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Olona etait ceva at tet cee Comma hts teeters de Giddens, encontiando-se no centro da suz teoria da estruturagao. De acordo com este Gone re Ke rustic Neat ueenteaeateenns hed Prone recone weenie tia Pir sitcr Oe mrss Vitae ested do teorema leva Giddens, neste texto, A redefinigao dos conceites de estrutare, sistema e esiruturacio, bem comoa reconceptualizagio Given ue Glass Anthony Giddens € Director da London School Rasen coe ee ll| Rc anthony Giddens Dualidade da Estrutura Neca Mors aster) CELTA, Dualidade da Estrutura Agencia e Estrutura Outros titan Bourdieu, Pierre, Coates Dourlien, Peete, Contsnfogos 2, Por Un Memento Socal Enver Bourdieu, Pierre, A Danning Masculia [Bousdieu, Pierre, Psbuyo de Un Teo et Prilion, Precio te Tes Lstios de Etnotogia Cab Pourdien, Pierre, Meagtes Paseolianae auras Pierre, Razdes Prls, Sabre 9 Tein da Actao Bourdieu, Piers, Sabra a Jleriste Beck, Ulrich, Anthony Giddens e Soot! Lash, Macerntzata Iefleaion, Poin, Thain ¢ Fsteicn no Maude Mower Burns Tom, Sieiemas de Regios Sains Teoria e Aplicason Connerten, Paul, Comte as Sacadces Revordan (2. edge) Costa, Anta Fiemino da, Svisaeste Bairro, Dindatics Soci da Hlewidtate Cusra Crothers, Charles, obert K. Mevion Dukchoin, Emile, Portas Elesarntars oa Vin Religion O Seer Tiinice ne Anstelin lias, Nowbert, Teoria Snior Gilens, Anthony; is Conseils Miner Ghaderw, Anthony; Duntalate da Eoteetunn Age Giddens, Anthony, Madenyidede «Ie Giddens, Anthony, Past Aién ae 1 Patiee Ral ‘Giadens, Anthony, Poiien Sicily roo Pesta Sind Clissee Comtegorine Giddens, Anthony; Tonsformaczes ela Duimidae,Sexvtidae ‘nto e Eratisimo ns Soratintes Medernes 2” edicba) Hodgson, Geotirey M, Evenomiae bvaligae, 0 Kegrssn ca Vet Evia Boonen Helpson, Genin M. Froude ¢Iastituiges anfesto yor Uow Econom hsttavioualilo Moverva (bor, Mane, Léa via Argo Colecton. Bens ilieos tegrides Grapes Porkin, Frank, ios Weber (2! eigbo) Schumpeter, Joseph A, Easaos, Empress, faowace, ick de Negavio¢ Eel ds Capitaine 42 edo) ds Peso (2 edicio} mi vada Dice OF ute rie cdi Cuaron Anthony Giddens Dualidade da Estrutura Aganeia e Retratura “Talugho de Cetivio Cameiin Apresentagio de Rui Pena Pins Celta Bditora Geiras £2000 “Tao original: “Agency, structure” m1 Central Problems i Sacnf Thoos Actin, Strastone nul Contratiction it Soci Analyse © 1078, Anthony Giddens Meaducao portuguesa por acorda eam Maemitlan) Anthony Giddens jn. 1238) Dualidade da Esteatuea. Agéncia © Primira edigao portuguesa: Abril de 2000 Trogent: 1900 exernplares ‘radugao do ingles: Octavio Gameno Aprecentagdo: Rui Pen Fines ISUNEYPE-7IE- 0554 Depérite legal 206320/04 Composigao em caracteres Falaing, corpo 10} Celta Editor Capa Mario Var | Arsnje: Paula Neves nopressiu eacabamentos. Tipografia Lousanense, Portugal ‘das es dleetin para a lingua portugues, Hloararda cem a logishagho ors vigor, por Colts Editors, Ua, Celta Editora, Rua Yera Cruz, 28, 2780309 Oeiras, Portugal Frvtorse postal Apariad 151, 2781-001 Gcieas, Portugal Tol: 351) 214 417 43, Fae (381) 214 467304 mails raileeitacditora pt Paginas wwveceltaeditora pt indice Indice de figuras... Apresentacao Abertura 1 Teorlas da acgao versus teorias institucionais 2 ‘Tempo, accio, pritica . 3. Tempo, estrutura, sistema 4 Regras € recursos 5 Ateoria da estruturagao sine 6 As propriedacles estruturais dos si temas 7 Integracio social e integragéio sistémica 8 Adualidade da estrutura na intemesao, 9 Normas e praticas ... 10 O poder: relag: ede dependéncia de autonomia Excurso: 0 individualiomo metodolégico Referéncias bibliogaficas . vil a n 23 35 43, 99. indice de figuras Modelo de estratificagao da acgao .. strutura, sistema, estruturagcie Integracao social e integragan Sistema e repreducao (circuitos cle) Modlaliclades de estruturastio Poder: recursos, capacidade transformaciora e dominagio .. Recursos e sangoes temica 16 36 58 60. 68 88 92, Apresentacao Rui Pena Pires Anthony Giddens é hoje um dos mais conhecidos ¢ ‘itados Sociologos vives. Para tal contribu sobretu- do a obra cientifica produida ao longo de quase {rinta anos; mas nao deina de ser igualmente rele- vante a combinagao da actividlede académice coma de gestoracadémicoe editor, bem como com a inte vencao politica. ProfessordeSociologiana Universi- dade de Cambridge entre 1986 ¢ 1997, autor de mais de 30 livros e 200 artigos, director da Polity Press, to- mou posse, em Jancire de 1997, como Director da London School of Economics ‘Asua obsa é particularmente diversificada, co: brindo dominios que vio dateoria scciel Aprocugsio de manuais,’ da investigegio hiatérica sobre o Esta- do i reflexdo eritica sobre a modernidade tardia, do estudo das redes cmpresarinie a sociologia do des- porto, da ansilise das classes sociais a discussaio das transformagics da intimidade..., Ainfluénelaacadé- nica que exerce pode ser ilustrada pelas inimeras traducées clos seus livios emmaisdevintelinguas, 1 Sedan, publiento en 188,Gomanin! desacetoge mai win doe hdebil de Waon stomps ‘il Duuldade dt estates: agtachseexrutara Apesor da diversidade referida, é possivel iden. tificar na obra sociolgica de Giddens trés temas re- correntes: a reconstrugao da teoria social, a reinter pretagain da modemidade & a reformulagao de uma teoria evftica da politica A recoustrugiio da teoria social Num primeiro momento, Giddens decitea-se d reava: liagao critica sistematica das mais diversas tradigbes tedricase disciplinares, iniciada com 0 clissico Cap talismo & Moderna Teoria Seciel, publicado em 1971 Neste livro identifica Marx, Durkheime Weber coma os “trés pais” fundadores da socialogia, coneepeao que se tornou, desde entio, uma ideia enraizacla na historia e no ensino do pensamente sociolbgica. Prosseguindo esta reavaliagso erflica (nomeada- mente num conjanto de ensaios publicados durante a decada de 70 posteriormente reunidas sob o titulo Palitica, Saciclagia e Teorix Socia (1995), confrontard, em mndiltiplos momentos, as cocrentes sociolgicas contemporaneas. Com As Nouns Regras do Métade So: cialdgico (1976), associa essecontronto com inicio da elaboragaio da“ teoria dacatruturagio", Bim The Cons: titution of Society (1984), a nova teoria & exposta de modo coerente esistematico, articulando contributos da psicologio, da histsria, da aniropologin ¢ da geo: grafia com 93 mais variadas correntes socioligicas, da fenomenclogia, a etnometodologia ¢ o interaccio- nismo & teoria funcional ¢a0 estruturalismo, Conere tiza, desta forma, asua defesa cle que existe um espa 0 proprio paraa teoria social, ou seja, para umcorpo {edrieo constittido pelo equacionamentodequesties sobre a vida social que extravasam as fronteicas classicas entreas ciéncias sociais. A ineorporagio de contributos de diferentes quadrantes num corpo analttico coerente s6 foi posstvel, porém, na medida emeestes foram “‘iltrados" pelo teorema da “duali- dade da estrutura’. Segundo este teorema, que conslitui o seu mais célebre e discutido enunciado te6rico, a estrutura &, simultaneamente, condigao € resultado da acco, factor que constrange e possibi- Titaa intervengdo do actor, Sendo este o tema da pre- sente obra, a ele yollaremos mais adiante, A reinterpretagio da modernutnde Num segundo momento, a obra sociologica de Gid- dens cenira-se numa reflexao critica sobre a moder nidacle, Em As Consequéncins de Modernidade (publi- cado em 1990) &-nosproposta uina caracterizacao al (ernativa das sociedades avangadas, que constitu uma sintese original combinanedo tradlighes tedricas, habitualmente tidas como concortentes, articulando os niveismicro e mecro da andlise sociologica erela cionando os planos analitico e normative de pensa inentosociel. Recusandoa ideia de pos-modernida- de argumente que nassociedadescontemporineas avengadas se assiste a uma radicalizagio da moder- nidade, que define, no plano institucional, como uma ordem social multidimensional basesda nas articulagées entre a vigilancia, o capitalismo, 9 in- dustrialismo e o poder militar. Acada um destes ¢s- pacos inatitucionais correaponderiam dinamicas de tisco eapecificas (respectivamente, © totalitarismo, a crise econdmica, a degradagao ccoldgica e a guerra total), delimitadores dos campos conflituais prota- gonizados polos modernos movimentos sociais (os movimentos democraticos, operiios, ecoldgices ¢ pacilisias). Tres questoes merecem ainda, nesta obra, um tratamento pormenorizado: o desenvolvir mento da seflexividade enquanto caracteristica-cha- ve da orcem pos-tradicional;a identificagio dosn0- vos mecanismos de seguranca ontologica que per mitem aosagentes sociais lidar com os ambientes de risco globais; e a globalizagao, referenciada ao cres- cente “longamenio espago-temporal” dos sistemas sociais. imagem da modemidade assimeonstruidaé « de uma realidade com duas faces: porum lado, uma 6poca de oportunidades acrescidas para os seres hu- manos; por outro, um mundoassustador e perigose marcado pela incerteza e pelo riseo. A metéfora do “canto de Jagrené — um engenho descontrolado de enorme potencia ¢ue, colectivamente, enquantose- res humanos, podemos concdzir, mas que ameaga fugiraonosso controle edlespedagar-nos” (1990; 97), restime aguela imagem Em Modernidade e Hentidade Pessoal (publicade em 1991), prolonga esta analise discutindo as rela- g0es entre © desenvelvimento institucional da mo: dornidade e as transformagées na esfera individual, e om particular a construgio da identidade pessoal como um projecto reflexive, Na mesma linha publi 3, em 1992, Transformacdes da lntimidade. A reformlagio de wma teoria critien da politica Nas obras que publiea no inicio da ciécada cle 9 6 notéria a preocupacio de Giddens em articular a anélise sociolégica com a reflexio politica, nomea- damente quando propoe que a identificagio de futuros alternativas seja orientada pelo que designa de “realismo utépico”, ou seja, pela construcao de modelos da sociedace desejavel baseados em possi- Dilidades institucionais inseritas na ordem global contempordnea, Com a publicacéo de Para Alga da Esquerda eda Direita, em 1994, ede Para Uma Terceira Via, em 1998, passa a ser conhecido como uma das anais influentes figuras do movimento de renovagao do trabalhismo britanico. Considerado © idestogo do “centro radical”, ariicula referéncias secialistase conservadoras numa sintese politica original, com- binando a critica das cortentes politicas tradicionais com a andlise das dindmicas sociais da madernida- de, em que destaca os novos problemas associaclos aosriscos ecoldgicas, a crise do estado-providencia, 20 fim da tradiggo e aos impactes da globalizacéo. Emresposta a estas mudancas propée um programa deacgio que (i) conjugue politicas da vida com poli- ticas generativasde combate a pobreza. a degrada- a0 do meio ambiente, (ii) limite os poderes arbitra- ros locais e globais ¢ (lit) reduza 0 papel da foseae da violeneia na vida social Otworenna ia duediiace de estrutura Bsbocado pela primeiza vez em As Noos Regs do -Meiodu Socildgico (1976), 9 worema da dualidade da, estrutura foi sistematizacio eapresentade com nvais\ pormenor ¢ fundanentagromocapmate ZdeCett rit Prollears in Social Theory: Action, SITE Iradiction in Social’ Analysis (1975) © esse capiito que agora se edita sepaiadamente em porlugues Central Problems it Social Theory, embora compost por diversos ensaios que o proprio autor considera poderem ser lidas como textosauténomos, antecipa j, no sea conjunto, ainda que de forma fragmenta- da, os prineipais enumciados da teoria da estrutura- (0. O leitor que pretenda aprofundar 0 conhec ‘nento desses enunciacios, ¢ em particular © papel nuclear que oteoremadadualidadedaestrutura de- sempenha na teoria da esteuturacao, poder consul- lar aquela que é a obra teérica central de Giddens: The Constitution of Society: Outline of the Theory of chur tration (1984). jy, De ecordlo como enunciado do tearema,aestru- PP tura é condicao e resultado da aceao, factor décons- trangimento e de possIbiTitagao da agéucia, ou, para utilizar as palavras ce Giddens, “as propriedades estruturais dos sistemas sociais siosimultaneamen- feo médium e o resultado ¢ que elas Te- cursivamente.organizam’” (1584 25), Giddens pro- pe, por isso, novas definighes paraascategorias s0- Ciolégicas deestrutiire — “regcas esecursos, ou con- juntas de relagoes transformacionais, orgenizados como propriedades dos sisiemas socials” —, sistem elacdes 1eprocuzidas entre actores ou colectivi- dads, arganizaclas conio praticas sociais regulares” ‘e eslritiragaa —“coniigbes quae governam a con tinuidade ou transmiltacao des estraturas , portan to, a reprodugao dos sistemas socials” (1984; 25)" alguns comentérios sobre esta definigao, Em prime ro lugar, anogao de acgao refere-se as actividades ce um agente, nao podende ser considerada separada- mente de uma teoria mais ampla do self actuante. FE necessério insistir nesta aparente tautologia, daclo que para parte substancial da literatura filostfica @ naluteza da accao é disculida antes de mais numa re: lagao de contraste com os “movimentos"' cut seja, as caracteristicas do actor enguanto sujeilo permane: cem inexploradas ou implicitas.°O conccitodeagen: cia tal como 0 defend, enyolvendo a “intervengio” um mundo objecto potencialmente malesvel, rela ciona-se directamente comma nogSomais general ada de praxis. Consequentemente, abordarei mais adiante os actos regularizados como pnitias situa contiderando esteconceitocomoexprimindo um dor principaismodos dewlagioentre a tecrindaacyioes andlise estrutural. Em segundo lugar, consiclero ser tum trago necessério da accio qui, algzures no tempo, agente “pudesseteragiclocle outro modo", querem termos positives, a0 tentar intervir no proceste dos “acontecimentos no mundo” quer emtemos negati. vos, ao abster-se perante os mesmos, © sentido de “poderia ter agidode outromodo” éobviamente diff- cil e complexo, Sendo irrelevante para os cbjectivos loste texto tentar justificar pormenorizada o mesmo, 6iodavia umerio suporque oconceite de aera pode ser plenamente clucidado fora do contexto dos.modos de actividade historicamente locatizades.* 1 New Bn of igang 5 Vn jew exemple, NS: Posee Th Routledge, 98K pp. 12e sepuin sgn! Mai p75; even ipiramente foe yf dao, end 6 Umerre cometide por min em It Si of Scoot Mai io yepael qo vieto de pina de gue "pode sho de ulm: nde” €logieamente distnta dy oles de ale Consens ontorsaes colon deseo > Consus ficou) Raconaiaqs dco rap tains teesne atta de eco este ie > Figura 1 Msi do estraticardoda aogho A figura 1 retrata 0 que podria sor designado por "modelo de estratifieagaa” da acgio. Um mode- lo cujas implicagSes nfo podem, no enianto, set compreendidas de maneira apropriada se forem consideradas sparadamente da diseussao das pro- priedacles da estratura que tratarei em seccaiosubse- quente, A monitorizacio reflexiva da conduta tefe- +8-se aqui ao cardcter intencional ou propositade do comportamento humano, realcandoaintencionali- dade" conta processo. Tal intencionalidade éum traco rotineiro da conduta humana, néo implicando que ‘08 actores tenham em mente objectivos consciente- mente definidos no decurso das suas actividades Na verdade, o préprio facto de esta fltima situagao serrara surge-nos indiciado eminglés peladistincao normalmente feita entre, porum lade, oquerer [mea ning], ou o pensar [iitendinig, fazer algo, e, por ou- {70,0 lazer algo “propositadamenie”, sendo queesic Eltimocasoenvolveum grav invulger de concentra~ ‘gio mental propenso & prossecugao de um objecti- vo,’ Quando actoresleigosse interrogam sobre as in- tengdes de cada um no respeitante a actos particula- res, subtraem-se a um processe continuo de ovdigio de constangimente a eompulsao sodas entana en Sora cm vane esc pstionest de que Dtotodtode sie unica logiamenten de poder 7 WM. Austin These way af spilling nk, Ts lla Rea vo 75,1986, monitorizagao rotineira mediante o qual relacionam asuaaetividade om a do outzo € como mundo-ob- jecto, O que ha de distintivo sobre a monitorizagio reflexive dos aclores humanos, quando comparada com 0 comportamente dos animais,consiste no que Garfinkel chama o cardcter imputavel [accorntati lity] da acgao humana, Considero aqui que “0 ear ter imputavel” signifiea que as explicagber que of aclores so eapazes de fornacer sobre a sua prépria conduta mobilizam as mesmas reservas [stocks] de conhecimento que se enconiram a sua disposigao no proprio decorrer da procdugia © reprodugao da actio. Tal como expliea Harré, “omesmo tipo de co- nhecimento ¢ capaciciade saciais encontram-se en= volvidos na génese da acco ¢ nos relatos da mes- ma... a capacidade do individuo para realizar cada uma delas depende da sua reserva de conhecimento social”" Temos, no entanto, de procecer a uma im- Portante correceio do ponto de vista que Harré pa~ rece assumir, O “prestar contas” refere-se as capaci- dades ¢ inclinacdesdiscursieas dos actores, nao esgo- tando as relagies entre as “reservas de conhecimen- to” ea aceao, O factor que se encontra ausente na ca- racterizagdo de Harré é aconseiéncia prética: 0 conhe- cimentotacito que ¢ habilmente utilizadonodesem- penho de sequéncias de conduta, mas que o actor hao se encontza eapax. de formular discursivamente. A monitorizacao reflexiva do comportamento opera contra o pano de fundo da racionalizagao da acgio— que defino como as capacidades clos agen- es humanas para “explicarem” porque é que agem deuma dada maneira,adiantanlo razéespara a sua 5) Paler Man, lath Rowser Ron tar Te Rakes of Doe ands, Routledge 978, 5, ~~ conduta — @ no contexto mais “abrangente” da consciencia pratica. Tal como as “intengoes”, ax “ra oes” apenas se constituem como relatos isoléveis, no contexto de indagacoes, sejam estasiniciadas por outros, cu emrresultado de um processo de auto-in= quirigto por parte do actor. i muitoimportantereal- gar que a monitorizagio reilexiva da acgao inclu a monitorizagao do eendrio da inieracgaa, e nao apenas do comportamento de actores particulares analisa- dos separadamente, Garfinkel demonstra ser esta unia caracteristica bés envolvidosna organizagio quotidiana dainteracgi0 social’ A racionalizagio da acgie, enquanto taco basico da conduta diéria, 6 uma caracteristiea nor mal do comportamento de agentes sociais eompe- tentes, sendo de facto a base principal a partir da qual a sua “competéncia" 6 julgada pelos outros. Isto nao significa que os suas razdes possam estar di- rectamente associndas com as normas ¢ as conven- 006, como alguns filsofos reclamam ou sugerem. Asrazées nioineluemapenaso mencionardas(ouo apelar As) normas: pressupar tal coisa 6 que de fac- to fara filesofia da accao retroceder para o quacro parsoniano ele referéneia da accio, uma ver. que a conchuta passa entao 8 ser dirigida por imperativos normativos “interiorizados”.”” Nocontextoda vida social quotidiana, as razoes, que osactores formulam discursivamente paraa sua conclutano decurso de indagacdes praticas, partici- pam numa relacio de alguma tensao com a a dos métodos etnogréficos > ChtlerotdCorfinkel Sedna Estella Bronce CHF Ponte Hal 198 10 Tuna wmclishteste dete tpiconecontextoda socologa do Dark Inlayseromesactigo ve seulividaa” aoe ceeitoode idle Due Isom Studs Seca we Pall Tern, rtacionalizagdo da acyao, uma vex que se encontram de facto incorporadas no fluxo de conduta do agen: te Oaspecto menos interessante e consequente des. tatensdo diz respeite a existéncia de possibilidades de dissimulagao deliberadla; ou sejo, sempre que um actor afirma ter agicle por razdesqve ndo correspon demdefactodquelasque o guiaram na sua conduta. Bastonite mais importantes sao as éreas cinzentas da consciéncia pratica, existentes tanto na relagao entre a racionalizagao da acgio ¢ as 125 mento dos actores, como na rela ago da acgao e 6 inconsciente, As reservas cle co- nnhecimento, nos termas ce Schutz, ox aquilo a que chamo eonhecinento comm empregue polosactoresna produgio de enzontros sociais, na sho normalmente conhecidas dessos actores de forma explicitamente co dificada; ocardcter prétien de tal conherimento encon: tra-se de acordocom a fermulacio de Witigenstein s0- bre o conbecimento das regras, As explicacdes que 0s actores sio capazes de fornecer quanto as suas raves encontram-se limitadas, ou sujeitasa varios graus de articulacae possivel, no respeitante ae conhecimento mtituo tacitamente empregue." Fornecer razSes para actividade didria, €algo que esta associado de pertoa racionalizacao moral da accao ¢ se encontra inevita- velmente enredado nas exigencias e nos contflitos que 0s encontros sociais acarretam, sendo igualmente o> pressivo dosmesmos, Masa articulacio entre relatos raz6es é igualmente influenciada pelos elementos in- conscientes da motivacao. Tal implica possibiliclades de racionalizagao, no sentido freudiano do terme, MG sels Enoettodiag ver tandem a contengs> nicl om Ray Tere EUanatlagy, Harmomelrtl Pe pals ” Dutaae ds etstaracagcaca otal enquanto efeitos de transieréncia de incensciente sobre os processos conscientes ce narrativa racional As componentes motivacionais da acyao, que referencioa organizagio das necessiclades do acior, vacilam entre os aspectos eonscientes ¢ inconseien- tes da cognigao e da emogdo. Tudo no funeionamen- to dateoria psicanaliticanos sugere que a motivagae possui a sua prépria hierarquia interna. Num outro texto] defencio que 6 essencial para a teoria social possuir uma concepgio do inconsciente, mesmo se o esquema queadiante desenvolve se afaste ce algum modo das perspectivas freucianas clissicas. O conscientesé porte ser exploradoquandoem relacio com o consciente, isto 6, contra a tearia que, a0 pro- curar relacionar as formas de viela social com pro cosas Inconientes, no dleixa 28 forgas soctais au ténomas suficiente liberdade de accae — peito, os préprins escritas “socioléggicos” de Froud dleixam bastante a desejar. Mas cevemos também, evitar uma teoria reducionisia da consciéncia, ou seja, uma teoria que, ao realear o papel do incons~ ciente, se afirma capaz de aprender os tracos refle- xivosdaacedoapenasnamedidaem que estes sejam um pilido reflexo dos processos inconscientes, os quais, na realicade, os determinariam. Alilosofia da accao, fal como tem silo desenvol- vida pelos autores anglo-saxénicos, evita abordar os problemas que surgem indicados de cadaum dos la~ dos da figura |, Pelomenos no que diz. respeito ao in- consciente, tal negligéncia exprime algo maisdo que uma mera aceitagao das suspeitas de Wittgenstein este s- 12 Ch Jerome Neu, “Genet explaraten Tom ant ab", em Ki lel Walhoi, Fre, #Coectn of Crd esos Noa loco Doubleday, 1974 i; ail Tn i ran 2 acerca do estatuto Idgico dla psicandlise."* Mais ain- da, estamos agui em presenga de uma consequéncia da preocupagtio com as relagdes entie as 1azGes © a conduta intentcional, Amwioria dos autores, quando se referem aos “motives”, utiliza lal lero comoum equivalente de razoes. Lima teoria da motivacao € deste modo, crueial uma vez que nos fornece os elos conceptuais entre a sacionalizagao da a dio clas convengses lal como este se encontra incor- porado nas instituigées (embora eu préprio argu- mente subsequentemente [noulro texto] que vastas ress do comportamento social podem ser conside zadas como nio senda directamente motivadas}. Mas tuma teoria da motivagio tem também que con- siderar ae condigeanda conhecidas da acgio, qua do trata os motivos inconscientes que operam no Ambite da auto-compreensio da agente, ou “fora” deste, O inconsciente abarca apenas um conjunto de tnis condigéies, as quais tém que ser relacionadas com as que surgem representadas no outro lado do Giagrama, istod, comas consequencias nao intencio~ ais da accao. A filosofia da accao nao s6 tem evitado em gean- Ge parte as questées do inconsciente, como também raorevelou virtualmente qualquer inieresse pelascon- saguéncias rufa intencfonais ce condute intencional." Bo co que: 18 Cyl Bare, tg save ond Wve 196, ppt aegis. 14d exemplos bt coeds culo pr Davidson € it Stsementeshisttive, Lge oinerptr aonde 8 ashame 9 ornesins emp alto un gatane. Onesie deDavidsan ‘ntuco tuo encontfese punmante connate ao proetes s ‘tos tn see gaan io ‘tons, stand an! enn" The ara of Priory, 9, €, 1968, Una do pesca see el short rents, Onfor, Blake 2 Duala da eratia: oss etrutera Uma situagio gue 6 de certo responsivel por parte do abismo que, nas clencias socials, tem separado a filosofia da acgio das teorias institucionais. Se, por tum Inclo, os escritores Juncionalisias tem demons- traclo ser incapezes de desenvolver uma explicagao adequada da conduta intencional,* preocupam-se, apeser de tude, © com bastante exactidiio, com © modo como a actividacle escapa ao Ambito dos pro- doacior: As consequéncias nao intencionais ode unta importancia central para teo- ria social na medida em que surgem sistematica- mente incorporaclas no proceso de reprodugao das instituigoes. Algo cujas implicagées discutire! por menorizadamente mais adiante, Mas vale a pena sa~ lientar, descle}é, que uma desaas implicagdes consis te no modo camo as consequéncias no inteacionais, da conduta se relacionam directamente com as su03 condicdes néio conhecidas, tal como ¢ especificado pela teoria da motivagio, Pelomenos na medida em. que tais consequoncias nao intencionaie se encon- tram envolvidas na reprodugio social, estas tor nam-se também condigdes da acg%o."* No entanto, Para que possamos aprofunclar mais 6 argument, temos de voltar a0 conceita de estrutura Alin L Goldmaa, A ‘Tlhory of swood Clif, Presto all 197 pp, 2tcsegulit cue salou “pera {os por outroxactos 0 por "garantie de atnacio" foto 18 *Fametionalisnsapees Tete” pp 16 1 Emvalguims cueunatancesimportanteseconhecera ent@aciale lus tnganentr cansequincns noite sds da aecio, Mas tl ising referee antes de mais elaqs0 Aench estrusrs,namedidsemgtsepio ques involunls loa? eb a forma le eonigsss da sguo qu wna “pre inte naconceineia prticae discursivn, Adisingioenteeconre squiess “ntencknais "couhecdas" ca acsioencatr-seabvia- lnalizagio deol _ 3. Tempo, estrutura, sistema Nas ciéncias sociais, 0 termo “estrutura” surge-nes em dois coypus iterarios principais: no do funcione- Iismo, que em versdes contempordnease freguente= mente chamado “estrutural-funcionalismo"; © na teadigio do pensemento queo viria aadoptardema neita mais absolute, o estruturalismo. No que diz respelio ao primero, o termo “estrus” surge-nes ormalimente em conjungio com 0 de “fungio”. Spencer e oulios autores do aéculo XIX que empre sgavamestestermos fizeram-nomuilas wezes n0con- texto de exquenias gromeiramente oxtraidos das nalogias biolégicas, Batuclar aestrutura da socieda- de assemelhava-se ao ostudo da anatomia do orga~ nniomo, loge, estudar as suas fungSes equivalia a es tudara Fisiologia do organismo. Tratava-se de mas- trar como é que a estrutura “funciona”. Emisora os mais recente autores funcionalisiasse tenham mos~ rado mais cautelosos no emprego de paralelismos Diolégicos, director on pormenorizados, 0 mesmo. lipo de relagdo presumida entre estrutura e funcio continua sturgirnas suas obras. A estrutura éenten- dida como algo referentea um “padrao" de relaces sociais, como uma fungio através da qual tais padroes operam de facto enquanto sistemas. A es- trutura ¢ aqui, antes de mais, um termo descritivo, sendo que a responsabilidade prineipal pela expli- Jo recat sobre a fungao. F talvez por isso que a i teraturs do funcionalismo estruturalista, tanto da parte dos seus criticos como dos seus apoiantes, se tem preocupado esmagadoramente com o conceito dle fungi, raramente chegando a abordar a nogac de estrutura © que nf detxa de ser Indicativo de quanto os criticos do funcionalismo se apropriaram des parmetion dos seus proprios oponentes No esteuluralismo, por contiaste, a ideia de “es trutura” surge-nos num papel mais explicativo, jé que ee encontza ligada & nogio de Lransformagoes, A.anélise esteutural, quer seja aplicadaa linguagern, aomito,a literatura ou Aarie, oumais genericamen- te As relagdes sociais, é tida como capaz de penetcar por dobaixo do nivel dasaparéncias vistveisd super ficie. A divisao entre estruturae Fangio é substituida ppor uma ontra: entre e6dligo e mensagem. A prim ra vista, esie uso do termo estrutsra, assim como de outros conceitosa ele associados, parecer ter pouco ounadaem comum comasnogdes empregues pelos autores funcionalistas, Mas, como tentei demons 1 [num texto anterior], erabora pertengam a tradi es distintas de pensamento, tanto 0 estruturali mo coma o funcionalismo partitham, de facto, al- Buns temas e caracteristicas globais, situagio que de algutn modo relecte a influéncia de Durkhelm so. bre ambos. Existem dois tracos comuns que vale a pena reiterarmos aqui: um deles eansiste: no com= promisso inicial de ambos no respeitante 4 distingio entie sincronin ediacronia, ou apesicioentreesié- tico e dinamico; 9 outro diz respeito Assuas preocu: pacdes miituas nao s4 com as “estruturas” como _ também com os “sistemas”. Estes dois (ragos mani- festamese, obviamente, de modo interligado, ja que oisolamento metodolégico da dimensio sinerénica constitu a base para a identificacao dascaracteristi- as da estrutura/sistema, Contuch, ainda que @ di- erenciacio entre sincronia e diacronia constitua, de modo similar, tm elemento basico do estruturalis- moe do funcionalismo, ambos deram azo ao apare- cimento de tentativas no sentido de transeenderem esteseu trago comum, Noque diz.respeitoao func! nalismo, a mais interessante e importante dessas tentativas éa queimplicaque anogao de funcaosea completada pela concepero de disfungao, permitin- do deste modo estuclar os processos socials em ter~ mos de tensiocntre integracaoe desintegragio. Co- mentei algures as deficiencias deste ponte de vista.’ No pensamento estruturalista, a tentativa de ultra- passar a distingao sincronia/diacronia conduziu a uma enfase na estruturagao, ou, como afirma Desti- da, “no estruturar da estrutura”. Por razSes que e> pecifiquei numa discussaa precedente sobre o estri~ turalismo, taisnogdes de estruluragao tendem aper manecer “internas” a> componentes das relagées estruturais. ‘Adiante neste texto, claborarei uma concepgio de esteuturragio que se encontra mais directamente ligedaa concepgio deagéncia humanaa queprevia- mente audi, Mas antes tornn-se necesstrio quecon- sideremos de modo breve a relagao entre estrutura e sistema. Ainda que ambes os ermos surjam nas lit raturas do estruturalismo ¢ do funcionalismo, a Ik Mou, “Manifest al neat funtion em Sia Thy at Strctae, Nove ton, Fst Pee, 17; pea mal coment Nor ver "Pumetionalons apts ltt" distingao queestas fazem entre cacia um deles é bas- tante instavel, ao ponto de aquetes tenderem a cis- solver-se um no outro. Saussure preferia o termo “sistema” ao de “estrutura”, querendo significar com o primeito um conjunto de dependéncias entre 08 elementos da lengue, A introdugao do termo “es- trotura” por Hjelmsley e pelo grupo de Praga, mais, do que criar um conceito complementar do desiste- ma acabou por fazer corn que o primeito tomesse lugar do segundo. A hisi6ria subsequente do estru- turalismo sugere-nos que qualquer cios termos é re- dlundanie, dado a sua aplicagao ser totalmente so- brepontvel: o sistema surge frequentemente como uma caracteristica definidora da estrutura? Para 0 funcionalismo, ¢ & primeira vista, tal parece servir debase para adistingao entre estruturae sistema, se- guindo de pertoa oposigao estrutura /fungio, Ae ltutura seria tida como uma referéncia aos “pa- dries” dasrelagées sociais ¢ 0 sistema no “funciona- mento” efectivo de tais relagées. Embora esta distin= ‘io surja muita vezes nos escritos dos funcionalis- tap, nao surpreende que a mesma seja dificilmente sustentivel, dado © modo como repousa num st posto paralelismo com a diferenciagso entre anato~ mia e fisiologia no estudlo do organismo. A“estrutt- za” de um organismo existiria “independentemen- te doseu funcionamento, mam certo sentido expec fico: as partes do corpo podem ser estudadas quan: do 0 organismo morre, ou sea, quando deixou de “funcionar’, Mas tal nio & 0 caso dos sistemas sociais, as quai deixain deo sey quanado deixem de func oni: os “padres” das relagées sceiais 86 podem, 2 Purexemplo, no mod como Lé-Ste paises aniies siatavallm racial forma rags print , cexistir na condigao desias se encontrarem organiza~ das enquanto sistemas, reproduizidos no decurso do tempo. Daf que também no funcionalismoas nogoes de esteuturae sistema se tendam a dissolver uma na outra, ‘Oconceitodcestruturacio que descjo desenvol- vor assenta na disting2o enére estrutura e sistema {ser por em causa que estes se encontrem estrita- mente interligados), acarretando iguaimente uma diferente compreensao de cada uum destes termos, faiscomo fém sido tipicamente utilizados fanto pelo estruturalismo como pelo funcionalismo Pretendo sugerir que esi wire, sistem e esbrua- ingfo, uma ver apropriadamente conceplualizados, constituem tems absohitamente necessarios para a teoria social. Para poclermos entender porque € possivel encontrar aplicagao para cada ume destas nogoes, teremos dle vollar ap tema da temporolida- de, que previamente apresentei, Tanto 0 funcionalis ‘mo como 0 estruturalismo tentam exchuir ¢ tempo (ou mais precisamente, as intersecgées tempo-espa (0) da teoria social, utilizando para tal a distingéo sincronia/diacrania, Em ambas as tradigdes teéri- cas,e ainclaque de maneica diferente, 05 sistemas s0- tials sa0,de facto, “retiradlos do tempo”. Para o fun- cionalismo, e de modo mais genérico para a sociolo- gia © a antiopologia anglo-saxénicas, a tentativa de Colocar o tempo entre paréntesis funciona em ter- mos de “Lirar um relzato rapido” da sociedad, ot de “congelé-ln” num dado momento: As deficié ‘Gis légicas de tal perspectiva deveriamser dbvins eo facto de esta logear manter ainda alguma plausibili- dade deve-se apenas 4 comparagio implicita que se Ihe encentra subjacente: a anatomia de um corpo, ou as traves-mostras cle um edificio, O tipo de imagens envolvidas nesta concepgio de estrutura encon tram-se percepcionalmente “presentes”, num senti- doque nao ocorre coma “estrutura social’. Por con- sequencia, neste modelo de pensamento a distincio sineronia /diacronia ¢ instével: 0 tempo recusa-se a ser eliminado, [...] O termo “estrutura social” tende assim a incluit dois elementos que nao se distin- guem claramente um do outre: 0 padrontizar di inte- aceite, a0 sugerir relagées entre actores ou grupos, ¢ a cuntinuidate da intteraccéo no tempo. Escreve Firth em Elements of Social Organisation que “a ideia de es- teulura da sociedade... devera preocupar-secom as relagoes ordenadlas das partes de um todo, com uma combinagio em que os elementos da vida social sur- jam conjuntamente articulados.” Mais adianie acrescenta, av falar dos “elementos estruturais que atravessam a globalidade do comportamento hu- mano”, que aqueles consistem “realmente na persis- éncia on na repetigao do comportamento”, na “cont anuidade la vidla social”S Tudo isto acaba por nos condluzir ao reconheci- mento implicito de uma dimensio sintagmitica (a Padzonizagio no espage-tempo) ede uma dimensio paradigmstica (a produgio de continuidede ou de uma orem virtual dos elementos) na anélise social —embora nionos soja fornecida qualquer expliea- G80 de-como estas dimensses se articulam entre si, Acontece que estadiferenciagio|...|éexaciamentea ‘empregue por Lévi-Strauss, 0 que no pode levar a supor quea concepsio de estrulura ce Lévi-Strouss poderd ser pura © simplesmente adoptade para substituir a ideia de “esteutara cocial” tipiea das 2 Raymond Het, Plwent of Sin! Organ 1955 pp. Sle 39 (aon Hiicns nn orignal in, Lordi, Vt , versdes funcionalistas dasciéncias sociais. por isso que gostaria desugerir umuso do termo “estrutura” que se encontra mais préximo do de Lévi-Strauss que do funcioralismo. Porém, existem pelo menos cinco limitagSes que comprometem a aplicabilidade da nogao de Lévi-Strauss, 1) Lévi-Strauss susenta que por esieututn se deve entender um modelo constrito peo observa- dor peloque, nas suas propsias palavras,"nacla tema ver coma realidad empiiea" Nao subs Srevosta cuosa mista de nominal ef Gionalismo que LéviStrauss parece delender Demonstrarel que, embora a eslrutura ¢penas por ebservadores sociologios ou anttopolégy {Go. Binbora nao defend» assecy2o da epste fonmalados compativeis com s mess 2) Pellaagestruturaliamo de Lévi-Straaes um con- cello de estrutura enquanio eirataragao. Por SGotredos praises eno ‘ears come formas comnotia rsu tantes do umn jogador exterior (9 inconecent, nowentido quo Lévi-Shaue Ihe confore) Contw- di umd tovia de etzusaragic que pitonda bon edo por de proven nae Wise spetan inorochrean tid de eee 1a persistente alessio as pai a) — -_ um lugar central & consciéncia pratica e discur- siva na reprodugao das praticas sociais. A abordagem de Lévi-Strauss parece-nos amb guaao consicerara estrutura comorelacées entre um conjunto de elementos infericos, ou oposi- ges, e como regras de transformagao que prod gem equivaléncias entre esses conjuntos. O-mes- mo tipo de ambiguidade tende a surgir nos con ceitos matematicos de estrutura, os quais nor- malmente a tratam como matriz das transforma- goes possiveis de um conjunto, A “estrutura” pode ser entendida quer como uma mattiz, quer como [eis de transformagao, mas tende normal- mente a incorporar, simultmeamente, ambas, Nao considerarei aqui a estrutura referindo-me ‘0 seu sentido mais basico de forma co conjunto, nas, antes de mais, as regrns (e recursos} que, na rodugao social, “cingem” o tempo, Deste modo,o termo “estrutura’, tal como adiante uti- lizado,é acima detudo um termo generico; que no significa que as estruturas no possam ser fdentificadas como conjuntos ou matrizes de propriedades de regras c recursos. Anocio de estrutura utilizada por Levis surge associada as insuficiéncias basicas que identifiquei no pensamento estruturalista em getal, no reforente ao soméntica tide como pra- xis. Em termos estritamente yerbais, ndo existe algo a que possamos chamar “regras de trans: formagio", ja que todasas regras sociais aio iran formacioneis, no sentide em que a estrutura nie ‘se encontta manifesta na semelhanga empirica entre os itens sociais? So a esirutura existe (no tempo-espago) apenas através da sua instanciagio, que terd de incluir a releréncia a fendmenos que sao com- pletamente estranhes a tentativa de Lévi- Strauss de ultrapassar o formalismo presentena énfase da forma enquanto realizagao do con- tetidor os fendmenos queestaoemrelagiocom o poder, No modo como elabora as concepgoes de dominagao e poder, estes conceitos encon- tram-se logicamente pressupostos no conceito de agencia e nas conexoes entre agencia eesteu- tura quea seguir coracterizarci Tal como o pretendo empregar 0 termo “estratura” refere-se a “propriedade estrutural” ou, mais exac tamente, “propriedade estruturante”, sende que as propriedades estruturantes possibitem 0 “sin gr’ do tempo e doexpago nos sistemas sociaisCon sideto que estas propriedades podem sex entendi- das como regres ¢ restutsos, encontrando-se recursi- vamente implicadas na reprodugao dos sistemas so- ciais. As estruluras existem, de modo paradigmati- 9, enguantio conjunto ausente de diforengae tempor riamente “presentes” apenas através das tancingoes eeavés dos momontoncenstitutivosdes sistemas socinis. Observar a estratura como alga uc envolve uma “ordem virtual” de diferencas, tal tnr 0 ponto de vista de Lévi-Strauss de que as estru- turas sao simplesmente modelos postulados pelo abservador. Polo contesrio, implica reconhecer a existéncia de: a) conhecimento — enquanto tracos Se gaa tees que as colees tm deset da meméria ante panee-me pis da 5 Acomeapeio de estentira qe aga al ir dscns portoumen save mpi ulzgaode eta itia ema sendomnat numenoestnoni de “clara” Zyg Beans, Calla ge Pde Landen, Kone, 73 feites” (cligamos, escritas), por parte dos actores so- Giais; b) praticas sociais organizadas através da mo- bilizagio recursiva daquele conhecimento;e ¢) capa- cidadles que a producao dessas praticas pressupoe. Emcclencias sociais, a “andilise esteutural” impli- ca examinar a estruturagao dos sistemas sociais © facto de v termo “estrutura social” se encontrar normalmente conotade com um “padrao visivel", tal como ¢ empregue pela soclologia anglo-america” na, encontra-se presente na minha terminologia através da nogio de sistema, ainda que com uma eléusula prévia crucial: os sistemas sociais surgem padronizados tanto no tempo como no espaco atra- véada continuidade da reprodugao social. Um siste- ma social é, deste modo, uma “totalidade estrutura- da”, Emboraasestruturas nao exisiamno tempo: P80, @ no ser nos momentos ein gue se opera a constituigio dos sistemas sociais, épossivel atalisar oquanto as estruturasseeneontiam “profundamen- teenraizadas” em termos da duragdo histérica das pritioas que elas préprias organizam de modo re cursivo eda “amplitude” espacial dessas mesenas riticas, isto 6, 0 quantoaquelas se encontram eapa- Ihadas através de uma série de interacgoes. im cada um destes sentidos, as fstituigdes sio as. priticas constitutivas dos sistemas sociais quie ee encontram mais profuncamente entaizadas. E fundamental compreender que, quando falo deestrutura enquantoregras erecuirsos, isso nao im- plica que seja proveitosoestudarquer as regras quer 08 recursos como agregaclos de nommas v capacida- des isoladas, De Saussure a Wittgenstein, passando por Searle, o jogo de xadrez. surge na literatura filo- s6fica como uma referéncia para ilustrar as caracte- Histicas das regras linguisticas ¢ sociais. Mas, como _ sugitoadiante— especialmente no modo como sao empregues pelos filosofos —, ‘ais analogias com a ideia ce jogo poclem ser ilusérias. Asregras tendem aser observadas como formulas isaladas que ha que elacionar com “movimentos” especificos. ‘Tanto quanto sei, quer a historia clo xadtez. (que ter as suas origens nas manobras militares), quer 08 pro= prios jogos de xadrez néio aparecem em parte algu- na da literatura filosatica como objectos de estudo. Contudo, para melhor elucidar o pantode vista que srostaria de sugerit, equal considerasenem as regres 0s meios ¢ 0 resultado da reproducao dos sistenies sociais, um estuclo desta nabireza seria bastante mais relevante do que as ja habituais analogias. 86 conseguiremos compreencler as tegras no contexte do desenvolvimento histérico de totalidades. so- ciais, enquanto algo que se encontra vecursivamente implicado nas proprias préticas. Bola questi ¢ ine pottante por duas raze. fm primeiro lagay, por. que mio existe unte relagto dnica entre “unta actividad «una regra, comoper von ésuperido sole cite no apelo aafirmagées como “a regra querege Movimento da Raina ne xadtez Actividades as priticas ie crindas no contexto deconjuntos de regras que se sobrepSeme se articulam entre si, ga isd cooréncia através do sew envolvimento na Aituiga0 dos sistemas sociais na movimento do dem cor exauativamente descits aalizadas, os ferme do seu préprio conto, coma se fessem prisrigten profoiuer ee. —prescamente pore, eonjungao miitoa, ee 4 Regras e recursos Aarticulagao entre os tres conceitos da figura2 pode ser rapidamente enunciadas. Os sistemas saciaisim= plicam relagées regularizadas de interdepencencia entre individuos e grupos, quenas suas formas mais tipicas podem ser analisadas como pritits sozinis r= convenes, Os sistemas sociaissao sistemas de interac- ‘ao social, dado envolveremaciividlades localizades dos sujeitos humanos ¢ existirem em termos sintag~ iaticos no fluxo do tempo. Nesta terminologia, 08 sistemas possuem estruturas ou, de modo mais pre- ciso, possuem propriedades estruturais, mas no sao eles préprios estruturas. As esteuluuras sao ne- cessaria [e logicamente) propriccades dos sistemas bu das colectividades, sende ceracterizedas pela “aw sénciade umn sujeito”. Estudar a estruturagio do siste ma social coresponde a estudar os medes pelos quiais esse mesmo sistema, por via da aplieagio de regras e recursos generatives, eno contexto de resul- tacios néo intencionais, se preduz e reproduz. alra- és da interacgaio. Contudo, cada uma destas noes elaborasao mais profunda, a comesar pelas de re- gras e recursos, Ajdein de “regra” tem sido hastante wxige uma Estutumgse cones qa rayon srs a smncbunwes tases @ coma fl a ese don sider Figura? Catton, Aiscutida na literatura filossfica recente, sendo im- portante qualificar devidamentea sua utilizagao. 1. _Rejeitoa distingao frequente entre regtas “consti- lutivas” © “reguladoras” (que remonta a Kant)! To- das as regras sociais tem componentes que si0 tanto constitutives como reguladoras (porque sancionan- tes), O tipo de preserigio que nos surge normalmente como exemplo ihistialivodeuma regraregulacioraé, porexeniplo, “née mexa nas coisas dos outros”, por opesigae a algo como a supramencionada regra do aadre2: “a regra que rege o movimento da Rainha”, $6 que a primeira ¢ tida em consideragio na proc sodas ideias de *honestidade”, “propiiedadle” ete, enquantoa segunda implica sangées (“nto se deve ou no se pode mover a figura nesse sentido”). 2. Temos de ter muito cuidado ao usarmos as re- os jogos — como as do xadrez — enquanto 1 Wsprocanpa Joba Se pet es Cane, Cand University Pre 190, pp. 8} estes Raymond. Cum lose ‘city Hooton 10S am sera SSranece urd mieten uai ogre pees pesstenasecs no soeeuldenactn sone Pa fs is nan ran an Can lye 08" Phbsenbist Rees, wl. 78, 1990, SEES ilustragdes des earacteristicas das regras sociais em geral. Aquelas server apenas para exemplificar al- gumas das caracteristicas de "uma tegta consabi- da’, dado que jogos como o xadrez,possirem regras. claramente fixadas, formalizadas e estabelecidas. por via de um léxico,e também porque as regras do xadrez, nao constituem geralmente um objecto de disputas crénicas quanto a sua legitimidacie, como pode ser 0 caso das regras sociais. Conhecer uma re- gra, tal como afirma Wittgenstein, ¢ “saber como continuar’ , saber como jogar de acordo com a re- gra. Trata-se de algo vital ja que estabelece uma arti- Culacio entre regras e praticas. As regras geram — ou sd0 0 meio de produgioe reproducao das — pra ticas. Assim, uma regra nao corresponde a general zacao daquilo que as pessoas fazem, a generalizagao das praticas habituais. Tais consideragées so. im portantes quando aborcamos os argumentos de au tores (como Ziff) que se sentem inelinedes aabando: nat a nogao de regra em favor da de disposigbes.? Bote ponto de visia tem normalmente como base « ideia de quc.as regtas constituem algo de estranho em relagaio A maioria das Areas da vida social, as qua contram organizadasele maneira prescri nos oferecida por Oakes- tiya, Uma destas versoes hott, ae escrever que tanto na linguagem como na ‘vida social prética: 2 Ver Poul Zi, Swat Ansys, hoes, Comal University Tes, 1960, ver tani Pere Bourdle, Oniee of Tiny af Preis Comtidge, Cambsige University Pres, 192, Pde chamase ongiopasofielads goss de rgeasgirequenrentn inejlo intercon sac, me ex Ilo pou es! rosa seni aessiostesporna Rerairaqucer ftsota id Jarolelaenteromas ngs, Yo porexemplo aesaras condi Erespata George SiCalle a et Retains, Cmeapo, A= Nao hi cavida... de que aquilo que é aprendido (on parte disso) pode ser formulado através de regras e preceitos; mas em caso algum acontoce,.. aprender. ‘mosatraves da aprendizagem de regrase pivceites, Endo $6 € possivelconseguir um dominio da lingua: ‘gem e do comportamento sem que tentiamos cons lencia das sas regras como, também, caso tena mosadgquirico um corhesimento dasregsas, este ipo dle dominio da linguagem ¢ de cemportamento tor zma-se impossivel até queos tenhamos esquecido en «qantonegas 8 rao nos sintamesteniadesa tans jormaro discurso ea zegao em apiicagoes de regeas 2 wibdasivadot sy : Contuclo, tal equivalea identificar as regrasconsabi- das com o saber como as formular, @ que sao das. coisas diferentes. "Sabercome continuar” nie signi- fica necessariamente, ou normalmente, que sejamos capazes de formular claramente quais sav as regras. Uma crianca que aprenda inglés come primeira Iin- gua, quando se mostra jé capaz de falar a lingun, co- nhece as regras do uso do inglés, independentemen te de conseguir ow néio formular qualquer delas, Oargumento de Oakeshott nao poe em causa 0 ea- actor om geral util da“regra”embora centre aaten- iio na énfase colocada por Wittgenstein no caricter pritico do regular-se pela regra. 3. Noprosseguimento das implicagdes do ponte 2, 6 possfvel afirmar que as referdncias feitas por Witt- genstein aos jogos infantis so mais elucicativas em, relagdo a alguns assuntos-chave do que as referén- fas ajogoscomoo xadrez, comas suasregras fixase 3) MichaotOakeshot, Rtinatian in Pats Lenses, omen 1247 predeterminadas, Aoargumentar que as regras que se encontram presentes na maioria das formas dle vida se assemetham mais as primeiras destas regras clo que as segundes, Wittgenstein, de facto, levanta virtualmente a mesma questao que Oakeshott: “te- mosdeterem mente que, dle vima maneira geral, ndo usamos a lingua de acordo com regras estritas— nem sequer as aprendemos por meio de regrasestri- tas”, Nos jogos infantis, pelo menos naqueles que sao postos em pratica pelos proprios giupos de criangas, ou transmitides informalmente de gerasao em geragao, nao existe um Iéxicode regres formais,€ talver, seja esta ume das caracteristicas essenc! das regras que existem de facto mas quenao logram ser estritamente definidas. Segundo firma Witt genstein, encontram-se nesta situagae a meioria dos conceitos empzegues na linguagem normal, Nao conseguimos delimilé-los elaramente num sentido lexical, “no porque nao saibamosa suo verdadeira definigio, mas porque nao existe para eles uma ver- dhdeira ‘cefinigso’. Pressupor tal coisa seria press por que sempre que os criangas jogam com uma bola $e encanttam a jogar um jogo com regras estritas./ Chogado a este ponto, vale a pena repetir a questo levantade [noutro texto] sobre a emossemintica As operagSes resultantes da eonseiéncia prética dei- xam as regras ea interpretagdo “metodologica” des- tas mesmas regras emaranhadas na confinuidade das priticas? A concepeio de Garfinkel sobre otra balho interpretativo que se encontra sempre tempo- rriamente envolvido na prestarao de contas é aqui 4. Witgenst, the Blue and Brae Botts, Oxford, Blackwell, 1972 Be 5 Witgerste, respon seston, Oxf, Mickel, 1928 muito importante, Aquilo a que Garfinkel chama as consideracies’“ad loc” —a “oragao etcétera”,“deixa estar assim", ete. [sic] — encontram-se envolvidas de modo er6nico na instanciacao das regras, nao existindoseparadamente daquilo que esses mesmas regras “sto”. Ao realgara importancia cos recursosenquanto propriedades estruturais dos sistemas sociais, pre- tendo sublinher acentralidade doconceito de poder para a teoria social, Tal como a “regra”, 0 poder nao consiste numa descricao do estado das coisas, mas sim numa capacidade. Nao estarei muito longe da verdade se afirmar que poucos foram os grandes pensadores ou tradigoes de pensamento sociol6gi- €as a atribuir an poder um lugar tao central na teoria social comoseria dedesejar, Aquelesque reconhece- ram ao poder uma imporidncie essencial, como Nietzsche e Weber, fizeram-no normalmenteapenas com base numirracionalismo normativ que gosta- ria de cepudiar (embora nao adiante aqui as races pata tel), Se ngo existe um modo sacional de julgar alegacses de “valor definitive”, como sustenta We ber, entio 0 tinico recuarao em aborto consiate no po der ou dominio: os mais fortes logram que os seus valores prevalegam ao esmagaem os outros." Mais comuns ainda sao aquelas tomadas de posigao que ou teatam 0 poder como reeundério para a compre- ensio do eardcter significative e normative da vida outa, NG leriomnin Gon Coanpletn Bia eis HAlD com as obras de autores oriundos das tradigies da fonomenologia (Sehist2) ou do pensamento so. de 1b C.Geeng Les, De erty der Hera ery Auton Ver loys 108 - Wittgenstein (Winch), como com as tradigdes a que estes se opoem no referentea outrosaspectos (0 fun cicnalismo de Durkheim ou de Parsons). E€ainda 0 cago, num certo sentido, embora bastante diferente, com 0 marxismo, na medida em que Marx articula directamente 0 poder com os interesses de classe, tomando posstvel inferir que, uma vez desapareci- das as diferengas de classe, o mesmo uconteceria ds relagoes de poder: Entte es muitas interpretagdes do poder na teo. tia social ¢ politica, surgem-nos duas perspectives principais, Uma defende que a melhor maneira de conceptualizat 0 poder é consielerd-lo come a capa: cidade de um actor para aleancar as suas vontades, mesmo que A crista das vontades daqueles Ihe pos sam oferecer resisténcia — 0 tipo de definigao em- preguie por Weber’ entre muitos outros autores. A segunda defende que poder devers ser visto como uma proptiedade do colective —o coneeito de po- der em Parsons, por exemplo, perteace a esta riltima caiogoria.® Bntendo, contudo, que nenkum destes modos de conceber © poder, quando considerados separadamente, é apropriado, pelo que os devemos articular enqsanto caracteristicas da dualidade da esinutura, Abordare’ os recursos.como as bases” ou 7 itunes Jinaghds pote por Webst continua sar roti de controvesia, Were firm "Macht bent ede Chane, innettall einersorulesBezidhung deneigenes Willenauh gegen ‘Widerteeben dunciusetzen, qflehvlel worst dene Chute be rake, (ieee) wt Cocca, Tabingen, Mh, ISB p, 28) LEmbera grande pate das tradugtes tenia inlerpeelado Che nmap te idatteaicogge, une rez tena com Mchawsa poet etaran menor infvidualats qe parece see, Ver Nios Luann, eo, Hsp, ke 175, goof Talcott Morven b (ade atau at eesvtvn 6s "vefculos” do poder, incluindo das estruturas de dominagio, mobilizados pelas partes em interaegio © reproduzidos através da dualidade da estrutura, © poder resulta de formas definidas de dominagio de um modo gue € paralelo ao envolvimento entie regrase priticas sociais, sendo, na vercade, um cle- mento ou aspecto integrante dessas praticas, (Para uma dliscussao maisalongada sobre o poder e a do- minagao, ver capitulo 10,) - 5 Ateoria da estruturagao Oconceito de estruturagio implica o de dialidade da eekrithure, 0 qual se encontre em relagio com o carée: tor fundamentatmente recursive da vida social eexpressn a dependincia nniluaentroesiruture ergencia, Pordva- lidacle da estratura pretendo afirmarqueas proprie- laces estruturais dos sistemas sociais so simulta neamenie 9 meio € 6 resultado das praticas que constituem esses mesmos sistemas, Assim formula- da,a teoriadaestruturagio recusa qualquerdiferen- ciacao entre sincroniae diacronia, on entre estaticae dinamica, A identificacdo entre estrutura e constran- gimento € aqui igualmente tejeitada. A estratura tanto capacita como constrange, pelo que o estudo das condicdes que presidem a organizacao dossiste- mas sociais que governam as articulagdes enire constranggimento e capacitagao constitu’ uma das ta- refas especificas da teoria social. Deacordo com esta concepeio,asmesmas caracteristicas estruturais si parte integrante tanto do sujeite (0 actor) como do objecto (a sociedade). A estrutura confere simulta neamenie formaa “personalidade” ¢ a "sociedade”, mas em nenhum dos casos o faz de modoexaustivo, quer por causa do peso significative das - consequéncias nao intencionais da acgao, quer devi do as condigdes da acgao que permanecem nao co- nhecidas, Ernst Blochafirma que Hom semper ir0:0 homem € sempse um principiante.! Podemos estar de acordo com esta afirmagao, no sentido em que todo o processo de aecaocorresponcde a produgaode algo novo, mas,ao mesmo tempo, tola acco ape- nas existe na continuidade com o passedo, 0 qual fornece oa meios parague aquela se nicie, Por conse guints, aestruturra nto deve ser concebidacomo uma berr- sua produgio, mesmo que nos encontremos em pre- senga dos mais radicais processos de mudanga social, 03 quais, como quaisquer outros, eccrrem no tempo. Os mais disruptivos modos de mutdanga so- cial, assim comoasmais rigidlas das formas estiveis, envolvem estruturagao, Donde, nao hi qualquerne- cessidade, ourespaco, para uma concepgao de de-es- truturagio tal como a que nos é sugerida por Gur vitch 2S6 precisamas de uma nogiocede-estrutura- fia casocontinuemasa terem mente aideiacequea estrutura ésimplesmente oequivalente deconstran- gimento, contrapondo deste modo a liberdade a es- trutura (como o fazem Gurvitch ou Sartre) importante quesublinhemas este tiltimo pon- to, uma vez que alguns autores que tm conferide uma énfase particular contingéncia da vida social 0 fizeram apenas d custa de adoptarem um ponto de vista excessivamente yoluntarista. Um exemplo sio as teories econémicas de Shackle, nao obstante as stigs interessantes contribuigdes para a discussio, int como enicontinndo-se envatoida na 1 Ems ce, Piles ofthe Future, Nova equ, erbet 1978, pv Presta Univeslote 8 Shackleargumenta contra o determinismo na andli- se das actividades econdmicas dos seres humanos, realgando © cardcler temporal e contingente das mesinas, 56 que € levado a lal por atribuir wma in- portancia excessiva aquilo que chama “a decisio" no contexto da vida social humana, O pasado en- ja morto e’“ceterminade”, mes o presen te estaria sempre abertoa livre inicialiva dos actozes 3p contrar humanes.' Por mais louvavel poosa eventualmente ser, d entender coma é que o passado se faz sentir no pre sente, mesmo quancle o presente reage contra 6 pas: ado, Avote respeite, o ponte de vista de Shackle pa- reee ter bastante em comin com um ouleo elabora do por Sartre om Arties da Resto Dialéctica—aliss, io @ de todo inadequado considerar a obra de Shackle come uma teoria econdmica de tipo sarteea~ no, Ainda que tivesse acentuado a importineia da histéria para o entendimento da condigao humana, Sartremanteve umabismo entre passadae presente, nosentidoem que enquanto opassade é “adquiride e necessério”, o presente 6 do dominio da livre ¢ os pontanea criacao. Nestesentido,nio consegueesca~ par ao duslismo da “naterialicade” e da praxis. Deacordo coma nocao de dualidadedaesirutu- 1a, as regeas € 0s recursos sto mobilizacios pelos ac- toresatravés da producdo de interaccdes, masacon- tece que é também desse modo que sio reconstitut- dos através de tais interaccdes, A esirulura 6, por conseguinte,o modo através do qual a relacaioentre ‘o momento ea totalidade se expressa soba formade reprodugao social. ‘Trata-se de uma relacao distinta 2 GALE. Siochla; Decti Onder an Tine, Cambridge, Cambridge Universiy Press, 196%, da que subjaz a relagao das “partes” com os “todos” nna coordenacao dos actores e grupos nos sistemas sociais tal como esta € postulada pela teoria funcio~ nalista. al significa afirmar que as diferengas que constittuem os sistemassociais teflecterm uma dia tica de preseneas e auséncias no espago e no tempo. Noentanto, estass6 ganham forma esereproduzem por via da ordem virtual das diferencas de estrati~ Tas, expressa na dualidade da estrutura, As diferen- cas que constituem estruturas,e que séo estrutural- inente constituidas, colocam emi relagio a “parte” com o “todo” no mesmo sentido em que a clocugio de mma frase gramatical pressupae 0 corpits ausente das regras sintécticas que constituem a lingua en- quanto tolalidade. A importancia para a teoria social de tal relacdo entre momento totalidade ters d getidacuidadosamente,jé queimplica uma dialéeti- cacntre presengae auséneia que vineulaas mais ini nas triviaie formas de acgao social as propriedades dasociedade em geral (¢,logicamente, ao dosenval- ‘vimento da espécie humana como um todo), Ti essoncial para as ideias aqui desenvolvidas sublinhar que as instituigies mio funcionam apenas, "por detrés” dos actores sociais que as produzem e reproduzem. Todo o membro competente de qual quer sociedade sabe bastante sobre as institu dessa mesma sociedade, nao sendo tal conhec to seewndaria para o fumcionamento da sociedade, encontrando-se antes. necessariamente envolvido no mesmo [...]. Uma tendéncia comum a muitas es colasde pensamento sociolégico —que sobre outras questies seriam, aliés, consideradas como diver- gentes — 6o facto de adoptarem como tactica meto~ ‘do}égica comecarem as suas andlises por desacredi- tarem as razdes adiantadas pelos agentes para as cscs (ou aquilo aque prefiro chamar a racio- nalizagio da nego), com o objectivo de deseobrinem 05 estimnulos “reais” das suas actividades, as «iuais eles préprios ignorariam, Tal afirmacio, contudo, € née 66 inapropriada do ponto ce vista da teoria so- cial, como trez. consigo implicagies politicas defini- das ¢ potencialmente ofensivas, 20 implicar uma errogagio do actor leigo, Caso consideremios os acto- res como dopados cullurais ou meros “suportes do modo de produgao”, sem qualquer entendimento minimamente valido daquilo que os circunda ou dios cincunstancias dasua acc2o, abrimosdeimedia tocaminho a suposiggo de que os seus préprios pon: tos de vista podem ser negligenciados em quaisquer Pmgramas priticos que se pretenda execular. No setrata apenas da questo “deque lado é que nos en- contramos (enquanto analistas sacinis)?”! — embo- rannao restem diividas cle quea incompeténei mummente atribuida as pessoas dos agrupamenios socioeconémicos mais haixos por parte dos que se encontram numa posicao de poder, ou peles “espe- Cialistas” a eles associados, 0 facto de 2s modalidades de tcoria social que tém deixado pouco ou nenhum espaco conceptual pata o entendimento que os agentes possuem de si proprios, ou dos seus contextos sociais, tencerem a exagerar grandemente a impacte dos sistemas sim- bélicos ou das ideologias dominanies sobre as clas- ses subordinadas, nao 6 de todo uma coincidencia, como é 0 caso em Parsons e em Althusser, Podemos, encontrar muito boas razées para o facta cle apenas, 08 grupos sociais dominantes se terem alyguma vez comprometide fortemente com as ideologias 1 CE Howard Bosker Saito! Wonk Lonrs Ai Lane IL cominantes,' Tal nao se deve apenas ao deseavolvi mento de “subculluras” divergentes — por exem plo, a cultura operéria quando comparaca com a ‘ullura burguesa na Gra-Bretanha elo século XIX —, mas igualmente ao facto de fodes asactores sociais, por mais ubuixo queestejm na escola social, posstdrem alg ta capacidade pare compreenider as formas sociaie que 0s oprinen! Onde as culturas parcialmente fechadas, ou localizadas tendem a desaparecer em larga esca- la, como € crescentemente 0 caso no capitalismo avangado, cepticismo em torne das perspectivas “oficiais” sobre a sociedade surge frequentemente expresso attavér de varias Formas de “distancia~ mento” e de humor Oser-se espiriluoso possui um) feito deflacionsrio ¢ o humor é assim socialmente autilizado quer como alaque quer como defes ca a infiuéneia de forcas exteriores que de outro modo seriam dificeis de suportar. O grau de conviegao com que mesmo aqueles que pertencem as classes dominantes, ow @ outras posicées de autoridade, aceitam os sistemas simb6- lices ideolégicos, nao deve set sobrestimado. Mas nao € de todo implausivel supor que, em algumas circunstanciase siltuagaes, aqueles que se encontram socialmente em posigdes de subordinagdo possam compreender melhor as condigées de reprodugio social do que aqueles quenoutros aspectos os domi- nam, Tal encontra-se em relagio com a dialéctica do conlrola nos sistemes sociais [-.]. Aqueles que ace fam de um modo basicamente inquestionivel dete minadas perspectivas dominantes poderio ficar 5 VeeNiehs Abeserombie Bryan $ Turner, “Ite dominant ie ogy Ms brit noe Sag, se 29,3978 1) Pekerondaamnns pera sss esteem, Yor Pou Wil ewig fo Liou Westmead, Saoen Howse 1927 mais facilmonte prisioneiros destas do que 6 0 e380 com outros, mesmo que essas perspectivas ajudem osprimeiros a manterem-se na sua posiglo de domi- nagio. Eneontramo-nos aqui em presenga cle uma fo que possi uma relagso clara de similarida- decoma fese deLaing sobre esquizofrenia; ou seja, nao obstante a natureza distorcida da linguagem & dopensamentoesquizofrénicns, emalgunsaspectos uma pessoa esquizofrénica“w@ através” dascaracte- risticas da existéncia didria aguilo que a maioria de nds aceita sem objeccies. ‘Ao dizermos isto, temos de levar em linha de contaos principaisrequisitos do que se encontra im- plicito na proposicio ce que todo oactor competen- te possui um conhecimento bastante yariado, mes mo que intimo e subtil, da sociedade de queé mem- bro. Em primeiro lugar, o “conhecimenio” tera de ser entendido em termos de consciéncia tanto préti- ca como discursiva, sendo que mesmo quanda nos deparamos com um substancial entendimento dis cursivo das formas institucionais, tal nao surge ne~ cessariamente, nem normalmente, expresso de uma, maneira proposicional. De certo modo, Schutz colo- ca esta questao ao tipificar o “conhecimento dos li- vrosde culinaria” contrapondo-the o tipo de conhe- cimento abstracto e te6rico consideracto pertinente pelo cientista social.” 56 que tal nao nos permite cis- finguir de modo satisfatorio entre consciéneia prati- ca, que é um conhecimentoincorporade naguilo que asactores “sabem como fazer”, econseiéncia discur- siva, isto é, aquilo sobre que os actores sao capazes de “ialar sobre”, nem de que maneira, ou sob que quest Alin Sehnz, Refetings oe Pree of Relea, Sew Haven, {ale Unicenty Poss, 197, pp. 12e saguintes - aparencia estes so sapaven de ear aubre 0 que Em segundo lugar; todo actor individualmen- te consideraco Gapenas umentee outros, muitos ou: tros, como € aliés ébvio no caso das sociedades in- dustrializadas contemporineas. Teremos de reco hecer que aquilo que um actor sabe enquanto membrocompetente da sociedade— mashist6riea e capacialmente situado—, "se esfuma”emcontextos que s2 estendem para além daquilo que constitu a sua actividade quoticiana. Em terceiro lugar, os pa~ metros da consciéneia pritica e discursiva encon- tramy-se limitaclas de macs que sio passiveis de es- pecificar, que se articulam com o carseter “loealiza~ do” das actividades das actores, mas que nap sia re- duzfveis a este, Tal é possivel de indicar na figura 1, através das condicdes inconscientes ¢ das conse- quéncias nao intencionais da acco. Todos estes fe~ némenos precisam de ser relacionados com os pro- blemas da ideologia, uma tarefa a que me dedico Inoutro texto} 6 As propriedades estrutwrais dos sistemas Os sistemas sociais, por oposigio A estratura, exis: tom no ternpo-espago e sia constituidos por priticas sociais. © conceito de sistema social, entendico no seu sentido mais amplo, refere-se a itterdependéncie io aces reprodurida, ou, por outras palavras, @ 1 Telacdo em que as mudancas operadas numa co em varias das suas componentes desencadeiam mudangas. noutras components, sendo que estas mudangas, por sua vez, produzem mudancas nas partes. em que ocorreram as mudancas originals”! Os mais pequenos sistemas sociais sto binaries [dye dic], Todavia, temos de ter cuidado com a ideia dle gue os sistemas bindrios demonsteam, em miniatu- ra, funcionamento dos sistemas sociais eom um ca- acter mais abrangente, de tal modo que os prime: 10s poderiam ser utilizados como base ce teorizagaio das propriedadesdes segundos —o tipe de procedi- ‘mento uttilizado por Parsons em The Secial System? Uma das razées para adoptar adiante a distingiio en- tre inlegracao social e integracio sisténien tem isa Amitai tion, Te Act 68 1 Nova lau, Fa 2 Talat aesom, The Seca Tore, Rout 2 Dual estat apie ete precisamente como objectivo reconhecer os contras~ les entre os varios niveis de articulacao da interacgao. Jal como acontece com os termos agencia e es trutura,o termo “sistema” necessita de ser examina~ dode perto. O conceito de sistema surgittnasociolo- gia através de duas fontes principais. Porum lado, a nosaodesistema, sobeste nome ou sob qualquer ou- tro (por exemplo,estrutura), (01 sempre umeler to importante do funcionalisme, onde, como alvas: sugeri, quase sempre surge a par com as analogins organicas, O sistema social € assim concebido atra- vés de paralel Umaoutra fonte de proveniénei temas”, a qual ndo é claramente distinguivel da “eoria da inlormagao” ou da "cibernéticn”, teorias que tém surgido em grande parte fora das ciéncias nos com os sistemas fisiolégicos, Numa influente discussio, Bertalanffy distin. gue trésaspoctos da teoria docsistemas. A"“icariacla sistema geral” expiora as similitudes entre as totali dades ott os todos através do leque das cién tutais esociais, De acorda com Rerialantfy, uma das tendéncias principais de pensamenta modemno, em getal, compreendea redeseaberta dostados quando Comparadas com os agregadas e da autonomia por oposigaa areductio.* Tal redescoberta,admite ele, foi disectamente impulsionada pelos desenvalvimen- tos da tecnolagia madera, a qual dé forma a uma segunda categoria, a de “tecnologia dos sistemas”. A “tecnologia dos sistemas” néose refere apenas.a0s Ludvig von teraanty, Gove Sen 1558, ps ary, Ser ombees on anoaton wad actor, Now la, Non Mestad, 17. . ell computadores, as mdquinas automaticas, ete,, mas também a incorporagao das seres humanes, ou das suiasactividades, emsistemas de controlo entretanto concebiclos. A teoria da informagio ¢ a cibernética surgiram sobretudo em articulagao com tais desen- volvimentos teenoldgicos. Por fim, tems a “filoso- fia dossistemas’ que se ocupa das implicegdes filo- séficas mais amplas de teoria dos sistemas. O pro prio Bertalanfly considera que a filasofia dos sist mmasé da maior importéncia no contextoaciuiel, ver dove como geradora de uma filosofia apropriada para substituir 0 positivismo légico. A filesofia dos sisternas poderia fornece! unificagio da ciéncia em que 08 positivistas l6gicoa tanto se tinham empenhados Sobre a terceira destas categorias noda drei, até porque nio possui, em minha opiniao, qualquer in leresse particulan Mas a segunda é crucial, dado que, #e a entendermos como uma sé Leenoldgicos, a teoria dos sistemas tem vindoa exer- cer um impacte pritico consideravel sobre a vids so- Gal, impacte esse cujasimplicagdes mais completas 86 futuramente virdia a ser sentidas. Qualquer apro- priagao teérica por parie dasciénciassociais de con- ceilos da teoria dos sistemas deve, aliés, evilar fi memente que a primeira destas categorias se dilua na segunda. No segundo sentido que The éaqui atri- buida, a teoria dos sistemas constitu uma potente forca icleolégica no mundo contemporaneo? logo, nos ume nova base para a de avangos 4 Pao mis cnsentiios cone ela questi, ver Huse bs Ackol Genta atm hon an syste src cence thw of ejte ctnecm Milo Aste Genera Sipe Thar Ria om Wi, BS Ee Jongenlaberemr eM rn, Pedy Gti oer Sociale Coaklt Slap 397% Deval gem inportnch de abodanns tenia dé altemnay eed em et 4 alia da exes agency @ rata sé mantendo a distingéo entre aprimeira ea segan- da categorias é pessivel submeter a tecnologia dos sistemas @ critica ideolégica. Todavia, manter ent aberio lal possibilidadeimplicatambém, pensoeu, resistirao tipo de assergdes feitas por Bertalantly © outros sobrea aplicabilidadedateoria gerel doss! temas conduta humana. A posigao que me propo- mho adoptar aqui encontra-se préxima da elabora- dapor Richard Laylor:a monitorizagio reflexive da accdo entre actores humanos nao pode ser adlequer damente compreendida nos termos dos prineipios teleolégicos aplicaveis aos sistemas mecénicos! Ccomportamento propositado é normalmente tre- taclo pelos teoricos dos sistemas cm termos ele r6 troacgao ffeert-back].” Mais adiante aceitarei 0 argu- mento de Buckley de que vale a pene distinguir en- ite 05 sistemas que implica processos de retroac- 40 ¢05 mecanismos do sistemaa queofuncionalis- mo normalmente atribui uma posicio de proemi- néncia, 08 quais sio de tipo “inferior” Mas gosta- ria também de estabelecer uma diferenga entre os sistemas baseados em procescos de retroacgio de ordem “superior” ea auto regulagio reflexiva nos sistemas sociaiss. vpmocapasdes humanists” econiecendoo" medo fost rere eto ne tenant ee erat ha edsvaloiacto do homer, be com Foveendo de ms sovtedadetecnoertiea” (Gewr!Syst Tk Pani) Wer tts Weralantly, Psp we own Sy Tory: Neva lange Mall, 175 Mishel ably “Comments aa mechanistic concption of pur elelness"e "hurposeol an non-purpeseelbxhavious 3 Fea or pvontnyln Ross Rey. etauctione Caberacti 1.0% fey Chops and al 1956, logy and Mater Stes Tear, Inglewood - Os avtores funcionalistas tm acentuado sem- pte proximicadle de relacbes entre abiclogiae aso- Cioogia, senda que a versao mais auclaciosa eampla desta proximidade continua a sera hierarquia das Giencias produzida por Comie. Porém, quando po- ho em questo 0 quadro naturalista associado a este tipo de posigoese recuse atributr qualquer sen- tido tecnico especial ao termo “fancao”, talcomoeo caso a0 longo de todo este [texto], nao pretendone- gara possivel existencia tle continuicades signitica- tivas entre as cieéncias naturais e socials. Trata-se, pelocontrario, dereconceptualizara formacomoes- tes continuidadeseventualmente tem lugar [...}No respeltante aos problemas discutidos neste [texto] as fontes mais relevantes sobre a relagio entreas teo- rias biolégica e social nao compreendem as analo- gias funcionais to fortemente representadias na his: U6ria da sociologia, remetenco antes para a idtcia de sistemas recursivos ou jive seanto-reproduzent, Esto agui em questio dois tipos de teoria relacionados entre si, Um, refere-se & eoria dos autématos, tal como foi modelada pela méquina de Turing, Esta possui, no entanto, menos interesse para a conceplualizagio da reprodusSosocial do que ascon- cepgSes recentes de auito-raprocugio celular (avtopoi- esis) —embora sea provavelmente demasiado cedo para afirmarcom exacticlao quais virlo a see os para- lelismes desta com a teoria social. A recursividacle constititi, indubitavelmente, o ponto-chave das no- vas assaciagées, utilizada aise para caractorizaraor- zasio autopoiétiea, que pode ser entenciida Como a6 relagées enlee a proclugso d= componentes gan’ 9 Yor ney, Campin, nian ate Mas, og oct Cliffs, PremicesHall, 1957. ‘ 6 Daalade da sts gfe trata que “participam recursivamente na mesma rede de produgdes de componentes que produziram estas componentes...”” Varela defende que as questoes, {te6ricas que recentemente emergirarina cibernética dos sistemas autopoiéticos suigerem um quiaclto 1o- gico proximo do da dialéctica, A tentativa de Russell ¢ Whitehead de recuzirem a teoria dos numeros a ‘um formate tedrico detimitada fracassou na defini- <0 deconjunto nulo, ou zero, como classe de todas as classes que nao seo membros desi proprias, 0 que condluziti a consequéncias contraditorias. Por isso mesmo Russell e Whitehead interditaram 0 uso de cexpressoes auto-referenciais. Mas 0 fenémeno da auto-referencia constitu uma propriedade légica das caracterizagbes leGricas da organizagao auto~ poiética, sugerindo assim que a contradigao tam hem o s¢ja.” Independentemente de tal poder ocor- rer 10s sistemas biol6gicos, gostaria de argumentar pormencrizadamente [outro texto] que as proprie- daces auto-reguladoras dos sistemas sociais deve- taoser entendidas combese numa teoria da contradi- gto sislémice 10 FO. Vietsotal “Autopoteiol ftv systems tharacerization anclamesel 5 974, Ye mim Gane “On eelilar somite selereprodtcton, the Garden of mulation of serena sytene", em Tr anteh e CH, Madlington (orgs) Lawtow ant Conseco, Revd, Adusor-Washey, 1976 1G Spencer tinsen TheLatg on, Lule Allan Lain 2509) ncontel também dispnive tm artigo o-publicada ce Uy Ion! Kalk, The new eysernclis of ealerncsring systems", Canter of Infection Stace, MIT — 7 Integracio social ¢ integracao sistémica Defendi anteriormente que 0s sistemas de interac- io social, reproduzidos atravésdadualidade dacs: trutura no contexto das condigoes limitadas dla ra- clonalizagao da accao, $80 constituidos através da interclependéncia entre actores ou geupos. A nosao de integracao, tal como aqui empregue, refere-se a tum grat ce interdependencia de acca, cu “sistema ticidade”, que se encontra presente em qualquer modo de seprodugao sistémica, Pocemos assim dle- finir “integragao” como os lages segularizados, ow como a reciprocideete das putices, quer entre actores quer entre colectividades. Esta “seciprocidade das praticas” tem de ser entendida como compreender: do a relagSes regularizadas de autonomiae depen dBncia relativas entre as partes envolvidas (ver pp. 90-91). Eimportante realkar que, seja qual for nniodo como é aqui empregue, inlegraco no 6 sins tn nem de “caesia”, nem, cerlament, de "consenso”. As distingdes entre intepragao secial ¢ integra so sistémica, assim como entre conflite e contradi 540,40 aqui introduzidas para lidar eom as caracte- risticas basieas dadilerenciagaodasociedade (ver fi- gure 3). Podemos definir integragao social como Imoqiagto sltren: {rie to atanamiseaporcon. Figura 9 Imegragao social ntograo sloemica compreendendo a sisteniaticidade ao nfvel da interac {Wo face-a-face einiegracaa sistémica como zeferentea sislematicidede ao nfvel das relagies entre sistentas e co Ieetividades sociais." Tal distingao 6, neste texto, aque- la om que mais me aproximo de admitir a possivel utilidade de uma distingio entre estuidos “micro” e *macrossocioligicos”. O significado especial atr buidoa interaccao face-a-face, contudo, nao se deve 20 facto de abranger pequenos grupos, ou de repre~ sentar “a sociedade em miniatura”. De facto, deve- mos ter um particular cuidado com esta altima co- notacao, ja quiea mesma implicaria queo mais inclu sivo dos sistemas sociais, ou sociedad, poderia ser entendido enquanto relagaosocial amplificada,Pelo contrério, “a interaegao face-a-face” possui um sig- nificado especial porque realga © significado clo es ssociais, Eno caricter :3 socinis po- pago eda presence nas relag imediato da vida-mundlo que es releg demser influenciadas por factores diferentes deque- les que téma vercom outros que se encontram espa- cialmente (¢ talvez. lemporalmente) ausentes. ‘Asistematicidade ao nivel da integragao social cocorre tipicamente através da monitorizagaoreflexi- va da acsio, em conjungio com a racionalizagao da George K, Zoischan eWHisc, spline Soc Cig, Lan tie Houedge, 1964 Nanentendo,ontida a dstingaedomesmo HedoqueLakiood rT condlutla, Discutirei mais adiante como ¢ que isto se articula com as sangdes normativas e com as opera- soesdo poder, mas éextremamente importante para oponto de vista desenvolvido ao longo deste [texto] realcar que a sistematicidade da integracao social & fundamental para a sistematicidade da Sociedade coma twat tod. Nao & possivel coneeptualizar adequacta- mente a integragao sistemica por via das modalica- des de integragao social, nao obstante estas uiltimas funcionarem sempre come o principal propulsor da primeira, por vied reproduce des dstitwlgoes na base He dnatidade da estrutura.|...] Adualidace da estrutu- ra poe em relagao © mais pequena dos cumporta- mentos do dia-a-dia com os atributos dos sistemas sociais mais inclusivos: quando profico uma oraao gramatical inglesa, no decorrer de uma conversa i formal, estou a contribuir para a reproctagae da lin a inglesa como um todo, Estow assim em presenga de uma consequéncia néo intencicnal do modo como construoa frase, uma consequéncia queseen contra directamente ligadtaa reeursividade da duali: dade da estrutura, Neste exemplo, integragia social € integragiio sistémica fazem parte de um mesmo procesto ¢, cago todos os processos de roprodusio do sistema fossem desta natureza, nio haveria en: 80, de todo, qualquer necessidade de distinguiren le 08 dois tipos de integragio; Contudo, as conse quéncias nao intencionais da aegao vao nvuito para além dos ofeitos recursivos da dualicade dla estrul 2,0 queacaba por introcluzir'sézies adicionaisdein- flnéncias que podem ser entendidas nos termos da integragaa sistémica, E a estas infl tingdes presentes na figura dse referem, Tal como foi empregue pelos autores funciona- listas, a ideia de intenlependéncia das paries do ancia que as dis- ry Palade deter ancl #wtratirs (jee soul meclsos Figura a Salona reprogugas (ecules) sistema é normalmente interpretada como homeo- estética. A homesestatica & possivel de ser definida como a operagao de circuitos causais, isto &, de rela- ‘goes causais “circulates” nos quais uma mudangasti~ gida num cos seus elementos desencadeia uma se- uéncia de acontecimentos que afectam os restantes,0 gue por fim volta a afectar o elemento quieiniciouesia mesma sequiénicia, tenddendo deste modo a repo-lo n0 settestado original. Tantoo uso do termo”sistema" na literatura funcionalista, como a sua identificagao.com propriededes homevestiticas, leva-nos a pensar gue a ideia de homeoestitica esgotav significado da interde pendéncia da aegao na integragao sistémica, Porém, tal como fol apontaclo pelos eslicos do funcionaliamo in- ‘uenciados pela teoria clos sistemas, a homeoestition nag € mais do que uma forma ou nivel de tal interde- pendéncia, Forma essa, pedida de empréstimo aos modelos fisiolégico ou mecdinico, em que as Forgas on volvidas operam quase sempre “cegamente". Nio 56 nao se trata de algo idéatico 4 auto-reguilagio através da relroacgao, como nos encontramos em presenga de um processo mais “primitive”. Porece-nos suficientemente evidente que os processos homeoeatsticos eauisais constituem um ‘Punching aps la ate, p. AL exegiees, Chibuchley, Sctlgy ond Mose Syste Try. - trago importante da reprodugao dos sistemas socials —embora eu sustente quetais processosneo podem ser aclequadamente entencicos utilizando a linguia- gem do funcionalismo. E possivel distinguir os tra- Gos homevestaticos dos sistemas sociais daqueles que pertencema uma ordem superiore que compre- endem a aulo-regulagao através de retroacgao por via de uma “filtragem Selectiva da informacaa’. Nos sistemas fisicos, © mais simples dos tipos de esque- ma de retroacyao compreentte t25 elementos—o re- ceptor, o aparelho de controlo eo eausador—, alra- vés dos quais passam as mensagens. Osmecanisinos de retroaegao podem provorar estase, mas, ao con Lario dos processes homevestéticos, podem igual mente ser ditectives, impulsionando mudancas controladas. E assim justo que cstabclegamos um paralelismo directo entre tais efeitos de reteoacgio ¢ 05 processos que implicadosnossistemas saciais. $6 que auto-rogulacio constitu’ um fendmeno hume no distinto, com muitas ¢ importantes implicagées. Para ilustrar os ja referidoe tr maticidade, consicleremos o chamado “ciclo da po- breza” por exemplo, a pri duza um fraconivel deescolarizacio, oque, por sua vez, implica empregos de baixo nivel, produzinda mais privagio material, O cielo da pobreza forma um circnito homeoestatico caso cada um destes fac- tores participe em sérios reciprocas de influéneias, sem que qualquer deles actue como um “filtta con= trolaclor’” clos tesiantes. Lim circuito homeoestatico produmna sistematicidade de um padrao semethante a0 segmninte 1 niveis de siste- agho material que con Esempre possivel descobrir um tal cirenito ho: meoestatico se segutimmos o rastro da influéncia da educacao primédria sobre os outros elementos acima mencionacos. Contudo, casa consideremos a in- fluéneia da earreira educacional global da crianga sobre os restantes factores, pode ser que um exame de entrada no ensino secundario nos surja como um filtro crucial queexerce uma influenciacontroladera sobreos outros elementos no interior do ciclo (avali- dade deste exempio particular ¢ irrelevante,) Em Jais circunstancias, os exames podem ser tidos como © equivatente de um sparelho de controlo da infor- magao num sistema mecinico de retroaccao, O efei- to de retroaegao pode aqui reger um processo regu- Jar de muclanga de direcgao, tal como sucede quan doas criangas passam progressivamente ile wm. am- biente de classe baixa para profissdes cle colarinho branco, env conjungao com uma expansio relaliva da indtistria de servigos. Suponhamos agora que, combase nos estudos sobre a comunidade, aescolae 6 trabalho, o Ministério da Edlucagie havia utilizado © conhecimento do ciclo da pobreza no sentido de intervirno modocomo este ciclo opera. Neste caso, a monitorizagao reflexiva da aegio participa na orga- nizagao dos sistemat ‘ma uma influéneia orientadora. ‘As tentativascrescentes deauto-regulagio refle- xivanonivel cla intogracao sistémiea constitvem evi dentemente um dos prineipais tracos earacter domundo contemporanea. Um tal fendmeno coloca em evidéneia og dois tipos cle mobilizagio social mais penetrantes dos tempos mocernos: a organizt- «fasocial juridico-racional eo moaimenta social secu lar, Mas é tamhém extremamente importante reco- nhecer que as iniciativas em termos de :ociais, tornando-seem simes: auto-regulagiio reflexiva produzem igualmente uma diftisdo adicional dos processos de retroaceao, por via da introducao da “tecnologia dos sistemas” E, como jé realcei,a auto-regulacao reflexiva, enten- diclaapenas comocontrolo téenica, poderatornar-se uma potente forca icleologica — coma ¢ tao vigoro- samente realcado por Habermas, Argumentel que as iistititigoes sao possiveis de ser observacias como praticas profunctamente sedi: mentadasnotempo-espaco, istoé, que sao duradou- rase “lateralmente” inciusivas, nosentidoem que se encontram largamente difundicas por entre os membros de uma comuniclacle ou sociedecle, Che= gados aqui, gostaria de intioduzir uma distingao [..]entre anidlise destitucioral e andlise da corde ty es nitégica, Tal nao corresponde a sistingao entre inte~ gragio social e inlegragdo sistémica, uma vez que pretendo que esta seja mais metodolégiea do que substantiva. Aideia de tal distingdo éindicar os dois principais modos que poclem ser usados pelas eign ios seciais no estudo das propriedades dos siste mas, distinguinclo cada um deles tao-86 em tor metodolégicos. Examinar a constituigiodo sistemas sociais como condita ostratégica equivele a estudar © modo através qual os actores mobilizam os ele- mentos estruturais — as segras e os recursos — no decorrer dassuas relagoessoviais. A“estratura” sur _ge-nos, neste caso, como a mobilizagio operada pe- los actares da consciéneia di correr dos encentros sociais, A andlise institucional, por outro lado, colaca entre paréntesis a conduta es- tratégiea, [ratando as regras e recursos como tracos cronicamente reproduzidos dos sisiemas soci ‘essencial abservar que estames apenasem presen- ca de um pdr entre paréntesis por razies ursiva e pritica no de- metodoldgicas:nao existem duas partesde um dua lismo, estas apenas expressam uma dualidade, a dualidade da estrutura. Trata-se de um porentre pa- réntesis que nao existe nas sociologias naturalistas que tendem a equacionar como sindnimos as nogoes de causa social e de constrangimento estrutural. 0 Suicidio de Durkheim constitui um exemplo cliss- co,em que acondutasuicida éaboscladacomo rest tante de factores como “fraca integracao social” (em articulagiio com causas psicol6gicas). Falta a expli- cago de Durkheim um qualquer modo que nos per ita compreender o comportamento suicida ea in- teraccdo socialem que aquele se encontra enredado, enquanto conduta reflexiyamente monitorizada.” Contrastemos agora a sociologia de Durkheim coma de Goffman, a qual poe implicitamente entre paréntasis a analise institucional para se concentrar nna interaccao social enquanto conduta estealéy Podemoslera maiorparteda obradeGoffman como investigagoes em torno da quantidade de conhect mentos acumulados que o» actores leigos empre- gam na produgio de encontros scciais. Gofiman analisa “oconhecimento’*nosentido que lhe foi con- forido por Wittgenstein, isto é, como “repras consa bidas". A impressao de revelagao certeira que © lei- torexperimenta muitas yezesao ler Goffman advém do facto deo mesmo tornar explicite aquele tipo de coisas que, uma vez. por cle identificadas, reconhe- eemos como ingredientes da consciéncia pritica, que normaimente empregamos na vida social sem nos darmos conta, Por cutro lado, a sociologia de 4 Aathoay Giddens, Cs Teh, 1973 5 Ch Ateny of sulle conta ce fe Aceh Seite, Landon, — Goffman, tal como a filosofia de Wittgenstein, nao desenvolveu qualquer narrativa das instituicoes, da historia ou da transformagae social. As instituigoes surgent-nos como parametros que nao carecem de explicagao, no ambito das quais os actores organi- zamassuas actividades praticas." Comotal, trate-se, no fim, de mais do que um colocar entre parentesis| com fins meiodolégicos, jé que reflecte ortuilisneo da accao e da estratura atrds referide. A socivlogia de Goffman, por se encontrar limitada neste sentido, ignora igualmente @ possibilidade de reconhecer a dialéctica da presenca/ausencia que relaciona a ac- a0 com as propriedadtes da (olalidadle, uma vezque {al implica anccessidlade de produzir uma troria ins titucional da vide quotidiana. Seon i a 8 A dualidade da estrutura na interacgao Biccoiceueencnanass toresmacitoadey peri te espa gue ouuosteeerslbora lucie asda | ese dandrutue an neers. | a ee dade da estrutura na produgao da interacgio, As modaliclaces de estraturacao sia mobilizadas pelos sutonoe ne docorrer da producto da inferacc, thas a tamibém, ae mesmotempo.os meiosdereprodt giodas.componentes estruturais dossistemas de in- (erscate, Se eclovames-ertee parsttesisa-andlise das instituicées, aquelas modalidades surgem-nos empregues pelos actores na produgao da interaccao, vista como um feito qualificado € cognitive, no qua- drodas condicies limitadas de racionalizacae da ac~ cdo. Sempre que a conduta estratégica écolocada en- tre paréntesis, as modalidades representam as re- sistemas de interacgao social, Por conseguinte, o nb vel da modalidade fornece os elementos acoplantes por meio dos quais a colecagao entre parénteses da andlise das estratégias e das instituigdes se dissolve aque chamo as ”modalidades” deestru- 19 representa oe dimensdes centrais da duali- Inte srs a vue sipingae emaage——logtragio Figura Modaléadee de oxruturagto em favor de um reconhecimento da sua inter-relago, Aclassi cagio avancada na figura 5, ainda que nao deva ser tomada po uma tipologia da interac silo ou das estruturas, retrata as dimensies que 9¢ encontram combinadas, de diferentes modos, nas praticas socinis, No decorrer da interacgio,a coma hicagto de sentido nao tem de facto lugar separada mente do modo como as selages de poder funcio nam, ou fora do contexto das sangdes normativas.! Estes trés elementos encontram-se envolvidos em todas as praticas sociais, No entanto, 6 importante terem mente aquilo que foi afirmade previamente sobreasregras: nao existem priticas sociais que pos- sam ser expressas ou explicadas nos termos de uma “nica regra ou de um tnieo tipo de recurso, Pelo contrério, as praticas encontram-se lecalizadas no interior de conjuntos entrecruzados de regras ¢ re- cursos que, em Gltima instincia, revelam aspectos da totalidade. A distingao entre esquemas interpretatives, re- ferencidyeis & comunicacao ce sentido, e normas, ee ee ire, teal em mente aise de Daren as ogi ‘morals Jalgo ar aclualneka tele descever estas em eros tipo ners oi : relerenciaveis ao sancionamentodaconduta, éclari- ficavel na base da discussao de Winch sobrco seguir da rogra, presente no seu Tie dew ofa Social Science? De acordo com Winch, & possivel identificar uma, condluta que “sigaa regra” comounta “acssio signifi- catia’. SO € possivel observar umteritétio de come portamento assente no seguir de uma cegta, e890) nos interraguemos sobre se ha um medio “certo” ou “errado” para tal comportamento, Ora acontece que tal poe em confit dois sentidos que o seguir dare {gra pode ter, ou antes, fois aspects das regias que ee encontrann implicades na produgio tas priticas saciais: 0 que se relaciona coma producio de sentido eo que se relaciona com as smrgdes envolvidas na conduta so. ial. Existem em cada lingua modos certos e errados, de utilizar palavres, questo que diz respeito Aque- Jes aspectos das regras que remetem para a produ do de sentido; assim como hé modos de conduta que estio certos ou erraclos, nos termos das sangbes normatives implicadas na interacgio. Embora seja importante separé-los conceptualmente, estes dois sentidos de cerlo e erado surgem sempre entrecrtt- zados na constituigao das praticas sociais. Por con: seguinte, 0 uso “eorsecio” da lingua 6 sempre san- cionado, enquanto a maior ou menor relevancia das sangies referentesa outras conduttas que nao as dis cursivas se encontram necessariamente telaciona- das com aidentificacio dessas condutasnoplane da significagio. O primeiro sentido, e adaptando um exemplo discutido por Macintyre,’ corresponde Aquele em que expressies idiomaticas tais eomo “ir 2 Poter Vine, Tee leo Seo Soot, Landes, Rouge, 1938, pp 2 Misdat etsy the nwo a socal oie’, Av ey Supt, wa, 167 dar uma caminhada” | “going for «atk sa0correcta ouerroneamente utilizadas de aeorcdocom uma acti vidade particular: isto 6, aquilo que eatendemos por “ir dar uma volta” na linguagem utilizada na vida didcia, Num segundo sentido, “ir dar uma caminna- da” compzeende normes sobre aquilo que & uma conduta “cottecta", “desejdvet” ou “apropriada” Neste aspecto, caininhar pelo passelo ¢ diferente dle deambular pelo meio da rua, desaiento as conven Ges ¢ leis que comandam o comportamento do ta= ico (eas a pessoal), Aideia de distinguir es- tes dois signilicades Ue “regra’ (¢ de, assim, rejellar a idcin cle quenos encontramos em presenga de dois lipos de regra, 0 constitutive eo regulative) implici- tos nas priticas socinis tem precisamente por obj tivo permitir-nos examinar a sua intersrelagdo. Por ouiras palavras, os importantes modos como ocorre © entrelagar da nomeagdo dos actos cam considera Gee de tipo normative (evice versa). Algo que seen contra codificacto na lei de modo ainda mais Sbvio © formal sompre que, quando se trata de aplicar ean. (Ses, as mesmas dependem geandementedas distin cGes aestabelecer entre “homicidlio”, “homicidio in voluntario”, ete. Fm teoria social, é insuficiente limitarmo-nos io-s6a realcar anecessidace de relacionar a produ- soe a comtinicacio de sentido com as sangdes nor mativas: ha que, para além disso, ligarcada uma de- las as transacgbes de poder. fi disso que falamos quando utilizamoso duplosentide implicito na ex- pressio dualidade da estrutura, O poder expres- sa-se através das capacidades dos actores para fe rem com que determinadas “descricées sojam vali das" e para promtulgarem ou resistirem a processos de sancionamento, 56 que estas mesmas capacidacles mobilizam mores de domninagao estru- turados sob a forma de sistemas sociais. ‘Ao utilizar a expressao “esquemes interpretati- vos" refiro-me aos elementos padronizados de re- servas de conhecimento aplicados pelos actores ne produgio da interaccao, Cis esquemas interpretati- ‘vos constituem 0 amago do conheeimenta comum, por meio do qual um universo de significados que Sea corsiderado referenclavel [arcountatfe] € supor- tado através dos, e nos, processes de interacgio. A referencialidade [accowntubitity], no sentido de Garfinkel, depende do dominio cos etnométodos envelvides no proprio uso da lingua, sendo essen- cial para entender a questao posta por Garfinkel, e de forma bastante diferente por (labermas, deque & inadequado entendermos uma tal pericia come “:onologica”. Mais do que integrar a afirmagao (proferide por Habermas) de que a sintaxe de Chomsky nao permite uma sbordagem satistatéria cla scmantica, trate-se aquidechamaraatencao para o facto de que as carncterfatices da rlagao entre a lin gua c oseu “contexts de utilizagio” sao de impor #incia essendal para a teoria social, Na produgio de sentido em interacco, 0 contexio nao pode ser tido ‘como se se tratasse meramente do “ambiente” ou do “pano de funde” para a ulilizagio da lingua. O con- Jexto de interaceéa ¢, até unt certo grav, configurado vor gensizada como wna parte integral dessa snesina interme {fo vista como win encontro vontunient ion. A monitori- zagio reflexiva da conduta em interaccio implica a mobilizagio rolineira do contextn fisiro, social € temporal na manutengao da referencialidade, 36 que a mobilizagao da contexto recria ao mesmo tempo testes elementos como sendo contextualmente rele- antes. “conhecimentocomum” que édestemodo cee ee empregue e reconstituido por via dos encontros so- Giais pode ser tido como o meio que ordena 0 entre- tecer doselementos discursivose nao discursivos da Lingua. Tal como acontece com outros aspectos do con- texto, a transmissio de sentido nos processos de in- Leracgao nao “ocorre” apenas através co tempo. OS actores mantém 0 sentido do que dizem e fazem através de um modo rotineiro de incorporarem “aquilo que acontecet antes” ¢ ce anteciparem “aquilo que viré em seguida” no exacto momento em que um dado encontro tem hugar.' Os tragos indi~ cadores da interaccao integram assim adifférance no sentido de Derrida, Mas oso da lingua encontra-se igualmente assente noutros tragos referenciais do contexto, os quais delimitam “aquilo que nao pode ser dito”. A andlise de Ziff sobre o contesto € aqui importante." Alguns linguistas tem defendido que, em principio, ¢ possivel seperar alingua de todas as carecteristicas do contexto, dado que tei licas sao elas proprias possiveis de exprimir por via dla lingua, numa visdo alids convergente com elga- mas das nogées centrais de estruturalismo, Isto acarretaria que aprender 0 sentido de uma eloca- iodo tipo “a cancta que esté em cima damesa é de ouro", tal como esta ¢ utilizada ¢ entendida num contexto quotidiano de comunicagio, corresponde- ria a analisé-la no Smbito de uma afirmagao ou de um conjunte de afirmacées descrevendo os earacter’s: 1. Ch Ashi Heen Wald, Dosatng Ora Langage, Landon, Aeadenie 523 Senntic Analy Yer ipulmente Af" what 20 ad suite gearuna cull nt din Piso! Teng, hae, Cor th Lsvesey Pes, [ts Yeoh Soe Hl, ang 8 ir ation, Reading, Aaldoon Wesley WK, pp 28 elementos contextuais mutuamente conhecidos pe- los participantes, enecessarios enquanto proprieda- des indicadoras da elocucao. Por consequencia, de fende-se que podiomos substituir “a caneta que esta em cima da mesa” por “a tinica canta que estd em cima da mesa ap fundo da sala do nimero 2-A de Millington Road, Cambridge, as 11:30 de dia 9 de Maio de 1978”. Talassergdo nao &, de todo, defensai~ vel. A segunda [rase no verbalica realmente as ca- racteristices contextuais ulilizadas para produzir lendimento mito da elocugdo inicial ¢ dos seu lragos seferenciais. Para quea elocugéo sejacom- preendida, nenhum dos participantes na interacgaio precisa de saber factos conio @ endereco da casa em gue se encontram, oo tempo ou data em quea clo cugio foi proferida. De igual modo, tal como Ziff chama a atengao, seria ertado presuumir que a pri- cia frase se puclosse tornarmais precisa, enquan to parte do uso pratico quotidiane da lingua, caso fosne substituida pela segunda ‘As consideragées precedentes nao abarcam, ob- viamente, os problemas com que teriamos de nos confrontareasotentassemos formularima teria se- mintica adequada as ciéncias seciais, No entanto, é importante repetir que a abordagem, aqui sugerida, da produgio desentido através da interaccao atribui consequeéncias id@nticas a cada um dos sentidas em que a termo “sentido [meaning!” é normalmente uti- lizadoem inglés: aquiloque um actor quer dizer fa: zr; aquilo que é 0 sentido da sua elocugia/acto. Trata-se de algo consideravelmenie significativo & luz do caracter tendleacialmente redutor das teorias do sentido, que tanto tentam reduzir o sentido aqui- lo que os falantes querer (ou pretendem) dizer, como, inversamente, supSem que aquilo que os falantes querem dizer ¢ irrelevante para elucidar a natureza do sentido. De algum modo, esta divisao separa, por um lado, aqueles que se tem interessado antes cle mais com elocucoes, ou actos de icentifica- ao, quando comparadas com os que, por outro lado, se tem preocupado com a interpretacao dos textos. Alguns autores que reeaem na primeira cate- goria Grice, per exemplo) tentaram claborar uma teoria do sentictoem termos do prop: tivo, Enquanto outros, pertencentes a segunda cole goria (criticos da “faldcia propositada”), procura- ram evilar qualquer referencia 9 propt nicativeenquanto algo de relevante peraacaracteri- zagio do sentido, Em contiaste com cada um deles, considlero os sentidos los actos cle comunicagio sto & os actos em que um clemento da moni do reflexiva da conduta inelui o propésite de comu- nicar com outrem — como sendo em principio pos- siveis de distinguir de cutros sentidos gue possam ser alribuidos a esses mesmas actos, tiltimos derivam das (e so mantidos pelas) diferengas ex- pprossas nas priticas dos jogos de linguagem, «6 que tais praticas, enquanto realizagées activas de sujei- tos humanos, encontram-se organizadas através da (ena)monitorizagao reflexivadaconduta. Ainterac- {80 recfproca do sentido como propésito comunica~ tivo, tal como 0 sentido enquanto différace, repre- senta a dualidade da estrutura na prdacio de sentido, 9 Normas e praticas ‘Ao passarmos dos esquemas interpretatives paraas s,talvez, valha a pene realgarmos de novo que 2 distingao entre ambos é de tipo analitico ¢ nko substantive. As convengées por meio das quais a transmissio de sentido ¢ Ievada a cabo no decorver da interacca0 possuem aspectos normatives, tal comosucede com todos os elementos eatruturain da interacgio. Ts! € de facto demonstzado pelo dupla sentido da expressio ”prestagio de contas [aecemita- bility)" na limguagem correate, Prestas “eontas” em relagio a uma canduta encontra-se infimamente as- soriado ao facto de se ser “responsdvel Jarcosata- biel” pelas mesmas, constituinda assim a compo~ nente normativa da racionalizacio da acgao. O cardcter normativo das priticas sociais pode ser ancorado naquilo que Parsons chama a “dupla contingéncia” da interacgao social.’ Por outras pala- vras, as reacgées de cada uma das partes a. um cuntabity: tive related pele will a sg sal fonpublends, Cente fr Educational Sosklagy Universi Eau Pasta i Stee proceso de internceao dependem das respostas contingentes do outro, ou dos outros. A resposta do(s) outro{s) é, por conseguinte, umasangao poten- cial dos actos do primero e awe versa, No entanto, a dupla contingeneia da interacgao encontra-se em re- lagao nao apenas comao instiltucionalizacaa da con- uta, tal como defende Parsons, mas também com 0 moclo como 0 poder se torna elective, As sangoes hormmativas constituem um tipo genérico de recurso mobilizacto nas relagoes de poder Aconstituigdo normativa da interaccto pode ser tratada comoa realizegao de direitos e comoo decte- tar de obrigagées. A dupla contingéneia da inierac- sao, contudo, acarreta que asinetriacuire agueles pos 5a ser cfectioamente quebrada nodecorver da condutn so- vial. Trata-se aqui de uma rea crucial em que a con- Fingéncia da “dupla continggneia’ tende a esfu- mar-se do quadtro de referéncia dla acgio de Parsons. Segunde cle, a institucionalizagio normativa de conjuntos reciprocos de expectativas esiruturados comopapéie) controlaas actividades dos actores nos processes de interacgio. No entanto, do ponte de vista da teoria da estruturagio aqui desenvolvide, a5 normas que fazem parte dos sistemas sociais de interacezo tm acacia momento de ser mantidas.e ro produzidas pelo proprio fluir dos encontros sociaia, Aquilo que, de uum ponte de vista estratural — em quea condutaestralégieaé posta entre paréntesis—, surge como uma ardem legitima normativamente coardenada,na qual os direitose as obrigagées cons lituem apenasdoisaspeciosdas normas, ¢ ca ponto de vista da condita estratégica, representado pelas ecxigéncias, cuje satisiagao se encontza dependente da mobilizagao bem sucedida das abrigactos através da medliacao das respostas dos outros actores. O modo como as sangoes operam atraves da du- pla contingéneia da interacgao ¢ basicamente distin= to das consequencias decorrentes das “preserigses iécnicas", nas quais 0 vinculo entre o acto e as suas sangées € de tipo “mecanico”, Isto equivale a dizer que,em prescrigdes tais como “evite beber dguacon~ Laninada’”, a sang — 0 risco de ficar envenenaclo tem consequénciasque tomama forma de aconte- ¢imentos noturais. Uma distingio que Durkheim, aliés, reconheceu ao proceder & separagao entre o que chamou sangées “utilitaristas” © “morais", No entanto, 6 modo como formulou tal distingde, tra- tando as sangSes moraia como o protétipo das rela ges sociais, evitou que tiveste de teorizar sobre as normas no sentido bastante basico em que estes: po- dlom sereonsideradas pelosagentes, ou seja, de uma maneira “utilitarista” — uma maneira que ter de ser conceptualmente telacionada com o caricler contingente da satisfagio das exigéncias normati- vas. Fxiste todo um leque de possiveis “sombrea- dos” enire a aceitagao da obrigagao normativa ene quanto compromisso moral, 6 easo tipico em Durk- heim, ea conformidade assente no reconhecimento das sancdes aplicaveis 4 transpressio das prescri- sBes normativas, Por outras palavras, o facto de que as caracteristicas normativas da vida social levem em linha de conta a dupla contingéncia da interac- co social nao relega necessariamente 0 modo de orientacio “utilitarista” para o plano das sancdes aplicadas &s consequéncias ocasionais ¢ nao sociais docomportamento. Lm actor pede “caleular os ris cos” envolvidos numa dada forma de condluta social —por exemplo,a probabilidade das sangoes eavol- vidasserem de facto aplicadas —, cesiar preparado para sofrer essas sangdes enquanto preco a pagar ee ee 8 Dalida deur gels warts paraaleangar um dado fin, O sentido te6rico desta questao, aparenteinente obvia pare os problemas da legitimagdo ¢, sob dois aspectos,consideravelmente grande, Em primeiro lugar, comesponde co afasta- mento da eorie da legitimagio do teorema do “con- senso interiorizado do valor-norma-moral", que constituiu o sinete clo “funcionalisme normativo” de Durkheim e Parsons’ Emsegundo, corsesponde Aquilo que atraiu a alengio para o caricter negociads das sangéies,relacionandon producae de sentide e a piodugio de uma ordem normativa, As atitucles “caleulistas” perante as normas sfo extensiveis aos processos de “apresentagio do self", a0 “rogatear”, tlc, no decorrer dos quaisos actores, quer os que se conformam com, quer os que transgridem as pres- crigdes normativas, podem negociar, até um dado rau, aquilo que séoa conformidade ea transgression no contexto das suas condutas e, por via dessa mes- ma condita, afectarem assim igialments as sancoes a que esta se encontra sujeita Podemos classificarassangéescom base nosele- mentos mobilizadas para produzir a efeito de san- cionamento, mas para que este riltimo seja eficaz tera sempre de contrariar de alguma maneira as vontacles (conscientes ou inconscientes) dos actores —algoaplicivel mesmo no caso de sanodes que en- volvem o recurso i forca. Todavia, por tude 0 que fai previamente afirmado, seria um erro supor que tais sengbes apenas exisiem quando os actores tentam aberlamente porem-se uns aos outros “na linha” de uma maneira particular. O modo como as sancoes funcionam, ou “sancionam’, corresponde a uma 1 €l.“Te individu inthe wii of Bele Dalen” jem Sti in Seca cn Polit Try. nica de toces os encontros socials, por mais persuasivos e subtisque possam ser es pro- censos mituos de rei caracteristica 1 justamento que tém lugar aira- vés da intercegio. Tal aplica-se, obviamente, & pro: snifieadlo num senicle mais basico. As reservas de conhecimento mobilizadas no decorrer da comunicagao linguicticn, incluindo as regras sin- Lacticas, posstiem uma forte eapacidade “de obriga: rem’. Asua capacidadle ce funcionarem fora decon- texto normative éidénticaa de quaisquer euitrasea- racteristicas ostrutumis dos sistemas de inleracgao, A conformidacle com as regras linguisticas encon tra-se hasicamente assegurada paresia serum meio enmrresultado do prépriouso quotidiano da lingua, no decorrer do qual es principais compromissas normativas so apenas aqueles que servem de su- porte & “prestacio de contes [accountabilityl”, no sentido que Ihe é atribuido por Garfinkel > | 10 © poder: relagoes de autonomia ede dependencia Tal como no caso das restentes modaliclacles da ws- truturasao, a relagav entre poder ¢ interaccae pode assumir um duplo sentide: exquanto alga que count institecfonelinente enoolvid nos pracessos de i eracgito,¢ enguanto algo utilizada para obter determina dos resultados atraoss da conduia estratégion. Mesmo © mais oeasional dos encontros seciais exemplilica os elementos da totalidade enquanto estrutura de do- minagiio, 66 que tais propriedades estruturais s0.a0 mesino tempo mobilizadas, e reproduzidas, através das actividades daqueles que participam nos siste- mas de interaegio, Defendi algures que 0 conceit de accio se encontra logiesnente vincalado a0 de po- der, sempre que esta tiltima nogio seja entendida come eapacidade transiormadara.! Na filosofia da acg30 tal assergao foi normalmente reconhecida ape- nas de modo implicito, sendocomum falar-se deac- cao em termos de “ter a passibilidade” on “ser ca: paz”, o1 ainda “prover-se”. Todavia, os pontos de interseectio entre a literatura relerente a andlise da agéncia humana em termos de “prover-se” e as 1 Neato be Meth Uiscussses sociol6gicas sobreas relagao de poder no ecorrer Ca interacgao so Faros, Se ndo mesine ine xistentes. & possfvel explicar a relagao entre es con ceitos de acgao ¢ cle poder, ao nivel dacondutaesira- tégica, do seguintemodo: aacyao implica a interven= a0 sobre os acontecimentos que ocorrem no mun dg, produzindo assim resullados explicitos, sendo a acgio propositads ume categoria daquilo que um agente faz, ou daguilo quese priva de fazer. O pater, ennguanto capacidade trensformadore, pode assim str con viderado conto referentte ds capacidades dos actores pare aleangarens tais resuttantos2 ‘Mesmo um levantamento por alto da muita lite ratura sobre 0 coneeito de poder e a sua aplicagio nas Géneias socials, indicia que 0 estudo do poder reflecteo mesmo tipo de dualismo da acgio eda es- trutera que diagnostiquei nas abordagens da teoria social em geral. Uma das nagaes de poder, enconira- daem Hobbes, om Weber (ainda que de uma forma algo diferente) e, mais recentemonte, nos escritos de Dahl, trata-o como fendimeno referenie a uma acgao desejaca e propositada? O poder surge-nos assim definido em termos da capaciclacle ou da probabili- dade de os actores alcancarem os resultados deseja- dos ou pretendidos. Por outro lado, e de acordo com outros autores — ineluindo figuras de tal modo di- vergentes como Arendt, Parsons ou Poulantzas—,0 poder suige-nos especificamente como uma pro- priedade da comunidade social, um meio mediante 2 Ch Bertund Russet, Power a Mew Saal Aas Landes, Allen 3 jprinirn verse ts Cuhl dake apadiva on yds ¥A liom per SohreUstéaopontode raninguirque Blagsalg qedeautro od fo far” (Rebs, Date sensept it poorer, dan speriviganda, © pater elder de autenomia ede depends " ‘© qual sao satisteitos os interesses comuns, ou osin- teresses de classe. Existem efectivamente duas ver soes de como as estruturas de poder se encontram constituldlas, assim como duas versbes de “comina- a0” (Sendo que cada uma delas pade vineular logi- camente a nocao ce poder a de conflito, mas nao 6 isso que nenhuma delas necessariamente acaba por fazer). A primeira tende a traiara dominagio como ana rede de tomas de decisio, que funciona contra ‘umn pano de fundo institucional que nao é pondera- do, Asegunda, considera adominacae.em sipropria ‘como um fenémeno institucional, quer negligencia~ dow poderenquanto algo quese encontra implicado nas realizac6es activas dos actores, ou, entao, tratan- clo comoencontrando-sedealgum modo determi= naclo pelas instiluigbes. Como € sabido, tem havitlo varias tentativas para conciliarestas duas abordagens, expondo para fal as limitagdes da conceptualizagio do “poder como tomeda de decisio”.! A capacidade dos acto- res paraassegurarem os resultados desejados no de corer da interaegio com 08 outros, de acordo com Bachrach e Baralz, consiste apenas “numa face” do poder, jé que este possui uma outra face, que consis te na “mobilizagio de proferéneias”, edificada sob a forma de instituigdes, Esta segunda face 6 parte da esfera da “nao tomada de decisio", clas pratica: plicitamente aceites e ineontestadas, A ideia da ‘nao tomada de decisio” constitu apenas uma mancira parcial e inadequada de 1 PeloseMacese ehtertow 5 Barae, Theta fants poser Ane rian Delite Seoye Revs, yl 36,1982; "Decbians nl nade Slonssam analytial Ramewesk” Aerio Pia State Reve Sol 37, 1803, Pr wea Power, Nev longse, Oxord Linvessly Pros. analisar 0 modo como © poder surge estruturade sob a forma de instituicdes, sendo enquadravel nos termos das teorias da accao que era suposto serem objecto de critica. Basicamente, anao tomada dede- cisbes continua a ser tida como uma propriedade clos agentes, bastante mais do que das instituigces. ‘A melhor apreciegao critica destas questoes tal- ver, seja.a elaborada por Lukes.” Segundo ele, 0 po- der € mais do gue algo meramente esquizoide, 140 possuindo apenas das, mas sim trés faces. Hé no entanto uma parte importante do argumento de Lir kes querejeito desde logo, Diz ele, no seguimento de Gallie, que o poder consiste num conceito “por séncia disputado” e “inextrincavelmente avaliat vo". Penso que esie posto de vista é nao 96 exrénco como pouce esclarecedor. E erréneo caso implique que algumas das noes Js sociais so por essévicia questiondveis, enquanto oulras © nao se~ riarn, de tal mwodo que poderiamos redigir ama lista (inquestiondvel?) dos conceitos essencialmente guestiondveis, separando-os dos restantes. Em cién cias sociais, a constante contestagao ou disputa em torno de conceitos ¢ teorias deve facto de estes mesmos conceitos e teorias se encon- trarem enredacios naquile que abordam, nomeada- mente na propria vida social [..]-E certo que anc- 4io de poder tende a provocar controvérsias parti- Sclitmenie profundagymaa-uma grande varivdads de outros termos também importantes |... — como 08 de classe, ideologia, interesses, ete, — sto, a este peito, igualmente evacativos; ¢ gostaria de », em parte, a0 Stevon Lake, Foie Raa Yes Lene, Macmillan 197% WB Gallie,"Fsentally contested concepls Macs of te Arb ian Sac, vo, 58, Gable olerecenoe yp 171-2} enc — salientar que nao sao apenas uns tantes conceitos como estes que S40 especialmente contenctosos, jé que 0 aparelho conceptual da teoria social como um todoe de alguma maneira “inextrincavelmente ava~ liativo”. Nao se trata, ¢ claro, dealgo que pontia ne- cessariamente em causa a sugestao feita por Lukes de que as tres faces do poder por ele analisacles pos sami encontre -se mais ou menos relacionadas de muito perlo com posigdes politicas divergent entanto, pretendo argumentar gue nao ¢ particular mnente dil distinguir astrés dimensies do poder, tal o tenia faz A abordagem do poder como uma nao tomada de decisdo é considerada por Lukes como umavan: oem relagao a ideia de poder como tomada de deci so (ou Aquilo a que chama a visto “pluralista”), A primeira destae, por oposigao a segunda, é bidi- mensional, dado que nao se concentra simplesmen: le sobre a promulgagio de decis6es, chamando igualmente a atengao pars os modos como as ques tes so suprimidas do dominio daquile que ¢ “pas siveledo ser decidlica” Porém, tal coma com bastante exacticio, a linitagio espeetfica da v sio bidimensional deve-se an facto dea mesma pet manecer demasiado ligada ao ponto de -vista a que se opde.”"A base do sistema [social]”, salienta Lukes, “nao é mantida simplesmente por uma série de ac- tos individuais de escotha, mas também, ede modo mais importante, pelo comportamento socialmente estrutnradoeculturalmente padronizado de grupos: e préticasinstitucionais. ..”” Consequentemente,em vex da visao bidimensional, Lukes introcuz seu conceito de tricimensionalidade do poder. Fsta como Lul Stover Lakes oie, Redd Vw, 21 visdo tridimensional evoca a nogio de interesse; em conjuncéo com a mesma, Lukes redefine © pader en- quanto capacidade de um actor, ou de uma das par- tes envolvidas, influenciar os outros de maneira contréria aos interesses destes dltimos. Ora acontece que tal parece nao funcionar. Ou, pelo menosiniuiti- vamente, nao parece haver qualquer raz80 para sa pormos ue 0 poder é apenas exercido sempre que A, afecta B de modo contrério aos interesses de B— quando comparacio com as situagies em que Aafe ta Bde uma maneira que ¢ irrelevante para os inte- resses de B ou, de modo ainda mais importante, sempre que Aafecta Bde uma moneira que esté de acordo com osintercasea de B.* A segunda cestas si- tages 26 poderia de ser exclufda como uma ques io de poder se B se comportasse sempre de acordo, com os seus propries interesses, independentemen: te da intervengao de qualqver outra pessoa — mas aconteceque as pessoas nem sempresesentem incli- nadas a agirem de acordo com os seus inleresses préprios. Gostaria de afirmar que, a0 contrario do que Lukes sustenta,o conceilo deintoresse, tal como, ‘ode conflito, nada tem a ver, do ponto de vista légi- co, com ode poder; ainda que, em termos substanti- vvos,no desenrolarda vide social os fendmenos.a que se referem tenham de facto muito a ver uns com os outros, Seja coma for, recorrer aos interesses consti~ lui uma distorcao peculiar do raciocinio, dado que Lakes apenas disute la quot superfidatments «gant a mins raeguedavnonte na pina 33edoseuliv, Numa leat pamutitsrs obrade Liles tem rlzcomarms em termes glee Aalevemal Telor All "The min tere ot poner [berty: revealed preference, autonomy and tolelogied explana tion Sorte vd LI, L9ZIjeusdrecdscontenlirs cra K-Them, Peer aid potoaneny farther commen on thet ToS po wer, Seg i 12, 1978, i ae aciicionara ideia de interesse as visoes “uni” e “bidi- mensional”, que é basicamente a estratégia de Lu: kes, no consagra de facto © prablema de como in: corporar “a conduta socialmente estruturada” numa abordagem geral do poder, dade que Lukes nao considera ques interesses sejamt um fenémeno mais esirutural ou de grupo do que algo que tex a ver comactoresindividuais. Em ver, de acrescentar- mos uma outra “dimensio” as abordagens assentes natomada, ou ndo, de decisdes, precisamos de fazer aquilo que Lukes defende, mas que de facto néo cumpre, € que implica tentar ulleapassar a divisio tradicional entre as nogées “voluntarista” e “estru- tural’ de poder: Contudo, Lukes viria a coloca: © problema di rectamente numa publicagio aubscquente.' Na teo- ris social, © poder, considera ele, tal como eu, encon- tra-se envelvido na agéncia humana de uma manei- ra central. Uma pessoa ou as partes que exercem 0 poder podiam “tor agiclo de outro modo", o que im- plicaigualmente que a pessoaou partes sobre quem Opoderéexercido podiann ter agido também deoutro modo, caso © poder nfo tivesse sida exereide. “Ao assim falarmas, assuimimos que, emhora os agentes operemnointeriordelimites estruturalmente deter- minados, passuem nao obstante tima cesta autono- mia relativa e, como tal, podiam teragiclo de mane radiferente,”"® No entanto,aorepresentar aesirutti~ ra como algo que limita e constrange as actividades des agentes, Lukes tende a repetir o dualismo da agencia e da estrutura de que falei em textos “Power ad seus rm Lskes, Fs Soi Theory, Lone, Macmillan, 027 10 hin — poninasn € Fgura 6 Poder eoursoe eapacdads Wanslormadeya © damn anteriores, Dai que fale de “onde o determinismo es- utural acabae 0 poder comeca”," eseja incapaz de lidar de mode satisfatério com a estrutura como algo quese encontra implicado nas relagées de po- der, bem como das relagdes cle poder como estando implicadas na estrutura Segundo penso, tal sé pode ser conseguide se se reconhecer que opoder tem de ser abordiado nocon- texto da dualidade da estrutura, Ou seja, se 03 recur 508 que acxistancia da dominagso implica, eo exer cicio do poderdisponibiliza, forem vistos comosen imultaneamente, compononies esiraturais clos temas sociais. 0 exercicio do poder nao constitu um tipo de actuagao;em vez disso, o poder éinstan- ciadona acgaoenquanto fenémeno regu! m, Além disso, 6 erréneo abordar o préprio poder como um recurso, como sucede com muitos dos tes- ricos do poder. Os recursos constituem os meios através dosquaiso poderse exerce eas estritturas de dominagio se reproduzem, tal como indicado na fi- gura 6. Considerar os recursos enquanto componentes estruturais dos sistemas sociais, afigura-se uma no- sao-chave no tratamento do poder na teoria da es- truturagao, O eonceito de poder visto quer como ca- pacidade transformadora (a visio caracteristica we rotine’- Wid sustentada pelos que tratam o poder em termos da conduta clos agentes), quercomo dominagao {a prea- cupacan principal dos que concentra a sua aiengao no poder enguanto qualidade estrutural), depencie do uso dos recursos. Noentanto, considero que tanto capacidade como dominagao se encontram muta mente implicadas. Os recursos constituem os meios, atrayésdos quais a capacidadl transfermaciora éem- picgue come poder no decurso rotineira da interac ‘40 social, mas aquieles 88, ao mesmo tempo, cle- mentos estruturais de sistemas sociais enquanto sis temas, reconstituidas através da sua ulilizagio du- rente a interaccio social, No respeitante ao poder, es- tamos portanto em presenca do correlative do que na chialidacle da estrutura diz reapeilo & comunicasao do sentido ¢ as sangdes normativas: os recursos nao 880 apenas elementos adicionais destas, abrangem também os meios através dos quaiso conteido signi: ficative ¢ normativo da interacgio se torna efectivo, Do ponte de vista conceptual, 6 “poder” encontra-se situade entre duas nogcer mais amplas:a de capaci dade transfoemadora, por um lado, e a de demina 40, por outro. © poder é relacional, mas 86 opera através da utilizagio da capacidade transformaciora talcomoestaé gerada pelas estruturaseledominagio. Repetindo o que jé foi dito anteriormente, wma vvez enlendido como capacidads transfarmadora, poder enconira-seinirinsecamente relacionacia com a agéncia humana. O “podia ter feito de outro modo” da acca constitu tim elemento necessario da teoria do poder. Tal enmio tentei demonstrar nou- ims escrilos, nio € possivel dlefinir © conceito de agéncia a partir do de intencio,” como se presume 2 pp 113. posi ce muita daliteratura em lomo dafilosofiads acca, Anogao de egencia, ial como eua emprego, élogica- mente anterior a diferenciagao sujeito/abjecto. O mesmo se aplica ao conceito de poder, A nogao de poder nao possui uma conexdo inerente com as de inlengiv ou de “vontade”, como ecorre na formula- gio de Weber, ow em muitas oulras. Em principio, poderé parecer algo peculiar sustentar que wn agente possa exercitar o poder quer quando do te- nha intengiio de o fazer, quer quando tenha essa in~ tengio: porém,em meu entender, a nogao de poder nao possui um vinculo légice nem com a motivasao, nom com o querer, Nao se trata de todo de uma idiossincrasia. Se assim soa é talvez porque muitas das discusses em torno do coneeito de poder oor reram num contexto politico, ando as “decieses" ne articulam e relacionam claramente com os fins que ‘0s actores prossegiiem. Tal como sucede em termos mais genér esfera da aggncia, aqueles as- pectos do poder abareados pelas acgdes intencio- nais, ou no Ambit da monitorizaglo reflexiva da conduta, possuiem uma forma especitica, senda que é apenas em tal contexto que uma série de nacées ”, “regatear”, elc,, se aplicam. tais como “anuir” Embora o poder, no sentido de capacidade transformadora, se enconire implicade na propria nocdo de acco, doravante empregarei o termo “po- der” como uma subeategoria do de ’ capacidade transformadore”, referindo-me deste modo a inte- raccio em que a capacidade transformadora surge envolvide nas tentatives dos actores para conseguirens que 05 otts0s ajane de acordo com as suas vontades, Opo- der, neste sentido relacional, dizrespeitoa capacida- de dos actores para sal vaguardarem resultados sem- pre queatingir esses resultados dependa da agencia TE 7 de outros. O uso de pocerem interacgae pode, por conseguinte, ser entendido ent termos dos meios que 05 participantes trazem consigo € mobilizam como elementos da produgiio dessa mesina interac sao, influenciarde assim 0 seu curso, Os sistemas sociais enconiram-se constituvdes como praticas 1e- gularizadas: 0 poder nes sistemas sociais pode as- simserearacterizado como inyplicentlo relardescdesulo- nontia ¢ dependéncia reproduaiidas atvacs dn interacjae social." Por conseqquéncia, aa relagées de poder fan cionam sempre nos dois sentides, mesmo se 0 poder de-um dos actores ou partes de uma relagao social for minimo qaando comparado com o do outro. As relagies de poder so relagéea de attonomia e de- pendéncia, mas mesmo 9 mais auténomo dos agen: tes encontra-se atécerto ponte dependento, cle mes mo modo que 0 mais dependente dos actores, ou partes de um relacionamento, mantém ainda para si alguma autonomia, Asestniluras de dominagao implicam assimetrias dos recursas empngnes na manuitengan das relagies ce peder no interior e entre os sistemas de interacctio. Fm todas as formas institucionalizadas de inte- raceao social [...] 6 possivel distinguir entre os dois principais tipos de recursos, aos quais podemos acrescentar duas categorias principais de sanctes, tal como indicado na figura 7, Poclemos associat a autorizacdo ea alocacéia com qualquer, ou. com am- bos, 05 tipos de sangdes;u talvez seja melhor dizer, 13 Tomwenimportantemecseparemosa abordagem aqui sugeids da Sesto eal Ha Aten dee aa oe IRoutvoe que or poseal equew ey esige para que posta aint ‘or aeusabjecives Iadodsto,noenfono, no inearpens «pens dort di ded permunoc nese nb squads tere do individaatnno slant, Auotzigse couse ‘* Flaua 7 focuser 0 sanrdes com dois modos de sancionar. Obviamente que nic existe uma diviedo absolutemente clara entre os tit pos de sangbes, podendo of mesmos surg nados de modo variado. A distingao aqui feita é es sencialmente entre sangées poritivas e negatives, ou entre recompensas © punigdes; mas ameagar reter uma recompensa prometida pode funcionar como um gesta punilivo;¢, inversamente,a possibilidade Ge evitar ou de escapar a mediclas coercivas pode E importante realcar que 4 poder nto deve ser definido emtermosde conifito, daca queadefinigio weberiana de poderamplamenteempregue,e aque ja me referi, tem sido algumas vezes interpretada como implicande que o poder e 0 conflito se encon- tram necessariamente emarticulacdo: como se 0 po- der pudesse apenas existir, ou pudesse apenas ser exercitado, quando houvesse que ultrapassar a re- sisténcia oferecida pelos outras. Parece suficiente- mente claro que nao era isto que Weber tencionava dizer e, seja como for, a formulacao que aqui se aian- tanio implica qualquer ilacao deste tipo, E claro que so do poder estinuula inequentemente 0 conilito, ou pode ocorrer em coatextos contenciosos, No en- tanto, tal nao se deve a existéncia de qualquer cone- Xio inevitivel entre poder conililo, mas sim devido as relagdes substantivas que frequentemente existem entre poder, confit e inieresses, Considerarei os combi tive, interesses come algo assente nas vontades [runs], indepenetentemente de um dado actor se encontrar ow nao consciente dessas vontades (Isto ¢, pode acantecer que actores e grupos possuiam interesses dos quais nao tem conseiencia). O podere ocontlito, tal como o poder ea prossecuao dos interesses, en contiant-se frequentemente, mesmo que de mode contingente, associados un ao outio. [--] Excurso: 0 individualismo metodologico Em conclusae, talvez.seja titi tecer alguns breves.co- mentérios sobre qual 0 pesicionamento das ideias avancadasnestetextosobreo debate em torno doin- dividualismo metodokigico em teoria social, Nao existe, éclaro, um ponto de vista unitério que possa ser identifiendo como “inclividualismo metodolégi- co": a expresso tem sido usada para seferir uma grande variedade de ideias, Uma destas ve ge-nos de modo proeminente nas obras de Weber, gue levarei aqui brevemente em consideragio relere-se a formlagso que nas 6 fornecida por Pop- per, filésofo que, presentemente, ge encontra entre smaisrespeitados clefensores deste ponto de vis Popper descreveu suicintamente a sua posigao do se- suinte modo: “todos os fonémenos sociais e, em 25~ 1,0 funcionamento de todas as institwigdes £0- deverio sor sempre entendidos como resitl- tantes de deciséies, acces, aliturdes, ete. dos indi dos humanas... nunca nos devemos considerar satisfeitos com explicacées dacias em termas dos chamados ‘colectivos’.” ' Ha nesta afirmagao trés termos-chave que precisam de ser explieadas:asin~ dividuos, os colectivos e aquilo que se encontra implicado nas instituigoes como teselfeyte das deci pes, ele. No respeitante ao primeiro,a afirmagéo de Popper reflecte umatendéncia earacteristica presen- te na literatura do indiyidualisme metodokégico (prée contra) para assumir queo termoindividuo” nao necessita de qualquer explicagio, Poderemos pensar que se trata de um trussmo sustentar que as nociedades se compdem tio-s6 de indiyidues tuma Icitura que pociemos sempre fazer da interpre ago de Popper? Nio passa realmente de um trate mo (© qual nao deixa por isto de ser verdade num sentido trivial e sem interesse) considerarmos por “ndividuo" algo como um “organismo humano’, Se, lodavia, considerarmos por “individuo” o“agen- io", no senticlo em que o empreguei neste texto, en- contrar-nosemos entio em presenga dle uma situa ho completamente diferente — a primeira parte da afirmagso de Popper passa reflectir apenas oquena teoria da acgia ha de inaclequadlo e que atrs analisei As inslituigdes” resultam’” de facto da agéncia huma- nna, mas estas sio apenas o resultado da acgaoname- dida em que se enconiram também envolvidas de maneiza recursiva enquanto um meio pare a produ- io dessa mesma accao, Na medida em que é uma “instituicio” 0% colectivo” encontra-se portanto liga- do a todo e qualquer fenimeno ds accao, ‘Aposi¢ao aqui adoptada pocle resumir-se do se- guinte modo: 1) os sistemas sociais sto produzides enquanto transacgées entre agentes, podendo ser Srcity nd te Enemies, vol 2, Londtes Row 1 Kast Poppet Te Neage, ony 38 recone Bris ural of Sol analisados como tal ao nivel da condutaestraté- gica; isto € “metodologico” no sentido em quea andllise instituc posta entre parénteses, nal & ‘emboro os elementos estrutucais tenliam neck sariamente queser tidus em consideragiio na ca- focterizagio de acgao, enquanto modalidades mobilizadas para produzizem interaceao; 2) @anélice institucional, por outro lado, coloca a acca entre parénteses, concentrando-se nas modalidades enquanto meios de reprodugao dos sistemas sociais; mes este colocar entre pa renteses & lambém puramente metoduldgico, no sendo como tal mais defensivel do que no primeira caso negligenciemos a importancia es- sencial do conceito de dualidade de estratura? 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