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o potencial estético da visualizacado cientifica lucia santaella Desde a emergéncia da computacaéo Oafica, o da imagem tém colocado grande énfase na dical nos modos de producao da imagem Provocaga . '* infografia. De fato, entre outras transformacdes <° putacdo colocou em crise a primazia secular gs i Com. dtica, instaurada pela camara obscura e pela Deis ge monocular, no Renascimento, e exacerbada com wet ¢ées das proteses Sticas no século 19 o 20. A pa Men. tacoes epistemoldgicas, cognitivas e Perceptivas a as quais jé trabalhei em uma outra ocasizo (SANTAB 2007), pretendo colocar agora em destaque o estado arte em que os processos de producao computacionay ie imagens hoje se encontram. & Em termos computacionais, o crescimento do Volume informacional das redes é da ordem dos terabytes (um tri. Ihéo de bytes) e mesmo dos petabytes (20 mil terabytes) Esse volume desmedido de dados implica a necessidade de sistemas de visualizacdo. Ademais, o crescimento da com- plexidade das pesquisas cientificas atuais e 4 necessidade de formaliza¢ao algoritmica que elas impdem também tém gerado processos de visualizacdo cada vez mais impressio- nantes. Diante disso, o que este ensaio pretende colocar em evidéncia é 0 potencial estético que a visualizagao de dados apresenta, Embora essas imagens nao resultem de intencio- nalidades artisticas nem transitem pelos circuitos das artes, elas acabam por provocar uma expansdo considerdvel nos limiares da estética, impactando consequentemente nossos julgamentos acerca da especificidade estética que ¢ propria das imagens artisticas contemporaneas. muta 1. Da imaterialidade a corporificagdo dos dados _ Na era da informagao, os sistemas organizacionals 500: dem dispensar bases de dados. Estas séo pea sti: mumente encontraveis, que permitem aos usuarios Mpos. rar e combinar diferentes categorias, chamadas de 7 com: As bases de dados e essas combinatdrias ee dados Preensiveis gragas ao trabalho de visualiza¢a0 (GREENE, 2004: 136). no po" 156 natureza da informacao e dos sj = srinsecarente abstrata, pois nao cre oe adios & : necessariamente visiveis OU Palpaveis = seemplificado na transferéncia de dados ven ee erigado 8 Se extraido dos dados depende d ce Jes de se filtrar a INformacéo @ de se crige sqa° POSSibilida. ae diagrama organizacional, como um mapa saeePécie geja ele mental ou visual. Sempre houve metou se ge representacao visual de dados, as taonoreos estaticas entretanto, introduziram os espacos de informerss, Waitas, modelos dinamicos de visualizac&o para a Spor: ae e pesquisa nos mais variados campos das clang 380 tistica, arquitetura, design, arte oy Quaisquer oe, ste wntre ales (PAUL, 2003: 178), erence visualiza¢des dinamicas de fluxos de dados permit os usuarios naveguem pela informacao, experimentamen mudan¢as que Ocorrem no tempo. Nesse Contexto, “mar S mento” é um termo utilizado para levantar questoes as dos territorios que est&o sendo rastreados, Diferentemente dos mapas tradi lonais que tém por teferente um terreno exterior relativamente estatico e que sao utilizados para orientar os usuarios nos terrenos referidos, o Mapeamento de informacées digitais esta, por natureza, . em permanen- te fluxo, pois ele responde as constantes mudangas que se operam nos dados representados. Sendo a internet um gigantesco sistema de arquivamento e recuperacéo, arquivos e bases de dados tornaram-se uma forma essencial de organizacao e memoria cultural na medida em que podem ser, de alguma forma, visualizados. Por meio da visualizacdo, o potencial relacional e as conexées miulti- plas entre diferentes conjuntos de dados tornam-se compre- ensiveis. Muitos projetos artisticos tém feito uso do potencial da visualizago de dados para as finalidades da arte. Alem disso, sistemas de visualizacdo so também de grande utili- dade para finalidades culturais ou comerciais: ET Ear No campo da visualiza¢do cientifica que as eS ee tes tem produzido os efeitos estéticos mals impressior Proces. infor 2. A visualizagao cientifica nice visu BEDS (2005: 383) esclarece que auxilios VEN fam suporte aos trabalhos cientificos- oat qualit digitais, contudo, trouxeram uma MUAANEE «oo €M relac&o, ao potencial de reproduce _ do avan¢e ble- de sua criacdo e manipulacao- Antes ompreenss0 de pro’ adores, imagens ja auxiliavam °° - como foi © caso da cristalogras; 1as complexos ~ com Srafia xn que contribuiu para a descoberta da estrutura a, ig ? Ula i DNA. 1 APPORD (1996: 14, 25) levanta uma Westao ga. alizagéo dinamica que é das mais relevantes par, ae digdes atuais da ciéncia e das mediagSes computa, j Con. de que esta faz uso. E a visualizacdo dinamica Que «2s transformar um arquivo de dados incompreensiveic ¢, mais do que uma fileira sem significado de bits ¢ de uma série infinita de fragmentos nao Felacionaggg» 05 tos astrofisicos, radiologistas, meteorologistas @ an)” Mir ros comecaram a vilipendiar © vasto hiato existente om acumulacao de dados brutes e a sua transformagag atta formato visual que leve a andlises praticas, “a Modelay de tempestades e a animacdo das magnetosferas pee rias representam apenas dois exemplos Pequenos de a a visualizacdo de dados complexos - de outros Modos, ite ralmente inimaginéveis - é agora crucial para 9 avanco a muitos campos das ciéncias.” A visualizacao por comput, ¢&o interativa tanto pode representar dados de base fists quanto dados abstratos, sem suporte fisico, por @Xemplo, para a visualizacéo de pura informacao. ; Bem mais recentemente, a revista Wired, no seu numero de 16/7/2009 ¢http:/wwwawired.com/science/discoverias/ magazine/16-07/pb_intro), lancou um artigo de teor sensa- cional sob 0 seguinte titulo: A Era dos Petabytes: Por que Mais Néo E Apenas Mais - Mais E Diferente. A chamada do artigo diz: “Sensores em todos os lugares. Arquivamento in- finito. Nuvens de processadores. Nossa habilidade Para cap- turar, armazenar e compreender quantidades massivas de dados esté mudando a ciéncia, a medicina, os negécios ea tecnologia. Na medida em que nossa cole¢ao de fatos e fi- guras cresce, assim também cresce a oportunidade para en- contrar respostas para questées fundamentais”. O que faltou ser lembrado nessa fala 6 0 quanto a visualizacdo cientifica tem trazido 4 superficie do nosso olhar imagens cujo teor estético nos leva a constatar que limiares da estética estéo hoje expandidos. 3.0 teor estético da visualizagao cientifica wilode Em 1989, quando publiquei pela primeira vez, sob o titulo 7 Viveiros de Signos. Viajantes entre 0 Céu ea Terra, 0 ae sobre a complexa obra Sky and Life, Sky and Body, SKY bee Mind, de Wagner Garcia, j4 chamava aten¢ao para 4 ian teristica que, entre outras, potencializa 0 impacto c - como foi © caso da cristalogras; 1as complexos ~ com Srafia xn que contribuiu para a descoberta da estrutura a, ig ? Ula i DNA. 1 APPORD (1996: 14, 25) levanta uma Westao ga. alizagéo dinamica que é das mais relevantes par, ae digdes atuais da ciéncia e das mediagSes computa, j Con. de que esta faz uso. E a visualizacdo dinamica Que «2s transformar um arquivo de dados incompreensiveic ¢, mais do que uma fileira sem significado de bits ¢ de uma série infinita de fragmentos nao Felacionaggg» 05 tos astrofisicos, radiologistas, meteorologistas @ an)” Mir ros comecaram a vilipendiar © vasto hiato existente om acumulacao de dados brutes e a sua transformagag atta formato visual que leve a andlises praticas, “a Modelay de tempestades e a animacdo das magnetosferas pee rias representam apenas dois exemplos Pequenos de a a visualizacdo de dados complexos - de outros Modos, ite ralmente inimaginéveis - é agora crucial para 9 avanco a muitos campos das ciéncias.” A visualizacao por comput, ¢&o interativa tanto pode representar dados de base fists quanto dados abstratos, sem suporte fisico, por @Xemplo, para a visualizacéo de pura informacao. ; Bem mais recentemente, a revista Wired, no seu numero de 16/7/2009 ¢http:/wwwawired.com/science/discoverias/ magazine/16-07/pb_intro), lancou um artigo de teor sensa- cional sob 0 seguinte titulo: A Era dos Petabytes: Por que Mais Néo E Apenas Mais - Mais E Diferente. A chamada do artigo diz: “Sensores em todos os lugares. Arquivamento in- finito. Nuvens de processadores. Nossa habilidade Para cap- turar, armazenar e compreender quantidades massivas de dados esté mudando a ciéncia, a medicina, os negécios ea tecnologia. Na medida em que nossa cole¢ao de fatos e fi- guras cresce, assim também cresce a oportunidade para en- contrar respostas para questées fundamentais”. O que faltou ser lembrado nessa fala 6 0 quanto a visualizacdo cientifica tem trazido 4 superficie do nosso olhar imagens cujo teor estético nos leva a constatar que limiares da estética estéo hoje expandidos. 3.0 teor estético da visualizagao cientifica wilode Em 1989, quando publiquei pela primeira vez, sob o titulo 7 Viveiros de Signos. Viajantes entre 0 Céu ea Terra, 0 ae sobre a complexa obra Sky and Life, Sky and Body, SKY bee Mind, de Wagner Garcia, j4 chamava aten¢ao para 4 ian teristica que, entre outras, potencializa 0 impacto c , novado do computador 5. I ° ga vide social, Cultural e Psiquica, Trata-se aS Facetag ue o computador Propicia entre 3 abst a Conver géncis mais elevada, que habita nos interiores Ta¢do ‘ematicg rocessamentos, ea Sensorialidade ndo Nvisiveis bem sinestesica dessas abstracées coh v mas ta telas dos monitores. o que se tem ai, como quer MARTIN-Bal géaemergéncia de novas figuras ga Tazo, u RBERO (2006), ma de pensamento, que refaz ag relagdeg M Novo Patadig. da abstracdo (a ldgica) e do visivel (a for entre aS ordens cia e da sensibilidade. Esse Processo, “waren da inteligan- movimento: aquele que Prossegue e fadieatsa um duplo ciéncia moderna (Galileu, Newton), de liadurhys Projeto da mundo qualitativo das Percepcées Sensivels ett ° ficagao © abstracao I6gico-numérica, @ o que neat” ao processo cientifico o valor informative do eel visivel” (ibid.: 73). Ao hibridizar a densidade smb oad abstra¢éo numérica com a sensorialidade BaCoptiva aa novas figuras da razao fazem as duas Partes do cérebro ae agora opostas, reencontrarem-se " Desse reencontro brota, especialmente nas imagens resul- tantes da visualizacdo de dados, um excedente de beleza e fascinio, algo que sobra, um excesso que extravasa os plenos, propésitos ¢ limites estritos da ciéncia. Sao franjas estaticas da tecnologia que transbordam com inesperada exuberan- cia, algo surpreendentemente inutil, mas, ao mesmo tempo, essencialmente vital para o despontar de uma nova raciona- lidade sumamente abstrata, mas inseparavel dos efeitos sen- s6rios que agem sobre a sensibilidade mais epidérmica, 0 : bre as ais variag MARTIN-BARBERO, J, Tecnicidades, identidades, alteridades: mudancas © 0p2 idades da comunicacSo no novo século. In: DENIS DE MORAES (0r9.). are ‘ade midiatizada. Rio de Janeiro: Maued, 2008. p. 5I-60. abate EDO, V. MMS of all knowledge (MMSAK). Mobiles and scientific visu In: KRISTOF, N. (Ed,) A sense of place. The global and ‘munication. Vienne: Passagen Verlag, 2005.P: 385-395. GREENE, R Internet art. New York: Thames & Hudson. 200 PAUL. C. Digital art. New York: Thames & Hudson. ms ea tora In: GARCIA SANTAELLA, L. Viviros de signes. Vision om WEA) Sty and fife ly and Bods, shy 298 ES ao. Poh 200 SANTAELLA, L. Linguagens liquidas ne er ne ‘timages. cambida® STAFFORD, 8. M. Good looking: essars.on tre MIT Press, 1996, 159 the focel in mobie cor ent ff

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