18.3 (ARA). Digitalizado com CamScanr ~~ 32 = ALIANGA DE SANGUE.. Perceba que a motivaco da alianga esta bem explicita no texto: o amor. A amizade de Jénatas e Davi leva esses jovens a uma alianga em que os dois se, comprometem a se protegerem e a partilharem de direitos e deveres igualmente. O relacionamento de amizade deles nao comegou com o ato de alianga. Davi j4 frequentava o palacio prestando servicos ao rei. Por exemplo, quando Saul estava sendo atormentado por espiritos malignos, para acalmar a sua alma, o jovem Davi tocava sua harpa." A partir da convivéncia no palacio nasceu a amizade entre Jénatas e Davi. Essa amizade culminou em uma alianga entre os dois, ao comprometerem suas prop: vidas. O compromisso firmado era tao forte que é pos- sivel ver JOnatas ir contra o seu proprio pai para honrar a alianga que ele tinha feito com Davi." Com isso, podemos entender o porqué de a Biblia nos dizer que aquele que nao aborrecer seu pai € sua mae por amor a Cristo nado é digno Dele. Nossa alianga com Deus precisa ser maior do que os nossos lagos familiares, O amor nao se expressa apenas em amizade, mas também na uniao de um homem com uma mulher, O casamento € uma alianga de sangue, em nossa cultura ocidental consider, altar, apés a declaragio dos votos que representam a alianga, promisso de fidelidade que A palavra “alianga”, pitulo, significa “ ainda que nao seja ‘ado como tal. No € a troca de anéis, esta se ratificando um com- perdurara até a morte. como vimos no primeiro ca- corte com derramamento de sangue”. 31 Samuel 16.14-23, 41 Samuel 20. Digitalizado com CamScanr RAZOES PARA UMA ALIANGA 33 No casamento, quando os compromissos sao firmados no altar, os dois estéo preparados para a intimidade sexual, selo dessa unido. No ato sexual, 0 corte e 0 der- ramamento de sangue estéo presentes em ambos, tanto no rompimento do himen como em microssangramentos no Orgdo sexual masculino, estabelecendo a mistura do sangue, consequentemente, a mistura da vida. Por isso, a expresso biblica de que os dois serao uma sé carne.'* Eles agora tém uma s6 vida, pois cortaram uma alianga de sangue. Na alianga de amor, vemos os propésitos de neg6- cio e de protecao presentes. Ambos irao proteger um ao outro, custe 0 que custar; nao havera espaco para usurpagées ou ganho individual; nao se pensard mais de forma singular, pois aborrecer o outro é aborrecer a si proprio, afinal, eles sao um. De todas as raz6es que estudamos, o amor € a Gnica que se enquadra no perfil divino. O mais fraco busca o mais forte por protecao. O maior pode buscar 0 menor por interesse de negdcios. Porém, Deus nao necessita de protegio e nem de nada que possamos oferecer a Ele. Ele nos amou. Essa € a tinica explicagao para um Deus eterno e Todo-poderoso comprometer a sua vida conosco, derramando o seu proprio sangue na cruz do Calvario. Deus estabelece conosco uma alianga de amor que vai muito além de uma troca de langas cabras. * Genesis 2.24. Digitalizado com CamScanr RITUAIS EM UMA ALIANGA eeoeeoe E entregarei os homens que transgrediram a minha alianga, que nao cumpriram as palavras da alianca que fizeram diante de mim, com o bezerro, que dividiram em duas partes, € passaram pelo meio das suas porgdes.’ eoececoe asamentos, formaturas, batizados, festas de aniver- ‘ew sdrio. Amamos participar desses eventos. S40 mo- mentos festivos nos quais amigos e familiares se reinem em torno de um acontecimento. O que muitos nao conseguem perceber é que esto participando de um ritual. Um ritual nada mais é do que um cerimonial, ou seja, “um conjunto de formalidades que devem ser observadas em qualquer ato solene ou festa ptiblica ou religiosa” ? Nunca Pode faltar agua em um batizado, os noivos devem trocar aliangas e fazer juramentos, um canudo deve ser entregue ao formando, assim como uma vela acesa deve ser assoprada pelo aniversariante. Se essas formalidades nao forem cump : vidas, tem-se a impressao de que todo o evento perdeu Seu significado. 34.18 (ACF), 1S. Moderno Diciondrio da Lingua Portugues -ingua Portuguesa, Methoramentos, Dis- ponivel em; . eee Dis Digitalizado com CamScanr RITUAIS EM UMA ALIANCA 35 Assim como essas cerimOnias estio carregadas de simbologias, 0 ritual de alianga de sangue também as r, na histéria de varios povos, inclusive aqueles dos tempos biblicos, registros desses rituais e 0 seu significado por detrds dos sfmbolos. O ritual sela a alianca, ilustrando as regras, os com- portamentos ¢ os valores que irao reger 0 compromisso firmado. Cada momento em um ritual é, muitas ve- zes, rico em princfpios que expressam a verdadeira razao e esséncia de todo aquele acontecimento. Entender a ideia que esta sendo transmitida por meio de cada simbolo embeleza e enriquece o ritual, uma vez que passamos a compreendeé-lo. A seguir, veja algumas das simbologias presentes em uma alianga de sangue.* tem. E possfvel encontrai — TROCA DA TUNICA — Muitas vezes, julgamos as pessoas pelas suas roupas. Tracamos um perfil de quem a pessoa é apenas olhando o seu exterior, Isso é involuntario e, de certa forma, natural. Afinal, as roupas que vestimos revelam muito de quem so- mos. O status social, a profissao, os grupos com quem nos identificamos e até tragos da personalidade s4o expres- sos nas vestimentas. Um excelente exemplo sio as fardas militares. A corporagio a que um individuo pertence, a hierarquia dentro dela, suas conquistas € até o seu nome esto estampados em sua roupa, caracterizando-o. / s ainda transmitem Se em pleno século 21 as roupa: rn tanto da nossa personalidade, imagine nos tempos anti- * CE nota 2, capitulo 1, O que é uma alianga Digitalizado com CamScanr 36 ALIANGA DE SANGUE da povo tinha a sua propria forma de se vestir, a cédigos de trajes especificos. Essa di- | era tao nitida e relevante para entrava no ritual de alian- gos. Ca cada fungao tinh: mensao_pessoal/grupal essas culturas que a roupa ca como um simbolo de quem a pessoa era, de sua identidade. “Jénatas e Davi fizeram alianga; porque Jénatas 0 amava como A sua propria alma. E Jénatas se despojou da capa que trazia sobre si, e a deu a Davi, como também as suas vestes, até a sua espada, e o seu arco, e 0 seu cinto.”* Perceba, no texto, que eles estao fazendo uma alianga e, como parte do ritual, Jonatas da a Davia sua capa e as suas vestes. Entregar ao outro a sua tinica era, simbolicamente, entregar a si mesmo aquela pessoa. E como se um estivesse dizendo ao outro: “Eu lhe dou a minha vida, todo o meu ser, tudo 0 que sou eu entrego a vocé”. — TROCA DO CINTO (OU ARMAS)— O cinto, em tempos antigos, nao servia apenas para « » : segurar” a calca ou como um simples acessério deco- rativo. O cinto era um suporte para as armas.’ Os objetos que um homem carregava para se proteger, defender ou guerrear estavam em seu cinto.® O ato de dar o cinto a outro era uma expressao ee a de entrega da protegao. A partir daquele momento, um compromisso de protecao é estabelecido. Um esté 41 Samuel 18.3,4 (ACF). * GOWER, Ralph. Usos e costumes dos tempos biblicos. Rio de Janeiro: CPAD, 2002, p.14. 6 4 Samuel 18.4; 2 Samuel 20.8; 2 Reis 3.21. Digitalizado com CamScanr RITUAIS EM UMA ALIAN 37 dizendo ao outro que esta disposto a guerrear por cle em toda e qualquer situagéo. Se um dos dois estiver debaixo de ameagas de guerra, a Protegdo e a defesa sto garantidas. Esse ato expressa: “Quem luta contra vocé luta contra mim”. Como a simbologia é bélica, em algumas ocasiGes, nado se trocavam os cintos, mas sim as armas. No exemplo que vimos, da alianca de Jonatas com Davi, J6natas entrega tanto 0 cinto quanto as armas. — CORTE DO ANIMAL — Um compromisso de vida e morte deve ser estabe- lecido ao se cortar uma alianga. Por isso, no rito, ha o momento do sacrificio. Um animal é partido ao meio e suas partes sao colocadas paralelamente, uma em frente a outra. As duas pessoas que esto cortando a alianga ficam entre essas partes, de costas uma para a outra e de frente para as metades do sacriffcio. Elas comegam, entdo, a caminhar ao redor das partes do animal, formando um 8 ou 00 no chao. Cada pessoa segue por uma diregao diferente, comegando de costas, mas terminando frente a frente com a outra. O animal partido representa os individuos que estio entrando em alianga. Eles estdo, simbolicamente, morrendo naquele momento. Enquanto caminham entre as metades, a: duas pes- soas pronunciam a maldigao da alianga, ou seja, as con- sequéncias da quebra do compromisso, apontando par as metades, & dito algo proximo disto: “Que Deus faga , se eu quebrar esta alianga. oO mesmo a mim, e ainda mais Que Ele me parta ao meio ¢ alimente os urubus com a minha carne, porque eu tentei quebrar 0 mais sagrado Digitalizado com CamScanr 38 = ALIANCA DE SANGUE de todos os pactos”. Vale destacar que as pessoas nig declaravam castigos ou pris6es, pois quebrar um Pacto de sangue nao deveria ter outra consequéncia a nao sey a morte. E entregarei os homens que transgrediram a minhg alianga, que ndo cumpriram as palavras da alianga que fizeram diante de mim, com o bezerro, que dividiran em duas partes, e passaram pelo meio das suas porgées; entregd-los-ei, digo, na mao de seus inimigos, e na mao dos que procuram a sua morte, e os caddveres deles serviréo de alimento para as aves dos céus e para os animais da Terra.” Para que uma alianga seja estabelecida, a morte deve estar sempre envolvida. Certos de que a alianca leva 4 uniao absoluta entre dois individuos, como eles poderao viver verdadeiramente unidos a alguém se nio morreram para si mesmos? Ao andar pelo meio do animal partido, estavam desistindo dos seus direitos e da sua propria vida a fim de comegar uma nova vida com seu aliado até a morte. Toda alianga verdadeira expressa esse compromisso de vida e morte. Robertson explica que “a representaga0 da morte é essencial ao estabelecimento de uma alianca O animal consagrado deve ser morto para produzir uma alianga, mas nao é€ de todo necessdrio que uma parte ligada a alianga realmente morra”.* A morte simbdlica 7 Jeremias 34.18,20 (ACF). * ROBERTSON, O. Palmer. O Cristo dos pactos. 2 ed, Sao Paulo: Cultura Cris 2011, p 19. Digitalizado com CamScanr RITUAIS EM UMA ALIANCGA 39. da individualidade deve acontecer para dar origem a uma nova vida de unidade, — MISTURA DO SANGUE — Uma incisao € realizada na palma da mao (ou no pulso) de cada uma das pessoas que estao firmando a alianga, e elas unem aquele corte por meio de um aperto de mao (ou unio dos pulsos) Para que o sangue se misture. Como ja vimos, o sangue simboliza a vida. Logo, a vida delas esta se unindo e se transformando em uma sd. Elas passam a compreender que tém agora uma nova vida e, mais do que isso, uma nova natureza. Trumbull explica que esta mistura é: “A transferéncia da vida, com tudo que a vida inclui. A mistura do sangue através de sua transferéncia tem sido entendida como equivalente a uma mistura de naturezas. Duas naturezas, desse modo misturadas, pela mistura do sangue, tém sido consideradas como constituindo, desde entdo, um sangue, uma vida, uma natureza, uma alma — em dois organismos.”” Geralmente, é nesse momento que declaram, um ao outro, as promessas e os juramentos da alianga. — CICATRIZ — Apés o corte com derramamento de sangue, a cica- triz resultante se torna um selo da alianga. Cinzas ou SUT F ‘he blood covenant: a primitive rite and its bearings on | TRUMBULL, Henry Cl 202. (Livre tradugio.) scripture. 2 ed. Philadelphia: John D, Wattles & Co. 1893, p- Digitalizado com CamScanr 40 ALIANGA DE SANGUE pdlvora sao colocadas sobre 0 corte para que essa cicatry; possa ser diferenciada de todas as outras. Uma marey forte ficara no lugar da incisao, pois servird como um testemunho permanente dessa alianga ¢ uma Constante lembranca dos direitos e deveres nela contidos. A cica. triz é um selo da alianga ¢ deve ser honrada como tal, A circuncisio € um exemplo de corte que deixa uma cicatriz, um memorial permanente de uma alianga. — TROCA DE NOMES — Em alguns rituais, cada parte recebe o sobrenome ou, pelo menos, uma parte do nome do outro. O nome carrega a identidade, a autotidade ¢ 0 legado de uma Pessoa. A partir desse momento, direitos, bens, dividas ¢ responsabilidades s30 compartilhados. Tudo a que o nome de um tem diteito, o outro, agora, passa a ter também. Minha esposa, por cxemplo, ao teceber meu so- brenome, passou a ter também uma nova identidade E interessante que, quando duas pessoas se casam, 3 certidio de nascimento de ambas € arquivada ¢ clas recebem uma nova certidio, Elas sdo, agora, uma nova Pessoa. Mesmo que um dia o divércio acontega, clas nio receberao de volta a certid3o de nascmento, Nao hi mais como voltar a ser quem ramos apés nos unirmos em alianga. Sobrenomes famosos, come Da Vinci, Gates, Jobs, Hitler e outros podem mudar completamente 4 mam ra como uma pessoa é trstada ou vists em um hugs Pessoas podem ser beneficiadas em diversas simagict Digitalizado com CamScanr RITUAIS EM UMA ALIANGA 44 simplesmente por carregarem um sobrenome (quem ja viu uma pessoa ser beneficiada em uma selegio de emprego simplesmente por ser filho do fulano sabe muito bem o que a autoridade de um nome pode fazer). A autoridade de um nome esta diretamente relacionada ao legado que aquele nome carrega. — DECLARACAO — Em toda alianga ha um momento em que palavras de compromisso so pronunciadas. Diante de testemunhas, os termos da alianga sao declarados, assim como as listas de bens, responsabilidades ou dividas. — REFEICAO — =m muitas culturas, para completar a alianga, ha um momento cm que se deve comer junto, Normalmente, as pessoas que cortavam a altanga comuam carne ¢ bebiam sangue. Porém, Entre os hebreus nao era assim, uma vez que cram proibidos de comer carne com sangue. Nesse momento da refcigio, as pessoas substitufam a carne pelo pio e, o sangue pelo vinho. Elas partiam 0 pio ¢ serviam os pedagos uma a outra, dizendo: “Isto significa o meu corpo ¢ eu 0 coloco em vocé”. Logo apés, serviam uma 4 outra 0 vinho, dizendo; “Isto é o simbolo da vida do meu sangue que agora é a vida do seu sangue”. Simbolicamente, havia o __ entendimento de que agora uma esté dentro da outra, - pois se alimentaram uma da outra. Ou seja, aonde uma _for, a outra sempre estard, ¢ Vice-Verss. Digitalizado com CamScanr 42° ALIANGA DE SANGUE.. — MEMORIAL — Além da cicatriz, que era um memorial no Proprig corpo dos que estavam aliangados, era comum €stabe. lecerem outro memorial externo, que pudesse dura; por geracées. A Biblia é rica de tais memoriais, Altares de pedras, fémeas de um rebanho,"° 0 shabat, as festas veterotestamentarias. Selos que tinham o potencial de perdurar e trazer 4 memoria a alianga a qual pertenciam, Um exemplo particularmente interessante era q pratica de plantar uma arvore e derramar sangue sobre ela. As Arvores séo conhecidas por sua longevidade, Assim, todas as futuras geragdes, ao virem aquela drvore manchada de sangue, se lembrariam que ali uma alianga havia sido firmada. Ao observar todas e fusao de vida, a protecao e 0 compromisso integral com s simbologias, € evidente a 0 outro. Todos esses elementos estao envolvidos em uma alianga de sangue. Vale lembrar que as verdades de uma alianga vao se tornando mais claras, como 0 raiar do dia, ao contemplarmos o pacto de Deus coma humanidade. '° Esse fato ocorre quando Abimeleque e Abrado estabelecem uma alianc2 Berseba. Abraao estabelece, como selo daquela alianca, fémeas do rebanho. 4 ideia por tras desse ato é que a cada cria concebida por essas fémeas ha¥ __um recordar da alianca estabelecida, perperuando-a para as futuras geragoo Génesis 21.27-31. Digitalizado com CamScanr PILARES DE UMA ALIANGCA Guardai, pois, as palavras desta alianca, e cumpri-as, para que prospereis em tudo quanto fizerdes.' eecoccoe N | ao existe oceano sem 4gua nem teto sem parede. | \U HA realidades que dependem de outras para exis- tirem. Como é possivel ter um produto final sem ter a sua matéria-prima? Todo sélido edificio precisa de fundamentos. Por isso, por mais que as aliangas sejam carregadas de simbologias e rituais, a sua esséncia se encontra em trés pilares: palavras, sanguc e selo. Muitas vezes, nao percebemos as aliangas na Biblia porque nem sempre os rituais que as permeiam esto explicitos. Mesmo assim, com caracteristicas diferentes e com variagio de elementos, esses trés pilares das aliangas sao essenciais. E é por isso que, a0 estudarmos as aliancas biblicas, em especial as aliangas de Deus com fb o ser humano, precisamos identificar esses trés pilares. * Deuterondmio 29.9 (ARA). Digitalizado com CamScanr 44 ALIANCA DE SANGUE — PALAVRAS — Quando Deus direciona suas palavras ao ser hu- mano, Ele esté propondo uma alianga.* Se alguém cor- responde as palavras divinas, estd aceitando 0 convite, e uma alianca é estabelecida. As aliangas divinas sempre comegam com palavras, que podem vir em forma de promessas, termos e juramentos. As promessas de Deus sao completas, logo, podem ser promessas de béngao e de maldigao. Mas ambas ca- minham juntamente com a resposta de cada pessoa aos seus deveres na alianca. Nao sao imposigdes de béngao e maldicao, mas sao resultado das escolhas que deverao ser feitas em resposta as cldusulas da alianga divina. Como veremos com mais detalhes, ao instituir a primeira alianca, Deus faz promessas de béngaos a Adao, como as de que ele frutificaria, dominaria a terra e teria sustento. Entretanto, Deus colocou uma condigao para que Adao pudesse desfrutar daquela alianca: nao comer do fruto da arvore do conhecimento do bem e do mal. Deus nao empurra as béngaos para as nossas vidas, e, sim, estabelece padrées e postura para que possamos usufruir delas. Logo, a maldigéo, por exemplo, nao é algo que vem Dele, mas da desobediéncia a sua alianga. Deus disse para Addo nao comer do fruto daquela arvore, pois, se o fizesse, morreria. A morte nao era a vontade 2 “© elemento formalizador essencial ao estabelecimento de todas divinas, nas Escrituras, é uma declaragio verbalizada do cars sendo estabelecido, Deus fala para estabelecer sui comprometer-se com suas criaturas ¢ a0 de com sua criagdo.” ROBERTSON, ©. Palmer. O Cristo dos pactos. 2 ed, Sao Paulo: Cultura Crista, 2011, p. 15. fer do pact Digitalizado com CamScanr PILARES DE UMA ALIANGA 45, de Deus; era apenas © resultado da quebra da alianga que Deus havia feito com Adao, logo, 0 cumprimento de suas promessas. Isso nos leva a perceber que as palavras carregam o significado dos termos da alianga, dos limites estabe- lecidos nela e por ela. Sabemos que todo relacionamento sem limites esta destinado a ruir. Repare que, normal- mente, nao estamos dispostos a aceitar tudo que vem das pessoas; temos a tendéncia de “filtrar” a maneira como elas devem se dirigir a nds e se relacionar conosco. Nao ser grosseiro, acreditar no que se fala, nao agredir com pa- lavras ou atitudes sao alguns dos limites que preservam e estabelecem a satide e a qualidade de um relacionamento. Se alguém nao respeita esses termos, quebraré a alianga que estabeleceu. Com Deus, acreditar e obedecer sdo premissas fundamentais para que permanegamos firmes na alianga com Ele. Dentro das palavras da alianga pode haver também um juramento. A lei de Moisés declara: “Quando um homem fizer voto ao SENHOR, ou fizer juramento, ligando a sua alma com obrigagao, nao violaré a sua palavra: segundo tudo o que saiu da sua boca, fara”.> O juramento liga 0 coragao a obrigagao. Tudo o que € proferido em juramento ganha um peso tal que a ago correspondente devera, obrigatoriamente, ser realizada. A razao de as pessoas jurarem é 0 fato de suas pa- lavras nem sempre serem dignas de fé. Assim, para tirar qualquer resquicio de incerteza acerca das promessas que foram feitas, se faz um juramento. Isso porque o —— _* Niimeros 30,2 (ARC), Digitalizado com CamScanr 46 ALIANCA DE SANGUE que foi jurado nao pode estar sujeito a cancelamento. A assim, irrevogavel. promessa se torna O autor da epistola aos Hebreus afirma o seguinte: Porque, quando Deus fez a promessa a Abrado, ] como nao tinha outro maior por quem jurasse, jurou ‘ por si mesmo, dizendo: Certamente, abencoando te : abencoarei, e multiplicando te mutltiplicarei. E assim, esperando com paciéncia, alcangou a promessa. Porque os homens certamente juram por alguém superior a eles, e 0 juramento para confirmagdo é, para eles, o fim de toda a contenda. Por isso, querendo Deus mostrar mais abundantemente a imutabilidade do seu conselho aos herdeiros da promessa, se interpOs com juramento; para que por duas coisas imutdveis, nas quais é impossivel que Deus minta, tenhamos a firme consolagdo, nds, os que pomos 0 nosso reftigio em reter a esperanca proposta.* Perceba, nesses versiculos, que Deus nao apenas fez a promessa, mas também jurou, por si mesmo, que cumpriria o que havia falado. Deus ndo precisava fazer juramento algum. Ele é Deus e sua palavra por si s6 j4 é suficiente. Porém, para aniquilar qualquer sombra de dtivida no coragao e na mente da pessoa com quem Ele estd em alianga, Deus pronunciou um juramento. Deus age dessa forma por causa da nossa debilidade em cret. Quando Deus jura, se equipara ao nivel do ser humano para que este entenda a seriedade do compromisso estabelecido por Ele. 2 Digitalizado com CamScanr PILARES DE UMA ALIANGA 47 — SANGUE — Como ja vimos, 0 sangue também é um elemento que esta presente nas aliangas. Devido ao fato de o proprio Deus estabelecer um significado tao sublime para o sangue,’ esse elemento € 0 protagonista de todas as ali- aneas divinas. Na Biblia, onde ha sangue, trés elementos fundamentais podem ser observados: sacriffcio, altar e mediador. Quando os sacerdotes ofereciam o sacriffcio de um animal, eles o faziam em um altar. Os sacerdotes se figuravam, entéo, como mediadores; 0 animal, como sacrificio; e o lugar do sacriffcio, como altar. O mediador € aquele que se coloca entre Deus e¢ a humanidade para estabelecer a paz entre os dois. Ele, como um elo, conecta as partes da alianga que, outrora, estavam separadas ou em conflito. O mediador deveria derramar o sangue do sacrificio para estabelecer a alianga. E o sangue derramado no altar era a conexdo que o sacerdote mediava para que o ser humano e Deus pudessem estar em alianga, ligados um ao outro. — SELO — O selo serve como constante lembranga da auten- ticidade das promessas da alianga € de seus termos. Ele ajuda a lembrar que as duas partes esto unidas e que iréo cumprir suas obrigagdes. Um anel de casamento, a circuncisio, 0 arco-fris so apenas alguns dos exemplos de selos conectados a alianga. —__ * Levitico 17.11 Digitalizado com CamScanr 48 ALIANGA DE SANGUE ‘A validade de um selo esta na medida que ele reflete a seriedade do relacionamento. Por exemplo, = o marido trai a esposa e/ou a trata mal, o anel, come selo, nao significa nada para ele. Um renee Mostrandg acarteirinha de membro de uma igreja, porem,, Vivendo como impio é como um marido que trai a esposa, mas mostra o seu anel como se ele significasse alguma COisa, O problema da nossa geragao € que fizemos dos selos amuletos, coisas que usamos para nos ajudar, mas com as quais nado temos envolvimento. Sinal da cruz, crucifixo, santa ceia, batismo, carteira de membro, por exemplo, se tornaram “pés de coelho” para dar sorte, ¢ nao um sinal de uma entrega de vida. Entretanto, apesar da nossa falta de compromisso com os selos que firma, Deus, ao estabelecer selos em suas aliangas, tem 0 propésito de nos fazer lembrar da seriedade, da nobreza e da beleza da alianga. Daqui em diante, neste livro, vocé vera, em cada alianca divina, 0 compromisso de Deus com a hums: nidade, revelado por meio de Palavras, sangue e selo. Porque Deus amou o mundo de tal maneira, Ele decidiu se revelar através de suas aliancas. Revelar seu amor, , seu cardter, sua grandeza, sua graca. Ele chegard ao ponto de assumir um compromisso que vale a vida do seu Filho. Digitalizado com CamScanr PARTE 2 AS PRIMEIRAS ALIANCAS ~"Digitalizado com TamScanr ALIANCA DA CRIACAO Eordenou o SeNHor Deus a0 homem, dizendo: De toda a atvore do jardim comerds livremente.' i m clarao inunda todo o Universo, a terra seca comega a aparecer em meio a imensidao das Aguas. Sol, Lua e estrelas preenchem o céu, iluminando a terra. Todo tipo de plantas e animais, em exuberancia de cores e imensa variedade, brotam como que do nada. Isso nao € um filme hollywoodiano, é Deus criando o mundo. De forma espetacular e perfeita, 0 Todo-poderoso de- monstrou toda sua grandeza e gloria em cada detalhe de sua criagao. Deus nao criou um lugar para admirar, como um pintor cujo propdsito € expor sua tela aos olhares dos apreciadores de arte. Deus criou a terra para um pro- posito muito especffico: ser a habitagao, a morada da hu- manidade. O profeta Isaias declarou: “Porque assim diz 0 SENHOR, que criou os céus, 0 Deus que formou a terra, que a fez e a estabeleceu; que nao a criou para ser um caos, mas para ser habitada: Eu sou 0 SENHOR, € nao ha outro”.” ' Genesis 2.16 (ARC). * Isaias 45.18 (ARA). Digitalizado com CamScanr 92 ALIANGA DE SANGUE Ao ler todo 0 relato biblico da criagao, Pode-se pensar em Deus como um pai ¢ uma mae se preparandy para o nascimento de seu filho, Costumo dizer que, em Génesis 1, Deus esta “gravido” da raga humana. Tudo ¢ que Ele estava fazendo na criagao era para o beneficig dos seres humanos. Cada detalhe foi pensado para nos dar o melhor. Toda criagao jé era maravilhosa, mas Deus decidiu plantar um jardim, um lugar singular, para ser o berco da humanidade, o jardim do iden. A palavra “Eden” significa prazer,) ou seja, de todos os lugares da terra aquele era um espago especial, reservado € com 0 me- lhor de todo o planeta. Todo tipo de 4rvore agradavel A vista e boa para alimentagao estava presente ali, e um rio regava todo o jardim.* Deus entregou ao homem e A mulher um verdadeiro paraiso na inauguracao do mundo. A criagio do homem e da mulher é diferente de tudo mais que Deus ja havia realizado. Pelo poder de sua palavra, tudo o que nao existia passou a existir. Do invisivel, tudo 0 que é€ visivel, hoje, foi formado. O homem, porém, nao foi simplesmente chamado a existéncia. O texto biblico diz que Deus cria o home™ do pé da terra.° Literalmente, Deus colocou a “mao 4 massa” para criar a coroa da criagio, o ser humano. Com suas maos, Ele moldou um boneco de terra e soprou €™ Cf. Eden. In: Easton's Bible Dictionary. Disponivel em: . 4 Genesis 2.9,10. 5 Génesis 2.7. Digitalizado com CamScanr ALIANCA DA CRIACAO 53 suas narinas 0 félego de vid. si ° la. A origem da vida humana é divina, pois o homem c: ‘arrega nao apenas as digitais de Deus em seu corpo, mas também o félego de vida que veio do interior do seu Criador. & Deus compartilhando sua vida com um ser criado. Deus criou um ser semelhante a Ele. Alguém que fosse capaz de se relacionar, ter comunhio e intimidade com Ele. A base desse relacionamento € uma alianga conhecida como “Alianga da Criagéo”. Nessa alianga, é possivel conhecer plenamente o propésito original e perfeito de Deus para toda a raga humana. — PROMESSAS DE BENGAO — 1.A imagem de Deus no ser humano “E disse Deus: Fagamos 0 homem 4 nossa imagem, conforme a nossa semelhanga [...].”° O ser humano nao veio do macaco nem de vermes de Jupiter. Foi criado 4 imagem e semelhanga de Deus. Apés formar um boneco do pé da terra, Deus soprou em suas narinas o félego de vida. Assim, o espirito humano foi criado a partir da esséncia do proprio Deus. Nesse primeiro contato de alianga, é notoria a primeira € mais importante ideia presente nas aliangas divinas: Deus dando de si mesmo. Cada alianga posterior a essa contém a ideia de que o ser humano deve voltar a essa vida que Deus lhe deu. Ele tem, entao, desde a sua criagao, a vida de Deus. “ Génesis 1.26a (ARC). Digitalizado com CamScanr 54 ALIANGA DE SANGUE O ser humano nao é Deus ¢ nunca podera Set, may foi criado e carrega a imagen 7 um filho carrega caracteristic,, mano tem em SI Caracteristicg, eza divina foi compartilhag, proposito de Deus é um fe. eus quer compartilhar tud, ; a semelhanga de Deus Dele em si. Assim como de seus pais, cada ser hu divinas. A mesma natur' com a humanidade, pois 0 lacionamento de alianga. D aquilo que Ele é e tem. 2.A frutificagéo “E Deus os abengoou e Deus thes disse: Frutificai, ¢ multiplicai-vos, e enchei a terra.”” Deus nao criou ninguém para a esterilidade. Hi uma ordem dada ao homem e a mulher para encherem a terra, e o proprio Deus lhes deu capacidade para cum- pri-la. O homem e a mulher sao inseridos como parcei- ros de Deus na criagdo, gerando outros semelhantes a eles e, consequentemente, semelhantes a Deus. Essa frutificagao se estenderia tanto no Ambito fisico como no espiritual. Em Génesis 5.3, lemos que “Viveu Adio cento e trinta anos, e gerou um filho A sua semelhanga, conforme a sua imagem, e lhe chamou Sete”.’ Adio deveria se multiplicar, ou seja, reproduzir quem ele er, Sena mame Bee da sone - ; a anidade. Assim como cada i vore contem sementes e produz frutos de acordo com a sua espécie, assim também Os seres humanos tém ems! sementes para gerar outros segundo a sua espécie. ” Génesis 1.28a (ARC), *ARA (grifo do auton, a4 Digitalizado com CamScanr ALIANGA DA CRIAGAO 55 3. Sujeitar a terra e sobre as Sujeitai-a; ¢ dominai sobre os peixes do mar ves dos céus, e sobre todo 0 animal que se move sobre a terra.”® Sujeitar € exercer autoridade, controle e dominio. O homem e a mulher deveriam ser senhores da terra, tendo dominio sobre toda a criagao de Deus. Eles sao os representantes de Deus na terra, exercendo governo sobre tudo. Esse governo deveria estar alinhado ao reino de Deus. O propésito de Deus nao é que o ser humano seja independente, mas que ele governe a terra sendo governado por Deus, formando uma perfeita harmonia entre terra e céu. Se o ser humano foi colocado em posigéo de governo, logo a autoridade da terra esta nas maos da humanidade. O salmista reconhece isso ao declarar: “Os céus s40 os céus do SENHOR; mas a terra, deu-a ele aos filhos dos homens”.'° Deus delegou a autoridade da terra ao homem e a mulher. 4. Sustento fisico “E disse Deus: Eis que vos tenho dado toda a erva que dé semente e que esta sobre a face de toda a terra e toda a 4rvore em que hé fruto de arvore que dé semente, ser-vos-4o para mantimento.”" Deus se encarregou de tudo o que 0 homem e a mulher precisariam. Na prépria criagao, todo o sus- * Genesis 1.28b (ARC). * Salmos 115.16 (ARC). " Génesis 1.29 (ARC). Digitalizado com CamScanr 56 ALIANCA DE SANGUE... tento que necessitavam para manter 0 corpo estava disponivel. Frutas, legumes, verduras, ervas, tudo o que era saudavel e bom. A provisao para toda a neces- sidade humana ja estava disponivel antes mesmo da necessidade. Adao e Eva eram livres para desfrutar de toda a criagdo, sem reservas. Deus nao os criou para a fome ou a falta de suprimento, ao contrario, Deus os criou para a abundancia. Essa é a vontade perfeita de Deus. Toda miséria e fome que ha no mundo nao fazem parte do projeto inicial divino, sao consequéncia do distanciamento do ser humano de Deus. Quando Cristo estabeleceu a nova alianga, Ele despedagou esse jugo de falta e miséria que estava sobre a humanidade. Hoje vocé pode viver em auséncia de necessidade, experimentando a multiplicagéo de Deus em todas as areas da sua vida. 5. Trabalho “E tomou o SeNHoR Deus 0 homem e o pds no jardim do Eden para o lavrar e 0 guardar.”!2 ja ouvi muitos dizendo que o trabalho é uma con- sequ€éncia do pecado. Porém, ao ex: Escrituras, pode-se perceber que e: forma clara, que o trabalho é uma ol uma béngao de Deus. Ainda que que esta tenha sido uma palavra _ subentende-se que foi Ele mesm. aminar as Sagradas sta estabelecido, de bra de Deus, ou seja, nao esteja explicito declarada por Deus, Digitalizado com CamScanr ALIANGA DA CRIAGAO 57 das béngaos dessa alianga. Deus é trabalhador e criou o homem como um ser trabalhador também." O trabalho que Deus estabeleceu para o homem era lavrar e guardar a terra. O homem era o responsavel legal por toda a terra e deveria manter toda a criagado em harmonia, cultivando e colhendo aquilo que ja havia sido criado. Deus nao exigiu do homem o impossivel, dar vida, fazer brotar, florescer, germinar; pois esses eram e sao trabalhos divinos. O homem deveria ser apenas cooperador, cuidando do que Deus havia feito pelo seu proprio trabalho. Como ja foi dito, Deus entregou toda a autoridade da terra ao ser humano, que deveria exercer essa auto- ridade também para guardar o jardim. Isso, entao, im- plicava em conquistar 0 inimigo, ou seja, o homem e a mulher tinham autoridade para expulsar de 14 todo aquele que tentasse invadir e usurpar a criagio de Deus. O Criador estava alertando Adao e Eva em relagao a existéncia de um inimigo e garantindo que eles tivessem a capacidade para derrota-lo. — TERMOS E PROMESSA DE MALDICAO — Diante de béngaos tao sublimes pronunciadas por Deus nesta primeira alianga com a humanidade, os ter- "mos estabelecidos completam a revelacao do pleno pro- Posito de Deus, No relato da criacao em Génesis, Deus ordena ao homem: “Coma livremente de qual- quer drvore do jardim, mas nao coma da 4rvore do ———. " Joao 5.17. Digitalizado com amScant 58 = ALIANGA DE SANGUE ue no dia em que mente vocé morrera”.'* Esses sao os conhecimento do bem e do mal, porq dela comer, certa limites estabelecidos por Deus. A maioria das pessoas, 20 ler esse texto, se apega apenas 4 proibicao existente de nao comer do fruto da 4rvore do conhecimento do bem e do mal, concluindo, que os limites divinos sio sempre proibigées, assim, s como 0 Deus Por essa razio, s6 conseguem ver Deu do “nao pode”, o proibidor, 0 castrador. Para estes, a vida crista é apenas um conjunto de regras a serem seguidas, que no fazem sentido algum, mas que devem ser obedecidas para que Deus nao envie a maldigao. Os limites de Deus comegam com a liberdade. Deus, pelo poder de sua palavra, fez brotar da terra todo tipo de arvore agradavel a vista e boa para o alimento, e o homem tinha liberdade para usufruir de toda a criagao.'’ Se pensarmos apenas nas frutas, por exemplo, ha milhares delas no mundo, para cada estagio. Essas Arvores estavam no mundo, no jardim do Eden. Deus também nio estabeleceu uma proibicéo geo- grafica. O homem poderia viver em qualquer lugar. O Eden era apenas o bergo, o lugar de origem, nao era uma priséo. O homem era livre para escolher morat nos lugares mais frios, ou mais quentes, se estabelecet em um clima tropical ou mudar Para um dos polos. Se quisesse viver cada estacio em um lugar diferente, na0 haveria pecado algum nisso. A liberdade é a tonica mais forte dos termos da alianga edénica. 4 Génesis 2.16,17 (NVI). 15 Génesis 2.9. Digitalizado com CamScanr ALIANGA DA CRIACAO = 559 A restrigao € tinica diante das miltiplas liberagées. A proibigio era apenas relacionada a comer do fruto da arvore do conhecimento do bem e do mal, e 0 des- cumprimento desse limite tinha, como consequéncia, a morte. Ha um principio por detras dessa ordem divina. Deus esta ensinando que, por mais que nosso corpo seja alimentado pelos frutos da criagdo, a vida depende do Criador. Consumir todos os produtos que a terra proporciona nao traz vida e nem mesmo a preserva. A verdadeira vida esta em obedecer a palavra de Deus, permanecendo, assim, em alianga com o Criador, que € o dono da vida. A consequéncia da desobediéncia precisava ser a morte, pois Deus esperava uma obediéncia radical. Sa- bemos que nao existe verdadeira alianca sem que as duas partes estejam plenamente comprometidas em seu relacionamento. Para que a alianga fosse valida, o homem e a mulher deveriam ter a oportunidade de comprometer a sua vida com aquele pacto. — SANGUE — Deus é 0 dono da vida, e tudo que Ele faz € para trazer vida. No Eden, vemos o primeiro derramamento de sangue das Escrituras, e também sua finalidade, que era trazer vida. Addo ja estava usufruindo de toda a ctiagdo ¢ das béncdos da alianca com Deus. Como re- Presentante divino, estava a dar nomes aos animais, cooperando com o Criador, quando, de repente, Ihe so- breveio um sono profundo e incontrolavel. Ao acordar, Digitalizado com amscanr 60 = ALIANGA DE SANGUE Ado percebeu que lhe faltava uma parte do corpo. Uma de suas costelas havia sido arrancada e, como resultadg dessa “cirurgia”, Deus trouxe ao seu encontro algo que 1 ele nunca tinha visto antes, mas ja havia desejado en ‘ seu coragao. Diante do homem estava agora a mulher, ’ aquela sobre quem podia dizer: “Esta, sim, € oso dos : meus ossos e carne da minha carne! Ela sera chamada mulher, porque do homem foi tirada”.'® Oo que the foi tirado produziu aquilo que o seu coragao desejava, uma resposta 4 sua necessidade. O sangue do homem foi derramado na terra para gerar vida, uma noiva, uma companheira, e nao para a morte. O Eden foi o altar escolhido para esse momento, ¢ Deus foi o mediador desse ato grandioso. Diante Dele, 0 homem ea mulher se uniram em umaalianga inquebravel. O cenirio é perfeito: um homem e uma mulher gerados por Deus e com Ele aliancados se comprometem um com 0 outro, dando a luz uma familia. — SELO — Como selo perfeito para essa alianca tao sublime, Deus estabeleceu a Arvore da vida bem no meio do jardim.”” Deus plantou essa arvore no centro do jardim, destacando-a das demais, a fim de que Adao e Eva ja- maais se esquecessem do fato Digitalizado com CamScanr ALIANGA DA CRIAGAO 61 apenas um selo da primeira alianca, mas que sera também uma testemunha da plena redengio, como esta escrito em Apocalipse 2.7: “Aquele que tem ouvidos ouga 0 que o Espirito diz as igrejas, Ao vencedor darei o direito de comer da arvore da vida, que esté no paraiso de Deus”.!* Palavras liberadas, sangue derramado e selo estabe- lecido. A alianga da criagao esta em vigor. O ser humano pode usufruir livremente de toda a criagdo, de todas as béngaos divinas, da companhia de seu semelhante. Todos os dias, na viracio do dia, a voz do Senhor pode ser ouvida, pois € o momento da comunhio, de caminharem juntos. Deus tem livre acesso ao homem ea mulher e eles tém livre acesso a Deus. Tudo estava perfeito em um lugar perfeito, até que o homem e a mulher foram tentados pelo diabo. Aserpente tentou Eva utilizando os termos da alian- ¢a como base para o seu discurso enganador. “Ora, a serpente era mais astuta que todas as alimarias do campo que o SENHOR Deus tinha feito. E esta disse 4 mulher: E assim que Deus disse: Nao comereis de toda a rvo- re do jardim?”!? Como estratégia, a serpente enfatizou apenas a proibigdo contida nos termos da alianga, para torcer a visdo e a conviccio que Eva tinha a respeito de Deus. Logicamente, se Eva se esquecesse da liberdade que tinha, seus olhos se fixariam na tinica proibicao, no que os levaria 4 queda. O intuito do diabo era pintar, diante dos olhos da mulher, um Deus carrasco, proibidor e enganador. Ele =NVL ® Génesis 3.1 (ARC). Digitalizado com CamScanr 62 -ALIANGA DE SANGUE colocou em diivida as intencdes de Deus ao estabelecer os termos da alianga. “Entao a serpente disse 4 mulher: Certamente nao morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se abrirao os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal.””° O inimigo desejava abalar a fé de Eva em Deus, a confianga esta- belecida no seu coracao em relagdo a palavra de Deus e ao seu carter. Nao se engane, essa € a mesma estratégia utilizada por ele nos dias de hoje para afastar as pessoas de Deus. : Além disso, ele tentou iludir Eva com uma convicgao enganadora de que nao haveria consequéncias para 0 pe- cado. Quando ele afirmou: “certamente nao morrere’ | e “sereis como Deus”, estava dizendo que nao haveria maldig6es para essa desobediéncia, apenas beneficios. Muitos continuam caindo nessa mesma estratégia. Pra- ticam 0 pecado apenas pensando no que ganharao com isso € nao consideram 0 que esto perdendo, Entretanto, © fato € que, ao cometerem o pecado, o homem e sua mulher se veem sem os falsos beneficios prometidos por Satands, restando apenas a culpa de terem traido aquele que s6 queria o seu bem, & com a Deus que a a desobediéncia alianga da criagdo é quebrada pelo homem € pela mulher. Porém, Deus nao desistiu deles, Apesat de abandonarem a alianga, Deus permaneceu fiel a0 compromisso que fez. Ele tinh: ae tem um plano, uma alianga de redengao, ee * Genesis 3.4,5 (ARC), Digitalizado com CamScanr 6 ALIANGA DO COMECO seesees E porei inimizade entre mulher, ¢ () uando era pequeno, meus pais me davam vale-trans- \£ porte para ir de casa para o colégio. Amante de churros, descobri que o vendedor aceitava vale-trans- porte como pagamento. Isso me trouxe muita alegria, até o dia que, depois de me saciar com os churros, percebi que estava sem dinheiro para pagar 0 onibus ¢ retornar a minha casa. Quando me deparei com essa condigéo, sabia que tinha feito coisa errada ¢ que sofreria as consequéncias, principalmente porque meus pais j4 haviam me dito que usasse 0 vale-transporte somente Ao ficar sem o vale, sabia que pais. Vergonha, para pagar a passagem. © meu erro seria confrontado por meus medo, mente acelerada pensando nas desculpas: era as- sim que cu estava, Eu esperava 0 pior acontecer. E foi cxatamente dessa forma que Deus encontrou 0 homem e a mulher no jardim do Fiden. "Génesis 3.15 (ARC). Digitalizado com CamScanr 64 — ALIANGA DE SANGUE Um turbilhdo de pensamentos, sensagdes ¢ emogdes nunca antes experimentados por eles surgiram de uma s6 vez. Ag6es incoerentes ¢ inconsistentes brotaram como fruto dessa situagdo. As consequéncias da separacao de Deus, por causa do pecado, comegaram a apresentar seus primeiros frutos. A vergonha é o primeiro da lista. O homem e a mu- lher que antes viviam nus e nao se envergonhavam,? agora buscavam, rapidamente, uma solugao para esconder sua nudez, tentando, assim, amenizar a vergonha que lhes inquietava internamente. As folhas de figueira foram a solugio que encontraram e, mesmo sem nunca terem aprendido sobre corte e costura, fizeram para si aventais. “Entao foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus; e coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais.”3 E interessante como até hoje o ser humano € criativo em inventar solugées para cobrir a sua nudez. Uma rotina religiosa rigorosa, doagées generosas Para instituigdes de caridade, adogao de érfaos e doagio de sangue ou medula sio apenas alguns dos “aventais de folhas de figueira” que costuramos, nos dias atuais, para cobrir a nossa vergonha, ou seja, para tentar livrar a nossa consciéncia da culpa. Nao me entenda mal, essas atitudes sao validas e devem ser Praticadas por todos; porem, muitos as praticam apenas Para tentar aliviar a sua consciéncia. Elas so como um analgésico na alma, que € capaz de aliviar a dor e trazer uma aparente solugdo; um esforgo em vao, pois nao solucionam o problema. ? Génesis 2.25. > Génesis 3.7 (ARC). Digitalizado com CamScanr ALIANCA DO ComEco 65 Quando © homem e a mulher ouvem os passos do Senhor Deus, que cava No j, jardim, se escondem de resenga entre as drvores, E ouviram a voz do SENHOR Deus, que passeava no ‘agdo do dia; e esconderam-se Addo e sua er da presenca do SeNHOR Deus, entre as drvores do t. E chamou o Sennor Deus a Addo, e disse-lhe: E ele disse: Ouvi a tua voz soar no jardim, e tem, porque estava nu, e escondi-me,* t pela vi E 0 segundo fruto do pecado brotando, o medo. Mesmo estando vestidos, eles se veem nus diante da presenca de Deus. Dominados pelo medo, fogem, ten- tando se esconder Dele. Sabem que sao culpados e que h4 uma sentenca de morte sobre eles. Querem achar alguma fuga para as consequéncias que virdo, mas nao tém para onde fugir e nao sabem a quem recorrer. Estdo perdidos. A consciéncia de pecado afugenta as pessoas da presenca de Deus, faz com que se afastem do tinico lugar onde ha salvagio e transformagao. Ao invés de correrem para Deus, eles correm de Deus. Pensam quea busca de Deus por eles é como um cagador experiente a encurralar sua presa para mata-la. — ONDE ESTAS? — i 5 a Adio, ¢ di “E chamou o SrNHor Deus a Adao, d ~ Onde estas?” ——— ’ {Genesis 3.8-10 (ARC). esis 3.9 (ARC), Digitalizado com Cam 66 ALIANGA DE SANGUE iléncio absoluto. O homem e a mulher estavam em silé : ncontrados. Apenas uma voz a voz de Deus perguntando ecraa Essa pequena frase, composta hebraico (‘ay - onde), fala de na mergulhar pois nao queriam set e ecoava pelo jardim, a Ao” ao homem “onde estas? de apenas uma palavra no , realidades tio profundas que va ea Pp nelas. Deus, em sua onisciéncia, Ja sabia que o homeme a mulher haviam quebrado a alianga, mas, apesar disso, Ele vai ao encontro deles. O que vemos aqu! é0 Criador buscando a sua criagdo, que estava perdida. Ele poderia ter abandonado o homem e a mulher em seu pecado, em seu estado lamentavel de morte € destruigdo, mas esse nao é o carater de Deus. Com essa atitude, Ele esta dizendo: “Eu nao me esqueci do meu compromisso contigo”. Por mais que Adio e Eva tivessem abandonado o seu compromisso, quebrado a alianga, Deus foi ao seu encontro na mesma hora de sempre. Deus nao escolheu outro momento, nao se apressou. Ele foi ao jardim no momento do dia que era dedicado a intimidade, 4 comunhao. A atitude de Deus demonstra que, por mais que sejamos infiéis, Ele permanece fiel. Por mais que vocé tenha abandonado seu compromisso com Deus, Ele esta no mesmo lugar esperando por vocé, buscando vocé, 0 “onde estés?” de Deus € um grito de amor a0 pecador, dizendo “eu no o abandonarei nem me ¢s- mandy fonder nore i era foro na vida do se f : “enagao Ja estava sobre ele. Deus 140 eee a ae eee agao nao sao as maldigdes Digitalizado com CamScanr ALIANCA DO Comeco 67 pronunciadas, mas € 0 afastamento de Deus. O inferno <6 € inferno porque Deus nao esta l4, e 0 céu 56 é céu por eausa da presenga de Deus. Se 0 Senhor nao viesse go jardim, aquele lugar j4 se tornaria como um inferno para a raga humana. Uma vez que Deus se fez presente, o amor, a graga e a misericérdia estavam 14 também. Essa é uma declaragao de amor, nao dita com palavras, e sim com uma ag4o. O amor verdadeiro é um amor pratico, é um amor que age, busca e acredita. O Criador também esta buscando arrependimento ao proferir as palavras “onde estas?”. Ele esta dizendo ao homem: “eu quero saber o que vocé fez”. Era ne- cessério que o homem se colocasse diante de Deus e declarasse 0 que acontecera. Um dos tracos mais fortes do arrependimento € a confissao, a declaragao do seu erro e culpa em busca do perdao. Deus esta sempre pronto para perdoar, como afirma o apéstolo Joao: “Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustica”.6 Deus foi até o homem e a mulher no Eden esperando arrependimento, mas s6 encontrou trans- feréncia de culpa. Os dois momentos que o homem ea mulher falaram com Deus sao apenas declarag6es vazias de arrependimento e cheias de austeridade. “A culpa nao foi minha!”, disse o homem, “foi a mulher que 0 Senior me deu!”, Em vez de se arrepender, © homem se desculpa, ele pede que a culpa seja tirada de sobre ele € seja colocada sobre sua mulher, e, até, sobre © proprio Deus. A mulher também declarou sua isengio de culpa, — “1 Joio 1,9 (ARC), Digitalizado corlbnscan 68 ANGA DE SANGUE sara a serpente: “foi a serpente que me ee a % >, que ja er a nem no homem nem na sferindo-a i" eee ruim, foi se tornande enganon”.” A situa ; ois nado havi cada vex pion, P nem de algo que pudesse salva-los, a mulher uma so fais — A SEMENTE REDENTORA — E diante desse quadro caético que Deus estabelece uma alianga com a humanidade, a primeira alianca de redencio, 0 comego do plano divino para redimi-la. Em meio ao caos da histéria da raga humana, Deus abre os seus labios e pronuncia palavras que trarao vida. Sao as palavras da alianca com Adao e Eva. Ao homem e a mulher, sao direcionadas palavras apa- rentemente duras, mas que apenas descrevem as con- sequéncias do pecado. A terra estava, entao, amaldigoada por causa deles, e eles estavam fadados a viver nesse novo mundo que produziria espinhos, cardos, fadigas e do- res." Repare que Deus nao amaldigoa a raga humana em nenhum momento. As maldic6es que eles viveriam eram consequéncias do pecado que cometeram. Contudo, per- ceba que Deus amaldicoa a serpente declarando: “Uma vez que vocé fez isso, maldita é vocé entre todos os rebanhos domésticos e entre todos os animais selvagens! Sobre o seu ventre vi todos os dias da sua Vi mulher, entre este ferirA Océ rastejara, e pd comers Dect sts A Porei inimizade entre voce ea a sua descendéncia e o descendente dela; a sua cabega, ¢ voce Ihe feri A 0 calcanhar.” is 3.12,13, * Genesis 3.16-19, * Genesis 3.14,15 (NVI) (grifo do. autor), Digitalizado com CamScanr destin, i Sestinado a rast T para alimentar de po, te-se para o fato de Pee asdse que, na © Para a raga humana. elho € amunciado pela ‘0 € o julgamento de esmas palavras, esar do pecado. O inimigo et 0 objetivo divino; porém, itudes foi a sua prépria € prevista a destruicio do a raca humana. Deus usara ue foi enganada, para que ela seja um 0 pelo qual vird Jesus Cristo, o nosso Salvador. tra um homem legitimo, nascido de mu- se homem precisaré ter algo diferente. Uma vez que 2 semente da raca humana esté cor- rompida, o Criador gerard esse homem-redentor de na sobrenatural. A semente terd que ser divina, pois no poder ter as marcas do pecado. Em outras palavras, Deus est4 dizendo que trar4 a semente divina 4 terra, ¢ esta semente ser4 poderosa o suficiente para esmagar a cabeca da serpente. A autoridade de Satands sobre a raga humana ser toralmente aniquilada. Perceba que © baa n4o afirrma que a cabeca da serpente sera ferida, pois ferida tem cura. O texto diz que a cabega da serpente Ser4 esmagada, ou seja, um ato irreversivel. ; Uma pardfrase de Génesis 3.15 nos ajuda a vie ainda mais o sentido do texto: “Deus diz a0 diabo: este uma alianga com 0 homem, ¢ pelo engano, fy Digitalizado com Camscanr —y 70 ALIANGA DE SANGUE ‘ ia mulher ¢ Colocarei dentro dela a minha seme: foi corromn: do homem, porque a semente do homem ‘01 “ mpi- da; colocarei a minha semente dentro da mu er e esta cements me faré vir 4 luz um homem, porque we a terra aos filhos dos homens, esta semente fara uma nanga de sangue com o homem e quebrard o teu te er’. . Mais do que lidar apenas com a agao de Satanis, Deus também lidou com a consequéncia da quebra dos termos da alianga da criagdo. Os termos estavam es. tabelecidos de forma clara, e a promessa de maldicao dizia que, no dia em que eles comessem da arvore do co- nhecimento do bem e do mal, certamente morreriam,!! Deus € justo e fiel A sua palavra. O homem e a mulher nao poderiam permanecer vivos, a morte precisava che- gar em todos os Ambitos. Morte significa Separagao e nao auséncia nem inexis- téncia. Podemos perceber na Biblia trés tipos de morte: * morte fisica: quando o corpo humano cionar, ou seja, seu corpo. morte espiritual: se munhao com Deus para de fun- 4 separacao do espirito humano de Paragao do ser humano da co- morte eterna: separacio eter: na do ser humano da comunhao com Deus, que é 0 inferno. Deus nao tinha Plane; { ado nenhum tipo de morte para a humanidade, Foj a quebra de alianga pelo ser eee *° Autor desconhecido, ™ Génesis 2.16,17, Digitalizado com CamScanr val humane que ° £ morrer, As mortes fisica ¢ eterna «6 foram Pore por causa da morte espiritual. Essa separagao € fruto do pecado, da desobediéncia em rela- cio aos termos de Deus. O homem ¢ a mulher ja se encontravam mortos es- piritualmente quando Deus veio ao encontro deles no jardim, porque ja haviam pecado. Porém, eles deveri- am morrer nao s6 espiritualmente, mas também fisica e eternamente. E por isso que a Biblia diz que o salario do pecado é a morte, porque o pecado é a quebra do termo da alianca. Quem peca deve morrer. Segundo a alianca de sangue, quem desonra 0 compromisso estabelecido na alianca é digno de morte. Era o que Addo e Eva estavam esperando de Deus depois de errarem. Apds pronunciar todas as terriveis consequéncias que viriam sobre eles, Deus se cala, e 0 siléncio volta a entrar em cena. Esse siléncio era o antin- cio de que o Criador estava se preparando para agir. Deus comega a se equipar com ferramentas de morte, Ele esta pronto para matar. Entretanto, para a surpresa de todos, o Senhor toma um animal. Nao a serpente, tesponsdvel pela tentag4o, mas um animal inocente que nao estava envolvido em nada naquela situacao, ¢ © fere com a morte, Adao e Eva, que nunca tinham visto a Morte, sAo plateia de um sacrificio. Eles veem acontecet Com aquele animal o que deveria aconteccr com a Na alianga do comego, Deus coloca a condenagio Sobre um inocente. O amor de Deus pelo ser humano © leva a sacrificar algo que era Dele para nao perder : Telacdo que tinha com o homem e @ mulher. A justiga Digitalizado com ( amscanr 72° ALIANCA DE SANGUE a graca se “beijaram”, pois 0 pecado nao poderia ficar sem a punicdo da morte. Mas a graga e 0 amor de Deus os preservaram. Mesmo quando Deus expulsou o homem ea mulher do jardim foi a demonstragéo de um ato de Braga, porque, em seu estado de morte espiritual, poderiam se alimentar da 4rvore da vida e permanecer mortos de forma eterna. “Entao disse 0 SENHOR Deus: Eis que o homem é como um de nés, sabendo o bem e 0 mal; ora, pois, para que nao estenda a sua mao, e tome também da 4rvore da vida, e coma, e viva eternamente.”' O propésito de Deus sempre € a vida e a sua preservacio. O animal imolado se tornou substituto do homem e da mulher. A fungao do animal nao foi apenas mor- rer no lugar deles, havia mais. “E fez o SENHOR Deus a Addo e a sua mulher tinicas de peles, e os vestiu.”3 Nao havia apenas sangue derramado para satisfazer as exi- géncias do pecado, mas a inocéncia do animal cobriu a vergonha do casal. Deus nao veria a vergonha de Adao e Eva novamente. Antes, os veria através do sacrificio desse animal inocente. Os prdprios seres humanos, ao olharem Para si mesmos, teriam diante de seus olhos esse selo de redengio e vida que Deus lhes havia proporcionado. : A tiinica de pele tinha 0 objetivo de lembrar con- tinuamente de que eles deveriam morrer, mas outro morreu em seu lugar; que apesar de estarem vivendo em ee terra amaldigoada, Deus lhes havia preservado a vida e prometido redencgo, Antes, estavam dominados ® Génesis 3.22 (ARC), © Génesis 3.21 (ARC), Digitalizado com CamScanr s ALIANGA DO COomECO 73 e pelo medo, mas, agora, estavam vestidos av ergonha ” apresentar diante de Deus, m1 Se nea do comego nos mostra que, apesar do 6rdia e a graga divina estéo disponiveis. re ’ . podertat A ali erro, 2 miseric' Eke aio isenta 0 homem e a mulher das consequéncias e 03 go seu pecado, mas garante a sua preservagio por diéncia 4 Sua palavra e da aceitagao de Sua nos lembra de que Deus vai lidar com meio da obe obra. Esse pacto s através de uma semente da o inimigo de nossas alma mulher. Mais do que apenas restaurar Adao e Eva, Deus esti iniciando a redengio de todos os seres humanos, nsumada em Cristo Jesus. que seria CO Digitalizado com carillon 7 ALIANGA. DA PRESERVACAO E estard 0 arco nas nuvens, € eu o verei, para me lembrar da alianca eterna entre Deus e toda a alma vivente de toda a carne, que estd sobre a terra.’ eeconee | RMAO MATA IRMAO POR INVEJA E FOGE, Essa i noticia, infelizmente, permeia os noticidrios dos nossos dias. Ja é lastimoso ouvir a respeito de tantas mortes, e € mais triste ainda ver membros de uma mesma fami- lia envolvidos nesse tipo de crime. Lamentavelmente, esse tragico quadro nao vem de hoje. Na verdade, na primeira vez que um irmao matou © outro, os pais ti- nham acabado de sair de um Paraiso. Quem noticiou a morte nao foram os jornais, mas a Biblia Sagrada no quarto capitulo de Génesis. “E falou Caim com o seu irmao Abel; e sucedeu que, levantou Caim contra o seu estando eles no campo, se irmao Abel e o matou.”2 Caim era o irmao mais velho de Abel, e filho de Adao e Eva. Foi concebido Por sua mae ja fora do jardim do Eden e se tornou lavrador da terra,3 Um dia, ele e seu sis 4.8 (ARC), * Genesis 4.2, Digitalizado com CamScanr ALIANCA DA PRESERVA, cAOo 75 jrmao foram ofertar a0 Senhor. Nao ha registro d os ensinow tal pratica, mas acredita-se que ela Aine sido herdada de seus pais. Adao e Eva, are le ter divino de sacrificar 0 animal para cobrir a = Ae entenderam que 0 sactificio, ou seja, o derramamento desangue, era a tinica maneira de se achegarem a Deus. Sabendo disso, Caim e Abel estavam prontos para se aproximar de Deus também, mas o coragao dos dois era totalmente diferente. Abel decidiu apresentar a Deus nao uma oferta qualquer, mas o melhor. Ele ofertou dos primogénitos do rebanho, dos primeiros frutos. Para Abel, Deus merecia receber das maos dele a prioridade, o primeiro lugar. Caim, diferentemente de seu irmao, nao trouxe nada de especial. Seu coracg’o, simplesmente, estava agindo como quem cumpre uma obrigacdo, algo frio e sem vida.’ Deus se agradou de Abel, mas nao de Caim. Sempre me questionei muito a respeito dessa his- toria, pois nado conseguia entender plenamente porque Deus rejeitou a oferta de Caim. Mas, estudando 0 texto, € possfvel encontrar respostas. — SANGUE X SUOR — Uma vez que o proprio Deus havia demonstrado 7 ual o que o derramamento de sangue era 0 Melo pelo di te 1 an homem ea mulher poderiam permanecet we e im . saree a ido: achegars Dele, um principio havia sido estabelecido a ilo Deus através do sangue. Abel crew em Devs ¢ 129 ae “Genesis 4.3,4. Digitalizado com CamScanr GUE 76 ALIANGA OF SANGU do, ¢ oferecen a Deus 0 sacrif, sleci via estabelec - ‘ avia poder do sangy. que Ele h Ihe agradava- aro pecador de pio, © insistiu | Ele creu ne Deus. Caim, todavia, nig m oferecer a Deys cio que para aproximar 0 PY incl) Ele quis se aproxtm aminho. Enquante re: do fruto da terre speitou esse pr" a. ; do o seu proprio ¢ ‘aim ofereceu SuOor. Como consequéncia do pecado, a colheita ae algo ria o suor do rosto do homem-. A terra da com o suor do homem para imar de Deus sem sangue, inventan Abel ofereceu sangue, Cc penoso € exi amaldicoada seria rega' que ele conseguisse extrair dela o seu sustento. Alguns tedlogos defendem que Caim ofereceu © fruto da terra por ser um lavrador, porém, esse argumento nao pode ser sustentado, Na Biblia, é possivel perceber que é apenas no sentido de dizimos e ofertas que cada um p deve oferecer do fruto do seu trabalho. Por outro lado, sacrificios que visavam a expiagao e a aproximagcio de Deus exigiam sangue. Essa diferenciag4o fica ainda mais ressaltada no tempo de Moisés, Ainda que uma pessoa ae alesis com a terra, ela teria que adquirir um animal Para oferecer como sacrifici Leviseo @ cen acrificio ao Senhor. O texto de .« . ds (0 declarar: “Porque a vida da carne sangue. Eu vo-lo tenho dad fazer expiacio pela aig sobre altar, pet vossa alm; a que fard expjaca ° alma, Porquanto é o sangue €xplacdo em . Caim on virtude da vida”.6 quis se cheg: i gar a Deus atr: da sua Propria Mancira, o j cae ae 7 a, OU seja jei i Ja, do jeito que mais agra" * Genesis 3.19 * Levitico 17.11 (ARA). Digitalizado com CamScanr dava a ele mesmo. As pessoas insistem ee or aos -o ventos que “ SOS cami jparo 9 nt s | todos os caminhos levam a Deus” essa € uma mentira diabélica ¢ mundan ; Pporém, dos, realmente, serao levados diante de Deus, ma o importante € saber qual sentenga Deus trard : cada am quando estiverem diante Dele. Caim e Abel a aproximaram de Deus, mas um foi aceito, e 0 outro. rejeitado. Um foi abengoado, e 0 outro, advertido. Um foi reconhecido como justo, e 0 outro, como assassino. Todos os que tentarem se aproximar de Deus oferecendo o suor, o fruto de sua forga e de seu trabalho, serao rejeitados por Ele. Ha apenas um caminho para Deus, e esse € através do sangue. Entao, pare de tentar mostrar a Deus as suas obras no intuito de agradé-lo por aquilo que vocé faz. Creia no poder do sangue derramado, o sangue do inocente, do Filho de Deus que se entregou por vocé na cruz do Calvario. Caim, irado por Deus nao ter aceitado sua oferta, levantou-se contra o seu irmao. Este é um principio que je: as pessoas ficam iradas com s semelhantes. O coragao stado de seu proximo. ro ao declarar: y estd vivo até os dias de ho Deus, mas se vingam em seu: afastado de Deus também esta afa O apéstolo Joao deixa isso muito cla ertencia ao Maligno & 42 Porque o.que ia era bom. Nao sejamos como Caim, que P matou o proprio irmdo. E por que o maton Caim fazia era mau, e 0 que 0 sett irmido fax Meus irmaos, nao estranhem se as pessoas do mundo os odeiam. Nos sabemos que jd passamnos da morte para a «os mossos irmdos. da e sabemos isso porque amantos os nossos 1" A Digitalizado com CamScanr 78 ALIANGA DE SANGUE i rl ia O Quem nao ama esta ainda morto. Quem ode: sen irmdo 6 assassino, e vocés sabem que nenhum assassing a ? tem em sia vida eterna. Antes de Caim atacar Abel e 0 matar com suas proprias maos, ele j4 0 havia assassinado em seu Coragio. ja havia acontecido 6 realizaram aquilo que do em sua mente. Suas ma em seu coragio e sido arquiteta _ E preciso atentar ao texto para nao perder a esséncia de todo o ocorrido. Deus nao simplesmente rejeitou a oferta de Caim, Ele rejeitou 0 coragao dele. “Mas nao aceitou Caim e sua oferta. Por isso Caim se enfureceu e 0 seu rosto se transtornou.”® O coragaéo de Caim era orgulhoso e incrédulo, e 0 de Abel era humilde e cheio de fé. A epistola aos Hebreus declara que foi pela fé que Abel ofereceu o seu sacrificio’ e alcangou de Deus teste- munho de que era justo. O testemunho da fé de Abel fala até os dias de hoje; desde o principio, ele creu no poder do sangue e que Deus era digno das primicias, do melhor. Assim, decida ser como Abel, crendo, sem reservas, em Deus. Creia no poder do sangue. Aproxime-se de Deus pelo novo e vivo caminho que Cristo abriu pelo derramamento de seu sangue. Entretanto, nao ofereca a Deus qualquer coisa, dé a Ele as suas primicias, seus Primeiros frutos, o seu melhor, Dé a Ele o melhor dos seus dias, no espere estar vivendo 0s seus diltimos dias Para se entregar por completo. Dé os primeiros dez por pee Biz 7 1 Joao 3.12-15 (NTLH), * Génesis 4.5 (NVI). * Hebreus 11.4, Digitalizado com CamScanr ALIANCA DA PRESERVAGCAO 79 cento & nao apenas o dizimo. Oferega a Ele as primeiras horas do seu dia, seja espontanco em seu relacionamento com Deus! — CORRUPGAO GENERALIZADA — Caim deu origem a uma linhagem irada, perversa, orgulhosa e que foge de Deus. Por mais que da linhagem de Sete, outro filho de Adio e Eva, 0 nome do Senhor comecou a ser novamente invocado,! 0 pecado conti- nuou a exibir os seus frutos no coragio do ser humano, que apressou 0 seu caminho para a destruigao. No capitulo seis de Génesis, 0 cendrio é cadtico. Os homens estavam totalmente entregues ao pecado. Uma das expressdes mais fortes das Escrituras se encontra nesse momento: “O SENHOR viu que a perversidade do homem tinha aumentado na terra e que toda a inclinagao ensamentos do seu cora¢ao era sempre € somente dos p feito para o mal. Entdéo o SENHOR arrependeu-se de ter bre a terra, e isso cortou-lhe o coragao”."" como na cria- Ele levantara o homem sol Deus lidar4 novamente com 0 Caos, cao da terra e na queda de Adio e Eva. do Noé. Homem justo, reto em suas um homem chama Y 12 Assim Noé ¢ descrito geragdes e que andava com Deus. a ___ ha Biblia. Deus o comissionou para construir uma arca, que o abrigaria com toda a sua familia, € abrigaria também todas as espécies de animais terrestres © aves. Essa tarefa exigiu fé € obediéncia de Noé, pois nunca Digitalizado com CamsScanr 80 ALIANGA DE SANGUE havia chovido, ¢ Deus havia prometido um diltivio que EE . ey emalmente, as primeiras palavras tte eo te quando ouvimos a respeito que ocorrem oo nos porém, lembrar que amar nao é sempre dizer sim. Muitas vezes, een pais de. monstraram amor por 16s N10s corrigindo por um erro cometido. Assim como nem sempre um filho entende a atitude de seus pais, temos dificuldade de entender a atitude de Deus no diltvio. Contudo, 0 cerne de toda essa historia é a preservagao da vida humana. A criagao sofreu mais uma vez por causa do pecado da humanidade. Como consequéncia do pecado de Adao, a terra produziu espinhos e cardos, e experimentou a maldicao. Agora, toda a criagio experimentar4 0 terror e amorte. Porém, todo esse sofrimento era necessario para que houvesse um recomego. Deus nao criou.a terra nem 0 ser humano para experimentarem todo esse sofrimento, que é consequéncia do pecado. O agir de Deus é sempre para o bem e nunca para o mal. Deus é bom, Ele é amor! As atitudes drdsticas de Deus nao anulam sua bondade € seu amor. Deus nao deixou de ser amor por enviar 0 dildvio. Pelo contrario, Ele fez isso porque é amor. 0 € quem Deus é, Como vimos, torna excessivame: Se Deus nao agis de haveria se aut terr. a meni dessa hist6 © ser humano entregue ao pecado s¢ nte maligno e segue para a destruicae- Se no curso da hist6ria, a humanida Cexterminado. Deus olho u para toda 4 nas um homem que and. ‘a € achou ap ava com Ele. Digitalizado com CamScanr ALIANGA DA PRESERVACAG Bq Qualquer um poderia ser salvo, Pois a apenas para Noé ¢ sua familia. Para ser saly pastaria apenas crer no que Noé dizia e ent O tempo para abandonar a incredulidade Deus foi de aproximadamente cem anos,” escolhend assim, crer que Ele era real. Porém, a Biblia relata ae ninguém creu, € apenas Noée sua familia foram salvos,!4 Deus providenciou um meio de salvacdo, mas Ele nao obrigou ninguém a entrar. A salvacio deve ser fruto de uma escolha pessoal e nao de uma manipulacdo. Se a pessoa nao decidir crer na Palavra de Deus, mesmo que seja a respeito de algo aparentemente impossivel, nao ha como se salvar. O diltivio, entao, foi uma inter- yencio divina de juizo e amor no curso da histéria da humanidade, tendo em vista a sua preservagio para 0 cumprimento da promessa de redencao. arca nao era 0 do dilavio, tar no barco, € descaso por — A ALIANCA — Apés os quarenta dias e as quarenta noites inin- terruptos de chuva, e 0 processo de escoamento de toda a 4gua, Noé e sua familia deixaram a arca. Sua primeira atitude, registrada na historia p6s-arca, foi oferecer sa- ctificios ao Senhor. Noé pegou os animais limpos que a isso, € derramou 0 havia na arca, j4 reservados par : 7 ta a Deus.’ Esse € © sangue deles sobre um altar em ofer sangue da alianga noaica. ees eventos fc Iisar a cronologia dos even ere de 50: anos ao gerar filhos (Genesis de aotiow de idade (Géness 7-11512)- go da arca, Pa ntimero aproximado pot Btblicos, Percebemos que Nog tinha a dace do) -32) € o dilvio ocorreu quando Noé tinha 600 anos de ida Temos, entao, um periodo maximo de 100 anos Pars 1, Genesis 8.15-18, Genesis 8.20, Digitalizado com CamScanr 82 ALIANCA DE SANGUE Em seguida, Deus comegou a proferir as palavras dess alianga. Note que as palavras da alianga de preser- vagao sao muito similar da alianga da criagao. E abengoou Deus a Noé e a seus filbos, e disse-lhes: i-vos e enchei a terra. E 0 temor de Frutificai e multiplic vos e 0 pavor de vds virdo sobre todo o animal da terra, e sobre toda a ave dos céus; tudo 0 que se move sobre a terra, e todos os peixes do mar, nas vossas mdos sao entregues. [...] Mas vds frutificai e mutltiplicai-vos; povoai abundantemente a terra, e multiplicai-vos nela.'® As mesmas promessas de béngao que foram pro- feridas a Adao e Eva agora foram enderegadas a Noé e sua familia. Isso nos prova que Deus nao mudou de ideia em relacio a humanidade, nao se arrependeu no sentido de mudanga de diregdo ou mente. Deus deu continuidade ao seu plano original para a raga humana. Noé, agora, deveria ser o representante de Deus na terra, tendo dominio sobre toda a criagao, debaixo da orientagao de Deus. Tudo 0 que Noé precisava pata cumprir a expectativa divina ja estava liberado sobre ele através de cada béngao proferida por Deus nessa alianca. Cabia a ele apenas obedecer, ou melhor, permanecer em uma posic¢io de obediéncia. Essa alianca é uma das mais abrangentes, pois incot- C a B ae Pora nao apenas Noé e sua familia, mas também todos Os animais ane himais € toda a criagio. Isso revela que o plano de redencio atingirA na a0 atingiré ndo apenas a humanidade, mas toda —— " Genesis 9,1,2,7 (ACR), Digitalizado com CamScanr ALIANGA OA PRESep VA SERVACAG 83 a terra. HA um envolvimento intimo da redenea ser humano com a redengao d. engao do ‘a terra. O ang 4-9 apdstolo Paulg fama ter ‘aulo escreve 408 TOMANOS que a criaco ge a me aguardandc ando ansiosamente a manifestacio dos filhos de Deus.” 4 propria terra experimentara uma transformacio cu . a om. a consumagio do plano de redencao. A essas promessas € acrescentado um juramento maravilhoso: E o SENHOR sentiu 0 suave cheiro, e 0 SENHOR disse em seu coragdo: Nao tornarei mais a amaldicoar a terra por causa do homem; porque a imaginagdo do coracao do homem é md desde a sua meninice, nem tornarei maisa ferir todo o vivente, como fiz. Enquanto a terra durar, sementei- 1a e sega, e frio e calor, e verao e inverno, e dia e noite, nao cessarao.'* E eu convosco estabelego a minha alianga, que nao serd mais destruida toda a carne pelas dguas do diliivio, e que nao haverd mais dilivio, para destruir a terra.” Junto com a promessa e 0 juramento de preserva- cao, Deus proclama os termos dessa alianga. Deus jurou preservar a humanidade, mas o ser humano deveria ser © seu cooperador. Pela primeira vez nas Escrituras é inserido um principio legal, ou seja, um princfpio que Visa reger a conduta humana. “Quem Gee { do homem, pelo homem seu sangue sera derrama- EB do; porque a imagem de Deus foi 0 ae — O objetivo é a preservagao da vida. O ser humo criado. Romanos 8.19, a Digitalizado com CamScanr

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