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AUTISMO E35 e ASPERGER Sintomas, comportamentos e diagnéstico: um guia completo sobre os TERAPIAS que garantem o bem-estar em transtornos cada fase do desenvolvimento Entenda as INCLUSAO principais , EVIDA caracteristicas da SINDROME DE oe ASPERGER estimular a autonomia do autista i = —— SERAYQUE'E—} —AUTISM0?— O quadro pode se manifestar na forma classica ou num grau mais leve. Identificar cada caso é essencial paraacrianga ‘@ Ltr Conhesiment- Ane 20° 42010 : ar ps Fares ene ty ages A importancia de compreender Por mais que seja considerado pela comunidade médica e cientifica um termo, atualmente, em desuso, Asperger continua sendo uma nomenclatura popular, alvo de diversas discussbes. Uma delas foi iniciada a partir da publicagio da quinta versio do Manual Diagnéstico e Extatstco de Transtornos Mentais (DSM-S, na sigla em inglés), elaborado pela Associacio Americana de Psiquiatria em 2013. Nesse material, a sin- drome de Asperger passou a ser incluida no Transtorno do Espectro Autista (TEA) e deixou de receber ‘um diagn6stico independente. ‘A tendéncia foi seguida pela Clasifcagdo Estatstica Internacional de Doencas ¢ Problemas Relacionados com ‘Satide (CID-10), publicada pela Organizacio Mundial da Saiide (OMS) em 2018, que também alterou a defi- nigio do transtomo. Entretanto, € necessério compreender que o quadro € mais complexo do que aparenta, afinal, ainda exiseem individuos que se identificam com a denominacio e que acreditam que a mudanga pode cdesconsiderar caracteristicas que as diferenciam como sujeitos aspies forma como sto chamados). Com o propésito de levantar discussbes valiosas, esta edicio de LETTURA & CONHECIMENTO trouxe o tema AUTISMO E ASPERGER. Nas proximas péginas, vocé ficari por dentro das definigdes ddos dois transtornos e poder‘ entender suas diferengas e semelhangas. Além disso, desenvolvemos um guia completo com as principais dividas do universo TEA: quais os sinais iniciais, como € 0 processo diagndstico, a importincia da familia e da inclusio e os tratamentos mais consolidados para autistas. Aproveite para saber ‘ais sobre o assunto e combater estereStipos espalhados pela sociedade. Esperamos que gostem. Boa leitura! A redacio AUTISMO E ASPERGER > Um espectro de singularidades O autismo e a sindrome de Asperger sao quadros semethantes, mas identificar as diferencas é essencial para a compreensdo e o tratamento mais adequado ‘TEXTOE ENTREVISTAS ERKA ALFARO DESIGN DOUGLAS NORONHA/COLABORADOR ‘om a grande quantidade de informacoes dis- ponivefs atualmente, o termo autismo passou a ser bastante conhecido. No entanto, ainda €usado, na maioria das vezes, de forma equi- vocada € até pejorativa pelo grande pablico. A palavra autista nlo é um adjetivo, nfo deve ser usada para fender, enem empregada como sindnimo de retardo mental ou para se referir a uma pessoa antissocial, alienada e quieta. Naverdade, o diagndstico atualizado descreve 1 classificagio do espectro antista, tratando-o como um transtorno de neurodesenvolvimento. Assim, o quadro vai muito além da imagem estereotipada que as pessoas possuem de uma crianga gritando ou se balancando com as mios tapando os ouvidos. Os sinais comuns incluem estabelecimento de rituais (comporeamentos repe- tixivos, interesses limitados, falta de coordenacio motora e comunicagio comprometida. Assim, cada individuo possui, em maior ou menor gra, suas manifestagoes. E é justamente nesse ponto que diferenciamos o autismo da sindrome de Asperger: por meio da intensidade dos sintomas. Similares, mas diferentes “Todo Asperger € antista, mas nem todo autista € Asperger. Isso porque este tiltimo é um tipo leve de autismo, com relativa preservagio da lingua- gem edo nivel intelectual, além de caracteristicas muito proprias’, afirma o pediatra e neurologista infaneil Clay Brites. Ou sea, a sindrome nomeada em homenagem a Hans Asperger est inclufda no espectro autista. Jé o autista, por possuir outras caracterfsticas, nfo se encaixa nas peculiaridades do Asperger. Fernanda Rocha, psicdloga especialista em psicopedagogia e educacio especial, explica que os sintomas slo encontrados de forma mais severa no autismo, o que traz um. comprometimento maior. “No Asperger, quando apresentados tais sinais, sto identificados de forma mais branda, A. interagto social, desde que estimulada, no é um problema. A comunicagio é pouco prejudicada, em alguns casos, tais criangas conversam bem e utilizam, por ‘vezes, uma linguagem rebuscada. E comum também que esco- Jham um tema de interesse, pesquise excessivamente a respeito e falem repetidamente sobre tal assunto”, detalha a profissional. Embora existam divergéncias entre os graus, de acordo com a psicéloga Natilia Rubim, a sindrome de Asperger € mais re~ conhecida pela maioria dos profissionais da satide como crieério diagnéstico. “Esse termo, na verdade, caiu em desuso”, pontua. ‘A juncaio dos diagnésticos no espectro foi explicada pelo Manual Diagnistco e Extatistco de Transtornes Mentais (DSM, na sigh em inglés), publicagao de referéncia para profissionais da érea: os sintomas desses transtornos representam um continuum tinico de prejuzos com intensidades que vio de leve a grave nos dominios de comunicagio social e de comportamentos restritivos e repe- titivos em vez de constituir transtomos distintos. Essa mudanea {oi implementada para melhorara sensibilidade ea especificidade dos crieérios para o diagnéstico de transtorno do espectro au- tisea e para identificar alvos mais focados de tratamento para os prejuizos especificos observados”. Apesar da justificativa, Navélia Rubim afirma que essa mu- ddanga gerou um imenso desconforto em pessoas diagnosticadas com sindrome de Asperger que, desde entio, lutam para serem reconhecidas pelo que so. “Ui dos fatores que pode ter motivado essa mudanga é que, por ser o DSM um manual muito utilizado 1nos Estados Unidos, I, pessoas diagnosticadas nto tinham tantos beneficios e direitos quando comparadas com o autismo. Sendo assim, englobando os dois diagnésticos como espectro, todos teriam acesso a tratamentos adequados e beneficios”, elucida a profissional. Dessa forma, ainda existe uma discussdo sobre como chamar ou classificar esse grupo de manifestagdes. Mas, seja autismo, sutismo leve ou Asperger, o principal, para pais, maes, respon- sveis, pessoas proximas —e até especialistas —é buscar entender as singularidades de cada individuo. Como identificar? Eimportante ressaltar que nenhuma das condigdes podeser curada. Por esse motivo, o diagnéstico precoce € fundamental para compreender os comporramentos ddacrianga eas melhores formas de lidar. Para que isso aconteca, um olhar atento serd capaz de proporcionar tal consciéncia. ‘Quando se fala em autismo, uma das caracteristicas que surge desde cedo, aré em bebés, éa falta de sus- tentagio do olhar. Segundo Femanda, existem alguns sintomas frequentemente encontrados na maioria dos ‘as0s, a faa de contato visual é um dees. “Como em qualquer diagnose, existe uma variagio de pessoa para pessoa, podendo suas caracreristicasserem encontradas ‘em diversos niveis ¢ intensidades, ou até mesmo no semanifestando”, ressalta. Assim, é necessirio prestar atengGo em atitudes de forma geral. A especialista \ b i destaca outros sinais a serem observados no cotidia que auxiliam no diagnéstico precoce: pouca ou ne- nhuma interagfo social, falta de comunicagio verbal (atilizam outras formas para se communicar) e de reacio as brincadeiras ea estimulos externos. __ "Todo diagnéstico deve ser feito com muita cautela, E importante que sejam realizadas diversas avaliagdes para serem mensurados todos os aspectos que podem ser afetados pela sindrome”, explica Fernanda. A espe- cialista em psicopedagogia e educagio especial ainda acrescenta que as ferramentas usadas para identificago do transtorno sto atividades que consideram elemen- +05 comporramentais € testes neuropsicol6gicos cuja anilise € focada nas capacidades de ateneio, meméria esocializagto, além de fatores relacionados a emogdes empatia. ;

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