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LINGUA PORTUGUESA sou: Pa Funcoes da linguagem Ateoria arespeito das funcées dalinguagerfol apresentada por Roman Jakobson em seu trabalho Linguistica © comunicagio. Wesze livre, 0 estudiose apontou a relevancia das funcées dalinguager e os elementos que as estruturaram: A linguagem deve ser estudada em toda a variedade de suas funsdes,[..] Para eter umaidéiageral daseasfunsBes, 4 mister ua perspectiva surnvia des fatores constitutives de ‘todo processolingustico, detodo ato de corrunicasio verbal (Oremetente envia urna mensagem ao destinatdrio, Para ser eficaz, @ mensagem requer um contexto a que se refere [J _apreansivel pelo destinatirio, e que seja verbal ou suscetivel de verbalizarlo; um cédigo total ou parcialmente cormum 120 remetante @ a0 destinatério (ou, em outras palavras, 20 codificador e ao decodiicador da mensagem); ¢, fnalmente, lum contate, um canal fisico © uma conexo psicolégica entre © remetente eo destinatério, que os capacite a arbes 2 lentrarern @ permanecerem em comunicasio, Todos esses fatores inallenavelmente envolvides na comunicasSo verbal podem ser esquematizades como segu ‘CONTEXTO REMETENTE DESTINATARIO MenisAGEM CconTaTO 60160 JIKCESCN Roman. Lingistia « comunicgio. Traducso de Teidoro Blkstine José Paulo Paes. So Paul: Cals, s. Ao salientar ax particularidades das funcdes e demonstrar come elas esto mais vinculadas a cada um dos seis lementor que se entrecruzam no sto da comunicagao, Jakobson reconstruiu 0 esquema da seguinte forma: REFERENCIAL, EMOTIVA PoeTICA conATIVA FATICA METALINGUISTICA Intercalando os dois esquemas, chegamos és seguintes conclusies de Jakobson: + A funco REFERENCIAL centra-se no CONTEXTO; +A funco EMOTIVA centra-se no REMETENTE; + Afunco POETICA centra-se na MENSAGEM: + Afunco CONATIVA centra-se no DESTINATARIO; + Afunco FATICA centra-se no CONTATO ou CANAL: + A funco METALINGLESTICA centra-se no CODIGO. 07 Vejamos, com um pouco mais de teoria e exemples praticos, cada uma das funcées da linguagem e como elas se aplicam em nosso cotidiano. FUNCAO REFERENCIAL A funsSo referencial & 2 mais utilizada, pois a maior parte da producdo textual ¢ construida com 0 intuit de retratar a realidade, de descraver alguns procedimentos Cientificos ou de refietir sobre questies polticas, histéricas {2 socials. Tal postura informativa e pragmatica pode ser Identificada em textos jornalistcos, trabalhos académicos, relatos clentifices, manuals técnicos, artigos e reportagens de revistas, entre outros, Em todas essa produsdes, co autor terd a preocupario de demonstrar como o seutexto etd voltado para um estude objetivo, um dado estatistico, um fato do cotidiano, uma constataco cientifica - produsdes que 0 levam a sero mais imparcial possivel Essa imparcialidade privilegiada pela funcéo referencial pode er notada em dois elements fundamentais na estruturas3o dos textos: a utlizacSo da terceira pessoa © de uma linguagem denotativa, No é comum nos textos com funco referencial o ermprego de termos com duplo sentido, de voedbulos metaféricos ou ambigues, justamente porque ‘todos os interlocutores davem dar uma nia interpretacio a= informages que Ihes so apresentadas. E preciso que exista, desse modo, um maximo de transparéncia e de objetividade fentre 2 coisa nomeada e a linguagem que a representa, © que far com que as produsées referenciais, centradas no contexto, sejam as mais verossimeis possivels. Vejamos, de mode pritico, como a funsio referencial pode ser identificada em alguns aspectos do seguinte texto: Lixéo de Brasilia sustenta “indistria informal” CCongresso Nacional no fim do Eixo Monumental Bonbon | Ay Médulo 07 [A menos de 20 quilémetros do Eixo Monumental, onde ficam os ministérios, © Congreso e 0 Palécio do Planalto, cerca de 3 mil pessoas vivem do que Braslia joga fora, So catadores de livo que passam o dia andando em cima dos refugos da capital jogades no Lixo ~ ou Aterro Controlado, hha nomenclatura oficial - da Estrutural, buscando tudo o que posea ser usado ou vandido, "E calor, € poeira, ¢ syjeira, ‘Agente no pode ficer aqui assim, morrer de velho em cime do lixe", diese Yorones Gomes doz Santos, 52 anos de idade 214 de lixdo, "é bom que a gente ganha um dinheiro, que nem muite, Mas a gente no tem nenhur future.” Lixo E pelo dinheiro que essas mrilhares de pessoas enfrentam, ‘a montanha malcheirosa e cheia de urubus todos os dias, Uma parte dos catadores usa luvas para revolver 0 lixo, mas muitos trabalham com as mos nuas. Eles tim de exarinar os montes rapidamente porque logo os tratores empurram 0 lixo para ser aterrado. Os caminhées no Param: so em média 4,8 mil toneladas de liso por dia, Um catador rapido eforte, quetrabalhe o diaintero, pode chegar ‘3 ganhar R$ 150 por semana, umarenda boa se comparada '305 empregos que um trabalhador com pouca ou nenhuma {qualificacdo normaimente conseguiria. Mas, 0 mais comum 0 catader conseguir alge emtarno de R$ 50 por semana, vendendo garrafas plésticas, sacoz de lio, latinhas, placas de computador, aparalhos eletronicos quebrados © diversas outras sobras da cidade, Empresarios informais Todo o material é vendido dentro do prépria lixio, a catadores que se tornaram empresdrios informais fe montaram escritéries de cormpra com papelio e cadeiras encontradas no lixe. Com sorte, os catadores também. tencontram roupas e calcados, ou até relégios e celulares funcionando. £ dinheiro cobre a chia do aterro: so notas dgastas, falsas ou com falhas, que © Banco Central picota fem pedacinhos do tamanho de confete, que acabam se espalhando pela superficie do lixdo. Ha um projeto do governo distrital de acabar como Lixo da Estrutural, que fica 20 laco de importantes mananciais de aque do Distrito Federal. Mas oz moradores resister, "A gente no quer ‘acabar com o lixdo. A gente quer condisées para trabalhar, mais carros, mas aqui & nosso Unico meio de renda para sustentar nossas familias", disse o catader Renaldo Lima Medo de invasio © sistema foi criade porque o Service de Jardinagem ¢ Limpeza Urbana de Brasilia (Belacap) temia que uma invaso do aterro atrapalhasse os setvicos e acabasse deixande poucelixe para cada catador.O Lixo da Estrutural camasou junto com Brasilia - em 2961 ~ ©, poucas anos depois, 05 primeiros barracos de eatadores foram montados. Ainvasdo ganhou o nome de Cidade Estrutural e tam hoje cerca de 5 mil casas e barracos e 20 ml moradores, Campanha Com a chegada das eleicées, muitos candidatos foram 4 vila~ a entrada deles é proibida no lixdo ~ ern busca de votos. © catador Claudine! Santos espera que as promessas sejam cumpridas. "Preciza de urna melhora para apopulasie. Precis de encanamentos, asfalto, escolas’, disse, "E um servico melhor para a gente.” Paulo Cabra, enviado especial 2 Brasiia, 27 set. 2002 '28C Brasil - Publicado és 1540 GMT. Vocé deve ter percebido, na reportagem sobre o Lixdo de Brasilia, que o autor Paulo Cabral utlizou uma linguagem mais descritiva, informativa e “documental’. Isso se verifica em ‘alguns procedimentes, como no emprego daterceira pessoa, rho vacabulério mais denotativa, na inserso de depoimentoz ‘que propiciam maior verossimilhanga & reportagem, na utlizagao de dados técnicas e estatisticas que cormprovam come os niimeros apresentados no so suposicées do autor, mac tragos objetivos do texto, Ou seja, 20 centrar-se no contexto, Paulo Cabral no faz um relato subjetiva, parcial e ‘emotivo da realidade dos homens que se sustentam do Lixo. Se otextotivescetais caracteristicas, le extaria ermpregando {2 funcdo emotiva, come veremos a seguir. FUNCAO EMOTIVA OU EXPRESSIVA ‘A funcio emotiva se ope 4 referencial, porque enquanto esta privilegia a imparciaidade do relato, aquela procura justamente 0 opasto: constitui-se a partir da parcialidade, da emotividade, Devido a essa particularidade, a funcéo ‘emotiva também é denorrinada expressiva. Nas produces ‘em quedo privilégio dafunco erotiva, terse o ermprego da primeira pessoa, que marca a subjetividade do relato, Oremetente faz questo de ressaltar oseu estado sentimental, 0 importante no é 0 real em si, mas o modo expressive a partir do qual ele serd visto e relatado pelo seh, A sensibilidade do remetente aparece evidenciada nos textos de funco emotiva por meio de interjeicées, depontos deinterrogacSo eexclamacio, dereticéncias, do diminutive ou do superlative ~ indicioslinguisticos que salientam a expressividade. Observe otexto a seguir 27 DEMAIO Percebi que no Frigorifico jogam creolina no Iixo, para o favelade nio catar a carne para comer. do tomel café, la andande meio tonta [..] Comecel a sentir a boca meio lamarga Pensel: jd nfo basta ae amarguras da vida? Parece ue quando au nasci o destino marcou-me para passar foe, Catel um saco de papel. [..] Feo, lata, carvo, tudo serve para e favelado. O Leon pegou © papel, recbi sels cruzeiros. Pensel guardar o dinhelro para comprar Fei So, Mas, vi que ne padia porque © meu estdmago reclamava fe torturavarme, .»Resolvi tomar uma média © comprar pia, Que efeto surpreandente faz a comida ne nosso organismo!. 7 DEIUNHO .NNés somos pobres, viernes para as margens do ria, ‘As margens do rio slo os lugares do xo e dos marginals. Gente da favela é considerado marginals, NSo mais se vé 05 corves voando as margens do rio, perto des lixes (0s homens desempragados substituiram os corves. JESUS, Carolina Maria de. Quarto de cespeps iio de uma favelada. S30 Paulo: ica, 2000. Fungdes da linguagem Carolina Naria de Jesus, Foto de Audélio Dantes publicada na primeira adicio de Quarto de despeje - 1960. Vocé deve ter notado algumas diferencas entre os textos de Paulo Cabral @ Carolina Maria de Jesus, Sé 0 fato de o primeiro ser uma reportagem e de o segundo ser um disrio 34 é um grande indicio, pois é comum que uma reportage Utilize a funcio referencial ao passo que um texto pessoal come o didrie privilagie a funcSo emotiva, Além disso, outras opesicées podem ser aportadas: emprego daterceira pessoa x emprego da primeira pessoa: linguagem denotativa x linguagern metaférica; pontuaco mais imparcial x pontuarSo mais emotiva (interrogacées, exclamacées, reticéncias); referéncias cientiticas e estatisticas x referéncias pessoais f do cetidiano; linguage padrée x linguagem cologuial. Por meio dessas ponderasées, percebe-se que o autor Paulo Cabral, como profissional do jornalismo, utilizou-se da fungdo referencial, enquanto Carolina Maria de Jesus construiu seu texto utilizande-se principalmente da funco ‘emotiva, embora seja possivel também identificar a funao poética em seu relate FUNCAO POETICA Nas produses que privilegiam a funcio poética, o texto volta-se para amensagem, ou ssja, hé uma preocuparso com 0 joge criativo do ato da linguagem. O autor valoriza do © conteiido, a informaco, o tema daquilo que ests sande dito, mas ocome dizer, omodo kidico utilizado na claborasio do texto, Tal preocupasio extética encontra-se nos trabalhos literstios que exploram aspectos sintsticos, semnticos e morfolégices da lingua, criando inversées, expressées metaféricas, neologismas, além dejogos sonoros « visuais. Diferenterente da funco referencial - que tem. 2 preocupacSo de retratar 2 realidade com um vocabulério denotative e de dar uma informasio de modo claro, fazendo com que todos os interlocutores cheguem a uma leitura mais especifica e determinada -, a funcéo poética ‘explora as construcées figuradas, ambiguas, polissémicas, possibilitando aos leitores inumeras interpretacdes. Os textos literétios so, portanto, as producées que, por exceléncia, exploram a funcdo poética, embora ela tarbém seja encontrada em didrios, propagandas, revistas em quadrinhos, provérbies, slogans publicitérios, falas do cotidiane, ete Vela o texto a seguir 0 Bicho Vi ontern um bicho Na imundicie do patio. Catando comida entre or detritos. Quando achava alguma coisa, No exarninava nem cheiravai Engolia com voracidade. © bicho no era um edo, Ngo era um gato, No era um rato, © bicho, meu Deus, era um homem. BANDERA Manuel Eels do vido nea. 16 ed Rio de Janeiro: José Cympie, 1988. p. 173. No poema de Manuel Bandeira, é possivel perceber que 9 escritor usou alguns recursos tpicas da funsio poética, tals como: a escrita por meio de versos, que, por sua vez, so constituides de uma métrica e de um ritmo: 2 Utlizacdo de rimas (gato / rato; exarrinava / cheirava); (© emprego de andforas (repetico da expresso "Nd era um"); 2 construcgo de uma linguagem metaférica ('O bicho [...] era um homem"). Todos esses elementos comprevam come Bandeira privilegiou a funcdo poética fem seu texto, embora também seja possivel identificar ‘9 emprego da funso ermativa no poema, no é mesmo? A primeira pessoa © a expresso emotiva "meu Deus”, no ultimo verso, comprovam isso. Ao se comparar a reportage de Paulo Cabral com o poema de Bandeira, ota-se que ambos retratam o mesmo tema, ainda que com intencées elinguagens diferentes: um com 0 intuite de informar, por isso utlizou 2 funcéo referencial; outro com 2 Intenso de langar umn olhar subjetive através de uma linguagem lirica, per isso utlizou duas funcSes ~ a emotiva ea poitica Imagem do documentério Estamira, O filme, por meio de uma linguagam emotiva e postica, elege como tema 2 miséria de uma mulher de 63 anos que vive hi mais de vinte no Aterro ‘Santtério de Jardim Gramacho, no Rio de Janeiro EaiaraBernoult | 49 a a e) 3 Fe) I & S 2 < 3 Z Médulo 07 FUNCAO CONATIVA OU APELATIVA A fungdo conativa ou apelativa da linguagem estd direcionada 20 destinatario, ou s3ja, aproduedo linguistica é feta pensando no processo de recepedo. Por isso, quem. produ o texto tenta estabelecer uma interlocucso com 0 seu leitor / ouvinte / publico com o intuito de persuadi-lo, Influencié-lo, sensibilizd-lo ou conscientizé-lo. A relacio entre o emissor e 0 destinatario pode ser feita por meio de uma ordem, de uma siiplica, de uma indagacdo ou de umchamamento. J4 que a intense ¢ condusir o receptor, © autor do texto frequentemente constréi um "didlogo simulado” com o interlocutor, que € chamado de "voce" para criar um tom de fariliaridade e sintonia. Além disso, cle emprega verbos no imperative (veja, usa, compre, fale, vile, sintonize, assista, pague, etc.) e constréi frases, interrogativas de cardter persuasério que levam o receptor 4a refietir sobre determinada cuestao, mas jé manipulanco-o 2 aceitar o ponto de vista que foi aprasentade. Com certeza, 20 ler tais informacées, vocé deve ter se lembrado das propagandas publicitdrias, pois nelas € que encontramos ‘com maior intensidade © emprego da funsio conativa ou ‘pelativa da linguagem Em toda propaganda, o piblico é levado a acraditar que o produto ou 0 service oferacido é ‘imperdival”, “iracusdvel”, além de "indispansdvel” para a ‘nossa felicidade’, o "nosso lucro’, 0 "nosso sucesso" © © ‘nosso berrrestar” A linguagem apelativa dos comerciais de rédio, televisdo, revista, outdoor utiizamr-se de uma gama de recursos visuais e sonoros para fascinar e hipnetizar os consurmidores. Por meio de refrdes apelatives e sentencas chamativas, os receptores so indurides @ comprar mercadaria que Ihes oferacida ou a ublizar 0 servigo que thes é "gratuitamente" ou "promocionalmnente” ofertado, Veja come os slogans publicitérios dialogam intimamente com 0 espectador / ouvinte e empregam o imperative com. frequéncia para manipular 0 publico: “Vocé nio pode perder esta promocio!” Ver pra Caixa voc@ também, vem!” “Compre batorn! O seu Filho merece batom!" “Globo e vacd: tudo a ver!” “Existern mil maneiras de preparar Neston. Invente © “Veja o pais num Chevrolet, seja feliz num chevrolet.” BRASIL AME-O OU DEIXE-O Campanha governamental que procurou instigar 0 sentiment Uufanista do brasileiro durante os anos da Ditadura Hilltar © emprago do imperative fol utlizade como recurso apelative pelo Estado Mas é claro que a funco conativa / apelativa da linguagem pode ser identificada em outros textos, como nas campanhas politicas, nos materiais didaticos (toda ver que qualquer manual, apostila, mantenha um dislogo com 6 leitor, chamando-o de "vocé",“leitor’, "estudante", ‘pré-vestibulando", etc.), na literatura em geral, tanto na prosa quanto na poesia, Geralmente, as obras litersrias Que empregam com recorréncia funsdo apelativa tém a intencionalidade de conscientizar ou alertar 0 pablico, o que Ihe atribui um certo carter engajado. Na literatura de cordel, por exemplo, isso é frequente, Em seu folheto “Brosogé, Mito e © Diabo", o posta Patativa do Assaré encerra a histéria de Brosogé (imagem do nordestino pobre, semianalfabeto e manipulado) « Miltzo (alegoria des latfundistios exploradores), fazendo um alerta 1205 "Brosogés" que o leem: Sertangjo, este folheto Eu quero ihe oferecer, Leia o mesmo com cuidado E saiba compreender, Encerra muita mentira Mas tem muito © que aprender Bom leitor, tenha cuidado, Vivern ainda entre né= Milhares de Militdes Com o instinto Feroz Com trasadas mentiras Perseguindo os Brosogés. [ASSARE, Patativa do, Brosogé, Mito e o Dabo. In: Patatva do Azsorés uma vor do Nordeste, ‘fe Palos Hedra, 2000. p. 120. FUNCAO FATICA A funcdo fética estd vinculada a0 contato no ato da comunicago, ou seja, tanto o remetente quanto © destinatdrio iro "tester" se esto se entendendo, ouvindo, Entratanto, igs0 no ze dard de mode consciente, maz de forma autornética, inconsciente, imperceptivel até. Exerplo disso 240 az conversa: telefénicac. Expresses como. "ale", "oi", "hurn-hurn’, “sei” so pronunciadas sem que rnecessariamente queiram significar algo, vocé apenas est testando se 0 outro estd ouvindo. Essa funglo foi descrita or Samira Chalhub da seguinte maneira ‘Se a mensagem centvar-se no contato, no superte fisic, ne canal, a fungio serd fatica, O objetive desse tipo de mensagem é testar 0 canal, prolongar, interromper ou reafiemar a comunicario, ndo no sertide de, efetivamente, infermar signficados. So repeticdes ritualizadas, quase rides, balbuces, gagueiras, cacoetes de cormunicaro (mesmo gestuais), Formulas vazias, convengSes sociais, de superficie, testando, assim, a prépeia comunicarso. [=] Cartos "tiques" da fala podern caracterizar-se como féticos: “carto?, entende?, no 4?, tipo assim, ate So conectores entre uma expressio e outra ¢ dio a llusso de que emissor e receptor comunicarrse CHALHUB, Samira, Fungies do lingvagem. 5. ed. ‘fo Paulo: Aca, 1991. Em Linguistica @ comunicagio, o teérico que elaborou a ‘teoria das funcées da linguagern, Roman Jakobson, citou um exemplo de Dorothy Parker para exempilfcar claramente a presenca da funce fética em um dislogo ameroso: “Bam dissa.o /apae = Bem! ~ respondau ala = Bam, cd estamos ~ disse el. ~ Cé estamos ~ confirmou ela, ~ no estamos? Pois estamos mesmo ~ disse le, ~ Upa! Cé estamos. ~ Bein! ~ disee ala = Bem! ~ canfirmou ele ~ bem! JAKCBSCH, Roman. Linguistica e comunicacio. Teaduséo de| Teidoro Bliksteine Jose Paulo Paes: So Paulo: Guoc s/d- 50 | ene Fungdes da linguagem FUNGAO METALINGUISTICA A funco metalinguistica encontra-se nas produsées, comunieativas que enfocarn 0 eédigo utlizado, ou =3}a, que salientam 0 exercicio da produce e da recepeio pela via da linguagem, Isso significa que a fungio metalinguistica se verfica quandoa tematica é, emi, amanifestacso dalinguagem. Esse trabalho de analsar a linguagem que estrutura a propria forma comuniestiva se encontra tanto na literatura quanto ro cinema, no jornal, nas revistas ern quacrinhos, no teatro, na televiséo, fa pintura, na fotografia @ em tantas outras formas de expresso. Sendo assim, tanto nos textos verbas, ‘quanto nos no verbais é possivelidentifcar a presenca da metalinguager. Para que vocé reconheca a relevancia de tal recurso nas vérias artes e formas corrunicativas do cotidiano, observe a presenca dala em alguns meios. A metalinguagem na pintura Durante muitos séculos, foram communs na histéria da arte quadros que retratavaim o pintor em seu ateliéfazende Fetratos de figures que posavam para ele. Em tais obras, 3 metalinguagem s¢ evidencia pelo fato de o espectador ter, dante de seus olhos, a imager do preprie pintor ern seu exercicio de pintar, tom-se uma tela cuja temdtica & 3 prépria pintura, Nesses quadros, é possivel notar também Sintencionalidade de o artista demonstrar a sua capacidade Ge mimetizar o real, de ser fidedigno a0 reproduzit a imagem de alguém, ou de uma paisagem. Nesses casos, 2 metalinguagem aparece vinculada so conceito de Yerossimilhanca, ou Seja, @ arte reflete sobre o seu ceréter “el” 20\traduzir 0 real, Tomemos como exemplo dessa pintura de atelié uma eldssiea obra de Jan Vermeer © pintor em seu atelié -Jan Vermeer ‘Seno quacro de Vermeer se expe um artista pintando uma modelo na tentativa de retraté-la do modo mais flel possvel, fem outros trabalhos, principalmente nos produzidos a partit 4 final do século XIX € Inicio da XX, ¢ também nas praducbes conterrpordneas, os artistas questionam o papel de uma ate rrimética everossimil,saliertando, por meio darmetalinguager, uma outra preocupacio: a de firmar a autonomia da arte, a sua independéncia em relacdo a0 real. Veja como isso aparece evidenciado no seguinte trabalho de René Magyitte: eet nestpas une pines} [A traicdo das imagens - René Magritte Nesse quadro, da década de 1920, Magritte evidencia como 0 que extd retratado ndo é um cachirbo (Caci n'est pasune Pipe), mas arepresentao dele, a sua imagem reproduzida ‘em uma superficie bidimensional © no 0 objeto em si © préprio pintor deu o seguinte depoimento sobre o quad: "0 famaso cachimbo...? 24 fui suficientemente censurado por causa dele! € afinal... conseguem enché-lo? Nao, @ apenas um desenho, ndo €? Se tivesse escrito por Baixo do meu quadro isto é um eachimba' (C'ast une pipe) estaria ‘a mentir! Se Magritte tivesse apenas pintado o cachimbo, Jem excrever nada na tela, elando seria um exemplo de ratalinguagern, maz quando ele pinta a imagem de um cachimbo e escreve “isso no é um cachimbo', o attista, leva 0 piibico a refletir sobre o que é visto, sobre o suporte (pintura) no qual se encontra a figura do cachimbo, sobre © carater ficclonal da arte, A metalinguagem nas histérias em quadrinhos Nashistérias ern quadrinhos, & comumtarnbém a presenca da metalinguagem, o que geralmente & acompanhado do humor sobre o proprio ato de escrever ou de ler as tirinhas. Veja como esse humor vinculado ao processo de produso @ de interlocusio 30 explorados no trabalho a seguir A metalinguagem na televisao Varios programas de televisio exploram o recurso metalinguistico, principalmente os que séo transrvtidos 120 vivo, pois essa condigSo jé faz com que o interlocutor veja 0 estidio, perceba as falhas técnicas, enxergue 0 movimento de cdmeras, etc. O programa Video Show & (9 exemplo mais evidente de metalinguagem televiciva no Brasil, tendo em vista o fato de que ele se estrutura a partir de comentétios sobre os bastidores daz gravasdes de utros programas, 4 come o making of da Rede Globo, que permite aos expactadores ver os seus atores "por tras da camera", durante 0 processo de gravagio. Outro exerrplo cde metalinguagem televiiva se encontra nos telejornais brasileiros dos tltimos tempos, que evidenciam a prépria redaco como 0"pano de undo" 0 "censrio” das gravacées. [Antes se buscava esconder os bastidores, agora érecorrente © recurso de exibi-los para 0 publico, mostrando-lhe onde so produzidas as reportagens anunciadas, Eaiontemoal | 64 a a e) 3 Fe) I & S 2 < 3 Z Médulo 07 Observe como a imagem ridiculariza os programas do tipo reality show, que slo 0 mais novo exemple de metalinguager televisiva, A metalinguagem na publicidade Vérias campanhas publicitérias utilizam-se da metalinguagem de modo criative para chamar a atencio do publica. Vocéj4 deve ter visto ou escutade uma propaganda que apresenta deterrrinado produto, sponta as vantagens que ele tem em relaco aos concorrentes (preso mais em. conta, formas de pagamento, qualidade, oferta no mercado, etc.) para, enfim, dizer que ele € to bom que nem precisa de propaganda para apresentélo, Claro que, nesse tipo de comercial, a metalinguagem foi utlizada de modo bem. humorade @ irénico, pois se faz uma propaganda para dizer que no @ necessétio fazer 2 propaganda Além disso, é comum a metalinguagem aparecer ern propagandas que fazem referéncia ao suporte em que ala se encontra (pagina de ums revista, outdoor, jornal, etc.), 20 publico 2 que ela tinge, 4 linguagem e 4 imagem utlizadas na campanha, Tente identificar os procedimentos metalinguisticos no seguinte exemple! Duas coisas dificeis de contar: a imensidao de estrelas no céue a imensidao de | que a gente tem. vista Palavra, ano 1, aimero 4 ju 1999, Metalinguagem na musica Namiisica, a metalinguager encontra-se tanto no tocante letra, quanto no que diz respeito ao ato de cantar etambém de ouvir. Sendo assim, expresses como cancao, miisica, refrdo, canto, voz, palavra, verso, ritmo, melodia, fentoar, entre inimeras outras, expliitam a presenca da ‘metalinguagem ne misica, Também & possive! Identificar a ‘atalinguagem musical em casos em que o samba retrata a i mesmo, ou uma musica de Bossa-Nova que fale da propria, Bossa-Nove, ou umfink queretrate o prépriofunk, ete. Grife 0s termos metalinguisticos presentes no seguinte exerrplo Samba da bénsio \iniiue de Moraes Baden Powell E melhor ser alegre que ser triste Alegria é a melhor coisa que existe E assim como a luz no coraso Mas pra fazer um samba com beleza E preciso um bocado de tristeza Sendo no se faz um samba, no Fazer samba nio é contar piada (Quem faz samba assim no é de nada © bom samba é uma forma de oraco Porque o samba é a tristeza que balansa E a tristeza tern sempre uma esperanca De um dia ndo ser mais triste, no... Se um pouco de amor numa cadéncia E vai ver que ninguém ne mundo vence Abeleza que tem um samba no Porque o samba nasceu léina Bahia E se hoje ele € branco na poesia Se hoje ale é branco na poesia Ele & negro demais no coracdo A metalinguagem na literatura Apés esse panorama nas outras artes @ formas comunieativas a respeito da metalinguagem, vejamos a presenga dela nos textos litersrios, Geralmente, na poesia, Bem como na musica, a retratacdo metalinguistica se lencontra no exercicio de excrita e de leitura do texto, Além disso, € frequente a reflexio sobre a capacidade criativa da arte e a sua limitacSo ou incapacidade de retratar 2 realidade como também o faz a pintura. Veja como a problemstica apresentada nos quadros de René Magritte, ‘ancionados anteriormente, também se encontra ne poema “Autopsicografia®, de Fernando Pessoa: © poeta é um fingider. Finge tdo completamente Que chega a fingir que & dor ‘Ader que deveras sente C1 PESSOA Fernando, Obra poétce. Rio de Janeiro Nova Aguilar, 1997, ‘Assim como Magritte salientou que © que se encontra no ‘eu quadro no é um cachimbo, mas a representacio dele, Fernando Pessoa também evidenciou que © que se encontra na palavra no a coisa, mas a sua representaséo. 52 Fungdes da linguagem Farmando Pessoa am desenho de lilo Pome. Outratemética metalinguistica frequente naliterstura éa luta do autor no ato da escrita, Carlos Drummond de Andrade: imortalizou esse "duelo” em seu poema "0 lutador” 0 lutador Lutar com palavras daa luta mais va Entanto lutamor "eu pouce, Algumas, tio fortes come 0 java parece sem fruto, [ido tem carne e sangue Entretanto, lute. Palavra, palavra (digo exasperado), se me desafias, ‘acaito o combate, Quisera possuir-te neste descampado, em roteiro de unha ‘ou marca de dente essa pele clara, Preferes 0 amor de uma posse impura ‘2 que venha o gozo ‘da maior tortura. Lute corpo a corpo, [uta todo o tempo, sem maior proveito ‘que o da cara a0 vento. Ngo encontro vestes, no segure formas, & fuido inimigo ‘que me dobra os misculos ri-ze das normas da boa peleja, Iludo-me as vezes, pressinto que a entrega 33 velo palavras ‘em core subrmisso, ‘esta me ofertande seu velho calor, outra sua gléria faite de rita outra seu desde, outra seu ciime, 2 um sapiente amor he ensina a fruir de cada palavra a esséncia captada, © sutl quelxume. Mas ai! é 0 instante de entreabrir os olhos: entre beijo e boca, tudo ve evapora, ‘ALDRADE, Carlos Drummond de. Poesia ¢ pros Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1953. Carlos Drummond de Andrade "ltando com as palavras” am sou _scrtirio do Ro deJanaio na década de 1970. In: Miko de Andrade, Manvel Bancsire, Carlos Drummond: Fotoblografas. Rio de Janeiro Edges Alumbramants / Livroatte Edltora, 2000. p. 487 Muitas vezes 0 autor utiliza-se da metalinguagem para fevidenciar 0 préprio cardter subjetivo e “intraduzivel” da poesia, como geralmente faz Mario Quintana para satirizar 65 criticos lterdrios que procuram “diagnosticar” a poesia 04 fazer uma "autépsia” dela: Intérpretes Mas, afial, para que interpretar um pocma? Um poema jé é uma interpretarso. (GUINTAN Mario, Avaca@ hipogtfo. In: Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2005. p. 503. ABorboleta Cada vez que o poeta cria uma borboleta,o leitor exclama otha uma borboletat” © critco ajusta os naséculos e, ante| aquele pedaco esvoacante de vida, murmura: ~ Ah! Simm, um lepidéptere.. QUINTANA Mario, Caderno H. In: Poesia complet. Rig de Janeiro: Nova Aguilar, 2005p. 243. Nos textos em prosa, assim como nas construsées poéticas, a metalinguagem se evidencia quando os autores fazem questo de dialogar com o leitor, refletir sobre ‘2 estrutura da narrativa, comentar a respeite da construsso das personagens, escrever sobre a incapacidade da escrita, salientar 0 dificil proceso de preencher uma pagina em branco, dizer 0 contetido dos capitulos futuros ou antecipar episédios. Emtodas essas situacdes, a metalinguagemrealca como 0 texto &, antes de qualquer outra coisa, pura ficgdo. Na prosa brasileira, merece destaque a obra metalinguistica de Machado de Assis. Romances como Nemdrias péstumaz de Bris Cubas, Quincas Borba, Dom Casmurro e Esau 2Jacé so exernplos dos mais debochados de construgées rmetalinguisticas que ironizam a construcgo previsivel dos ‘textos esatirizam a postura ingénua dos letores "rornanticos’ ‘Veja um trecho cldssico no qual se comprova isso. EaiaraBernoult | 53 a a e) 3 Fe) I & S 2 < 5 3 Z Médulo 07 Cap. LXXI - 0 senao do livro 02. Comaso a arrepender-me deste livro, No que ele me canse} eu no tenho que fazer; , realmente, expedir alguns ragros capitulo para esse mundo sempre étarefa que dita lum pouco da eternidade. Mas o livro € enfadenho, cheira 2 sepulcro,traz carta contracio cadavérica; vic grave, e aids, infimo, porque © maior defeto deste lvro és tu, leitor. Tu tans pressa de envelhecet, © 0 livre anda devagar; tu amas 2 narracdo direlta € nutrida, 0 estilo regular e uente, e este livre eo mau astlo io comno os ébrios, guinam & dirita e & ‘esquerda, andam e param, resmrungam, urram, gargalharn, ‘arneacam 0 eu, escorregam e caem.. ‘ASSIS, Machado de. NemériasPéstumas de Bris Cubas. tn ‘Obra completa, Ro de aneir: Nova Aguilar, 1997. vol. Istragiex da capa para 0 romance de Hachado de Assis ‘fo protagonists Bras Cubas fats 9 bico de pana por Candido Portinart EXERCICIOS DE FIXACAO (uray) Seu catro Oxmm esti na mira, ‘Mostre que voc bom de negécio ‘e bom de pontaria. Se tudo 0 que vocé queria ea fazer ‘um bom neg6cio, esta montadora te acertou em cheio. 1A) EXPLIQUE 05 recursos persuasives da mensagem publctéra, identicande 2 fungio predominante da linguagem. 8) Ocorre no cartaz um caso de desrespeite & norma culta da lingua. + IDENTIFIQUE-0. + REESCREVA otexto de acordo com essa norm 01. (Unicamp-s®-2020) essa propaganda, hé uma EXERCICIOS PROPOSTOS interessante articulacdo entre palavras e imagens. 01. Disponivel em: , 'A) EXPLIQUE como as imagens ajudam a estabelecer ‘a relagSes metaféricas no enunciado "Mesmo que 0 ‘lobo forse quadrado, © GLOBO seria avancado", 8) INDIQUE uma caracteristica atribuida pela propaganda 2e produto anunciado. IUSTIFIQUE, (unese-2006) Este inferno de amar Este inferno de amar ~ como eu amma! Quem mo pés aqui n’alma.. quem foi? Esta chama que alenta e consome, Que é a vida ~ © que a vida destréi ~ Como & que se veie a atear, Quando ~ ai quando se hé-de ela apagar? Amsids Garrett Nos versos de Garrett, predomina a funcio |A)_matalingustica da linguager, com extrema valrizaso da subjetvidade no jogo entre 0 espitual e o profano. 8) apelativa da linguager, numjogo de sentide pelo qual © poeta transite uma forma idealizada de armor referencia dalinguagem,privilegiando-se a expresso de forrna racional D) emotiva da linguagem, marcada pela néo contencSe dos eentimentos, dando vanio 20 subjetivismo, £) fatica da linguager,utlizada para expresear as idelas de forrna evasiva, corno sugestes. °) Fungdes da linguagem 02. (Fav-sP) Leia seguirte testo de Ubirgj ara Indcio de Arata ‘Todo texto uma sequéncia de informacées: do cio et 0 fm, hd um percurso acumlativo dela, As informacées j4 conhecidas, outras novas vo sendo acrescidas.e estas depoisde conhecdas terdo as ouvras novas acrescdas e, assim, suceasivamente, AconstrusSo do texto fui como um ire vie de informagSes, uma troca Constanta entre 0 dado e 0 novo E CORRETO afrmar que, nesse texto, predominam os. A) fungSo referencial e género do tipo dissertative, B) funcdofatica e género de conteido didatico. CC) funcSe poética e género do tipo narrative. D) funcSe expressiva e génere de contaido dramético. ) fungSe conativa e género de contetidoltico 03. (Puc-SP) Observe a seguinte afrmacio feta Em nossa cvlizaglo apressada, 0 "bom dia”, 0 "boa tarde” no funconam para engatar conversa. Qualauer sezunto servindo, faze do tempo ou de futebol Ela faz referéncia 4 funco da linguager cuja meta é “quebrar 0 gelo™ Indique a alternativa que explicita esa fungi. A) Fungo emetiva 8B) Funclo referencial C) Fungi fatica D) Funcie conativa £) Funce poética 04, (UNIFESP) Observe os seguintes textos. Texto I Perante a Morte empalidece e treme, ‘Teme perante a Morte, ermpalidece, Coros-te de légrimas, esquece (© Mal cruel que nes abismos geme. huz e Sousa “Perante a morte" Texto I ‘Tu choraste em presenca da morte? Na presenga de estranhos choraste? No descende o cobarde do forte: Pois choraste, meu filha no és! Goncalves Dias, "I-Juca Pama’ Texto 11 Corrente, que do peito destilada, Sois por dous belos olhos despedida, E por carmim corrende dividida, Deinais 0 ser, levais a cor mudada Gregérie de Matos, "Aes mesmos sentimentos" Texto 1V ‘Chora, iro pequene, chora, Porque chegou © momento da dot ‘A propria dor & uma felicidad Mico de Andrade, "ito do itm pequanc”, 06. Texto V Meu Deus! Mau Deus! Mas que bandeira é esta, Que impudente na gavea tripudia?!. Slancia!.. Musa! Chora, chora tanto Que o pavilhio se lave no teu pranto, Castro Aves, “Onavionegreio” Dois dos cinco textos transcritos exprassam sentimantos deincontida revota diante de situages inaceitdveis. Esse transbordamento sentimental se faz por meio de frases recursos linguistcos que dio énfase 3 funcSo emotive © & fungi conativa da linguagem. Esses dois textos #80 a) Tem D) mew. 8) Wem =) Wev. ©) We (uru-me) Estou farto do lrime comedide do lirsma bem comportada tel Quere antes o li Olirieme dos babedos no dos loucos © lirisme dificil « pungante dos bébedos Oliriemo das clowns de Shakespeare = Nilo quero mais saber do lrisme que nia é ibertagio, BANDEIRA Manuel. Libertinagem. Emrelago aos versos citados do poema"Poitica"e obra Libertinagem, de Manuel Bandeira, marque a asceitiva, INCORRETA. 1A) Para Bandeira, © poema deve equivaler a ur gesto de configéncia, em que o posta revela ao leitor sua perplexidade dante dermundo. 0 cardter genuinarnante lirico e libertdrie de seu poema adequa-se 130 uso de versos livres, libertos da vima, da métvica eda monatonia das ceturas iguais. 8) Na poesia de Bandera, a emoréo lirica manifesta-se melhor por melo de versos metrificades, fem estrofes regulares, cbedecendo a um esquema de vimas constante, © lism decorre, portanto, cde processos retércos em que se observa a contenso do sentimento °) [A possialirica no é uma experiénciafora da histéria esses versos, Bandelra define seu lugar na sociedade identificanda-se com o8 excluidos. deste lugar ‘marginal que ele busca compreender a ciséo social e 2 crise psiquica, que marcam a existéncia do homer. moderne. D) Bandeira se inclu entre os postas que atuam como testemunhas do sofrimente da humanidade, . 56 Fungdes da linguagem 09. 10. 0 processe de composico da imagem de Pep Montserrat 40 de"colagem’, misturando e combinando signes visuais diferentes, Esseprocesso de mistura ecombinaro pode ser elacionado dliretarnante 20 seguinte echo de Ana Maria Machado: |A) Jamais aletura conseguiré acompanhar a expansio incontrolével e necessariamente eastica da produsio dos textos, que se rultipleam ainda mais, numa Infinidade de melos novos 8) Abandonarse 0 exame dos textos e da literatura, larrse 0: especilistas em letura, multiplicame-se {2s reflexdes sobre livros e letra. ) O poder de compreender o texto suficlentemente pare perceber que nele hd varias outras possiblidades de compreansio. ) Constatar que dominar a leitura & se apropriar de ‘alguma forma de poder estana base de duas atitudes ‘antaginicas dos termpos modernes. ‘A imagem produsida pelo artista combina elementos de ‘modo surpreendente, inesperado na ealidade cotidiana. | figura da mio saindo do computador e oferecendo 20 possivel [itor urn objeto caracterstico de outre espace de letura sugere principalmante o sentido de A) coexisténcia entre priticas diversas de litura, 8) centralidade da tecnologia na vida contemporénea. C) artifcialidade das lelturas instanténeas na sociadade. ) arrbiguidade do eterna relagSo como aparatotécnico. SECAO ENEM 01. (Enem-2003) cance amiga Eu preparo uma cangéo, Em que minha mie se reconheca ‘Todas as mies se raconhesam, E que fale como dois lhos. bel Aprendi novas palavras E tornel outras mais belas, Eu prepare uma cangSo (ue faca acordar os hernens adormecar as criangas, ANDRADE, Cafes Drummond de, ovos poemas. Ro de Janeiro: ‘José Gympio, 1948, ‘A linguagern do fragmento foi erpragada pelo autor com © objetivo principal de |A) ‘wansrit informagSes, fazer refrénciaa acontecimertos ‘observados no mundo exterior 8) envolvar, persuadir ointerlocutor, nesse.caso, liter, ‘em um forte apelo & sua sensibilidade, ) realcar os sentiments do eu lirco, suas sensagées, reflexes e opinides frente a0 mundo real ) destacar 0 processo de construsio de seu poems, 20 falar sobre © papel da prépria linguagem e do poeta, E)_manterefcente ocontato comunicativa entre o emissor dda mensager, de um lado, e 0 receptor, de outro. 02. 03. (€nem-2008) Dizem que finjo ou minto Tudo que escrevo. So. Eu simplesmente sinto Com a imaginasso. No uso 0 coraso, Tudo 0 que sonho ou passe (0 que me falha ou finda, E como que umterraco Sobre autra coisa ainda Essa coisa que ¢ linda Por isa excrevo ern meio Do que nio esté 20 pé, Livre do meu enlele, Série do que nio & Sentir? Sinta quer lat Fernando Pessoa é um dos postas mais extraordindtios do século XX. Sua obsessio pelo fazer poético nde fencontrou limites, Pessoa viveu mals no plano criative do que no plano concreto, ¢crar fol @ grance finalidade de sua vida. Posta da "GeracSo Orfeu’, assumiu uma situde Com base no texto e na temética do poema "Isto", Isto PESSOA Fernando, Poemas escolhides. ‘0 Paule: Gobo, 1997. a a e) 3 Fe) I & S 2 < 3 Z everente, concluise que 0 autor A) revela seu confito emotivo em relagio ao processo dde excritura do texto, 8) considera fundamental para a poesia a influéncia dos fatos socials, €) associa 0 modo de composicSo do poema a0 estado de alrna do poeta, D) apresenta a concepcSe do Remantisme quanto 3 fexpressio da vor do poeta, ) separa os sentimentos do posta da vor que fala no texto, ou seja, do eu lire. (€nem-2008) Som de preto (© nosso som nie tem idade, no tem raga E no tem con, Mas a sociedade pra gente néo dé valor 56 querem nes critiear, pensam que somes animals. Se existia o lado ruim, hoje no existe mais, porque o “funkelro" de haje em dia caiu na real Essa histéria de "porrada’ isso & coisa banal ‘Agora pare © pense, se liga na responsa' se onter foi a tempestade, hoje vira a bonanca E som de preto Defavelado Mas quando toca ninguém fica parado Misica de Me's Amicka e Chocolate, In; 0} Malbora, ‘Bem funk. Rio de Janeiro, 2001 (Adaptasie). EaiaraBernoult | 57 Médulo 07 A medida que ver ganhando espago na midia, 0 funk catioca vem abandonando seu cardter local, azsociado 4s favelas e & ciminaldade da cidade do Rio de Janciro, tornande-se uma espécie de simbolo da marginalizarso das manifestasies culturals dae petiferias em todo 0 Brasil. © verso que explicita essa rarginalizacSo é |A) "Onesso som nie tem idade, nio tern raga’ B) "Mas a socledade pra gente nlo dé va ) "Se existia lade ruim, hoje no existe mais D) "Agora pare e pense, seliga na repensa" ) "se ontern foi atermpestade, hoje vra a bonanca’: (Enem-2003) Sentimental 1. Ponho-me a escrever teu nome Ccomletras de macarrio No prate, a sepa esfria, cheia de escamas 4 edebrugades na mesa todos contemplam ‘es20 rornntico trabalho, Desgracadamente falta urna letra, 7) uma letra sornante para acabar teu nome! — Estd sonhando? Olhe que a sopa esria! 10 Eu estava sonhande, ha ern todas as consciénclas aste cartaz amarelo: Neste pats é proibide sonhar AORADE, Carlos Drummond de, Sets em prose e verso Rio de Janeiro: Reeard, 1955, ‘Com base na leitura do poema, a respaito do uso e da predorrindncia das funcées da linguagem no texto de Drummond, pode-se afirmar que |A) por meio dos verses "Ponhe-me aescrever teunome" (v1) e"es8e romantico trabalho” (w. 5), 0 posta faz rafer€ncias a0 seu proprio oficio: 0 gesto de escrever poemas lrcos. 8) a linguagern essencialmente podtica que constitul os versos "No prate, a sopa esfria, chela de escamas e ddebrusados na mesa todos conternplamn” (v. 3 © 4) confere 20 poema uma atmosfera itreal e impede 0 laitor de reconhecer ne texto dados constitutivos de ‘uma cena reaista (C) na primeira estrofe, o poeta constréi uma linguager entrada na amada, receptora da mensagem, mas, na segunda, ele deixa de se digit a ela © passa a ‘exprimir © que sente. D) em"Euestava sonhando.."(v. 10), 0 posta demonstra {que astd mais preocupado em responder & pergunta faita anteriormente e, assim, dar continuidade 20 didlogo com seus interlocutores do que em expressar ‘algo sobre si mesma, E ) no verso "Neste pais & proibido sonhar.” (v. 12), ‘posta abandona alinguagem poética parafazer uso dda funcdo referencial,informando sobre o contaiido do "cartaz amaralo” (v. 11) presente ne lec GABARITO Fixacao 01. 4) © maparmind, também chamado de "slobo", habitualmente € representado por uma esfera, Napropaganda, omaparmindiestinaforma de tum cube, enquanto a esfera, mesmo guardando algumas semelhancas com 0 maparmindi (conaenes dos continentes, por exemple), ressalta a imagem do jomal 0 Ghbo. Nessa contraposiczo, articulada 20 enunciado, temos © quadrade relacionado 2 algo conservador retrégrade, estitico, ¢ a esfera, a algo mével, avangado. Isso permite assocar O Chto Gormal com © mapa-mtindi (globo), avibuindo Sentidos para o jornal como ode ser moderna, & frente do seu tempo, de possuir uma cobertura inermacional, estar inserido na globalizacSo, etc. Deve-se acrescentar outa possbiidade de aszocagdo entre as imagens o enuncado, qual seja 2 de uma antiga representacso da Tera como plana (simbolizada pela forma cibica) em oposiczo & concepeSo que vigora até 0s dias tusis (smbolizada pela forma esférica). 8) Ojomal é modema antenado, invader Cutas caracarisicas io conszuides pela ascodagio do nome préprio "0 Ghbo" 2 "avancado’, em cantraze com o substantive comum “labo” assodado a "quadrado" (consarvad tradiéonal anquado, readorade) As imagens (mapa-mindi (quadrade 0 globo teresze com vestigios do Jamal 0 Gbbo) refercam essa assodacdo. Essa ‘assodacSo também pode ser enfatzada pela Feferéncia 4 oposgio ante a antiga 2 atual representaio da Tera, corferndo a0 jomal 0 Ghbo, pela meiforada dincia, a caracersica do progress, do modemo, de estar além de seu tempo, 02, A) A figura do alvo relaciona-se com a frase "Seu carro Okm esté na mir’, como algo dese)vel faci de ser obtdo (persuasio). A lingvagem ‘tem funci0 predominantemente conativa 8) ‘Uso simultdneo de formas pronominais da 2° ‘eda 32 pessoa do diccurso (te”e "vocs’) ‘+ -sta montadora 0 acertou / acertou-o em ‘hei Propostos 01D ORC 058 Onc ODA A OKC OBA ORC IDA Secao Enem oD 02E 028 OFA

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