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O DESTINO DOS RIOS “XA” DE XIXI DA XUXA o ULIO VARGAS o Estado Novo CARTA TESTAMENTO Ol¥agoN 32 ® “eqseseg ep soslapayy a epng 9Z ‘e1ea9 Op e1azag soslajoiA sejsijuadas sojad sopeyued 0813S 3 L861-T1- € ‘ISe4g Ory -RSZ 194104 - VNA'TIH VINVS OGNOAWIVA — 14duOo Ad VUNLVYALIT ET e — “GOIANABIL” LITERATURA DE CORDEL — RAIMUNDO SANTA HELENA GETULIO VARGAS EO ESTADO NOVO _Estito: Martelo agalopado Na U.F. do Rio de Janeiro Na Historia (Ciéncias Sociais) Professores de todos os canais E também cordelista brasileiro Repentistas do ramo violeiro Aqui vamos trocar sabedoria No salao vai chover Filosofia Condenando “caucus” Estado Novo Ou “Repiiblica Nova” pois 0 povo Sem Diretas ndo tem Democracia. . . NoCordel pus a “Carta Testamento” Mas Getilio ali eu nao julguei Porque muitos segredos eu ndo sei E nem Deus é pra nés 0 “cem por cento” Questiono “de visu” julgamento Mas também ojenizo a tortura Gs arbitrios comuns da ditadura Egocéntrico “pool” parlamentar Um Congresso querendo governar. . . Tudo isso é falta de cultura! No Brasil a Historia se repete: O povdo com tenentes vao a praca Combatendo miséria e trapaga Nas vitérias s6 chefes tem confete J4 cansada Nagdo se submete SSS Sa Ao ludibrio das lendas da cegonha ;_}_¥—*_~™ _ As pancadas sonoras da coronha Ea Aos ruidos metilicos dos tanques As mentiras dos videos e palanques, . . Tudo isso é falta de vergonha! LITERATURA DE CORDEL — RAIMUNDO SANTA HELENA GETULIO VARGAS E 0 ESTADO NOVO “Reconstitucionalizagao” O Getilio gritava pros ouvintes Hoje temos TV. . . constituintes. . E Werneck da Silva sem galao Aqui vem me pedir opiniao E Horacio Macedo’o Reitor José Nilo Tavares professor J4 falaram e outros vao berrar Sao setenta e muitos yao cantar Cinco dias. . . agora vou depor: “Plano Cohen” na Hora do Brasil / 37 na noite de setembro Ha 50 quaresmas mas me lembro: No sertdo vi um trem levar civil Espingarda soldado e fuzil Pois o Plano “‘previa” uma guerra Nos planaltos nas aguas e na serra “Liderada entao por comunista” Alguém diz que foi farsa elitista ° Militares tomaram mar-e terra. . . Em novembro fechado o Congresso Militares vao ser interventores Nos Estados. . . até Governadores Entranhados na trama do processo (Pelo radio falou Repérter Esso) Vao servir ao Ministro da Fustiga Porque esta maneira submissa Era letra da “Constituicdo” at Pra conter a “‘mortal revalucdo” E 0 povo com medo vai 4 missa. . - © ZE' ROBERTO 3 LITERATURA DE CORDEL — RAIMUNDO SANTA HELENA GETULIO VARGAS E 0 ESTADO NOVO Militares queriam alemao Mas Osvaldo Aranha, Valentim Preferiram pais de Ritintim Para troca de coca e canhdo Pelo ferro café e algodao. . . Fiz a guerra la fora nado me mande Dar meu sangue prefiro ser um Gandhi! Vargas foi derrubado em outubro. . . Retrocedo vou ver 0 que descubro- Com 0 Plinio, Malim e Paulo Brandi: Carlos Prestes cercado de patentes Sem querer Alianga Liberal Era chefe supremo ideal De um grupo rebelde de tenentes Patriotas mal pagos descontentes Muita coisa em 30 se passou (Paulo Brandi num livro registrou) Presidente Washington Luis Nao sabia das coisas ou néo quis — A Revolta com Vargas comegou. .. Em outubro de 30 dia 3 Rio Grande do Sul tudo comega Os covardes disseram: ‘‘Ndo vou nessa! E os chefes milicos nesse més Proclamaram: ‘“‘Chegou a nossa vez!” Presidente deposto na prisao Mas o Vargas responde: “Essa nao. . . Almirante e mais dois generais Governando na Junta sem jamais Disparar um sé tiro de canhao!” LITERATURA DE CORDEL - RAIMUNDO SANTA HELENA GETOLIO VARGAS E 0 ESTADO NOVO E Getilio falow de Ponta Grossa L4 pra Junta morando no Catete: “Vao sair nem que seja no cacete — A vitéria com riscos ja € nossa Com soldados do Sul civis da roga Com o Norte-Nordeste aderindo E o Leste também contribuindo. . . E a Junta saiu sem suspensorio E GV num Govemo Provisorio Dia 3 de novembro assumindo. . . Depressio Econdmica no mundo E as forcas aqui ja divididas Matar fome sarar tantas feridas O desgosto de Vargas foi profundo Uma crise nascia por segundo Duas Cartas apenas em 3 anos Legalizam papéis Getulianos! Vem a Guerra se vai. . . 45 General com medalhas puxa trinco E depée Presidente dos paisanos. . . Hoje “césio” causando alvorogo Presidente j4 ndo governa nada Com o queixo na ponta da espada. E 0 gringo mordendo no pescogo Classe média e pobres comem osso Nao ha lider que fuja e se consagre Mas termina na cruz s6 com vinagre Pois Colombo morreu nao pée mais ovo E indtil um Novo-Estado-Novo. .. S6 Cultura talvez faca milagre!!! FIM Oferego este poema ao amigo Umberto Peregrino. LITERATURA DE CORDEL — RAIMUNDO' SANTA HELENA. CARTA-TESTAMENTO Mais uma vez estas forcas Contra meu povo assim De maneiras coordenadas Novamente contra mim Nao me acusam insultam Nao combatem me imputam A calénia téo ruim. . . E nao me dio o direito De defesa ndo me dio Sufocando minha voz Impedindo minha acdo S6 pra eu nao prosseguir No meu modo de agir Na defesa do povio. . . Seguirei o meu destino. Lutei contra capitais Financeiros-economicos —- Os internacionais Que tanto nos dominaram E sempre espoliaram As riquezas principais. . . Pra criar um Brasit novo Revolugdo chefiei Buscando mais igualdade Traido renunciei Meu povo sempre correto Me deu seu voto secreto E nos seus bracos voltei. . . CARTA TESTAMENTO As multinacionais Acham que eu atrapalho Porque dou no meu regime _ Garantias ao trabalho Lei de lucros em excesso Foi detida no Congresso Nas cartadas do baralho, . . Ao rever sakirio minimo Eles me passam pra tras Conspiram contra os planos Que fiz para Petrobras Agitagdo se amplia Pondo em banho-maria Até a Eletrobras. . . E nao querem liberdade Pros nossos trabalhadores S6 querem independéncia Para grupos opressores Ao assumir a Nacao Aspiral da inflagdo Destrufa os valores. . . O destino dos humildes Tixava sorte nos dados As empresas estrangeiras Com lucros exagerados Até 500 por cento Roubando mais que o vento > Esses gringos desgracados. . . LITERATURA DE CORDEL — RAIMUNDO SANTA HELENA CARTA TESTAMENTO Declaracées de valores Vampiros insacidveis De nossas importagdes De sangue velho e novo Escondiam grandes fraudes Muito mais de 100 milhées De délares s6 num ano Ganha fama de tirano Quem prende esses ladrées. . . Veio crise do café Valorizando produto Ao defender 0 seu preco A presséo me trouxe luto A nossa economia Que diante da covardia Sofreu um curto-circuito. . . Tou lutando més a més Dia a dia hora a hora Resistindo as pressdes Contra meu povo que chora Em siléncio suportando Nenhum canh4o ajudando Eu tenho que ir embora. . . Meu povao desamparado Nada mais eu posso dar A nfo ser meu proprio sangue Para o vildo sugar Sao as aves de rapina Essa cambada cretina Que vocés devem “surrar”. . . Qu sao cobras venenosas Chupando gema do ovo A minha gente querida Ofereco minha vida Que ressuscita no povo. . . Foi o meio escolhido Pra convosco conviver Minha alma o meu povo Sentiré quando sofrer Rudemente humithado! Eu estarei ao seu lado Mesmo depois de morrer, . . E quando no trem da vida Rodando fora dos trilhos Fome batendo 4 porta Lutareis por vossos filhos Sentireis em vosso peito Um impulso tio perfeito Que vencereis os caudilhos. . . Se vos vilipendiarem Tereis logo reagao Sentireis no pensamento O meu préprio coracdo Meu nome ser4 bandeira Nesta luta brasileira Contra forcas do dragio. . - LITERATURA DE CORDEL — RAIMUNDO SANTA HELENA CARTA TESTAMENTO Porque o meu sacriffcio Ao povo dei minha vida Manterd vocés unidos E hoje morro na gloria Cada gota do meu sangue Meu suicidio que seja Vibsara nos seus ouvidos A semente da vitéria Como chama imortal Eu dou o primeiro passo: Pra resisténcia global Saio da vidaofago—* Contra balas dos bandidos. . . Para entrar na Historia. . . Eu respondo com perddo | FIM Ao ddio dos inimigos Rio de Janeiro, 24 de agosto i Porque sei que 0 meu povo de 1954, GETULIO VARGAS | Dara os justos castigos ‘Adaptacdo poéti . : Aos que pensam que ganharam (Adaptacao poética Santa Hele Olugede sen jugs Ofergoeste poms amiga | ea JA21B08. - Erika Franziska. Vossa vibracdo sagrada Levam parias pro inferno Do povo eu fui escravo Vou livre pro mundo eterno Nao hé morte que me mate Meu sangue sera resgate Como chuvas no inverno, . . (Pagina 10) Espoliacdo do povo E de meu Pais também Contra elas eu lutei Sem medo e digo bem: O meu povdo nunca mais Sera fragil, alids, 8 Nem escravo de ninguém ... LEIA “XA” DE XIXIDA XUKA LITERATURA DE CORDEL — RAIMUNDO SANTA HELENA O DESTINO DOS RIOS _ Estilo: Martelo agalopado Rios passaros bichos nos planaltos Vio cruzando as matas e fronteiras E nas serras jorrando cachoeiras Aguas brancas provém dos pontos altos Sussurrando a paz em lindos saltos! Sinuoso as vezes devagar Todo rio um dia vai parar: Sua vida dinamica tem fim Pois mergulha com troncos e capim Nas entranhas compactas do mar. . . Gudunhado nas garras do mais forte Eis o rio no leito terminal Afogado no fundo abissal Envolvido nos tramites da morte S6 entéo quer mudar a propria sorte Pra ser livre de novo na floresta: Vira onda rebenta vira fresta Busca terras fugindo do perigo Finalmente nas praias seu jazigo. . . As espumas é tudo que the resta. . . Nossas vidas também imitam rios Temos berces percursos e chegadas E no solo deixamos as pegadas Nas montanhas planaltos e baixios Nos estorvos buscamos os desvios Pois voltar s6 em sonhos € possivel Alternamos bastante nosso nivel Prosseguindo aos trancos e barrancos Ao chegarmos no “mar” cabelos brancos Sao espumas no fim irreversivel. . . 9 Ofereco este poema aos amigos Ariana e Hugo Ribeiro. LITERATURA DE CORDEL - RAIMUNDO SANTA HELENA “XA” DE XEXI DA XUXA O que sera do Brasil Hoje comunicagao Com estes déceis infantes Na Terra e fora dela Ligados no “‘xou da Xuxa” Com palavras e imagens Com coloridos barbantes Neste milagre da tela Do multicomercial — Flui com muita rapidez. . . O desejo no canal S6 quem tem “tutu” tem vez E os brinquedos distantes? Na Nagao verde-amarela. . . Infinitamente antes Pais e mées 14 na favela Durante e pos Jesus Quanto mais escuridao Mais brilham gotas de luz E o dom dos carisméticos Manipulando fandticos Com cultos e falsa cruz. . . Pobres desfilando nus Ricos com roupa pesada Com ou sem Estado Novo As brigas nao dao em nada Servos vivem sé pro mito Ou se matam peio dito Numa grande palhacada. . . Na era ultrapassada Sem radio televisio Revista jornal nem livro Quem tinha um bom pulmao E um pouco de pericia Com estorias e malicia Reunia multidio. . . {0 Ofereco este poema minha amiga Cidinha Campos. Com muita dificuldade Compram sua tevézinha Sé podem pagar metade Os filhos cobram brinquedo Roupa bota. . . nem Tancredo Sofreu tanta crueldade. . . E triste ver a verdade Nos comerciais didrios: Sao tentadoras ofertas Na casa dos operdrios Que se sentem humilhados No SPC fichados. . . Xuxa ganha mil salérios! Ela fez “dixiondrios” LA se vai “cc” de gatcha Na linguagem dos “‘baixinhos” Que fazem da TV “duxa”: Pelas boquinhas das mentes Vio regando as sementes Com “‘xa” de xixi da Xuxa. . . FIM Raimundo Santa Helena nasceu no dia 6 de abril de 1926 num trole ro- dando a vara. Sua cabeca nasceu na Paraiba e o restante nasceu no Ceara, Seu Pai; Raimundo Luiz do Nascimento, fundador do municipio de “Santa Hele- e O posseiro legal numero um, ali morreu combatendo Lampiao e mais 65 cangaceitos que invadiram e incendiaram a cidade em 9 de junho de 1927. Sua mae, Rosa Ferreira do Nascimento, estava gravida de 5 meses e foi maltratada pelos bandidos, que ainda tentaram matd-la. Na hora do tiroteio Santa Helena (com 14 meses de idade) foi camuflado com capim seco numa cacimba velha sem agua, onde uma virgem (chiquinha) o acalentou com os seios nus, Em 1934, Santa Helena viu sua mae chorar ajoelhada, implorando ao ta- belido Deoclécio Cypriano Manicobra, ao “coronel” Bento Teixeira eaum juiz, que as terras de seu finado marido (um quinto do municipio de “Canto do Feijdo) the fossem restituidas. pois, por um documento de 28.2,1928 aqueles poderosos haviam surrupiados aquelas terras de heranca da vitva e 3 fi- lhos ..enores, herdeiros do heréi. Os documentos originais de posse foram queimados pelos cangaceiros na luta de 1927, No 29 documento de 1928 sé constavam as 7 casas sem as terras respecti- vas nem © acude que tinham sido transferidos numa escritura paralela ao “co- ronel”, a quem Dona Rosinha foi coagida a vender as casas. E sem pagar ne- nhum tostéo, Bento a expulsou das propriedades a tiros de espingarda, xingan- do todo mundo de filhos da puta. Sem defesa, foram morar num quarto alu- gado ao Antonio Rolim. A mde de Santa Helena foi ser lavadeira e ele e seus irm4os Santo e Toinho carregavam latas d’agua do cacimbdo feito pelo saudoso pai. Para encher as caixas de banho dos comerciantes e fazendeiros as criangas acordavam de madrugada. Ainda vendiam cocada e tapioca aos passageiros do trem parado tomando agua, Ao meio-dia de 31-12-1937, Santa Helena saiu de casa num trem de ma- deira para matar Lampido. Mas ‘toi expulso em “José de Alencar” e dali foi trabalhar em “Barbatana” como agricultor e lenhador, cuja lenha era vendida em Iguatu (5 horas a pé com o jumento “‘Jaburu”’). No mercado recitava versos decorados. Depois foi pra Fortaleza como pau-de-arara, dormiu na sarjeta (Igreja da Sé), comeu restos de comida (Mercado Municipal), porém se reabilitou traba- !hando 13 horas por dia como baleiro da professora Carmen e estudando a noite num galinheiro, a luz de lamparina, discutindo com o galo. Ai Santa He- lena ja sabia que o Lampido que cacgava poderia ser visto em qualquer esquina do mundo Em 1943, j4 em Fortaleza, fez provas e ingressou na Marinha de Guerra como aprendiz-marinheiro. F ex-combatente remunerado, Como cordelista foi citado favoravelmente mais de 1.500 vezes pela im- prensa (464 recortes de jornais, 108 gravacGes de radio e TV nos arquivos e 310 palestras sobre Literatura de Cordel). Fundou a Cordelbras. No pleito de 25.8.83 da Academia Brasileira de Le- tras, teve 4 votos, Recebeu uma oferta de 10 mil dolares de uma universidade estrangeira pelo seu acervo de Cordel mas resolveu do4-lo 4 Casa de Cultura Sado Sarué, em Santa Teresa, Rio (252-2393). Santa Helena pode ser encontrado: 22-feira a tarde, no Sindicato dos Es- critores do Rio (Av. Heitor Beltrio, 353, Tijuca — em frente ao CIEP); 42-fei- ra a noite: em frente 4 Camara dos Vereadores, no poste dos repentistas (“Bri- zolandia’’);e 1° domingo do més: Feira de Sao Cristovao. Em 28.1.1989 Santa Helena completa 44 anos no Rio de Janeiro e no dia seguinte pretende retornar ao sertdo. Cordelbras:C.P. 17.055, Rio, 21312. os S ~ W Santa Helena, no ‘toma 1a, da ca’ da Historia do Brasil O cordelista paraibano Brasil: € o “Projeto civi- Raimundo Santa Helena co toma 14, da ca”, ini- criou um projeto para ciado. no ultimo dia 8, incentivar as criancas em sua propria casa. de Bento Ribeiro a O GLOBO, 14de agostode 1997 aprenderem Historia do Reportage de Paula Quental LITERATURA DE CORDEL RAIMUNDO SANTA HELENA 9 globo 27/10/8 derados por politi- cos, aos gritos e pedradas, e deze- nas de pessoas, com palavras de solidariedade, de- = "™"Raimundo| is 0! PE St fendendo a reali-, . zacao do enterro, tumultuaram 0 se- “= GoianaBil Maria Gabriela a Noe ees Ja nao tenho palavras nem confete ra, as duas pri- 3 Quando corpos por nés sao enterrados meiras vitimas do E ali vio jazer contaminados acidente radiativo Com 0 césio (0 137) com © césio-137. E a vida que ja se submete 3 HME IEE Bae ED Ac morte stomo how Parque, no bairro N§o ensino Histéria do Brasil popular de Urias Pra nao ser um palhago na comédia Peco paz e progresso vem tragédia dou o enterro Peco terra me dao “goianabil”. .. FIM ‘As vitimas da energia nuclear em todo o mundo! Magalhaes, retar- |

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