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‘S ‘ KY rt Literatura de Cordele RAIMUNDO SANTA HELENAD Literatura de Corde! — Raimundo Santa Helena DEUS E O MUNDO “Deus Chorande” alimenta minha rima Estilo: Nestes versos pra criar “Deus e 0 Mundo” O que sinto no meu peito vem de cima Martelo O encéfalo se toma mais fecundo Meu relato verdadeiro faz Historia © rid O Corde! é meu refiigio da meméria gee Captando na cadéncia do segundo Bees O insumo metafisico da gloria... 238 ba Fico triste quando olho pro espago 38= @ E nfo vejo passarinhos flutuando “ey ot Quando olho na poténcia do braco ae. O machadc uma arvore cortando mee Me revolto quando vejo animais Enjaulados numa selva demetais Nao podendo liberté-los vou chorando O meu Deus onipresenie onde estais? Me revolto quando vejo os politicos Discutirem as reformas nos papéis Eleigao reeleic¢do problemas misticos Invadindo as escolas e quartéis Deputados e também os senadores Qs ministros e até vereadores Protegendo fazendeifos “coronéis” Nés pagamos o caché destes senhores... Fico triste quando vejo num sortiso A careta duma boca desdentada Quando entro num barraco olho piso Sendo bergo da crianga mutilada Quando vejo 100% do salario Sendo pagos pelos maos do operario Como prego duma casa alugada 2 Sem dinheiro vai rifando seu rosario... Literatura de Cordel — Raimundo Santa Helena Quando vejo o povao votar nos pleitos Elegendo candidatos preferidos Mas nao pode ver a posse dos eleitos Pois a mafia venal dos corrompidos Habilmente faz transplante desses votos Que se cuidem loterias ¢ as lotos Os corruptos ricacos sao unidos Comunicam-se até por telefotos... Demagogos nos comicios nas TVs Nas revistas ¢ nos radios e jornais Infiltrados nos anais dos pé-pé-pés Filhos pobres levam netos pra seus pais Fico triste quando velho vai morrer Matutando “por que tive que nascer?” Presidentes foram 5 generais Mas agora um civil tem que vencer... Me revolto quando vejo um “amigo” Ficar perto como sombra se tem Juz No escuro tate4-lo nao consigo E mais facil ver o Diabo numa cruz No triunfo seu sorriso se debulha Quando fala no meu nome se orgulha Na ferida a hemdcia é pus Que no lixo da membrana se entulha... Fico triste quando vejo tanta gente Se cruzando sem ninguém olhar pro lado Sem saber 0 que e quando ‘ outro sente E nao fala porque fica censurado Soltam germes bombas matam passarinho Olho povo mas ndo vejo no caminho Um ministro senador ou deputado Tao no ar refrigerado do “carrinho”... Literatura de Cordel — Raimundo Santa Helena Quando vejo no Brasil aqui no Leste A gastanca do programa nuclear Meus irmios passando fome no Nordeste Sem rogados e sem casas pra morar E no radio e TV ougo midos Propaganda povoando meus sentidos Com um mundo ficticio pra sonhar Nas imagens dos espa¢os coloridos... Quando olho por debaixo de jornais Ali vejc cochilando um mendigo Com as fotos protegendo genitais As manchetes lhe servindo de abrigo Cao de rico suja praia tern filé Gente pobre chupa osso asa pé Da Justiga por ser cara nada digo A pobreza por ser fraca vira ré... Candidatos presidenciaveis-Aveis Barganhando quando faltam uns 3 anos Escondendo nos seus corpos vulneraveis “Projetis de assassinos levianos” Se ha fogo na fumaga 0 refrao Coincide com a cisma do povao O Aurélios perdoai se ha enganos Sao as chaves reabrindo o portdo... Fico triste quando olho a miséria Refletida no vazio da panela Na magreza (retrocesso da matéria) Na tristeza dos sapatos na janela Nos festejos do Menino de Belém A crianga quer presente que nfo vem. Enxugar mais um solugo na gocla E os dolares do Fundo vao pra quem? so - om gee q —— Spt CAbmamdo Sots. Haba " QeUS E © MUNDO . leer #8 OO UlTime Tike + Bic - Peoso_ . — elccel_ Dali - Rio ,RI_oF. 06.1983 20 Cce - Preto_/Beorco , Edicae - ic eexenblares - 02 0.000 .. ef cacao sex_Ccomboser) + “ Reqisfec BN beer) - 9608. 1963 eNGmeec cle bexvainas- 1G : | Torrante = 44,0 xIE om __ | ecfica Leditoea- "GED". | | Xi Cg favura | Desenko [rates - Aesen®o CSan ta Hel eral, Fols (Gequivo ! exh tila: 4+ 60 > 61+ BP _! €sTuO_ @esia_cliuee + Maetelo Aeelobaco 7 aescrite. ! © Globo (2.14q) + (2159)+ (2)54)+ & Isfhs (e175) 4+ (2.172)4 (R. 302)4 O Dia (R.153)+ TPB (R150) + (2.35 ))+(2.936-]) |, 1(2.964)4 Ultima _Hoga. (R.133-A) + (R156) + UL Heme Hetalr) (R165) + | J Esch Fj (8.137) + CokReo do fue (R5)-(R.195-B) 4 a ope i+ (2 207) + Casa de Rui Barbosa (R208) + 4 Rublicocdo da 458 ® Reumidio Anvel da. SBPC (PE)-(R 612) *¥ yy vette Pin yfGted ate We £4, oz)a we Bondeinarmten &T ry 208) ae ive (R48) + Bi eo (2, Go3- atl R. Go3- m). + Revista Veneers 'Cee®B ) (R80) __ | (BO diabetes? ESS, AP | | | [ conhinuacéie F. 38 Icio do_Nokclesle (ce) (R. $88) + Dwisao_do Folclore INEPAC (ZL #20 ). Recho tv; Radio mec_(G.158) + Radio Nacional . 14) + Diclo a 6G 15.5). + Literatura de Cordel — Raimundo Santa Helena Quando vejo a orgia dos Poderes Comiss6es transoceanicas de luxo Disfargando o deleite dos prazeres Com 2 magica perfeita de um bruxo Um empréstimo avisam aos jornais Na verdade é um crédito a mais Vém artigos vai dinheiro no repuxo FFMI Fundos Feudais... Me revolto quando vejo a desgraca Ser lembrada s6 durante eleigdes Ser banhada por um copo de cachaga Dar IBOPE em quaisquer televisdes Quem atende povo faz com grosseria O Brasil se afogou na brascracia CEMA-CRA-IBDF sem funcdes Quando roubam terra branca da Bahia... Fico triste quando vejo o Poder Demonstrando sua boa intengao Pros mais fracos 0 prestigio defender Batizd-los como nobre cidaddo Todavia as semanticas falantes Acobertam o perfil dos assaltantes Que solapam as conquistas do irmao Operdrios professores estudantes... Quando vejo meu irmao analfabsto Sem ter tempo para tempo do MOBRAL Quando olho a barriga cujo feto S6 consome nas entranhas Agua ’ sal Quando vejo os pastores explorando E 0 preso que nao vive trabalhando Quando lucro toma conta do Natal Pros humildes vai Papai Noel mijando... Literatura de Cordel — Raimundo Santa Helena Fico triste quando ougo meu povdo Nos botecos nas filas e transportes Zunzunando em cochichos reagado Pra capar a prepoténcia dos mais fortes Acontece que o Judas anti-massa Vai traindo por dinheiro e quem cassa Tem poder pra decretar até as mortes E a luta intestina é desgraga... Me revolto quando olho a imprensa Colorindo no Poder ineficacias Quando sei que meu trabalho ndo compensa O esforgo do conjunto das hemacias Vejo corpo transformar-se num raquitico Vai gemendo sem remédio nem politico Cai sem vida na caleada das farmicias Ser doente para pobre é fatidico... Quando ougo no Poder falar a dama Que nao gosta de bonecas nem de flores O cantor também dizer em plena fama Que nao ama nem os bichos nem as cores Outro gosta sé do cheiro de cavalo Sobre povo ele disse mas nem falo Essa gente bafejando desamores Sente gozo em qualquer briga de galo... Fico triste quando vejo diplomado Sem dinheiro desfilar em cada porta Que se fecha no emprego ocupado Que se abre pra sair a vaga morta Que se fecha quando vai o bem dotado Que se abre pra entrar o afilhado Sepultando esperanca que se corta A balanga vai pesando s6 dum lado... Literatura de Cordel — Raimundo Santa Helena Quando vejo o prazer dos abastados O triunfo imoral das falcatruas Brasileiros aos milhdes desempregados Protestando sem amparo pelas ruas O dinheiro vem do FMI Seu efeito aparente nunca vi As vantagens pelo visto s6 as suas Com os juros captados para si... Com o délar os paises estrangeiros Tutelando a Nagao de Tiradentes E nas terras e nas casas brasileiros Transit6rios inquilinos dependentes E na rua 0 que fica ou quem corre Num assalto é roubado inda morre Homens-brancos expulsando descendentes Alegria de ser pobre é 0 porte... Me revolto quando vejo leite branco Escondendo agua suja mil por mil Yen marco dolar lira libra franco Exportando as riquezas do Brasil Rico Light telefone me roubando O comércio os impostos explorahdo Dou gorjeta para quem no é genti! E no taxi tabela vai ficando... Fico triste contemplando um menino Sem espaco nesta sala confinado Quando pedem mais folia mais cassino Mais igrejas por povao ajoelhado Quando pobre pra comer vende seu sangue Mulher nua faz antincio da no Mangue Quando vejo qualquer preso torturado Quem for burro ou culpado que se zangue... 7 Literatura de Corde! — Raimundo Santa Helena Quando vejo a indistria do po Conspirando pra ninguém mamar no peito Minha mie seguiu conselhos da vové Eu mamei mais de um ano desse jeito Aos 50 e mais 7 os meus dentes Sao mais fortes que estrelas de patentes Dé as mamas pro seu filho ser perfeito S6 seu leite tem valores transcendentes... Me revalto quando vejo nordestino O nortista qualquer um 14 do sertdo Que chegando na cidade seu destino Cavar terra para trem plantar no chfo Com cimento e suor faz edificios Pra poupanga de quem nfo fez sacrificios Quem trabalha vai dormir no barracdo Na doenga morre podre nos hospicios... Fico triste quando vejo acidente Mutilando ou matando operdrios Quando ougo porta-voz do Presidente Explicando o critério dos salérios Quando rico nao é preso no escuro Quando mestre arregaca dedo duro Na vinganga pra calar “adversdrios” Seus alunos precursores do futuro... Me revolto quando vejo companheiro Infiltrado no clamor da multidéo Contratado por conceito ou dinheiro Pra vender a liberdade do irmao Mas sabemos que daqui a poucos anos Nés veremos nos jaziaos dos profanos Mios vazias mendigattdo outra mio Pro Inferno vai a alma dos tiranos... Literatura de Cordei — Raimundo Santa Helena Quando vejo criagdo de “Tribunal” Pra “salvar” a nossa lingua portuguesa A idéia veio la de Portugat Contrastando com 0 resto da grandeza Foi Dinah que é Silveira de Queiroz Quem nos disse “vamos ter uns quiprocés” O’Lobato que estilo que beleza Condené-lo vai ter guerra entre nds... Quando vejo por ai a maioria Conduzida pelas maos dos poderosos Mesmo sendo estes parca minoria Pelas armas vdo contendo “revoltosos” Que aspiram conquistar a igualdade Cada morto é semente da vontade Ha pastores explorando fervorosos Ha gatunos por detrds da caridade... Quando vejo tanta gente desunida Todo mundo porta-voz querendo ser E por isso nesta luta descabida Sua forga nao se pode conhecer Cada Orgdo deste ser estragalhado E comido pelo cao esfomeado Que recebe prato pronto pra comer Unido é respeitar o mais votado... Nas estradas sepulturas s6 de trilhos Enterrados pra passar a rodovia Num planeta que encontra empecilhos Na fungdo de produzir mais cnergia Derivada das jazidas de petrdleo Assim sendo quem importa muito dleo Fica pobre vai perder soberania Petrodélares sustentam monopélio... Literatura de Cordel — Raimundo Santa Helena Fico triste quando vejo um frangalho Nomeado para cargo bem polpudo E 0 pobre competente sem trabalho Na tragédia da miséria fica mudo C4 em baixo maioria nao tem nada L4 em cima minoria bem armada Na risada da riqueza goza tudo A “revolta” do meu povo é sagrada... Me revolto quando vejo meu vizinho O amigo ou parente mais chegado Evitando se cruzar no meu caminho Porque trago a verdade pro tablado Pontapés leva covarde que se cala Paraplégico nas ruas vende bala Pelas portas o ceguinho desprezado Moribunda lava ménstruo numa vala... Quando vejo por aqui outro menino Jogar bola imprensado no asfalto Por um transito cruel ¢ assassino A pelota sé chutada ld pro alto Evitando quela quique nos quintais Quebre vidros quebre portas quebre mais E cadé FINSOCIAL 14 do Planalto? Criminosos tém manchetes nos jornais... Quando vejo sofrimento pela dor No gemido ou na cor dos olhos mudos Meditando renomado professor Sem dinheiro enrolando seus canudos Quando pede sem sucesso um emprego Aum chefe diretor ou um pelego | Que ndo tém nenhum diploma nem estudos 1 0 E o mestre vai tomar sopa de sebo... Literatura de Cordel — Raimundo Santa Helena Quando vejo o dentista meu irm4o E o médico ninguém que os defenda Destas garras implacaveis do “‘ledo” Camuflado de imposto sobre renda Que s6 falta tributar 0 manmiteiro Doutro lado o ricago trapaceiro Lesa fisco lesa Deus nao hd quem prenda Vou colar um talismd no meu dinheiro... Me revolto quando vejo gasolina S6 nos tanques dos veiculos do Poder Classe média guarda carro na esquina Nunca sabe quando tanque vai encher Pe um litro pra comprar uma banana Relembrando a viagem da semana Quando ia com familia pro lazer O turismo do mais pobre ir em cana... Quando vejo casal rico sem ter filhos Nem amor para criangas adotadas Quando otho multidao de maltrapilhos Num casebre com mocinhas menstruadas Quando vejo chapas brancas no domingo O Nordeste sem canal e sem respingo Animais até baleias s4o cagadas Pelas multi-empreiteiras do mau gringo... Quando chamam trombadinha ou pivete Um menino que ficou abandonad9 Ea honra da mulher se submete Ao dominio do machdo organizado Quando ela é usada no consumo Vende corpo luxo pinga vende fumo S6 nfo vende o que deve ser comprado 1 1 “Revirando” vai tragar um novo rumo... Literatura de Cordel — Raimundo Santa Helena Quando vejo tantas lagrimas rolando Nos velérios da matan¢a infantil Quando olho a riqueza sufocando A revolta da pobreza sem fuzil Me alegra a coragem do valente A sentenga do juiz independente E meu jeito de brigar pelo Brasil Benga pai vocé morreu pra eu ser gente... Quando olho a crianga estudante Na escola s6 por causa das merendas Planta letras mas depois quem lhe garante Que saber vai lhe trazer algumas rendas Pois descobre que a vida sem padrinhos E andar com pés descalgos nos espinhos Ou puxar uma carroga nas fazendas “Revirando” vai criar novos caminhos... Nas enchentes ou nas terras ressecadas Sertanejos flagelados vao migrando Tém sucesso filmes de pornochanchadas Os famintos vao seus filhos enterrando Fico triste com problemas raciais Os abortos sZ0 chamados imorais Superprole as mulheres vao lascando Nascer pobre nascer morto sao iguais... Quando vejo meu irm4o assim entregue A fraquezas numa vida viciada Sem ter culpa quem ja sabe que ndo negue Vai chamando Deus do Céu nado muda nada Nao se faca de vocé um condenado Pois o mal que ndo tem cura ta curado A primeira pedra volta retornada 1 2 A verdade que falei ndo é pecado... Literatura de Cordei -- Raimundo Santa Helena Poluindo a América Latina Armas chegam vém da Libia Inglaterra 7 Quedas se vingando Argentina Toma banho no perfodo de pés-guerra OEA-ONU parelha conselheira Seus conselhos trazem paz na prateleira Nosso verde fica preto 14 na serra Nosso meio-ambiente s6 poeira... Ha rufdos e remédios em excesso Os autores alienam autoria Escritor fazendo parte do progresso Sem dinheiro pra entrar na livraria Pra comprar ou editar a sua obra Abracando a miséria que lhe sobra E Ihe segue temperando agonia Pra viver engole fogo come cobra... Quando vejo desonestos mordomia E 0 pobre esmolar pro funeral A moral me transformou a alegria Na tristeza do pecado vaginal Me revolto quando vejo inocente Ser culpado pela boca de quem mente E as vezes por um juri desleal Inconstitucionalissimamente... Entregamos mais do que o Amazonas Aos senhores Ludwig e Cousteau Sob hinos ¢ cornetas ou sanfonas A ossada do Jari pra nés sobrou .O poeta na penumbra tateando Com lanternas de Corde] vai procurando Para ver se algum Homem escapou 1 3 Patriota pra compor o “Revirando”... Literatura de Cordel — Reimundo Santa Helena Me alegro quando vejo Mulatinho Ex-menino la das ruas de Natal Desenhista que pegou o pergaminho L4 na PUC bem no Rio capital E tracou o seu odsis pros pedes Béias-frias procedentes dos sertdes Pra plantarem uma horta no quintal Desses prédios que estfo em construgées... Fico triste quando sei que vou morrer Cada hora 6 meu Deus vejo meu fim Mas nfo quero viajar sem Te dizer Eu queria minha mie perto de mim Por amor ela se foi com meu irmao Os bandidos querem vé-lo no caixdo Nesta vida j4 nem sei pra que queu vim S6 nasci pra dizer “sim” e ouvir “nao”... Se um dia labaredas do Dragio Ofuscarem dos meus versos as centelhas Quero ter na minha cova inscricéo 86 com letras do meu sangue bem vermelhas Avisando que viveu neste cortigo Um poeta revoltado que por isso Foi expulso do enxame de abelhas Como foi da Santa Sé meu Padim Cico... Infinito dimensdes Astronomia Universo cosmo Deus um boi um cego E o Homem busca na Filosofia A verdade na mentira que eu nego Nosso corpo do espago oriundo £ Se desmancha num jazigo bem profundo No procego metamérfico do ego 1 4 Um mistério concebeu Deus e o mundo... FIM Literatura de Cordel — Raimundo Santa Helena O ULTIMO TIRO Fstilo: Martelo agalopado Com instintos selvagens fui cagar Transformado num monstro de espinkho Para mim espingarda era vinho Cor do sangue queu via derramar Liberdade eu tinha pra matar E o Homem quem faz a sua lei Com as armas na mo se toma rei Destruindo reservas florestais Vai matando irmaos e animais Muitos ninhos nas matas profanei... “Mamucaba” a serra se chamava Foi no ano 60 e mais um Umubu andorinha e anum As 3 aves que eu nunca matava Pelo chao sé calango escapava Tudo mais era caga eu comia Qu entfo pra treinar a pontaria Como faz o tirano nos mais fracos Saas Fui ali procurar mono-macacos 5 E achei para minha alegria... a Arrasando as coisas e beleza SSS Ninguém pensa no meio ambiente - No pecado do crime consciente : Defloramos assim a Natureza Apontei minha arma com firmeza A macaca no tiro cai sangrando Na mie morta o filho vai mamando ebro arma comego a chorar meu Deus nunca mais eu vou cacar . 1 5 Minhas balas por flores vou trocando... FIM Fato ocorrido em agosto de 1961 em Mamucaba, RJ. Nunca mais cacei. A espingarda uebrada sera doada a um museu do Rio de Janeiro. (Rai- mundo Santa Helena, sécio do Clube dos Cagadores). Sie O Poeta Reporter LITERATURA DE CORDEL Folheto 68-ZZP-1 28-520. Rio de Janeiro, 05-6-1983. 20 mil exemplares. Produgao artesanal de Santa Helena, poeta do Ser- tao de Cajazeiras, Paraiba, de onde fugiu com 11 anos de idade para vingar a morte de seu pai, delegado Raimundo Luiz; as- sassinado por Lampiao em 9 de junho de . , , 1927 (certiddo de 6bito n9 3116, livro 7, ew abli.t. Le folha 75, Antenor Navarro, PB). Mas o Raimundo Senta Helena autor quase morreu de fome em Iguatu, Mucuripe, Fortaleza e Pacatuba, até in- gressar na Marinha de Guerra. E ex-combatente. Escreveu até hoje cerca de 300 poemas populares. Publicou 68 folhetos, 128 titu- los, num total de 520 mil exemplares divulgados no Brasil e mais 12 paises (Alemanha, Argentina, Escécia, Espanha, Estados Uni- dos, Franga, Inglaterra, Italia, México, Portugal, Suiga e Uruguai). Em 21-12-1982 seu folheto “O Brasil na Antartida” foi publicado nos principais jornais do Pais, tendo sido recomendado pelo “Jor- nal do Professor”, JB, fevereiro/1983. Contatos com o autor (pre- sidente da CORDELBRAS): Feira Nordestina de Sao Cristévao, aos domifigos, entre o Parque das Criangas e a Igreja, 4 sombra de uma 4rvore; ou Feira da Praga 15, 54 feira, 15 horas; ou Caixa Postal n9 17.055, CEP 21312, Rio de Janeiro, Brasil. AVISO Cumprindo deliberagdes do Congresso da OBPLC (da Bahia), do Conselho de Honra da CORDELBRAS (do Rio) e da dltima As- sembléia Geral da FENACREPC (de Brasflia), até 9 de junho esta- tei no Nordeste num esforgo de vilorizacdo da Literatura de Cor- del: Liberdade nas pragas para os repentistas e escritores, que re- ceberiam carteirinhas oficiais a exemplo do que ja ocorre no Rio de Janeiro. Proporemos a inclusfo do Cordel nos curriculos esco- lares como jd acontece no estrangeiro. As despesas ficarao por minha conta: empréstimos, credidrios, etc. (Raimundo Santa He- lena). DEUS E O MUNDO e O ULTIMO TIRO

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