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146 Circulacao e fronteiras no Rio de Janeiro: ncia urbana de jovens moradores ide favelas em contexto de“pacificagao” ‘Marcia Pereira Leite & Liz Antonio Machado da Silva \Nosto foco sito as criangas. A juventude de favela no tem jeito.Jé foi coupteda pelo trfico, Fssa nds jé perdemos. Agora, emos que invest ‘nova ge (depoimento de um oficial graduado da Poli sobre a atuagao das Unidades de Policia Pacificadora em favelas ~extraido de caderno de campo) Em 19 de dezembro de 2008, 0 Governo do Estado do Rio de Janciro ju uma Unidade de Politica Pacificadora (ure) na favela Santa cia da Secretaria de Seguranca dentro da tio imag entre policia e comunidade”.* Quatro anos depoi ‘comemorativa de fato, 0 jornal O Dia destacava: “As crianyas mais novas da comunidade, como Bruna, nio viveram sob jo das armas do trfico de drogas. Junto da irmi, Beatriz, de $ Anos enove meses, ela aproveits hoje 0 fruto da ‘Ao longo desse perfodo, diversas outras report iis, ressaltando a relagdo de proximidade de p ‘com criangas das comunidades: festas de Natal e tas de reforco escolar, cursos de futebol, natasio, danga, artes marcia, competigdes diversas, entre virios outros eventos, expres bem “sucedida estratégia de aproximagao dos .¢to is criangas, ‘em epigrafe. Foros de criancas subindo, Operagies oP ~ utilizados em favelas), soltando pipa com policiais ou les traduziriam este sucesso.” 10 dos jovens? Da geraclo que, segundo nosso in ‘considerada “perdida para o wéfico” pela cupula da separ ‘do Estado do Rio de Janeiro? Nas paginas dos jornais ‘cariocas (como também na internet e nas redes soci das" costumam dar jcando que esse seria geratura também tem dest amma de Pacificagio das Fav forte contetido de controle repressive sobre os moradores de favelas, larmente os jovens, que incicena sociabilidade que desenvolvemem Gs ‘os de moradia (eventos diversos, bails funk e aglomerages) cctambém em sua cireulagio por essas localidades* Para slem de sua * osjovens favelados. Por fim, a 47 le moradia, uma outra tematica (até o momento também se revelon expres Este artigo tem por foco este tema, buscando compreender a experién- cia urbana de jovens moradores de favelas carioces “pacificadas”.Inicia com uma breve apresentapio do Programa de Pacificagio das Favelas, situando os contornos de sua proposta de integragio social e urbana des moradores e diseutindo como compreender as fr la eo restante da cidade no contexto da “paciticagao”. Dis- cca, em seguida, ore’ jonal da pesquisa eamaneira como, com as devidas cautelas merodoldgicas, consideramos esse segmento social: lisa como esses percebem e vivenciam o idades e limites de circulagao e apro- Impacto das UPPs sobre as pos priagio da cidade As uprs representam uma nova modalidade de atuagio policial nas favelas cariocas, que incorpora a critica do senso comum (e mesmo do jo Estado nessaslocalidaces ter Imontassem suas bases opera- role desses teritérios pproporcionar aos moradores seguranga e cidadas instaurar postos policiais permanentes nesses teri ‘muito superior razdo entre policia e populagio no restante do Estado ‘© Programa de Pacificagio das Favelss inova c (Com) ou adesio dos primeiros so modo devida dos. segundos, essa politica esultou, nas Sltimas duas décadas, em alta taxas de homicidios praticados por policiais nas favelas (Cano, 2003),sem ppactos consideraveis sobre 0 dominio: traficantes de drogas, laces com 0s moradores marcadas por tensio, desconfianga & ia Gilva & Leite, 2007) meio do progra juguragdo da UEP on 149 Cireulagso e fronteiras no Rio de Janeiro yams sugere pensar, de um lado, 0 poder como (reproduce dos proces- 05 de regularao dos percursos pela cidade, incrastados em sua experien- cia da cidade sob a forma de um mapa pritico. izagio de projet jue permitam sus intepragio aos mercados de trabalho € ronteiras se concretizam e reproduzem, ‘Seguindo este eixo analitico, uma hipétese articulow a coleta de ma- terial empizico" ¢ sua andlise, Ela consiste em que, io contexto de vio ‘éncia vivido na cidade do Rio de Jonciro, um dos elementos essenciais da organizacio da sociabilidade ns “margens do Estado” &a produgio ‘de barreiras, materiais ou simbél ‘compreendide como o “problema construsio social desta questi & tibutéria de diferentes conjuncuras cotidianes, Ou: tegrante das vari de Jancro com seus respectvos (lo socioespacn vidontem Dublicas mais ou menos sbrangentes de sua constaggo como © Ingo entre as areas en Fr da violencia no Rio de Janeiro pela presenga eatuacio de bandos de naexpressio de Das & Poole ades «pela tematizagao de seus mora- ¢sborar uma compreensao empircam é eiicagao, um fond producto de batreiras&ctctlagao dentro da cidade impacts a experi {is ereconfguracio de Fontes ene {indo grupo social tpificado pelo aparao de sequranca como avo priti- jpagio do Estado." i triode contol repressive, porgue representari “classes perig0s8 ar exes fTontiza, nao estamos mobiizando qualquer hi- | ‘youestara em sua peiferie: os jovens de sesmentos populate va como “gueto” uma ver que desde origem 8 HOT | ores defavelas,considerados, tanco pea percepgao social do Gi fivela estiveram social econémicaepolicamenteintegracos ‘quanto pele iterator, como ov segmentor mae olner {cidade ef sociedad, como wm dos autores deste capitulo demonstrow mas cjowagrcwsores, sobretido re negros do sexo masculino dseadas ards (Siva, 967). Eatetanto, reconheceros a producao de lua, 2004, 1994; Sates, 20043 eat OU). Frontera espcias,Sociat simbalicas que marcaram de toc anos as fvelasno Riode Janeiro como "margens” do Estado 008). Compreender as fvels dessa angug3 ‘classes perigosa percorrido na pi tidianas dos referidos segmentos, favorecendo ou 1a (es formas de aproprinlo ds) cidade Antes de nos debeuparmos s- ficos, nem tampouco como lugares de ca (Geganathan, 2604) entre as prétias eos espagos que seriam Pode-se falar em ums (edo Estado ¢ aqueles que seriam dele excluidos. Nessas em uma juventude favel iteratura especializada no tema ‘am, “Estado € contianamente construido nos inter 4a juventude (Zaluar, 2003; Novaes, 2003; Novaes &Vannuchi, 20045 | |Abramo & Branco, 2005; entre outros) adverte recorrentemente sobre 25 formas de construgao social desta a0 nat 2» expectativas, pro- ssoas que, de comum, muitas vezes rém apenas a ‘género elocel de moradia ais e coletivas diversas, spropriado falar experiéneia de cidade. Pare o que nos interessa cexperiéncias de apropriaglo da moradores de jovens de grupos sul ‘© caminho analitico desenvolvido pelas 150 Sobreperiferias importante reconhecer, ce um lado, que em nossa ruidas ndo s6 apresenta sma partir das “ambivaléncias” que ceracteri- 2- Mas, de outro lado, é preciso reconhecer 30 precoce no mercado de trabalho e com as entre outras. Por fim, vale sinda enfatizarque dliversos segmentos popalacionais jovens (Brenner etl, 2005). te artigo nio ignora estas questdes, emibora nelas ndo se detenha por razdes de tempo e espaco. Se aborda, nos termos acima indicados, a cexperiéncia de a os morador: € por compreender gue, apesar de sta diversidade: sido vin ‘bandos de traficantes de drogas ena. ‘mencionado anteriormente, Homogeneizados como o segmento que ‘concentra mais vitimas ealgozes da as, desde meados & partir um olhar homogeneizente, esses jovens moradores de favelas sho considerados como mais pobres e negras do que outras juventudes ¢ 1ados das dinimieas do erime vi ise integrantes, outros terttérios d to mais abastados que habi ‘moradores de favelas respondem, em diversas ast Circulagso « frontelrasne Rie da Jansira Circulagdo na cidade, conerole sociale segregazao: © ponto de vista dos jovensfavelados Nesta sego, analisamos a experidncia de cidade (¢ de Estado) de jovens ddas camadas populares moradores de favelas, a partir de seus percurs0s fviduas e coletivos pela cidade, das percepgdes que eles tém ares peito dos mecanismos de controle social «das fronteiras que 0s envel- vem, bem como das estratégias que utilizam para lidar com isso. O g sentem e percebem og ovens em relagi ‘cidade? Qual sido a experifncia urbana dos jovens moradores de favelas “pacifica Esta nova modalidade de presenca e atuagio do Estado nesses territbrios tem flexibilizade fronteiras aré ent experimentadas como constitutivas de uma “vida sob cerco” (Silva, 2008)? Ou, pelo menos, abre algum ho- irego? Que marcadores so acionados ejou diluidos, em ‘No geral, para os jovens moradores de favelas que entrevistamos, a experiéncia urbana é extremamente limitada, Contra as expecrativas do derando seus percursos individuais, Uma primeira explicacao seria que ‘98 motivos da circulagao rotineira pela cidade sio pouco diversificados, reduzindo-se, via de regra a deslocamentos para trabalho e estado pecialmente quando no Ensino Médio ou técnico ou na universided ue costumam estar mais distantes do local de moradia do que as w dades de Ensino Fundamental) e,em menor escala a visitas & fa a namorado(as) ea alguns amigos. Para a grande maioria dos jovens que ouvimos, suas rotinas e deslocamentos processam-se no interior da Tocalidade onde viver ow em seu entorno, Mesmo quande se locomo- vem para locais mais distantes, a caminho da escola, do trabalho ou da casa de algum parente ou amigo, o uso da cidade permanece restrito. Os deslocamentos se do ponto a ponto, quase sempre de Gnibus, sem que isso signifique ou thes propicie uma apropriag20 mais ampla do espago turbano e/ou envolva possbilidades (objetivadas posteriormente ot for- rmniladas como desejo ou projeto) de uso fruigle dos locais, servigos ¢ equipamentos disp 1 longo do percurso. Como afirmou uma de nossas entrevistadas: “o Rio a gente mal conhece”. Em algumas ocasides, chegando atrasados aoe encontros marcados, nnossos javens favelados desculparam-se por terem “saltado no pont cerrado e se perdido”. Fstavam entio bastante desorientados em se mover ‘na Zona Sul de cidade (mesmo aqueles que moravarn em favelassituadas jares. Revelaram, nessas situagbes, em seus depoimentos, ‘que seu mapa da cidade & extremamente limitado: conhecem apenas jetos especificos para se seu destino, ponto a ponto. Adem: 1agdes de deslocamento que nao faziam parte das ‘grande a dificuldade desses jovens de pedir informagOes sdestem orienti-los a chegar ao destino. A categoria mobilizada ‘em seus depoimentos foi a “vergonha” de falar com “estranhos” na rus, ‘no poucas vezes acrescida de comentirios do tipo “nio gosto”, que 132 Sobre periferias antecipavam referéncias a possiveis reagBes de medo e de evitacio por parte daqueles, que os sujeitariam —imaginavam —a experiencias de estigmatizagio.Tss0 indica que, para alm da limitaglo de suas rotinas € possivelmente sjudande a explicé-las (outro condicfonante seria a falta ios que favorecam sua ampliaglo — tari de seus percnrsos pela cida Decerto,uma apropriagio completa da cidade é provavelmente muito ‘ara, ou se limita a0 fldneur. Assim, seria possivel dizer que os mapas men tals que organizam a agdo de todos os segmentos sto limitados, de forma ‘Que tis mapas nao passaciam de uma espécie de epifendmeno, mera Ree eee eer eet eataa eee seria a medida que as apropriagdes parciais da cidade estao articulades pelo desinceresse e/ou port ‘como polos de ura co -pressivo. Em otras palavras, problema que indicamos itagdo dos mapas mentais, mas a medida em que estes, (re)produzem jogos de poder que vio além das regcas juridieamente ecidas. ‘caso, com frequéncia, nosses ent ddesconforto no acesso aos espapoe publ equipamentos de lazer~ sobretudo, se estio sozinhot ou em grupos de dois oa roximide dos espapos publics eequipamentos de lazer (praga, quinas e bares, por exemplo) com as favelas que amplia sua acessibi- lidade. Nao exatamente por uma economia de esforges, mas porque, senclo pouce frequentados ou até mesmo evitados pelos nio favelados, ‘constituer 0s “pontos nedais de interaca "78, p.32) dda juventude favelads no territéri rente a afirmagio de auséncia de interagao, em situagbes de copresenga, com jovens de outros segmentos 5% ‘Ponto a ponto, e dem lugares sim ‘sio da favela onde moram (por exemplo, trechos de praias habitualmente ‘requentados por moradores de “sua” favela ou localidades da cidade ~ usualmente outres favelas, mas também bairros periféricos ~sob 0 dominio armado da mesma “facgo” ou bando de traficantes de de illcitas sediado em seus locais de moradia). Ali também experimen sentimentos de “conforto e seguranga”, Assim, 0 qe os depoimentos recehidos no evlaram & que aexpe- riéncia urbana is 7 mento dajuventude carioea se configura com riticos” de cidade que expressam a vi- véncia da circulucdo para, entre e através de seus espagosfisicos, socioe 27 Pas omodei ge 153 Ciroulacde # fronteiras no Rio de Janeiro cermédio das memiéria ‘Nas entrevistas e grupos focais, foram recorrent dos relatos de vivencias pessoais, as citages de experi * contadas por amigos e familiares como reforgo ds situapbes entio ela tadas eds interpretacdes efetuadas. Nestes rermos, os “mapas praticos” serem enfrentados ou evitados nas locomorées didos que sio percebidos como as zonas de “confor e seguranga” e dos alvos presumidos daquelas barreiras, bem como titicas de preparasio para lidar com elas, Esses “mapas de antecipagio", na expressio de Je- ganathan (2004), envolverm uma cartografia dos estigmas e preconceitos io favelada que adota atitades restrtivas 20 cia (por parte das forcas policias e/ou de grupos de dores de favelas, os s jovens saber, por experitncia propria, de amigos, conheciclos s por tabela”) e também por serem retratados na midia $20 negros) como detonadora do preconceito racial e dos estigmas que ‘© acompanham no seu trinsito pela cidade. Referem: Vale ressaltar aqui uma certa reticéncia de nossoe informantes em ‘enunciara raga como um dos marcadores acionados nessasfronteiras. ‘Alem da hipétese de superposigo dos estigmas,em que “ser favelado” se ‘maioria dos jovens, eaibora sempre muito ressentida, desenvolve formas de racionalizaZo capazes de, minimamente, preservar uma autoimagem positiva, sem adotar grandes reagdes ao tratamento preconceituoso que recebe.”* Entretanto, esta atitude no deve ser interpretada como passi- vidade ou desconhecimento. Ao serem diretamente interpelados sobre ‘0 tema pelos pesquisadores (brancos),acusagdes de racismo emergiram 154 Sobre periferias ‘com forga, inchusive referdas aos propries pesquisadores, demonstrando ‘que talvez seja uma estratégia defensiva para no se tornar (objetiva © ssubjetivamente) objeto de estigmatizagio pela raga/cor. Consistente com. essa interpretagiio foi fato de muitos de nostos informantes negarem essa possibilidade a partirde seus proprios agenciamentos, Foram recor- rentes os depoimentos que relativizaram este marcader, ficmando: “Vou qualquer hugar {na sequéncia especificado como certos restaurantes, bates, estas e shows], se estiver com dinheiro no bolso” ~ caso dos ovens favclados do sexo masculino ~e “se estiver bem arrumada” ~ cas0 das j= vens faveladas, trad ia da situagdo socioeconémica sobre axaga/cor. Deve-se notar, ands, que bem poucos entre os lugares especificados constaram ce seus depoimentos como de sua frequentagzo habitual, como se pode ver no trecho abaixo, extraide de um grupo focal ‘Moderagdo, B vocts vio a outos lugares fora das comunidades para se diversrem? Partopanter Nao, questio por haverprecon voce tino Bunixo, Boat de playboy. Se voce fusdo,Eroim, maso preconceito nto do esa pessoas. As vezes em restran Partiipante2 Ha logares que sto s6 para brancos,¢6 fla estampar ‘mas seria conta ale Locas fem) que evit ir do estauantesy ce pela filaews pessoas A ccondigao de favelado é aquela a qual éatribuida o maior estigma. O cimento a esse teritorio €reconhecido como 0 marcader que ta 0 acesso dos jovens favelados a cidade, mesmo no contexto da depoimentos abaixo: 6 verdade, 0 precon 10 existe, Em qualquer canto, qualquer parte. Tanto no trabalh shopping, no passeio. ‘uma mulher me ligou, a gente disse que na enuoue saiu di- disse que as vagas it ‘zendo: “Entio, falei com minha supervisora e foram preenchidas”. Eu trabalhei com diversas empreses¢, soas que moram perto. As vezes ¢ preconcei te, eles querem pes- as vezes € ignordncia relatos apostam ia 20 divulgar a nova realidade, nio violenta, das favelas “pacificadas” na progressivadiluigde dos estigmas apostos aos fave- Virios depoimentos 8 socioesps dos moradores das favelas, Neste set 708 "de fora” (sobretude ‘98 jovens moradores dos baitros) podem passar a frequentar mais per 155 Cireulagao e fronteirasne Rio de Janeiro 2 Viledenacx samt. manentemente "seus” territérios, usar alguns de “seus” equipamentos K dnoido comme ¢ servigos;e, assim, “forgar alguma melh 508, ituigdes eredes sociais da cidade além do perimetro restrito das loca les de moradiae seu entorno.”® lronicamente, no contexto de “pacificaglo”, 0 maior risco tematizado nos comentirios dos jovens favelados entrevistados ¢ o de ser alvo de violéncia por parte das forgas policais. Em relagio a ease aspecto, cles revelam uma clara percepeio de excesio”, em que legal ‘que nos fo relatado como casos diversos de abusos p fora das favelas. Mas esses jovens também sabem que so fixas e que podem ser relativizadas por pertencimentos diversos. As restrigbes circulacto, dizem, si0 maiores para os homens e para os que iheres e para os que scionam uma apresentago de si imentos religiosos, a projetas sociais ou ao “mundo :ba”. Por isso, se circulam sozinhos nas suas rotinas di aacessorios, fala e postura geral una apresentagdo de si nos espacos publi- cos enquanto estudantes, tabalhadores e/ou poss Criticam os que se locomover pela cidade e/ou no te ostentando os signos que definem na percepgio d os dos favelados funkeiros e préximas aos grupos Touro” eas “meninas de top e shortinho”.” Revelam, assim, uma ante- cipagio das barreiras a serem enfrentadas ¢ certo ajustamento a clas, na tentativa de evitar as checagens promovides pelos mecanismos estatais, de controle so [Em seu trinsito pela cidade para lazer, quase sempre lugares espe~ cificos nas praias ow festase bails funk proximoe d favela onde moramm ‘ou em localidades dominadas pela mesma facsio, preferem andar em _gTupos, uma estratégia para evitar que sejam objeto de violéacia por parte das forcas polciais - embora assim ndo evitem, © controle dos documentos, as revistas corporais e avigilancia policial sobre o grupo. No caso dos jovens do sexo masculino, favelas dominadas por faccdes diferentes do grupo de trfico sediado en local de moradia e polarizadas por sua rivaidade. Referem-< segundo ¢, por extensio, das “galeras” rivais, Jitem relagio a superposigiio dos preconceitos racial e por local de ‘nvolvendo née apenas desidenti- res de bairros “regulares” que, a seu juizo, gostariam de impedi sew uso da cidade, mas no tém como enfrentar 0 grupo. 136 Em ambos os casos, circulando individualmente, com uma) amigo(s) ‘ow namorado(a) ou em grupos maiores, grande parte de nossos entrevis- tados evita 0s “locais de playboy", isto & os que slo frequentadios por jo- vens de camnadas médias nfo faveladoa, Inicialmente argumentavamh que ram caros, que nfo tinkam dinheico suficiente, mas alguns acabavain revelando preferir opgées de lazer que podiam até ser mais caras, como Janchonetes e casas de show, porém ficavam perto da favela onde mora- vam e recebiam uma clientela mais proxims do seu proprio perfil social Pouquissimos afirmaram frequentar, por exemplo, as ruas da Lapa, um. ‘Point da Vida noturna do Rio, onde of custos da sociabilidede juvem podem ser mais reduzidos (passagens, cerveja e churrasquinho/salsichio amb lades de lazer nas favelas ou em seu entorne, 8 que a experiéncia urbana dos javens moradores dle favelas nto se consttui estritamente em seus territérios de motadia, ‘mas também e fortemente na reprodugiio de dinamicas de segregacao socioespacial ¢ racial durante sua circulacto pela cidade. Consideragtes fais ‘Neste artigo, buscamos compreender um aspecto da experiéncia urbane de ovens moradores de favelas cariocas “pacificadas”. Discutimos c cles percebem e vivenciam o impacto das UPPs ema termos sibilidades (atuais e fururas) de circulagho e apropriagao da cidade, bilizando os marcadores de pertencimento territorial (como indicaciores de classe social e captura dos jovens pelas dindmicas do crime viole de raga/cor. Gostariamos de finalizar destacandio dois pontos revel «dos na analise de nosso material empirico, que apoiem as interpretages retudo em sua face repressiva- 8 policia~e aio publicos ¢ equipamentos urbanos. Quando. tematizada pelos jovens favelados, a uPP Social aparece pela expectativa (eapesar das muitas cx “tnais e melhores projeios” ¢ estimule 6 “empreendedorismo juvenil”, ambos como condicio de alguma insergao no mercado de trabalho e de consumo. Uma expectativa, cumpre acrescentar, que caminha lado a Jado com fcidas critics &inutlidade pritica dos projetos disponiveis. 90 primeiro,a maicria dos depoimentos colhidos centre os jovens favelados traduziu um sentimento de no pertencerem ‘cidade em sua totalidade, que “ndo seria para cles”, que Ihes aparece como estranha e hostil,O que talver expl de suas proprias rotinas, por que sua _Mapaastevat, MG Casto (eeu), Jensen 17 Cireulacda e fronteiras no Ri izes a forma ela qual a rontcinis checkin s80cbetvados, perce Sido eaboraon concen en envrin epinenin ae do, initavaepeser de nfo cancer osiment, sams esprangts de uma vida menos desis, eeavinde ox ovens moradoresde fee fem pes do Eatado™ P Jecnvarnns, "Check oa oncopolog Hens and the 138 sobreperiterias ‘Sade por Poms Fema ‘Gaemvade Seadoo caren por Li

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