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‘Mério Vieira dé:Mello, sim 08 -poucos. que. abordaram 0 pro-. blema das relacbes entre subdesenvolvimento cultura, estabelece para 0 caso brasileiro uma distingdo qu avAmiética ‘Latina: Diz ele-que houve também é valida para toda lteragao-marcada: de-pers- de 1930 predominava iinda nfo pudera realizar-se, ibilidades ‘de progresso cial nia distancia que nds agora é a nogdo de “pais, |. ©-em parte extraia dela a su tual e, portanto, a grandeza ainda. nao aidéia de pais novo: produz derivadas da surpresa, “na Tteratura anon do interesse, pelo exético, de um certo respeito pelo grandioso e a esperanga quanto as possiblidades. A idéia de que a América cconstitufa um lugar privilegiado se exprimiu em projecdes ut6picas {que atuaram na fisionomia da conguista ¢ da colonizacio; e Pedro Henriquez Urena lembra que o primeiro documento reiativo 20 nosso continente, a carta de Colom ‘bramenig ¢ exaltacdo que se com XVII, misturando pragmatismo smo, AntOnio Vieira acon- selhou a transferéacia da monarquia portuguesa para o Brasil, que estarin fadado @ realizar os mais altos fins da Historia como’ sede adiante, quando es contradighes d posteridade. No século, em. relacdo as aa surge a idéia complementar de que a América tinha Sido predestinada a ser a patria da liberdade, assim consumat-os destinos do. homem do ‘Esse estado de cuforia Zoi herdado p -americanos,. que transformaram em instrumentos de nacional ¢ em justificativa ideolégica. A literatura se fez linguagem de celebracao e temo apego, favorecida pelo Romantismo, com apoio na hipérbole © na transformacéo do exotismo em estado de alma, O nosso céu era mais azul, as nossas flores mais vigosas, a nossa paisagem mais inspiradora que a de outros lugares, como se 16 num poema quo sob este aspecto vale como paradigma, a “Can- ‘gio do exilio”, de Goncalves Dias, que poderia ter sido assinado por:qualquer um dos seus contemporineos latino-americanos entre © México e 2 Tetra do Fogo. A idéia de pétria se vin va estteitamente A, de natureza justificativa, Ambas conduziam a ra que compensava o atraso material e a debilidade g6es por meio da supervalorizacéo dos aspectos regio- fe smo social. No Santos Vega, do argentino Rafael Obligado, jé qiiase no século XX, a exaltagao nativista se projeta sobre o civismo propriamente dito,’ e © poeta distingue implicitamente pdria (institucional) e terra (na~ tural), ligando-as porém no mesmo movimento de ideatificacéo: fer) La conviccién de que es mia La patria de Echeverria, La tierra de Santos Vega. Patria do pensador, terra do cantador, Um dos pressupostos, atura latino-americana foi esta conta- ‘minagao, geralmente eufSrica, entre a terra e a pétria, consideran« HL gu~e-desongenizacio—des—instituieSes—constituissem —um-~paradoxo— 142 do-se que @ grandeza da segunda seria uma espécie de desdobra- mento ‘natural ‘da~pujanca ari primeira.--As-nossas litera- furas se nutriram das “promessas divinas da esperanga"”.—.para citar um verso famoso do Romantismo brasileiro. s Mas no outro lado da medalha, também as vis0es desalentadas dependiam da mesma ordem de associacdes, como se-a debilidade inconcebivel em face das grandiosas condig6es naturais. (“Na Amé- 5 rica tudo € grande, s6 0 homem é pequeno.”) ee Ora, dada esta ligagio causal “terra bela — pétria’ grande”; aio é dificil ver a repercussio que. traria a consciéncia.do-subde- seavolvimento como mudanca de perspectiva, que evidenciow realidade dos solos pobres, das técnicas arcaicas; da misétia pi mosa das populagdes, da sua incultura paralisante, A’ vist —yesultaé-pessimista quanto. a~presente-e- protein futuro, e 0 tinico resto de milenarismo da fase-an % a-confianga com que. se admite que a remocao do imperialiemo traria, por si $6, a explosio do progresso.- Mas, em geral, £038 trata mais de-um ponto de vista pessivo, Desprovido de ‘eufaria, ele é agénico e leva & decisfo de lutar, pois o traumatismo causado na consciéncia pela werificagio de quanto 0. atraso.6:ccatastrotics: suscita-reformulagbes politicas.-.O- precedente gigantismo-de- paisagistica-aparecé enfao na sua esséncia verdadeira — como cons trugio. ideolégica transformada ‘em. ilusio. compensadora. Data. disposigao de, combate-que se -alastra pelo-continente,-torna - idéia de subdesenvolvimento uma forga propulsora, que dé cunho ao tradicional empenho polftico dos nossos inteleet ‘A conscigncia do subdesenvolvimento. 6 posterior & Guerra. Mundial e se manifestou claramente ’ partir dos. 1950. Mas, destle 0 decénio de. 1930, tinha hayido -mudaas orieatagdo, sobretudo na fiegdo regionalista, que pode-ser: como termémetro, dadas a sua generalidade abandons, entéo, a amenidade e curiosidade, presse cebendo 0 que havia de mascaramento no encanto. pitg riistico, Nao 6 falso dizer que, sob este aspecto, o romance adquls iu uma forga desmistificadora que precede # tomada-de-conseigne cia dos economistas € politicos. : Neste ensaio falarei,, alternativa .ou. -comparativamenté; catacteristicas Titerérias na fase de consciéncia amena correspondente ideologia de “pais novo”; es “pats-subile- cia:catastr6fica de-atraso, correspondente A nogio de a3 passado jmediato ¢ remoto que percebemos as linhas do presente. ‘Quanto 20 método, seria possivel eStudar as condigées da difuso ow as da produgdo das obras. Sem esquecer‘o primeiro enfoque, i destacar o-seguado, que, embora nos: afaste-do rigor das $s aproxima, ¢m compensagfo, «los interesses especi= 2 lterSria, 2 Se pensarnios nas condicées materiais de existéncia da litera tura, 0 fato bsico talvez seja o analfabetismo, que nos paises de cultura pré-cdlombiana adiantada & agra pilistica ainda vigente, com as diversas efi disctiminacdo-em-face de influéncias e press6ee ‘externas. © quadiro dessa debilidade se completa por fatores do ordem econémica e politica, comio” os niveis'iisuficightes de remuieragho € a anarguia financeira dos governos, articulados com politicas educacionais jaeptas ow ctithinosamente desinterestadas. awés'paises ‘iieridionais “que forniam a “Am dos curopeiss),' tom sido ‘preciso fazer rev condigoés-de atalfabetismo ptedomiinante, obmo'foi 0 caso lento © inconipleto do México ¢ 0 caso rapido de Cuba. “Os travos apontados nao se combina mecanicamente e sem- pie do mesmo modo, havendo. diversas possibilidades de dissocia- ‘$0 ¢ agrupamento enire eles. O analfabetismo nfo € sempre razio ‘suficiente para explicar a fraqueza de outros setores, embora seja ‘.trago b4sico do subdesenvolvimento.no terzeno cultural... 0. Peru, para, citar um exemplo, esté menos mal-situado que, varios outros paises quanto ao fndice de instrugdo, mas apresenta o mesmo atraso =» quanto A difusdo da cultura. Noutro,setor; uin-fato:como:o surto editorial dos.anos de 1940, no México ¢ na. Acgentina, mostrou que a faita de livros 1ia0 era conseqiléncia unicamente do niimero reduzido de leitores ¢ do, baixo. poder aquisitivo, pois toda.aAmé- rica Latina, inclusive asde fala portuguesa, absorven as suas tira 1 inércia dos piblicos; ¢ a capacidade néo satiseita de -sbsorgio, imo exemplo faz lembrar que na América Latisa’s 12 dos piiblicos apresenta tragos originais, pois ela 6 0 tinico conjunto~de~paises-subdeseavolvides-quo-falam_idiomes-eurapens——— (com a excecéo jé indicada dos grupos indigenss), e provém cul- turalmente de metrépoles que ainda hoje tém éreas subdesenvol- vidas (Espanha e Portugal), Nessas antigas metr6poles a literatura foi e continua sendo um bem de consumo restrito, et com os paises plenamente desenvolvidos, onde os piblicos podem ser clasificados pelo tipo de leitira que fazem, e tal classiticacao permite comparacées com a estratificacdo de toda a sociedade. Se, uma condicao negativa prévia, o némero de alfabetizados, que, em relagéo as suas, 08 paises subdéscnvolvidos da da Asia, que falam idiomas diférents dos falados pelo. col © grave problema de. escolher 0. idioma .em..que deve. se a criagho literéria. Os escritores, afticanos de lingua européia (francesa, como Léopold’ Sendar Senghor, ou inglesa, como Chinua Achebe) so afastam, duplamente. dos seus: pablicos virtuais; ¢ se amartam, ou aos piiblicos metropolitanos, distantes em todos os sentidos, ou a um piiblico local incrivelmente reduzido. Isto 6 dito para mostrar que sio.maiores as possibilidades de comunicagao do escritor latino-americano no quadro do Terceito ~ ‘Mundo, apesar da situagGo, atual, que reduz muita os seus. péblicos eventuais. No enti ambém.possfvel imaginar que_o escritor Jatino-americano esteja condenado a ser sempre o que tem sido: ‘um produtor de bens culturais para’minorias, embora no\¢2s0, no sigiifiquem grupos de boa qualidade ‘estétc mente 0s poucos gritpos dispostos a thos qué os modernos recursos audio\ iis podem indanga-nos processos de criacdo ¢ nos meids'decomiumicacig; que’ Gldndo as grasides massas cegarém finalimente A iitrugao, quem sabe iro buscar fora do livro os meios de satisfazer-as ‘sua: necessidades de ficgdio e poesia. Dizendo de’ outro modo: na maioria=dos “nosso8” pases Wa grandes smassas ainda fora do alcance ‘da:literatura ‘erudita, mer= githando-numa etapa folclérica de comunicagto oral: Quando alfabistizadas e absorvidas pelo processo “de urbanizagio; "passami Meas-tanto-na-Espanhq-e-em Portapo!-quanto-em-n0ssos-paies———— para o dom‘nio do rédio, da televisio, da histéria em quadrishos, constituindo-a base de ume cultura de massa: Dat x alfabeti Go, aumentar proporcionalmente © ntimero de leitores da litere- tura, como a concebemos aqui; mas atirar os alfabetizados, junto com os analfabetos, diretament= da fase folelérica para essa espé- lore urbano que é a cultura massificada. No tempo da ‘catequese_os. missionérios.coloniais-escreviem autos e poemas, em. ingua indigena ou em verndculo, para tornar acessiveis a0 cate- i io © da civilizaclo metropolitan, por meio de formas literdrias consagradas, equivalentes &8 que se destinavam ao homem culto de entéo, Em nosso tempo, uma catequese as avessas converte rapidamente o homem rural a ‘socie- dade urbana, por/meio de recursos comunicativos que vio até & inculeagéo subliminar, impondo-the valores duvidosos bem dife- rentes.dos.que.o homem culto busca na.arte-¢ na literatura. ds, este problema é um dos mais graves nos paises subde- la interferéncia macica do que se poderia cha rural e dos proprios materiais jé elaborados de cu massificada, provenientes dos paises desenvolvidos. Por este tais pafses podem n&o apenas difundir normalmente os seus. val tuar anormalmente através deles para orieatar a opinio lidade das populagées subdesenvolvidas rio sentido dos yrmal, por exemplo, que a la, porque, independente dos 6 um dos tragos da cultura norte-americana incorporado A sensibilidade. média do mundo coniemporfineo. Em paises de Jarga imigraco japonesa, como o Peru e sobretudo o Brasil, + difundindo de maneira também normal a imagem do samurai, so- bbretudo por meio do cinema. Mas € anormal que tais imagens sirvam de vefculo para inculcar nos piiblicos dos paises subdesea- volvidos atitudes ¢ idéias que os identifiquem aot interesses politi- paises onde foram elaboradas. Quando pensamos que a maiotia tos desenhos animados ¢ das histérias em quadrinhos sia de copyright norte-americano, e que grande parte Ga ficedo policial ¢ de aveatara vem da mesma fonte, ou € decal- cada nela, é fécil avaliar a aco negativa que podem eventualmente exercer, como difusio anormal junto a pablicos inermes. A este respeito convém assinalar que ne literatuia crudita 0 problema das influéncias (que veremos adiante) pode ter um efeiio estético bom, ou depl mas 86 por exce¢io -repercute -n0 comportamento ético ou politico das massas, pois atinge ‘um nie? ro restrito"de piblicos restritos. Porém, mima civilizacko massfi- cada, onde predominem os meios nio-literdrios, paraliterdrios “ow subliterérios;-como 0s citados, tais piblicos restritos e diferenciidos ---lembraro-que-pode. ocomer-quan —~ gG0-traz automaticamiente todos. os beneficios 146 tendem 2 se uniformizar até o ponto de se confundirem com a ‘massa,-que-recebs -a-influgncia.em.escala imensa.-E-o que € mais, por meio de veieulos onde o elemento estético se reduz.a0.mninimo, podendo confundir-se de maneira indiscernfvel.com.designios.éticos ou politicos, que, no limite, penetram na totalidade des populagdes “continente sob intervengio" cabe a lite- auma_vigilincia_extrema,-a-fim-de-ndio.ser de adcrir aos “apocalipticos”, mas de alertar-os “integrad: para usar a expressiva disting#o de Umberto Eco, Certas experién- cias modernas sio fecundas sob 0 ponto de vista do espitito de vanguarda e da insercio da are ¢ da literatura-n ritmo tempo, pl aes “as enidoy alm sociedad ‘mate Com ato, ‘ape mornento elas apresentarem um aspecto. hermético ¢-restritivo, 08 princfpios.em que se baseiam, com recurso.A sonoridade expressiva, a0 gratismo © as combinagées sintagméticas. de: alto. tivo, podem eventualmente torné-las-muito mais aque as formas literéries tradicionais, funcionando, a piblicos massificados. Endo hé interesse, para.a express réria da América Latina, em passar:da segregagio aristocrdticn da era. das. oligarquias para 2 manipulagio. dirigida das-massas,. na. ‘nos aspectos exteriores que acabam de. ser men i critico é mais interessante. a sua atuagdo.na, conscigncia ‘do, ¢scr ene propria natureza da sua prodigéo, escritor. partilhava. da. ideologia ilustrada,-segundova qu humanizagtio do homem.e 0 progresso-da 50 instrucio preconizada apenas. para.os cidadaas reerutavam os que partilhayam das ~vantagens, econémicas:'e:pols= ticas; depois, para todo 0 povo, entrevisto, de longe-e:vagamente; _ menos como realidade do que como. conceito. liberal...D,Redro-IL ‘dizia. que- teria preferido ser professor, .o que denota,atitude. qui- “7 valente ao-famoso ponto de vista de Sarmiento, segundo.o qual 0 ‘como’ pressuposto~ uma urbanizago Na vocacio con- tinental de Andrés Bello guir a visio politica do projeto pedagégico; © no grupo mais recente do Ateneo, de Cara- a tirania de Juan Vicente Goméz feria corpo com da instrugdo redentora — tudo projetado na figura de Rémulo Gallegos, que acabou sendo o primeiro presidente de uma Repii- blica renascida. Caso, curioso’ é ode um pensador comio Manuel Bonfim, que publicou em 1905 um livro dé grande interesse, A América Latina, esfuecido, (talvez por se apoiar. em superadas ana- gicas, talvez pelo radicalismo incdmodo das suas. posi ‘nosso:atraso:em funcio do prolongamento:do estatuto colonial, traduzido na persisténcia das oligarquias © no imperialismo estrangeiro. No final, quando tudo levava a uma tcoria da transformacdo das estruturas sociais como condigio. ne- cessfria, ocorre um decepeionante estrangulamento da argumenta- ‘do e ele iermina, pregando a instrugio como panacéia. Num caso desses, nés.nos sentimos no Amago da ilusto.ilustrada, da fase de consciéncia esperangosa.de atraso que, signi fez bem pouco para efetivé-la. Nao espanta, pois, que-a idéia j& referida, segundo a quel 0 Novo’ Continente estaria destinado a ser a pétria da liberdade, hhaja sofrido uma adaptacio curiosa:, cle estaria destinado mente a ser a pitria do livro, 0, que lemos num paema re onde Castro Alves diz que, enquanto Gutenberg inventava prensa, Colombo encontrava o lugar ideal para aquela tédnica revo- luciondria (0 grifo.é do poeta): Quando no tosco estaleiro Da Alemanha 0 yelho obréir A ave da imprensa gerou, © Genovés salta os mares, Busea um ninho entre os palmares E 2 péiria da imprensa achou. Este poema, escrito. no decénio de 1860 por um rapaz abra- sado de liberalismo, se chama expressivameate,“O livro e,a,Am¢ rica”, manifestando'a posicdo ideolégica.a que. estou me reférindo, Gracas a ela, esses intelectuais. construfram uma visio igual= mente deformada da sua posi¢ao em face da incultura dominate: Ao lamentar a ignoréncia do povo-e desejar que-ela desaparecesse; a fim de que a patria subisse automaticamente aos seus altos-des- tins, eles. se exclufam do contexto e se consideravam grupo! & parte, “ffituiante”, nim sentido mals completo que 0 de Allred Weber, Flutuavam, com ou sem consciéncia de culpa, acima a incultura e do atraso, certos de que estes nao 08 poderiatt con taminar, nem afetar a qualidade do que faziam. Como o ambiente nio os podia acolher intelectualmente sengo em proporgbes redu- ‘avam, tomando-a inconscientemente como ponto de referéa- escala de valores; e considerando-se equivalentes ao que 16 de melhor. Mas ne. verdade.a-incultura-geral produzia ¢ produ umni-dcbie lidade muito mais penetrante, que interfere em toda-a cultura'e na de hoje-a: situagio: de ‘ontem parece diversa_da ilustio que entio reinava,~ pois hoje’ pademos si uma posigdo de altitude absolute. “Eu sou o iltimo heleno!” — bradava-teatralmente-enr 1924 na Academia Brasileira 0 afe= tadissimo. Coelho Neto, espécie de operoso D'Anmun: , pro- testando contra 0 vanguardismo dos modemisias, que vinham que- ‘brar a pose aristocrética na arte e na literatura. Lembremos outro aspecto de aristocratismo alienador, que no ‘tempo parecia refinamento apreciével:-o uso de linguas-estrangeiras na redagao das obras. Certos exemplos extremos mergithavam invol idade mais paradoxal, como o de um ro1 1a categoria, Pircs de Almeida, que publicon jé-no comego deste século, em francés, uma pega... nativista, composta prova- velmente alguns%decénios antes: La féte des cries, drame de ‘moeurs indiennes en trois actes et douze talbeaux... *’ Mas 0 fato tatiamente na atrasado:e — anialist-la nals objetivamente, ‘devido-a-a0Go- Feguladete o-ieiipo~ € ao nosso préprio esforgo de desmascaramento. A questi ficaré mais clara quando sbotidarios’as infhitnets estrangeiras. Para as compreendermos bem, € conveniente focali- zat, 2 luz da reflezéo sobte 0 atraso eo subdlesenvolvimiento, 0 problema da dependéncia cultural. ste ¢ un fato ot asi Cet natural, dada a nossa sittaego de povos colonizados ‘que, cendém do coloaizador, Ou sofrerain a imposicao dé sia mas fato que se complica em aspecios positives e i A pentitia’ cultural fazia’ os escritores so: voltafein’ nebessari mente para os padres ietropolitanios © éuropeus em geral, f mando um agrupamento de certo modo aristocréticd em relagaio a0 ida‘em que nao existia pitblico iciente, ele escrevia como se na Europa’ estivessé -o ‘seit dava nascimento a obras que os autotes € leitored cohsideravam altamente requintadas, porque assimilavam ‘as formas’ valores da moda européia. Mas que, pela falta de ponios locais de referencia, podiam nao passar de exercicios de mera alienagio cultural,:nio justificada-pela exceléncia da realizacdo —e 60 que ocorte na parte que hé de bazar e afetacio'no chamado'Modernismo” de lingua espanhola e seus equivalentes brasileiros,.o.Parnasianismo 0 Simbolismo, H4 em Herreray Reissig, Bilec e Cruz ¢ Sousa, Mas ié‘também muita j6ia falsadesmascarada pelo tempo, muito contrabando: que. lhes 4 jum ar de concortetites em’ prémio internacional dé “eScrever bonito. O requinte dos decadentes © nefelidatas ficow provinciano, mostrando a perspectiva errada predominar quando“a‘ elite; <¢m bases nam povo inculto, nfo tem meios’de encarar criticamente-a si mesma ¢ supe que distincia relativa que os sepata traduzpard realmente significativo quando ligado a°mutores’ &” obras de"qua= ide, como Cléudio Manuel da Costa, que deixon larga'e boa produgio em ital juim Nabuco, tipico exemplar da oligarquia cosmopolita de sentimentos liberais na segunda um livro de reflexes — mas sobretudo uma peca_teatr alexandrinos convencionais debatem os problemas de. cons de- um alsaciano depois da Guerra de 1870. Na mesma. lingua escreveram toda a sua obra, ou parte dela, diversos, simbolistas menores, © também um dos mais importantes, Alphonsus de Gui- maraens. Em francés escreveu 0 peruano Francisco Garcia Cal- deréa um livro de valor como tentativa de visio integrada dos paises latino-americanos. Em francés escreven 0 chileno Vicente Hiuidobro parte da.sua obra e da sua teoria. Em francés publicon Sérgio Milliet a sua obra poética inicial. E estou cetto de que se fencontrariam exemplos incontéveis da pafses da América Latina, desde 2 vulgar literatice oficial © aca- démica até produgbes de qualidade. a Tudo isso néo ia sem ambivaléncia, pois as ttitavar, por-um lado, 0 bom ¢ o mau das sugestdes européias; mas, por outro, as vezes simultancamente, afirmavam a mais intransigente independéncia espiritual, num movimento pendvlar entre. a reali- dade ea utopia'de cunho ideolégico. E assim vemos:que analtabe- 10 € regionalismo, podem ter raizes misturadas no solo da incultura ¢ do esforco para superé-la, Infiuéacia mais grave da debilidade cultural sobre-a:produgio literdria s20 0s fatos de atraso, anacronismo, degradagio-¢ confusao: de valores. 3 Devo esta fidicagio a Decio de Almeida Prado. eons viquartel deste, Toda literatura apresenta aspectos de retardamento que sf0 normais-ao sew modo, podendo-se dizet-que a média da:produgao °~ num dado instante j4 € tributéria do passado, .enquanto:as-van- ‘guardas preparam o futuro. Além disso hé-uma subliteratura-oficial, marginal e provinciana, geralmente expressa. pelas’Academias. ‘Mas ica Latina 6 o.fato. de serem con- ‘melhor opinigo rftica-e durarem por mais de uma geracio — quando umas.e, outras:deveriam-tez sido desde logo postas no devido lugar, como, cojsa. sem, valor-ou ‘manifestagdo de sobrevivéncia indcua, Citemos. apenas.o_estranho, caso do poema Tabaré, de Juan Zorfilla de San Marti, tantatis de epopéia nacional uruguaia jé no fim.do século XIX, sério pela opinido critica apesar de concebida e execniada moldes.os.mais obsolet0s.. pane “Outras vezes-0 atraso nada tem de cht ; Significando' ples demora cultural. “E 0 que ocorre com 0: Naturalism ‘mance, que. chegou um pouco tarde e se prolongoi sem quebra essencial de continuidade, embora modalidades. O fato de sermos pafses que na te ainda tém problemas de ajustamento ¢ luta com o meio,-assim como:proble- mas ligados.& diversidade racial,.prolongow-a preocupagtio-natura- lista com os fatotes fisicas ¢-biol6gicos. ~Em se : realidade total produz uma espécie de legitimagio retardada; que adquire sentido critdot: “Por ‘© Naturalismo era uma sobrevivéncia, oii ingrediente de t6rmulas ‘literérias legitimas, ‘ci Bovial dos decénios de 1930 ¢ 1940. 4 ‘Hé outros, casos francamente desastrosos: os d mo cultural, que leva a perder o senso das. medidas ¢° obras sem valor 0 tipo de reconhecimento’e ‘ayalingi na Europa para os livros.de qualidade. . Que leva, ain menos de, verdadeita degradacio cultural, £ espirias, no sentido de que passa um contrabando, d queza dos piblicos e & falta de senso dos valores, por, ex.dos..escritores,.-Vejarse~a sotinizagliowde-influébeias: “duvidosas, como as de’Oscar Wilde, D'Anninzio ¢ meimo, France, nos Elisio de Carvalho ¢ nos sAfranio Peixoto: do ule... Ou, .no:limite. do grotesco,-a-ver fanagao de Nietzsche por Vargas: Villa, cuja.voga-em: toc rica Latina alcangou meios que em principio deveriam’ter'ficado z-imunes, numa escala que pasma ¢ faz sorrir.. A. pr semicultos cria estes ¢ outros equivocos, —---onA8_nossas.literaturas.latino-americanas,-como tai 181 Se ee a ee ee ‘Um problema que vem rondando este ensaio e tucra em ser dlscutido & luz da dependéncia causada pelo atraso cultural é 0 das influéncias de vério tipo, boas ¢ més, inevitdveis ¢ desnecessatias, a8-da- América do Norte, sio basicamente galhos das metropolitanas. E Se afastarmos os melindres da orgulho’ nacionel, veremos qite, apesar da autonomia que foram adquirindo em telagio a estas, ainda arte. reflexas, No caso dos paises de fala espanhola portuguesa,’ 0 processo de autonomia consistiv, numa boa parte, aependéncia, de modo que outras literaturas euro. péids ndo-metropalitanas, sobretudo'a'trandesa, foram se tornando século XIX, 0 que aliés ocorreu também nas infensamente afrancesadas. Atualmente € pre- ciso evar em conta a literatura norte-smericana, que constitui um nove foto de attacao.° : © se poderia chamar de influéncia inevit4vel, socio ada. &.nossa dependéncia, desde. propria coloni- Fvezes.brutalmente forgado das culturas. Juan Valera no fim do século passado: De este Jado yeidel-otro det -de-lengua-espaiolay:nuestra. depe ‘0. punto, 1o- eF&o neladible; ie sacudamos su Yugo, jx independientes, que ‘nos ‘ justa que los pusblos civil. zados deben efercer ‘viios sobre los otros. __-Lo.que yo sostengo es que nuestra admiracién no debe ser ciegs,, ni nuestin imitacion sin critica, y que! conviene tomer 10 ‘que tomemos_con discernimiento y prudeacia:® Encaremos portanio’ serehamente 0 nosso viaculo, placentétio ois cle nfo é ti is no plano da realizacdo ex Teconhecemios implicitamente a dependéncia.’ Tanto ‘ssi ‘ie unca sé viul os diversos nativismos contestarem 0 w50 Stitico: Ta: Saw Marrs, Juan Zorrilla de. Tabaré. (Midevisima Esicién Thustrada) Mexico ete, Casas Eaitoriales, 1905. p- 9410. das formas importadas, pois seria o mesmo que se oporem 0 uso dos-idiomas europeus que falamos. O-que requeriam era a escolha de temas novos, de sentimentos diferentes. Levado a0 extvemo, 0 nativismo (que neste grau & sci embora.sociologice- compreensivel) teria imp a, 0 verso livre associative —-O-simples-tato-de-2-questo-aunee- que, nas camadas profundas da claboracio ‘vem a escolha dos instramentos expressivo: como natural a nossa in ela deixa de o ser, para t buigio a um universo cultural a que pertencemos, que transh ag nagées € os continentes, permhitindo @ teversfbilidade das expe siéacias e a circulago dos valores. Mesmo pordue,.a08 momientos zadas por nés (nfo no das sugest6es teméticas ue 0° nosso conti- nente oferece para.cles elaborarem como formas mais ou meros acentuadas de exotismo), em tais momentos, 0 que devalvemos nfo foram invengdes, mas um afinamento. dos instrumentos rece- bidos. Isto ocorreu com Rubén Dario em relacio ao “Modernismo!* (no sentido hispfnico); com Jorge Amado, José: Lins do Rego, Graciliano Ramos em relagéo a Neo-realisino’ portugues. (© “Moderaismo” hispano-americano 6 considerado por muitos vuma espécie de rito de passagem, maccando a maioridade. lite através da’ capacidade de contribic&o° originals: Mias;"se" ‘mos as perspectivas.e definimmos ‘os campos, veremos que mais verdadeizo. como fato psicossocial..do. que como.-realidade estética, E cvidente que. Darfo,.c eventualmente. todo o-movi- invertendo pela primeira vez a corrente e levando'a-influén- América sobre a Espanhe, représentow uma’ ruptuta na soberania literdria quevesta exercid.: Mas 0 fato 6 que tal ‘coisa nfo se fez a partir de recursos expressivos originais, e sim da.adaptacdo de processos ¢ atitude francesas. O que os espanlidis receberam foi a influéncia da Franca jé coada é traduzida pelos latino-ame, ricanos, que deste modo s2 substitiiram ‘a eles como mediado, culturais. pe ideas Isto em nada dimiaui o valor dos “modernistas” nem.o.sentido de seu feito, baseado numa alta conscincia da. literatura, como arte, nfio. como documento, ¢ numa capacidade por vezes:excepcio- nal de sealizagio poética. Mas permite intezpretar 0 “Modecnisino? hispinico segundo a linha desenvolvida aqui, isto & como episédio historicamente importante do processo de fecundagao’criadora da dependéncia — modo peculiar de os nossos paises serem.originais. ‘em-que-influimos-de-volta-nos-europeus,-110-platto-das-pbras. ral Pelo fato de também néo ser inovador no plano das formas estéticas ‘Berais; O-miovimento brasileiro Coftespondente, embcra seja menos Valioso, 6 menos engenador, pois, ao denominar-se nas suas duas grandes vertentes “Parasianismo” e “‘Simbolismo”, deixou clara @ fonte francesa onde todos beberam. Um estégio fundamental na superago da dependéncia & 2 ‘capacidade de produzir obras de primeira ordem, influenciada, nfo por modelos estrangeiros imediatos, mas por exemplos nacionais? anteriores. Isto significa o estabelecimento do que se poderia cha- mar um pouco mecanicamente de causalidade interna, que torna inclusive mais fectindos os cmpréstimos tomados as outras culturas. No caso brasileiro, 08 ctiadores do nosso Modemismo derivam em grande parte dé vanguardas curopéias. Mas os poctas da geragio seguinte, nos anos de 1930 © 1940, derivam imediatamente deles como se dé.com 0 que & fruto-de influéncias em Carlos Drum- mond de Andrade ou Murilo Mendes. Estes, por sua vez, sio inspiradores de. Joao Cabral de Melo Neto, apesar do que este deve, também, primeiro a Paul Valéry, depois aos espanhois seus contemporaneos, No entanto, estes poetas de alto.v6o néo influt- zam fora do seu pais, e muito menos.nos pafses de onde nos vém as sugesties, Sendo assim, 6 possivel dizer que Jorge Luis Bozges representa © primeiro caso de_.incontestavel influéncia original, exercida de maneira ampla e reconhecida sobre os paises-fontes através de um modo novo de conceber a escrita. Machado de Assis, cuja otigi- nalidade no € menor sob este. aspecto, e muito maior como visio do homem, poderia ter aberto rumos novos no-fim do século XIX para os pafses-fontes, Mas perdeu-se na areia de uma lingua des- conhecida, num pafs entio com; te sem, importancia. E por isso que as nossas pr6prias afirmagdes de nacionalismo © de independéncia cultural se inspiram em formulagées européias, servindo de exemplo o caso do Romantismo brasileiro, definido em Paris por um grupo de jovens, que 14 estavam ¢ ld fundaram em 1836 a revista Niterdi, marco simbélico do movimento. E sabemos que hoje o contato entre escritores Iatino-americanos se faz. sobre- judo na Europa e-nos Estados, Unidos, onde so incentiva, lids, mais do que entre nds mesmos, a conscigacia da nossa afinidade intelectual. A situagio hoje 6 diferente aliés jé estava mudando quando eserevi este 1969) ‘© papel de Cubs, promovendo intenss- iro de artistss, cientistas, escrtores, intlec- ‘podem conviver trocar experiéncias sem 18 mediapio dos paises’ imperialistas, 188 Bs _Tateressente. &.0.caso.das vanguardes do decénio de 19: marcaram uma libertagio ext: 0s meio ‘nos prepararam para alterar se ente 0 tratamento dos tenis & consciéncia do jase encaminhs ---—— ‘usar sem equi de autonomia ¢ auto-xfirmagio; © em nadas & Juz do nosso tema? Huidobro estabelece 0 fem Paris, inspirado aos Waliceses"e-1 sesoreveom-feancés———-—-+-—---——unidede-na- di os seus versos e expde om francés os seus priscpios,.sm.revistes original, que sero lentamente como L'Esprit Nouveau. Diretamente tributdrio das.mesmnas fontes sive os'dos paises metropolitan cesagradaveis no vocabulétio p¢ apenas dar aos escritores da Améri So 6 Ultraismo argentine e 0 Modernismo: brasileiro: B: nada reflexio sobre 0 desenvolvimento conduz, no ‘terreno da: cultura, disso impediu-que-tais-correntes.fossem ‘novadoras, .nem-que0s ie ao da integrago transnacional, pois o que era imitaglio vai cada seus propulsores fossem por exceléncia ios fundadores: da literatura vez mais virando assimilagio recfproca. nova: além de Huidobro, Borges, Mério de: sAndrade,-Qswaldsde Andrade.e ou sis da qual participamos como veriedade eultural. E que, ao'coa do que"supunham “por vezes ingenuamente'os ‘nossos. avés) € Ue ilusto falar em supressio de contatos <’infl8acias. \ © caso 2s aprofundou e, fecundou, a0 ponto que, num momento em qui ‘do mundo "a inter-telagao ea também sua, Um exemplo admiravel em La Ciudad ot {nteragao, as ‘utopias ‘da originalidade solacionista-nao-subsistem ‘© do personagem nio-identificado que. vai deixando fu 2 ‘mais no sentido de atitude tica, compreensivel-numiitgst de t plexo, pois,se cruza com a vor do narrador na_ter: Ie formagdo nacional recente, que condicionava: urna pt ‘com: 0 monélogo de outros pers z ¢ ciana e umbilical. % SFE fundir-se alternativamente com eles; lO: de. consciéncia: ‘como Jaguar, ilumina retrospectivamente a = fo 30 aptesenta, portanto, mais ‘th = maneira de-um rastilho, promovendo a-revisio de’ tudo que-este- =k ¥;'quante mais:o-home: delecéramos sobze os personagens. Esta técnica parece uma con- z¢ “ea:do- subdesenvolvitnenhto, mais: a cretizagdo da imagem que Proust usa para sugerir a sua (a-figura | = japonesa.se destobrando na 4gua da tigeja); mas significa algo Inuito diverso, num plano diverso de xealidade. Ai, o romancista subdesenvolvido recebeu ingredientes que Ihe vém aises de que costumamos receber as {6r- ém profundidade ao seu designio, para representar problem: seu préprio pafs, compondo uma férmula ane ‘Nao ha imitacio nem reproduc&o mecinica. Ha aparbncin. Me ee kaa participagio aos recursos que se tomaram bem comum através do faridade, impostivel na mung Estado de dependéncia, contribuindo para fazer deste uma, intei koo~ dependéncia= itico dq. imperialismo das. estruturas. intern: pais a-modificag do de subdesenvt lade 0 plano da expressio e ao designio dé mento econdmico e politico. Inversamente, a ‘afirmagio: nal de originalidade, com um sentido de part = i ‘conduzia e conduz.a duas doengas de'crescimer mas ‘io obstante alienadoras. = ‘Avpartir dos movimentos estéiicos do‘ decénioxde 1920:-aia jntensa consciéncia estético-social dos anos. 193019405: da crise c cia destes fatos parece integrada no modo de ver dos escritores da América Latina; um dos-mais origiaais, Jilio geiras-nos es artigo da 16 ecentes, Rodriguez Monegal assume, ‘nut Quarterly (n. 13-14), atitude que se’ poderia chamar de justificago critica da assimilagao, No ‘entanto, ainda subsistem ponts de vista-opostos, ligados a certo localismio proprio da fase de “conscincia amena de atraso”. Para os que-os defen dem, fatos como os que estamos comentando so. manifestagses de falta de personalidade ¢ de alienacio cultural, comd’se pode ver num artigo da revista venczuelana Zona Franca (n. 51), onde verdadeiro escritor latino-americano seria 0 que nfo apenas vive Lora o seu temério caracteristico.e. exprime a exterior os seus tragos pecaliares, Parece, entretanto, que um, dos tracos. positivos.dn era de. consciacia do subdesenvolvimento & a superagio da atinide de que leva & aceitago indiscrimineda ou'a ilusio de origina- lidade por obra e graca do temério local. Quem luta ‘contra obst- ~ culos reais fica“tiais sereno-e"reconhiece-a-faldela- dos” obstécalos ficticios, Em Cuba, admirével vanguarda da América aa luta'eontra o subdeseavolvimento ¢ seus fatores, haveré artficialidade- ow fuga na impregnagdo surrealista de Alejo Carpentier? ‘Na sta complexa viséo transnacional, inclusive do ponto de vista temi aparece em Siglo de las Luces? Haverd alienacdo’ nas arrojadas de, Cabrera Infante ow Lezama Lima? No Bré c mento recente da poesia concreta adota inspiragées de Ezra Pound e princfpios estéticos de Max Bense; mas opera uma redefi do passado nacional, Jendo de manera nova.-poctas. ign como Joaquim de Sousa Andrade, precursor. perdido miinticos do século XIX; on ituminando a revolugao.¢: x grandes modernistas, Mario de Andrade ¢ Oswald de-Andrade, 5 Considerada como derivagao do airaso,¢ da falta volvimento econdmico, a dependé: manifestam a sua repercussio na @ fendmeno da ambivaléncia, traduzida por impulsos- tejeigdo, aparentemente contraditérios quando .vistos iy mas que podem ser complementares se forem encarados. desse Angulo, Atraso que estimula a cépia servil de-tudo-quanto-a-moda dos paises. adiantados oferece; além de-seduzir 0s jeseritores-com 4 migracdo, por vezes migraeio interior, que encurrala-o individuo no siléncio,¢ no-isolamento.” Atraso gue, entretanto;:no outra-lado da medalhe, propée.o que hé de mais peculiar ‘na realidade Jocal, de desen yaztlez-deixa-claro-que—no-seu-mode-de-entender-~ Se insinuando um regionalismo que, 20 parecer afirmagéo da identi- dade" nacionul, ‘pode~ser ma~verdede “um modo insus ‘bilidade européia 0 exotismo que ela deseja torna desta maneira forma aguda de d ia. Com a perspectiva atual, parece que as duas tendéacias so solidérias e nascem da mesma situagio de retardo ou. subdeseavolvimento, Em seu aspecto mais grosseiro, a imitagio servil dos estilos, temas, atitudes e usos literérios tem-um ar risivel ou constrangedor ‘ianismo, depois de ter sido aristocratismo compensa- t6rio de pats colonial. No Brasil 0 fato chega ao extremo, com a sua Academia de Letras copiada da francesa, instalada num prédio ‘onomésia da inStttieso), com quarenta mem- amde"imortais'e;-sinda-como'o seu manequim francés, usam farda bordada, bieérnio e espadim... Mas, por toda 2 América, a boemia decalcada em Greenwich Village ‘ou Saint. ~Germain-des-Prés pode ser muitas vezes fato homélogo, sob a aparéncia de rebeldia inovadora. Talvez nfo sejam menos grosseiras, do lado oposto, certas formas primfrias de nativismo e regionalismo literdrio, que redu- zem os problemas humangs a elemento pitoresco, fazendo da pai- xo e do sofrimento do homem rural, ou das populagdes de cor, uum equivalente dos mamdes ¢ dos abacaxis, Esta atitude pode nio apenas equivalet A primeira, mas combinar-se a ela, pois redunda em fornecer a um leitor urbano europeu, ou europeizado artificial- mente, a realidede quase turistica que Ihe agradaria ver na Amé- rica. Sem o perceber, 0 nativismo mais sincero arrisca tornar-se manifestagdo ideol6gica do mesmo colonialismo cultural que o seu praticante rejeitaria no plano da razdo clara, ¢ que manifesta uma sittagio de subdesenvolvimento ¢ conseqiiente dependéncia. No entanto, & luz do enfoque deste ensaio, seria erradopro- ferit, como iminado contra’ a ‘ao plano dos juizos de realidade, como conseqiiéncia da atuagdo que .as condic6es. econémicas: & Sociais exercem sobre a escolha dos temas.° As dreas de subdeseii- volvimento © os problemas do subdesenvolvimento (ou straso) g geralmente 0 restringe as fases compreendidas mais ov menos 1950, invadem 0 campo da consciéacia e da s etigindo-

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