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Capitulo 10 Estudamos, até agui. os objetivas, tarefas e componentes do proceso didético, bem como o proceso de ensino € seus elementos constituti- os —~ objetivos, contetidos, métodos e formas organizativas (destacando a aula como forma basica de organizacio de ensino), e a avaliagio, Na sequér dos capitutos, preocupamo-nos em assentar as linhas basicas de diregiy realizagdo do ensino, no entendimento de que essa tarefa se constitu no ponto de referéncia das outras duas taretas docentes: planejar e avallar Com efeita, o planejamento do ensino e a avaliagio sio alividades jue supéem 0 conhecimento da dindmica interna do processo de ensino e apse Gizagem e das condigdes externas que co-determinam a sua efetivacie planejamento escolar é uma tare docente que inclui tanto a prev:sa0 das atividades diditicas em termos da sua ofganizagio e coondenago em face dos objetivos propostos, quanto a sua revisio e adequagio no de Jo processo de ensino. O planejamento é um meio para se programar as agdes docentes, mas ¢ também um momento de pesquisa e retlex30. nti- namente ligado a avaliagio, Ha 165 modalidades de planejamento, articuladas entre si: o plans da escoia, o plano de ensino eo plano de aulas. Neste capitulo sero tratados os seguintes temas: a importancia do planejamento escolar: requisitos gerais para o planejamento, © plano da escola: © plano de ensino; 6 plano de aulas. soeosa Importancia do planejamento escolar O trabalho docente, como vimos, ¢ urn atividade consciente e siste- miltica, em cujo centro esti a aprendizagem ou 0 estudo dos alunos sob a diregio do professor. A complexidade deste trabalho foi evidenciada a0 longo deste livro: ele nio se restringe a sala de aula; pelo contrério, esti diretamente ligado a exigéncias sociais e & experiéncia de vida dos alunos. A assimilagio de conhecimentos e habilidades € 0 desenvolvimento das capacidades mentais decorrentes do processo de ensino nao tém valor em si mesmos, mis visam instrumentalizar os alunos como agentes ativos ¢ participates na vida social. planejamento & um processo de racionalizagio, exganizagdo e coor denagio da ago docente, articulando a atividade escolar ¢ a problematica do contexto social. A escola. 0s professores € os alunos sio integrantes da dindmica das relagdes sociais: tudo 0 que acontece no meio escolar esti atravessado por influéncias econémicas. politicas e culturais que caracte- rizam a sociedade de classes. Isso significa que 05 elementos do planeja- mento escolar — objetivos, contetidos, métodos — estio recheados de implicagdes sociais. t8m um significado genuinamente politico. Por essa azo. o plangjatmento é uma atividade de reflexao acerca das nossus opgdes © agdes: se no pensarmos detidamente sobre 0 rumo que devemos dar a0 nosso trabalho. ficaremos exitregues aos rumos estabelecidas pelos interesses dominantes na sociedade, A agdo de planejar, portanto. ndo se reduz a0 simples preenchimento de formulirios para controle administrativo; é, antes. 3 atividade consciente de previsio das ages docentes. fundamentadas em opgdes politico-pedagdgicas. e tendo como referéncia permanente as situa- ges didsticas coneretas (isto é. a problemitiea social, econdmica. politica © cultural que envolve a escola, 05 professores, os alunos, os pais, a co- munidade, que interagem no processo de ensino). O planejamento escolar tem, assim, as seguintes fungoes; a) Explicitar prineipios, diretrizes ¢ procedimentos do trabalho docent: que assegurem a articulagio entre as tarefias da escola e as exigéncias do conexta social ¢ do processo de participagio democritica. b) Expressar 0s vinculos entre 0 posicionamento filosdfice, politico-pe- dagégico e prafissional ¢ as agdes efetivas que o professor ir realizer na sala de aula, através de objetivos. contetidos, métodos e formes organizativas do ensino. ©) Assegurar a racionalizagio. organizagio e coordenagao do trabalto docente, de modo que a previsio das agdvs docentes possibilite 20 professor a realizagio de um ensino de qualidade e evite a improvisa ea rotina, d) Prever objetivos. contetidos e métados a partir da consideragio dis exigénicias postas pela realidade social. do nivel de preparo ¢ das car digGes sécio-culturais ¢ individuais dos alunos, e) Assegurar a unidade e a coeréneia do trabalho docemte, uma vez que torna possivel inter-relacionar, nun plano, os elementos que compdcm. 6 proceso de ensino: os objetivos (para que ensinar), os conteticas (© que ensinar), 05 alunos e suas possibilidades (2 quem ensinar), os métodas ¢ téenicas (como ensinar) ¢ @ avaliagio, que estd intimameste relacionada aos demais. 1) Atualizar @ cometido do plano sempre que é revisto. aperfeigoands-o em relacho aos pragressos feitos no campo de conhecimentos, ale- quando-o as condigdes de aprendizazem dos alunos, aos métodos, tSc- nicas ¢ recursos de ensino que vaio sendo incorporadas na experiéncia cotidiuna. Facilitar @ preparagao das aulas: selecionar o material didético em tempo habil, saber que tarefas professor e alunos devent execurar, replanejar o trabalho frente a novas situagdes que aparecemi no deco rer das auias. Para que os planos sejant eferivamente instrumentos para a agio, devem ser como um guia de orientagio e devem upresentar ordem seqiiencial. objetividade, coeréncia, flexibilidade. Em primeiro lugar, o plano é um guia de orientacéo, pois nele sio estabelecidas as direttizes @ 0s meios de reulizagte do trabalho dacente. Como at suc fungdo € orientar a pritica, partindo das exigéncias da prépria pritiea, ele no pode ser um documento rigido ¢ absoluto, pois uma das caracteristicas do processe de ensino é que esti sempre em movimento. esti sempre sofrendo modificagdes face as condighes reais. Especialmente em relagao aos planos de ensino e de aulas, newt sempre as coisas oco-rem 23 exatumente como foram planejadas: por exemplo, certos contetidos exigirio mais tempo do que o previsiv: © plano wie previu um periodo de levan- tamento de pré-requisitos para iniciar a matéria nova: no desenvolvimento do programa houve necessidade de maior tempo para consolidagio ete Sto necessérias, portanto, constantes revisdes. Em segundo lugar, o plano deve ter uma ordem segitencial, progressivs. Para alcangar os objetivos, silo necessarios viirios passos. de modo que ¢ ago docente abedega a uma seqiléncia I6gica. Ngo se quer dizer que. na prdtica, os passos nJo possam ser invertidos. A ocorténcia dessa possibi- Tidade & uma coisa positiva, embora indique que a nossa previsio fulhou: somente sabemos que falhou porque fizemos uma previsio dos passos. Em terceiro lugar. devemos considerar a objerividade. Por objetividade emtendemos a eartespandéncia do plano com a realidade & que se vai aplicar. Nao adianta fazer previsdes fora das possibilidades humanas e materia’s da escola, fora das possibilidades dos alunos. Por outro lado. & somente tendo conhecimento das limitagdes da realidade que podemos tomar deci- sbes para superago das condigdes existentes. Quando falamos em realidade. devemos entender que a nossa ago, ¢ 4 nossa yontade, sto também com- ponentes del, Muitos professores ficam lastimando dificuldades e acabam por se esquecer de que us limitagdes e os condicionantes do trabalho docente podem ser superades pela agiio humans. Por exemplo, no inicio do ano o professor logo percebe que os alunos vieram da série anterior sem certos pré-requisitos para comecar matéria nova. Pode até acontecer que © pro- fessor da série anterior tenha desenvolvido a matéria necessdria, mas os alunos esquecetam os conbecimentos ou no os consolidaram. Essa cunstincia é um dado de realidade, Nao resolverd nada criticar o professor da série anterior ou tachar os alunos de burros. Ao contrario. (rata-se de tomar esta realidade como ponto de partida e trabalhar os pré-requisitos. sem os quais € impossivel comegar matéria nova, Em quarto lugar, deve haver coeréncia entre os objetivos gerais, os objetivos especificos, contetidas, métodos e avaliagyo. Coeréncia é a relagio que deve existir entre as idéias e a pritica. E também a ligacio légiea entre 05 componentes do plano. Se dizemos nos nossos objetivas gerais que a finalidade do trabalho docente é ensinar os alunos pensar. a de- senvolver suas capacidades intelectuais. a organizagio dos contetidas e mé- todos deve refletir esse propdsito. Quando estabelecemos objetivos espe- cificos da matéria, a cada objetivo devem corresponder contedidos ¢ métodos compativeis. Se queremos conseguir dos alunos autonortia de pensamento, capacidade de raciocinio, devemos programar tarefas onde os alunos possam desenvolver efetivamente, ativamente, esses propésitos. Se temos em mente que no hd ensino sem a consolidacdo de conhecimentos, a nossa ewaliagdo 24 da aprendizagem ndo pode reduzir-se apenas a uma prova bimestral, mes devemos aplicar muitas formas de avaliagza ao longo do proceso de ensin Em quinto lugar. o plano deve ter flexibilidade. No decorter do aro letivo, o professor esta sempre organizando e reorganizando o seu ¢raballi>. Como dissemos. 0 plano é um guia endo uma decisto inflexivel. A relageo pedagdgica esta sempre sujeita a condigdes concretas, a realidade est seri- pre em movimento, de forma que o plano esti sempre sujeite & alteragées. Por exemplo, is vezes © mesma plano é elaborado para duas classes Ci- ferentes. pois niio é possivel fazer previsdes definitivas antes de colocar 0 plano em execugio: no decorrer das aulas, entretanto, 0 plano vai obriga- toriamente passando por adaptagées em fungio das situagées docentes € pecrficas de cada classe. Falaumos das finalidades e das caracteristicas do planejamento, Resta dizer que ha planos ent pefo menos trés niveis: o plano da escola, 0 plano de ensino € 0 plano de aula. O plano da escola & um documento mais global: expressa orientagées gerais que sintetizam. de am fado, as ligagtes da escola com o sistema escolar mais amplo e, de outro. as ligagées do projeto pedagdgico da escola com os planos de ensino propriamente ditos O plano de ensino (ou plano de unidades) & a previsdo vos objetivos ¢ turefas do trabatho docente pata um ano ou semestre; € um documesito mais elaborado, dividido por unidades seqiienciais, no qual aparecem eb- jetivos especificos, conteiidos © desenvolvimento meiodolégico. O pleno de aula € 1 previsio do desenvolvimento do contetido para uma aula ow conjunto de aulas ¢ tem um carster bastante especifico. O planeiamento niio assegura, por si $6, 0 andamento do proceso de ensino, Mesmo porque a sua elaboragao esté em fungio da direcdo, o1 nizagio ¢ coordenagio do ensino. E preciso, pois. que os planos este“am continuamente ligados & pritica, de mado que sejam sempre revistes € tefeites. A ago docente vai ganhando eficdeia na medida em que o professor vai acumulando © enriquecendo experiéncias ao lidar com as situagdes coneretas de ensino, Isso significa que, para planejar, 0 professor se seve, de um ido, dos conhecimentos do proceso diditica e das metodolo as especificas das matérias e. de outro, da sua propria experiéneia praties. A cada etapa do processo de ensino comvém que o professor va registrando no plano de ensino e no plano de aulas novos conhecimentos, novas ex- periéncias. Com isso, vai criando e recriando sua propria didatica, vai en Tiquecendo sua pritica profissiona) e ganhando mais seguranga. Agindo assim, © professor usa 0 planejamento como oportunidade de reflexto ¢ avaliagiio da sua prética, além de tornar menos pesado o seu trabalho, ama vez. que nao precisa, a cada ano ou semestre, comegar tudo do marco zero, Requisitos para o planejamento Conforme vimos. o planejamento escolar & uma atividade que orienta a tomada de decisdes da escola ¢ dos professores em relacio as situagdes docentes de ensino e aprendizagem, tendo em vista alcangar os melhores resultados possiveis. O que deve orientar a tomada de decisdes? Quais si ‘0s sequisitos a serem levados em conta para que os planos da escola, de ensino e de aula sejam, de fato. instrumentos de trabalho para a intervenga0 € transformagdo da realidade? s principais requisitos para o planejamento so: os objetivos e tarefas da escola democritica; as exigéncias dos planos e programas oficiais: as condiges prévias dos alunos para a aprendizagent; 0s principios e as con- digdes do processo de transmissio e assimilagio ativa dos contetidos. Obdjetivos e tarefas da escola democratica A primeira condicio pata o planejamento sto conviegdes Seguras sobre at dirego que queremos dar ao processo edueatixo a nossa Sociedade, ou seja. que papel destacamos para a escola na formagiio dos nossos alunos. Desde 0 inicio deste livro mostramos que os objetivos ¢ tarefas da escola demoeritica estio ligados as necessidades de desenvolvimento cultural do povo, de modo a preparar us criangas ¢ jovens para a vida ¢ para o trabalho. Sabemos que a escola publica de hoje ¢ diferente da escola do passado. A escola publica do passada era organizada para atender os filhos das familias das camadas alta € média da sociedade, ue. geralmente, jd dis- punham de uma preparacio familiar anterior para terem éxito nos estudos. Era uma escola que proporcionava uma formagio geral e intelecwal para 6s filhos dos ricos, enquanto os pobres que conseguiam ter acesso 3 esco- larizagao tinham outra escola: a de preparagao para o trabalho fisico (para profisses manuais), com conhecimentos reduzidos e quase nenhuma preo- ‘cupagdo com 0 desenvolvimento intelectual A situag3o pouco mudou no que se relere wos cantetidos do ensino, ‘mas houve uma modificagio fundamental: a escola publica de hoje — & aqui falamos das escolas dos centros e periferias urbanas das grandes ¢i- dades, das escolas dus cidades de médio e pequeno porte e das escalas rurais — recebe um grande contingente de criangas e jovens pertencentes 2 populagao pobre. Esta realidade impoe as escolas ¢ aos professores a exigéncia de fecolocar a questio dos objetivos e das contetidos de ensino, 226 ‘no sentido de proporcionar a essa populagio uma educagao geral, intelectual © profissional A escola democritica. portanto, & uquela que possibilita a todas as criangas a assimilagio de conhecimentos cientificas ¢ 0 desenvolvimeno de suas capucidades intelectuais. de modo 4 estatem preparadas para p: ticipar ativamente da vida social (na profissio. iia politica, na cultur ). Assim, as tarefas da escola, centradas na transmissio e ussimilag3o ativa dos conkiecimentos. devem contribuir para objetivos de formacio prof sional, paca a compreensio dis reatidades do mundo do trabalho: de for- magio politica para que permita o exercicio ativo da cidadania (participagio nas organizagdes populares. atitude conscieme e critica no processo eleitoral etc.): de formagdo cultural para adquirir uma visio de mundo compativel com os interesses emancipatdrios da classe trabalhadora. Ao planejarem o processo de ensino, a escola e os professores devem, pois. ter clareza de como o trabalho docente pode prestar um efetivo servico 2 populagds e saber yue conteridos respondem as exigéncias profission is. politicas culturais postas por uma sociedade que ainda no alcangou a democracia plena Se acreditamos que a educagio escolar term um papel nia democratizazao nas esteras econ6mica. social. politica e cultural. ela sera mais democrivica quanto mais for universalizada a todos. assegurando tanto 0 acesso 2 a permanéncia nas séries iniciais, quanto o dominio de conhiecimentos bits cos © sociatitiente relevantes ¢ o desenvolvimento das capactidades intelect sais por parte dos alunos, Exigéncias dos planos e programas oficiais A educagio escolar ¢ direito de todos os brasileiros como condigio de acesso ao trabalho. & cidadania ¢ 3 cultura. Enquanto tal & dever dos governos garantir o ensino bisico a todos. tragat uma politica educacional. prover recursos financeiros e materiais para o funcionamento do sis ema escolar. administrar e controlar as atividades escolares de modo a assegurar © direito de todas as criancas e jovens receberem um ensina de quatélade esocialmente relevante, Sabemos que em nosso pats as coisas nao se passam assim, & em todos os lugares a educagio escolar do povo tem sido relegada 0 segundo plano, Entretanto. os diversos setores organizados da sociedade = organizacdes e movimentos populares. pais. professores, alunos — tm exigido dos governos cutipriments das suas obrigagdes puiblicas en re- lagio go atendimento do direito & educagio. ‘Uma das responsabilidades do poder piblico é a elaboracao de planos ¢ programas oficiais de instrucio, de ambito nacional. reelaborados e or- ganizados nos estados € municipios em face de diversidades regionais e lo- cais. Os programas oficiais. 1 medida que refletem um niicleo comum de conhecimentos escolares, tém um canter demoeritico, pois. a par de serem garantia da unidade cultural e politica da nagio. levam a assegurar a todos 05 brasileiros, sem discriminacdo de classes sociais ¢ de regides. 0 direito de acesso a conhecimentos bisicos comuns. Os planos e programas oficiais de instrugdo constituem, portanto, um outro requisito prévio para o planejamento. A escola ¢ os professores, porém. devem ter em conta que os planos e programas oficiais sio direttizes gerai so documentos de referéncia. a partir dos quais sio elaborados os planos didaticos espec prdprios planos. selecionar os contetidos. métodos € meios de organtizacio do ensino, em face das peculiaridades de cada regio. de cada escola e das particularidades € condigdes de aproveitamento escolar dos alunos, jicos. Cabe a escola ¢ aos professores elaborar os seus ‘A conversio dos planos ¢ programas oficiais em planos de ensino para situagdes docentes especificas 130 & uma tarefa Facil, mas € 0 que assegura a liberdade e autonomia do professor e a adequago do ensino as realidades locals. Além disso. nenhum plano geral, nenhum guia metodo- Idgico. nenhum programa oficial tem respostas pedagégicas e diditicas para garantir 2 organizagi0 do trabalho docente em situagdes escolares coneretas. Na verdad. cabe ao professor, mais que o cumprimento das exigéncias dos planos e programas oficiais, a tarefa de reavalig-los tendo em conta objetivos de ensino para a realidade escolar onde trabalha. Conta-se, aqui, com a criatividade, o preparo profissional, os conhecimentos de Didatica, de Psicologia, de Sociclogia e, especialmente, da disciplina que esse pro- fessor leciona e seu significado social nas circunstancias concretas do ensino, Condigées prévias para a aprendizagem © planejamento escolar — seia da escola, sefa do professor — esti condicionado pelo nivel de preparo em que os alunos se encontram, em relagio as tarefas da aprendizugem, Conforme temos reiterado, os contetidos de ensino sio transmitidos para que os alunos os assimilem ativamente e ‘os transformem em instrumentos teéricos ¢ priticos para a vida pratica, Saber em que pé esto os alunos (suas experiéneias, conhecimentos ante- riores, habilidades e hibitos de estudo, nivel de desenvolvimento) é medida 28 indispensdvel para a introdugo de conhecimentos novos e, portanto, pasa 0 éxito de ago que se planeja, Em relag2o aos alunos da escola publica. a verificago das condigges potenciais de rendimento escolar depende de um razoivel conhecimeno dos condicionantes sécio-culturais e materiais: ambiente social em que vem, a Tinguagem usada nesse meio, as condigdes de vida e de wrabalto, Esse conhecimento vai muito aléar da simples constatag3o da realidade; dove servir de ponto de apoio pedagdgico para o trabalho docente. E preciso que 0 professor esteja dispontvel para aprender com a realidade, extriir dos alunos inforspagdes sobre a sua vida cotidiana, levé-los a confronar 6s seus proprios conhecimentos com a in\formagio embutida nos conteticos escolares, O fato € que os determinantes sociais e culurais da sua existén sia concreta influem dizetsmente na apreensio dos objetos de conhecime'io trazidos pelo professor e. portanto, constituem ponto de partida para a similigio dos conhecimentos sistematizados. © planejamento da escola do ensino dependem das condigdes es:o- lares prévias dos alunos, De nada adtanta introduzir matéria nova, se os alunos curecem de pré-requisitos, A introdugio de matéria nova ou a ¢an- solidagdo da matéria anterior requerem necessariamente verificar o pento de preparo em que os alunos se encontram, a fim de garantir a base de conhecimentos © habilidades necessaria para a continuidade da matéri Umi professor no pode justificar o fracasso dos alunos pela falte de base anterior: 0 suprimento das condigdes prévigs de aprendizagem deve ser previsto ne plano de ensino. Nio pode alegar que os alunos sto Jis- persivos: ¢ ele quem deve criar as condigbes, os incentivos ¢ os conter‘dos Para que os alunos se concentrem e se dedigaem ao trabalho. Nao fade alegar inacuridade; todas os alunos dispdem de um nivel de desenvolvi- ‘mento potencial ao qual o ensino deve chegar. Nao pode atribuit aps pais 6 desinteresse & a falta de dedicago dos alunos, muito menos acusar & pobreza como causa do mau desempenho escolar: as desvantagens intelec- tuais e a prépria condigio de vida material dos alunos, que dificultan 0 enffentamento das tarefas pedidas pela escola, devem ser tomadas como ponto de partida para 0 trabalho docente Principios e condicées de transmissdo/assimilagdo ativa Este requisito diz. respeito a0 dominio des meius e condigdes de crien- tagio do processo de assimilagio ativa nas aulas. O planejamento das uni- 29 dades didéticas e das aulas deve estar em correspondéncia com as formas de desenvolvimento do trabalho em sala de aula, Uma parte importante do plano de ensito & a descrigdo das situagdes docentes especificas, com a indicagdo do que os alunos fario para se envolverem na atividade docente © do que o professor fara para dirigir a atividade cognoscitiva dos alunos em classe, Este assunto j4 foi desenvolvido em capftulos anteriores. Oplano daescola O plano da escola € o plano pedagdgico ¢ administrativo da unidade escolar. onde se explicita a concepgao pedugdgica do corpo docente, as bases te6rico-metodologicas da organizagio didatica, a contextualizagao social. econdmica, politica e cultural da escola. a curacterizagio da clientela escolar, os objetives educacionais gerais, a estrutura curticular, diretrizes metodoldgicas gerais, o sistema de avaliagiio do plano, a estrutura or zacional ¢ administrativa ini- plano da escola & um guia de orientagio para o planejamento do processo de ensino. Os professores precisam ter em mios esse plano abran- gente, no sé para uma orientac20 do seu traballio, mas para garantir a tunidade te6rico-metodol6gica das atividades escolares, © plano da escola enguanto orientagdo geral do trabalho docente, deve ser consensual entre 0 corpo docente. Pode ser elaborado pot um ou mais membros do corpo docente e, em seguida, discutido. O documento final deve ser um produto do trabalho coletivo, expressando os posiciona- mentos ¢ a pritica dos professores. Com efeito, o plano da escola deve expressar os propdsitos dos educadores empenhados numa tarefa comum. A nao-confiuéneia em torno de prineipios basicos de ago pode ser nefust para a aco coletiva na escola, com repercussdes negativas na sala de aula, A seguir. sugerimos um roteiro para a elaboragtio do plano da escola 1. Posicionamento sobre as finalidades da educagio escolar na sociedade na nossa escola Bases tedrico-metodolégicas da organizagio didética ¢ administrativa sio 0 nosso entendimento sobre: + 0 tipo de homem que queremos formar: + as tarefas da educaga 10 geal, + 0 significado pedagésico-diditico do trabalho docente: as teorias do ensino e da aprendizagem; 230 6 + as relagdes entre 0 ensino ¢ @ desenvolvimento das capacidades imtelectuais dos alunos: + 9 sistema de organizagio ¢ adminisirayiio da escots. Caracterizagio econémica, social, politica ¢ cultural do contexto en que esti inserida « nossa escola: + panorama geral do contexto: + aspectos principais desse contexto que no-aprendizagem. Caracteristicas sécio-culturais dos alunos: + of! idem no processo ensi- -m social € condigdes materiais de vidas + aspectos culturais: concepsio de mundo, priticas de criagao e egu- cagio das criangas, motivagdes e expectativas profissionais, ling 1a- gem, recreagio, meios de comunicagio ete + caracteristicas psicolégicas de cada faixa etdria em termos de apren- dizagem e desenvolvimento. Objetivos educacionais gerais da escola quanto As): + aquisigio de conhecimentos e habilidades: + capacidades a serem desopvelvidas; + atitudes © conviegdes, Direwizes gerais para « elaboragio dy plano de ensino: + sistema de matérias — estrutura curricular; + critétios de sefegdo de objetivos e contetidos; + diretrizes metodolégicas gerais e formas de organizagao do ens:no; + sistemstica de avaliagio. Diretrizes quanto & organizagio ¢ & administragio: + estrutura organizacional da escola: + atividades coletivas do corpo docente: reuniBes pedagégicas, con- selho de classe, atividades comuns: + calendirio & horario escolar; + sistema de organizagio de classes: + sistema de acomipankaniento e aconselliamento dos alunos; + sistema de trabalho com os pais: + atividades extra-cfasse: biblioteca, grémio estudantil, esportes fes- tas. reereagio, clubes de estudo, visitas a instituigdes e locas da cidade: stema de aperfeigoamento profissional do pessoal docente ¢ ad- autinistrativo, 234 + normas gerais de funcionamento da vida coletiva: relagdes imternas na escola e na sala de aula. O plano de ensino © plano de ensino & um roteiro organizado das wnidades diditicas para um ano ou semestre, E denominado também plano de curso ot plano de unidades diditicas e contém os seguintes componentes: justificativa da disciplina em relagio aos chjetivos da escola; objetivos gerais: objetivos PLANO DE ENSINO (ANUAL/SEMESTRAL) Disciplina: Série: Ano: N." de aulas ne ano: no semestre: Professor a Justificativa da disciplina (uma ou mais piginas) Objetivos gerais: Objetivos | Conteddos | N" de] Desenvolvimento metodalégico espectficos aulas Unidade 1 1). 2 », Move Unidade I 1. 2. 3) Bibliografia (do professor) Livro adotado para estudlo dos stuns especificos, contedido (com a divisio temética de cada unidade); temo provavel e desenvolvimento metodolégico (atividades do professor ¢ dbs alunos). Sua elaboragao pode ser apresentada de acordo com o quadro da pagina anterior. Justificativa da disciplina Este tépico do plano de ensino deve responder 3 seguinte pergunta: qual a importincia e o papel da matéria de ensino no desenvolvimento Jas capacidades cognoscitivas dos alunos? Em outras palavras, para que serve ensinar tal matéria? O estudante do curso de Habilitag’io ao Magisterio precisa saber responder @ esta questio. A jusfificativa pode ser iniciada com consideragdes sobre as fungbes sociais ¢ pedagégicas da educagio escolar na nossa sociedade, tendo em vista explicitar os objetivos que desejamos alcangar no trabalho docente com os alunos. Em seguida, descrevem.se breverente os contetidos bas-cos da disciplina para indicar para que serve 0 que se vai ensinar, Com isso se v0 definindo os objetives prioritérios, tendo em vista a sud relevareia social. politica, profissional ¢ cultural. Finalmente, trata-se de expliciter as formas metodolégicas para atingir os objetivos. com base nos princfpios Gidaticos gerais € no método proprio de cada disciplina, tendo em vista a assimilagao ativa dos conhecimentos e 0 desenvolvimento das capacidades cognoscitivas dos alunos. Em resumo, a justificativa da disciplina responder a wés questoes basicas do processo didatico: 0 por qué, 0 para qué e o como. Este prinreiro passo facilitatd enormemente nos passos seguintes da elaborac3o do p ano. Delimitagdo dos contetidos No passo anterior foram explicitados os objetivos do ensino da macéria, nda que de forma mais geral. Para que possamos definir objetivos espe- cfficos, que. na verdade, sia jd os resultados esperados da aquisigz0 de conhecimentos e habilidades (ainda que fixados de antemdo), devemos de- Jimitar os conteidos por unidades didaticas. com a divisio temétiza de cada uma, Unidades didéticas so o conjunto de temas inter-relacionados que compoem o plano de ensino para uma série, Cada unidade diddtica contém tum tema central do programa, detalhado em tépicos. 233 Uma unidade didatica tem como caracteristicas: formar um todo ho- mogéneo de contetidos em torno de ure idgia central: ter uma relagdo significativa entre os t6picos a fim de facilitar 0 estudo dos alunos: tet er. carater de relevdncia social, no sentido de que os contetidos se tornem “vivos” na experigncia social conereta dos alunos. A selecio © organizagio dos contetidos passam por determinados Te- quisitos © critérios, bem como pela especiticidade da matéria. Devemos Tembrar-nos de que os contetidos no consistem apenas de conhecimentos. mas também de habilidades. capacidades, atitudes € convicgbes. O procedimento mais simples de organizagao do conjunto das unidades diditicas do plano & o seguinte: a) Tendo em mente sua concepgio de educagdo e escola, sett posiciona- mento sobre os abjetivos sociais e pedagdgicos do processo de ensino €, ainda, scu posicionamento € conhecimento em relagao a disciplina que leciona. o professor comega a elaborar o programa. Para isso deve consullar © programa oficial da matéria (recomendado pelo estado ou municipio). 0 livro didatico escalhido € outros livros de consulta, b) © programa ou contetdos para a série € inicialmente dividido em unidades didtieas (como se fossem capitulos de um livro). eada uma com seus respectivos tépicos. A primeira versio ¢ 0 levantamento geral de temas que podem ser trabalhados. Uma segunda versio ser necesséria para adequar 0 programa do nivel de preparo dos alunos. as condigdes concretas de desenvolvimento das aulas, os objetivos gerais do ensino da matéria. 2 continuidade do programa desenvolvido na série anterior e. finalmente, a0 tempo disponivel c) Concluida a segunda versio, « professor tera um conijunto de unidades didsticas para um ano ou semestre e 0 niimero de aulas para cada uma, Far’ ento uma dltima checagem para verificar: se as unidades formam um todo homogéneo e Iégico; se as unidades realmente contém 0 contetido bisico essencial em re- Jagio 8s condigdes de aprendizazem dos alunos e A exigéncia de con- solidagdo da matéria assimilada, seo tempo provavel de desenvolvimento de cada unidade é realista em relagio 40 que dissemos no item anterior: 5 se os L6picos de cada unidade realmente possibilitam o entendimento da idéia central contida nessa unidade; 1D _ se 08 t6picos de cada unidade podem ser transformados em tarefas de estudo para os alunos € em objetivos de conhecimentas ¢ habilidades. 234 Resumindo: 0 contetido (ou programa) da disciplina € selecionado organizado em unidades didéticas, estas subdivididas em t6picos, A prir- cipal virude de uma unidade diditiea & que os seus tépicos milo sio sin - plesmente itens de subdivisio do assunto, mas comtetidos problematizadcs em funcdo dos objetives e do desenvolvimento metodolégica. Quanto mais cuidadosamente for formulado 0 conjunto de unidade mais facilmente o professor poderd extrair delas os objetivos espectfices. ‘os métados ¢ procedimentos de ensino. A respeito da selegiio e dos critérios de seleco de contetidos, consult ar © capitulo 5. Os objetivos especificos Ao escrever a justificativa da disciplina, 0 professor tragou a orientacio geral do seu plang explicitando a importincia e © sev papel no conju to do plano da escola, o que espera que os alunos assimilem apds o esti do da disciptina e as formas para atingir esse propdsito. Agora, partindo fos comteridos, fixard os objetivos especificos, ow seja, os resultados a ol ter do proceso do transmissdio-assimilagio ativa de conhecimentos. concei os, habilidades. Uina ver. redigidos, os objetivos especificos vio direcionar o trai tho docente tendo em vista promover a aprendizagem dos alunos, Passam. in- clusive. a ter forga para a alterago dos contetidos e€ métodos. Na reda-o, © professor transformara t6picos das unidades numa proposicio (afirma.io) que expresse o resultado experado e que deve ser atingido por todo. os alunos ao térinino daquela unidade didstica. Os resultados sio conlecinentos (conceitos, fatos. prineipios. tea tas. interpretagdes. idéias organizadas etc.) ¢ habitidades (0 que deve apre Wer para desenvolver suas capucidades intelectuais: organizar seu estuda : tivo e independente: aplicar formulas em exercicios: observar. colelar e organizar informagdes sobre determinado assunto; raciocinar com dados da realic ade: formutar hipdreses: usar materiais e instrumentos dirigidas peta apten tiza- gem da matéria, como dicionatios, mapas. réguas ete.) Na redagio dos objetivos especificos, © professor pode indicar tan bem as atitudes e comiegdes em relagio 2 matéria, ao estudo. ao relacionarsento humano. 4 realidade social (atitude cientifica, eonsciéncia erica, re pon- sabitidade, sotidariedade ete.). Embors dificitmente possam ser ca sfor- mados em proposigdes expressando resultados, esses itens fazem part dos objetivos e tarefas docentes. Formuiar objetivos é uma tarefa que consiste, basicamemte. em des- erever os conhecimentos a serem assimilados. as habilidades, habitos e atitudes a serem desenvolvidos. ao término do estudo de certos contetidos de ensivo. Objetivos refletem. pois, a estrutura do conteddo da materia, Devem ser redigidos com elareza. expressando 0 que 6 aluno deve aprender. Devent ser realistas, isto é. expressar resultados de aprendizagene realmente possiveis de serem aleangados no tempo que se dispde e nas condigdes em que se realiza o ensino, Evidemtemente, sua formulagdo e seu contetido devem coresponder a capacidade de assimilagio dos alunos, conforme a sud idade e nivel de desenvolvimento mental. Estas orientagdes sio im- pottuntes de serem Jevadas em canta, pois o que importa & menos a reduc} formal ¢ muito mais a sua wilidade para motivar e encaminhar a atividade dos alunas. Vejamos alguns exemplos de redagio de objetivos a No conteddo sobre relagdo entre os seres vives ¢ © ambiente — Observar ¢ identificar. numa certa drea da escola ou proxima dela. sipos de seres vivos conforme diferentes habitats em que so en- conirados: no solo, no ar. em troncos podres. debaixo de pedras @ outros. — Apés diferenciar os elementos gue compdem o ambiente de uma determinada regido, explicar os seus ditersos efeitos sobre os setes sivos — Dat exemiplos da influéneia do ambiente sobre os seres vivos ¢ da interferéneia do homem sobre o ambiente © Na contetide sobre unidades de medida: — Relacionar unidades de medida (comprimento, massa. volume. tempo. valor) aos tipos de objetos medidos, — Saber apficar adequadamente essas medidas em varias situagdes sociais reais (uso do metro. do quilo, da dizia ete.) No contetido sobre concordiincia verbal: — Relacionar corretamente sujeito, verbo e complementos. sa- bendo fazer uso da norma pritica de concordincia verbal, em que o verbo deve concordar com o sujeito em numero e pessoa contedido sobre multiplicagio 0 x — Resolver problemas de muhiplicagio de um numero com trés al- garismas por oust com dois algarismos. 236 Em contetidos de Estudos Sociais: — Explicar por que os servigos de atendimento as necessidades d populagio (sutide, edueagio. transportes ete.) so direitos do ¢' dadiie ¢ obtigagio dos drg%0s publicos. — Apds o estado sabre atividudes ccondmicas bisicas, 08 stuns deverio explicar a interdependéneia entre agricultura, industria > comércio. dando vériag exemplos. — Ajudar o.aluno na compreensio das mudangas que o tempo prover a us Pessous, compuramdo a seqiiéscia de fatos da sua propria e ~ periéncia de vida linha do tempo) com a de amigos de idad s diferentes. com 4 da vida da protessora, dos pais ¢ Nestes exemplos. pode-se verificar que 05 objetivos se referem a operagdes mentais simples (derinir. fistar. identificar, reconhecer, uss, uplicar. reproduzir) e aperagdes mais complexas (comparar. relucion: r, analisat, justificar. diferenciar wte.). Emibors a preocupugio do professor deva ser a de formular um objetivo com suficiente clareza para ser co! preensivel a ele proprio e pelos zlunos, sem nevessidude de prender se 2 sua “forma” de redagio, hi alguns vetbos gue o ajudam a explici ar com mus precisio 9 que ele espera da alividade de estado dos abu Por exemplo: apontar (num grafico. num mapa), localizar. desenhar. 1 0 mear. destacar. distinguir, demonstsar. classificar, utilizar. organizar. s- tar, meneionar, formular ete Cabe uma abserragia sobre os chamades objerivas farmatias. «us slo os referentes a atitudes. convicgdes. valores. Ha expectativas do professor Je que os alunos ¥Jo formando tragos de personalidade ¢ de cariter. que tenham uma postura diante da vida. que formem atitu les positivas em relagio ao estudo ete. Tuis expectativas podem ser trins- formadas em objetivos. mas © professor deve ter em mente que eles 140 se alcangam de imediato ¢ sua comprovagio nao pode ser constat ida objetivamente, So projecdes futuras de objetives cuja consecugic se vai dando ao longo do processo. inclusive com a cooperacao de tc dos os demais professores. Desenvolvimento metodoldgico O desemoh memo metodolésice & © componente do plata de er sina que dard vida aos objetivos © conteidos. Indica o que © professor : os alunos fart no desemolar de uma aula ou conjunto de aulas, 27 Devemos lembrar que no processo de ensino ha duas facetas indisst cidveis: a assimilagao de novos conhecimentos e 0 desenvolvimento das cupacidades cognoscitivas dos alunos, a segunda realizando-se no transcurso da primeira, sob a ditegdo do professor. A forga motriz.do processo de ensino € 1 contradigio entre as exigéneias de assimilagio do saber sistematizado e as condigdes internas de atividade mental e pritica das alunos (manifestadas nos seus conlecimentos ja dis- poniveis, nas suas experiéncias de vida e no seu desenvolvimento intelec- tual}, Os objetivos ¢ comtetidos organizados pelo professor devem contribuir para o desenvolvimento intelectual dos alunos por meio de tarefas que suscitem sua atividade mental e pratica. Nao ¢ suficiente, pois. “passar”™ at miéria; & preciso que a matéria se converta em problemas e indagagdes para os alunos, A fungio deste componente do plano de ensino, 0 de- senvolvimento metodolagico. ¢ articular objetivos e contetidos com mé- todos e procedimentos de ensino que provoquem a atividade mental ¢ pratica dos alunos (resolugio de situagdes-problemas, trabalhos de ela- borago memal, discussbes, resolugdo de exercicios, aplicagio de co- nhecimentos ¢ habilidades em situagdes distintas das trabalhadas em classe etc.}. O desenvolvimento metadoligico de objetivos e contetides estabelece a linha que deve ser seguida no ensino (atividade do professor) & na assi- milagdo (atividade do atuto} da matéria de easing. Ao preeneter este een do plano de ensino, 0 professor estara respondendo As scguintes questoes: que atividades 05 alunos deverio desenvolver para assimilar este assunto da matéria. tendo em vista os objetivos? Que atividades 0 professor deve desenvolver de forma a dirigir sistematicamente as atividades dos alunos adequadas 2 maiéria & aos objetives? A primeira tarefa & verificar os objetivos e a matéria a ser ensinada, pois eles determinardo os métodos e procedimentos, bem como 0s recursos de ensino a langar mio. Em seguida devem ser especificadas as agdes docentes e discentes (do professor e do aluno) correspondentes a cada passo da seqiiéneia de desenvolvimento de uma aufa ov conjunto de autas: Conforme estudamos no capitulo 9, a aula pode ter a seguinte sequén- cia: introdugio, desenvolvimento e aplicagio. Introducao e preparagdo do contetido Siio atividades que visam a reagao favoriivel dos alunos ao conteido. Pode-se fazer uma apresentacao global do tema, a fim de aproximé-lo do 238 interesse dos alunos, Os alunos devem estar informados dos objetives. for mas de trabalho, duracdo, material de estudo que sera utilizado, quand setlio dados exercicios de avaliag2o etc. As atividades desta fase poder ser: conversagio dirigida sobre: perguntas sobre: observagio de; demons tragio do tema attavés de ilustragdes (jormais, objetos, cartazes, revistas, nifivos), leitura individual de um wexto, A escotha de méiodos ¢ proced - mentos depende do conhecimento da matéria, da criatividade do professcr © de cada situagio concreta. Desenvolvimento ou estudo do contetido Ea fase da assimilaglo e sistematizagio do objeto de esiudo, visanco > maximo de compreensia e elaboragia interna por parte da atuno. 2.5 aljvidades podem ser: expasigZo oral pelo professor. conve sagdo, taba 0 independente dos alunos. estudo dirigido. exercicios de compreensio. le texto. trabalho em grupos. exercicios de solugio de problemas. Convem que em qualquer atividade escothida esteja presente a idéia dominante (a pergunta central) da unidade. Ao elaborar este item do plano nao baste o professor citar as atividades, mas mencionar 0 contetido das atividadss Exemplo: Resolver os seguintes exercicios, Estado dirigido sobre, No estu fo do meio observar os _guiltes aspectos Aplicagdo Ea fase de consolidagiio, que revise cada t6pico da unidade remeter do 2 pergunta central. As atividades aqui tém o sentido de reforgo: exereicios de fixagdo, organizagio de resumos, depoimentos orais, efaboragtio de cua dro-sintese da matéria, tarefas de aplicagio dos conhecimentos a situag Ses novas. debates, O significado mais importante desta fase € « cansolidz ;0 de conhecimentos e hubilidades para inicio de uma nova unidade didét ca, ‘O contetido de uma unidade diditica e seu desenvolvimento mete do- légico estio exemplificados no quadro seguinte, 239) CONTEUDO Unidade UI — 0 que so os seres vivos. 1. Os seres vivos nas- com, crescem. se s- produzem e morrem, 2. Ha uma dependén- cia entre os seres v vos e a alimentagio, 3. Precisamos conser- vara flora ¢ a fauna DESENVOLVIMENTO METODOLOGICO Pedir aos alunos que citem nomes de plana animais, objetives. A professora ird anotando ‘9s nomes no quadro-negro, Os alunos deverio separar, dentre os elementos citados, os gue nascem, ctescem, se reprodu- zem ¢ morrem. ‘A professora explicaré o que s20 os seres viV0s. Os alunos devem repetir a definigio, dar novos exemplos. A professora ditigird pergurtas i di- versos alunos, individualmente. Construir, com os alunos, uma tabela de seres vivos e setes mio-vivos assim: SEI {AO.VIVOS. Animais } Plantas Cachorro | Bananeita | Pedra | Gato | Arvore | Caderno Peixe | Legumes { Carreira Galinha | Laranjeira | Sapato ete. Hortaligas. | ete, ete. \ Reforgo: recordar a definigao, fazer uma sin- tese do tépico, dizer nomes de seres e pedir aos alunos pata identificarem como vivos € ndo-vivos. As criangas devem reproduzir a ta- bela no caderno. (Adaptado do Programa de 1° Grau — 2% série. Secretaria Municipal de Educagio de Sio Paulo/Departamento de Plangjamento € Orientagio, So Paulo, 1985.) 240 O piano de aula No capitulo 9 tratamos detalhadamente dos pasos ou fases de desen volvimento de uma aula ou conjunto de aulas. Vimos que a aula é a form: predominante de organizagds da pracesso de ensine. E na aule que orge- nizamos ou criamos as situagdes docentes, isto & as condigées € meics necessirios para que os alunos assimilem ativamente conhecimentos, hi - bilidades ¢ deseavalvam suas capacidades cognascitivas. Vimos, tambsn.. que uma das principais qualidades profissionais do professor & estabelect uma ponte de ligacdo entre as tarefas cognitivas (objetivos ¢ contetidos) ¢ as capacidades dos alunds paca eafrenté-las. de mado que os abjetives «2 matéria sejam transformados em objetivos dos alunos. O plano de aula é um detalhamento do plano do ensino. As unidad:s € subunidades (t6picos) que foram previstas em finhas gerais so agcva especificadas e sistematizadas para uma situagao didstiea real. A preparag 19 de aulas ¢ uma tarefa indispensdvel e, assim camo o plano de ensino, dee resultar num documento escrito que servird mio sé para orientar as agé es do professor como também para possibilitar constantes revisdes € aprin o- ramentos de ano para ano. Em todas as profissdes 0 aprimoramento p o- fissfonaf depende da acumulagdo de experiéncias conjugando a pritic , e a reflesio criteriosa sobre ela, tendo em vista uma pritica constanteme te transformada para melhor. Na eluboragio de plano de aula, deve-se levar em consideragao, 2m primeira lugar. que a auta é ait periado de tempo varidvel. Dificitme ate completamos numa $6 aula o desenvolvimento de uma unidade ou 16 ico de unidade, pois o processo de ensino e aprendizagem se compde de ma seqitencia articulads de fuses: preparagio e apresentagia de objetivas, « on- teiidos e tarefas: desenvolvimento da matéria nova: consolidagio (lixa Ro. exetcicins, recapitulagio. sistematizagio): aplicagio; avaliagZo. Isso sizni- fica que devemos planejar nio uma aula. mas um conjume de aulas Na preparago de aulas. 0 professor deve seler os objetivos gera's da matéria e a seqiitncia de conteddos do plano de ensino, Nao pode esqu ecer que cada t6pico novo é uma continuidade do anterior: & necessario, a: sim. considezar © nivel de preparagio inicial dos alunos para & maiéria nc va, Deve, também, tomar 0 tépico da unidade a ser desenvolvide e des- dobri-lo numa seqiiéncia légica. na forma de conceitos. problemas. i éias. Trata-se de organizar um conjunto de nogdes bisicas em toro de uma idia central, formando um todo significative que possibilite ao alunc uma perepgio clara ¢ coordenada do assunto em questo, Ao mesmo tmpo em que sio listadas as nogdes. conceitos, idéias e problemas, é Fita a 24 previsho do tempo necessirio. A previstio do tempo, nesta fase, ainda no € definitiva, pois poderd ser alterada no momento de detalhar desenvol- vimento metodolégico da aula. Em relagZo a cada t6pico, © professor redigiré um ou mais objetivos especificas, tendo em conta as resultatas esperdos da assimitagio de conhecimentos e habilidades (fatos, conceitos, idgias, relagdes, métodos & técnicas de estudo. principios, atisudes etc.). Estabelecer os abjetivos & uma tarefa to importante que deles vio depender os métodos ¢ procedimentos de transmissdo ¢ assimilago dos contetidos ¢ as virias Formas de avaliaglo (parciais e finais). O deseavolvimenta metadolsgico send desdobrado twos seguintes itens. para cada assunto nove: preparagio e introducio do assunto; desenvolvit mento e estude ative do assumto: sistemstizagio e aplicagdo: tarefas de casa, Em cada um desses jtens s20 indicados os métodos. procedimentos 2 materiais didéticos, isto é, 0 que professor e alunos fardo para ateangar 08 objetives. Para isso, deve-se consultar 0 capitulo 9. Em cada um dos itens mencionados, 0 professor deve prever formas de verificagdo do rendimento dos alunos. Precisa lembrar que a avaliagao € faite tio Autcio (0 que 0 uluno sabe ames do desenvolvimento de matéria nova). durante € no final de uma unidade diddtica, A avaliagio deve con- jugar variudas formas de veriticagaa. podendo ser informa’. para fins de diagnéstico e acompanhamento do progress dos alunos. e formal, para fins de atribuigto de notas ou conceitas, Para isso, consultar 9 capitulo 8 Os momentos diditicos do desenvolvimento metodolégico nao sto ri- gidos. Cada momento tera duragio de tempo de acordo com o contetida, com 6 nivel de assimilagio dos alunos, As vezes ocupar-se-4 mais tempo Com a exposigao oral da materia, em outras, com © estudo da matéria, Outras vezes, ainda, tempo maior pode ser dedicado a exercicios de fixagio ¢ consatidacio, Por exemple, pode acontecer que os alunos dominem per- feitamente os conhecimentos ¢ habilidades necessarios para enfrentar a matéria nova: nesse caso, a preparaga v intradugio do tema pode ser mais breve. Entretanto, se 0s alunos no dispdem de pré-requisitos bem conso- lidados. a decisto do professor deve ser outta. gastando-se mais tempo Para garantir uma base inicial de preparo através de recapitulagio, pré-teste de sondagem, exereicios. No desenvolvimento metodolégico pode-se destaear aulas com fina- lidades especificas: aula de exposigio oral da matéria (com os devidos cuiidados que ja assinalamos no capitulo 7), aula de discussio ou de trabalho em grupo, aula de estude dirigido individual, aula de demonstragio prética 242 ow estudo do meio, aula de exereicios, aula de recapitulagio, aula de ve- rificagio para avaliagio. O professor consciencioso deverd fazer uma avaliag&o da prépria aule. Sabemos que 0 éxito dos alunos no depende unicamente do professor 2 de seu método de trabalho, pois a situagdo docente envolve muitos fatores de natureza social. psicolégica, o clima geral da dindmica da escola et Entretanto, o trabalho docente tem um peso significative ao proporcion.r condigdes efetivas para 0 éxito escolar dos alunos. Ao fazer a avaliagio as aulas, convém ainda levantar questdes como estas: Os abjetivos © co texidos foram adequados 3 turma? O tempo de duragio da aula foi adequadu? Gs métodos € wenicas de ensing foram variados & oportunos para suscitar atividade mental e pritica dos alunos? Foram feitas verificagGes de apre 1- dizagem no decorrer das autas ¢informais ¢ formais)? O relacionamerto professor-aluno foi satisfatcrio? Houve uma organizagio segura das ativi- dades, de modo a ter garantido um clima de trabalho favardvel? Os aluras realmente consolidaram a aprendizagem da matéria, num grau suficier te para insroduzir matésia nova? Foram propiciadas rarofas de estudo ative e independente dos alunos? 293 Exemplo de um plano de aula: Escola: Disciplina:_Ronugués Data: Série: PROFESSOR(A UNIDADE DIDATIC A; Expressio oral. entra © eserita (Texto: “O Domador de Monstris” — Ana Marta Mas Ee anit | eNTELOON |X° | OISENCORLIMENTO MIETODOLCGICY ESHECIFICOS { avuas 1. Expresio de [1. Expressio! 120. f+ Conversar com a ertingas sobre opiniges @ sent= |verbai eno: min, | estGhiase hg mentes por mete | Verba contigcem TW. reststas. igurinhas ais, Pedir que expressem com seston cumme imugnnath monstras: 1 + Pedir que conten algume estonia + Indagar 0 que achar dos monstros! sme! Bo med” do nador de Mons Come stiri? Quem seri ¢ do Com sent esse runs de teu en lencene€ pantesson & comentarios. dre © voeabuline se suits Js alunns. 3, Expresslia vere 13, Enpressloy! * Apis a Jem i vera! is ettangas: quem ¢ ¢ domadu monstros? G que o dot han do modo como NL @ monsito? Por eo monstzo du parede se assus: tou e fo! embora? Como imaginam ‘9 monstro (representar com gestos fe sons)? Jd acamteveu 1889 com yl cum? oa ouenves | coxtrtpos |S | DESENVOLVIMESTO METopOLEGICO ESPECIEICOS ALbas, fo: quando +2 J+ Ampliat « conver {formam sombras” Bor que apar [cant Ki uthizaar 0 vor ou 9 Jet0s pars proetar sombras "Qe | “gurus foram formadas? ied cons Séc 4 Lenturaem voz, s. Leura, | * Pedir jenura orai: com esptose| os = do tesho que ashram mais 1 vera n 10" Cuno fie = do disloge Ge Sérgiv com a monstry = ey Final ds ese, Se necessirio, w protessora pc uma ver, ames de os sluoos Compreensse ' § Express Pedie 20s ai unos que escrevam a is foe o monstro, Podera raluzir Outro personagem. 92 CU 0 fewte escrne wgam desenhos de me ns: Fe Reproduzir 0 texto em quadrit 10s | Gaesténa do texto ov ae i | ca } outro final, Obs. As 108s ltimas tareras 20. | dem ser fentas em casa ou em cutre ee eee BOM ADOR DE MONYTROS Ana Masia Ma tao ro um 2 ve wen ensmoao Sargon Lime Boe 98 de tno fo Os mess ue as sotras ds is otes de fora forms ra mage 49 gBa" > 1 go Med Pats espana 9 Mado. © Jeo ef caBNCHAF Com 9 Mont OSE ce ae tds ass ir ame am iio eae fe bh fa eau Sas monsio parede nem gna. Ena Sega i608 st em tum moti eum olf si dass Soa, WSS hikes, quar (oH. camtathous as patnagads € fos eniboes 245

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