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99 TESES PARA UMA REVALORAGAO DO VALOR Crnmntrivtcricy pés-capitalista Cras NOLAN REVALORAGAO DO VALOR Brian Massumi tradugaio Pablo Assumpgaio prefacio a edicao brasileira 99 Teses para uma Reveloracio do Valor nao foi escrito para tera dltima palavra. Foi escrito como um apelo, Hetelivre nasceu de wm processo colerivo de explored altereconmica, eseumais forte decsja éservis ere Polit pata que este processo se am plienumacurvacada lof, Suas teses pauisam em uma instével nonagé- ibaleando na borda de uma centés ausente, que arredondaria a série - no para the dar Comers Si Bata Estat coin isc ns nora odinde Oapelo 6 para gue outros se junter este projeto, com- blementanco-o, num reveramento, f com enorme razor ‘Ut saiido a publicacao das 99 Teses no Brasil, onde 4 beite@ © o ensamento alfernativas hi muita floreses, © onde estes, agora, sob a morraiha das atuais condi {cs politcas, sio no apenas desejiveis, mas outea ves ‘igentemente necessérios pata que se pos tm futuro a altura do enorme potencial ctiativo deste Pais. Queflorescam muitas toses brasileitas! O fnspete pata estelivz0 veo de um desafolancado a0 coletivo de “erlago0-pesquisa”junto a0 qual teaho trabalhado ha quase duas décadas, 0 SenseLab~ um constr uit “Iaboratério para o pensamento em movimento” que operanos ervizamentos entre arte, filosofiac ativismo tornaya-se cadaver mais preocul maquestio do valor e com o peso normativo dos modes de avaliagao que padronizamjutzosde valor em ietrimento demodos de vida c ati: zaidos, O iade emergentes ¢ marginali contexto imediata era a uni dade, porio seguro do SenseLab durante a maior parte desua existéncia, onde mantém uma postura ~ meio-dentro/meio-fora ~ de tensa simbiose.? A imagem da universidade como uma “torre de mar fin” divorciada do "mundo real’, aunca foi to pouco veriladeira, Em nosso contexto, assim como cm muitas partes domundo,a universidade fol anexada Acconomia neoliberal ¢ transformada om uma incu badota” (para usar wm termo caro ao neoliberalisiio) voltada a “inovacg0’ alimentando ainsactivel fome de valor dessa economia (na forma-n lucro); além de ‘capital humano ra capitalista do a nédulo central para a produgao de sa posi¢io nodal da universidade dentro dacconomiancoliberal faz delanceessarismonte tum lugar de lute: pela inclusto daqueles que foram te dicionalmente exclufdos; mas também por espagos de autonomia internos, out ajacontes - 0, em diltima ins téncia, por espagos que escapem inteiramente 3 sua Orbita -, onde modos de resistencia a subsungao de todasas formas de conhecimento e das esferas da vida A economia ncoliberal possem serprototipadas e preti cadas, no sentido de possibilitar um futuro pos-capita- lista, Para nds, « tarefa destes *comuns subterrancos’, 2 Ver hips wwves como denominam Stefano Harney ¢ Fred Moten 4inck epensar em que constituio valor, paraalém danorma e das formacdes de poder por tris dela, O re-pensar seré estéril se ndo inplicar imediatamente um te-fazer: ele precisa estar ativamente corporalizado em novas téc- hnicas coletivas e, sem daividas, em novas ferramentas técnicas que possam pirateat os proprios instrumentos, daqucla econontia a qual resistimos, desviando os para novos fins. Foi nesse sentido que o SenseLab decidin Langar emyértice [te spin off] umrcbento extrawniversi- trio desimesmo,o qual chamamos 5 Ecologies Institute [institute 3 Ecotogias],¢ para queas experimentagdes do SeuscLab com coletividades encergentes, orientadas a novos tiniversos de valor, possam ser encaminhadas ‘numa ditegdo explicitamente aleerecondmica, inspireda tno modelo de abuindncia da economia da dédivae em oposigio A producao incessante e distribuigao desi- gual da escassez operadas pelo capitalismo, ‘O mencionedo desafio, que semeou o germe para este livro, veio da Economic Space Agency [Agencia de Espaco Econémico (ECSA)),F um grupo pés-auto nomista de desajustedos que havia se langado em um projeto para sequestrat 0 entio emergente dominio da criptomoeda e de sua tecnologia base (0 blockehain) sv efunda- para fins de uma altereconomia colaboratis mentada no comum, De mancita nada décil, nossos HARNEY ¢ Fred MOTEN, The Unerconino Fini 3). ning https senselab.ca’wp2)3-ecologies/S-c wyr.patreon.com,$Elnstituse ogies-institute Bast sorrses amigos da ECSA nos informaram que estavamos dor- mindo no ponto, E que corriamos o risco, diziam eles, de deixarmos passar wma oportunidade histérica, Nos {inhamos interesse em novos modos de valor, mas nio ‘1 hamos qualquer andlise efetiva do setor que coman- davaa economic 1 predominanciabasicamente def- nia oneoliberalismo:0s mercados financeitos, Tamhém © acompanhavamos de perto as implicagdes paraa ico futura do capita , © para o proprio signifi cadodo dinheiro, das mudangas tecnoldgicas que ocor- tiomna infrasstrtura digital da economia, Nés compreendemos o que eles diziam. Aesquetda tradicional havia se tornado cega em sei apego a ultra- passeda oposigdo entre a economia prodativa *real” ¢ o dominio do capital “Reticio” dos mercados Anancet- tos.A rigor, assim chamado capital ficticio 6 tao divor- clade do mundo "teal? quanto. wniversidade é mantida numa torre de marfim, O valor deste capital feticio excede em muito 0 valor da economia produtiva, a qual ele ativamente conduz, em diceydes consoantes 4 sua Prépria hipertrofia, tendo inclusive anexado 0 aparsto do Estado em beneficio proprio.® O capital financeiro se abstrai da economia produtiva para melhor “terrafor: mat"? 0 campo telacional davida 20 seu bel prazets Ele titurs autonomista do papel do capiat fi smo esua anexacao do Estado, ve G Brune CAVA, NewNeoliberlisn and the Other ing Money (London, Biopower, nth soles, 2018), T Ned conforme od deiransforms mosfériess de um pla qualquer atorné-lo habitavel para aespécie humana, nfo éumfrivolo coadjuyante, E, sim, am motor evond- rico ¢ uma midquina de engenharia social que constitui asi mesma conio uma formidivel formagio de poder, sendo enfrentar 0 capi- Nés nao. 80 h4 alternati tal financeiro, E sim, nés 6ramos ingénuo: tinhemos sengo uma vaga nogde do que seria o capi: tal finonceiro, ou de como ele funcionatia, Pore pio tar, ndo tinhamos ainda conceitos eriticos para 0 que quer que pudesse ser aprendlide e apropriade, em prol da luta anticapitslista ¢ em favor do design econdmico pés-capitalista, a partit dosmodos de operat do capital financeiro. Embarcamos entao em uma intensa jornada de exploragio e aprendizado coletivo, Frequentemente sentiamos nossos poderes de comprcensio eimagins- lo chegatem ao limite, eansidvamos por ni heiros-visjantes que somassem forga conosco, Este livro representa meu posicionamento particu- is compa lar sobre o que comecou a surgir desse processo. No final do volume, ou enumero wm conjunto de orients. ges altereconémicas que destilei eo longo da viegem, rematando com um apelo por revezamento, Este grupo de proposigées é apresentado como wma “fabulagso, 0 porque, embora tenhamos tomado uma série de nicas,® 0 passes concretos e apresentado diver: projetode uma economia pés-capitslista, por definigao algo que nenh de ngs viveu e cuja invengao re combinagio de recursos ce miiltiplos projetos afins, bem como assinergias entre mi exploratéri as mentes criativase corpos - paranio falar da combinagao de nhas de resisténcia necessaries para cavar buracos no tecido neoliberal existente, para que ele comece a respitar ¢ esticar -, permanece provocadoramente no horizonte. Independente do sucesso ou nao de nosso modesto pro jetocm criaralgo como uma economia efetiva, ou mesino tum protétipo prefigurative em pequicna escala; e incle- pendente da realizagao ou nio do potencial afiangado pelaECSA e por outtos projetos pés-capitalistes ¢ pés- hlockchain cow os quais colaboramos, nés ainda as teremos ido ta aventura juntos - w cuja intensidade e cujo fermento 0 ofeg: a aventura te ritmo des- tasnoventa enove tesos talvez possa fazer cheger aolel- tor. Enossa esperanea que esta pequena aventura possa contribuir comuma ou outra ondulagzonesta crescente agitapao que um dia hé de virer uma onda gigante. A fabulagio pés:capitalista que remata olivto fui de wma longa autocomplicadorasérle deteses sobteo modus operandi do capitatismo neoliberal, sobre 0 que ele torna visivel arespeito danatureza do valor e sobre

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