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As Barragens da Fé

(Abutsubo Ama Goze Gohenji – Págs. 1307 a 1308)

Em sua carta, a senhora perguntou-me de que forma o efeito varia de acordo com o grau de calúnia contra o Budismo. Para começar, o
Sutra de Lótus foi ensinado para conduzir todas as pessoas à iluminação. Contudo, somente aqueles que possuem fé no mesmo
atingem a iluminação. Aqueles que o caluniam caem no inferno de incessante sofrimento. Como o sutra afirma: “Aquele que se recusar
a acreditar neste sutra e, ao invés disso, o calunia, imediatamente destrói as sementes para se tornar um Buda neste mundo…Após
morrer, cairá no inferno de incessante sofrimento”.

Há vários graus de calúnia. Mesmo entre as pessoas que abraçam o Sutra de Lótus, são poucas a que sustentam firmemente tanto na
mente quanto na ação. Porém, aquelas que o fazem não sofrerão grave punição, ainda que tenham cometido ofensas menores contra o
Budismo. A fé sólida delas expia seus pecados tão seguramente quanto uma enchente extingue pequenas chamas.

No Sutra Nirvana, Sakyamuni declara: “Se mesmo um bom sacerdote vê alguém caluniando a Lei e faz pouco caso dele, deixando de
reprová-lo, de desalojá-lo ou de puní-lo pela sua ofensa, então, esse sacerdote está traindo o Budismo. Entretanto, se repreende
severamente o caluniador, o rechaça e o pune, então, ele é meu discípulo e uma pessoa que realmente compreende os meus ensinos”.

Esta advertência me força a manifestar-me contra a calúnia, a despeito da perseguição que enfrento, pois temo que eu possa tornar-me
um inimigo do Budismo, caso não o faça.

Contudo, a calúnia pode ser secundária ou grave, e há ocasiões em que devemos tomar pouco conhecimento dela ao invés de atacá-la.
Os adeptos das seitas Tendai e Shingon caluniam o Sutra de Lótus e devem ser refutados. Porém sem uma grande sabedoria é muito
difícil distinguir corretamente as doutrinas delas dos ensinos que Nitiren expõe. Portanto, às vezes, deve estar bem prevenido para
deter-se de acatá-las, assim como eu fiz no “Tratado para a Pacificação da Terra Através do Estabelecimento do Verdadeiro
Ensino”(Rissho Ankoku Ron).

Reprovemos ou não, uma outra pessoa pela sua calúnia, é difícil impedí-la de cometer um pecado grave. Se vemos ou ouvimos alguém
cometer a calúnia, e não fazemos tentativa alguma para fazê-lo parar, embora ele pudesse ser salvo, traímos nossos grandes dons de
audição e visão e, deste modo, cometemos um ato de total inclemência.

Chang-an (Shoan) escreve: “Se favorecer uma outra pessoa mas não possuir a benevolência para corrigí-la, o senhor é, na verdade, um
inimigo dela”. As conseqüências dessa ofensa são extremamente difíceis de se apagar. O mais importante é fortalecer continuamente a
sua compaixão para salvar os outros de suas próprias naturezas caluniosas.

Quando as calúnias de uma pessoa são secundárias, ela pode, algumas vezes, precisar ser admoestada, mas outras vezes isso é
desnecessário, pois ela pode ser capaz de corrigir seus erros sem que ninguém lhe diga para fazê-lo. Reprove uma pessoa por agir
contra o Budismo, quando necessário, para que ambos possam evitar a conseqüência da calúnia. Então, deve perdoá-la. A questão é
que mesmo calúnias secundárias podem levar a calúnias graves, e os efeitos que a pessoa terá que sofrer serão muito piores. É isto que
Chang-an (Shoan) pretendia dizer quando escreveu: “Remover o mal de um homem é como ser um pai para ele”.

Há exemplos de calúnia mesmo entre os discípulos e crentes de Nitiren. Tenho certeza que ouviu a respeito de Itinosawa Nyudo. Em seu
coração, ele é um dos discípulos de Nitiren, mas externamente ainda permanece na seita Nembutsu. Portanto, estou muito preocupado
com a sua própria existência, e o presenteei com os dez volumes do Sutra de Lótus.

Fortaleça a sua fé, mais do que nunca. Qualquer um que ensine as verdades do Budismo aos outros com certeza atrairá sobre si o ódio
de homens e mulheres, sacerdotes e freiras. Deixe que digam o que desejarem. O mais importante é que confie a sua vida aos ensinos
dourados do Sutra de Lótus, ao Buda Sakyamuni, a Tientai (Tendai), Miao-lo (Myoraku), Dengyo e Chang-an (Shoan). Este é o modo de
praticar corretamente, de acordo com os ensinos do Buda. O Sutra de Lótus diz: “Se alguém ensinar este sutra por mesmo um momento
na temível era que virá, ele receberá o apoio de todos os céus”. Esta passagem explana que, nos Últimos Dias, quando pessoas más,
maculadas pelos três venenos, predominarão, qualquer um que abrace o verdadeiro ensino durante mesmo um curto período será
auxiliado e apoiado pelos céus.

Agora, deve nutrir o grande desejo de atingir a iluminação para a felicidade em sua próxima vida. Se duvidar ou caluniar o mínimo que
seja, cairá no inferno de incessante sofrimento. Suponha que haja um navio que viaje em mar aberto. Mesmo que a embarcação seja
construída fortemente, se tiver a menor fenda, os passageiros certamente afundarão juntos. Mesmo que a barragem entre as plantações
de arroz seja firme, se houver apenas uma única e minúscula rachadura nela, a água jamais será contida. Deve tirar a água da dúvida e
da calúnia do navio de sua vida e solidificar as barragens de sua fé. Se a ofensa de um praticante for superficial, perdoe-o e o leve a
obter benefícios. Se for grave, advirta-o a fortalecer a sua fé para que ele possa expiar o pecado.

A senhora é uma mulher extraordinária, pois pediu-me para explanar os efeitos dos vários graus de calúnia. A senhora é tão louvável
quanto a filha do Rei Dragão quando ela disse: “Revelei a doutrina Mahayana para salvar as pessoas do sofrimento”. O Sutra de Lótus
afirma: “Perguntar sobre o significado deste sutra será realmente difícil”. Há muito poucas pessoas que inquirem sobre o significado do
Sutra de Lótus. Esteja sempre determinada a denunciar calúnias contra o Budismo usando o máximo de sua habilidade. É de fato
extraordinário que me ajude a revelar meus ensinos.

Respeitosamente,

Nitiren

3 de setembro de 1275
 

Fundo de Cena

Nitiren escreveu esta carta no Monte Minobu, em 3 de setembro de 1275, no segundo ano após o seu retorno da Ilha de Sado. Na
ocasião, ele contava com 54 anos de idade. A recebedora desta carta, Senniti-ama morava em Sado. Ela e seu marido, Abutsubo, haviam
abraçado o ensino de Nitiren Daishonin durante o seu exílio naquele local.

Pouco se sabe sobre as origens de Senniti-ama. De acordo com a tradição, ela foi, outrora, dama de companhia de Uemon-no-Suke, que
servia o Imperador Aposentado Jotoku e o acompanhou ao exílio quando este foi banido para Sado após a derrota das forças imperiais
no Distúrbio Jokyu em 1221. Contudo, descobertas recentes parecem indicar que tanto Senniti-ama como Abutsubo eram
provavelmente, nativos de Sado. O casal já estava bastante idoso quando os dois tornaram-se discípulos de Nitiren Daishonin.

Nitiren Daishonin havia sido banido à pequena Ilha de Sado no Mar do Japão em outubro de 1271, após uma tentativa fracassada de
decapitá-lo em Tatsunokuti em 12 de setembro de 1271. Nessa ilha desolada e fria, ele recebe como morada uma minúscula capela em
ruínas chamada Sanmai-do, que localizava-se num campo usado como cemitério, exposto a ventos gelados. A neve entrava pelos
buracos do teto e das paredes, e afirma-se que a certa altura, Nitiren Daishonin possuía somente um casaco de palha para protegê-lo. As
autoridades tinha a total intenção de que ele morresse. Além da falta de alimentação e abrigo, ele teve que lutar contra a hostilidade dos
habitantes da ilha, a maioria composta de praticantes da Terra Pura, que enfureciam ao ouvir que o ‘mau sacerdote Nitiren’, que
denunciou a fé que abraçavam, havia se instalado em Sado. Conta-se que Abutsubo, ele próprio um seguidor da seita da Terra Pura, foi
até Sanmai-do aos gritos para enfrentar Nitiren Daishonin num debate, mas foi convertido aos seus ensinos e nunca mais recitou a
Nembutsu novamente.

A esposa de Abutsubo, Senniti-ama, também se converteu e, a partir de então, o idoso casal serviu a Daishonin com coragem e devoção.
Embora o auxílio aos exilados fosse proibido por lei, eles se expuseram ao descontentamento da comunidade para prover-lhe alimento,
materiais para escrita e outras necessidades, enganando por repetidas vezes, a guarda colocada ao redor de Sanmai-do, para visitá-lo
tarde da noite. Numa carta escrita a Senniti-ama datada de 1278, Nitiren Daishonin diz: “Em que existência eu poderia esquecer a sua
bondade ? Foi como se minha própria mãe tivesse renascido nessa província de Sado”. (Gosho Zenshu, pág. 1313). O casal continuou a
assistir Nitiren Daishonin até ele ser perdoado e deixar a ilha em 1274. Eles se mantiveram profundamente dedicados à fé durante toda a
sua vida e esforçaram para propagar os ensinos de Nitiren Daishonin entre os habitantes de Sado. Após Nitiren retirar-se ao Monte
Minobu, Senniti-ama enviou o seu marido três vezes para visitá-lo.

Nitiren Daishonin escreveu esta carta especialmente em resposta à pergunta de Senniti-ama sobre como os efeitos variam de acordo
com a profundidade da calúnia da pessoa. Ele explana que calúnia – infamação da Lei Verdadeira, seja em pensamento, palavra ou ação
– forma a causa fundamental para o sofrimento, e deste modo, devemos nos esforçar para eliminá-la e ajudar os outros a fazerem o
mesmo. Entretanto, embora devamos ser consistentemente rigorosos em relação a nós mesmos a esse respeito, apontar ou não, os
erros de outras pessoas, depende de circunstâncias específicas. Em todos os casos, explana Nitiren Daishonin, devemos ser guiados
pela sabedoria e compaixão.  

Carta a Endo Saemon-no-jo


(Endo Saemon-no-jo Gosho, pág.1336)

Recebi recentemente um indulto oficial e estou, no momento, retornando a Kamakura. Será este o ano no qual a passagem: "Agora, os
votos originais que fiz já foram cumpridos"(1), se concretizará para mim ?

Se não fosse a sua proteção, seria possível eu ter mantido a minha vida ? Eu poderia ter sobrevivido até ser perdoado ? Todas as
realizações de minha vida devem-se unicamente ao senhor. O Sutra de Lótus diz: "Os jovens filhos das divindades celestiais o
atenderão e o servirão. Espadas e bastões não tocarão, e o veneno não terá o poder de lesá-lo"(2). Como é reconfortante este sutra!

Sendo este o caso, o senhor deve ser um emissário enviado pelos deuses celestes Bonten e Taishaku. Conceder-lhe-ei meus selos
como um promessa de que irá renascer (na Terra Pura do) Pico da Águia.

Deve levar um deles consigo para a sua próxima existência. (Quando chegar) ao Pico da Águia, chame: "Nitiren, Nitiren!" e eu virei
encontrá-lo nessa ocasião. Escrever-lhe-ei novamente de Kamakura.

Nitiren

Em 12 de março de 1274.

Fundo de Cena

No dia 8 de março de 1274, um enviado do governo alcançou a ilha de Sado com uma carta de perdão para Nitiren Daishonin. Deste
modo, terminaram os mais de dois anos de exílio, um período no qual Nitiren Daishonin escreveu vários de seus mais importantes
Goshos e estabeleceu a base doutrinal para inscrever o objeto de devoção para se atingir o Estado de Buda, a ser concedido para toda a
humanidade.
Nitiren Daishonin e seu grupo deixaram Sado no dia 13 de março. Ele escreveu esta carta para Endo Saemon-no-jo no dia que
imediatamente precedeu sua partida. Pouco se sabe a respeito dessa pessoa, embora pareça ter sido um samurai, e segundo algumas
opiniões, fosse parente de Abutsu-bo. Esta é a única carta remanescente endereçada a ele. Neste sentido, pode-se dizer que representa
os muitos corajosos seguidores de Nitiren Daishonin cujos nomes não nos foram transmitidos.

Apesar de extremamente breve, esta carta exprime, de forma vívida, a gratidão de Nitiren Daishonin pela assistência de Endo durante o
seu exílio. Ele também assegura calorosamente a Endo que a sua devoção na fé garantirá a sua felicidade futura.

Notas

1. Sutra de Lótus, capítulo 2.


2. Ibidem, capítulo 14. Esta passagem refere-se ao benefício daquele que abraça o Sutra de Lótus.
3. Sobre atingir o Estado de Buda
(Issho Jobutsu Sho)
4.

5. Se o senhor deseja livrar-se dos sofrimentos de nascimento e morte que vem suportando por eras eternas e deseja
alcançar a suprema iluminação nesta existência, deve despertar para a verdade mística que sempre existiu dentro da
sua vida. Esta verdade é o Myoho-rengue-kyo. Recitar o Myoho-rengue-kyo, portanto, capacita-lo-á a compreender a
verdade mística dentro da sua vida. Myoho-rengue-kyo é o rei dos sutras, perfeita tanto nos caracteres como nos
princípios. Suas palavras são a realidade da vida, e a realidade da vida é a Lei Mística. Esta é assim chamada porque
elucida inclusive a mutualidade do relacionamento da vida e todos os fenômenos. Esta é a razão deste sutra ser
considerado Myoho-rengue-kyo, 'a sabedoria de todos os Budas'.
6. A vida, em cada momento, engloba tanto o corpo como o espírito, a entidade e o ambiente de todos os seres
sensíveis em todas as condições de vida, assim como seres insensíveis: plantas, céus e terras, até as mais
minúsculas partículas de pó. A vida, em cada momento, permeia o universo e revela-se em todos os fenômenos.
Aquele que entende esta verdade, demonstra a integridade da vida como o mundo fenomenal. Contudo, mesmo que
recite e conserve o Myoho-rengue-kyo, se pensa que o estado de Buda existe fora do seu coração, isto já não é mais
Lei Mística; é um ensino contrário a ela. Sendo assim, não é mais um ensino do Sutra de Lótus, mas um ensino
provisório. Portanto, não é um caminho direto à iluminação. Desde que não é um caminho direto à iluminação, mesmo
que pratique por um tempo incalculavelmente longo, não se pode atingir a iluminação. Por esta razão, torna-se muito
difícil atingi-la. Portanto, quando se recita a Lei Mística e se lê o Nam-myoho-rengue-kyo, faça despertar a profunda fé
que está indicando a sua própria vida, denominando-a de Nam-myoho-rengue-kyo.
7. Jamais pense que os 80.000 ensinos de Sakyamuni, assim como todos os Budas e Bodhsattvas do universo, existem
fora de sua vida. Mesmo que estude o Budismo, se não perceber a natureza de sua própria vida, não se pode afastar
do sofrimento da vida e da morte. Se procura o caminho fora de si mesmo e tenta praticar as mais variadas formas de
exercício e de bondades, isto é igual a um pobre que calcula dia e noite a fortuna do seu vizinho e não obtém um
tostão sequer para si. Tientai, portanto, afirma: "Se não percebe a natureza da sua própria vida, seus pecados
passados não podem ser extinguidos". Isto quer dizer que, se não perceber a natureza da sua própria vida, mesmo
que pratique o Budismo de nada adiantará; será apenas uma prática inteiramente inútil. Por esta razão, tal pessoa é
humilhada como um praticante marginalizado do Budismo. Referindo-se a isto, no Maka Shikan consta: "Embora uma
pessoa pratique o Budismo, suas concepções divergirão deste".
8. Por isto mesmo, recitar o nome do Buda original (Nam-myoho-rengue-kyo), ler o sutra ou oferecer "Shikimi" e
incenso, tudo isto virá a ser causa de benefícios e boa sorte na vida de uma pessoa. Assim crendo, todos devem
professar com fé. Daí, uma passagem do sutra "Jomyokyo" afirma que a iluminação é proveniente da mente das
pessoas comuns e que estes atingirão a iluminação com a transformação de seus sofrimentos em Nirvana.
9. De acordo com o sutra, se a mente das pessoas é impura, sua terra também será impura. Pelo contrário, se suas
mentes são puras, assim será a terra. Em uma palavra, não há duas terras, pura e impura, ao mesmo tempo. A
diferença está na mente, boa ou má, das pessoas.
10. Pelo mesmo motivo, não há diferença real entre um Buda e um mortal comum. Enquanto desnorteada pela ilusão, a
pessoa é chamada mortal comum, mas uma vez iluminada, é chamada de Buda. Por exemplo, um espelho embaçado
brilhará como uma jóia se for polido. Sua mente, agora desnorteada pela escuridão inata da vida, é como um espelho
embaçado, mas se o polir, é certo que transformar-se-á claro como cristal de iluminação das verdades imutáveis.
Manifeste-se fortemente na prática da fé, polindo seu espelho incessantemente, dia e noite. Como deve poli-lo? Não
há outro modo a não ser devotar-se à recitação do Nam-myoho-rengue-kyo.
11. O que então significa "myo"? É o nome dado ao mistério da mente, a incompreensível e inexpressível natureza da
vida. Quando olhar em sua mente em qualquer momento, não perceberá a cor nem a forma para verificar que ela
existe. Ainda assim, todavia, não poderá dizer que não existe, pois muitos pensamentos diferentes ocorrem
continuamente no senhor. A mente, sem dúvida, é uma realidade que transcende tanto as palavras como os conceitos
de existência e do nada. Não é nem existência ou inexistência, mas ao mesmo tempo, é dotado de ambas as
qualidades. É uma entidade mística, o caminho médio que é a realidade de todas as coisas. "Myo" é o nome dado
para a natureza misteriosa da mente e "ho" denota os modos em que ela se manifesta.
12. "Rengue", o lótus, exemplifica fisicamente a maravilha desta lei. Uma vez que o senhor sabe que a sua vida é a
verdade mística, compreende que as vidas de todos os outros também são, e que a compreensão é o sutra místico,
"myokyo". É o rei dos sutras que provê o direto caminho para a iluminação porque declara que todos os
pensamentos que o senhor tem, sejam bons ou maus, é a própria Lei Mística. Crendo nisto profundamente, em seu
coração e recitando o Nam-myoho-rengue-kyo, definitivamente alcançará o Estado de Buda nesta existência. Por
conseguinte, o Sutra de Lótus afirma: "Seguindo ao meu nirvana, deve tomar a fé neste sutra. Os que assim fizerem,
estão certos de viajarem direta e verdadeiramente no caminho para o estado de Buda". Não permita que a mínima
duvida se imponha sobre si. Com sua fé, alcance a iluminação nesta existência.
13. Nam-myoho-rengue-kyo.
14. Nitiiren
15.

16. FUNDO DE CENA


17. Este Gosho foi escrito em 1255, em Kamakura, quando Nitiren Dashonin contava com 34 anos de idade e foi
endereçado a Toki Jonin.
18. Em 28 de abril de 1253, dois anos antes de escrever este Gosho, Nitiren Daishonin havia declarado a fundação da
Nitiren Shoshu no Templo Kiyozumi com o propósito de salvar toda a humanidade. O Templo Kiyozumi situava-se na
província de Awa, terra natal de Daishonin. Desde então, até a perseguição de Tatsunokuti ocorrida em setembro de
1271, Nitiren Daishonin desenvolveu uma grande campanha de propagação do Verdadeiro Budismo, tendo como
centro a cidade de Kamakura.
19. Toki Jonin converteu-se ao Budismo de Nitiren Daishonin por volta de 1254 e mais tarde devotou-se à vida sacerdotal,
recebendo o nome de "Jonin". Em 16 de julho de 1260, por ocasião da Perseguição de Matsubagayatsu, ocorrido logo
depois que Nitiren Daishonin enviou "Rissho Ankoku Ron" ao Regente Hojo Tokimune, Toki Jonin abrigou Nitiren
Daishonin em sua própria residência, protegendo-o da perseguição. Juntamente com Shijo Kingo, Toki Jonin foi uma
das pessoas centrais da propagação do Verdadeiro Budismo. Toki Jonin recebeu inúmeros Gosho de Nitiren
Daishonin, tais como Kanjin no Honzon Sho, Sado Gosho, Jonin Sho, Resposta ao Lorde Toki, etc.
20. O presente Gosho ensina que o ponto fundamental do Budismo é a iluminação, e onde se encontra o caminho direto
para atingi-la.
21. A iluminação evidencia-se somente nas pessoas que recitam o Daimoku e que tomaram a consciência de que são
entidade da Lei Mística. Os incontáveis sutras expostos por Sakyamuni, e inclusive todos os Budas e Bodhisattvas,
encontram-se dentro da vida de cada pessoa. Portanto, mesmo que se devote à prática do Budismo, se não acreditar
na existência do estado de Buda dentro da vida, não se pode escapar do sofrimento da vida e da morte. Ensina
também a importância da prática da fé com convicção de que todas as ações em prol do Budismo transformam-se em
boa sorte e benefícios a si mesmo.
22. A Perseguição de Tatsunokuti
(Shingo Kingo Dono Gohenji - Páginas 1113 a 1114)
23.

24. Não posso expressar adequadamente a minha gratidão pelas suas freqüentes cartas. Na ocasião de minha
perseguição no dia 12 do mês passado, o senhor não somente me acompanhou a Tatsunokuti como também declarou
que morreria do meu lado. Fiquei profundamente comovido!
25. Quantos não são os locais onde morri em existências passadas pela minha família, terras e parentes! Deixei minha
vida em montanhas, mares e rios, em praias e à margens de estradas, mas nem uma vez morri pelo Sutra de Lótus ou
sofri perseguições pelo Daimoku. Conseqüentemente, nenhum dos finais que encontrei me permitiu atingir a
iluminação. Como eu não atingi o Estado de Buda, os mares e rios onde morri não são a terra do Buda.
26. Nesta vida, porém, como devoto do Sutra de Lótus, fui exilado a Ito e quase decapitado em Tatsunokuti. Tatsunokuti,
na Província de Sagami, é o local onde Nitiren deu sua vida. Por eu ter morrido aqui pelo Sutra de Lótus, como este
lugar poderia ser menos que a terra do Buda? Uma passagem do Sutra diz: "Em todas as terras do Buda do Universo
há somente um único veículo supremo,...! Isto não sustenta a minha afirmação? O "único veículo supremo" é o Sutra
de Lótus. Não há nenhum ensino verdadeiro além do sutra de Lótus em qualquer uma das terras do Buda em todo o
Universo. Os ensinos provisórios do Buda são excluídos, como o Sutra explica em outra parte. Sendo assim, todos os
locais onde Nitiren encontra perseguições é a terra do Buda.
27. De todos os lugares deste mundo, é em Tatsunokuti, em Katase da Província de Sagami que a vida de Nitiren reside.
Por ele ter dado sua vida lá pelo sutra de Lótus, Tatsunokuti pode perfeitamente ser chamado de a terra do Buda.
Esse princípio é encontrado no capítulo Jinriki, que afirma: "Seja num bosque, num jardim, numa montanha, num vale
ou num extenso campo,... os Budas entram no nirvana."
28. O senhor acompanhou Nitiren, jurando dar a sua vida como um devoto do Sutra de Lótus. Seu feito é infinitamente
maior que o de Hung Yen, que rasgou o seu estômago e inseriu o fígado de seu falecido lorde, Yi Kung, para salvá-lo
da humilhação e desonra. Quando eu alcançar o Pico da Águia, em primeiro lugar, contarei que Shijo Kingo, como
Nitiren, decidiu morrer pelo Sutra de Lótus.
29. Soube, secretamente, que estou para ser exilado à ilha de Sado por ordem do Regente Hojo Tokiyori. Dos três deuses
celestiais, o deus da lua salvou minha vida em Tatsunokuti, surgindo na forma de um objeto brilhante, e o deus das
estrelas desceu há quatro ou cinco dias para me cumprimentar. Agora, só resta o deus do sol, e ele com certeza me
protegerá. quão tranqüilizador! O capítulo Hosshi declara: "(O Buda) enviará deuses sob várias aparências para
proteger o devoto do sutra de Lótus." Essa passagem não deixa espaço para dúvidas. O capítulo Fumon afirma: "A
espada imediatamente se partirá em pedaços." Não existe nada falso nessas citações. A fé sólida e constante é algo
vital.
30. Com meu profundo respeito
Nitiren

21 de Setembro de 1271 (Oitavo ano de Bun'ei)


(Fonte: END, vol III, páginas 195 a 196)
31.  
32.

33. Fundo de Cena


34. Em 21 de setembro de 1271, houve apenas nove dias após a Perseguição de Tatsunokuti, Nitiren Daisnhonin escreveu
esta carta a Shijo Kingo, que o havia acompanhado ao local da execução, preparado para morrer ao lado de seu
mestre, Na época, Nitiren Dainhonin esta com 50 anos e ficou detido na residência de Honma Rokurozaemon, em Eti,
ao norte de Tatsunokuti, enquanto o governo considerava que ação tomar com relação a ele. Esta foi a primeira
escrita existente após a perseguição.
35. Nitiren Daishonin expressa sua profunda admiração por Shijo Kingo, que jurou morrer como mártir ao lado do seu
mestre. A seu mais fiel discípulo, Nitiren Daishonin revela alguma coisa sobre a sua verdadeira identidade, que
posteriormente ele descreve em "A abertura dos Olhos", também oferecida a Shijo Kingo. No presente Gosho, ele
afirma, "Tatsunokuti, na província de Sagami, é o local onde Nitiren deu a sua vida. Por eu ter morrido aqui pelo Sutra
de Lótus, como este lugar poderia ser menos do que a terra do Buda? " Por que Nitiren Daishonin diz que "morre",
quando na verdade, sobreviveu a tentativa de execução? A "Abertura dos Olhos" fornece maiores detalhes quando
declara: "No décimo segundo dia do nono mês do ano passado, entre as horas do Rato e do Boi (23:00 e 3:00 horas),
esta pessoa chamada Nitiren foi decapitada. Foi a sua alma que chegou a esta Ilha de Sado..."Isto, com certeza, não
significa que a sua alma tenha se separado do corpo no momento da morte. Nitiren Daishonin indica de forma indireta
que o mortal comum chamado Nitiren alcançou a Ilha de Sado para cumprir a sua missão.
36. "A perseguição de Tatsunokuti"afirma  que a terra do Buda não é um lugar específico onde todos vivem num estado
bem-aventurado de elevada compreensão. De acordo com o princípio de que o indivíduo e o seu ambiente são
inseparáveis, qualquer local onde a pessoa dedique sua vida a sustentar a lei suprema do Budismo é a terra do Buda.
Isto pode dar a impressão de que o praticante está sendo incitado a morrer pelo Sutra de Lótus. Porém a intenção não
é esta. Como ele exprime: "Todos os locais onde Nitiren encontra perseguição é a terra do Buda". O ato de vencer
dificuldades desenvolve a natureza de Buda do indivíduo. Aplicando isto à prática religiosa, podemos dizer
seguramente que dedicar a vida ao Gohonzon significa devotar o seu tempo e esforço ao Gohonzon, estudando os
ensinos de Nitiren Daishonin e incentivando a fé das outras pessoas.
37. Nitiren Daishonin declara que Shijo Kingo, devido às suas ações devotadas, já criou as causas que o conduzirão à
iluminação. Isto é pressuposto a partir da afirmação de que Nitiren Daishonin relatará a dedicação de Shijo Kingo
quando ele alcançar o Pico da Águia. No final, este Gosho explana que os deuses budistas seguramente protegerão
aqueles que efetuam seriamente a prática do Budismo. Nitiren Daishonin expressa sua alegria e convicção nesta
certeza. 

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