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—> Pe SSIINSTITUTO IPPEO NB VENTURO Instituto Venturo Pos-Graduacao Lato Sensu em Policia Judiciaria Militar GETULIO FELIPE DE SOUZA BARROS AUTILIZAGAO DA INTERCEPTAGAO TELEFONICA E DO AGENTE INFILTRADO PELAS POLICIAS MILITARES COMO MEIO DE PROVA NO INQUERITO POLICIAL MILITAR Rio de Janeiro 2021 AUTILIZAGAO DA INTERCEPTAGAO TELEFONICA E DO AGENTE INFILTRADO PELAS POLICIAS MILITARES COMO MEIO DE PROVA NO INQUERITO POLICIAL MILITAR* THE USE OF TELEPHONE INTERCEPTION AND INFILTRATED AGENT BY MILITARY POLICE AS MEANS OF PROOF IN MILITARY POLICE INQUIRY Getulio Felipe de Souza Barros ? RESUMO presente artigo cientifico visa abordar a utlizagao da interceptagao telefOnica e do agente infitrado como ‘meio de prova no inquérito policial militar, Cabendo a policiajudiciaria militar a competéncia para apuracao dos crimes militares com o designio de oferecer os elementos necessérios & propositura da acgo penal pelo Ministério Piblico castrense e tratando-se de um tema importante para a atividade policialjudicidria militar, torna-se formidével o conhecimento da viabilidade juridica da obtengdo de provas por esses dois, ‘meios, para que com esse arcabougo jutidico os encarregados do IPM substanciem de forma eficiente e cficaz 0 judiciério quando da instauragao da ago penal. Tendo como analise as Policias Mlitares Estaduais, a abordagem para esse trabalho foi qualitativa e os procedimentos utiizados foram a bibliogratia e documental, consistindo na citagao de doutrinas e legislagao patria. Foi conclusivo que ¢ legal a utiizacdo {da interceptacdo telefénica, bem como da inftragao do agente policial militar no transcorrer do IPM, respeitando 0 que é determinado nas Leis n? 9.296/1996 (sobre interceptacao telefonica), n° 11.343/2008 (Lei de Téxicos), n° 12,850/2013 (define organizacdo criminosa e dispde sobre a investigagao criminal, os meios de obtenc&o da prova, infragdes penais correlatas e 0 procedimento criminal), n° 13.441/2017 (da Inftrago de agentes de policia para a investigagao de crimes contra a dignidade sexual de crianca e de adolescente) e n° 13.491/2017 (Altera o Decreto-Lei n® 1.001, de 21 de outubro de 1969) Palavras-chave: Interceptacao Telefénica, Agente Infiltrado, Inquérito Policial Militar. de Conclusio de Curso apresentado como requisito para obtengdo do Diploma de Especialista em Policia ia Militar do Instituto Venturo, ® Especialista em Cigncia Politica pela Universidade Candido Mendes. Espocialista em Cigncias Juridicas pela Universidade Cruzeiro do Sul. Especialista em Inteligéncia Policial pela Faculdade Unyleya, Pés-Graduando em Policia Judicidria Militar pelo Instituto Ventura. Pés-Graduando em Dircito Candnico pelo Instituto de Estudos ‘Superiores do Maranhao, Graduado em Gestio de Seguranga Ptblica ¢ Defesa Social pela Academia de Policia Militar «da Bahia, Graduando em Direito pela Universidade Cruzeiro do Sul, Graduando em Teologia pela Faculdade Catdlica Paulista, 1° Tenente Policial Militar da Policia Militar da Bahia. E-mail: gtulio.barros(@pm.ba.gov br ABSTRACT ‘This scientific article aims to address the use of telephone interception and the infiltrated agent as evidence in the military police investigation. The military judicial poice are responsible for investigating military orimes with the aim of offering the necessary elements for the prosecution ofthe criminal prosecution by the military prosecutors and as this is an important theme for the military judicial police activity, knowledge becomes formidable the legal feasibilty of obtaining evidence by these two means, so that with this legal framework, those in charge of the IPM can efficiently and effectively substantiate the judiciary when criminal ‘proceedings are instituted. Having the State Miltary Police as an analysis, the approach to this work was {qualitative and the procedures used were bibliography and documents, consisting of the citation of doctrines ‘and national legislation. It was conclusive that the use of telephone interception is legal, as well as the infiltration of the military police agent during the course of the IPM, respecting what is determined in Laws No, 9,296 / 1996 (on telephone interception), No. 11,343 / 2006 (Law on Toxic) , n° 12.850 / 2013 (defines ‘criminal organization and provides for criminal investigation, means of obtaining evidence, related criminal offenses and criminal procedure), n° 13.441 / 2017 ({rom the infitration of police officers to the investigation of crimes against sexual dignity of children and adolescents) and No. 13,491 / 2017 (Amends Decree-Law No, 1,001, of October 21, 1969), Key-words: Telephone Interception, Infiltrated Agent. Military Police Inquiry. INTRODUCAO, Este artigo visa analisar a legalidade na utilizagao de interceptagao telefnica e do agente infiltrado pelas Policias Militares como meio de prova no Inquérito Policial Militar (empregaremos a abreviacdo IPM), pois cabendo as Policias Militares Estaduais o controle correcional dos policiais militares e a responsabilidade pelas investigagdes de crimes militares, & de suma importancia 0 saber do tema em destaque, tanto para 0 piblico intra corporis, para o devido conhecimento da aplicabilidade desses meios de provas sobreditos, quanto para o piblico extra corporis, para 0 devido conhecimento que as Policias Militares podem e devem atuar como Policia Judiciaria Militar (empregaremos a abreviagao PJM) conforme a lei, tomando-se de grande importancia para a drea juridica no que tange, principalmente, 0 direito militar, na seara do direito penal militar e processual penal militar. Observa-se que criminosos e agdes criminosas nio sto exctusividade do meio civil, infelizmente, elas afligem ¢ infiltram-se no amago de quem tem o dever de combaté-las diutumamente, as organizacGes policiais militares. Sendo as Policias Militares os bragos fortes dos Estados, cabendo a preservago da ordem publica (BRASIL, 1988), é inadmissivel ter em seus quadros de oficiais e pragas, militares que coadunem ou pratiquem qualquer ato criminoso, entretanto, devido a organizagao criminosa e evolugao criminal, torna-se cada vez mais dificil a descoberta daqueles que se travestem de policiais militares para praticarem crimes, 0 que demanda dos érgios correcionais das forgas piiblicas militares, a utilizagdo de instrumentos distintos para a realizagao da justia na forma da lei. Por impedimento da Carta Magna, a Policia Federal e as Policias Civis no possuem competéncia para a apuragao dos crimes militares, cabendo as Policias Militares a apuragdo desses tipos de crimes cometidos pelos agentes da corporagao, utilizando-se para isso dos poderes de PIM do processo legal em IPM, este sendo instrumento da atividade investigatdria da policia judiciaria militar que possui a finalidade indicar 0 possivel autor. © Codigo de Processo Penal Militar (BRASIL, 1969) é a lei adjetiva que prevé tantos os ritos processuais criminais da legislacdo substantiva castrense, quanto define 0 método investigativo, através do IPM. Tal legislagao também discorreu, no Capitulo Unico, do Titulo II, sobre a PJM, definindo as autoridades que poderiam exercer tal minus e suas atribuigdes. Notadamente, é de conhecimento que o IPM é pega de instrugdo provisoria, administrativa e dispensivel, significando que nao é procedimento do Poder Judicidrio, mas sim da administragao, servindo apenas como base para uma possivel ago penal, a depender do Ministério Pablico e do Juizo. Sobredito, para busca de um culpado e para se ter provas contundentes sobre a pritica do crime, 0 encarregado do IPM, este o Persecutio Criminis Militar’, deve ter uma gama de opgdes para obtengao das provas, dentre elas, a interceptagao telefénica e a infiltragdo de agente, as quais c em inquéritos policiais da Policia Federal e da Pol jf sto utilizadas de forma efetiva e com excelentes resultados para obtengao de provas. Portanto, torna-se de summa importancia o conhecimento da legislagdo acerca dessas opedes, de obtengio de provas, para que 0s oficiais policiais militares encarregados do IPM substanciem. de forma eficiente e eficaz o judiciério quando da instauragdo da aco penal ‘Nesse interim, surgem diversas perguntas: E cabivel a obtengdo de prova no IPM por interceptacdo telefSnica ou infiltragdo de agente policial militar? Quais legislagdes permitem a0 encarregado do IPM solicitar e utilizar desses meios de provas? Quais sdo as regras e elementos para a solicitagdo da obtengdo da prova por interceptagao telefnica ou infiltragao de agente policial militar? Para quem 0 encarregado do IPM deve solicitar 0 pedido? Haveria aplicabilidade desses meios de provas nos IPM apurados pelas Policias Militares Estaduais? Para respondermos a essas e outras perguntas, iremos analisar as Leis n° 9.296/1996 (sobre interceptagao telefonica), n° 11.343/2006 (Lei de Téxicos), n° 12.850/2013 (define organizagaio criminosa e dispe sobre a investigagdo criminal, os meios de obtencao da prova, infracdes penais, correlatas ¢ 0 procedimento criminal), n° 13.441/2017 (da infiltragao de agentes de policia para a investigagdo de crimes contra a dignidade sexual de crianga e de adolescente) e n° 13.491/2017 (Altera 0 Decreto-Lei n® 1.001, de 21 de outubro de 1969), analisar outras legislagdes pertinentes a obtengao de provas por interceptacdo telefonica e pela infiltragao de agente policial militar no IPM, diferir a interceptagao telefénica da escuta telefénica, diferir o agente infiltrado do agente de inteligéncia, investigar a possibilidade, a utilizacdo e a efetividade desse meio de obtengdo de prova pelas Policias Militares Estaduais, verificar de que forma pode ser solicitado a0 Juiz a obtengao de prova por interceptagdo telefonica ou infiltragdo de agente policial militar no IPM, apresentar a legalidade e a possibilidade da interceptacao telefénica e a infiltragéo de agente policial militar para a obtenedo de provas do IPM. > Trata-se da atvidade estatal de apuragto de delitos militares, que poder ser Judicial ou Extrajudicial. Esta pode se dar pela PJM (IPM, APF, IPD, IP), pelo Ministério Paiblico Militar, enquanto que aquela, por Acao Penal Militar. 6 No presente artigo foi utilizado a metodologia de pesquisa qualitativa e exploratoria, sendo desenvolvida de forma tedrica, Esta foi do tipo bibliogratica e se baseou em fontes primrias, de preferéncia, e com apoio de fontes secundarias, selecionando-se autores consagrados no assunto. Ainda foi reatizada uma pesquisa documental, analisando-se a legislagao brasileira que estabelece normas relativas ao tema em lide. Por meio das pesquisas bibliogrificas ficou comprovada a viabilidade juridica do uso de interceptagio telefénica e do agente infiltrado no IPM pelas Policias Militares no Brasil. Poucas pesquisas foram realizadas nesta drea, portanto 0 desconhecimento da utilizagdo, desses meios de provas ainda persiste, o que toma este artigo relevante também no campo juridico, {Jd que cabe ao Direito a tarefa de normatizar o assunto, fiscalizar, debater e construir coletivamente © saber juridico. Assim, sua realizacdo contribuira para uma reflexdo ampla sobre o problema e, como consequéncia, fomnecera respostas para que as autoridades pertinentes utilizem desses meios de provas ¢ auxiliem o judiciario na aplicagao da pena conforme a lei. APOLICIA JUDICIARIA MILITAR Cabendo ao nosso artigo cientifico discorrer sobre a utilizagdo da imterceptagao telefnica e do agente infiltrado pelas Policias Militares como meio de provas no IPM, devemos analisar 0 papel das Policias Militares no Brasil, ¢ a atuagdo dos Oficiais das Policias Militares como autoridades de PIM, para isso, iniciaremos com 0 que esti positivado no art. 144, § 5° da Constituigdo Federal do Brasil (1988), onde se 1é: Art. 144. A seguranga piblica, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, & fexeteida para a preservagio da ordem piiblica e da incolumidade das pessoas ¢ do patriménio, através dos sezuintes érgaos: 1 policia federal: IL- policia rodovideia federal; I~ policia feroviaria federal IV- policia civis; V- policias militares e corpos de bombeiros militares. § 5° As policias militares cabem a policia ostensiva ea preservagio da ordem piibica; 20s corpos de bombeiros militares, além das atribuigdes definidas em lei, incumbe a execugio de atividades de defesa civil. (BRASIL, 1988), Além do policiamento ostensivo, da preservacdo da ordem piblica e da incolumidade das pessoas e do patrimdnio, para completar o rol de atribuigdes das Policias Militares, a elas caberd, ainda, como miso subsidiéria, a investigagao dos crimes militares perpetrados por seus integrantes em servigo, agindo em razio da fungio ou entre seus componentes, € a respectiva atribuigdo de PIM, em apoio a Justiga Militar dos Estados, Nesse aspecto, 0 proprio art, 144° da Carta Magna, no § 1°, IV, e § 4°, exelui a Policia Federal e as Policias Civis das atribuigdes de apuragao de infragdes penais militares: § 1° A policia federal, instituida por li como éreao permanent, estuturado em carrera, destina-sea IV ~ exercer, com exclisvidade, as funedes de poliia judicria da Unido. § 4” As polcias civis,dirigidas por delegados de policia de carrera, incumbem, ressalvada a competéncia da Unito, as fingdes de policia judicidria e a apuragdo de infragies penais, exceto as militares. (BRASIL, 1988, grifo nosso) Portanto, observamos que a Policia Federal cabe as fungdes de policia judiciéria da Unio, atuando em crimes federais, e as Policias Civis Estaduais cabe as fungdes de policia judiciéria e a apuragdo de infragdes penais comuns, excetuando dessa forma as infragdes penais militares. Entretanto, a atribuigaio de PIM pelas Policias Militares, ndo se encontra na Constituigio Federal, mas sim, em legislagao infraconstitucional, nas palavras de Costa (2018): [..] atribuigao ndo se encontra expressamente no texto consttucional. Apesar de prevista a existéncia das Justigas Militares Estaduais, cabendo a estas a competéncia sobre 0 pracesso ¢ o julgamento dos crimes militares ~exceto os dolosos contra a vida praticadas por militares estaduais -, em nenhum local existe a definigio de quem devera apurar os crimes militares, jé que tal atribuigdo nao foi afeta as policias federal e elvis. E na Iegislagao infraconstitucional [..] que ais atribuigdes sio definidas. (COSTA, 2018, p. 37). As atribuigdes so definidas no decreto-lei 1002/1969 - Cédigo de Processo Penal Militar (CPPM), onde no art. 7°e art. 8°, estipula quem sio as autoridades que estarao investidas do poder de PIM origindrio e as regras de procedimento e ritos processuais para instruir 0 feito a ser julgado nas cortes militares, in verbs: Art. 7 A policia judiciiria militar € exercida nos termos do art. §, pelas seguintes auloridades, conforme as respectivas jurisdigdes: a) pelos Ministros da Marinta, do Exéreito e da Aeronautica, em todo o teritério nacional € fora dele, em relagio ds forgas e érwzios que constituem seus Ministérios, bem como a militares que, nesse carter, desempenhem missio oficial, permanente ou transitéria, em pais estrangeiro; b) pelo chefe do Estado Maior das Forgas Armadas, em relagio a entidades que, por disposigao legal, estjam sob sua jurisdigdo; ) pelos chefes de Estado Maior e pelo secrotirio geral da Marinha, nos drgios, forgas © unidades que Ihe sto subordinados; d) pelos comandantes de Exército ¢ pelo comandante-chefe da Esquadra, nos érgios, forgas © unidades compreendidos no mbito da respectiva ago de comando; ©) pelos comandantes de Regitio Militar, Distrito Naval ou Zona Aérea, nos érgiios ¢ lunidades dos respectivos terttsrios; ) pelo Secretirio do Ministério do Exéreito e pelo chefe de Gabinete do Ministério das Aerondutica, nos érgaos e servigos que lhes s40 su bordinados: 2) pelos diretores ¢ chefes de orgios, repartigdes, estabelecimentos ou servigos previstos nas leis de organizagio biisica da Marinha, do Exéreito e da ‘Aeronsutic; h) pelos comandantes de forgas,unidades ou navios; Art. 8° Compete policiajudiciiria militar: a) apurar os crimes militares, bem como os que, por lei especial, esto sujeitos a jurisdic4o militar e, sua autora: b) prestar aos érgios ¢ juizes da justiga militar e aos membros do Ministéio Pablico, as informagoes necessirias A insirugdo ¢ juleamento dos processos, bem como realizar as diligéncias que por eles Ihe forem requisitadas: ¢) cumprir os mandados de prisio expedides pela justiga militar: d) representa s autoridades judicirias militares acerca da prisio preventivae da insanidade ‘mental do indiciado; e) cumprir as determinagdes da justiga militar relativas aos presos sob sua uarda e responsabilidade, bem como as demais prescrigdes deste codigo, nesse sentido: f) solicitar as autoridades civis as informagdes e medidas que julgar tteis & clucidagdo das infragdes penais, que estcjam ao seu cargo: 2) requsitar da polica civil das repartigdes técnicas civis as pesquisas e exames necessitios ao complemento € subsidio de inguérito policial militar h) atender, com observancia dos regulamentos militares, a pedido de apresentagio de militar ou funcionério de repartigio militar & autoridade civil competente, desde que legal e fundamentado 0 pedido. (BRASIL, 1969) Como é de conhecimento, conforme nossa Carta Magna*, as Policias Militares so Forgas Auxiliares e Reservas do Exército Brasileiro, estando também positivado na constituigao cidada o cariter estritamente militar das Policias Militares Estaduais, conforme o art. 42°, portanto, da mesma forma que os integrantes das Forgas Armadas, os integrantes das Policias Militares Estaduais estiio submetidos a uma mesma Justica Militar, logo submissos as leis penais ¢ processuais militares e a jurisdigdo militar, tendo como a regularidade de ago 0 Cédigo Penal Militar e as legislacdes estaduais militares, como os Estatutos Policiais Militares e os Cédigos de As unidades correcionais das Policias Militares Estaduais so as Corregedorias Gerais Policiais Militares, que atuam como PJM, pari passu, contam com o apoio das Corregedorias Setoriais, localizadas nos Batalhdes e Companhias, as quais tem a fungao de apurar os IPMs que tem como acusados policiais militares de seu orgdnico, sendo que apés conclustio do inquérito, este "Eo que dispaec o art. 144, § 6°, Consttuigdo Federal, bem como o art. 1° do Decreto-Ioi 667 (Reorganiza as Policias Militares € os Corpos de Bombeiros Militares dos Estados, dos Territ6rio ¢ do Distrito Federal, e i outras providéncias) que diz: “As Policias Militares consideradas foryas auxiliares, reserva do Exército, serdo organizadas na conformidade deste Decreto-ei" * Os membros das Policias Militares e Corpos de Bombeiros Militares, inst € disciplina, so militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Temitrios. igdes organizadas com base na hierarquia 9 6 remetido ao Cortegedor Geral para o devido parecer, solugdo e posterior encaminhamento a0 Ministério Pablico, (QUERITO POLICIAL MILITAR Para trazer a acepeaio do IPM, emergimos as palavras de Neves (2018), 0 qual profere: {..J0 inguérto poticial militar € procedimento administrative de policia judiciria militar que materializa, por seus autos, as diligéncias e provas produzidas na busca da demonstrag20 de ovorréncia ou nao ce um crime militar, com indicagao, se foro caso, de sua autoria. Todos os crimes militares, a excegio dos crimes de desergio ¢ de insubmissio, em regra apurados por procedimentos préprios, pode ser objeto de apuraco pelo inquérito policial militar. (NEVES, 2018, p28), Para o Ministério Pablico Militar (2019, p. 25), o IPM é um “procedimento administrativo que se destina & apuracdo de fatos que possam constituir crimes militares, delitos da competéncia da Justiga Militar, previstos no art. 9° do Cédigo Penal Militar (CPM), bem como as suas autor Trazendo baila a consideragao de crimes militares previstos no art. 9° do Cédigo Penal Militar (CPM), temos: ‘Art. ® Consideram-se rimes militares, em tempo de pa 1 0s crimes de que tata este Cédigo, quando definidos de modo diverso na lei penal comum, ou nela nao prevists, qualquer que seja 0 agente, salvo disposigao especial IL-os crimes previstos neste Cdigo e os previstos na legislagio penal, quando praticados a) por militar em situagao de atividade ou assemelhado, contra militar na mesma situaga0 ‘ou assemiehado;b) por militar em situagao de atividade ou assemelhado, em lugar sujeito ‘administragdo militar, contra militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil ©) por militar em servigo ou atuando em razaa da Fungo, em comissao de natureza militar, ‘ou em formatura, ainda que fora do lugar sujeito & administragio militar contra militar da reserva, tt reformado, ou civil d) por militar durante o periodo de manobras ou exereicio, contra militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil; e) por militar em situagdo de atividade, ou assemelhado, contra 0 patriménio sob a administragao militar, (ou a ordem administrativa militar; (revoga II - os crimes praticados por militar da reserva, ou reformado, ou por civil, contra as insttuigdes militares, considerando-se como tais no s6 0s compreendidos no inci I como 0s do inciso I, nos seguintes casos a) contra o patriménio sob a administraga0 militar, ou contra a ordem administrativa militar; b) em lugar sueito& administragao militar contra militar em sitwagao de atividade fu assemelhado, ou contra funcionirio de Ministéio militar ou da Justia Militar, no exeteicio de fungdo inerente ao seu cargo; ¢) contra militar em formatura, ou durante © periodo de prontidio, vigilincia, observag20, exploragio, exercicio, acampamento, acanfonamento ou manobras; d) ainda que fora do lugar sujeito & administragao militar, contra militar em fingaio de natureza militar, ou no desempenho de servigo de vigilancia, garantie preservagio da ordem piblica, administrativa ou judictria, quando legalmente requisitado para aquele fim, ou em abedigneia & determinagao legal superior. 10 § 1° Os crimes de que tata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos por ‘militares conta civil, serio de competéncia do Tribunal do Jiri § 2° Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos por militares das Forgas Armadas contra civil, sero da competéncia da Justiga Militar da Unio, se praticados no contexto: 1 — do cumprimento de atribuigdes que thes forem estabelecidas pelo Presidente da Repiiblica ou pelo Ministro de Estado da Defesa: 11 de agdo que envolva a seguranea de instituigao militar ou de missio militar, mesmo ‘que nao beligerante; III — de atividade de natureza militar, de operagio de paz, de garantia da lei eda ordem ou de atribuigao subsididria realizadas em conformidade com 0 disposto no art. 142 da Consttuigo Federal ena forma dos seguintes diplomas levais a) Lei n 7.565, de 19 de dezemibro de 1986 - Cédigo Brasileiro de Acroniutica: b) Lei Complementar no 97, de 9 de junho de 1999; ¢) Decreto-Lei no 1,002, de 21 de outubro de 1969 - Cédigo de Processo Penal Militar; e d) Lei n? 4.737, de 15 de julho de 1965 Cdigo Eleitoral. (BRASIL, 1969). Importante mencionar que com o advento da Lei 13.491/17 que altera o Decreto-Lei n® 1,001, de 21 de outubro de 1969 (Cédigo Penal Militares e das autoridades de PJM muito se expandiram, vejamos: tar), a competéni ea atribuigio das Justigas © PRESIDENTE DA REPUBLICA Faco saber que o Congresso Nacional deereta e eu sanciono a seguinte Le Art. 1°Oart. odo Decreto-Lei no 1.001, de? de outubro de 1969 - Cédigo Penal Militar, 188 a vigorar com as Seguintes alteragdes: 9° Ios erimes previstos neste Cédigo e os previstos na legislago penal, quando praticados § 1° Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida © cometidos por rlitares conta civil, serdo da competéucia do Tribunal do Siri § 2° Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida © cometidos por militares das Forgas Armadas contra civil, serio da competéneia da Justiga Militar da Uniao, se praticados no contexto: 1 ~ do cumprimento de atribuigdes que thes forem estabelecidas pelo Presidente da Repiiblica ou pelo Ministro de Estado da Defesa; TL de agao que envolva a seguranga de insituiglo militar ou de missfo militar, mesmo {que nto beligerante; ou IIl—de atividade de natureza militar, de operagao de par, de garantia da lei eda ordem ou de atribuigio subsidiiria, realizadas em conformidade com 0 disposto no art. 142 da Constituigo Federal ena forma dos seguintes diplomas legais: a) Lei no 7.565, de 19 de dezembro de 1986 - Cédigo Brasileiro de Acronsutica; ») Lei Complementar no 97, de 9 de junho de 1999; «© Decreto-Lei no 1.002, de 21 de outubro de 1969 - Cédigo de Processo Penal Militar: ¢ 4) Leino 4.737, de 15 de julho de 1965 - Cédigo Eleitoral.” (NR) Art. 2" (VETADO), Art. 3° Esta Lei entra em vigor na data de sua publicaga0. (BRASIL, 2017), Observada a sobredita lei, podemos notar como maiores mudancas: os militares das Forgas Armadas voltaram a ter foro especial na Justica Militar da Unido ao serem processados e julgados por crimes dolosos contra a vida de civis, nas mais diversas circunstincias; € os crimes previstos na u legislac2o penal patria, seja ela comum, extravagante ou especial, passaram a ostentar a natureza militar, desde que cometidos por militares, estaduais ou federais, nas condigées do art, 9°, Essas mudancas trouxeram tormentosos desafios aos operadores do direito militar, entre eles 0 enfrentamento das situagdes em que o militar, policial militar ou bombeiro militar supostamente integre organizagao criminosa ou pratique trafico ilicito de drogas. ‘Tendo em vista que por previsio legal quem pode exercer a autoridade de PIM so os comandos, chefes ou diretores de organizagdes militares’, apenas os oficiais das instituigdes militares poderdio exercer tal autoridade; e to somente enquanto estiverem como chefes, comandantes ou diretores de unidades auténomas. Nesse aspecto, no nos atendo em termos doutrinarios de autoridade de policia judiciaria militar origindria’ e autoridade de policia militar delegada®, vejamos nas palavras de Costa (2018), 0s critérios para ser autoridade de policia judiciéria militar no IPM: Sendo o investigado praca, qualquer oficial poderi ser a autoridade de potiia judiciéria nilitar delegada, tendo em vista a superioridade hierirquica intinseca, Nesse caso, a autoridade de policia judicdria militar pode delegar seus poderes a qualquer oficial que for sou subordinado. Preferencialmente, mas nio obrigatoriamente, dever sor um capitio ou capitio-ienente para presidir a investigagao|..] Sendo um ofealo investigado, em principio deve ser escolhido para a delegacdo um outro oficial que seja de cargo (posto) superior. Caso nao seja possivel essa superioridade hierirquica, pode-se ser designado um do mesmo posto, porém mais antigo (aquele que tenha sido promovido primeiro que 0 investigado). Em se tratando de um oficial da reserva ou reformado, qualquer oficial do ‘mesmo posto que estea nia ativa podera sera autoridade delezada e presidirainvestigagao. (COSTA, 2018, p. 43) Sucintamente, para as Policias Militares, se o investigado for praca, qualquer oficial podera ser a autoridade encarregada do IPM, se 0 investigado for oficial, a autoridade encarregada do IPM deverd ser um oficial superior ao posto do investigado, ou do mesmo posto, entretanto, mais antigo O principio do IPM esti elencado no art. 10 do Cédigo de Processo Penal Militar, sendo: a instauragdo pela propria autoridade militar cujo a circunscrigao tenha ocorrido a infragao penal; Conforme art. 7 do Cédigo de Processo Penal Militar. 7 Um oficial que ocupa uma das fungdes do art. ” do Cédizo de Processo Penal Militar estara cingido das atibuigdes concernentes a0 poder de policia judiciiria, sendo considerado, em temos doutrinirios, a autoridade de policia judiciria militar originaria, pois é ele que originalmente teri os poderes persccutdrios para, durante um inquérito, ‘buscar a autoriae materialidade de um deito; bem como, no imediatismo de uma prisio captura, avaliar, quando The apresentado, a possibilidade ou nao da lavratura do auto de pristo em Magrante delito *0 proprio art, 7 prevé, a partir do §1°, diferentemente do Cédigo de Processo Penal comum, a possibilidade de delegacao desses poderes, desde que sejam preenchidos determinados crtérios objetives. Fssa autoridade que tiver para si os poderes delegados, emporariamente, da autoridade originaria, seria autoridade de policiajudicidria militar delegada. Os crtérios de delegacao slo estabelecidos de acordo com a circunscri¢io que 0 caso esti inserido; a hiierarquia existente entre o suposto autor do delitoe aquele que for delevado:e, por fim, a relagao de comand.

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