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No0 244 — 22-10-1990 MINISTERIO DA INDUSTRIA E ENERGIA Decreto-Lel n.° 328/90 do 22 de Outubso A medida e controlo dos consumos de energia eléc- trica e da poténcia tomada sao alvo de préticas frau dulentas assaz generalizadas a nivel internacional, vi- sando a redugdo dos valores facturados, com a consequente fuga ao pagamento dos consumos reais. ‘Sto exemplo disso a captagdo de energia sem apare- Ihos de medigdo ou a montante destes e a viciagdo des- ses aparelhos ou dos dispositivos de seguranca e de con- trolo. caso portugués nao € excepedo, apesar das medi- das que vém sendo tomadas, mediante a montagem de aparelhagem e de dispositivos cada vez mais sofistica- dos ¢ do acompanhamento, cada vez mais rigoroso, das leituras ¢ da facturacdo, tendo em vista revelar a exis- téncia de situagdes fraudulentas. ‘Acresce que a regulamentacdo existente sobre a ma- téria ndo s0 nao abrange todas as situagdes de fraude, como se tem mostrado pouco eficaz na reparagdo e pre- vengao das mesmas. ‘Além disso, estando em causa um bem essencial — a energia eléctrica — e 0 servico piiblico da sua distri- buigdo, as praticas referidas, além de constituirem uma violacdo do contrato de fornecimento de energia eléc- trica, por fuga ao pagamento devido, configuram ainda uum ilicito social Parece, pois, indispensdvel e urgente tomar medidas que sejam adequadas a erradicacdo de tais praticas e, 40 mesmo tempo, permitir que os distribuidores se pos- sam ressarcir do’ valor dos consumos verificados du- rante a existéncia da fraude ¢ das despesas dela emer- entes, Assim: Nos termos da alinea a) do n.° 1 do artigo 201.° da Constituigéo, 0 Governo decreta o seguinte: Artigo 1.°'— 1 — Constitui violagdo do contrato de fornecimento de energia eléctrica qualquer procedi- mento fraudulento susceptivel de falsear a medigdo da energia eléctrica consumida ou da poténcia tomada, de- signadamente a captacdo de energia a montante do ‘equipamento de medida, a viciacdo, por qualquer meio, do funcionamento normal dos aparelhos de medida ou de controlo da poténcia, bem como a alterago dos dis- positives de seguranca, levada a cabo através da que- bbra dos selos ou por violagdo dos fechos ou fechaduras. 2.— Qualquer procedimento fraudulento detectado no recinto ou local exclusivamente servido por uma ins- talacdo de utilizacdo de energia eléctrica presume-se, salvo prova em contrério, imputdvel ao respectivo con- sumidor. Art. 2.° — 1 — Sempre que haja indicios ou se sus- peite da prética de qualquer procedimento fraudulento, © distribuidor podera proceder & inspecgao da respec: tiva instalagdo eléctrica, por meio de um técnico seu, entre as 10 € as 18 horas, o qual poderé, quando o julgar conveniente, solicitar a presenga da’ autoridade policial competente. 2 — Da inspecgéo ser lavrado auto, onde, sendo caso disso, se fard’a descricdo sumédria do procedimento fraudulento detectado, bem como de quaisquer outros DIARIO DA REPUBLICA — I SE ERIE 4341 elementos que possam interessar & imputagio da cor- respondente responsabilidade. 3 — O auto de vistoria sera lavrado, sempre que pos sivel, em presenga do consumidor ou de quem no lo- cal o represente, designadamente um seu familiar ou cempregado, e deverd ser instruido com os elementos de prova eventualmente recolhidos; deste auto sera deixada cépia ao consumidor. 4 — No caso de 0 consumidor nao permitir que 0 distribuidor proceda a inspecgdo referida no n.° I, este poderé interromper de imediato o fornecimento de ‘energia eléctrica, participando tal facto & Direcgdo- -Geral de Energia, Art. 3.° — 1 — Se da inspecedo referida no artigo anterior se concluir pela existéncia de violacZo do con- trato de fornecimento de energia eléctrica por fraude imputdvel ao consumidor, 0 distribuidor goza dos se- guintes direitos: a) Interromper 0 fornecimento de energia eléctrica, selando a respectiva entrada; ) Ser ressarcido do valor do consumo irregular- mente feito ¢ das despesas inerentes & verifica- do ¢ eliminagdo da fraude e dos juros que es- tiverem estabelecidos para as dividas activas do distribuidor. 2 — Quando o consumidor nao seja o autor do pro- cedimento fraudulento ou por ele responsavel, o di tribuidor tem apenas direito a ser ressarcido do valor do consumo irregularmente feito pelo consumidor. Art, 4.° — 1 — Q direito consagrado na alinea a) do ° 1 do artigo 3.° $6 pode ser exercido depois de o distribuidor ter notificado, por escrito, 0 consumidor do valor presumido do consumo irregularmente feito € de 0 ter informado dos seus direitos, nomeadamente 0 de poder requerer & Direcgdo-Geral de Energia a vis- toria prevista no artigo seguinte. 2 —O consumidor pode obstar a interrupgdo do for- necimento, assumindo, por escrito, perante o distribui- dor a responsabilidade pelo pagamento, no prazo que, na falta de acordo, este estabelecer, das verbas que the forem devidas nos termos da alinea b) do n.° 1 do ar- tigo 3.° 3 — Se 0 consumidor nao efectuar, no prazo esta- belecido ou acordado, o pagamento das verbas referi- das no mimero anterior, o distribuidor retoma o di- reito de interromper o fornecimento. — 1 — Sempre que o distribuidor use do di ferromper 0 fornecimento de energia elé ard de imediato o facto a Direcgao-Geral de Energia, juntando cépia do auto referido non.” 2 do artigo 2.°, bem como toda a correspondéncia tro- cada com 0 consumidor. 2 — Sempre que 0 consumidor entenda nao ter co- metido qualquer fraude, poderd requerer & Direccdo- -Geral de Energia, sem prejuizo do direito de recorrer aos tribunais, a vistoria da instalagdo eléctrica, a qual sera sempre realizada no prazo maximo de 48 horas. 3 — Se, em virtude da vistoria referida no niimero anterior, a Direcedo-Geral de Energia concluir pela ine- xisténcia de qualquer procedimento fraudulento, orde- hard ao distribuidor 0 imediato restabelecimento do fornecimento de energia eléctrica, tendo, neste caso, 0 distribuidor o dever de indemnizar 0 consumidor pe los prejuizos causados. 4 — Pela vistoria referida no n.° 2, a Direcgdo-Geral de Energia cobrara ao consumidor ou ao distribuidor, 4342 conforme verificar ou ndo a existéncia da fraude, uma quantia a estabelecer por portaria do Ministro da In- diistria e Energia, que constituira receita daquela Direcgdo-Geral. Art. 6.° —1— Para a determinacao do valor do consumo irregularmente feito ter-se- em conta 0 tari- fério aplicavel, bem como todos os factos relevantes para a estimativa do consumo real durante 0 periodo fem que 0 acto fraudulento se manteve, designadamente as caracteristicas da instalagdo de utilizagdo, 0 seu re- gime de funcionamento, as leituras antecedentes, s¢ as houver, e as leituras posteriores, sempre que necessério. 2 — Para a determinagdo das despesas inerentes & ve- Tificagdo e eliminagdo da fraude, designadamente & re- paracéo ou substitui¢ao dos aparelhos danificados, ter- -se-’o em conta os respectivos custos directos associados & operagio, acrescidos dos gastos gerais cor- respondentes. Art. 7.° O fornecimento de energia eléctrica, quando interrompido em consequéncia da existéncia de qual- quer procedimento fraudulento, s6 serd restabelecido depois de 0 consumidor haver efectuado ou acordado com 0 distribuidor 0 pagamento da importancia que for devida nos termos da alinea b) do n.° 1 do ar- tigo 3.° Art, 8.° — 1 — O consumidor, sem prejuizo do di- reito que the assiste de recorrer aos tribunais, poderd requerer a arbitragem da indemnizagao a que tenha di- reito por interrupgéo do fornecimento de energia eléc- trica, quando esta for considerada indevida, ou das quantias que tenha pago em consequéncia do acto frau- dulento praticado, quando as considere exageradas. 2.— A arbitragem € da competéncia do director-geral de Energia, podendo ser delegada nos directores dos servicos regionais daquela Direc¢ao-Geral. @ DIARIO DA REPUBLICA Depsito legal n° 8814/85 ISSN 0870-9963 IMPRENSA NACIONAL-CASA DA MOEDA, E. P. AVISO Por ordem superior e para constar, comunica- -se que ndo sero aceites quaisquer originais des- tinados a0 Didrio da Repiiblica desde que nao tra- + gam aposta a competente ordem de publicacé } assinada e autenticada com selo branco. DIARIO DA REPUBLICA 1 SERIE No 24s — 3 — A Direerio-Geral de Energia proferiré decisio fundamentada no prazo dle um més a contar da apre- sentago do pedido do consumidor. Art, 9.° Os distribuidores de energia eléctrica envia- rao trimestralmente & Direcedo-Geral de Energia uma listagem das fraudes verificadas naquele periodo, onde conste 0 municipio, o nivel de tensdo, se houve ou ndo participagio Aquela Direc¢do-Geral, a estimativa da energia fraudulentamente consumida e 0 respective custo. Art. 10.° O estabelecido no presente diploma nfo im- pede 6 exercicio da acco penal quando for caso disso. . 11.° As competéncias atribuidas pelo presente diploma & Direcedo-Geral de Energia serdo exercidas nas Regides Auténomas dos Acores ¢ da Madeira pe- los drgaos ¢ servigos regionais definidos pelos respec- tivos drgios de governo préprio. ‘Art. 12.° E revogada toda a legistagio em contré- rio, nomeadamente os artigos 33.° a 36.° das «Condi- ges gerais de venda de energia eléctrica em alta ten- ston, anexas ao Decreto-Lei n.° 43335, de 19 de Novembro de 1960. Visto e aprovado em Conselho de Ministros de 13 de Setembro de 1990. — Joaquim Fernando No- ‘gueira — José Oliveira Costa — Alvaro José Brilhante Laborinho Lyicio — Luis Fernando Mira Amaral — Fernando Nunes Ferreira Real. Promulgado em 4 de Outubro de 1990. Publique-se. Presidente da Repiiblica, MARIO SOARES. Referendado em 10 de Outubro de 1990. O Primeiro-Ministro, Anibal Anténio Cavaco Silva. Prego de pigins para venda avulso, S$; prepo por linha de ansincio, 1048, 2 — Para os novos assinantes do Didrio da Assembleia da Replica, © periodo da assinatura serd compreendido de ‘aneiro a Dezembro de cada ano. Os mimeros publicados em [Novembro e Dezembro do ano anterior que completam a legis: latura serdo adquiridos a0 preso de capa. 3 — 0s prazos de reclamasto de faltas do Diério da Repi- ‘lice para o continente eregides auténomas ¢ estrangciro sto, tespectivamente, de 30 © 90 dias & data da sua publicasdo.

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