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PO SNM Cae A Wiagace Og Le) PWM BL TE VaR e(eY 1400 - 1800 Capitulo i) ReligiGes africanas e 0 cristianismo no mundo atlantico “A panto DAS MtIDANCAS CULTURA'S POD. SuR OwSERLADA Na Evol ‘guas, estruturas socials e esteticas da Africa, & medida que os africanos huzarat os mates ou entraram em contato com os europeus. Fsse Agil processo também afetou a religiao ¢ a filosofia afticanas tanto na Ali { quanto no momento em que os africanos se tornaram americanos ‘no Novo Mundo atlantico, A religiao respondeu, como outros elemen- 105 da cultura, a sua dinamica interna e a nova dinamica criada pelo coniato cultural e a tansferéncia fisica. O resultado foi a emergencia ‘de uma nova religiao afro-atlantica identificada com freqdencia como ‘rista, especialmente no Novo Mundo, mas, na verdade, era um tipo “de cristianismo que podia satisfazer 0 entendimento das religides alti- ‘cana e européia, Esse novo cristianismo afficano permitiu que a filosofia e 0 conhe- -cimenio de algumas religides afticanas se acomodassem em um sistema ‘eligioso europeu ¢ expressassem uma fusio de grande imporianeia, se mnelhiante a formacao do budismo chinés (da Asia Oriental) ou a indianizaca0 do Is1a. Para compreender essa extraordinaria wansforma 680 € preciso entender a dinamica subjacente do conhecimento religio- +0 (sendo ele mesmo o ramo mais essencial da epistemologia nesse pe: Hiodo) € a partirdat os mecanismos de mudanca, conversao e transfor Masao seligiosas na presenca de outros sistemas de conhecimento teligio- +60, Dessa perspectiva, podemos enjao analisar @ desenvolvimento do ‘Gistianismo afticano, primeiro na Africa e depois no mundo atlantic, we Pies reat «9 erevaneme ne mundo stieco FINI A BASE DO CONHECIMENTO RELIGIOSO ‘\fusio de religides requer algo mais que a simples mistura de for i mas e ids de uma religiao com outta. Exige a reavaliagao dos concei- {os bfsicos e das fontes de conhecimento dessas religides para encontrar a base comum. religido praticada nos séeulos XVI e XVII nora sim plesmente tum conceito intelectual, elaborada pelas pessoas e suleitoa | ponderagées ou debates. Ao contririo, a déias eas imagens eram “eee bidas” ou ceveladas por seres de outro mundo de alguma maneisa, € 0 Unico papel dos humanos era interpretar essas revelagoes e agir de acor- ddo.com clas, Assim, a filosofia rligiosa nao foi a formadora da celigiso; as revelagaes sim. filosofia religiosa a wenas as interpretava Portanto, estritamente falando, os seres hiumanos nao eram livres para mudar religiées ou questionar as revelacdes, ¢ por fim quase todas as muclangas religiosas necessitaram. no minimo de reinterpretngao das revelagdes existentes, e no maximo de um novo conjunto de revelagoes ‘mais contundentes. O desenvolvimento do cristianismo affieano na Africa € a sua transmissao para a América ocorreram em grande parte por uma combinagio de ambos os fatores, empregados tanto por africanos quain= to por europeus. Os africanos ¢ os europeus tinham sistemas um pouco diferentes de conhecimento teligioso, assim como um conjunto totalmente distin- to de revelagGes basicas, porém ainda possuiam varias idéias importan- tes em comum, © desenvolvimento do cristianismo afficano no teria sido possivel se eles nao tivessem partithado essas iiss. Ambas as cule" turas aceitaram a realidade basica da religito: havia outro mundo que = no podia ser visto e as revelagdes eram a fonte indispensavel pela qual 8 pessoas poceriam tomar conheci Assim, africanos e europeus dos séclos XVI e XVI concer @ ‘cosmos como divididlo em dois munclos separados, porémy intimame= te interligados: “este mundo”, mundo material no qual todos vivemos ‘© que pode ser percebido pelos cinco sentides normais, ou @ “Outro ‘mundo’, normalmente imperceptivel, exceto por alguns poucos indi me ‘duos com dons especiais, e habitado por uma variedude deseres ou en tidacles, Lia possivel passar deste para o outro mundo pela morte de) modo que as almas dos mottos estavam entre os habitantes lo outro mundo. ae ‘Os europeus, que nos fornecem as fontes necessifias para esta teligito afticana desse periodo, estavam ansiosos por estabelecer 10 314% diese oxaticnes afro 80 mando amc, 140-1800 partlhiavam esse importante ponto de partida, Al | frumas weres a descoberta dessa crenga comum era o maximo que shas “questdesreligiosas podiam alcancar. Por exemplo, Peter le Matecs ob ervou no seu registro da Gosta do Ouro, no inicio do século XVI, que fs pessoas acteditavam em outro mundo ao qual passavam quando ‘morriam, uma crenga que também foi rel ‘varios momentos em grande parte do resto da Attica! (© outro mundo ers mais que uma morada para os mortos; era tam- em um mundo superior, onde os eventos deste mundo eram governs. | dos por esse outro mundo. Barbot, ao descrever a religito da Costa do Quro eda Costa dos Escravos entre 1678 e 1682, afirmou que todos os “afticanos acreditavam em um ser supremo que governava 0 outro mun- do, provocava acidentes ¢ determinava o tempo de vida ¢ de morte? Sieur d'Elbée observou, em 1671, que os habitantes de Alada acredita ‘vam em um poder supremo que provocava acidentes.' Da mesma for- ma, em momentos dificeis para o comércio oua pesca na Costa do Ouro, segundo Villaut, que a visitou em 1668, as pessoas atribufam a acao a “poderes superiores e faziam sacrificios, pedindo desculpas aos poderes ‘do outro mundo e suplicando perdio.* ‘Osafticanos e seus visitantes cristdos europeus também concorda ‘yam que a forma de conhecimento sobre o outro mundo era através de ‘revelagoes, embora discordassem acerca da validade de muitas revela- _ es especificas. Nao obstante, aceitavam 0 principio geral comum de 7 queas almas dos mortos ¢ de outros habitantes do outro mundo, emba - raquase sempre onipresentes, eram invisiveis e nao podiam se comuni- | G@rcom as pessoas deste mundo regularmente. Cavazai, um padre cujas “observagbes sobre as religioes do Congo e de Mbundu eram muito “detalhistas,relatou varios exemplos que enfatizam a inacessibilidade ‘normal do outro mundo, bsses estudos circundam-se 2 Altica e exam [provavelmente historias de seus informantes afticanos. Em um caso, ele -observou que uma mulher fora cruelmente sacrificada ao outro mundo ‘Por umn governante de Imbangala, mas, apesar do doloroso ferimento “gue softera, ela ainda conseguira levamtar e retornar a cidade, Ao ver 0 que as das culturas nada ct 1 eae Hexhnuige p30 2 bak Nona 392 Dilce.sounat p42, AMIN Moyge 182 queimado vivo, porém nao voltou para contar qualquer historia, confi mando que, nio importa quito poderosos sejamos neste mundo épreck so submeter-se a0 outro mundo " Em virtude da inacessibilidade ao outro mundo pelos sentidos nor ‘mais do ser humano, toda sociedade tem seus descrentes, que negam a tealidade de qualquer fenomeno que nao podem compreender, Marcellino d'Atri, um frei capuchinho que viajou muito pelo Congo e pelas regides de lingua mbundu da Africa Central no final do século- XVII, mencionou ter conheeido um “epicurista” (termo do século XVI pata ateu ou materialista) durante suas viagens e investigagdes religion sas, embora tais pessoas fossem razoavelmente raras* Os epicuristas de ‘Atri nao apenas confirmam a existencia de materialistas na Aftiea, mas estdo em conexio direta com a existencia de povos e sistemas de crengas semelhantes na Europa ‘Aqueles que aceitavam a existéncia do outro mundo 0 que acreditavam que algumas pessoas tinham tido contate di ele, A maioria das pessoas nao podia compreendero outso mundo de parte do tempo, mas havia pessoas especiais dotadas de um sentido que Ihes permitia receber mensagens e imagens do outro do.’ Elas podiam entao relatar a seus companheiros a existénein, nature: ae esicututa do outro mundo. ‘ "Ao mesmo tempo, o outro mundo também possula seus proprios [Nao apenas era possivel se comunicar diretamente com to de pessoas com sexto sentido, mas tambéin enviar mens ASS Nall Cavnzch.*Misone cepa ol 1 pi 6 Shwallin A, “lovnate Apostle ae mi te Covi 1090 Cs, 1205) e129 (ed tnd, Caro Tse AMIE Tu relacone ie Mah [0 8 2. Onadbates mova enise magulosanon «sts eau a ‘estate ateladone des Hare Se Mo Davradcho anehwiines Vor Moshe Peman eta Th ath A Them ray Esy te Compan Sao soe [7p pp hd tian Kato dom ec N aX) 316 % AAI eos caer na frmeete 66 mundo aineco, 40-1800 e mundo para transn ventos ne tir mensagens: inhos ou instrucées cle que todos entendessem (pressigio). *Toxlas ossas varias comunicacoes tem forma de revelagdes. A reve lacdo € uma informacio sobre o outro mundo, sta natureza ou su ntencdes perceptiveis para as pessoas deste mundo, por meio de um ou. outro canal. As revelacées fornecem a este mundo uma janela para o uiro, As informacées assim reunidas constituem, entao, dados funda | ‘mentais para a construcao de uma compreensao geral dla natureza clo ‘outro mundo e de seus habitantes (uma filosofia), uma percepgao clara de seus desejos ¢ intencoes para que as pessoas obedegam (uma religito), eum quadro mais amplo dos trabalhos e da historia de ambos os mun- dos (uma cosmologia). E entao através de revelagdes que as religides so formadas,¢ também ¢ por meio delas que sofrem modificacdes.* (Os viajantes europeus, tanto padres quanto leigos, tinham idéias definidas sobre o papel das revelacdes na formagao de sua propria trad (0. Osconceitos cristaos estavam fundados em uma série de revelacoes, ‘ajo registro estava contido nas Sagradas Escrituras. Essa série teve inicio com as revelagdes de Moisés que formaram as antigas leis hebraicas (as- sim como a historia da criagao), e estendeu-se por hist6rias de profetas hhebreus ou seus escritos no restante do Antigo Testamento, Por sua vee, t {sso foi transformado pela revelacao de Jesus ¢, posteriormente, pelo i testemunho inspirado dos apdstolos no Novo Testamento Os catdlicos acreditavam que muitos dos escritos pos-biblicos (“Padres Doutores dda lereja®) também eram inspirados e suas palavras consistiam em reve- Jacoes do outro mundo similares as contidas nas Fscrituras, € todos acei- tavam a idéia de que revelagoes menores, na forma de sonhos, conjun- We tes moderns shies senso m9 Werauraoeiden eta em @isinvone «a julio, porem raconheceise que mpostanes bales Rrssne inne nin sbaseam cn ets Bilas ec 8 aches a Suntry Tae (Lond, 1958) Nex cmens 1 Wale Ue Salat ass dimensions she monde (Londres, 1970), para uin texto ieulogico de a "bis guest sera clone once. tude vlna i flips pam caao cin cesactne 3 pkabinai desecrate | Meath ek roy ue war ns fone ning ene “egaes evs vse Finan ais da Ais, com basen com plone de ven os Sree prs, aeaenio es, apcira de trans ca aad fee Aradictnes escrtas) (vet, entte outros, The ian of the Savage Mindi stdin etn ide de i % ace tinier dade a ee as oi sn concn ait On. Hie Canweptof the dlely (1918), inlisaic aa hanation 2 ols (1999. nhoya Vink 1963) Rage cnet «a caterer a Hes de eventos, aparicées celestiais e coisas semethantes eram m gens divinas como as Escrituras 6s africanos também reconheciam 0 conceito de revelagao, €§ pr6prias revelagdes tinham muito em comum com aquelas da Fu demodo que os europeus tiveram pouca dificuldade em aceitilas, os afficanos, em tiltima analise, também tiveram em admitiro da Biblia ou as hist6rias da Igreja dos europeus como revelagses. fim, 0 que afticanos © europeus nem sempre concordavam era com & validade de qualquer revelagio, ja que ambos reconhieciam que as reve + * lagbes Sbvias podiam ser recebidas por loucos ou que pessoas ambicio- {7 sas e cinicas poderiam simular revelacoes para aumentar seu proprio ©" poder e prestigio. Muitos europeus, além disso, acreditavam queemba- © ras revelacdes afticanas fossem mensagens genuuinas do outro mundo, tinham origem diabolica e por isso nao deviam ser seguidas, um panto. contestado pelos africanos. Os afticanos estavam menos preocu e com as revelagdes diabslicas, mas tinham dificuldade em aceita passado remoto e para as quais nao havia testemunhas recente ‘As revelagies africanas dos séculos XVI e XVII podem ser em varias categorias. O pi eventos para determinar as intengoes do outro mundo. A it de sonhos baseia-se na nogio de que 0 outro mundo pode alg zes comunicar-se através do inconsciente, As revelacoes mais dristicas tomam a forma de visdes ou de vozes, em geral reeebidas apenas por pessoas dotadas. A forma mais dramétiea cle revelagio talvee seia dada pelo espitito meditinico ou © objeto possuido, em que a entidade do ‘outro mundo se apossou e falou através de um humano, anitnal jeto material, : (Os europeus, familiares com 0 conceito em sua prop reconhecerai logo © pressagio afticano, embora muito ceneatassem como uma tramta diabdlica, No pressagi deste mundo sao estudades para determinar os desejos ou inte ‘outro mundo, Cavazz, ele mesmo um crente convicto: forma valida de revelagio crista,’ mencionou que na soci 2. Versun propa ita depo Wasa tai it ue axon eM Ari bistane enact Yo BM 48011 . | 9, 100.1800 318 % Arica cos wicanos ns ermacto do mundo ath passaros 20 comportamento dos es, aposas e coelhos, a itupgo de fogo aos iremores deterra, a descobertade pedas ou plantas de formas faras € aos fer@imenos cElestes.” O pastor huterano Miller aerescentou pelos de passaros ¢espirros de seres humanos t uma lista s pilada na soriedade da Gosta do Ouro em tomo de 1669." “A observacao da passagem do tempo (como a astrologia na Euro: pa) era quase sempre uma forma de pressigio, pois Miller observou {que 0 powo da Gosta do Ouro nessa époea claborou um calenditio de dias de boa e ma sorte. O povo evitava fazer varios tipos de negocios em dias especificos de ma sorte, € a data de nascimento de um individuo prescrevia um ciclo individual de bons ou maus dias.!* Uma forma ccorrelata de pressagio com 0 tempo foi observada por Cavazzi na Africa Central, Nessa regio, as condig6es do nascimento de um individuo podiam algumas vezes revelaro cardter da pessoa ou conduzir suas cect ses, Na verdade, observou ele, a rainha Tinga recebeu este nome pois nasceu com 0 cordio umbilical enrolado em tomo do pescoso. Isso a predestinou a ter um caréter arrogante e orgulhoso."" ‘A adivinhagdo era uma variante do pressigio. Na adivinhacao, as pessoas realizavam uma atividade e pediam a0 outro mundo que influ enciasse os resultados de tal forma que as pessoas cleste mundo pudes- ‘sem conhecer as intengdes do outro mundo, Como veremos, os padres cristaos utilizavam com freqlncia varias formas de adivinhacao para deierminar o santo a quem dirigir suas oragGes ou a qual igreja deve: riam se dedicar, embora também acreditassem que a adivinhacio em ‘outros contextos fosse uma consulta ao demonio. ma das formas africanas mais famosas de adivinhacao, conhecida ‘mais comumente por seu nome ioruba, ifa, foi relatada com detalhes ‘em uma desericao de Ajuda do inicio do século XVIII, O sacerdote jowa- ‘xa biizios em um tabuleiro especialmente desenhado, enquanto pedia 4p outro mundo que influenciasse 0 resultado deste evento para permi- tir que 0 adivinho respondesse a pergunias."* O padre capuchinho ‘Naxera, 0 visitar Alada em 1660-2, estava falando provavelmente de ifa lar, com Dd nop. s223, 25,1218 Mae ainsi 90 Tipe NS Mes Aad cones “nsone ranges. pp 50: 14. Ashioes Nations dt Hance, Depot des Fon icaons 4 Carre Mer mamscio D4, anon fo hin GaRipmne deh aitques tp ve nhagio de Alada, obtido por um curioso europeu antes de 165 hoje no Museu Lilmer e € parecido com os utilizados attialmente Mas ifa nao esgota de forma alguma a adivinhagao na Affi missiondrio jesufta Alvares identificou varias formas em Serra L clusive jogar palitos ou pedras ou escollhertirara sare a0 3¢2s0."" Mil descreveu outra forma de adivinhagao utiizada na Costa do Ouro. Joga va'se de mancita especial pedras marcadas, chamadas “obuss ubbues" {obussi bu), para cima e as recolhia em uma cesta. Outro método era jogar cordas de lentes, cuja posigio ao aterrissar fomecia os dados basi- cos para a interpretagao.!* tsse tipo de adivinhagao ¢ em geral utitizado para conhecer a5 tengBes do outro mundo, encontrar solugdes para problemas existent ‘e que podiam ser tratados pelo outro mundo ou para determinar a disso. Nesse tipo de adivinhagao, pedia-se a0 outro mundo g iasse os eventos de forma a revelara culpa ou a inocencia de soa acusada de um crime, Uma provagio comum, como o bulungu de Angola ap vermelha” da regi to inicio dos anos 1660," exigiam dar veneno ao acusado — se ele Yo- itasse, era tido como inacente; ¢as0 contrario, morria em. conse= ‘quencia de seus efeitos ou era tido como culpado. Outras provas ti ‘0 mesmo objetivo. Lima delas, famosa em. Alaa, consistia em acusado ent um trecho especialmente perigoso de tio, que zes suigava nadadores (considerados entio culpados) ou margem (declarados inocentes). José de Naxera. ne aqueles que nao sabiam nadar eram submetidos a e399 7 Navona Byeie motion,» 278 : [i © auieivo€ sta e cut gm Vania, Hire pp 2 1 RSG Anes, “Copia meno” 108 1A Mller Albans 62-4 Yer am Rabo, Towa unc ctnologia moderna «08 dads etnoyuicos He ruler Sows, apenice At oS Aral Cannan “AMsine erage? vol 8 tv 1 AN HSGL, Aste, Epa meno” AMS ABWGO, AU Naser, Base mies p28 ye nates ecco torn lee, 0 28 fiantes de que sua Eases a os salvar ‘A C Sart at Lane E nee revelages veio de um ‘estudo de sonhos, Como os africanos, da mesma forma que povos de outras regides, com frequlencia acreditavam que 08 outro mundo, eles ficavam cuidadosamente atentos 208 ignificados att cou varias txiglam interpretagio — a recelagto nao ambigua ¢ dir toaho parece ter sido rara, Cavarzi observou que o pove £m ‘Angola GGuase sempre relatavaconvctsas em sonhos com as almasde auc tronos e como essas eram formas razoavelmente diretas de comin’ ‘0,as pessoas quasessempre prestavam bastante atencl0 a 9505 sonhos. ‘O pequeno mimero de pessoas que tinha visoes ou ouvia oa do ‘gure mando consttuia uma parte importante do sacerdocio. Os Sacer Gotes da Costa do Ouro relatavam, na verdade,terem visto seres do Our ro mundo eerem se comunicado com cles, Eles podiam fornecer des «riches tisicas de tais eres Miller, com base erm ua dessas describes 2 alguma exepese biblica duvidosa, concluiu que 0 set nao era ou “tenio 0 proprio demonio.”” Migue! Cube, um sacerdote de Temne em ‘Serra Leoa, que pela conyersio ao cristianismo tomourse umn jnforman: Ae importante para os jesullas no inicio do século XVI, também Thes forneceu uma descrigao do “demonio” que havia visto.” Finalmente; 0 ‘atone evans” yo} A Bo yy) 11221 rei de Alads informou a seu convidado frances d°Flbée, em cle havia visto tal divindade na forma de uma efianga brane cwianga tinha previsto a vinda de d'Elbée2” a Fssis mensagens, escutadns ou observadas por pessoas cram, & claro, revelagdes muito direias pois o sneerdate podias te conversar com um ser do outro mundo. Mass pessoas} podliam ter esi comunicagio. Ao contin, finham de confiae na com ‘municagio do sacerdote ou sacerdotisa e informar a mensagem a0 Ft do povo. Miller observou este fato na sua descricio da religito da Costa do Ouro. Os sacerdotes com frequeneiasaiam de ie tinham visbes, € voltayam para relatlas a comunidade ’As revelacoes mais dramiticas e convincentes eram, com ceneZa aquelas dadas a médiuns ou objetos possuidos e santios,revelagoes {que os europeus comumente associavam ao demdnio (possessoes de= | ‘moniacas que necessitavam de exorcismo) endo a Deus, mas que assim eram revelacdes. Os cristios acreditavam, entretanto, queO to Santo possuisse, rotineiramente, as igrejas durante arealiz e que Cristo estivesse fisicamente presente em espititoma Ku as andlogas a possessio de santurios, embora as men sem recebidas dessa manera No caso da possessio de individues, um ser do outro traria no corpo de um medium que falaria com sua voz: médium, No caso de um santuario, o ser poderia utilizar um objel material com o mesmo intito, Obviamente, qualquer um ao aleance da: ‘yor, poderia ouvir claramente 0 ser € assim a revelagao obtida seria per feitamente clara e precisa, Alem disso, 0 ser poderia inter sae até responder perguntas enguanto estivesse habitando, nédium, A possessto ocorteria apenas depots que o médiu ‘em transe, pois como nos sonhos, o outro mundo lidade de comunicar-se com pessoas em estado cu de inconsciencia, Esse wanse poderia se in «as, cantos ou tambores hipndtices. ‘A mediunicljele desempenharia uaa fangao 1a Africa, especialmente quando méiuns cesiiais advertiam seus descendentes @ adotar 27 Dies “toumal™ past leila 88, 4322 Ades eonarcan ma ormacto do mundo alice, 400-1800 “Central erna terta dos espiitos meditinicos por excelencia, €temos des. cricoes detalhadas de médiuns possuidos em Angola e ne Congo. Luca Gacaltaniseta, que viajou por toda a regiao na ditima década do século XVI, fornece uma excelente descrigao de um medium em acio. Quando } pono queria saber a causa de “uma morte ou doenca, ou a perda de igo ou qualquer outsa coisa” diigia-se até o nga gombo (medium) Formavam um circulo ao seu redor ¢ “eantavam € rezavam para que o demonio entrasse na cabega daquele sacerdote” (entrar na cabeca € um termo usado para possessio do espirito). Depois que o espirito entrasse faviam suas perguntas, querendo saber tudo sobre quem envenenow quem ou como alguém havia morrido ou alguma coisa que havia se perdido. © “deménio” entao “fala mil mentiras através da boca daquele ratar uma doenga, também for feiticeiro [aruciero] e se eles desejasse necia o remédio para cla.” ‘Cavazzri forneceu descrigoes de detalhes similares do médium an- ‘golano, o xingila, Como o médium no Congo, o xingila entrava em tan- se induzido por palmas, tambores ou dangas — processo que em um ‘caso observado por Cavazzi levou tres dias para acabar, Em uma deseri- ‘Gio minuciosa de um medium em 1657, Cavazzi viu o ser, nesse caso 0 inmio falecido de um governante de Imbangala, entrar no médiumn, fa Tarde maneira convincente com a voz do irmio ¢ entao informar ao rei “que ele estaria bem aconselhado se concordasse em estabelecer uum tra- ado de paz com os portugueses, em discussio ha algum tempo. Esses ancestrais com frequencia repreendiam os vivos por sia falta de atencio “ou por nao fazerer sacrificios, quase sempre fazendo mais solicitacdes “© povo da Africa Central argumentava que era melhor tentar essa forma de mediunidade na presenga de restos fisicos do ancestral, assim “como 0s ciistins quase sempre utilizavam reliquias de santos para se ‘ou pastores da Igreia, por exemplo, eram vistos como inspirados pelo guinea justfeaiva para controle da grea sobre area "© spinito Santo, endo assim tuma revelagao continua. Além disso, 08 eu Cael borulned) saa ovens Lee Crue jropeus do século XVI acreditavam que varios pressigis,aivinhagbes c sumo descreve cuidadosament¢ 3.050 a ~ aparicdes de seres do outro mundo acomteciam constantemente € con- monio todas as formas de sevelagies palais (si eran geailardad ae ‘ adivinhagao etc), mesmo quando os agentes dF eens le astt6logos, geomanticos ou outros adivinhos See Oe a ns win mip aclu ms po eos MOR 49. lbtino de eelaio carious resis desconina ¢senelhante ‘imobroatn ara uaa ineesaneda ink Read hiscogncind ence nna eyeciac eu cn ue fan ind he Cae o tg Soh i el [Piranesi danse eas (pls) digas ods Trace (lais11) (mans seas oboe 0a Mer calc owiom A R Dues Rea Throgs lis 190) 4, Wi Chia Ll Ago Sa Coa Sa ‘Sanna ae dae eves ero abso do eV Ge oC, Bepanion Sh Mss anki cata isione angela “ets tarts Yt ed Salsa, 230 cl uaizada Ava Ueno seo S.No por exp, gin oie de “ie Sz Yan, 197A) ora pss dak suena de 12 de Luge NAD © Stith ldo genase ‘Bin aon. a ado ales Sup dO Fr ch ‘a apna pt a ea con Baha “de (Ceanbuiy 1.1975) Caine tna ee pcs sno ps aa ini eA Sexnatpc pus denier het te. ego prec aston) 14 Cl, Heenan 930 AA cor sncaos na formato de mundo snc, 1400-1800 “dassificadas como bruxariae seus praticantes queimados (como na ver- Gade millates foram), embora a Igreja ainda aceitasse a maioria das que etavam sob seu controle ou que nio fosse ameacadora (como as apar «bes de santos eda Virgem). Tosa investida contra a revelacao continua obteve éxito, entre apenas porque tanto as autoridades da Igreja quanto do Fstado aceita © fam a idéia de um dlero forte. Em uma posicio de seguranca, 0 clero © ipodia entao usar a forca, se necessario, para garantir a ontodoxia, Os julgamentos de bruxarias, as fogueiras no inicio da epoca moderna e as tividades da Inquisicio foram todas manifestacdes de forca Sem um clero forte © com a valorizacao da revelacio conti jeligibesafficanas eram menos ortodoxas. A cosmologia, a descricio do tuniverso religioso, nao € dada em toda a abrangéncia das revelacoes (descontinuas recebidas em grandes intervalos © cuidadosamente regis- ‘7aradas por escrito ou através de tradicSo oral para a posteridade,*> mas, ‘po contrdrio, € um retrato constantemente atualizado do outro mundo, ppercebido como um fluxo.* © Quando Miiller apresentou a Biblia, que ele tratava como revelagio (descontinua, a populacio da Cosia do Ouro, as pessoas nao ficaram © impressionadas, Acharam o cristianismo, como apresentado nas escritu- ‘ras sagradas, dificil de aceitar pois os eventos em questao haviam acon: {. tecido ha muito tempo ¢ estavam muito distantes.” Em vez de consu tarum livro de revelagdes como a Biblia para determinar o curso daacdo «© em uma situacdo especifica, os africanos simplesmente abordavam um ‘padre ou um medium e podiam esperar uma resposta sobre um t6pico “muito especifico quase imediatamente Se consultas prévias a0 outro nto, ua, as. 55. Os pimeitosevangeIhos cists, 0 Alcorao € a excritras hindus bu foros orl antes de acre excrss Na cultura indiana, 3 ansmissa0 orl como » Lorna tna apropos de pasar a8 feast. Mackenaie Wown, ‘Patana a Suptute Hiomn Sound to tinage inthe Hind “toile dascontinua A tevacho deconins, porno, ido depede da easiencia de wna “adic crs, Podeios cece 3 ou a longa encode eninamenion exoricos psa Sesalmeme ete wina ete exis 0 Talmude eens dis pincipas doutras do bs to ahayana eam posers oclmene pot gages aes de seein wr pubhios “5s ta put deta eein pds saa swacosGsconinans, etme € i ce ow omen copes tases innate por woes misicon sin eitamerte ae (como os enrion de santos de ho Mier Aare 9 Sikenae Holy Nadie”, Hy of Helgor 26 (1986). Gh 8, Neste aso, ansniss20 ora, em Una “siete com om clo fore ui eo de salvguatdar coniwcimemto wecieto de wna mundo tivessem produzido conselhos diferentes, a pessoa em teria de assumir que as entidades do outro mundo haviam mi m. Como os afticanos estavam em comtato quase constante com 6 6 to mundo, exacerbava-se 0 potencial para uma cosmologia e uma re ido instaveis, em constante mudanga, enfraquecendo 0 papel dos’ cerdotes. = Embora a primaria da revelaglo continua na Africa enfraquecesse 6) velmente estavel, Lima vez que um grupo de revelagoes estabeleceu a existéncia de um conjunto de inter-relagoes dos dois mundos, foi possi= ¢ = vel criar uma cosmologia coerente. As revelacOes podiam nao mudar pon- ¢ = tos sts na cosmologa, mas nao precisavam mudar muito a longo tempo, Assim, estudiosos das religides na Africa moderna encontram gr Isso est muito evidente na religido na Africa central, ‘uma descrigio abrangente das crengas em varias fontes (entre mente de acordo com as descrigdes modernas. Wyatt MacGal parar suas proprias observacdes de campo sobre areligito 1960 as de literatos no Congo no inicio das anos 1900. € 3s encontradas em fontes de missionrios em 1500, fot capaz deid rias de seres do outro muni anteriormente); divindades territoriais (que informantes modernos act dditam terem sido seres que ja viveram, mas ha tanto tempo que mio f suem nenhum grupo especitico de descendentes), chefi Mpungu, 0 “primeiro homem” de quem todos: nos elevados que podem ser capturados em magias € que vagam em lugares fora do caminho (fantasimas).* ‘embora o esquema geral de divindades e ancestrais {a Tan cae po ot destino cm SacCalle, egnim Ciatocnters um samen ie a8) tral de Mata 2 9332 Adrien eos ancaon ma ormagio do munde aiica, 1400-1000 ‘Ao reunir um sistema crtico da descricao de Miller da religia da Gosiado Ouro, Adam Jones tentou realizar a mesma tarefa para aquela revit, o comparara antiga descrigio as naratias etnogréficas do in Modo scculoXX. Fmbora menos extensas que as narrativas de MacGatfey nda demonstram a identidade basica dos dois sistemas de crencas. tim Aca, como no Congo, € possivel identificar um grupo de divindades terrtoriais,almas de ancestrais e divindades que habitam feiticos (Os relatos dos jesuitas portugueses em Serra Leoa ¢ cm regides vizi- sphas, assim como as tarrativas anteriores (a descricio de Alvaro Velho da religizo em Serra Leoa que data cle cerca de 1506 € uma das primeitas ‘¢ mais detathadas) nao foram sistematicamente comparados a uma fenografia modea, A medida que esses textos tém sido publicados, ‘especialmente por P, EH, Hair a tarefa tem sido realizada quase a ma- neira de Jones. im Serra Leoa ¢ possivel identificar um grupo de divin- dades territoriais (‘corofins” em fontes portuguesas, hifi hoje) e ances: trais no outro mundo; fantasmas ¢ espiritos enfeiticados sao encontra- dos em outras regides° [Em Serra Leoa, muitos escritores mencionam a ¢ _ dades secretas”, ou sja, associacdes dedicadas 4 adoracio de determina: <2. (© das divindades e nas quais a entrada era restrita a cenas pessoas (4usse | sempre dependendo da riqueza ou status). Hayia probabilidade de que ©*_& oconhecimento esotérico estivesse associado a essas sociedades. Alvares F* -x€identficou uma “universidade” de varias sociedades locais proximas 4 cabo Mount Essas sociedades podem ter elaborado cosmologias € ddirigido grande parte da vida religiosa, porém nosso conhecimento so bre elas naquela época, assim como agora, ¢ limitado. ‘A cosmologia do grupo de pessoas ionuba-aja (inclusive alads) foi estudada em maior profundidade nos tempos modernos do que muitas encia de “soci Fess de wee fons Warder, yp. 968 ov aint AV (nconande 3 Mian py Sh ol) Asaponcoa aeons sto cpensnvetepcombsm wc tans) Raritonasdnsiaon 30 390, ihe sssloucom eanonananc coma fom (Berl poco cost thon Apts hates ba ts) Tp ir tse cota 303, Aves “lpi cil. 6770 «Ai tok et sng por mein aco os xine et eas “Dow 0 et eden is sin ssn wc ows Be ties taints dactive lor nuns ato wa sce {as por Hair (Donel, esrke ie doxunenion ponies public tes divindades, todas com poderes universais (a0 contario das divi dles da maioria das outras regides, que sao especificamente mais toriais), embora a cosmotogia também reconheca uma multidio d piritos menores e de ancestrais” Essas cosmologias sto importantes pan 0 americanos, visto que algumas das religiées afro-amerieanas moder 's, especialmente Santeria em Cuba, apoiam-se nelas.“ Os iorubs fo- ram muito pouco descritos no século XVII, e relativamente poucos fo- ram escravizados nia época, mas as cosmologias aja em geral podem ser encontradas entre os povos do litoral em Aladd e Ajuda. ‘A desctigio de james Barbot de Ajuda do final dos anos 1670 refere se a urs classes de deuses: um deus elevado que era superior atodas 03 Culros; outros deuses importantes, um das Arvores, outro de uma se pente (provavelmente o culto de Dangbe); e uma divindade do o que, como na cosmologia ioruba moderna, € 40 co! urario d inha autoridade universal. Esses deuses manifest por sua vez, em varios outros deuses menores, para rezavam, em geral através de “idolos”, todos semelhantes. giosas na regiao atual. = ‘Os elementos da cosmologia de Alada foram elaborados m1 de Henri Labouret e Pierre Rivet do catecismo de Alada em fevelou que a cabeca de Deus naqueles dias (como hoje) era compost de dois elementos, conhecidos como Vodu € Lisa, mas que 9 cal identificava como Deus ¢ Jesus Cristo (como 0 coneeito de t na Trindade ocidental).“* Embora seja facil reconhecer os p rais dessas descrigdes mais antigas, as mudangas: silo mare {vo uma mata ois abrungemte senda nas ists da nese et Am Online ofthe Cosmology ane Cult Onganizaion of te Oy Yow al Pepa Cues of Aca (ova Yorks 1723), BY 58 Flatt avai de Sera cong uma igo rubs: wer Ts ‘ean ei era (oston, 1982). Tato e303, 854-6 (para Alla). Yee Nonsense ange, Depa des Fonticaions Que ra pa andes ste lions a co sco, 1400-1800 1334. Arie or arenes formato do mins gessas modificagbes © que diz respeito.a Alads &a introdugto do culto Embora apenas um ndimetoiimitaderd eee an Go deus Maw, que substiuiu Vodu (das primeitas fontes), uma intro de sua chegada a0 Novo Mundo (a matoria de afticanos da ddueio que pode rerocortido durante o século XVI em consequéncia da tral), © impacto dos crlstiog afticands fol itifeaeneme politica religiosa do reinado de Daomé* pre escolhidos como catequistas, tanto formal quanto info Além disso, mestno se os africanos no se i REVELAGAO CONTINUA E.A CONVERSAO DE AFRICANOS ; f -convertiam na provavelmente possufam um grande conhecimento do ctistianismo: | Fstabelecida a base do conbecimento religioso em amas as tradi tes do embarque, em conseaiéneia do empenho missiondrio ¢ do “c++ |epes podemos agora cxaminaras citcunstanciashistricasem que acon- proseitismo dos mercadores cristaos e de outros colons, maigrde que t tecou a fssto, Nao & sumpreendente que a fusio no tena sido simples: normalmente se tem reconhecido.* * mente um emaranhiado de cosmologias nem um empreendimento inte Assim, devemos considerar a conversia de africanos como} ‘um exame complexo das tevelagBes conduzidas cesso continuo, iniciado na Aftiea © estendido a0 Novo Munda disso, devemos compreender que nao era inteiramente dependemte 2 Feccual mas, a0 conta Tanto por afficanos quanto por cristios. A forma como as revelacbes Jinieragiram ¢ foram validadas determinou a natureza da religiao rest: condigio da escravidao ou da escravidao sociol6gica, pois, na parte inte: 0 cristianismo africano. ‘cana, muitos dos convertidos eram livres e até mesmo pode © cristianismo afticano podia serconsiderado uma forma de cristia- pessoas quase sempre moldavam a covmologia e a direcio ¢ tnismo uma ve7 que seus adeptos aceitavam uma série de verdades.a.par- ‘mo para toclos os cristios africarios, especialmente em “tir das quais diversos seres do outro mundo — sobretudo santos reco- Congo, onde havia um Estado que dava suporte a Igreja._ | nhecidos pelos cristios catdlicos, porém filtrados pela tradicio religiosa ‘A maioria dos especialistas que analisou a cony Jafficana — eram dads a conheces, conquistando desse modo status es na Africa ou nas Américas, procurou explicar o p cial, e sendo adorados pelos afficanos, Ao mesmo tempo, entretanto, trapor as cosmologias. Desse modo, tataram as cosmo 4 ‘batistianismo africano nao era identico aquele praticado na Europa ou como fixas em vez de dinamicas esubmetidas 3 revelagio conti * la maioria dos euro-americanos, cuja filosofia resultante continuou a explicar a conversio tem sido necessirio, portanto, demonsitat« reconhecer muitas outras revelacdes como validas e, além disso, nunca ‘uma cosmologia se fundiu ou substituiu outro. ; “aceitou totalmente determinados pontos da doutrina catélica, espe¢ Sobel, por exemplo, apresentou uma das discussdes “mente 05 que reforcavam © poder do clero (a primazin das revelagoes gentes e extensas sobre a conversao dos afficanos e seus de stinuas como a Biblia ou a sucessdo apostdlica, € as atitudes resul ‘América do Norte, Sobel escreve em termos gerais Sobre | dos sacramentos e a fungao do papado). africano sagrado” e 08 “cosmos afro-americanos: se desenvolveram nas colbnias inglesas na. Ame ~__ cetistianismo nesse periodo voltou sua atencio para as Américas ¢ res- anilise, as cosmologias des africanos foram ad ( tringju-se a conversao dos eseravos. Ave certo ponto, isso €uma abordagem inagoes europeias cristis. Nos paises > enganosa, pois conversio dos aricanos na verdnde comegou na Altica, tveral, onde a adaptngao fot apropriada, satisfatorio, ¢ a conversio dcorrey Fapis es extudos modemos desconsideraram esse aspecto do probletna G7 Ness ntevssanedicsio de Won Law. “holes of Royal Taser he Dpoltion and Peco real uy ae Cont 17. 571987) 9 ena, ae sn ‘Mavi fl simplemente orfonco dew ul ae ‘once Sas ns 30.8) enon ds prea no) 008 {Gono wena desis ea guna vero Tana “enigtanto 0 catecianno de Allads 0 nossa clararnente Youu ‘hua in Alc and the Aen Te 936 Aan onaricanos ma ormagio do mundo aise, 1400-1800 as diversas tra propria (0 cosmos afro-americano sagrado) a parti d digdes, eapenas aceitaram a conversio quando esse cosmos comegou a “tut ao longo do tempo ‘Otrabalho de Sobel «onde a maioria das conversdes nesse periodo foi feita na Africa. Hilton, = como Sobel, procura compreender exatamente como as crengas africa pas fundiram-se as cristas no Congo. Ao encontrar uma adequagio im: perfeita, Hilton conclu que 0 cristianismo nos séculos XVI e XVIL ena {ima religido apenas parcialmente cristae foi s6 pelo estimulo cos mal- < entendidos das das tradicdes que os paroquianos afrcanos puderam 4) © © realmente se comunicar com os padres cristaos.” 7-© = Agabordaraquestao da conversio cle maneira diferente enfatizando +) ds elementos dinamicos (revelacdes), em vez. dos mais estiveis (cos | mologias) a natureza da conversao se modifica. Qs africanos tormaram- » © se cristaios nao porque os padres ou os convertidos procurassem corres- pondéncia ou substitutos de suas cosmologias. Ao contrario, eles se con- ©” Vertiam pois recebiam “co-revelagdes", ou seja, revelagdes na tradicio africana que se encaixavam na tradigao crista. A conversio era aceita, {que 05 cristaos também aceitavam esse conjunto particular de reve- lacoes como valido. (© processo de conversio, portanto, era realmente um processo de Asoca e avaliacao de revelacdes. Isso pode explicar por que alguns euro- fee | fam as revelacoes de adivinhos € médiuns africanos, assim “como 0s africanos aceitaram as revelacoes do cristianismo. Deve-se sem ~ prellembrar que o controle da Igreja sobre 0 proceso de revelacao con- oe finuana Europaera incompleto, eos europeus do século XVI quase sern- _ << preacolhiam como validas revelacbes que a Igreja nao aceitava, embora ‘tena sido exatamente nesse periodo que a Igreja comecou a controlar o _Processo de revelacho continua de maneira decisiva fe Oipiocemo manifestava-se ocasionalmente na Africa, onde, por ‘exemplo, Alvares constantemente acusava os portugueses de Serra Leoa ide setem maus cristdos e até bruxos por seguirem as revelagGes cont has dos sacerdotes locais” Os ingleses que escutaram 0 ordculo em Koromantin, que predisse a chegada de navios, estavam provavelmente América tem paraleloao de Hilton ne Congo, Aelia fany wan Me pat 70M, Rigi ing p10 asin { 15 Ana" W833 pin tom, 1988). Boe, aceitando essas revelagdes continuas, assim como muitos outros peus fia América, como veremos, : atitude crist@ em relacao a outras religides, Seria facil avribuir a0 der rio as revelacdes clue formaram a base de outa religiao e, entao, duzir a série crista, Mas, a certo ponto, essa abordagem estava restita idéia de que Deus deve terse revelado a outros povos além dos judeus assim, possivelmente, pelo menos outro pove no mundo pode ter ido, revelacdes comprovadas de Deus e nao do demonio. 1 Essa idéia era especialmente relevante para as religides nao-medi terraneas. O demanio pode ter motivado os judeus que rejeitaram oa 4 to ou utilizaram as crengas romanas para tentar conter a propagagao da cristianismo ou fizeram falsas revelagoes a Muhammed, mas ele o fez 4 batalha contra Cristo. Contudo, nas regides do mundo onde Cristo nunes esteve, muitos acreditavam que Deus nao teria dado tal liberdade ao) | deménio S Isso foi exatamente a atitude do clero espanhol no cor as religioes mexicanas, por exemplo. Ao escutar as histérias dos a sobre Quetzalcaot!, um bom rei (deificado no século XVI) qui so do México por um estratagema e que retornaria glorioso, dk Quetzalcoatl deve ter sido o apéstolo'Tomis, trazendo a pall ‘anismo, e aqueles que o expulsaram deve ter sido inspirados P: deménio. Desse modo, procurou-se persuadir os astecas de que es restituindo Quetwalcoatl ao trazer o cristianismo, enquanto ataeave 40 mesmo tempo violentamente as priticas astecas mais attiais Po rem diabolicamente inspiradas pelos inimigos de Quetzalea sy ps ‘bes dle outra religiao a0 vé-las como diabolicas ou 4 6 grau de tolerancia a aspectos daquela religito. Ao d religido estava fundamentada em revelagdes diabalicas. nha escola senado adotar © que chamei de abort ‘a sua sabedoria devia ser negada, um curso de aga a0 das escrituras mexicanas. Mas, se algumas das religido fossemn de origem divina, entio grande part ae Fa ver enire autos, Diego Duran, Huy the Gdsand Ries of he An oveaitare Duis txyden (Nowra, Okla, 1972, 4338 % AAbica cos srcanoe forma do mundo mtsmco, 1490-1800 seria aceito em uma abordagem “inclusiva’, se fosse possivel eliminar fos elementos diabslicos” | x decisio da abordagem mais apropriada a seguir dependia de “muitos faiores, € claro, e na maioria das missoes ocorriam ao mesmo as as abordagens, mesmo onde alguns elementos da religh Jocal cram vistos camo revelacdes validas. De modo geral, as considera © es sobre 0 poder desempenhaxam um grande papel, de mode que a Igreiatinha predisposigao a ser bastante exclusiva em sua atitude quan- ‘Jeo a outras religides, nas quais ela exercia um claro poder politico (como hn México) e inclusiva em caso contrério (China). Isso, por sua vez © ‘refletia 0 grau de seguranga do clero europeu em opesicio & precarieda- _.Na Africa, os europeus exerciam pouco poder sobre a sociedade local «por essa razio, a abordagem inclusiva tendia a prosperar ld {A revelagao continua desempenhiou um papel importante no desen: clvimento do cristianismo africano, sobretudo quando as revelacoes fo- sam aceitas por ambas as partes. Esse processo pode ser claramente obser- Ivado na missio mais bem-sucedida na Africa: a miss4o do Congo. A expe- cia de conversa no Congo € o seu subseqiiente desenvolvimento fo- ham de grande importancia para o desenvolvimento do cristianismo na Africa, A conversio do Congo depois de 1491 comecou com uma série de co-revelacbes. Logo apés a chegada dos primeiros padres catdlicos oficiais ‘no Congo, dois nobres congolenses sonhiaram ao mesmo tempo com uma ismo. Além) de qualquer outra no pais” em forma de ery proximo a sua casa. Quando ‘0 ei Nzinga, um nkuwu, ouviu essas histOrias, pediu explicagdes ao clero ___sistio presente Fes explicaram sem hesitar que a mulher no sonho eraa oS ‘Virgem Maria e que ela e a pedra eram “sinais de graca e salvacio” e que os. ee © _ Se o-cleto cristao via esses eventos como milagres € revelacdes, 0 Gongotambém. Como vimos anteriormente, sonhos e pedras incomuns _representavam formas de pressigio no Congo, ¢ por isso uma forma "aveitivel de revslacao.” Para provar isso de maneira mais completa, a 8. “Altican Catholic Chouch’. pp 152-6 aa cao BMRA 1128-5 (ng each spon a9 omcas) ts mais tahads dodiidente como puesagio ns Cong ver Hain Kiaghon Fay 9 (asco sears sce susan pallet wet cesm 8) Feiges arcana 0 entre mud: primeira igreja constrafda no Congo foi dedicada a Virg aparece no sonho, ¢ veneragio.™ do uma visi if batalha e dizimou os inimigos.”” Como na primeira revelagao, esta tam- bém foi reconhecida como milagre e validada por Portugal, pois quan- do, em 1512, 0 rei de Portugal pediu que um brasdo fosse registrado no Congo, os eventos da aparicao foram incorporados.™ Além disso, 0 dia. de Sio Tiago (25 de julho) tornou-se o feriado mais importante do Congo.” =) Essas co-revelagdes ocorriam de tempos em tempos. No sécul freis capuchinhos registraram uma apari¢ao da Virgem a uma d falara com o Conde de Nsoyo, pedindo a paz entie « feudal no Congo. Essas aparigdes interessavam muit as levava a sério, assim como aos sacerdotes, que tamb como revelagdes divinas. 76, 1ina, Crop, cap, 62, em AIMA 1130. 37, Alias dsereve ese dete em wa cata 0 ede orale 1509 FO ‘ation taseuninos cea paca ee se digi ao po, a oaks € 20 1U2n7, 268) c tornow-a fone te desriges eis do mesmo.senta Mt rnin Suma de gographia {Seilha 1819} py 10910 Roos ‘Nene faz efeenciadajpaigle € sa ita anterior maar Mah Ys4 MMA LA Ulin radigto posterior (cesta Pia 42) coleasa« Vageim Maa na. pio ginal oe 78 Net aexplcacio do brasio do Congo et Afonso 98 Lien dS os Faureama fy ett paras i Pov com base 999 ‘Moose 109, rtlstne.a aeetag dos pocugueses dh 29. tarac fea no aula NV, Net Pata Rishi (ed So. thbloeea Nacional SMe anasto 9999, Anion de {inion del PU Capashinos ea a eno de Congo (© 16 ong ee Sse in sartativa? fl 9. bss jpades cons nn prover nan nuit fra © sonar 0 16 fst alr os wel : 2 tinea le Faas, Mh, manascrio 728 soy Dave Reliiosos Capinas que Sank yma de Congo" [6 1617) W186 termi do murda, 14001800 340 A Arsene os atrcanoy le 0. Algumas ve7es, a8 C0 diferente ¢ dramatica. Quando ara fos paclres viessem a stia base ‘la se aconselhou cor nha Jinga pensou em permitir és espiritos meditinicos (xingula) q) pero, serviam, Cada un ecla perguntou se deveri gue falou através dos médiuns, Em cada caso 0 ance accitar o cristianismo, ainda que isso significasse qu quiria o culto aos ancestrai tral incitou ela nao m: Matamba em 1654-5 e convertesse se fagoes milagrosas tomavam uma forma que ue a mdos mediuins foi possuido por um de seus ancestrais, faseguiro ctistianismo a.cada um dos ancestrais is O episodio foi encarado como milagre, tan to por Calisto Zelotes dos Reis Magros, 0 padre do Congo que 0 teste munhou, quanto por Antoi io de Gaeta, que 0 registrou, pois como vi tam, 0 proprio demdnio (o “verdadciro” possuidor dos médiuns) estava admitindo a derrota.” 0 pressigio do clero também compleiou esses eventos dramaticos, fEm meados do século XVI, uma série de igrejas e capelas foi construida «em todas as provincias importantes de todo o pais. Cada uma delas foi dedicada a um santo ou outra figura da cosmologia crista. Embora nao saibamos os detalhes dos ritos de consagracio dessas igrejas, h4 pouca “ davida de que as patronos eram escolhidos por métodos que emprega. ‘yam adivinhagao ou pressigio, como acontecia na Europa, ¢ essas adivi- haces eram com certeza aceitas como co-revelacoes pelo Congo. Esta {oi sem divida a forma como procedeu Cavazzi ao construir a primeira Jereja em Matamba em 1660, pois sua narrativa é uma longa deserigao de milagres e revelacoes. Fssas praticas, quando realizadas na presenca do povo do Congo, ‘certamente reforcavam o conceito de revelacio. Poderiam, também, ter feito de criar uma fusdo de uma divindade, ancestrais ¢ seres do outro mundo locais que apareceram na regido antes da conversao, com santos ‘04 anjos cat6licos que haviam se revelado aos sacerdotes ou a ¢ pessoas, Assim, 0 povo do Congo compreenderia que os seres que ha muito tempo se revelavam foram sempre santos ou anjos e, em vez de “divindades locais e particulares que ele acreditaya habitar a regio, santos ou anjos universais. No caso de Nsoyo, 0 conceito de um eram deter “minado anjo da guatda para cada pessoa (ou, nesse caso, territ6rio) po- 2 pohonio da Gaeta, Ls mario conwesone ala Fede Santa de eu Chis del Re “(apolen, 1608), pp. 108 5 885 Atal CaPaA,“Missone evanglica’ ol A iso 2 pp. 199 sie Reliptes aricaran ¢ 0 cristanere ne mundo setenco P ia fundir-se as idias locais de divindades teritoriais, A fuss dlivindades com santos era mais interessante, pois fa tealogia 65 santos eram tanto universais quanto particulares, Esse co um determinado santo ser especifico de uma localidade e ainda possi ‘um aspecto que fosse universal era encontrado na Europa, onde a Vie tem desta ou dau cidade era recone como expect da i ce universal ‘Afusio das divindades do Congo com os santos ou anjos extélicos foi uma das partes do dilogo aherto por uma série de revelaches cristae africanas, Além disso, entretanto, o clero eatdlico também aceitou im= — plicitamente que algumas das revelacoes ocorridas antes da chegada dos missionarios eram vilidas, Quando 0s missiondrios decidizam que Gongo conhecia 0 Verdadeito Deus, a quem chamavam de Nzambi a) Mpungu, como mencionou Mateus Cardoso em 1624, eles também! ‘estavam afirmando que Deus deve ter se revelado de alguma forma no Congo sob o mesmo nome As implicagoes de reconhecer que revelagées anteriores de africanos conhecimento sobre 0 Verdadeiro Deus antes da missiondrios também foi sentida em outras regides, Assi plo, quando os capuchinhos e a Inquisicio espanhola decidirar mir um catecismo para Aladé em 1658 que utilizava as palavias para Deus ¢ “Lisa” para Jesus, também estavam de maneira adinitindo que 0 povo da regido deve ter tomado conhecimento, de guma maneira, da existéncia tanto de Deus quanto de Jestts antes da chegada los missiondtios.* (© clevo europeu também reconheceu alguma forma de revel: local em Warri, Warri foi convertida ao cristianismo em 1570 e perma XVIII Infelizmente, temos muito poucas informagdes sobre a za da adoragao teligiosa em Warri, ao contsitio das misses: 9), 0 manera das teas fancen de Franco Bontinck, Mite nme de ong ‘om ae aon dene tatoo assinado €esabeeca. = 1 eth presi foungrafcarnic em Labonst © RO ‘Min Byker *Slsinnary Atv inthe Kingon of Was Ceuiy™ urna ofthe Miso Soy of Naa 2 (1960)024 342 AApexe 0 arcanos a formas donde nino, 4001800 is de "Yangeme em 1637 absersaram que Ii o povo chamava Jes inapaliwra que se refeia a mensagetos do outro mundo em Iteequit {a lingua local). f. WPrctanto, se os missionarios europeus nn Africa ad (ordagem inclusiva da conversio religiosae assim identificaram tanto a adotaram uma Gerda Mnporaneas qua eelages antigo aos aftcanos con © Jae origem divina, ainda poderiam ver uma parte consideravel da vida * | eligiosa africana como de natureza diabolica.}4 vimos que eles acredi- (22 havam firmemente quea maioria das revelacbes feitas em sua época se n Fim comtetido especificamente cristao era diabolica, tal como na Europa [quando a Viger ou outros santos apareciam ou davam mensagens Issa atitude naturalmente se mantinha nas missoes africanas. Uma ex estabelecida a lgreia, talvez por meio das revelacoes, a maioria das . manifestacdes continuas a partir de entao era vista como diabélica, a | menos que viesse especificamente do clero. Eles, portanto, nao tinkam ~ constfanigimento em descrever quase todos os mecanismos de revelagao continua na Africa como diabslicos, “vas” ou “supersticiosos” (termos utilizados na acepcao de Ciruelo, ¢ nao na de uso moderno). Isso também acontecia nas revelagbes que envolvessem divindades tistis, O famoso caso de Dona Beatriz Kimpa Vita ilustra bem esse fate. |. © Beatriz, uma antiga médium (nganga marinda), foi possuida espontane- mente por Santo Antonio em 1701, que permaneccu nela até sua mor- fe em 1706. Qutros santos, conhecidos tanto por seus nomes de santos “quanto como “Pequenos Antonios” (Antoni piccoli), possuiram outros > 1 meédiuns, Nessa época, Santo Antonio falou ao povo do Congo, inci- tando-0s a reconstmuir 0 reino ¢ atacando muitas praticas locais de adi- | yinhacao, Santo Aménio sempre voltava para o céu para consultar Deus ‘exetornava para possuir novamente seu corpo de certa forma morto (ou pelo menos comatoso)- Embora Santo AntOnio respestasse, em geral, os missionarios e inci- ‘tase 0 povo adar apoie a eles ¢ ao papa, os missiondrios nunca tiveram ‘qualquer duvida de que isso era uma possessio demoniaca, Eles denun: a "Be Cokmbino de Nantes a um oi superior capuchin, 7 de aos de 1697, BIMA 838 "})lolomsch ntact por is - Naked um stave seg da nese de owas emia 1987. 1He dan oss en esta de wi se sia nenaygto dS “cone peo nome ciaram Beatrice a0 rei do Congo, Pedro IV, e ela foi exeeutada ‘Talvez porque na Europa a possessio do espititoestivesse 10 | te Tigada a bruxaria (mesmo nos dias do Novo Testamento; Jest expulsava 0 demdnio que se apossava espontaneamente das talvez porque um espirito meditinico representasse um desafio fun ropa em grande parte pela forca de suas revelagSes, especialmente aque. las permitidas por ambas as tradicdes. E claro que nao havia uma. superposicao total. Mi s cijjas revelagoes nao faziam parte da tradicao crista ou nao eram reeo- — nhecidas pela Igrcja, e, embora muitos europeus aceitassem algumas re.“ velacdes afticanas, eles rejeitavam outras como demoniacas: Em 0 africanos nunca foram especialmente sensiveis ao argumenta de re ‘que uma pessoa podia unir-se a paderes do outro mundo p outras. Por esse motivo, podiam compreender as per dotes africanos feitas pelo clero catélico por trabalharer ficos, mesmo se nao concordassem «ue 6 ser invocado ou intrinsecamente demoniaco.* ‘America, Além dos africanos que também eram cristos, havia que ajudavam a gerar uma forma de cristianismo entse info eram cristios. Mas 0 ctistianismo no Novo Mundo tam ‘algumas caracteristicas proprias que o separavam de seu teio no Velho Mundo. 2 90, sta historia fo tecontada em detalles em naratnn lo te capaho ue esterunhiou wad o sp nals fo etnptessa por oad Fite, “Nasional Let foe Aya (Roms) 9 (11): 262308, 16908, 645-68 anges esos documentos extn etn Louis adn, “be esiauation ds oyaunne sos Pc IV et Sant ANON That ged ome 34 (R961) A161. ntrprtocdss ‘amas recentemenie erm [hoenten, Kinglem of Nang pp, 106-125 8 ow, Maca, Religion and Sacer pp 2051 ‘5, Ver Thorton, “Alta Calholle Cut 944 A Aires 03 steamer force d0 mundo limi, 1400: 1800 nada Por exemplo, na Africa, a maiotia das pessoas seguia determ F<-1 seligiag ou cosmologia razoavelmente fixa ¢ estivel. Para clas, exista A Jam eorpe espectfico de revelacdes que vieram a aceitar como legitimas e © _Japantirdo qual construiram uma religito e uma cosinologia Essas reli- Goes eram bastante especiais¢ confinavam-se auuma repido circunscrita, © > Embora nfo necessariamente a uma determinada nacio ou grupo 4._ <-Jetnolingiifstico. Embora 0 povo de Aiud do inicio do século XVII tam Joie) jpém pudesse aceitar revelacbes ioruba (Jucumi)”» ou a populagio da (¢© = lifrica central visse as revelagoes dos mercadores vil itinerantes como _ > {endo algum valor” eles nao entrariam em contato com religioes mais Tee ie Mistantes. (<5) Na América, no entanto, pessoas de regioes mais distantes da Africa seriam reunidas. A nao ser pelo trafico de escravos, os senegimbios nao “* teriam provavelmente encontrado 0 povo da Costa dos Escravos nem © este pov o de Angola. Assim, os afticanos de regioes dispares encontra- <1 .7< iam cosmologias bastante diferentes de suas proprias. Seria dificil, por exemplo, os centro-africanos ou os senegambios com seus conceitos de _--«ativindades locais aceitarem as divindades mais universais do grupo aja da Costa dos Escravos, | Osjesuitas franceses no Caribe, por exemplo, que tinham interesse | _no passado africano de seus escravos paroquianos, dividiam com fre- se dli€ncia 2 Africa em és grandes zonas. Mongin, em 1682, designow ae -f essas zonas pelos nomes dados a Deus. Na Senegambia, a divindade era ~ © chamada Reboucou; em lads, Boudou (Vodu); e em Angola, Gambi __ (Nzambi)"* De modo geral, esse esquema ¢ apropriado, e designa 11@s =~ Brandes padroes cosmoldgicos diferentes, como j4 foi visto na discussao “das religioes alricanas, ¢ corresponde a divisoes culturais minimas das “és “costas” Como em outros aspectos da cultura africana, 0 contexto basico em | _ ie esas diversas tadicoes ganharam expressio inseria-se nas divers > procuravam ativamente desencorajé-lo. Mesmo nos lugares onde os pa- dies continuavam a pregar para exctavos, como na Nova Holanda, eles -« duyidavam que os escravos estivessem realmente sendo convertidos, acre ~ ditando que eles procuravam a conversio para obter a liberdade ou “amenizar sua carga de trabalho.’ mavam em 1647 que Asn Rojas para 0 ti, 16 de abril de 1586, em Trochis de Neracoectea, Panel. pp ava ques evga da isso Passos paler Wa leva aati tle one xtenninn 23 “Rela das usr ks gos Pains de Pern anc A254 367 os Dmimon ia do hia si de 2? de sovmibno de 1622 «cara de 1662, ctwlan en Masa ed Sins ¢Pubilags), 2175 6 ¢ 180 wlio do padi Selyns em 1604, exw Jaieson, Nanas of New Nederland. pp Dev, Ficlaid pp 912 Goigrphts do Brat 22. eles arcanas eo crsiansme no mond Ligon, por exemplo, foi severamente censurado quan discutirreligido com um eseravo em Barbados.” Mauriled um padre franeés que conhecia tanto a politica inglesa qs desa no Caribe, denunciou a pritica desses senhores de ma cravos afastados da fé por temerem que assim ganhassem afl Como resultado, os franceses constantemente tentavam repticiamente aos escravos ingleses onde fosse possivel, co compantilharam a administragio de Saint Christopher! ‘Além dos problemas criados pela resistencia dos senhores « catequizar 0s esctavos por temerem que isso hes permitiria requierer a) liberdade, a forma de apresentara religiao deve tersido mais dificil, Desde) que Lutero proclamara a formula sola scriptura, os protestantes tinhi tentado aceitar um cristianismo apresentado como nas eseriluras sag Iho para a Costa do Ouro como um livro de revelagoes & testantes podem (er encontrado africanos relutantes em de seus senhores sobre a relevaneia dessas mensagens. pazes de receber as revelagdes clos seres cristios, ou pelo cessas revelagdes reconhecidas ou pelos lideres religi nos euiro-americanos. Ha pouca documentacio sobre te tai cravos acreditavam, embora, se aceitarmos 0 Herlein sobre a religiao escrava no Suriname come: ‘outras areas protestantes, provavelmente eles desenvolveral americanas muito fortes das tradigdes nativas africans, que i talvez; as revelagdes de seres de origem nto apenas bém americana nativa. do afro-americano uniforme, como propoe tudo isso deva permanecer como especulagie. para revelagdes que aconteceram no ambit da ‘fro-americana ¢, se a experiencia de outras part tiva, certamente algumas dessas tevelagoes er 125, Ligon, hue wal Bowe Hn,» 50 1 Maite de 8 Stihl, Voges es fe Cet 129. Aveta Romani Socetals si, Tra, 9 Dy 454 AAtiere or aren na formato do mando atic, 1400-1800 {aos africanos eram ‘em areas como a da Carolina do Sul, onde 0s cr tem numerosos."* i ‘Mas, para 05 escravos noric-americanos, a conversio que era acct gel por ambos 0s grupos eve de esperar pelo Grande Despertar dos mea dios do século XVII A teologia do Grande Despertar apoiava-se maciga mente has experiéncias de conversio pessoal para criar um renascimento “osone fortalecer a f6. Essas experiéncias produzidas normalmente em teu. * « nides emocionais de massa foram, praticamente, revelacdes do Espirito ..a©iSanto_ A enfase dada a intervencao do Espirito Santo pelos progadores. ‘\_ batistas ha América do Norte e pelos moravianos na Jamaica fornece.3 > rasa tradicao crista uma revelacio continua, que tanto Os escravos cris = ‘sos 6uro-americanos quanto os afro-americanos puderam compartilhar. © 4 que essas revelacoes originaram-se de uma fonte protestante, elas de- tam uma versio sobre o outro mundo, diferente da do cristianismo afti- “111 cano out do catolicismo. Por fim, insert o Espirito Santo no ato da con- versio resultou na conversio marcante de escravos nos paises protestan- {es, Agora os afro-batistas na América do Norte ou os myalist na Jamaica podiam praticar uma nova forma de mediunidade espitita e, assim, acei- {ar um conjunto de revelagées admitidas pelo cristianismo e ainda ade- quadas a seus conceitos de verdade religios {,_ Amnudanga ea fusio das filosofias religiosas no mundo atlantico foram um outro exemplo da complexa dinamica cultural que transfor: ‘Amou gradualmente os africanos ¢ especialmente os afro-americanos. A <2 “eonversao religiosa, como € entendida convencionalmente, nao fo 101 io, um simples processo em que 0s europeus forcaram os afticanos a uma éigiao estranha, nem a prética das foriiasafricanas tradic tnais de revelagao continua no Novo Mundo representa algum resistencia heroics religiosa e cultural. Em vez. disso, foi um ato vol fio, espontaneo por parte dos africanos, convencidos pelos me ‘posde revelacoes qué seus proprios deuses haviam-Ihes mostrado queo ‘outro mundo era habitado, na verdade, por um grupo de seres identicos a divindades dos europeus 3 Coie testi ie fentnr eno, eat ee rere ocr ere nites oon ant ee pe! Capitulo 10 Resisténcia, fugas e rebelides Arrsaa DE 0s AMTICANOS CONSEGUIRESS, ern MUitos Momentos, recriar€ t mitira cultura africana no Novo Mundo, nao se pode esquecer qu escravos ainda enfrentavam tempos extremamente dificeis: possam ter constituido familias, soci 1 nizagoes de auto-ajuda e coisas do genero, nfo se pade deixar d ato de que os escravos eram, normalmente, muito explorados. do tinham algum privilégio, eram impedidos de participar de tegral da comunidade como um todo. Em tas condig6es pessoas, quer exploradas quer privilegiadas, que ago véem como mu OF ou melhorar sua sorte seguindo as regras normais do sistema. Essa5 P&S) te soas procuram ir akém das circunstancias que a escravidio Ihes impos ¢ texigem mais do que seus donos ou governantes esti dispestos hes por livre vontade, & Esses descontentes eram os resistentes, 05 rebel alteraro sistema. suas regras. Para alguns, era um Mm ‘melhores condigGes para sie para o grupo} para out ta de adquitir poder, libertarse ou determinar si para um outro grupo, um meio de virar a mes governantes. "Os especialistas, ao avaliatem a resistencia, ; geral, expressando opinides conflitantes. Ita os his ddos pelo nacionalismo cultural, por exemple, v@

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