You are on page 1of 9
IRAC Comité de Acao a Resisténcia a Inseticidas Brasil MANEJO DA RESISTENCIA PVR ate Na Spodoptera frugiperda nea Cae) OTSA MEU MANEJO DA RESISTENCIA AINSETICIDAS E PLANTAS Bt Spodoptera frugiperda Helicoverpa armigera Chrysodeixis includens DESCRIGAO As espécies Spodoptera frugiperda (J. E. Smith), Helicoverpa armigera (Hubner) e Chrysodeixis includens (Walker) so os principais lepidépteros-praga de diversas culturas agricolas no Brasil Apresentam habito polifago, atacando mais de 70 plantas hospedeiras, dentre as quais milho, soja, algodao, feijao, arroz, sorgo entre outras. Os problemas fitossanitarios com essas espécies estao se agravando a medida que as mesmas taticas de controle tém sido adotadas, sem 0 uso de boas praticas agricolas para evitar ou retardar a evolucao da resisténcia. Com a intensificagéo da agricultura brasileira, os cultivos sucessivos de plantas hospedeiras e deficiente manejo no perfodo de entressafra tém possibilitado a sobrevivéncia de elevadas populacdes dessas espécies e o fluxo continuo de mariposas entre diferentes plantas cultivadas, o que ocasiona infestacdes constantes, independentemente da fase de desenvolvimento das plantas e época de cultivo. DESENVOLVIMENTO E REPRODUGAO As fémeas realizam a postura em camadas nas folhas, aproximadamente 200 a 500 ovos porpostura No entanto, cada fémea tem a capacidade de ovipositar mais de 1000 ovos. Os ovos sao, geralmente, acinzentados. As lagartas apresentam um "Y" invertido na parte frontal da cabeca e trés linhas to pr Ant Shea Bayer A longitudinais dorsais branco-amareladas, com prontos pretos no corpo. A lagarta é canibal e, por esse motivo, é comum ser encontrada apenas uma lagarta grande por planta no milho, ou uma por botao floral no algodao. O periodo larval varia de 15 a 25 dias, dependendo da temperatura, planta hospedeira, sexo e bistipo. As lagartas, inicialmente raspam as folhas, mas com o aumento no tamanho passam a fazer orificios nas folhas e estruturas reprodutivas. As pupas ficam abrigadas no solo. Os adultos séo mariposas com asas anteriores de coloracao cinza-escuro e posteriores branco acinzentadas. 0 ciclo de ovo a adulto é relativamente curto, de 25 a 30 dias. fom por: And Shieh © Bayer 8A | Helicoverpa armigera Lagartahelicoverp) Os ovos sao depositados isoladamente nas folhas e estruturas reprodutivas. Apresentam coloracéo branco-amarelada e préximo a eclosdo adquirem a colora¢ao marrom-escuro.As fémeas tém grande capacidade de oviposicao (até 1000 ovos). As lagartas apresentam diversas coloracdes, de branco- amarelada a verde, com cabeca de coloracao marrom-escura a preta, apresentando listras laterais de diversas cores laterais nos diversos segmentos. Uma caracteristica para a identificacao das lagartas é a presenca, a partir do quarto instar, de tubérculos abdominais escuros e bem visiveis na regido dorsal do primeiro segmento abdominal, dispostos na forma de semicirculo, Ainda possuem micropélos que podem ser observados com uma lupa de bolso, e que saem de pintas salientes do 1°, 2° e 8° segments abdominais. As lagartas ocasionam desfolha e danos as estruturas reprodutivas. As pupas ficam abrigadas no solo. Na fase adulta, as fémeas apresentam as asas anteriores amareladas, enquanto as dos machos sao cinza-esverdeadas com uma pequena mancha escurecida no centro da asa. O ciclo de ovo aadulto varia de 25 a45 dias. {et08 por: André Shimahiro AAs mariposas colocam ovos de coloragao verde-clara passando a marrom-clara proximo a eclosao. Cada fémea oviposita até 700 ovos, os quais sao depositados isoladamente na parte debaixo das folhas. As lagartas sao de coloracio verde, com algumas linhas longitudinais brancas sobre o dorso, Elas se locomovem como se estivessem medindlo palmos. Afase de lagarta tem duragio de 13 a 20 dias. As lagartas pequenas e grandes sao frequentemente encontradas no ter¢o inferior das plantas de soja e algodao e t8m grande capacidade de desfolha, podendo consumir de 64 a 200 cm? de folha. A injiria 6 distinta de outras desfolhadoras, caracterizada por deixar a folha com aspecto rendilhado.Ao final do ultimo instar, a lagarta tece umateia nafolha, onde se prendee se abrigaaté a fase adulta. A mariposa apresenta coloracao marrom-acinzentada, com duas manchas prateadas no primeiro pardeasas. O CONTROLE O controle de lagartas das espécies S. frugiperda, H. armigera e C. includens nao tem se mostrado uma tarefa facil. Os inseticidas, com frequéncia, tam apresentado falhas de controle, devido a problemas na tecnologia de aplicagao, habito dessas pragas e, em alguns casos, ao aumento na frequéncia de individuos resistentes, em consequéncia das pulverizagdes frequentes de inseticidas com mesmo modo de acao. Por outro lado, algumas plantas Bttem apresentado uma boa eficacia no controle dessas pragas. No entanto, para S. frugiperda, a maioria das tecnologias de milho e algodao Bttem apresentado baixo controle, devido a evolugao da resist€ncia a proteinas Cry. Nesse cenario, a implementagio de estratégias de manejo da resist€ncia assume vital importancia para garantir a durabilidade de qualquer tética de controle de pragas ‘QUADRO 1. Nivel de acao para lagartas em milho, com foco em Spodoptera frugiperda . Nivel de aco recomendado pela Embrapa Milho nao-Bt 20% plantas com notas Davis = 3 Nivel de aco recomendado pelo IRAC -20% plantas com notas Davis = 3, com no méximo 2 aplicagoes até V6 Refigio estuturado Btcom Vip3A 4% plantas com notas Davis 2 3 Bsem Vip3A 10% plantas com notas Davis > 3 ‘QUADRO 2. Nivel de agéo pata lagartas em soja " Anticarsia 30% de desfolha 15% de desfolha Lagarta da soja gemmatals 20 lagartasim 20 lagartasim Falsamedi Pennie 30% de desfolha 15% de desfolha alsa medideira Tenia 20 lagartasim 20 lagartasim Lagarta das macés _Chloridea virescens 30% de desfotha oD Helicoverpa Helicoverpa spp. 4 lagartasim panics S.eridania 15% de desfolha gomplere S.cosmioides sone sib 10% vagens atacadas ipodop' S. frugiperda 9 10 lagartasim QUADRO 3. Nivel de argo para lagartas em algodao ; 6-8% de plantas, 6-8% de plantas Ppa uae ey infestadas com lagartas infestadas com lagartas a coca pS uapen maior ou igual a3 mm ‘maior ou igual a3 mm Helicoverpa Helicoverpa spp. ae sau 2 lagartasim (maior ou Falsa medideira, Cindudens 2 lagartas/m (maior ou igual a3 mm) ou 25% Curuqueré do algodéo, A/@bamaargillacea igual a3 mm)ou 10% de desfolha no ponteiro ecomplexo Spodoptera S:eridania de desfolha na planta ou 10% de desfolha 5. cosmioides art planta 10 adults capturados 10 adultos capturados porarmadilha de porarmadilha de Lagarta osada Pectinophora feroménio por duas feroménio por duas gossypilla notes ou 3.5% de noites ou 35% de magas com dano ‘macas com dano MANEJO DA RESISTENCIA Para o manejo da resisténcia de S. frugiperda, H. armigera eC. includens a inseticidase plantas Bt, ha necessidade de planejamento do sistema de producio de cultivos em cada regio. O intuito 6 estabelecer periodos com auséncia de plantas hospedeiras das pragas, para assim reduzir 0 tamanho populacional e a pressao de selecao em favor dos resistentes. 0 planejamento do sistema de produgao é particularmente importante, pois o controle dessas espécies numa cultura pode ser influenciado pelo controle desse inseto na cultura anterior e das praticas adotadas no perfodo de entressafra. Portanto, deve-se fazer o planejamento do uso de inseticidas para evitar a evolugao da resistencia, Nesse sentido, a rotacéo de produtos com modo de agao distinto € primordial para reduzir a pressio de selecao em favor dos resistentes (Quadro 4; Figura 1). Ainda, deve-se usar as doses recomendadas no rétulo ou bula de cada inseticida e priorizar 0 uso de inseticidas seletivos para a preservacao de inimigos naturais, os quais irao contribuir no controle dos insetos remanescentes. RECOMENDAGOES PARA O MANEJO DA RESISTENCIA Siga os principios basicos do Manejo Integrado de Pragas (MIP): © amostragem e monitoramento de pragas © integracao de diferentes taticas de controle © preservacao de inimigos naturais Faca uso eficaz das opgdes disponiveis para controle de insetos, utilizando os niveis de acao aprovados localmente para o manejo de pragas; Evite a semeadura paralela ou sequencial de culturas hospedeiras dos mesmos insetos-praga; Somente aplique inseticidas em culturas se a populacao ultrapassar 0 nivel de dano econémico; Utilize janelas de pulverizacao de inseticidas, adotando-se a rotacao de inseticidas com diferentes modo de acao, Evite inseticidas para os quais hd casos documentados de resisténcia; Utilize as plantas Bt como uma das ferramentas no manejo de lagartas, com adogao de reas de refiigio (nao-Bt); Sempre usar sementes certificadas, Siga sempre as recomendacées dos fabricantes e produtores de sementes relativas 4 semeadura do refiigio, dose de bula de inseticidas e uso de equipamentos de aplicagao adequados; Siga as orientacdes dos fornecedores das sementes sobre os limites para pulverizacao foliar na plantacao Bt e no reftigio; Use periodo livres de culturas (pousio) para quebrar o ciclo das pragas - vazio fitossanitario; Quando do cultivo de plantas Bt, a semeadura de éreas de reftigio é essencial para a preservacio da suscetibilidade da praga as proteinas Bt e, consequentemente, da durabilidade das tecnologias (Quadro 5).As reas de reftigio devem ser manejadas, com o uso de pulverizacoes de inseticidas oua adogio de outros métodos de controle, sempre que as populacdes das pragas atingirem o nivel de agdo com base no monitoramento. Se necessério 0 uso de inseticidas recomenda-se seguir 0 esquema de “janelas de pulverizacao" (cada janela tem duragdo de + 30 dias - periodo de uma geracao da praga) para minimizar a exposi¢ao das geracdes seguintes da praga a inseticidas com mesmo modo de agao (Figura 1). ORIENTAGOES PARA A SEMEADURA E MANEJO DA AREA DE REFUGIO E recomendavel que o refiigio seja plantado com um hibrido ou variedade de ciclo vegetativo similar, o mais proximo possivel eao mesmo tempo que a cultura Bt; 0 cultivo de faixas de refigio dentro do campo com cultivo Bt é recomendavel para aumentar a eficacia do refigio em evitar ou retardar a evolucao da resisténcia; Seguir as orientacdes dos fornecedores das sementes sobre os limites para pulverizacao foliar no refligio ‘© Milho: nao exceder 2 pulverizacdes de inseticidas, as quais deverao ser realizadas até 0 estagio V6; © Algodao e soja: seguir as recomendacées de nivel de acao. Outras boas praticas agricolas também podem favorecer o manejo dessas espécies. Para o controle de infestagGes iniciais, o uso de tratamento de sementes com inseticidas (TS) pode oferecer controle satisfatério de pragas nas fases iniciais de desenvolvimento da cultura e reduzir a pulverizacao de inseticidas foliares. O manejo de plantas daninhas e voluntarias ("tiqueras") antes da semeadura e depois da colheita também é importante no manejo da resisténcia de insetos. A dessecacao antecipada da palhada(15 a 20 dias antes da semeadura) contribui para a reducao de populagées de pragas iniciais. Isso diminui a necessidade de uso de inseticidas para lagartas que atacam a cultura no inicio do ciclo. Entretanto, em casos de alta infestacao de lagartas remanescentes da palhada, recomenda-se pulverizacao de inseticidas no pré-plantio, pois lagartas grandes sio menos suscetiveis a inseticidas proteinas Bt. As estratégias de manejo da resisténcia serdo mais efetivas quando implementadas no ambito regional. Entao, o trabalho envolvendo universidades, institutos de pesquisa, empresas quimicas e de biotecnologia, agricultores, extensionistas e drgaos de regulamentacao é fundamental naimplementacao de estratégias de manejo da resisténcia. Nay Milho Bt Milho nao-Bt Refiigio (10% da area) aaa e NL} VEGETATIVO REPRODUTIVO FIGURA.1- Orientagdes para o manejo da resisténcia de lagatas a inseticidas em milho, soja e algodao (Fonte IRAC-BR, Janeiro, 2018) na PRE-PLANTIO ara ay NSU) arava oe Soja Bt Soja nao-Bt Refiigio (20% da rea) 4 oe Algodao Bt Algodo nao-Bt Refiigio (20% da he area) Cae NU) ican) ae e00 aanasas oe INSETICIDAAPLICADOEM GRUPO DEMODO DEACAO INSETICIDA FOLIAR TRATAMENTO DE SEMENTES (cobiGos Facog ‘Agosto, 2018) QUADRO 4- Inseticidas registrados para o controle de S. frugiperda, H. armigera e C. includens (Fonte: Agrofi sitio DEAGAO Inibidores de acetilcolinesterase Moduladores dos canais de sédio Agonistas de receptores nicotinicos da acetilcolina Ativadores alostéricos de receptores nicotinicos da acetilcolina Moduladores alostéricos de canais de cloro mediados pelo glutamato Disruptores microbianos damembrana do meséntero Desacopladores da fosforilacao oxidativa via disrupgao do gradiente de proton H Inibidores da formacao de quitina, tipo 0 Agonistas de receptores de ecdisteroides Bloqueadores de canals de s6dio lependentes da voltagem Moduladores de receptores de rianodina Distuptores virais da membrana peritrofica do intestino médio Compostos com modo de acao desconhecido ou incerto GRUPO QUIMICO Carbamato (1A) Organofosforado (18) Piretroide (3A) Neonicotinoide (4A) Espinosina (5) Avermectinas € milbemicinas (6) Biolégico (11) Clorfenapir (13) Benzoiluréia (15) Diacilhidrazina (18) Oxadiazina (22A) Semicarbazonas (228) Diamida (28) Baculovirus (31) Azadiractina (UN) INGREDIENTE ATIVO Carbofurano Carbosulfano Metomil Tiodicarbe Acefato Clorpirifos Malationa Parationa-Metilica Profenofés Piridafentiona Triazofés Alfa-Cipermetrina Beta-Ciflutrina Beta-Cipermettina Bifentrina Cipermetrina Deltametrina Esfenvalerato Etofenproxi Fenpropatrina Gama-Cialotrina Lambda-Cialotrina Permetrina Zeta-Cipermettina Acetamiprido Imidacloprido Tiametoxam Espinosade Espinetoram Benzoato de emamectina Bacillus thuringiensis Clorfenapir Clofluazurom Diflubenzurom Lufenurom Novalurom Teflubenzurom Triflumurom Cromafenozida Tebufenozida Indoxacarbe Metaflumizona Clorantraniliprole Flubendiamida Ciantraniliprole Virus da Poliedrose Nuclear (VPN) Virus da Granulose (V6) Azadiractina icultura.gow brlagrofit_cons/principal_agrofit_cons *Recomendagdes detalhadas para cada espécie em: http:l/agrofi Algodao Cry 1Ac/Cry2Ab2 Cry Ab/Cry2AeNVip3Aa Cry Ab/Vip3Aa20 Milho Cty 1Ab/Cry1F Cry AbiCry1F/Vip3Aa20 Soja CryTAc QUADRO 5 -Tecnologias de algodéo, milho e soja Bt comercialmente disponiveis para cultivo comercial no Brasil para controle de insetos praga (Fonte: CTNBio, Janeiro, 2018). *Mhis informacées sobre éreas de refiigio em: www.irac-br.org PARA MAIS INFORMAGOES: IRAC-BR Caixa Postal, 226 - 13800-970 - Mogi Mirim/SP - Fax (19) 3022 5736 www.irac-br.org PROGRAMA IRAC-BR Manejo da resisténcia de Spodoptera frugiperda, Helicoverpa armigera e Chrysodeixis includens a inseticidas e plantas Bt Versao 1 - autores: Oderlei Bernardi, Celso Omoto MEMBROS DO IRAC: CONSULTORES:

You might also like