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638 ROCHA LIMA RIMA 1) Rima € a identidade, ou semelhanga, de sons dentro de um verso, ‘ou no final de um verso em relagio a outro. Admite-se tenha sido introduzida no século IX, pelo poeta religioso Otfried, monge beneditino da abadia de Wissenburgo, na baixa Alsdcia, autor do Livro dos Evangelos, poema da vida de Cristo. Vulgarizaram-na na Espanha os drabes, e, mais tarde, pelos trovadores provengais foi adaptada as linguas romanicas. 2) Classificam-se as rimas em: toantes a) § consoantes aliteradas masculinas ©) femininas ticas pobres raras °) preciosas emparelhadas alternadas d) cruzadas encadeadas iteradas misturadas Por pertencer a uma rica familia de fendmenos ritmicos, tais como a anéfora, a assonancia, a aliteragao, as pausas, os acentos, a reiteragao de vocabulos em lugares fixos ou nao, etc. — a rima GRAMATICA NORMATIVA DA LINGUA PORTUGUESA 639 “nao € aderego do poema, engaste que se queira mais acabado ou mais raro, antes desempenha uma fungio estética e tem um valor expressivo, harmoniza-se no todo poético e converge, com outros elementos da com- posigio, para um fim tinico, o significante poético”.* TOANTES, CONSOANTES E ALITERADAS As toantes apresentam identidade somente nas vogais t6nicas: l#cido ediliiculo, drvore e pdlido, boca e boa. “Molha em teu pranto de aurora as minhas mos pdlidas, Molha-as. Assim eu as quero levar a boca, em espirito de humildade, como um cdlice de peniténcia em que a minha alma se faz boa...” (MANUEL BANDEIRA) As consoantes guardam conformidade total de fonemas, a partir da vogal ténica: destino, pequenino, sino; vejo, desejo, etc. “O homem desperta e sai, cada alvorada, para o acaso das coisas... E, 4 saida, leva uma crenga vaga, indefinida, de achar o Ideal nalguma encruzilhada. ” (RAUL DE LEONI) As aliteradas — raras na moderna poesia portuguesa — sao as que tém a mesma consoante inicial. Foi a forma rudimentar da rima, frequente na tradigao popular, nos provérbios, Na segunda estrofe da “Cangao do exilio”, Gongalves Dias rimou Primores com palmeiras, rima aliterada, a par de morra com primores, rima toante, e de Ié com cd e sabid, rima consoante. “Nao permita Deus que eu morra sem que eu volte para 14; sem que desfrute os primores que nao encontro por ca; sem qu’inda aviste as palmeiras onde canta o sabid.” “Hélcio Ma s, Arima na poesia de Carlos Drummond de Andrade, Rio de Janeiro: José Olympio, 1968, p. 26. Digitalizado com CamScanner

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