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rr genética”, para enfatizar 0 sentido em que os processos de in Aluéncia emeraizam nos intercambios comunicativos ente as pes ‘soas. 0 empiego clo terma “genético” faz ecoar o sentido que the {1 dado tanto por Jean Piaget. das essas instancias, estruturas especificas somente podem ser cemtendidas como as transformagées de estruturas anteriores (cf.0 ensaio sobre themata - temas 7 capitulo 4 desta publicagao). Na psicologia social de Moscoviy, através dos intarcambios com nicativos que as representagdes sociais s20 estruturacas e trans forinadss. essa relagdo dialética entre comunicagao e repre sentagdo que estd.no centro da “imaginagéo soclopsicobgtca” de Moscovict e & a razdo para se descrever essa perspectiva como uma psicologia social genética (cl. DUVEEN & LLOYD, 1990). Em todos osintercémbios comunicativos, ha um esforoo para compre. fendet o mundo através de ideas espectficas e de projetar essas ‘deias de maneiraa inluenciar outros, a estabelecer certa manei- rade criar sentido, de tal mode que as coisas so vistas desta ma naira, em Vez daquela. Sempre que um conhecimento é expres- 0, & por determinada razdo; ele nunca € desprovido de interes- se, Quando Praga é localizada a leste de Viena, certo sentide de mundo e um conjunto particular de interesses humanos esto sendo projetados. A procura te coniecimentos nos leva de volta ‘0 tumulo da vida humana eda sociedad humana; é aqui que 0 ‘conhecimento toma aparéncia ¢ fomma através da comunicagao , a0 mesmo tempo, contribui para a configuragao ¢ formagéo dos intercdmbios comunicativos. Através da comunicagéo, 80 mos capazes de nos ligar a outros ou de distanciar-nos deles, Esse €0 poder das idelas, e teoria das representagies saciais de Moscoviei procurou tanto reconhecer um fendmeno social expect fico como fomnecer as meios para tomn4-1ointeligivel como ump ‘ces80 sociopsicolégico, Gerard Duvoen mo por Lucien Goldmann. Em to- 1, O FENOMENO DAS REPRESENTACOES SOCIAIS 1,0 pensamento considerado como ambiente 1L1, Pensamento primitivo, ciéncia e senso comum ‘A crenga em que o pensamento primitive ~ se tal termo é ain da aceitdvel - esta baseado é uma crenga no “poder timitado da, rente” em confarmar 8 realidade, em penetté-la e atva-la © em determinar o curso dos acontecimentos. A crenga em que o pen ‘samento cientifico modero esta baseado é exatamente o opost jsto é, um pensamento no "poder iimitado dos objetos” de confor- ‘aro pensamonto, de determinar completamente sua evolugso 6 de ser interiorizado na e pela mente. No primeito caso, o ponsa: ‘mento é visto como agindo sobe a tealidade; no segundo, como tuna reaclo realidade; numa, o objeto emerge camo uma réplica ddopensamento; na outra, o pensamento ¢ umaréplica do objeto; & se para oRrimeiro nossos desejas se toma realidad ~ ou “wish fal thinking’ - entéo, para o segundo, pensar passa a ser transfor ‘mar a realidade em noss0s desejos, despetsonaliza-los. Mas gendo que as das atitudes so simétricas, elas somente podem ter a ‘mesma causa e uma causa com a qual n6s festévamnos familiar ‘ado ha muito tempo: 0 medo instintivo da homem de poderes, que ele no pode contiolar © sua tentativa de podet compensar 99a impoténcia imaginativamente. Sendo esta a Unica diferenca, fenquanto a mente primitiva ee amedronta diante das forgas dana: tureza, a mente cientifica se amedronta diante do poder do pensa ‘mento, Enquanto a primeira n0s possiblitou sobreviver por mi Ides de anos ¢ a segunda conseguit isso em poucos séculos, de ‘vemos aceitar que amas, a seu modo, representam um aspect zeal da relagdo entre nossos mundos internos e externos; um. a8 cto, além disso, quo vale @ pena ser investigado, 2 rT” ‘A psicologla social é, obviamente, uma mantfestacio do pen- samento ciebifico e, por iss0, quando estuda o sistema cogautivo la pressupoe que: 1) 08 individuos normais reagem & fendmenos, pessoas ou, ‘acontecimentos do mesmo moto que os centistas au 08 es tatisticos, © 2) compreender consiste em processar informagées. Em outras palavras, nés percobemos o mundo tal camo é eto- das nossas perceprdes, ideias e atrbulobes edo respastas a esti- ‘mulos do ambient fisico ou quase fisico, em que nds vivernos. O ‘que nos distingue é a necessidade de avallar sores e objetas care ‘tamente, de compreender arealidade completamente; ea que dis ‘tingue o melo ambiente é sua autonomia, sua independéncia com respetto anés, ou mesino, poder-se-ia dizer, sua inlferenga com res peito anése a nossas nocessidades ¢ desejos. O que era tido como ‘vieses cognitivos, distorgdes subjetivas, tendéncias afeivas obvia ‘mente existem, Como nés, todos estamos ciontes disso, mas eles ‘séo concretamente vieses, distorgbes e tendéncias em relacéo a Jum modelo, a regras,tidas como norma, Parece-me, contudo, que alguns fatas comuns contradizem ‘esses dois pressupostes: a] Primero, a observago familiar ce que nés ndo estamos cons- cientes de algumss coisas bastante Sbvias; de que nés nlo conse- gmos ver 0 que esta diante de nose0s olhas. B camo se nosso olhar ou nossa peroepyo estivessem ecpsadas, de tal modo que ‘uma detetminada classe de pessoas, soa devido a sua idade ~ por ‘exemplo, 08 velhos pelos novos €os novos pe velhos - ou devido ‘sua raga ~ por exemplo os negros por alguns brances, et, se tor ‘nam invisveis quando, de fto, eles estao “nos oluando de frente" 2 essim que um arguto escritor nogra descreve tal endmeno: Bu sou um homom inisve, Nao, eu ne sou um fentasme como os que espantarare Edgar Alan Poe: nam eo eu im de vos008 6c toplasmas dos enemas de Holywood, Eu sou um homem conete to, do came e asso, rae iquldos~ eda mim pode-se ate dizer que tenho intaigénci, Su sou inisvel, entenda ee, simples mente parque as pessoa reeusam Ver-me. Comm a cabera sem corpo, ques vezes se we em cas, acantace como.se eu estives eroato de espethos de viro grosso e que distoroem a figura, (Quando elos se apzoximam de mim, eles vem apenas o que ne 30 cerca, veem-8e ales mesmos, on construgées de sua imagin Gao ~ na realidad, tudo, exceto eu mesmo (SLLISON, 1965; 7 _Rsoa invistilidade ndo se deve a nenhuma falta de informagao devida & sé0 de alguém, masa uma fragmentagdo preestabele- ‘dda da realidad, uma clasificagdo das pessoas ¢ coisas que @ ‘compreendem, que fez algunas delasvisiveise outrasinvisives. >) Em segundo lugar, n6s muitas vezes percebemos que al guns fatos que nos aceitamas sem discussao, que sao basicos 3 fosso entendimento e comporlamento, repentinamente trans formam-se em meras usdes. Por milhares de anos os homens fetavam convencidos que o sol gitava ao redor de uma testa pa- ada. Desde Copémico nos temos em nossas mentes a imagem Ge tm sistema planetério em que o sol permanece parado, en ‘quanto a terra gira a seu redor, contudo, nés ainda vemos 0 que ‘hoss0s antepassados viam. Distingulmos, pois, x eparéncias da, realidade das colsas, mas nés as distingulmos precisamente por {que nos podemos passar de aparéncia & realidade através de al {guima nago ou imagem. Em tercoiro lager nossas reegies aos acontecimentos, nos- sas espostas aos estimulos, estdo relacionadas a determinada de. finigéo, comum a todos as membros de ma comunidade & qual ‘és pertenoemos. Se, ao dirigimos pela estrada, nds encontramos. ‘um carto tombado, uma pessoa ferida e um policalfazendo um re. laséro, nés presumimos que houve um acidente, Nos lemos dia riamente sobre oolisées ¢ acidentes nos jomals a respeito disso. ‘Mas esses séo apenas “acidentes" porque nés definimos assim (qualquer interrupeao involuntaia no andamento de um carro que tem consequéncias mais ou menos ttagicas. Sob outros aspectos, ‘ao existe nada de acidental, quanto a um acidente de automével Sendo que os célculos estatisticos nos possiblitam avaliar o no ‘mero de vitimas, de acordo com dia da semana e da localidade, fs acidentes de carro nao s80 mais casuais que a desintegracéo 4s étomos em uma aceleragao sob alta pressio; ees estao deta mente relacionados a um grau de urbanizagdo de uma dada socle dade, & velocidade e a0 nlimero dos seus cartos particulates e & ‘nacequagdo do seu transporte publica, [Em cada um desses casos, notamos a intervenao de repre sentagies que tanto nos orientam em diregdo ao que é visivel como aqjllo a quo nés temos de responder; ou que relacionam & aparéncia & reelidade; ou de novo aquilo que define essa realida de, Eu ndo quero dizer que taisrepresentagbes néo conespondem ‘algo quenés chamamos omunda externo. Ru simplesmente per. ‘cobo que, no que se tefere 4 realidade, essas representagses 980 tudo 0 que nds temos, aquilo a que noss0e sistemas poroeptves, — ‘como cognitvos, estdo ajustados. Bower escrave 1Nés gesalmento usamds nosso sistema pexoeptivo para interpre. ‘ar repesentagdes de Foundos que nds nunca podemos vor. No _mundb ett por mas humanas em que vivemos,apercepoio des Tepresentagdes é Uo importante como a percepeao doe objetes| reais, Porrepresentagdo eu quero dizer um conjuna de estzles| feitos pelos homens, que tém a fnaidade de serv como umn ‘subsite a um sinal ou som que ndo pode ocorer naturalmente ‘Algumas teteaentagses fancionam como subetitutos de estin los; elss produzem @ mesma exparinta que o mondo natal produza (BOWER, 1977 8), ; : Dofato, nfs somente experienciamos e percebemos um mundo ‘em que, em um extrema, nés estamos famiiaizacos cam caisas l= tas pelos homens, representando outras coisas fitas pelos homens «©, no outfo extremo, com substitutes por estinulos cujes originals, ‘us equtvalentes naturals, tals como particulas ou genes, nés nun: ‘ca veremos. Assim que nos encontramos, por vezes, am um dilema ‘onde necessitames um ou outro signo, que nos award distinguir uma representagao de outra, ou uma representagéo do que ela re- presenta, sto é, um signo que nos di: “Bsa é uma representa- ‘g30". ou "Essa ndo ¢ uma representacéo.” O pintor René Magetva ‘iustrou tal clema com perfeigdo em um quacio em que a figura de Jum cachimbo esta contida dentuo de uma figure que também repre- senta um cachimbo, Nesse figura dentso da figura podemos ler a 'mensagem: “Esse é um cachimbo", que indica a diferenga entze 3 ‘ois cachimbos. Nos nos voltamas entAo para o cachimbo “reel” Mutuando no ar © peroehemos que ele & real, enquanto 0 outro 6 ‘apenas uma representago'. Tal interpretagdo, contudo, income: {Nota str: Manan tt sum cut de Main go po ba tata clare Oe ta ta an ae ope ‘inca com she "tec noes i apa 9h {Sinema emu erate uns vats com an cenndasogen Jeu cfintofitinaso na, nee Asses ts openness ‘Spin so saensamene dca post Psa (28), 2 to, pos arses figuras esto pintadas na mesma tela, dante de wa pee alice. A dela de que wa delas¢ uma figura que est, ela FResma, denvo de uta figura eporisso um pouco "menosreal” que ace, etotdinentelusénia Uma vez que se chegou @ um acotdo {orenvar a mold, nbs estamas comprometids: temos de ace- {fra imagem como readade. Continua contudo a realdade de ‘ata pinta que, exposta om um muscu defnida como um objeto fie ate, elmenta o pensamento, provoca uma reaggo esttica © Serb! para nossa compreensio da ate da pintura CComo pessoas comuns, sem o beneficio dos instruments ct cennficos,tendemos a consderar¢ analsaro mundo de uma ma: frafasetelhante, especialmente quando o mundo em que vive- nos 6 totalmente soca, Isso significe que nés nunca conseg- tnos nenhuna informacio que ndo tena sido destorcida por re- presentagées “euporimpostas” aos obetose 8s peswoas que Ihes {ao cara vaguidade o as fazem parcalmente inacessiveis. Quan- So contemplamoaseseesindvidios e objeto, nossa predisposipfo ‘genetic hesdada,asimagense hdbitos que n6sjfaptendemos, as Suas ecordagées que nbs presorvamos enossas categotias culiu- ral, tudo iso se junta para falas tals como as vemos. Assim, fem lta andlso, eas so apenas um elemento de una cada do Teagio de percances, opines, nogdes e mesmo vidas, organiza- ‘ater uma doterminada sequéca,&essencialrelombrar tas u- {gates comuns quando nos apreximamos do dominio da vida men- {ala peicologia social. Meu objetivo éreintoduz-losaquide uma maneira que, espero, see raiera 1.2. A natureza convencional e prescritiva das representagdes De que modo pode o pensamento set considerado como um ambionte (como atmoefora sociale cultural)? Impressionisticamen- te, cada um de nés estéabviamente cercado, tanto individualmente como coletivamonte, por palavres, ideias e imagens que penetram, nessos olhoe,nossos ouvidos @ nossa mente, quer queiramnos quet Bo, e que nos atingem, sem que o saubamos, do mesmo modo que mihares cle mensagens enviadas por ondas elttamagnéticas cit- cular no ar sem ques vejamos ee tomnam palavras em um recep- torde telefone, ou se tomam imagens na tela da televisdo. Tal meté- fora, contudo, ndo é realmente acdequada, Vejamos se podemos en- 33 SEE SSE EEE Ee eee ee eee eee ie eee eee eee eee eee 7 ccontuar uma maneita melhor de descrever como as represeniagies ‘ntervém em nossa atividade cognitiva e até que ponta elas <0 in dependemes dela, ou, pode-se dizer, até que ponto @ detenminam, — Senés aceitamos que sempre existe cera quantidade, tantode au- ‘onomia, como de condicionainento om cada ambiente, sea natural ou social ~e no nosso caso am ambos - digamos que as epresenta- (Ges possuem prectsamente duas funges: i 4) Em primeiro tugar, elas convencionalizam os objetos, pes- ‘a5 ou acontcimentas que encontram. Elas Ines do uma forma dfinitiva, as localiza em uma determinada catogora ¢ qradual- ‘mente as colocamm como umm modelo de detertninado tipo, distinto e partido por um grupo de pessoas. Todas os noves elementos se Jntam a esse modelo e se sintetizam nele. Assim, nés passainos a ‘afimmar que a tena € redonda, associamas comunismo com a cor vermetha,inlagao com o decréscimo do valor do dinheiro. Mesmo ‘quando uma pessoa ou objeto ndo se acloquam exatamente a0 ma- do, néso forgamos a essumir detorminada forma, entrar em deter- ‘minada categoria, na realdade, ase tomar idéntico aos outros, sob pena de no ser nem compreendido, nem decodiicado. 3 Bartlett conclu, a partir de seus astudos sobre peroencie, que! ‘Quando wna forma de representacio comum e #6 convencional fest em uso antos que o sino ae intecuzida, existe uma forte teodléncia para caractersticas particulates desaparacerem e para ‘que todo signo sa assimllado em uma forms mais ala Ae sim “opisca-pisca” quaso sempre éideificado a uma forma oo- mum e regular de ziguezague ¢ “guoixo”perdeu seu angula bas ‘ante aguco, tomando so mais semelnante a reptcsantagGes con vencionats essa cazacteristica (BARTLETT, 1961: 108) seas convengdes nos possibiltam conhacer o que representa ‘qué: uma mudanga de ditego ou de cor indica movimento ou temperature, um detorninado sintoma provém, ou no, de uma oenga; elas nos ajudam a resolver o problema geral de saber ‘quando interpretar uma mensagem como significante em relagso outras e quando vé-la como um aconteciment fortito ou cas al. E esse significado em relagao a outros depende ainda de um ‘mero de convencoes preliminares, através das quaisnds pode- ‘mos distinguir se um brago é levantado para chamar a atenoéo, para saudar um amigo, ou para mostrar impaciéncia, Algumas ve" es sufciento simpleemente transferic um objeto, ou pessoa, de {im context a outo, Para que ovejamos sob nova luz para sa armas 99 ees S80, realmente, os mesmos. 0 exemplo mais provo- tanto fo apresentado por Marcel Duchamp qu, pat de 1912, ostngit sua produgdo conifica om assinar objets a pontas @ ‘qe, com es Unio gest, promoveu objets fabricaos a satus de ojos do arte. Um outro exemplo nao menos chocente&o dos eness de qutra queso responséveis por atocidades que m0 seo facmente esqueidas. Os que os conheosram, canta, e que finham famiiardade com ele tanto durante como depots da quet- ya dogiatam sva humanidade esua gntieza assim como sua ef ‘dencia radicona,comperando-os aos mires de indus tr ‘qulamente emprogads em trabalnos burocttioos -Esoes exemplos mostram como cada experiéncia é somada @ ‘uma tealidade predeterminada por convengées, que claramente define suas fronteizas,distingue mensagens signiicantes de men- ‘sagens ndo significantes e que liga cada parte a um todo e coloca ‘cada pessoa em uma categoria distints. Nenhuma mente esta livre {das efeiios de condiclonamentos anteriores que Ihe sao impostos or suas representacoes,linguagem ou culbura. Nés pensamos atra- ‘yés de uma linguagem; nés organizamos nossos pensamentos, de ‘acordo com um sistema que esta condicionado, tanto por nossa. representagbes, como por nossa cultura. Nés vemos apenas o que ‘as conven¢es subjacentes nos permitem ver e nés permane ‘cemos inconscientes dessas convengses, A esse respelto, nossa pposigao 6 muito semelhante & da tribo étnica africana, da qual, vans-Pritchard esereveu "Nossa rede de cronga, cal fo depend das outros fos oun Zan- ‘de nfo pode debar esse esquems, porque este &o nico mundo ‘queelecontoce. A rede no é uma cartura extra om qua clo eat ‘reso. Ba 6a textua de seu pensamento ese no pode pens que ‘seu pensamento esta etado (EVANS-PRITCHARD, 1947: 19 Podemos, através de um esforco, tomar-nos conscientes do ‘speoto convencional da realidade ¢ entao escapar de algumas cexigéncias que ela impde em nossas percengtes © pensamentos, ‘Mas nds no podemos imaginar que podemos liberar-nos sempre {de todas as convengoes, ou que possamos eliminar todos 0s pre: ‘conceitos. Melhor que tentar evita todas as convenes, uma es- 36 twatégia melhor seria descobrir e explcitar uma tnica representa, ‘980, Ento, em vez de nagar as convengdes e preconoeites, esta estratégia nos possiblitaré reconhecet que as represontagies ‘constituem, para nés, um tipo de tealidade. Procuraremos isolar ‘quais representacées so increntes nas pessoas e objetos que nos encontramos © descobrir o que representam exatamente. Rate clas esto as cidades em que habitamos, os badulaques que usa 03,08 ranseuntes nas Tuas e mesino a hatureza pura, sem pol (0, que buscamos no campo, ou em nossos jardin. ‘Sei que ¢ dada alguma atenlo as representagdes na prética de pesquisa atual, na tentativa de descrever mais claraniente 0 ‘contexto em que a pessoa élevada a reagir a um estimulo particu. Jareaexplicar, maisacuradamente, suas respostas eubsequentes, Afinal,olaboratério 6 uma realidade tal que representa uma outta, ‘exatamente como figura de Magritte dentro de um quadro, Bleé ‘uma tealidace em que é necessario indicat "isso é um estimulo” ¢ ao simplesmento uma cor ou um som e “isso é um sujelto” eno lumestudante de direita ou de esquerda que quer ganhar algum i nheito para pagar seus estucos. Mas nés devernos tomar isso om consideracdo em nossa teoria, Por isso, nés devernos lavar ao cen- ‘ro do palooo que nos procuramos guafdar nos bastidoreslaterais. Jo poderia até mesmo ser o que Lewin tinha em mente quando escteveu: "A realidad, para a pessoa, em grande parte, deter: ‘minada por aquilo que & socialmente aceito como realidade" (LE- WIN, 1948: 67), ») Bm segundo lugar, representagdes sto proscritivas, Soto €, las 3eimpdem sobre nés com uma forga iresistivel, Essa forcaé ‘uma combinagdo de uma estrutura que esté presente antes m0s- ‘mo que nés comecemos a pensar e de uma tradigao que decreta que deve ser pensado. Uma crianga nascida hoje em qualquer pals ocidental encontrara a estrutura da psicandlise, por exem- plo, nos gestos de sua mée ou de seu médico, na afeicio comaque ‘la sera cercada para ajudé-le através das provas etripulacoes do conflito edipico, nas histérias em quadkinhos cémicas que ela leré, nos taxtos escolares, nas conversagdes com os colegas de aula, ou mesmo em uma andlise psicanalitica se tiver de recarrer «isso, caso surjam problemas socials ou educacionais. Isso sem falar dos jomats que ela ler4, dos discursos politicos que teré de ‘ouvir dos flies a que assist otc. Fla encontraré uma resposta 36 apronta, em um argo psicanalitic, a todas essas qustzes © WP iodes a8 Sus8 26008 facassadas ou bem sucedidas, uma atc estarépromia, qe allevara de volta a sua primeira in (Bho, cua seus desojes sexaais. Nos mencionamas a psicana ‘erSomo una representageo.Poderlamas do mesmo modo men- ‘Sonera pscologia mecaniita, ou uma psicologia que conside- Ponomem como se fosse uma maquina, ovo paradigma cient oo de uma comunidade expectica Enquanto esas rpresentages, queso parthadas po tan- tos ponettam e nfuenciam a mente de cada un, elas nao s80 ehsadas pr els; melhor, pare aemos mais pecses, eas se esas, e-ltadas re-apresentads. Se lquém exclama: "Bleé um ouco", parae, enti, se conige dizendo: "Naa, eu queto dizer que ele 6 um génio”, nos imediata, mente concluimos que ele cometeu um ato falho freudiano, Mas fasa conclusdo nao é resutada de um raciocinio, nem prova de {que nbs temos uma capacidade de ractocinio abstato, pois nés apenas relembramos, sein pensar € sem pensar em nad mais, & epresenta0 01 definigao do que seja um ato fathofreudiano. Po- demos, na verdade, ter tal epacidade e perguntar-nos por que a pessoa em questo usou uma palavra em vez de outta sem chogar ‘anenhuma resposta.E, pois, facil ver porque a representacio que temos de algo ndo esta diretamnente elacionada & nossa maneira de pensar e,contrariamente, por que nossa maneira de pensar eo ‘que pensamos depende de tais representagées, isto 6 no fato dequendstemes, undo temos, dada representagdo, Fu quero di zet que elas sdo impostas sobre nbs, transmitdas e 0 0 produto de uma sequéncia completa de elaboragbes © mudangas que acor- rem no decurso do tempo ¢ so 0 resultado de succesivas gera- 008, Todos os sistemas de clasiicagéo, todas as imagens €to- dae as deserigbes que circulam dentro de uma sociedade, mesmo a6 descrnses cientificas, implicam wm elo de prévioe sistemas € |imayons, uma estratificagéo na meméria coletiva e uma teprodu- ‘ona Inguagem que, invetiavelmente,relete un conbecimento Anterior e que quebra as amarras da informagto presente Aatividade sociale intelectual é, final, um ensalo, ou recta, ‘as mus psicélogos sociaisa tratam,erradamente, como se ela fesse perder a meméria, Nossas experiéncias ¢ ideas passadas fo so experiéncias ou idelas mortas, mas continuam a se at 37 vas, a mudar e a infltrar nossa experténcia idelas atuais. Sob ‘muitos aspectos, o passaddo 6 mais ral que o presente. O poder ea claridade peculicres das representagoes ~ isto é, das representa (es sociais- deriva do sucesso com que elas contolama realidade de hoje através da de ontem e da continuidade que isso press 1pée. De fato, 0 proprio Jahoda as identiicou como propriedades ‘autdnomas que ndo so “necessariamente identilicdveis no pen- ‘samento de pessoas particulares” (JAHODA, 1970: 42), uma nota ‘aque seu compatriota McDougall identificara e acettara, meio sé- ‘culo antes, na terminologia de seus dias: “Pensar, com ajuda de representacbes coletivas, poseul suas leis proprias, bem distintas das leis da ldgica” (McDOUGALL, 1920: 74), Leis que, obviamen- te, modificam as leis da lgica, tanto na prética como nos resuta- dos. A luz da historia © da antropologia, podemos afirmar que 09- ‘a8 representapies sao entidades sociai, com uma vida propria, comunicando-s2 entre olas, opondo-se mutuamente e mudando fem harmonia com o curso da vida; esvaindo-se, apenas para emer- {git novamente sob novas aparéncias, Getalmente, em civizagGes tio diviidas e mutaveis como a nossa, elas coexistem e crculam através de varias osforas de atividade, onde uma delas tera pre ccedéncia, como resposta a nassa necessidade de certa coetén- ia, quando nos referimos a pessoas ou coisas. Se ocotrer uma rmudanga em sua hierarqula, porém, o¥ se una determinada ima gem-ideia for ameagada do extinga0, ode nosso universo 9@ pre judicaré, Um acontecimento recente @ os comentérias que ele pio- ‘vooou podem servir para flustar esse ponto, ‘A American Psychiatric Association recentemente anuncioa ‘sua intenpao de descartar os tenmos neurase e neurdtico para dei- nit desordens especficas. Os comentarios de wn jornalista sobre essa decis4o em um artigo intinulado “Goodbye Neurosis” (Inter national erald Tribune, 11 dese. de 1978) sao muito sgnifleativos: Se odictontio das desordens mentas nao mais acetar 0 term ‘neuttico" nos, legos, somente podemos lazer omesino, Const eremes, contudo, peda cultural: sempre qe gem ¢ cham do de “‘neurtic”, ou "um newético sso ervelve um azo amp sito de prio ecompreensio: "Oh, ulano de tal @ apenas um ne roto", signifies “Oh, fulano 6 excosaivamente netvoeo, Ele teal mente ido quer atvaralougana tua cabeca. 8 apenas.o5eu jet. (Ou entao “Fulano é apenas un nourtico®~aignficando “elo nao pode se controlar. Nao quer dizor qu todas as ves leva jogat a louca em sua cabera 38 elo ato de chamaralguém de neubtco, nds colucamos 0 eso Go susiamento no om algubin, mas sobre nés mesmos. Hum tode apelo agentieza, aumaeepécte de generaidade socal Sera também assim 0 06 "montalmente perturbadoe" atiassem ‘a louga? Pensamas que nto. Desculpa ulano de tal pel fato do ua desordem mental 2 categoria espoiica do sua door fdom ~@ omesmo que desculpar um cao por altar Ib 0 ios — fle precisa ser consertadoo mals ido possvel.O peso do dese Justamanto sera clocado dretamente no desajustamento do ca To. Néo se soitard compabio para a sciedade em geal eat Talmente nenfuma sera esperada Pensemos também na autosstima do préprio neurético, que fo Tongamente confrtado com o conhecimenta que ele “apenas ‘im neuetic" apenas alyuma® ibs de saquranca abo do un plbtio, mas mista ama da ina non das peasoas. Um ne roti € un excéntsico tocado par Freud. A socledade e cance ‘de um lugar honrado, muitas vezes lowvével, Concoder-so-a 0 mam gar para os quo sottem de “dosordens somaticas” ou desordens depressvas mais raves", ou "desoidens disscta vag"? Provaveimente ni, ‘Tais ganhos cukurais © pordas estdo, obviamente,relaciona: ‘dasa fregmentos de representagoes sociais. Uma palavta ea dell niggo de diciondrio dessa palavra contém um meio de classificar Individuos ¢ ao mesmo tempo teorias implicitas com respeito & ‘sua constituigao, ou com respelto 4s razdes de se comportarem de ‘uma maneira au de outta ~ una como que imagem fisics de cada ‘pessoa, quo comresponde ats teorias. Uma vez difundidoe aoeito ‘este contetdo, ele se constitul em uma parte integrante de nés mesmos, de nossas inter-relagbes com outros, de nossa maneira de ulgi-los ede nos relacionarmos com eles; iso até mestno def: ne nossa posigdo na hierarquia social ¢ nossos valores. Sea pala ‘ra “‘neurose" desaparecesse e fosse substituda pela palavra “de- sotdem”, tal acontecimento teria consequéncias muito além de s2u mero significado em uma sentanga, ou a psiquiatia, S20 nos a5 nler-relagdes e nosso pensamento coletivo que estao lmplica as nisso @ transformados, Espero que eu tenha amplamente demonstrado como, por um lado, 20 9 colocar um signo convencional ne reslidade,e, por ou- tio ado, ao se proscrever, através da tradigdo e das estruturas 39 BEE SEE EEE EEE ERE EE EEE EE EEE EEE EEE EEE EEE ay : Jmemoriais, o que nds percebemos e imaginamos, essas crlatutas do pensamento, que séo as representagdes, tarminam por se constituir em um ambiente real, conereta. Atzavés de sua auto nhomia e das presses que elas exeroem {mosmo que née esteja- ‘mos perfeitamente conscientes quo elas nao sio "nada mais que ‘deias”), elas sao, contudo, como se fossem realidades inquest nnavels que nés temos de confronté-las. O peso de sva historia, ‘costumes e contelido cumulativo nos confronta com toda a resis: ‘téncia de um objeto material Talvez seja uma resistencia ainda ‘maior, pols o que éinvisivel éinevitavelmente maisdiffel de supe rar do que 0 que é visivel 1.3. A era da representagao ‘Todas as interagdes humanas, surjan las entre duas pessoas i i ‘ou entre dots grupos, pressupdem representacoes. Na realidade, @ sso que as caracteriza. °O fato contral sobre as interagbes huma- nas, escraveu Asch, ¢ que els séo acontectmentos, que elas ost0 ppsicologicamente representadas em cada um dos partiipantes (ASCH, 1952: 142). Se esse fato 6 menosprezado, tudo que sabra ‘io tracas, isto 6, apdas ereagbes, que so nao espectficase, ainda ‘mais, empobrecidas na troca. Sempre e em todo lagat, quando nds _encontramos pessoas ou catsas e nos familiaizamos com ela, tals representagGes esto presentes. A informagao que recebemos, ¢& {qual entamos dar um significado, esta sob seu controle eno pos- ‘ul ouo sentido para nés além do que elas dao a ele ara alargar um pouco oreferencial,nés podemos afimar que ‘oque’é importante 6a natureza da mudanga, atravéscda qual asre- resentacoes sociais se tommam capazes de influenciar o compor tamento do individuo participante de uma coletvidade. & dessa ‘maneiva que elas so criadas, intemmamente, mentalmente, pois € dessa manera que o proprio processo coletiva penetra, como ofa: tor determinante, dentro do pensamento individual. Tals epre- sentag6es aparecem, pois, para nds, quase como que objetos ma terials, pois eles s80 0 produto de nossas agdes e comunicagées. las possuem, de fato, uma atividade profissional: Bu estou mere- ferindo aqueles pedagogos,ideSlogos, popularizadores da ciéncla cu sacerdotes, isto 6, os representantes da cléncla, cuturas qu re- lig, cuja tarefa é cri.las e transmit-las, muitas vezea,infeliz~ mente, sern sabé-lo ou queté-o, Na evolugéo geral da sociedad, fosas profssbes est20 destinadas a se muitiplicar e sua tarefa se ‘ornasa mais sistométice e mais expliita, 8m parte, devido a i880, feet vista de tide 0 que isso implica, essa era se tamara coneci- fda como a ora da representagao, em cada sentido dessa termo. Isso nfo subverteré# eutonomia das representagbes em rela- go tanto & consciéncia do indiviuo, ou & do grupo. Pessoas © {ropes criam representagces no decutso da comunicagaoe da co- tperacao. Representacoes, obviamente, nao so cradas por umn {invidu ioladamenta. Ume vez criadas, contudo, elas adquirem {uma vida propria, circulam, 2 encontram, ee attaem e s¢repelem ' dio oportunidade ao nascimento de novas representagies, en- {quanto velhas Tepresentacoes momrem, Como consequéncia dis- fo, para se compreeniereexplicar uma representagao, énecessé- fio comegar com aquela, ou aquelas, das ais ela nascou, No & fufciente eomegardiretamente de tal ou tal aspecto,seja do com- portamento, see da estrutura octal. Longe de refit, ejao oompor- femento oo a estrutura soc, uma representago muites vezes condiciona ot até mesmo responde a elas. s50 ¢ assim, ndo por- {que ela possui uma origem coletiva, ou porane ea so refer a ura Objet coletivo, mas porque, como ta, sendo comparthada por todos e reforgada pela tradigao, ela consttui uma realidade social sui genens. Quanto mais sua origem & esquecida e sua natureza ‘onvencional é ignoreda, mais faslizaca ela se torna, O que & ‘eal, gracialmontetomna-se matataizado. Cessa de ser efémero, ‘utavel emorta e torna-s2, em vee disso, duradouro, permanen- fe, quase imortal, Ao crarrepresentagées, nds somos Como 0 a- tia, que oe inclina diante da estatua que ele esculpin ea adora como se fosse um deus, "Na minba opinifo, starefa principal da psicologia social é es- tudar tas ropresentagoes, suas propriedades, suas origens © seu ‘impacto. Neniuma outra disciplina dedica-se a essa tarefa © ne- ‘hums est4 melhor equipada para isso. Foi, de fato, & psicologia social que Durkheim confiou essa tareta [No que oe refer a leis do pensamento coletvo, clas so tatal- ‘mente desconhecides. A psicologia socal, cuj trea saa det ‘ls, nfo nada mais que uma palavradesctevendo todo ipo de vatiadas generalizagies, veges, sem um abjeto definido como fovo, O que énecessanie ¢ descabrs, pela comparario de mits, 4a lendas, tadigGes populares @ linguagens, como as presenta. 2essociaisseatraom ese exchuem, como elas se mesclam ot ae cistinguem etc. DURKHEIM, 1896/1982: 41-42) ‘Apesar de numetosos estucos posteriores, ideas fragmenta: das e experimentos, nds no estamos mats avangadas do que nds festévanmos ha quase um século, Nosso conhecimento € emo una ‘majonese que azedou. Mag uma coisa é certa: As formas princ pais de nosso meio ambiente fsico e social esto fxas em repre sentacdes desse tipo e nds mesmos fomos moldadas de acordo com elas. Eu até mesmo itfa ao ponto de afirmar quo, quanto me. ‘hos nés pensamos nelas, quanto menos conscientes somes das, maior se toma sua influéncia. Fo caso em que a mente coletiva, transforma tudo o que toca, Nisso reside a verdade da cronga pi mitiva que dominou nossa mentalidade por milhoes de anos. 2 0 que 6 uma sociedade pensante? [Nos pensamos através de nossas bocas (Tristan Testa) 2.1. Behaviorismo como o estudo das representagées socials ‘Vivemos em um mundo behaviorista, praticamos uma ciénola Dehaviorista e usamos metiforas behavioristas. Eu digo isso sem ‘orgulho ou vergonba. Pois eu néo vou embarcar em uma.critica do que deveria,forposamente, ser chamaclo de uma visio do ser hu= ‘mano contemporaneo, pois sua defesa, ou refutagao, nAo 6, en quanto eu posso perceber,interesse da ciéncla, mas da cultura, ‘Néo se defende, nem seefuta, uma cultura. Dito isso, 6 dbvio que estudo das representagdes socials deve ir além de tal visto e dove fazer isso por uma razdo especifica. Ela v8 0 ser humano en- ‘quanto ele tenta conhecer © campreender as coisas que o ircun. dam e tenta resolver os enigmas centrais de seu proprio nasci ‘mento, de sua existéncia corporal, suas humilhagdes, do céu que fest acima dele, dos estados da mente de seus vizinhos ¢ dos po- ‘mum @ oéncia tornada comum, Som divida, cada fato, cada ugar ‘comum esconde dentro de sua propria banalidade wm mundo de ‘conhecimento, determinada dose de cultura eum mistério que ofa- 2mm ao mesmo tempo compulsvo e fascinante. Baudelaire percun ta: “Pode algo ser mais encantador, mnisfrutiero e mais positiva- ‘mente excitante do que um lugar comum?” E, poderiamos acres- centar, mais colesivamente ofetivo? Nao 6 él transformarpalavias ‘io familiares, idelas ou seres, em palavras usuais, préximas @ atuais. E necessério, para dar-Ihes uma feigdo familiar, por em fun- ‘ionamento os dois mecanismos de um processo de pensamento Daseado na meméria e em conclusbes passadas, 0 primeiro mecanismo tenta ancorar ideias estranhas, redu- ‘las a categorias ea imagens comuns, coloca-las em tn contex- 60 tofemiias. Assim, por exemplo, uma pessoa religiosa tentarelacio- por uma nove teora, uo comportamento de um estranho, a uma ocala religiosa de valores. O objetivo do segundo mecanismo é fpjetivlos, ito, transformar algo abstato em algo quase con- (eto, ransferro que esté na mente em algo que evista no mundo fic. As colsas que oolho da mente percebe parecem estar dian- te de nossos oles isis e um ente imagindrio omega a assumir f realdade de algo visto, algo tanglvel. Esses mecantsmnostrns- fomam o néo familia em fami, primeiramente transfetindo-o.@ ‘nossa prépri esfera particular, onde nds somos capazes de com- parélo e interpreté-o; ¢ depois, reproduzindo-o entre as enisas fue nds podemos vere tocar, e, onsequentemente, controle. Sen fo que as representagdes so cradas por esses dois mecanismnos, ‘essencial que nés compreendamos came funcionam, + Anooragem ~ Bsse 6 um processo que transforma algo esta rho e perturbsdor, que nos inriga, em nosso sistema particular de Categorias € 0 compara com um paradigma de uma categoria que rnés ponsainos ser apropriada, H quase como que ancorar um bots ‘perdido em um dos boxes (pontos sinalizadores) de nosso espapo ‘odil. Assim, para as aldedes do estudo de Denise Jodelet, os do- ‘entes mentais colocados em seu meio pela associago médica fo- ram imediatamente julgades por pacrdes convencionais e compa rados a iiotas, vagabundos, eplépticos, ou sos que, no dialetolo- cal, eram chamados de “ragues”{inaloquelio}. Nomomento em que sdeterminado objeto ou ideia ¢ comparado ao paradigma de uma ca- ‘agora, adqulre caractristicas dessa categoria e 61e-ajustaco para ‘quesoenquacrenela, Se classiicarto, assim obtida, égetalmente faceit, ento qualquer opinigo que se relacione com a categoria rd ‘se relacionar também com 0 cbjetn ou com a ideia. Por exemplo, a ‘dein dos aldeses menctonados acina sobre os diotas, vagabunddos ‘e eplépticos, foi transferida, sem modificagia, aos doentes men- ‘as, Mesmo quando estamos conscientes do alguma discrepéncia, da relvidade de nossa avaliagdo, nés nos fxamos nessa transte- réncia, mesmo que seja apenas para podermos geranti um minimo ‘de cosréncia entre 0 desconecido @ 0 conhecito. ‘Ancorar é, pois, classifica e dar nome a alguma coisa, Colsas ‘que nao sto Gasificadas e que no possuem nome séo estranhas, ‘no existentes e ao mesmo tempo ameagarloras, Nos experimenta- ‘mos uma resistencia, um distanciamento, quando nto somos capa- at 20s de avaliar algo, de descravé-o a nds mesmos ou @ outs pas- '80a8.O primeiro passo para supetar essa esisténcia, em direeao & conciiagio de um objeto ou pessoa, acontece quando nds somos ceapazes de colocar esse objeto ou pessoa em uma determinada ca- tegoria, de romulé-1o com wm nome conhecide. No memento em que és podemos falar sobre algo, avalis-I eento comunicé-4o~nes- ‘mo vegamente, como quando nés dizemas de alguém que ele @ ‘eno ns podenos representar o nao usual em nosso “imibido’ ‘mundo familiar, reproduzi-lo coma uma xéplica de um modelo fami- liar Pela Gassificapao do que ¢ inclassificavel, pelo fato de se dat ‘um nome ao que no tinha nome, nés somos eapazes do imagi- no, derepresenté-lo. De fato, representagao 6, fundamentalmen: te, um sistoma de clasificarao e de denotagio, de alocagio de ca togorias e nomes. A neuttaidade ¢ probida, pelalogice mesina do sistema, onde cada objeto e ser devem possulr um valor positive ou negativo e assumir um detetminado lugar em uma clara escala hie- riquica, Quando classificamos uma pessoa entre os neuréticos, 08 Judeus ou os pobres, nés obviamente nao estamos apenas colocan- do um fato, mas avaliando-ae rotlando-a, B, neste ato, née revela- ‘mos nosse “teora" da soctedade e da natureza humana, ‘Em minha opiniéo, esse é um fator vital na psicologia social, ‘que nao recebeu toda atengo que merece; de fato, 08 estudos cexistentes dos lendmenos de avaliagao, classificagio @ categori- ‘zagio (EISER & STROEBE, 1972) e assim por diante, no conse- ‘guem levar em consideracao 0 substrata (os pressupostas) de tas fendmenos, ou dar-se conta de que eles pressupdem uma re- presentagaa de seres, objetos o acontecimentas, Na verdade, 0 rocesso de representarao envolve acodificagao, até mosmo dos festimulosfisicos, em uma categoria especfica, como uma pes- quisa sobre a percepgéo das cores, em diferentes culturas, tem revelado, Na verdade, os estudiosos admitem que as pessoas, ‘quando se lhes mostram diferentes cores, as percobem em rela- (940. um paradigma ~ embora tal paradigma posea set-lhestotal- ‘mente desconhecido - ¢ as classifica atraves de una imagem ‘mental (ROSCH, 1977). De fato, uma das ligdes que a epistemolo- ia contempordnea nos ensinou é que todo sistema de catego- ‘las pressupde uma teotia que defina e oespecifique e especif- que seu uso. Quando tal sistema desaparece, nas podemos pre- ‘sumir que a teoria também desapareceu. Deixem-nos, portm, continuarsistematicamente. Cassitcar algo significa que nés 0 confinamos @ um canjunta de compart fmentose egtas que estipulam o que 6, ou noé, permit, em e- Taco a todos 06 indviduos pertenoentes a essa classe. Quando Gieseficamos uma pessoa como manxista, diabo marino ou letor {0 The Times, nbs o confnamos a um conjunto de mites inguis- ios, specials & comportamentais ¢ a ozrtos habitos.E se nés, fentio, chegamos ao ponto de deix-lo saber 0 que nbs izemos, 168 levaromos nossa interleréncia ao pant de inluencilo, pelo fato de formulanmos exigencies espeiticas relacionadas a nossas ‘expectativas A principal fread uma clasee, que a toraa ae f- ellde supartar, € fto de ela proporcioner um modelo ou protti- poapropriado para representa classe uma espécie de amostra de fotos de todas as pessoas que supostamente pertengam a ela Base conjunto de fotos representa uma espécie de caso-teste, que seta as catactersticas comons a um niimeto de casos eacio nados, st 6, o conjunto 6, de um lado, uma sintse idealizada de pontos salientese, de outro lado, uma mati icénica de pons a- ‘lente identiicvets. Muitos de nds, por consequinte, temos, ‘emo nossa representagdo visual de um cidedo ranoés,aima- gem de uma pessoa de estatura absixo do normal, usando um bond ecarregando uma grande peca de pao frances Catogotizaralguém ou alguma coisa significa escothor wim dos paradigms esiocados em nossa memétia ¢ estabelecer ua rela- ‘edo postiva ou negativa com ele. Quando nbs sintonizamos o 14 io no meio de um programa, sem conliecer que programa 6, 6s ssupomos que é uina “novela” se é suficlentemente parecido com. P, quando P cowesponde a0 paradigma de uma novela, isto 6, ‘nde na diaiogo, enreda, etc. A experiencia mostra que é muito ‘mais fc concordar com o que constitui um paradigma do que ‘cam o grau de somelhanga de uma passoa com ess paradigm Da pesquisa de Denise Jodelet se percebe que, embora os aldedes, {ossem uniformes com respeito a classificagéo geral dos doentes ‘mentais que viviam na aldea, eles se mostzavam bem mais discor ‘antes em sua opinido no referente a semelhanca de cada um dos pacientes em relagdo ao “caso-teste”, aceito em sua generalidade. (Quando se fazia alguma tentativa para defnir este caso-test, in rmeriveis discrepéncias vinham & luz, que néo eram normalmente ‘vias, racas a cumplicidade de todos os intorossacis. Podo-se dizer, contudo, que em sua grande malorla essas classtlicagdes sao feltas comparando as pessoas 4 um protétipo, ‘geralinente aceito coma representanta de uma classe © que o pri miro ¢ definido através da aproximagao, ou da coincidéncta com ‘itm. Desse modo, nés dizemos de oertas personalidades de ‘Gaulle, Maurice Chevalier, Churchil, Einstein, ete. - que eles 280 Tepresentativos de uma nagdo, de politicos ¢ de clentistas e née classilicamos outros politicos ou cientistas em relagao a eles. Se verdade que nés classificamos ¢ julgamos as pessoas © coisas comparando-os com um protétipo, entéo nés, inevitavelmente,, estamos inclinadas a perceber e@ selecionar aquelas caraterist- ‘cas que so mais representativas desse prototipo, exatamente co- ‘mo 08 aldedes de Denise Jodelet estavam mais claramente cons- ‘ientes da fala © do comportamento “esquisto” dos doentes men- tis, durante os dez ou vinte anos de sua estadia a, do que da gen: ‘ileza, interesse e humanidade generalizados dessas desafortu- nadas pessons. ‘Na verdad, qualquer pessoa que tena sido omalista, sete {99 ou psicélago clinica, sabe como a representagao de tal ou qual gosto, ooorréncia ou palavra, pode confirmar wna noticia ou wm lagnostico, A ascendéncia do caso-teste deve-se, penso eu, a sua concretude, @ uma espécie de vtaidade que deixa uma marca tao profunda em nossa memétia, que somos capazes de uso aps js0 como um referencial conta o qual nds medimoe casos indivi- ‘duais e qualquer imagem que se pareca com ele, mesmo de lange. Por conseguinte, cada caso teste e cada imagem tipica contém o abstrato no concreto, que os possbilta, posterlonmente, a conse~ ‘gir 0 objetivo fundamental da sociedad: crar classes apart dos ‘ndividuos. Desee modo, nis ndo podemas nunca dizer que conhe- ccemos um individuo, nem que és tentamos compreendé-Io, mas somente que n6s tentamos reconlhecé-o, isto é, descobrir que tipo de pessoa ele €, a que categoria pertence e assim por dante. ss ‘concretamente sigifics que ancorar implica também a priondade o veredicto sobre ojulgamento e do predicada sobre o sujet, O rototipo #a quintesséncia de tal priotidado, pois favorece apinides ji fetas e geralmente conduz a decisGes superapressadas ‘ais decides sto geralmente conseguidas par uma dessas dduas maneiras: generalizando ou particularizando, Algumas ve- 226, ume opinigo ja feta vor imediatamente & mente enés tenta- nos descobi a informaeao, ou. "o particular” que se aust a ela, gatas veves, nds emos detenminedo particular em mentee tenta- thos conseguir uma imagem precisa dele. Ganeralizando, nés 16 fiuzince as distncias, Nos selecionamos wma caratertsticaalea- fofiazpento ea usamos como uma categoria judeu,dosnte mental, ovela, nagdo agtesiva, ct. A carateristia se toma, como 968 almente fsse, coektensiva a todos os membros dessa categoria Cuando postva, nésregistramos nossa aceitacdo, quando éne- ative, nossa rojegdo,Paricuarzando, nds toanteros adistan- faemantemos o objeto sob analise, comoalgo divergente do pro- ‘ipo. Ao mesmo tempo, tentamos descobnix que carecteristce, rmotivagdo ou atiuce 0 toma distinto. Ao estudar as representa- oes soca da psicandise, eu tive possbildade de observar como imagem bésica do psicanalista podia, através da exageragio de tuna carateristica especiics~ sade, status, inllexciidade - set tmodlicada epariclanizeds, até chogar aproduzia do “pscana lista americano" e que algumnas vezes essas caraterstcas aram enfatizadas conjuntamente. De fto, a tendéncia para cassiicar, seja pela generalizagdo, ou pela paticuarizagdo, no é, de ne hum modo, una escolnapuremente intelectual, as retete uma atinde especitica pare com o objeto, umn desejode defini-lo como nrrmalou aberrante, isso que estéom jogo4m todas as classi cacies de colsas nto famflares - a necessidade de defin-las eomo conformes, ou divergentes, da nosma. Ademais, quando 16efalamos sobre similaridade cu divergéncia,identidade ou ‘iforenca, nds estamos ja dizendo precisamente isso, mas de uma maneire descomprometide, que esta desprovida de conse- qc socks, Existe uma tendéncia, entre pscélogos eociais, de ver a clas- sfieagio como ume operagso anata, envolvendo uma especie decatélogo de carteristicas separadas~ coda pete tipode cabe- Jp, formato do crénioe do nariz, etc. se for uma questao de raca ~ ‘com as quais 0 inaividuo é comparado e depois includ na cato- ‘ova da qual ee poesu mats caratersticas em commurn, Em outras Palaes, és algaremos sua expeciicidade, ou ndo especticida- do, sua similaidade ou diferenca, de acordo com uma carateist- ‘ou outta, Endo nos adimizemos que tal opetagSo anaitica tena ‘do ssumida, pois somente exemplos de laborer foram esta dados até agora e apenas sistemas de cassfoago quo no pos- ‘suem relagdo com o substrato das representagdes socais, como | ae por exempo a viséo coletiva do que esté senda entio lassificado, E devido a essa tencéncia que eu sinto que devo dizer algo mai ‘sobre minhas p1dprias observacoes sobre representagdes saci, ‘que mostraram que, quando nés classificamos, nés sempre faze ‘mos comparagdes Com wm protblipo, sempre nes perguntamos se ‘objeto comparado é normal, ou anormal, em relagao a ele © ten tamos responder & questo: "E ele como deve ser, ou nda?’ Essa discrepéncia tem consequéncias praticas. Pols, se mi: nhas observagbes estao cortetas, entdo todos nassos “preconcel- tos", sojam nactonals, raciais, geracionais ou quaisquer que al- .guém tena, somente podem ser superads pela mudanga de nos sas tepresentagGes sociais da cultura, da “natureza humana’ ee ‘sim por diante. Se, por outro lado, 6 visdo dominante que 6 a cor rea, ent4o a linica coisa que precisamas fazer é persuadi 08 gra: bos ou individuos contrérios, quo eles possuem wna quantidade ‘enorme de caratoristicas em comum, que eles so, de fato, espan- tosamente semelhantes e com isso nés nos livamos de classifi ‘cages profundas e répidas e de estorestipas mituos, O sucess0 bastante limitado desse projeto até essa data, contudo, pode su (gont que 0 outro é digno de ser tentado, Por outio lado, éimpossivelclaslfear sem, ao mesmo tempo, dar nomes. Na vedade, essas sto duas atividades distintas, Em nossa sociedade, nomesr, calocar um nome em alguma coisa ow ‘em alguém, possui um significado multo especial, quase solone, ‘Ao nomear algo, ns o lbertamos de um anonimato perturbador, para doté-1o de uma genealogia e para inciui-lo em um complexe de palavzas espocificas, paralocali2a-o, de fto, na matri de iden- tidade de nossa cultura, Defato, oque éandnimo, o que no pocie ser nomeado, nio se pode tomar uma imagem comunicavel ou ser facilmente ligado a coutras imagens. E relegado ao mundo da confusio, incerteza ‘narticulagdo, mesmo quando nés somos capazes de classficé-o aproximadamente como normal ou anormal. Claudine Herzlich (ERZLICH, 1972), em um estudo sobre representagoes sociais da slide e da doenca, analisou admiravelmente esse aspect tusiva dos sintomas, as tentativas muitas vezes fracassadas que todos ‘és fazemos para prendé-los pela fala ea maneiza como eles esca- pam de nossas garras, como um peixe escapa das malhas larga ‘de uma rede. Dar nome, dizer que algo ¢ isso au aquilo - se neces: 6 iro, inventar palavias para esse fim ~ nos possbllta constrult {ima malha que o9ja suficientemente pequena pare impedit que o peine escape e desse modo nos da possibildade de representar fss2 realidade. O resultado é sempre algo arbitréio, mas, desde {quo consensoseja estabelocido, aassoctagdo da palavra coma pisa se toma comum e necesséra, De modo geal, minhas cbservapdes provam que dar nome a uma pessoa ou coisa 6 precipitéla (como uma solugo quimica é preciltada) e que as consequéncias da esultantes 820 tiplices: a) tima vez nomeada, a pessoa ou onisa pade ser descrita e adquire coaras catacteristicas, tendéncias ete; b) a pessoa, 04 coisa, tor na-se distinta de outs pessoas ou objets, através dassas oaracte. risticas@ tencéncias;c) a pessoa ou coisa toma-se 0 abjeto de uma, ‘convangio entre os que adotam epartham a mestna convencio. estado de Claudine Herzlich revela que orétule convencional “adiga” relaciona um conjunto de sintamas vagos a certs padres sociaise individuals, distingue-os dos conoeitos de daenga e said fe tomns-os aceitéveis, quase justificiveis, 4 nossa sociedade. E, pois, mnitido falar sobre nossa fadige dizer quo estamos solrendo {de cansago e reclamar oertos creltos que, notmalmente, em urna snciedade baseada no trabalho e bem-estar,seriam proibidos. Em cutias palavras, algo que era antes negado @ agora admitido, Rul capaz de fazer eu mesmo una ebservago semelhante Peroebi que tetmos psicanaliticns coma “neuros” ou "complexo” ‘davam consisténcia e mesmo realidade a estados de tensao, de- sajustamento, de alionagao mesmo, que costumavam ser vistas, como meio-caminho entre a “loucura’ e a “sanidade", mas nunca «ram levados muito a séro. Bra 6bvio que, na medida em que re- ‘cebiam um nome, eles paravam de incomodar. A psicanslise & também responsavel pela proliferacdo de termos derivados de um ‘modelo tinico, de tal modo que nés vemos tum sintoma psiquico rotulado “complexo de timide2”, "complexo de gémeos”, "cam blexo de poder’, “complexo de Sardandpalo" quo, esta claro, ndo ‘fo termos peicanaliticos, mas palavras cunhadas para imitloe, ‘Ao mesmo tempo, o Vocabulétto psicanaltico se ancora no vaca: bularo da linguagem do dia a dia e toma-se, assim, sociaizado. ‘Tudo oque era incémodo e enignstico sobre éesas teoras eat re lacionado a sintomas, ou a pessoas, que eram vistas como algo {que incomodava ou perturbava, com o objetivo de consteulr ima @7 gens estaveis, dentto de um contexto organtzado, que néo tem abs solutamente nada de perturbedor em si mesmo, "Na realidad, 6 dada uma dentidade social ao que nA esta ‘entificado — 0 conceito clentifico toma-se part de inguager comium os individvos ou sintomas nio sao mais que trmns t8o- nicos familiares e cientlicos, dado um sentido, ao que antes no o tinha, no mundo consensjal, Poderiamos quase dizar qua e2ea Auplicagdo e proiferagdo de nomes comesponde a uma tendéncia ‘nominalistica, a uma nocessidade de identifica: os serese cose, ajustando-os em uma representacdo socal predominante. Ch thainos antes aatencao & multiplicacso de “compleros" que acom. ppanhou a populrizagaoda psicandlise etomouo lugar de expres: es coments, tals Como “timidez",“eutordade",“imaos", ete (Com 860, 0s que falam eos de quem se fala sto forgados a ebtar fem uma matriz de identidade que eles ndo escolheram e sobre a «qual oles nao poasuem conte Podemos até mesmo ir ao ponto de sugenit que essa & a ma- neira como todas as manifestagdes nommais e divergentes da exis- ‘encia social so rotuladas ~ indviduos e grupos sao estigmatiza- dos, seja psicoldgica, seja politicamente. Por exemplo, quando rnés chamamos wma pessoa, cujas opinides nao estdo de acordo com a ideologia corente, de um "inimigo do povo", o ero que, de acordo com aquelaideologia, sugere uma imagem definida,« ‘ut essa pessoa da soctedade a qual ela pertence.E, pois, eviden- ‘e que dar nomendo é ume operagdo puramente intelectual, como objetivo de consoguir uma clareza ou coeréncia ica, E uma ope: raga relacionada com wna aitude social, Tal observacao& ditada polo senso comum e nunca deve ser ignorada, pois ela é valida para todas os casos nao apenas para os casos excepcionais que ‘eu dei como exemplos, Sintetizands, classificar e dar nomes sa dois aspectos dessa ‘ancotagem das representagdes. Categorias e nomes partlham do ‘que ohistoriador de arte Gombrich chamou de “sociedad de oon- celtos”. E ndo simplesmente em seu contetdo, mas tambémn em suas relagdes. Nao nogo, de modo alguum, o fato de que eles sta naturalmente logicose tenclem a uma estabilidade e consistancia, ‘como asseguram Heider e outros. Nem que tal ordem seja prava- vvelmente exigente. Posso ajudar, contudo, a abservar que ossas telagdes de estabilidade e consistencia sao altamente rarefeitas ¢ ego abettaptes rigorosas que no se relacionam, nem diet, nem fperacionalmento, com a ctiagéo de representagdes. Por outro taao,elagdes diferentes, que so induzidas por padibes soiais © ‘dem umn caleoscépio de imagens ou emoobes, podem ser ‘istas como presontes. A amizade parece desempenhar uma parte Jmportanto na peicologa de Fitz Heider, quando ele enalisaas re Jagbes peseoai (fo capitulo de Fiamentnesse vlumo) Som di ‘ida, ele chama isso pelo nome geral de establidade, mas deve ‘ar claro para tocios que, ent os exemplos possives de estabil- Gade, ol ecolheu este como um protétipo para todos os outros. ‘A familia & outra imagem muito popular para relagées em ge- ‘al Assi, intelectuase trabalhadores so descritos como irmos, {amplexos, coma pais; ¢0s neurétioos, como filhos ("0 complex Go pai do neurStico’, como disse alguem recentemente em uma entrevista); e assim por diante. © confito ocupa o hugar de outro tipo de relacao eesta sempre implicito em toda descricao de pares ‘onttastantes: 0 queotenma “normal” implica eo que ele exch & ‘imensio conscientee inconsciente do individuo; 0 que n6s cha: ‘amos satide eo que nés chamamos doenca, A hastiidade esta também sempre presente, como pano de fundo, quando n6s oom: paramos ragas, nagoes ou classes. Brelagées de forgaefraqueza ‘fequentemente definem preferéncias, onde a hierarqula abrange asvanas categorias e nomes, Bu cto aleatoriamente, mas valeria & pena explorer, em detalhe, as maneiras em que alégica da lingua dom expressa a telagio entre os elementos de um sistema de clas- atfcagdo e 0 processo de dar nome. Padres mais sugestives do que 08 com quo nés estamos agora famibarizados podem emergr. ‘Noseos padres atuas so, de qualquer modo, muito arifcais de ‘um ponto de vista psicoldgioo socialmente vazios de sentido. © {ato éque se néstomamos a estabilidade como um tipo de amiza de, ou 0 conflito comno uma hostiidade total, ésimplesmente por- queos padrdes so mais acessiveis ¢ concretos em tals formas pociem ser cortelacionados com nossos pensamentos © emo- 56es; temos, pois, malores posstbildades de expressé-los ou de Inclu-los em uma descricdo que ser faclmenteinteligivel a qual- quer pessoa, £ esse o resultado da rtinizagao — um processo que ‘os possilita pronunciar, ler ou eserever uma palavta ou nogao famitiar no iugar de, on preferencialmente, a uma palavra au no- (io menos familiar

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