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Mateus 21.12-17
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Jesus entrou no templo e expulsou todos os que ali estavam comprando e
vendendo. Derrubou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam
pombas, 13 e lhes disse: “Está escrito: ‘A minha casa será chamada casa de
oração’; mas vocês estão fazendo dela um ‘covil de ladrões’”. 14 Os cegos e os
mancos aproximaram-se dele no templo, e ele os curou. 15 Mas quando os chefes
dos sacerdotes e os mestres da lei viram as coisas maravilhosas que Jesus fazia e
as crianças gritando no templo: “Hosana ao Filho de Davi”, ficaram indignados,
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e lhe perguntaram: “Não estás ouvindo o que estas crianças estão dizendo?”.
Respondeu Jesus: “Sim, vocês nunca leram: “ ‘Dos lábios das crianças e dos
recém-nascidos suscitaste louvor’”? 17 E, deixando-os, saiu da cidade para
Betânia, onde passou a noite.
Penso que, assim como Jesus fez “A Purificação do Templo”, há uma indiscutível necessidade
de que ele mesmo faça, ainda hoje, nesse tempo, uma purificação da Igreja. Destaco pelo
menso dois motivos principais, que, a meu ver, estão esfacelando a Igreja de Cristo.
Não é preciso grande dose de perspicácia para constatar que, nas últimas
décadas, muitos evangélicos se distanciaram dos postulados da Reforma
Protestante. Não há preocupação com interpretar corretamente o texto bíblico,
com os parâmetros da hermenêutica e com a ética cristã... Ao reduzir o espaço
da teologia em seu modus operandi e sem parâmetros da hermenêutica e da
exegese bibicas, vários segmentos evangélicos no Brasil concedem a seus líderes
a livre interpretação do texto bíblico, a multiplicação de novidades doutrinárias,
uma criatividade questionável nos levantamentos de recursos financeiros e o
emprego de manipulações na busca por novos adeptos.
Paulo Romeiro
O jornal Folha de S. Paulo, em 19/08/2009, publicou uma matéria (no caderno E8)
noticiando que em Salvador está sendo gravado uma minissérie que conta a história de
alguém que depois de se converter ao evangelho decide fundar a Igreja Evangélica do
Tremor Divino e passa a desviar parte dos dízimos em benefício próprio.
Ainda a Folha de S. Paulo, em 13/08/2009, publicou a carta de um leitor que expressa bem
o pensamento de muitos brasileiros: “Os fiéis que contribuem com dízimos vão para o
paraíso celeste, já os dízimos vão para os paraísos fiscais”.
Enfim, o triste fato é que muitos líderes religiosos transformaram a Igreja de Deus em
mercado de consumo, que visa o seu próprio enriquecimento.
Realmente, parece que o diabo conseguiu! C. S. Lewis, em sua obra de ficção Cartas do
Diabo ao seu Aprendiz, escreve o que uma dessas cartas instruía o discípulo satânico a
fazer com os membros da Igreja:
O que queremos mesmo, e desejamos muito, é fazer com que as pessoas tratem
o cristianismo como um meio; de preferência, é claro, como um meio para o seu
próprio benefício.
C. S. Lewis
Ed. ULTIMATO
Tudo isso, sem falar dos nojentos problemas morais que atacam dos líderes aos fiéis de
todas as igrejas (inclusive católicas).
Realmente, não há como negar, a Igreja de Jesus precisa de uma grande purificação! Isso me
leva a querer refletir com vocês, numa noite tão especial como esta, sobre os reais propósitos
da Igreja, segundo o próprio Jesus Cristo idealizou.
Queremos mostrar-lhes não só o que a Bíblia diz, mas também o tipo de igreja que
sinceramente buscamos ser, em meio a esse caos religioso em que todos nós estamos
inseridos, na esperança de servirmos como um porto seguro do Reino de Deus em sua vida e
na vida de sua família.
Quero tentar definir os propósitos da igreja segundo o plano do próprio Jesus, o seu fundador;
mas, antes, deixe-me levantar-lhes algumas perguntas penetrantes – que têm a ver com os
motivos que te fazem ir (ou vir) à igreja: Por que você procura a igreja?
Para ver seus amigos (em outro lugar você não conseguiria)?
Motivado pelo legalismo (se não for à igreja Deus castiga)?
Dependência psicológica (analgésico espiritual)?
Não consegue manter comunhão com Deus fora do templo?
Pensa que as bênçãos de Deus caem apenas no templo?
Para barganhar com Deus (novena gospel)?
Enfim, por que você procura a igreja?
As razões que te trazem à igreja revelam o que você pensa sobre o propósito dela.
OS PROPÓSITOS DA IGREJA
Mateus 21.12-17 é um texto singular. Ele está registrado nos quatro evangelhos e com certeza
é um dos incidentes mais conhecidos no ministério público de Jesus.
Trata-se do único relato em que Jesus se envolve num certo tipo de ação violenta, embora não
haja qualquer indício de que ele tenha intencionado agredir ou ferir alguém. É portanto, um
texto sério, acima da média, que deveria chamar a nossa atenção.
Jesus estava a caminho da cruz, ou seja, vivendo os seus últimos dias de vida; já estava na reta
final. Ele, então, entra em Jerusalém de forma triunfal. Dessa forma, tudo no texto chama a
nossa atenção para a importância e a seriedade do momento. Jesus falaria sobre como deve
ser o ajuntamento do povo de Deus na adoração. Adoração é coisa séria.
O que Jesus nos ensina sobre os propósitos da reunião coletiva da igreja – sobre os seus cultos
públicos? Quais são os propósitos da igreja – da igreja reunida para cultuar?
Está escrito: ‘A minha casa será chamada casa de oração (v. 13)
Se igreja é casa de oração, pressupõe-se que ao nos dirigirmos para ela, devemos nos
preparar. Ao nos dispormos a ir à igreja, devemos cultivar a explícita intensão de mantermos
comunhão íntima e profunda com Deus.
Você se prepara para vir à igreja? Como? O que você assiste antes de vir para cá? A que horas
você vai dormir no sábado a noite? Que música você ouve quando está a caminho? Que tipo
de conversa acontece no carro, no ônibus, ou durante a caminhada? Como você ensina isso a
seus filhos? Você os instrui sobre o culto, ou simplesmente os entrega ali no ministério
infantil?
3 Pregado à IBCC em 29/11/2009 (Noite de Batismos)
Pr. Leandro B. Peixoto
Se igreja é casa de oração, eu devo cultivar a intensão fervorosa de falar com Deus.
Vem-se à igreja para cultivar uma intensa e fervorosa comunhão com Deus em oração.
Igreja é casa de conferência com Deus, de comunhão com Deus, é casa de oração!
Sempre que nos aproximamos de Jesus, da comunhão intencional com ele, somos expostos à
grande possibilidade de cura. Onde a glória de Deus se manifesta, a cura acontece – cegos e
mancos são curados. Destaco aqui a cura moral, do caráter, da alma – a cura espiritual.
O ser humano, por causa do pecado, está cego. Ele não consegue enxergar a glória de Deus. O
que é pior, além de não enxergar a glória de Deus, o ser humano, cego pelo pecado, não sabe
para onde está indo e nem sabe que está cego e perdido!
O Evangelho de João deixa isso de forma muito clara. Uma leitura cuidadosa do texto de João
revelará o forte contraste entre a luz e as trevas, que é tema de destaque naquele evangelho:
Estava chegando ao mundo a verdadeira luz, que ilumina todos os homens (Jo 1.9)
Falando novamente ao povo, Jesus disse: “Eu sou a luz do mundo. Quem me
segue, nunca andará em trevas, mas terá a luz da vida” (Jo 8.12)
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Disse-lhes então Jesus: “Por mais um pouco de tempo a luz estará entre vocês.
Andem enquanto vocês têm a luz, para que as trevas não os surpreendam, pois
aquele que anda nas trevas não sabe para onde está indo. 36 Creiam na luz
enquanto vocês a têm, para que se tornem filhos da luz”. Terminando de falar,
Jesus saiu e ocultou-se deles (Jo 12.35-36)
Além de cego, o ser humano é manco. O pecado lhe impede de caminhar da forma como ele
deveria. Ele não consegue agradar a Deus.
A Igreja é casa de cura porque a Palavra de Deus produz cura para todos os dilemas humanos.
“Não estava queimando o nosso coração, enquanto ele nos falava no caminho e
nos expunha as Escrituras?” (Lc 24.32)
Se a tua lei não fosse o meu prazer, o sofrimento já me teria destruído (Sl 119.92)
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Inclina o meu coração para os teus estatutos, e não para a ganância [cobiça –
consumismo - roubo]. 37 Desvia os meus olhos das coisas inúteis [vaidades]; faze-
me viver nos caminhos que traçaste (Sl 119.36-37)
É em busca de cura para a alma e para a vida que você se aproxima desta casa? Deve ser.
Dos lábios das crianças e dos recém-nascidos suscitaste louvor (v. 16)
Templo é lugar de louvor. Louvor é muito mais que cantar; é muito mais que entoar a teologia
correta na melodia e no ritmo apropriados. Deixe Jesus mesmo definir para nós qual é o louvor
que lhe agrada: “Deus é espírito, e é necessário que os seus adoradores o adorem em espírito e
em verdade” (Jo 4.24).
O Novo Testamento, com a vinda de Cristo, inaugura um novo tempo na adoração. O local e a
forma da adoração tornam-se no mínimo irrelevantes, porque a verdadeira adoração deve
estar de acordo com a verdade (a Palavra) e ser expressa de coração (em espírito).
Em Mateus 21.16 Jesus cita o Salmo 8.2 com uma ligeira modificação. É muito interessante:
Por que essa ligeira modificação de Jesus? O fato é que não há qualquer modificação.
Para Jesus, louvor e força são a mesma coisa; pois, o coração alegre em Deus – ou seja, o
louvor, a adoração genuína, que expressa a alegria da alma em Deus, fortalece o fraco e o faz
vencer os fortes! A alegria do SENHOR é a nossa força (Ne 8.10).
Por causa dos louvores a Deus que entoam, os pequeninos, as crianças, os fracos, vencem e
fazem calar os poderosos (Veja Sl 8.2 todo).
O exemplo bíblico que mais ilustra essa verdade é um incidente ocorrido com os hebreus no
deserto, narrado em Números. Eles, sem água, sedentos e sem perspectivas humanas,
confiaram na Palavra de Deus e cavaram o poço, em busca de água, com louvores nos lábios:
O CÂNTICO DO POÇO
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De lá prosseguiram até Beer, o poço onde o SENHOR disse a Moisés: “Reúna o
povo, e eu lhe darei água”. 17 Então Israel cantou esta canção: “Brote água, ó poço!
Cantem a seu respeito, 18 a respeito do poço que os líderes cavaram, que os nobres
abriram com cetros e cajados”. Então saíram do deserto para Mataná, 19 de Mataná
para Naaliel, de Naaliel para Bamote, 20 e de Bamote para o vale de Moabe, onde o
topo do Pisga defronta com o deserto de Jesimom (Nm 21.16-20)
VOU SEGUIR
Conquanto a igreja seja lugar de oração, de cura e de adoração, o texto que temos diante de
nós revela que há pelo menos dois riscos que os da “Igreja” correm:
I. Risco de serem pedra de tropeço para os que se chegam: “Jesus entrou no templo e
expulsou todos os que ali estavam comprando e vendendo. Derrubou as mesas dos
cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas” (v. 12).
II. Risco de não gostarem da manifestação da graça de Deus, nem da adoração dos
salvos por Deus: “Mas quando os chefes dos sacerdotes e os mestres da lei viram as
coisas maravilhosas que Jesus fazia e as crianças gritando no templo: “Hosana ao Filho
de Davi”, ficaram indignados” (v. 15).
Cuidado, não seja pedra de tropeço: não impeça que os que se chegam vejam a glória de
Deus. Pare de falar da igreja; do passado; dos problemas; das pessoas e fale da glória de
Deus. Também não venda bênçãos. Não negocie com Deus. Não use a Deus. Não prometa
o que Deus não promete. Mostre a graça e a glória de Deus com vida e voz.
Cuidado, não seja xerife de adoração: lembre-se de Mical; pois quando ela se colocou
como fiscal da adoração de Davi, Deus a puniu severamente (2Sm 6.20-23; 1Cr 15.29). A
atitude de Davi, contraio ao julgamento de Mical, era de humilhação e não de lascívia ou
mundanismo (2Sm 6.22). Cante, celebre, cure, compartilhe.
I. ORAÇÃO: Busca de comunhão fervorosa com Deus; intercessão pela sua vida, de sua
família, pelo seu trabalho, pela sua igreja, pelo seu país, pelo mundo perdido.
II. CURA: Cura da alma, cura do pecado, cura do coração, cura da mente, cura do corpo pela
palavra exposta e cantada.
III. LOUVOR: Cântico verdadeiro, cheio de vida, fundamentado na Bíblia, entoado de coração.
Cântico de louvor e adoração que fortalece o coração e a alma, fazendo-nos prosseguir.
Essa é a igreja que buscamos ser. Igreja que ora, igreja da cura pela Palavra, igreja que adora
em espírito (com alegria) e em verdade (segundo a Palavra).
É para essa vida e para esse contexto de igreja que queremos convidar você.