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PARA CATALOGATAO NA PUBLIAGRO iy Eticas dos Amigos invengées libertérias da vida Edson Passetti revisdo: Mino Augusto Coho son Lopes sy Aes ‘he Gres ck, 1958, Ene Ba Editora Imaginario Digitalizada com CamScanner Digitalizada com CamScanner AMIGOS. E LIBERDADE ‘A tica, associada 2 uma conduta irepreensivel, expressa tm ‘bem, algoa serimitado e aperfeigoado. Para certa pessoas, talvez cesteja na amizade o verdadeiro relaclonamento étco. Na amizade as pessoas sio sinceras, honestas, verdadeira, © por isso cém se ‘proximar de um ideal, Etica © amizade sinalizam possibilidade de perfeigio na vida diéia. Ese esta évidvel entre pessoas, por que ‘néo na sociedade? & bom ter amigos, melhor um especial amigo, € —o pica suerte da vieude —um senda de ado pls presume dean aas gt Pde sormalnent se ona" (-) lucy € um ornament pra 8 afotinados eum regio paras destfovtunaos” (pu Bae, 199735). ‘srenos ser governado po um nee.) “Svea ponies, atbuigoproala do super.) peel em una democracy: ‘era Aqui que ene o trans chamas prosperdde" (em S2607- m4, "btm d ran por meds, mas po ever (lem: 33), °"agueles qu se comprazem em encontrar impereles no so alhados para amizade” dems $37) Digitalizada com CamScanner a {ricas nos Autos a populga € insensaaeiracinal oi gue dicernimeno 04 a, oon fa bekase leva pels canradores populates oma a mln ‘mo um mee, igoande qua malor pate dos omens €fmpia que poco ko one em 12) "souanto aos dese, tenho edo de saber eles este ou nfo ‘existe sho toro obteaosimpedivos do conhecment, como 3 ‘hsctae assure bead aida humana"; segundo Digenes {atric banio de Meas sa obaquimads napa do meted. ‘ote 9 prime a expr "em minas a lo de honorioe™ (Digees akc, 1987264265). am Ear og apc oS dérpage pa a inleriacis com crime ds tang, reserved a tsletncaeconendoo senie dealioda wags com Engl, sina na rad tage, gue asstnos configured tbl minal com vistas ao eqs Mecioeaeate cae mdo des homens e mundo dos deuss ‘tala de inc, naiea dos copes conpora esse amor desisbrado, 4 sae compoal ea més sf, ado ba lacrepa, estos dstinos€ ‘esis. os desigas des eaman os dsiguais: am portant, € © ato do sate eo oe do doen, Fis bem, ce, com dil hé poco al ron nln ork dinner a qe oa propriamente a6 compos, 0 qe tom at em acre dcr cai fore ne ‘Seesitecarn aoe ened inc, eto con, acca das coos amovosns doe om ft ae as do compo em ‘tenet evaianent (.) Tao ma mda como ma mesic € ‘aes eeftohanao edn dese ana quai tnd fot un ¢ cura anor, prgue a esto ambos. (-) ‘ssi que oamor soa qual on copxisteNcas 6 os coros de Does, Bastou para tanto que um poeta visse a fecundidade Srisca do entuslaemo diirimbico (al qual o vemos na cncentario do into d antiga rca coral scllana) e enka sido capazde raduzt-as numa representa cna ede transfert os seus prépriossetimentos para ox ‘stan do ator. Asim, o ore de nartador Itc, converteu-se em ator™ (aeger, 1986: 205) Aes respec ver As supcances de Esquilo. "que distingue dos cures homens esses eres caridosos cujabenevolnca se nadia no roto? E que em presenga de uma nova pessoa sentem-se 3 ‘ontade e entendem-s rapdamene:quetemhe bem em vite desse entendiment. 0 peieltoJulzo que fazem,é: 'agrada-me esta pessoa. ‘Segue-se imedlatamente 0 deseo de se apropciarem (no se preocupam ‘mito com o valor do seu objeto), a apopriagso em st mesma, depos a legtia de possutem e, nalment, a ao em favor do objeto pssuldor (steusche, 1977: 165-166). Digitalizada com CamScanner Digitalizada com CamScanner 4 tmieas bos amicos como aspraco para a cidade, la ndo ¢ mais vista como parte inte- {rante da historia da tradigf dos homens de bem, desde as lem. brangas emotas de sua exstnca,transformando-seem referencia para uma socablidade com base na liberdade subjetiva que busca Aiferenciada repercusséespablcas. ‘Aamizade faz parte de uma solabllidade Ubertiia como re- sistincia ao império, pela sciedade de amigos Epicuro}, desencanto ‘omos governos (estoiisme) ou até mesmo pela aversSo a governo fa cidae dos homens (eristianismo). Nas extemidades,epcurismoe crstanismo negam, reetam ‘edesprezam a politica, apreseniando-se como associagSes em dice. oa radlaidades, 0 epiurimo reeta a politica e enconta na ‘sociedad de amigos sua estéica da ensténca. Ocistlanismo nega 4 cidade dos homens a politica erefuga-se numa semelhanga da alia que dissolve o amigo em irméo, instante decisivo na distingéo ‘entre impérioe paraiso, César e Deus, propiclando a aproximagio e convivéncia em nome da imandade dos fhos de Deus. Almeja spor detecnlogias de i em nome do poder pastoral. Epicuristas cram uma vida para alguos: cristdos, uma vida para todos. Uma nova totalidae se anunci, nfo 6 para os homens de bem de um especi Sco agropansento, Entre a extemidades, pradentecrcula oestoicismo grego Aepoisoheterodoxo estolcismo romano, fazendo rafegar uma ami- ade enquanto restauracao da virtude e do dever, algo que propicie ‘uma paz, ainda que transitéria, entre o privado e © paiblico, para cada pessoa. aber das neessdades, da imipotincia da morte, acon- selharse com o amigo, confssare dele receber sugestées e conti: ss, iss faz com que, obrigatosiamente, sejam sublinnados 08 ul~ \dados com a emergioca do bajuladr no interior da amizade, na me~ dida em que ela vai silenciando-se e revalorizando, por conseguinte, «afgura doinimigo:o que € da amizade e da cidade deve ser pres” ‘vado com cera paz entre diferentes (pessoas de procedéncias socials Aispares ¢ poves), poupando os amigos do balulador, o inimige ase ‘se imiscui no interior da amizade, pela valorizacao da franquez®- Se, com a democracia atenlense,ocorre uma difuséo das pd ticas da amizade como heranga tesistente ao fulgot dos impérios, ‘hs também uma desesperada tentativa de sobrevivencia que encon- twardconforto na morte estoleismo). Um sossego temporitio e ma- terial ueculdard da preparacio para a verdadeira paz que seencon- twacé em Deus (cristianismo), Enfim, seremos todos iguais perante © extraordinato, ‘As reflexes sugeidas por Foucault aceca dos uss ds pra- eres, principalmente dos cuidados des apontam para opercuso 8 ser prosseguido, Séo elas que, a partic da histéia do preseate, 0s levam a buscar subjtivagbes diane do império ou da atual slobalzacto cosmapoit, como produgies de verdades acerca da amizade. Da negagioda politica como forma de liberdade entre ami- _osassociadossecretamente, as dvidas acerca da politica capares ‘e equacionamento pelos amigos, chega-s de volta tejegto da politica como lberdae transcendental ebjetivada na ransformaco 4 amigo em mio, em totallzao da subjetvidade no mundo pas- tora cst, Alliberdace como meta exra-humana ni requer amigos, mas 4 fenaautordade superior lvinizada, Roma, simulacro de Atenas, 6 também afrmagéo da nimizade no centro a via politica. glo fieago da irmandade, Quando, modemamente,s volar produgso| ‘a verdade sobre a amizade, ela estard sendo recuperada a partir do Ambitoprvado,anuncando, quig, seu etemo retomo 20 pio, menos come virtude ds homens de bem e mals como miriades de associagSes Do epicurismo ¢ do estoiismo gregas As suas combinagSes em Roma com Séneca,seguindo 0 estvicismo de cicero, nds nos deparamos com Pluarco cas ecomendagées para evtarmos os adu- Jadores, 05 enamorados e's mesmos qe glonifiam a identidadee fazem crerao indivduo sua uniformidade como soberano, Mais do Digitalizada com CamScanner “ {micas pos ancos _que sso somente encontaralguém acima de cada um para quem setedica verdad amizade: Deus, segundo Santo Agostino reco- focande nos whos oplatonismo. Diante do platonismoe do aula dor romanos somente um regresso& partésia ‘equenos mapas como estes so possivels a partir da nogio de estduca da exsténclaelaborada por Foucault. les nos evam a neal sobre a amizade ea liberdade que no pretendem apontar para um inventélo de Foucault da proximidade ao anarquismo, nas reparar nas possivels coexsténcias andrquicas enquanto vida em expansio. 1. Deslizamentos -Areagiomeciata& nova stuagio clad pelo impétio fof smarastaiges frente os oponentes.Ohomem ie que eva ive tonto ds cris cvs, envoio na unidade homem cad ‘lea polico, eoia-prétia “bela totalidade”,comosublinks sre Aubenge (1975) v8 agora, csposto em novas formas de soldatidade. Surge o tempo das ates da vida, entre as quais not dezeremosno epcuamo eno extocsmo. A Mosofadexa de ser ane dos homens especais paras tomar uma arte acessvel todos, ‘buscando-s uma vida feliz, mesmo sob ciccunstdnclas adversas Sein dvideso dizer que desta situagéo emana uma filsofia 4a crasio qu € afcmada a iberdae individual desvincuada 44 ‘ida ptiea; tal afirmagio seria expressdo de uma nostalgia 8 “grande flosofia”, funcionando, neste momento, como redutora do ‘valor compreensvo da situaglo, 0 futuro mostrard a importinla 4 sevlegado na modemidade quando em stuagio de expansto de ones com base no ineracinalismo e na iberdade pola © civil redesenhar-se, em seu nome, a acomodagéo imperialist 5000 ‘regime de Estados-nacdo (século X0X) ou a globalizagio (sécul0 XX). sts em jogo problematizar prea amizade we 8 produgio de verdades 0bre a estos 0 ‘Aexpansie para o exterior redimensiona a cidade Estado na Grécia,na mesma medida em que a invaséo macedénica ea passa- gem da repblica para oimpério se impéem em Roma. Siosituagdes histcicas destrsitoializantes semelhantes as colocadas no inicio do século XX com as revoluées socialists, eno final do mesmo ‘coma globalizagio e o reaparecimento do cosmopoltismo. Encon- os no Smbito das dferengasna histéria, oespago mével das descontinuidades, Estamos nos restringindo a amizade como forma de sociabill- ace libertérta, no Ambite de uma étca das peticas de si, segundo Foucault em Uso dos prazerese, em especial, em 0 Cuidado de si, ‘istinguindo-a das tecnologia coercitivas ede dominagto. Tata-se eresisténcias aos perigos e, como al enfrentamencadcetoaos agen- tes de poder, enquanto processos de subetivagio problematizando ‘suas inclativas e fnalidades. As préticas desi transformam-se por divesos caminhos que ‘io da antiguidade a helenismoe ao império romano encontrando Fessonanclas. Porém, é impossivel dizer, com preciso, posto que setiano minimo suspeito, que estas ocorrem soba forma de contl- ‘uldade. Os efeitos da invasio macedBnla na Grécia, assim como ‘atransformagéo da replica em império em Roma formam espagos histrios secuares que nao produzem nenihum saber filos6fico com 4 pertinéncia classica de Platio ¢ Aristteles Eles nos situam na ‘insegurangae curosidade de épocas voltadas para a Incerteza dos encontres © acesso a0 reconhecimento ¢ superagio da Ignordncia pelo Saber dos filgsofos e suas imponentes formas deensinat, magnifica fungéo real do iésofoecorrespondentevinculoaristocrtico coma ‘exisifncia govemando a cidade com virude les justas, vé-sedeses- ‘abilizado pelos efeitos do cosmopoltismo. A losofa perde sua aura, Pode e deve ser praticada por todo, até por escravos (piteto) Erecomencada para jovens e adultos Epicure) as homens adultos (Sénecay; ela éretrada de transcendentalidadesedimensionada,en- ‘Wwanto amigos da sabedoria, para o campo amplo da amizade como Digitalizada com CamScanner a 1s DOs AMIGOS ty ences secunénciasimedaas que se efazem equ do poss serdar tne pra se suborina pape das mothers, ae eu an mais quali em ras os homens, wend cede peeecament, ua tlalo ene hs Mesa Petar com a educa da crianga 8 conv com a vn desta pessoas Hilosois formas de uni amigos ‘pen esi detrminadas plo 05 feta des conespondentes uma (modos de sub- sent en process deseo sf aboedadas por Focal se er oectamento das conde institcionalse pois. estos s presenta como um conjunto deregrascoercitivas de um tipo espe- dal, que consiste em julgaragées eintengdesreferindo-se a valores transeendentes(¢ certo, éerrado a lea € um conjunto de regras ‘acultaivas que avaliam o que fazemes, 0 que dizemos, em fungi do modo de existncia que isso implica” (Deleuze, 1992: 125-126), Ser lea com Foucault éutliz-to a marteladas, 2. Sociedade de amigos O-picurismo pode ser visto como a primeira sociedade de am- ‘85. Surge quando tinham desaparecido as replicas gregas ea Nberdade politica para os homens livres. Na Academia eno Liceu, 98 lésofes continuavam a ensinar mas sem nenhuma iniciativa, « io ser de seus mestes prestando servigos aos soberanos. Bpicuto néo se dedicou a criticar Plato ¢ Arstételes, como ‘ublinha Joyau (1975), porndo ver sentido na erudio ou na inves. tigasdo detalhada da historia. A sua maneira procurou criat uma vida que rebata a transcendentalidade fundadora dos mestres da Alosofa. “De todos 0s bens que a sabedoria proporciona para produzit feledade por toda a vida o maior, sem comparagio, €a eonguista " ‘mende, nest caso,oislamento individual este também no Pre ‘inde da vista esporddica do amigo a Walden —,e com maior magn {deem Rousseau, por meio da sociedade da transparénca. seg vat € cols para ovens e velo, homens e mules, eseravos. $6 nascemos uma ver ¢ devemos desfrtat sem harmonia coma nauteza,organizando nossa socabildadt estos so contra 0 Estado. 0 progresso com Estado & apologia da inimizade, da dissolugéo das pessoas na multdio, acontinuidade do escrava- gismo e subordinago da mulher aos cieulos resritos dos homens de bem: édestrucio. Epicuo quer mals, pensa os cuidades de si como algo que ltrapasseo citculo restrite, os quer disseminados como vida e resis véncia politica Talvez por fazer permanecer um minimo de ierat- ‘ula resvale para a possibilidade de tiranizar,freqiente as seitas ‘que tanto combatia. Apesar de Brun olhar para Epicure com certa, _generosiade aflmando que o sbio € um ser ive, liberto da idéia de necessidade e dos outros, ofato de bastarse a si mesmo e rt do destino, reso. um minimo de hlearquia, ainda coloca sob o regime 4a intengfo a sociabilidadelbertria. Epiuro deixa sua marca ibertria ao despedir-se da politica, ‘um ato replet de amistosidade diante de um mundo que privilegion, 98 deuses¢ os inimigos, a religiio eo Estado, A sociedade secreta, 4s amigos quer se poupar do Estado, da democracia e da tirania, ‘as clades livres e dos impétios, expressando a aversio pelo pro. ‘resso ea reforma. Live das coisas, nos dz Brun, sébiotambém se Nbertados homens, como mostrar Stimerao dizer que Epicuroafit- ‘mou que o mundo ¢ inimigo." Ee iberou o homem da erenga no ‘maravilhego no providencial. Sua socledade de amigos, nada tem ‘ver om soviedade sapente, mas apenas com sciedade de homens livres ¢ sem medo, nnecessivi pensar a convivéncia entre as socedades de ami- 40s, Vestigio dessa preocupagéo se encontra em suas Aldtimas. Na Digitalizada com CamScanner a tnicas pos anoos tis em picao oabandono da dimensiotrgica dos homens, is amb, cera pacfcagio pla tecusa do exterior que no the feje enc. sua doucina hd um saber “para nfo admiticnea, deménios, nem betis, mas talvez ainda sabedoria bastante para adorar os deases" (Brun, 1987: 127). ‘Seo epicursno nvestenadistensio (os prazeres),oestocismo consieratha testo (avietude) Nic hd aqui oretirar-seda politica, ‘mas uma nio-aio politica guardada dentro dos limites de uma possivel moral virtosa do politico, Nossosinteressesiguais deve. {star subordinados ao da socidade vivendo amigavelment. Supse, frnRoma uma osibiidade de bem vver para imperader (Marco ‘tio exrav ptt, os homens da politica (Sénecaeclcer ‘coda adminisvacio (Lucio). Desde aGrécia com Zenon, recomend amodensio. ‘Os estas so conhecides como os adeptos de Zenon de cco, aque fundou a escola em Atenas, no ano 300 ae encontrow on- tinudades em Ceanto de Assos € Crsipo,inluenciou Roma no século sepunte com Panéio ePosidéno (considerados ainda Sob fone nspiragio de Pato eAnistétels) 0 inicio da eracristicom Stneea (aistocata romano), Putaco, Cicero, Epiteto e Auréio.© ‘ome estokismo vem de stoa, pértico, lugar onde se reunlam 05 depts para ouvirem o seus conselhetos; em especial Coluna'® Pintada (oie Sioa), conhecida por Colunata de Fesianax." Also de Zeon, segundo Flmon,nacomédia O50 "éde fato original: ele ensina a ter fome e consegue discipulos. APE ‘asum pio, um figoe como sobremesa, gua para beber”(DGBENES ‘akc, 1987: 187, Tatas de uma flsofia da excelénciaesoment® Setcelentes sh cidadios, amigos e parents livres. "Pergunta7a ‘neo qu €um amigo, Um out eu, disse Zeno (em: 188)" ascal vio estoictsmo como o principio da sober dabélee Netel oconcsbeu como.a transformacio moral da escavidio € ietzscheo define como uma reconcliagio, no pensamento, et rstitos or ‘saree de bem pensar é arte de bem viver.Arealidadeestd na sa, na apresentagio, livre das proposigbes aistotlicas € fas senses sublinhadas pelos epicuritas. Trata-s de uma moral iui simples com base na virtude (bem), no viclo (mal) e na ind- ferenga*0 "conhecimento do bem edo mal €um atributonecesirio ao govermante, «nen homem mat possul essacléncia” (Diogenes 1aéel, 19875209). amor por si mesmo deve ser ampliado para a fafa e amigos, a ptria ea humanidade, desvalorizando a iquera mated em nome de uma riquezaespctual, apesar de elaborar uma flosofa materialist. ‘Seusfil6sofos nem sempre séo pobres, como Séneca, grande roprietriode errasesenador ou Aurélo que veio a ser imperador 10 ano 161 A fraternade ente todos o$ seresracionas, bem co- ‘mum de toda a sociedad, deve subordina os inteesses individuals sosda sciedade: € pelo amora si préprio que ciamos uma sciedade ue nos despa das mesquinharasindviduas.Proclamam a p- ‘hele, a atarax, como conduta, cumprindo-se as obrigacSes sem ‘mvolvimentas emocionais ou apaixonantes. € uma flosofia que, também, funciona como terapéutica. “0 conhecimento propriamente Ait defnido eles est6icos como uma percepcfo segura, ou uma faculdade de receer a apresentacéo, que ndo pode ser abalada pela ‘arfo. omente como estudo da dalticao sib poder raciocinat fem cairno eno (.) Sema daltica no 6 possivel perguntar eres ‘onder metodicamente”(Diggenes Laércio, 1987: 192). Alica essa uma gia dialéica que dseute propostas ‘esponde perguntas,Aapresentacio (phantasy dfere da imagina- So arbitra (gonho), eo ritério de verdade das colsas vai send " Ido pelos préprios méxitos,e que é um bem ter muitos amige® ‘No pode subsisticaamizade entre pessoas més, enenhium homee! ‘au temiumamigo sequer Todos os estultos so loucs: com ef ‘sdostoprdenes. gino en todas as cscunsthncas com boone ‘que € equivalent da estulice” (dem: 209). ‘amor depende da amizade. £ provocado peta belera extonee € flo da excelénciae pleno entre os que escolheram © MONS ida racional em dewimento do contemplativoe do prstce POS natureza cou o homem adaptado tanto & contemplagso #7 aco, Enz os sbi, racionais ¢ amigos, sua comunidace de ma- Theres deve sec de ive eco de parecos a fim de que se ame as riangas com igual amor patel ee evto cme procedente ‘do adultério, o que pode ser visto como procedéncia que inspirard madernamente os liberties de urn modo ger. Do pono de vista politico, 05 esos propunham uma consiucto poltica mista, ‘resultante da combinagao entre monarquia, aristocracia e democra- cia como exlcitaré melhor o romano cicero. © importante € respi 20 equlibio do cosmos: primeirohs Deus, ois "no principio, Deus estava 38 em se se” (Idem: 212), depois reconhecimento de que em sua indvidualiade o cosmos possul qualidade de substncia universal sistema de desseseho- mens ado por Deus) ¢em terete que ocosms érdenado pela raze provdéncia. Est colocada a mara fundamental que esto cismo dexarénocistanismo." © estocismoinvese na aemacio individual come principio de etacionamento com 0 mundo; po so mesmo enconta na soi datiedade csmica, na aconaidadeoclta do univeso,suaampli- ‘tude concéntrica. A natureza é 0 principio da conservagio, da sociabi- dade ecom ea aprendemas anos relacionarcoms demas dst ‘ulndo-nos dos anima pelo uso da azo. Nao drltos que no «steam assciado adevers, ois a prservaio da natuezaétam- bm a preservago da epécie Os deveres nos lvam das pales edo leral da viidade, atbufam-se os sentdos da temperanga «da coragem como virtue de subordinago da mulher, agora est peraco €ampliaa pela nog de povo dios politicos, dios dos povos ¢ confraternizacao universal. As virtudes da desobediéncia so entendidas come cme quando no epdem anecessiade do seberano centalizador. Assim, que og ao esperado,come osama ustas, ser tid como desvianteo terrorists. A revolta armada ermanece sendo propredade de homens vitwosos, anto quanto 2s mulheres eas ctianas ainda deve ser moldadas paraa suber dinagéo pela pedagogia eteraia. Como afrmou Wiliam Godwin (1945) iso equvalea querer nos fazer rer na virtue de pousose ues demalsnio passam de massa abla ecovarde. Quando os ‘itosos se detsam apanhar pela publiciade de ses vices, apenas ‘efongam a tse de que a degradagio moral petence acs outros gue uni o ato dsejvel para prosprar uma orem. Amorl da pu- ‘nigéo € exercida de maneira descendente ¢ ascendente. ‘No seria apenas aauserdade de uma isa moral aguela que esta as agées de indviduos e grupos adequados ou nio 3s ‘egras e valores propostos pelas diversas instancias) ou dos eSdigos (dos aferentes sistemas de erase valores qu vigoam numa sie dade ou grupos, as suas instancias de coergdo e as formas da sua Digitalizada com CamScanner n fnicas nos aucos muliplcdade divergéncias econtradgbes), conch Foucault, que Seriam verieadas na Grécia, mas também uma *histéra da edca tntendda como a elaboragdo de uma forma de elago.consigo gue ‘permite a individu constituiese como sujito de una conduta mo. tal" dem: 219). Ela nfo se testinge aos prazeres estudados por Foucault mas também se estende& amizade, mesmo como herme: néutca puriieadora do desejo, elaborada para a “menor parte da populagi, consti plas adultos lives do sexo masculino, uma cetéia da exisfnca € a ate refletda de uma liberdade percebida ‘como ogo de poder” (Idem: 220) ‘Prazereamizade, pos dafururacondenagéo do cristianismo, sublinhadosconstantemente por Foucault, imbricam-se a posterior como avessos do amor presciltivo colocado por Séo Francisco de Sales como “modelo d eefante™ que supée sexo apenas para po- criagio,e que Pino ecomendava em ncrodugito vide devota:” razr ¢ amizade sio ples desestabilizadores da moral 0 adult masculin; devem estar situados no ambito doméstico. Mas sendofocos subversves de préticas desi, expressam desejs, subi tivages, que por certosinstantestendem aasfixiar a moral, prov cando ensdes entre os diversos cbdiges nstablizando a segura? € advertindo-ns para o devi a-histéico que comporta 0 acontecl: ‘mento, como afima Giles Deleuze (1996). © presente est atraves sado elas virwalidades que se projetam num continuum, indepe dentemente da indviduacéo que se materializa no presente mim «s72s0, sea ele regular ou irregular. 0 que acontece com a etic a existénca redimensionada pelo helenismo e os pensadores 408 ois pimeiros séculos em Roma, sobre os quais Foucault se debri~ ‘6 ao estudaro culdado de si, no seu derradelro livro d2 oP" inacabada. Foucault informa que a reagio ds diversas formas que assum am condenavelmente, os prazeres no império romano, deve mt? ‘Pouco aos esforgos de moralizgso por parte do poder polis ® ‘ito menos ainda, &s ecomendacbeslegsladoras dos fésolS Estes inctam a mais austeridade aos individuos que queiram eV" ‘uma outa vida que nfo aquela dos ‘mais numerosos™ (Foucault, 1985: 46). As excecBes, como ele mesmo sublinha,diziam respeito ap fato de se levar a virtude a05 mais pobres. ‘Aseveridade dos escritos destes dois primeiros séculs, cha- ‘mados por Foucault como a idade de ouro da cultura de si, influen- ciaré sobremaneira o cristianismo. Mas antes de tudo, esses textos ‘escitos chamam atengio para o respeito consigo pr6prio indepen- ddentemente do scarus que o ndividuo ocupa. Pretende-se a intensi- ‘cago das relagBes consigo, o que acarreta uma relagdo intensa como euro, no sentido do exame constante de seus atos.Desta ma- nora, como veremos adiante, as elacées de amizade se transferem ‘ara um campo da vida imediata que exigirérevisdes da literatura, ats, anotagSes, pequenas intengSes que fortalecem as relagbes entre pares. Sabemos,enfim, que a propagacio deste mundo abriu posst- bildades infindveis para individualisme econseqiientemente maior ‘spago ao mundo privado.* Foucaultensaia afirmar que "nao seriaoreforgo de uma auto- "dade pblica que poderla dar conta do desenvolvimento desta moral tigorosa, mas antes o enfraquecimento do quadzo politico e social ‘no qual sedesenrolava, no passado,a vida dos indviduos” (Wem: 47). ‘Ateflexdoremete de imediato as condi planetéias vvidas pela assagemda cada de6opara.adeso no stole XX. qualomoe Os prazeres asfixiaram neste periodo a morale 0s cédigos de 70a com legitimidade secular, chegando a assumir por diversos ‘momentos oprimeio plan, coisa que no limite tampouco as ditadu- ‘foram capazes de contr. Data dese period anfida assocagso entre prazereamizade no campo dos costumes, propiciando desesta- bilidades & moral, explicitando © que por durante muitos anos era

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