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AUTISMO E35 e ASPERGER Sintomas, comportamentos e diagnéstico: um guia completo sobre os TERAPIAS que garantem o bem-estar em transtornos cada fase do desenvolvimento Entenda as INCLUSAO principais , EVIDA caracteristicas da SINDROME DE oe ASPERGER estimular a autonomia do autista i = —— SERAYQUE'E—} —AUTISM0?— O quadro pode se manifestar na forma classica ou num grau mais leve. Identificar cada caso é essencial paraacrianga ‘@ Ltr Conhesiment- Ane 20° 42010 : ar ps Fares ene ty ages A importancia de compreender Por mais que seja considerado pela comunidade médica e cientifica um termo, atualmente, em desuso, Asperger continua sendo uma nomenclatura popular, alvo de diversas discussbes. Uma delas foi iniciada a partir da publicagio da quinta versio do Manual Diagnéstico e Extatstco de Transtornos Mentais (DSM-S, na sigla em inglés), elaborado pela Associacio Americana de Psiquiatria em 2013. Nesse material, a sin- drome de Asperger passou a ser incluida no Transtorno do Espectro Autista (TEA) e deixou de receber ‘um diagn6stico independente. ‘A tendéncia foi seguida pela Clasifcagdo Estatstica Internacional de Doencas ¢ Problemas Relacionados com ‘Satide (CID-10), publicada pela Organizacio Mundial da Saiide (OMS) em 2018, que também alterou a defi- nigio do transtomo. Entretanto, € necessério compreender que o quadro € mais complexo do que aparenta, afinal, ainda exiseem individuos que se identificam com a denominacio e que acreditam que a mudanga pode cdesconsiderar caracteristicas que as diferenciam como sujeitos aspies forma como sto chamados). Com o propésito de levantar discussbes valiosas, esta edicio de LETTURA & CONHECIMENTO trouxe o tema AUTISMO E ASPERGER. Nas proximas péginas, vocé ficari por dentro das definigdes ddos dois transtornos e poder‘ entender suas diferengas e semelhangas. Além disso, desenvolvemos um guia completo com as principais dividas do universo TEA: quais os sinais iniciais, como € 0 processo diagndstico, a importincia da familia e da inclusio e os tratamentos mais consolidados para autistas. Aproveite para saber ‘ais sobre o assunto e combater estereStipos espalhados pela sociedade. Esperamos que gostem. Boa leitura! A redacio AUTISMO E ASPERGER > Um espectro de singularidades O autismo e a sindrome de Asperger sao quadros semethantes, mas identificar as diferencas é essencial para a compreensdo e o tratamento mais adequado ‘TEXTOE ENTREVISTAS ERKA ALFARO DESIGN DOUGLAS NORONHA/COLABORADOR ‘om a grande quantidade de informacoes dis- ponivefs atualmente, o termo autismo passou a ser bastante conhecido. No entanto, ainda €usado, na maioria das vezes, de forma equi- vocada € até pejorativa pelo grande pablico. A palavra autista nlo é um adjetivo, nfo deve ser usada para fender, enem empregada como sindnimo de retardo mental ou para se referir a uma pessoa antissocial, alienada e quieta. Naverdade, o diagndstico atualizado descreve 1 classificagio do espectro antista, tratando-o como um transtorno de neurodesenvolvimento. Assim, o quadro vai muito além da imagem estereotipada que as pessoas possuem de uma crianga gritando ou se balancando com as mios tapando os ouvidos. Os sinais comuns incluem estabelecimento de rituais (comporeamentos repe- tixivos, interesses limitados, falta de coordenacio motora e comunicagio comprometida. Assim, cada individuo possui, em maior ou menor gra, suas manifestagoes. E é justamente nesse ponto que diferenciamos o autismo da sindrome de Asperger: por meio da intensidade dos sintomas. Similares, mas diferentes “Todo Asperger € antista, mas nem todo autista € Asperger. Isso porque este tiltimo é um tipo leve de autismo, com relativa preservagio da lingua- gem edo nivel intelectual, além de caracteristicas muito proprias’, afirma o pediatra e neurologista infaneil Clay Brites. Ou sea, a sindrome nomeada em homenagem a Hans Asperger est inclufda no espectro autista. Jé o autista, por possuir outras caracterfsticas, nfo se encaixa nas peculiaridades do Asperger. Fernanda Rocha, psicdloga especialista em psicopedagogia e educacio especial, explica que os sintomas slo encontrados de forma mais severa no autismo, o que traz um. comprometimento maior. “No Asperger, quando apresentados tais sinais, sto identificados de forma mais branda, A. interagto social, desde que estimulada, no é um problema. A comunicagio é pouco prejudicada, em alguns casos, tais criangas conversam bem e utilizam, por ‘vezes, uma linguagem rebuscada. E comum também que esco- Jham um tema de interesse, pesquise excessivamente a respeito e falem repetidamente sobre tal assunto”, detalha a profissional. Embora existam divergéncias entre os graus, de acordo com a psicéloga Natilia Rubim, a sindrome de Asperger € mais re~ conhecida pela maioria dos profissionais da satide como crieério diagnéstico. “Esse termo, na verdade, caiu em desuso”, pontua. ‘A juncaio dos diagnésticos no espectro foi explicada pelo Manual Diagnistco e Extatistco de Transtornes Mentais (DSM, na sigh em inglés), publicagao de referéncia para profissionais da érea: os sintomas desses transtornos representam um continuum tinico de prejuzos com intensidades que vio de leve a grave nos dominios de comunicagio social e de comportamentos restritivos e repe- titivos em vez de constituir transtomos distintos. Essa mudanea {oi implementada para melhorara sensibilidade ea especificidade dos crieérios para o diagnéstico de transtorno do espectro au- tisea e para identificar alvos mais focados de tratamento para os prejuizos especificos observados”. Apesar da justificativa, Navélia Rubim afirma que essa mu- ddanga gerou um imenso desconforto em pessoas diagnosticadas com sindrome de Asperger que, desde entio, lutam para serem reconhecidas pelo que so. “Ui dos fatores que pode ter motivado essa mudanga é que, por ser o DSM um manual muito utilizado 1nos Estados Unidos, I, pessoas diagnosticadas nto tinham tantos beneficios e direitos quando comparadas com o autismo. Sendo assim, englobando os dois diagnésticos como espectro, todos teriam acesso a tratamentos adequados e beneficios”, elucida a profissional. Dessa forma, ainda existe uma discussdo sobre como chamar ou classificar esse grupo de manifestagdes. Mas, seja autismo, sutismo leve ou Asperger, o principal, para pais, maes, respon- sveis, pessoas proximas —e até especialistas —é buscar entender as singularidades de cada individuo. Como identificar? Eimportante ressaltar que nenhuma das condigdes podeser curada. Por esse motivo, o diagnéstico precoce € fundamental para compreender os comporramentos ddacrianga eas melhores formas de lidar. Para que isso aconteca, um olhar atento serd capaz de proporcionar tal consciéncia. ‘Quando se fala em autismo, uma das caracteristicas que surge desde cedo, aré em bebés, éa falta de sus- tentagio do olhar. Segundo Femanda, existem alguns sintomas frequentemente encontrados na maioria dos ‘as0s, a faa de contato visual é um dees. “Como em qualquer diagnose, existe uma variagio de pessoa para pessoa, podendo suas caracreristicasserem encontradas ‘em diversos niveis ¢ intensidades, ou até mesmo no semanifestando”, ressalta. Assim, é necessirio prestar atengGo em atitudes de forma geral. A especialista \ b i destaca outros sinais a serem observados no cotidia que auxiliam no diagnéstico precoce: pouca ou ne- nhuma interagfo social, falta de comunicagio verbal (atilizam outras formas para se communicar) e de reacio as brincadeiras ea estimulos externos. __ "Todo diagnéstico deve ser feito com muita cautela, E importante que sejam realizadas diversas avaliagdes para serem mensurados todos os aspectos que podem ser afetados pela sindrome”, explica Fernanda. A espe- cialista em psicopedagogia e educagio especial ainda acrescenta que as ferramentas usadas para identificago do transtorno sto atividades que consideram elemen- +05 comporramentais € testes neuropsicol6gicos cuja anilise € focada nas capacidades de ateneio, meméria esocializagto, além de fatores relacionados a emogdes empatia. ; Assim, em casos nos quais 0 autismo € mais acentuado, os sintomas costumam aparecer mais cedo e de forma mais clara. E a primeira atitude a ser tomada é procurar um profissional, seja um ‘neuropediatra ou psiquiatra infantil. “E importante ontuar que a avaliagio de um geneticista também | descarta a existéncia de uma sindrome genética”, » _acrescenta Natélia Rubim. Os mesmos especia- 4 listas devem ser consultados se a desconfianga for ® 0 Asperger, mas a grande questo é que, muitas : ‘vezes, a8 suspeitas surgem mais tarde por conta dos indicativos serem sutis. “Todo Asperger é autista, mas nem todo autista é Asperger. Isso porque este Ultimo é um tipo Leve de autismo, com relativa preservacao da linguagem e do nivel intelectual, além de caracteristicas muito proprias” Clay Brites, pediatra e neurologista infantit C] Ss a ‘CONSULTORIAS Clay Bites, pdiorae neurologist infantil Fernanda Rocha, picSloga ‘specialist em picoped gia eeducog espacial; Notila Rubin psiéloga. Graus de manifestacao Os Transtornos do Espectro Autista (TEA) geram diversos tipos de efeitos nos individuos. Entendé-los é essencial para o tratamento personaligado ‘TEXTO EENTREVISTAERIKA ALFARO DDESIGNLAURA ALCARA/COLABORADORA ‘ma das premissas envolvendo 0 ‘TEA, sempre reforcada pelos profissionais que acompanham pacientes, é: nenhum aurisea € igual ao outro. Isso acontece porque existem diversos fatores que cercam © quadro, dificuldades que se manifestam de diferentes formas e medidas, além de compro- ‘metimentos em niveis distintos. Essas caracteristicas, somadas 3 hist6ria pes- soal, momento do diagnéstico e aos cuidados oferecidos a cada um, geram graus variados do ‘transtorno ~mesmo que todos sejam chamados cde autismo. “A variedade de apresentagio clinica uma marca da condicio. Apesar de terem em ‘comum as caracteristicas basicas, os prejuizos cognitivos, comportamentais, sensoriais, de linguagem e intelectual variam amplamente de crianga para crianca”, ressalta o pediatra e neuropediatra Clay Brites. Assim, esse conhecimento se faz necesséio para ‘que as terapias eos tratamentos sejam espectticos ¢ englobem o apoio para a pessoa com TEA, respeitando cada fase do seu desenvolvimento. No entanto, vale ressaltar que, apesar de existi- rem classficagdes para estabelecerem critrios ‘que servem como referéncia aos especialistas, 0 plano de intervengbes deve ser personalizado. ei) Evolucao As manifestagdes do transtorno podem gerar os quadros chamados de baixo ou ako funcionamento (endo o segundo particular da sindrome de Asperger), estigios que so estabelecidos dentro do espectro. ‘Acvolucio do autista — assim como os cuidados requeridos ~ dependeré desse grau. Por isso, é importante salientar que nao deve existir comparago com outras pessoas que também receberam 0 diagndstico do TEA. Nos dias de existe uma grande quantidade de ferramentas e técnicas disponiveis. Mas o que é benéfico para um, pode ser prejudicial para outro. ‘Sem contar que as conquistas ¢ os progressos de um autista, além do tempo em que os mesmos ocorrem, nfo devem. ser base para outros — cada um possui suas especificidades e dificuldades. “Embora algumas pessoas com ‘Transtorno do Espectro Autista possam viver de forma independente, outras tém graves incapacidades e necessitam de cuidados apoio ao longo da vida”, descreve o Manual Diagnéstico e Estatistico de Transtornos Mentais (DSM-5). ‘O material citado, elaborado pela Associagtio Americana de Psiquiatria, possui um contetido de referéncia para pro- fissionais da drea, Assim, nessa publicagio, so estabelecidos niveis do TEA de acordo com seus sinromas e necessidades. Nivel 1-EXIGINDO APOIO COMUNICACAO_ * Quando nto tem apoio, a pessoa apresenta dificuldade na comunicagio social, com danos perceptiveis, * Complicagdes para iniciar interapbes sociais, além de respostas incomuns ou inexistentes is aberturas das pessoas; * Pouco interesse por interagdes soci * Inflexibilidade de comportamento, interferindo no funcionamento de um ‘ou mais contextos; * Dificuldade em trocar de atividade; * Problemas de organizacio ¢ planejamento, que interferem na conquista da independencia. Nivel 2 - EXIGINDO APOIO SUBSTANCIAL ‘COMUNICACAO « Sérins dificuldades nas habilidades de comunicacio social verbal e nao verbal; * Prejuzos sociais notiveis mesmo com auxilio; * Limitacto ao iniciar interagdes sociais, * Resposta anormal a aberturas sociais de outras pessoas. COMPORTAMENTO ‘ Inflexibilidade de comportamento; + Relutdncia em lidar com mudancas € agbes restritase repetitivas frequents, sendo notadas por observadores ¢ interferindo em outros contextos; * Sofrimento para mudar 0 foco ou agoes. ‘CONSULTORIA Cloybrtes, pediotro eneuropediata do tuto ‘NeuroSaber em Londrina (PR. FONTE Manual Diognsticoe statticode Transtomos Metais (0565), Associ Americana de siquatria (American Psychiatrie Associaton; eftora Artmed, 2013. Conuivendo com o autismo A compreensdo e o apoio familiar tém grande importéncia na vida dos pacientes diagnosticados com o transtorno ‘TEXTOE ENTREVISTAS JESSICA PRAZZA/COLABORADORA ‘DESIGN VANESSA SUEISH! chegada deuma crianga em um lar € capaz de transformar o espaco: desde a idealizagio de um quarti- ho e um cantinho para brincar nna sala até a instalagio de travas para armérios, grades nas janelas ¢ protetores de tomada, Se o lugar € alrerado, a vida de pais ¢ responsiveis, suas prioridades e preocupacoes sofrem modificagdes significativas, Assim, se todas as familias precisam se adaptar a nova realidade causada pela chegada de um novo indivi- duo, coma dos autistas,a descoberta do Yay eastomo pode impactar a dindmica Pix. idealizada desde a gestacao. No comego, até mesmo pela falta de in- formagio, pode ser um choque. Mas o ideal € que as primeiras atitudes de intervencao comecem de imediato. “Embora seja um ‘momento dificil, com 0 tempo ¢ a devida orientaco, os pais entendem que a familia ‘em um papel relevante na insercio da crianga ‘no contexto social, uma vez que a interagio é ‘uma rea a ser trabalhada?, aponta a psicdloga Hilma Ribeiro. Impactos emocionais Quando um filho é concebido, € comum que a familia passe a fazer planos acerca da vida que esti por vir. No caso do TEA, ao longo do de- senvolvimento do bebé, os pais podem comecar aperceber que crianca, apesar de ter um cresci~ ‘mento inicial dentro dos padres eno apresentar aerasona fala, apresenta difculdades em ineragir com os colegas €inflexivela mudangas ou outros aspectos que possam sinalizar alguma aleracio em sua evolucio, “Ao buscar diagnéstico e ser informado que acrianca possui o distirbio, uma variedade de sentimentos podem ser gerados, zis como frustragio, culpa ¢ raiva por nt saberem. lidar como que foi detecado” destaca Hilma. O ‘medo,juneamente coma sensaGio de incapacidade a preocupaglo com as perspectivas do faruro, também sfo comuns. Poetry “Cada caso de inclusdo tem suas particularidades e é preciso entender 0 perfil da pessoa ou crianca. O essencial para ajudar é estar disposto. Acother com afeto abre portas para qualquer dificuldade de interagao nas relacdes” Danielle Damasceno, fonoaudidloga Em casa A familia é considerada a primeira relagio social, uma vez que é ela quem apresenta o mundo a crianca. Por isso, trata-se de um espago de socializagio que influencia todo o seu desenvolvimento. Segundo a fonoaudi6loga Danielle Damasceno, "a familia éregente da orquestra. ‘Aléim da responsabilidade de escolher os profissionais que mais se ade- ‘quam ao perfil do paciente com TEA, quando existe participacao ativa ‘No proceso, seja na terapia, na escola, na pracinha ou no parquinho do prédio, o resultado com certeza ser melhor”. E importante que os adultos saibam mediar as situagdes ¢ compre- cendam as particularidades de cada caso. “A pessoa que possui autismo tem muita dficuldade em estar inserida em um contexto social ¢ isto torna dificil as relagbes interpessoais. A incluso faz parte de um pro- ‘cesso terapéutico, entio, quanto mais incluida ela estiver, maior chance cla teré de interagir com as pessoas ¢ de aperfeicoar suas habilidades comunicativas. Acolher com afeto abre poreas para qualquer dificuldade de inrerago nas relagoes”, explica Danielle. Deacordo coma psicéloga Hilma Ribeiro, algumas atividades podem (e devern) serinseridas no catidiano de cciangas com o transtorno. “£importante manter uma rotina didria eajudé-Las a reconhecer sentimentos (medo, raiva e alegria, por exemplo). Fomecer um ambiente seguro, evitar mudancas bruscas, inserir brincadeirasem grupo ‘com as familiares e desenvotver atividades com temas que.acrianca se interessa (como carros, figuras, brinquedos, histérias) geram importantes estimulos”, aponta a profissional. Além disso, criarsituacdes que estimulem sua See te et ee eu ee ee ced pees ‘Tomar cuidado para ndo permitir que o tempo de aciosidade seja grande também éimportante, pois quandoa Cee ee cue carne Che Coe eg ee coe ‘em jogas eletrénicos, por exemplo, do atividades solitérias que devem ser evitadas", completa a fonoaudiéloga Petes Ara Profissional ee ° oe especialiseas para orfenrar os pais ¢ toda a familia. “Para isso, € co- ‘mum contar com profissionais como neuropediatras, psicélogos e pedagogos para ajudé-los lidar com essa nova ealidade” detalha Hilma Ribeiro, Osprofissionais ansiliam os pais a aprender as melhores formas de ma- nejaras condura, de forma que se observe einoentive os [pontos fortes da crianea para que suas habilidadessejam, ‘esrimuladas ¢, com isso, posam ajudé-la a desenvolver « interagir melhor com o mundo. Cada pessoa diagnosticada com TEA temum perfil esc ia ale ereasernetes ja tratar 0s individuos com autismo (confira algumas fae ‘A heterogeneidade apresentar diversas singu- irda e ifseer graus de etimento, demanda que cada sienagio seja avaliada de forma individual. “Criangas com Asperger, por exemplo, io meligentes e, algumas vezes, apresentam ineeligéncia, cima da média, porém nfo sabem como lidar com a socializagao. Portanto, nao hé um déficit cognitivo ¢ sim social”, exemplifica a psicéloga. ‘CONSULTORIAS DonelleDamasceno,fonooudéloge; ima “A familia é a primeira relagdo social, uma vez que é ela quem apresenta o mundo a crianga. Por isso, se trata-se de um espaco de socialigagao que influencia todo o seu desenvolvimento” Hilma Ribeiro, psicbloga tat Cog Cae comandos da professora, Ac eee rua) Ry ener Pa rere res bette) ESPECIAIS Desafio no prato Veja quais sGo as consequéncias do transtorno para alimentagao dos pacientes e as formas de lidar com algumas restrigoes ‘TexTOLEONARDO GUERINO/COLABORADOR [ENTREVISTAS LEONARDO GUERING/COLABORADOR AE TREDACROALTO ASTRAL, DESIGN VANESSASUEISH/COLABORADORA met F ‘ouca gente sabe que o autismo no pprovoca apenas alreragdes comporta- ‘mentais, mastambém transformagoes fisicas que precisam de muita atengio, Eo caso de sua alimentacio. Esses individuos precisam de uma ingesta0 adequada de substincias, condizente com 0 fun- cionamento de sua flora intestinal, que trabalha de ‘uma forma diferente das pessoasneurotipicas Gem © transtomo). Do contririo, diversas consequén- cias negativas podem ocorrer. “Se a crianga nao € diagnosticada 0 quanto antes, o equivoco em sua alimenragio pode gerar uma neurotoxidade cerebral, prejudicando seu desenvolvimento intelectual”, ex- plicaa nricionista Saionara Bennemann, que cita ‘uma das diversas consequéncias que um card inadequado pode trazer. Quando a comida é um problema Acalimentacto pode ser um verdadeiro desafio para osindividuos que possuem os Transtornos do spectro Autista (TEA) e também para os familiares que lidam com essea questo. Iss0 porque aqueles que sio diagnosticados com o quadro apresentam caracteristicas que tornam a hora da refeicio um. momento dificil. Resisténcia a novas experién- cias, fobias, aversOes e preferéncias alimentares; dificuldade de transigio entre texturas, agitagio, choro, agressividade eindiseplina A mesa. Essas 20 algumas eagdes comuns apresentadas por autists. ‘Tais atitudes podem resultar na rejeigao de determinados alimentos. Sendo assim, encon- tram-se, com frequéncia, pessoas do espectro sofrendo de desnutrigao em relacio a determi- nadas substincias. A dindmica intestinal desses individuos de- monstra-se peculiar quanto 3 absor¢o e proces- samento de alguns elementos. “Parece haver uma falha nos processos de metilagao e sulfataco no organismo. E muito comum encontrar deficiéncia de vitamina B12, écido félico ¢ selénio nessas populacdes”, conta Bennemann. “O porqué de les possuirem essa mudanea ainda niio é muito esclarecido, podendo ser desde uma questio. intestinal em relagio 3 formagio de neurotrans- missores, até um problema no préprio processo de destoxificacio”, complementa a especialista. A destoxificacio € qualquer processo realizado no organismo que tenha como objetivo a eli- minagio ou reducdo de substancias quimicas estranhas 20 corpo. TEA versus gliten E comum ouvir que o organismo de quem possui TEA é mais sensivel a substincias especificas, além de grande inimigo de outras. Bom... 850 pode ser verdade! Tendo em vista uma dindmica intestinal diferente das pessoas que ndo possuem ‘oquadro, orienta-se que itens sejam restringidos do cardspio desses individuos. E 0 caso da case- {na (proteina comumente encontrada no leite), do ghiten (mistura de proteinas que se encontra, naturalmente em certos grios)e da soja. ‘Segundo Saionara Bennemann, parece existir ‘uma alha de metabolizacio da proteina da caseina por essesindividuos. Sendo assim, o ghiten ea soja, acabam entrando por tabela na restrgdo por terem ‘uma estrutura parecida com a caseina “Uma vez, ‘que esses alimentos mio sto metabolizados, parece existir um efeito de ‘6pio’ no organismo. A pessoa ‘que o consome, ento, acaba apresentando como se fosse uma neurotoxicidade”, explica a profissional. Cry eae eared dasatide, © problema € que, hoje em dia, muitos imeem ers eeaeneeet bt doqueo recomendado, “Ele dé forma 3s massas, eee eae aes pn ere eee oases tenet Coreen eee saat erence eee mec ad ene ec ete te cae Cy ee eran etary intestinal’, afirma Saionara. A nutricionista conta que para os individuos Porter dt tretheinarte Sate tit eae ‘cause severos danos, mas que houveram melhoras no quadro de criangas que nfo consomem essa Pree Re ec er kate mets ee Cerne er crot iar ee entice Porter err rd Pe ear Mee ei nuttsn Pcie one ret een eee ee ee ere ray Sean ere ce era para a sociedade médica, Portanto, €preciso ter ee eee eee eo aN eeeaacy “Além disso, todos os alimentos Cee ernie ayer peut ae DisM cece tre eet See cag Creare Saber substituir eet ee eae eet ea cd PO cst ie eereer treed et aienira Pee od eee nrc) Peete re teeters Pettey Coen pera ety Brees ena g Steers a cere ee ee een ee eae ects Peery emt ‘tranquilo”, orienta Saionara. BOCA SAUDAVEL ‘Atém de a alimentacdo representar um desafio para ‘osindividuos que possuem o autism, ahigiene bucal também costuma ser Isso porque essa populacdo pode apresentar aversioou hipersensibitidadea determinados procedimentos, das mais simples (como ‘@escovacao) até mais complexos (como aida ao dentista). 0 ortodontista José Brasitesclarece algumas especificidades dos pacientes com 0 TEA. Individuos com autismo geratmente apresentam mais problemas com relagio d saiide bucal? “Sim, geralmente em relagioa higiene bucal, ‘apresentando um alto indice de placa bacteriana ‘devidod dificuldade em realigar a higiene correta, ‘Também costumam apresentarcérie egengivite por utitigarem medicamentos que diminuem ‘asalivacdo como efeito colateral, tendo em vista que a saliva ajuda na Limpega dos dentes e dificulta oprocessocarioso’. ‘Quais cuidados e atencées odentista deve ter com ‘esses individuos a mais do que com um paciente neurotipico? “Cadapaciente deve terograude ‘comprometimento avatiad peto dentista que Entender, respeitar e incluir Indispensdvel em todas as fases da vida da crianca autista, a inclusdo possibilita o desenvolvimento de habilidades e autonomia ‘TEXTOE ENTREVISTAS JESSICA PRAZZAICOLABORADORA ‘DESIGNDOUGLAS NORONHA/COLABORADOR palavra “incluso”, de acordo com o di ‘Michaelis, significa “ato ou efeito de incluir(-se); introdugo de uma coisa em outra, de um individuo em um grupo; insergIo” ‘Fundamental para qualquer pessoa, ainchusto social de eriangas com TEA permite que os individuos facam trocas, criem vinculos, aprendam a conviver com os outros, lidar com regras, criar amizades muitos outros beneficios. “Sao pessoas ‘com stas peculiaridades, desafios esentimentos que merecem ser respeitadas e inseridas na sociedade como todo sujeito”, aponta a psicologa Hilma Ribeiro. Fase escolar ‘No mbito educacional, a seguinte defini- ‘¢lo de incluso é encontrada no diciongrio: “politica educacional que consiste em incluir individuos com necessidades especiais em ‘turmas consideradas regulares, fazendo-os participar de atividades nao s6 educacionais, ‘mas também comunitétias,esportivase sociais” ‘A crianga com autismo pode e deve in- teragir frequentando o ambiente escolar convivendo com outras criancas. A forma ‘como o professor e a escola apresentam uma crianga com o transtorno pode influenciar na maneira como os colegas de sala vio lidar com esse novo amigo. “Por isso, é im- portante trabalhar com a turma a ideia de que todos possuem diferencas, preferéncias que podemos participar e ajudar colegas quando necessério, no permitindo rétulos « estigmas”, explica Hilma, Os educadores ‘Uma escola inclusiva se desenvolve com um trabalho em equipe. E essencial que © professor nfo hesire em buscar ajuda da coordenagio, de pedagogas ¢ orientadoras ‘educacionais caso existam diividas ¢ insegu- tangas relacionadas as melhores formas de desenvolver as capacidades da crianca, “Acrediar nos desafios impostose aumen- taro conhecimento acerca das exigéncias da atualidade na educaglo é fundamental pois, desta forma, 0 educador estar mais preparado para lidar ecriar eseratégias para aruar”, ehicida a psiodloga. Conhecer seu aluno e saber de suas habilidades € 0 que poder esperar e cobrar dele € paree da formacio e trabalho do pro- fissional, que deve saber preparar sua aula levando em conta as diversidades de seus alunos. Direitos regulamentados A fase escolar e profissional sto duas cecapas da vida que mais necessitam de atengio, pois possuem ligacio direta: ao sair do colégio, o individuo se vé em meio a um mercado de trabalho competitivo. ‘A Constituig20 Federal fala sobre inclusto: a Lei de Diretrizes e Bases da Educago Nacional (LDBEN) define e regulariza a educacio brasleira. A Lei Brasileira de Inclusao (LBD), por sua vez, garante direitos as pessoas com deficiéncia, com punicdes para atos discriminatérios. Ela tem uma notéria amplitude social visando garantir 3 pessoa com deficiéncia 0 acesso ® sati- de, educacto, trabalho, cultura, lazer informaczo. ‘CONSULTORIAS Himo ibe, psicloga BIBLIOGRAFIA Dicondrio Michodtisontine (uns. Imichodisuolcom = Lust O que ~o tempo traz? A vida adulta confere responsabilidades ao autista que, Por veges, sdo atribuidas aos seus cuidadores. No entanto, isso pode prejudicar a autonomia do individuo com TEA ‘TEXTO EENTREVISTAS RAFAELDETOLEDO/ COLABORADOR DESIGN VANESSASUESH/COLABORADORA s caracterfsticas mais marcantes em um autista sio percebidas Jogo na infincia, Muitas riangas inserdas no espectro, desde ‘muito cedo, mostram-se rsistentes a afetos prolongados, como abrages. Foi a partir desse detalhe que a professora Ph.D em cincias animais da Universidade Estadual do Colorado, nos Estados Unidos, Temple Grandin, crioua “miquina de abracos”, equipamento sddorado na vacinagio de vacas em fazendas pecuaristas. ‘Temple se bascou em sua experiéncia como antista ¢ nas suas perspectivas dde mundo para desenvolver o instrumento. A cientista norou que o medo era ‘0 sentimento que a aproximava dos animais ¢, por isso, criou uma forma de conforear bezerros durante o momento de aplicaglo de remédios. Por meio desse éxito, Temple adquiriu reconhecimento em seu trabalho, No enranto, para muitos autiseas, esa realidade no se assemelha em nenknm aspecto. (Os ambientes que requistam responsabilidade, como o mercado de trabalho, parecem restritos 3s pessoas que apresentam TEA, produzindo um grande ‘bsciculo& insergio de autistas nos mbitos que formam a vida adula, Independéncia ‘A auonomia de um adulko auista deve er traba- Ihada desde a infincia, com auxilio de profissionais que orientem os responsaveis sobre os diversos aspectos da vida do pequeno. Algumas caracte- risticas, ainda assim, podem sugerir empecilhos 3 szuronomia da pessoa com TEA, comoa dificuldade de se integrarem socialmente e de relacionarem. novas experiéncias, sendo que tais detalhes podem ser trabalhados com a assisténcia de especialistas. ‘Em um artigo publicado no Journal of Autism and Developmental Disorders, a cientista Kara ‘Hume da Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, com outros pesquisadores, definiu que alternativas para a conserucio da in- dependéncia podem ser aplicadas com a reduglo dda atenZo excessiva compartilhada entre pais € profissionais, for que limita a percepcio de si ‘mesmo no desenvolvimento do adulko. Um dos ‘caminhos é oautomonitoramento, no qual a crian- ‘2 analisa seus comportamentos e a decorréncia deles, romando-se, desse modo, agente na gestio de situagdes dirias. Apesar da inclusto de novas técnicas no tra- tamento de pessoas com TEA, que apostam na autopercepgio do individuo, uma equipe multi- disciplinar deve estar 3 disposicio para orientar ‘tanto o paciente quanto os responsiveis. Segundo opsicdlogo Roberto Débs,“o acompanhamen- 10 € importante para abordar estas condigdes e sjudar o paciente na melhoria de seus sintomas e {nteraglo social, mesmo na idade adults”. Mercado de trabatho Com o nascimento de seu filho, inserido no ‘spectro autista, o dinamarqués Thorkil Sonne decidiu compor 80% do quadro de funcionstios de sua empresa de consulkoria em tecnologia da informacio, a Specialisterne, por pessoas ‘com autismo e outros distrbios mentais, como sindrome de Tourette e Transtorno do Déficit de Atencio com Hiperatividade (TDAH). A iniciativa ganhou reconhecimento por foruns de avaliacio empresarial e, hoje em dia, muitos estabelecimentos empregam em sua politica a insergao de pessoas com TEA. No Brasil, existem instituigdes que propdcm ‘cotas para selecio de profisionais classificados no ‘espectroautista. A respeito dessa politica, apsicdloga Aline Abreu e Andrade argumenta que pritica para ‘contratagio de indivduos com necessidadesespecinis extremamente benéfica para a insergio de pessoas ‘com autismono mercado de trabalho. “No entanto, essential que esta aco venha acompanhada de adapeagbes tanto na conducio das selegdes, quanto na forma como é conduzido o treinamento ¢ acom- panhamento desta pessoa na rotina de trabalho”, ‘completa a especialista ‘Uma das empresas que ficaram conhecidas por essa renovagio no quadro de profissionais foia Everis. Arualmente, a companhia conta com ‘um especialista na direa de TI com TEA. Assim como afirma a gerente de recursos humanos Rita de Souza, “o objetivo da nossa iniciativa € gerar uma mudanga de perspectiva sobre o autismo na companhia, promover a questao da diversidade entre osnossos profissionais e mostrar ‘a grande capacidade que as pessoas com TEA xém de executarem um bom trabalho, serem autossuficientes ¢ contribuirem para o sucesso dos projeros dos nossos clientes” ‘Apesar de tais medidas, o que se observa no mercado de trabalho € a subestimagao do inte- lecto de autista. Isso ocorre, por vezes, devido a ‘um pablico mal informado, fator que delimiea o desenvolvimento do profissional. Outro aspecto {que contribui com a formagio de pessoas com autismo, segundo Aline, € influéncia da familia, ‘quetem grande resulado sobre vida do adultoE. interessante destacar que o nivel de expectativa «que os pais tém em relagio 20 desenvolvimento de seu filho afeta o investimento dos familiares «, consequentemente, impacta no resultado de adaptagio funcional alcangado para uma pessoa na vida adulea’, explica a psicéloga. ‘Dus das possibilidades do comportamento do mista no ambiente de trabalho sto o perfeccio- nismo ¢ a rigidez com os quais os profissionais lidam com as atividades disrias. Aline pontua que esses detalhes possuem dois pesos distintos. “Foabirualmente, slo pessoas que nunca faltam ‘ou se atrasam para os compromissos e, quando se propdem a fazer algo, buscam realizar com perfeicao”. No entanto, cla argumenta que a perfeicdo pode limitar o profisional. “Quando se deparam com imprevistos, tém maior chance dese ‘desorganizar’, uma ver que, sendo rigidos, possuem dificuldades para pensar em um ‘plano BY, encerra a especialista, RT nuance Lea Cees er urn ue ed eet rece ns ‘quando se pensa nas distincées entre idades 60 qudocedo aintervencao seiniciou, Adultos que possuem um diagnéstico tardio podem enfrentar Cee eee eer re ‘pelos profissionais que os assistem. O psicétogo Roberto Débski pontua eee oar ea eee See ee een) mais cedo se descobre otranstorno” (Outro fator que implica na diferenca de ratamentos 60 aparecimento de {quadros comretacionados, descobertos apenas como diagnéstico taro. ee et ae tts) Ce ee ee et iene hatte reter te sn thease ee eee et eee eee) ee eT ter ee ee cones ‘CONSULTORIAS Aline Abreu eAndrode,psiclog Rita de Souga gerente ‘erecursoshumanos de Evers Roberto Débski, piélogo emédica. iis (< , Caminhos ‘ parao [| * bem-estar Cada tipo de terapia contribui para o desenvolvimento de uma dificuldade da crianga autista. Conheca os Take Cem eels Ae ne Tels cele oc} ‘TEXTOEENTREVISTAS ERMA ALFARO DESIGN VANESSA SUEISH/COLABORADORA uidar, incentivar, ensinar, apoiar e preparar para o mundo. A partir do nascimento de um bebé, os pais responsiveis que acompanham crescimento do individuo recebem ‘um grande desafio, uma vez.que possuem papéis primordiais em suas erajet6rias. Todas as criancas precisam de atengio e estimulos. Afinal, cada ser humano é diferente do outro e, por isso, as necessidades particulares variam em cada fase, desde a primeira infincia até a vida aduka. ‘No entanto, quando uma familia recebe o diag nstico do Transtorno do Espectro Autista (TEA), ‘odesafio parece aumentar:incerrezas, nsegurancas e afligdes sto alguns dos sentimentos que tomam ‘conta desse periodo. F claro que o momento de processara informacio e desenvolver a acetacdo deve serrespeitado, mas precisamoster em mente que, 0 ‘quanto antes os pais se informarem e procurarem ajuda especializada, melhor ser4 para a crianca. Sendo assim, se cada pessoa possui suas caracte- risticas edificuldades, mio é diferente com aquelas incluidas no espectro autista. “Esse diagnéstico ¢ interessante porque oferece iniimeras possibili- dades: vooé nifo consegue encontrar dois autistas iguais. Eles podem até apresentar caracteristicas, semelhantes, mas nunca serio criangas idénticas”, afirma André Soares Trindade, presidente da As- sociagdo Mundial de Educago Especial (AMEE) — Sede Brasil e especialista em psicomotricidade aquitica e atividade fisica adaptada, Primeiros passos Para que as terapias e os tratamentos tenham inicio, os pais e pessoas responsiveis deve ser incluidos no processo, informados sobre os métodos wrilizados, além de estarem cientes das necessidades, limitacdes e capacidades das criangas — até mesmo a fim de que, em casa, os estimulos continuem. Nessa tarefa, existem profissionais e abordagens que normalmente szuxiliam as intervengdes e podem acompanhar os pequenos durante toda a vida. Segundo Ellen ‘Moraes Senra, psicéloga especialista em terapia cognitivo-comportamental, além das terapias, “outro acompanhamento necessirio é o neurol6- gio ou psiquistrio para a avaliacao da indicagio medicamentosa para cada paciente”. Os pais e pessoas responsdueis devem ser incluidos no processo das terapias, informados sobre os métodos utiligados, além de estarem cientes das necessidades, limitagdes e capacidades das criancas — até mesmo a fim de que, em casa, os estimulos continuem. Dee atl fd Pees AABA (Applied Bebavioral Anais, na sigla ‘em inglés) ou anilise do comportamento licada tem como objetivo a percepelo ea individual para identificar pos ppontos probleméticos. A partir desse reco- eee eee cee centre a aprendizagem, o comportamento ¢ 0 ambiente. Ou seja, detectar as dificuldades, eee oe tag Perec eterae terete ate a ced peony ctr ees erenr Reed erat hay Umadas estratégias mais indicadas para ‘riangas autistas,a ABA apresenta resultados Pe eee eet aed eer ere uk Cee eet teeny Pee Relay Creosote ee eet tks ee dtd ddos planos de saide. Caso existn uma resposta Peer ee ese eed eee eee eed recomendagio profissional para que faritia ee eee teed Ber eee cla Lk) peer ey wae bores Een Rey Roger) nomenclatura com as mudancas do Manual Diagn ce sorte ort etc) ae SS, ti ae Wi PECS (comunicaciio por trocas de figuras) ‘Técnica utilizadana fonoaudiologia, PECS ésigla em inglés para Picture Exchange Conmunica- ton System, on seja, sistema de comunicac2o por troca de figuras. A ideia € bem simples: fichinhas ‘com imagem ¢ palavras sto utilizadas para a comunicacio. Elas podem estar em um caderno, como {mas na geladeira, coladas na parede ou em qualquer outro lugar acessivel 3 crianga. Porexemplo, coloque a imagem de um plo, com a palavra “pao” escrita; a imagem de uma pes- ‘90a comendo, com a palavra “comer” escrita. Quando o pequeno quiser comer pio, ele pegard as ‘duas fichas e entregaré para alguém. Essa ferramenta pode ser til para a realizacio de processos rotineiros, como tomar banho e escovar os dentes. Figuras em sequéncia de cada aco (molhar 0 ccabelo, pegar 0 sabonete; colocar creme dental na escova, enxaguar a boca e etc) ajudam a crianca a visualizar e entender 0 passo a passo. “Em alguns casos mais severos, a linguagem pode estar parcialmente ou totalmente compro- ‘metida, fazendo com que as PECS ausxiliem por meio de suas imagens especificas, possibilitando 20 paciente comunicar suas vontades, necessidades e até mesmo aprender habitos”, explica Ellen ‘Moraes Senta, psicdloga. Fonoaudiotogia “Por conta do atraso ou déficit na fala e na comunicagI0, 0 fonomudidlogo é um profissional muito indicado”, ressalta André. ‘Uma das caraterfsticas que mais se manifesta no espectro autista €a dificuldade com relacio 8 linguagem. O cérebro da crianca formula a mensagem, e 0s aparatos fisicos slo capazes de reproduzi-la, mas a realizagio dessas duas agdes em conjunto é comprometida. ‘A compreensio de ideias abstratas € outro fator: hé uma falha no entendimento da ligacto das palavras com os seus significados e objetos aos quaisse referem, “O autista apresenta como caracteristica principal a dificuldade em fazer o uso funcional da linguagem, o que chamamos de pragmstica. Hi criangas verbais que se comunicam por meio de palavras, mas que, no dia a dia, apresentam dificuldades em entender termos de duplo sentido ou ironia, por exemplo”, explica Cintia Fadini, fonoaudiéloga clinica. De acordo com a especialista as criancas usam muitas repetigbes sem sentido, como frases de comerciais ou trechos de filmes, além da fala telegrsfica, como a de um rob. Existem os individuos autistas que apresentam dificuldades acentuadas em produzir palavras, emi- tindo apenas algumas repeticdes, com pouca intengo comunicativa e restrito contato visual durante a conversa¢o. Por isso, a orientacio de um fonoaudidlogo promove estratégias para que tais barreiras sejam minimizadas e, até mesmo, supera- das. O trabalho do especialista ajudaré a desenvolver a linguagem, organizar a imagem simbélica do mundo, atribuir significados, produzir palavras e interagir no ambiente social. “O profissional iré auxiliar o individuo do espectro autista para que ele possa ser vido, interpretado e, principalmente, respeitado’, pontua Cintia. “Esse diagnéstico é interessante porque oferece inumeras possibilidades: vocé nao consegue encontrar dois autistas iguais. Eles podem até apresentar caracteristicas semelhantes, mas nunca serdo criangas idénticas” André Soares Trindade, educador fisico, professor, presidente da Associago Mundial de Educago Especial (AMEE) ~Sede Brasil, especialista em psicomotricidade aquatica eatividade fisica adaptada Peer] eer nt eee, Por meio de cang6es, 0s sentimentos —fator de grande di- Fentrcieeritn sp nee ere eer cr acer eter facilitada, A insergio de sons por meio da misica também tema capacidade de transformar uma atividade terapeutica Sey ee ere ee ete eet een eed método, deve-se estar sempre atento as necessidades da crianga. Aquelas que possuem hipersensibilidade auditiva, por exemplo, exigem cuidado redobrado. Vale lembrar que se trata de um exercicio que pode, de forma mais simpl feito em casa, onde diferentes tipos de sons podem ser Penne yas 0 fonoaudidlogo ird cuxilicr quate aaa 0 individuo do espectro “A ideia da terapia ocupacional € auxiliar em tod autista para que ele possa [aay aint cr . . fo eR Nate caer tese Wee ett om lente d: ser ouvido, interpretado e, eo ee) principalmente, respeitado” eee peer deel Ses Cintia Fadin,fonoauditoga clinica Atividades artisticas Desenhar, interpretar e pintar so exercicios que promovem efeitos positives ‘na evolugio de qualquer crianea, por isso, para autistas, os beneficios também stio notiveis. Além de estimularem e auxi- liarem fangdes motoras (como segurare irmar um lépis, por exemplo), despertam a criatividade, ajudam a exteriorizar pensamentos e sentimentos. “Com o auxilio da TCC, é possivel ensinar a crianga a desenvolver, gradativamente, habilidades sociais, comportamentais e interpessoais” Ellen Moraes Senra, psicéloga ‘eespecialista em terapia

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