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A Respiração tem por objetivo a captação de oxigênio, necessário para


manutenção da homeostasia, oxidação de substâncias essenciais para o
metabolismo celular e remoção de dióxido de carbono , produto do metabolismo
1
celular.
Didaticamente, pode-se dividir a respiração em 3 eventos:
1.Ventilação Pulmonar
2.Difusão
3.Transporte


        
O estudo mecânico do sistema respiratório implica na análise de suas
propriedades estáticas e dinâmicas, bem como nos movimentos responsáveis
pela ventilação pulmonar. 1
As propriedades estáticas correspondem às características do sistema que
independem da atividade humana, presentes no indivíduo como propriedades
passivas ou elásticas. Já as dinâmicas são uma junção de fatores necessários
para produzir movimento respiratório que depende do indivíduo, estes fatores
são: fluxos aéreos, compressão dinâmica das vias aéreas, complacência, entre
outros.1,2
A essência dos fenômenos que permitem tanto a expansão pulmonar,
quanto retração do mesmo esta nas alterações do equilíbrio das forças que
atuam na parede torácica e nos pulmões, tal qual: 1
ÿ Pressão Atmosférica (PA), que tende a impedir a expansão do tórax;
ÿ Pressão Intra-alveolar (PI), que tende a distender os pulmões;
ÿ Elasticidade do Tórax (ET), tende a expandir o tórax
ÿ Elasticidade Pulmonar (EP), tende a retrair os pulmões
Com as vias aéreas abertas e sem fluxo de ar, estas forças equilibram -se e
anula-se. O equilíbrio só pode ser alteraçã o em decorrência de contração
muscular da parede torácica que provoca aumento de seu diâmetro. Rompido o
equilíbrio das forças o pulmão se distende e cria -se um fluxo de ar para dentro
(inspiração). Em resposta a inspiraçãoocorre estiramento de suas fibras
elásticas que vão acumulando energia potencial. Cessadas as contrações a

c
energia potencial acumulada nas fibras elásticas rompe o sistema de forças a
favor da retração pulmonar e um fluxo de ar para fora é criado (expiração). 1,3



   
1.A.a. Inspiratórios
O mais importante neste grupo é o diafragma (responsável por cerca de
70% do trabalho, único funcionante durante o repouso absoluto, sono não
REM), formando uma cúpula (abóbada) que separa o tórax do conteúdo
abdominal. À sua contração o conteúdo abdominal é forçado para baixo e para
fora, aumentando a dimensão do tórax. Ao passo que os arcos costais são
elevados aumentando por conseguinte o diâmetro transversal do tórax. 4
Osintercostais externos conectam costelas adjacentes e se inclinam
para baixo e para frente, tracionando as costelas para cima e para frente,
4
também aumentam ambos diâmetros do tórax.
Os acessórios da respiração incluem: Escalenos (elevando as 2
4
primeiras costelas) e esternocleidomatoídeos (elevando o esterno).

1.A.b. Expiratórios
O movimento de retração torácica e pulmonar é passivo no indivíduo em
repouso, portanto não existe ação muscular mensurável. O trabalho muscular é
acionado apenas durante esfor ço respiratório, como no exercício físico, por
exemplo. Estes músculos incluem: abdômen (reto, oblíquos e transverso e tem
por objetivo diminuir intensamente o diâmetro da caixa torácica a fim de retrair
os pulmões, à contração dos abdominais segue -se aumento da pressão intra -
abdominal, tracionando os órgãos da cavidade em direção ao diafragma e por
4
conseguinte os pulmões, causando esvaziamento do mesmo.
Para fins de mensuração de fluxo (noções do trabalho muscular e
capacidade pulmonar), tem-se:1,4
ÿ Volume Corrente: 500 ml de gás em fluxo respiratório de repouso
(entrada e saída)
ÿ Volume de Reserva Inspiratória: 3 litros, que podem ser inspirados além
da capacidade de volume corrente para uma inspiração forçada.
ÿ Volume de Reserva Expiratória: 1,1 litros que pode ser exalado ao final
da expiração além do volume corrente, para uma expiração forçada.
¦
ÿ Volume residual: 1,2 litros, que fica retesado dentro dos pulmões mesmo
após a expiração mais vigorosa. Necessário para evitar o colabamento
das áreas pulmonares e manutenção da pressão alveolar, girando em
torno de 2 atm.



     
1.B.a. Complacência
Caracterizada pela mudança de volume por unidade de alteração de
pressão. Na pressão de expansão de -5 a -10 cm de água (faixa normal), o
pulmão é muito complacente. Entretanto sob altas pressões o pulmão se torna
rígido (menos elástico) e portanto, sua compla cência fica menor. 4
*Esta condição fica muito clara em pacientes com doença pulmonar obstrutiva,
tendo-se por um bom exemplo pacientes com Enfisema Pulmonar.

1.B.b. Tensão Superficial


Fator importante no comportamento pressão -volume do pulmão.
Causada pela força de atração entre as moléculas adjacentes do líquido que
reveste os alvéolos, o surfactante. O surfactante é secreta do pelas células
4
pulmonares do tipo II e reduz essa tensão superficial.
As vantagens fisiológicas do surfactante são:
ÿ Aumento da complacência pulmonar
ÿ Estabilidade dos alvéolos (evitando colapso e colabamento)
ÿ Manutenção anti-humidade dos alvéolos, para mantê-los pérveos.

1.B.c.Auto-PEEP
Tem a função de evitar o colapso alveolar e a diminuição do volume
pulmonar.



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Para conseguir uma ventilação normal, o trabalho deve vencer as forças
de fricção (resistência viscosa de via aérea e tecido) e elástica dos pulmões e
parede torácica. É definido pelo produto de pressão transpulmonar e o volume
corrente. Se houver um aumento na resistência das vias aéreas ou diminuição
J
da complacência pulmonar, há necessidade de uma pressão transpulmonar
maior para atingir determinado volume corrente, resultando em um maior
3
trabalho respiratório.
O custo metabólico do trabalho respiratório em repouso constitui -se de 1
a 3% do total consumo de oxigênio em um indivíduo saudável. EM p acientes
com pneumopatias esse custo pode ser elevado a 50%. 3

1.C.a. Propriedades Elásticas da Parede Torácica


A caixa torácica, assim como o pulmão também é elástica. A pressão
intrapleural normal é subatmosférica (-5 cm de água). U seja, em com dições
de equilíbrio a parede torácica exerce força para dentro enquanto o pulmão é
tracionado para fora, ambos trabalhando um na ³contra -mão´ do outro, com
4
forças equilibradas.

1.C.b. Resistência das vias aéreas


Resulta do atrito de partes em movimento. É determinada pela
velocidade de fluxo (lâminar ou turbulento), comprimento de vias aéreas e do
tubo, propriedades físicas do gás inalado (densidade e viscosidade) e diâmetro
interno de vias aéreas e de tubos. 3
Quanto maior a capacidade funcional, maior o calibre das vias aéreas e
4
portanto menos a resistência.
*Adultos gastam menos energia respirando em comparação à recém -nascidos.

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Os Gases podem mover-se de um ponto a outro por meio do processo de
difusão e a causa desse movimento é sempre uma diferença de pressões entre
os dois pontos. Assim, o oxigênio difunde -se dos alvéolos para o sangue
existente nos capilares pulmonares porque a pressão de oxigênio nos alvéolos
é maior do que a pressão de oxigênio no sangu e capilar pulmonar.
Similarmente, nos tecidos, a pressão de oxigênio mais alta no sangue capilar
faz com que o oxigênio se difunda para as células. 1
Inversamente, quando o oxigênio é metabolizado nas células e dá origem
ao dióxido de carbono, a pressão do dióxido de carbono alcança um valor

ü
elevado, o que faz com que o CO 2 se difunda para os capilares dos tecidos. Da
mesma forma o CO 2 difunde-se do sangue para os alvéolos porque a PCO 2 do
1
sangue capilar pulmonar é superior à dos alvéolos.
Basicamente o transporte de O2 e CO2 pelo sangue depende da difusão
gasosa e da circulação sanguínea.

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A pressão parcial de O 2 no ar alveolar (PaO 2) é em média de 104mmHg,
ao passo que a pressão parcial de O 2 no sangue venoso misto (PvO2) que
chega aos capilares pulmonares é, em média, de apenas 40 mmHg, pois uma
grande parte de O 2 é removida do sangue à medida que e le passa pelos
tecidos periféricos. Assim sendo, a diferença das pressões que inicialmente é
responsável pela difusão do O 2 para dentro dos capilares pulmonares é de 104
± 40 = 64 mmHg. O Oxigênio difunde do ar alveolar para o sangue porque o
sangue venoso que flui pelos pulmões tem uma PO 2 inferior à do ar alveolar e
essa difusão do oxigênio para o sangue venoso converte -o em sangue arterial.
A PO2 se torna praticamente idêntica à do ar alveolar no momento em que o
1
sangue acaba de percorrer a primeira terç a parte do comprimento capilar.

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*+
Assim, em cada ponto da cadeia de transporte de gases, o CO 2 difunde-
se em sentido exatamente oposto ao O 2 Contudo, existe uma importante
diferença entre a difusão de CO 2 e a difusão de O 2: A velocidade 20 vezes
maior da difusão de CO 2. Assim uma pequena diferença de apenas 5 mmHg é
responsável por toda a difusão de CO 2.1

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Cerca de 97% do O 2 transportado dos pulmões para os tecidos são
carreados em combinação química com a Hemoglobina existente nas
hemácias. Os 3% restantes são carreados sob a forma de oxigênio dissolvido


na água do plasma e das células. Assim, em condições normais, o O 2 é levado
1
aos tecidos quase inteiramente pela hemoglobina.
A quantidade de oxigênio que o sangue é capaz de transportar depende
da:
ÿ Quantidade de hemoglobina nos eritrócitos
ÿ Número de eritrócitos
ÿ Quantidade de dióxido de c arbono transportada pelo sangue
Hemoglobinas permitem o transporte de 30 a 100 vezes mais oxigênio do
4
que seria transportado apenas sob a forma de oxigênio dissolvido no plasma.

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A molécula de oxigênio combina-se de modo frouxo e reversível com a
porção heme da hemoglobina, para formar oxiemoglobina: O 2 + Hb % HbO2.
Sabe-se que 0,003ml de O 2 será dissolvido em cada 100 ml de sangue/ mmHg
PO. A quantidade máxima de O 2 que pode ser combinada com Hb é chamada
capacidade de O 2. Um grama de Hb pura é capaz de combinar -se com 1,39 ml
e O2, e como o sangue normal possui cerca de 15g de Hb/100ml a capacidade
4
de O2 é de cerca de 20,8 ml de O 2/100ml de sangue.
A saturação de O2 do sangue arterial com PO 2 de 100 mmHg é cerca de
97,5%, enquanto a do sangue venoso misturado com uma PO 2 de 40mmHg é
de cerca de 75%. 1
ÿ A afinidade da Hb por O 2 esta diminuída em algumas condições:
ÿ Aumento da concentração de H + (acidez)
ÿ Aumento da PCO 2
ÿ Aumento da temperatura
Alterações opostas contribuem para a maior afinidade de Hb com um O 2.
Um modo simples de lembrar esses desvios na afinidade é que um musculo
exercitando-se é ácido, hipercárbico e quente e ele de beneficia com o
4
descarregamento de oxigênio em seus capilares.
O equilíbrio ácido-base é um dos fatores fundamentais para que o processo
de transporte do oxigênio seja efetuado de maneira satisfatória .4
O monóxido de carbono interfere com a função de transporte de O 2 pro
sangue, combinando-se com a Hb para formar a carboxiemoglobina (COHb). O

U
CO possui cerca de 250 vezes mais afinidade pela Hb do que o O 2. Por resta
razão pequenas quantidades de CO podem capturar uma grande proporção de
Hb no sangue, assim tornando -a indisponível para transp ortar oxigênio. A
presença de COHb interfere com o descarregamento de O 2, reduzindo-o, e
4
essa é uma característica adicional da toxicidade do monóxido de carbono.
Pelo fato da PO2 dos tecidos ser inferior à do sangue arterial, o oxigênio
difunde-se do sangue para os tecidos. A saída de O 2 e entrada de CO 2
transforma o sangue arterial em venoso.

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O transporte de dióxido de carbono no s angue é mais simples do que o
transporte de oxigênio, pois mesmo nas condições mais anômalas, o sangue
consegue transportar quantidades de CO2 muito superiores às de O 2.1O dióxido
de carbono, como o oxigênio também se combina com substâncias químicas
no sangue, o que aumenta seu transporte em 15 a 20 vezes. 1
Pode ser transportado pelo sangue sob 3 formas diferentes:
ÿ Sob a forma de gás dissolvido (7% do total)
ÿ Sob a forma de íons bicarbonato (correspondendo a 70% do total)
ÿ Ligado a Hb (correspondendo a 23% do total)


 

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