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05/10:2018 —_-TUTELA COLETIVA 008 DIREITOS INDIVIDUAIS HOMOGENEOS. LEGITIMAGAO PROCESSUAL DAS ASSOCIAGOES NO DI. Doutrina Patria TUTELA COLETIVA DOS DIREITOS INDIVIDUAIS HOMOGENEOS. LEGITIMAGAO PROCESSUAL DAS ASSOCIAGOES NO DIREITO BRASILEIRO 14/02/17 | por RKL Advocacia (http://www. rkladvocacia.com/authorladmin/) | Constitucional (http:/Iwww.rkladvocacia.com/categoria/doutrina/constitucional/) | Nenhum comentario (http:/iwww.rkladvocacia.com/tutela-coletiva-dos-direitos-individuais-homogeneos-legitimacao-processual-das- associacoes-no-direito-brasileiro/#respond) TUTELA COLETIVA DOS DIREITOS INDIVIDUAIS HOMOGENEOS. LEGITIMAGAO PROCESSUAL DAS ASSOCIAGOES NO DIREITO BRASILEIRO Humberto Theodoro Jinior Juliana Cordeiro de Faria ‘SUMARIO: 1 Introito: a Tutela Coletiva dos Direitos Individuais Homogéneos e a Questdo da Legitimagado das Associagées. 2 Os Direitos Essencialmente Coletivos: Difuso e Coletivo; 2.1 Legitimagao; 2.2 Coisa Julgada. 3 Os Direitos Individuais Homogéneos ou Acidentalmente Coletivos. 4 A Legitimidade Ativa no Microssistema de Proceso Coletivo: imagao para a Execugao da Sentenca Coletiva. 6 As Associagées e sua Legitimagao para as Ages Coletivas Referentes a Direitos Individuais Homogéneos: Perspectiva de Adequada Representacao. 1 Introito: a Tutela Coletiva dos Direitos Individuais Homogéneos e a Questéo da Legitimagao das Associagdes Nos tiltimos tempos o direito processual civil modemo experimentou no campo das tutelas diferenciadas um grande avango na construgéo de um sistema cada vez mais adequado & tutela dos direitos na sua dimensao coletiva. proceso civil tradicional concebido, originariamente, para a tutela dos direitos subjetivos individuals se mostrou impréprio para a tutela da nova geracao de direitos (difusos e coletivos stricto sensu) dos quais se tomou maior consciéncia a partir do século XX com a ideia do homem social em complementagao a visdo alé entéo existente do homem individual. reconhecimento, no plano material, de que o sistema deveria tutelar os direitos nao apenas do individuo, mas também de forma auténoma os interesses do grupo em sua indivisibilidade (em maior ou menor extensdo), exigiu uma resposta do Direito Processual Civil sob a ética instrumental: a criagéo de mecanismos que permitissem uma efetiva e adequada solucdo para as novas situagdes de confit. Nessa perspectiva de adequagdo do método (proceso) até entéo pensado exclusivamente para a tutela dos direitos subjetivos individuais, 0 direito brasileiro evoluiu da simples e timida regulamentacdo de algumas ages de indole coletiva (como a agao popular - Lei n° 4.717/65; e a acdo civil publica — Lei n® 7.347/85) para criar um verdadeiro microssistema de tutela diferenciada dos direitos na sua dimensao coletiva. Essa evolugao teve inicio com a propria CF/88 que revelou a necessidade do reaparelhamento do sistema processual ao valorizar a solugao de conflitos em uma dimensao coletiva, erigindo a tutela coletiva a garantia fundamental. Concretizando comando constitucional, seguiram-se 0 Cédigo de Defesa do Consumidor, o Estatuto hitpstwww sKladvocacia.comMutela-colatva-dos- direitos ndividuais-homogeneos-leghimacao-processualdas-associacoes-no-dreto-brasiero! 1/13 05/10:2018 | TUTELA COLETIVA 008 DIREITOS INDIVIDUAIS HOMOGENEOS. LEGITIMAGAO PROCESSUAL DAS ASSOCIAGOES NO DI. da Crianga e Adolescente, o Estatuto do Idoso, a Lei de Improbidade Administrativa, entre outros diplomas legais que passaram a conviver com as ages entdo existentes (ago popular e ago civil puiblica). Todos esses diplomas compem o microssistema do processo coletivo, a ele se aplicando subsidiariamente o CPC, como estatuido no art. 19 da Lei n® 7.347/85. Paralelamente ao proceso tradicional/olassico, pensado para a solugao dos conflitos de forma fragmentada {atomizada), nasce, entéo, um processo coletivo com um sistema préprio, principios auténomos e cuja finalidade passa a ser ndo apenas tulelar os direitos essencialmente coletivos da nova geragao (difusos e coletivos), mas também facilitar a defesa e 0 acesso a justica por meio de técnicas de tutela coletiva dos direitos individuais homogéneos. Nesse novo modelo de processo coletivo estimula-se uma solugo nao mais apenas na dimensao atomizada (modelo de tutela individual), mas molecular{1] Dentro dessa perspectiva de incentivo a solugao molecular dos conflitos, a tutela coletiva no direito brasileiro passou a abarcar duas classes de interesses ou 1S: a) 08 essencialmente coletivos que S40 os difusos e os coletivos stricto sensu (direitos de terceira geracdo); b) os ontologicamente individuais, mas que sdo tutelados coletivamente, por razdes de politica legislativa para solugao de confitos (os individuais homogéneos) [2] Uma premissa bésica é de ser assentada ab initio: qualquer que seja o problema a enfrentar, ndo se pode ignorar a natureza essencialmente individual dos direitos homogéneos. Outra premissa é também indispensavel: se os direitos difusos/coletivos diferem na sua natureza dos individuais homogéneos é certo que nao sera consenténeo com a ideia do justo processo pensar-se um método tinico e uniforme para a tutela judicial de ambos, mormente no plano da legitimacao processual. Os remédios processuais concebidos para a garantia de um tipo de interesse no podem ser transplantados para solugo de conflitos na érea onde o interesse ostenta natureza diversa. A situagéo ¢ idéntica @ que se nota na terapéutica humana. O medicamento aplicado fora do caso para que foi prescrito tora-se fonte de agresséo ao organismo e de agravamento da enfermidade, em lugar de cumprir sua natural fungao curativa [3] Donde ser essencial a compreensao da natureza dos direitos tutelaveis por meio do processo coletivo, para evitar 0 equivoco de preconizar um remédio (solugao) que antes de ser adequado se configure em instrumento de negagao da prépria CF, com indesejavel inseguranga para a sociedade. 2 Os Direitos Essencialmente Coletivos: Difuso e Coletivo Ao instituir a ago civil publica, a Lei n® 7.347/85 previu, originariamente, sua utiizagao para a tutela dos interesses difusos (art. 1°). Pela CF/88, seu aspecto objetivo foi ampliado para compreender todos os interesses difusos & coletivos (art, 129, Il). © CDC (Lei n? 8.078/90), por sua vez, alargou mais o Ambito das agdes coletivas, admitindo- as, nas relagdes de consumo, também, para defesa de direitos individuais homogéneos (art. 81, parégrafo tinico, inciso II) A partir de entdo, as figuras tuteladas pelas agdes coletivas que vinham sendo especuladas e definidas apenas em sede de doutrina receberam expressa conceituagao legal, visto que 0 CDC néo se limitou a invocé-las, pois teve 0 cuidado de expressamente identifics-las (art. 81, paragrafo Unico, incisos 1, Ile Il}: (i) Interesses ou direitos difusos, na diogdo da Lei n° 8.078/90, so os “transindividuais, de natureza indivisivel, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstancia de fato” (inciso |); (ii) Coletivos, por sua vez, so os “transindividuais, de natureza indivisivel, de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contréria por uma relago juridica base” (inciso I!) (li) E, por Ultimo, os individuais homogéneos, que no se apresentam nem como transindividuais nem indivisiveis, 0 0s “decorrentes de origem comum” (inciso II). hitpstwww Kladvocacia.comMutela-colatva-dos-dieitosndividuais-homogeneos-leghimacao-processualdas-associacoes-no-dreto-brasiero! 2/13 05/10:2018 | TUTELA COLETIVA 008 DIREITOS INDIVIDUAIS HOMOGENEOS. LEGITIMAGAO PROCESSUAL DAS ASSOCIAGOES NO DI. Consoante se extrai da definigao legal, ha entre os direitos difusos @ coletivos — nova geragao — tragos comuns como a transindividualidade e a indivisibilidade do objeto. Isso significa que o bem juridico pertence a todo 0 grupo social e que 0 individuo no pode se beneficiar de seu uso sendo como parte integrante do grupo, ou seja, reflexamente. Portanto, “a solugao do conflito é, por natureza, a mesma para todo o grupo” [4 Logo, nos direitos dessa natureza, marcados pela transindividualidade e indivisibilidade, “o objeto do interesse é indivisivel, pois no se pode repartir 0 proveito, e tampouco o prejuizo, visto que a lesdo atinge a todos indiscriminadamente, assim como @ preservacdo a todos aproveita” [5]. Destarte, so notas caracteristicas essenciais dessa espécie de direitos: (') transindividualidade e (ji) indivisibilidade [6]. Como os direitos dessa nova geragao, por sua transindividualidade, ndo pertencem a uma pessoa (sujeito) doterminada, mas a uma comunidade/grupo com identidade social auténoma, porém fluida, amorfa e desprovida de ersonalidade juridica, certo & que o esquema tradicional de tutela concebido a partir da ideia de que em regra apenas o titular determinado do direito podera reclamar sua protegdo judicial inviabilizaria a sua tutela respectiva em face de uma lesdo ou ameaca de lesdo. Diante de uma violagdo ou ameaga quem poderia reclamar a sua tutela se no ha um titular determinado, sendo um grupamento incindivel nao personificado? A questéo da legitimacao, Portanto, dentro do modelo classico concebido pelo proceso civil tradicional precisava ser superada em prol do avango dos instrumentos de garantia dessa nova geragao de direitos, A opsao legislativa adotada foi a de previsdo legal dos legitimados a agir em juizo para a defesa dos direitos essencialmente coletivos que, nesta qualidade, passam a ser aqueles que, em nome proprio, atuam néo na defesa de direitos de que sao titulares, isto é, que integram a sua esfera juridica, mas de direitos transindividuais (pertencentes a coletividade) e incindiveis. A legitimagao, na espécie, resulta de concessao legal ¢ nao propriamente da posigao de titular do direito tuteldvel. A transindividualidade, portanto, exige que a tutela do direito se dé obrigatoriamente sob a forma coletiva. Vale dizer: 0 direito essencialmente coletivo s6 pode ser tutelado por meio dos legitimados autorizados pela lei (legitimados coletivos). E qual seria a natureza juridica da legitimagao ativa para © ajuizamento de agées de tutela dessa categoria de direitos? Seria extraordindria, na qualidade de substituto processual do titular do direito? Ou seria ordinaria, sem cogitar de defesa alheia? Mauricio Guetta [7] assinala sobre o tema que “a classificagdo decorrente do art. 6° do CPC, dado o seu caréter eminentemente individualista, mostra-se inapta e impertinente para determinar a qualificagéo do sistema de legitimagdo em sede de processos que visam a tutela de direitos difusos e coletivos". Sob este aspecto, Manoel Gomes Junior [8] destaca que “o equivoco da doutrina, com a maxima data venia, é tentar ‘encaixar’ as acgées coletivas aos conceitos tradicionalmente usados no direito processuar. Em se tratando de direitos essencialmente coletivos, cuja nota caracteristica é a indivisibilidade © a transindividualidade, a nica opgdo legistativa possivel & a de atribuir, ope legis, a legitimagao a certas pessoas, variando o seu rol de sistema para sistema Foi 0 que fez 0 direito brasileiro, ao optar por um sistema mais alargado de legitimagao para a tutela dos direitos essencialmente coletivos, atribuindo a entidades pubblicas e privadas a capacidade de estar em juizo na sua defesa Trata-se de uma legitimidade singular, liberta da concepgao meramente individualista do proceso. E que em sede coletiva “o direito préprio se confunde com o direito alheio, de maneira que, a0 se questionar a que titulo se confere legitimagao a um ente determinado, 6 preciso abandonar a maxima de que o legitimado processual coincide com 0 detentor do direito substancial © atentar para a circunsténcia de que a efetividade da tutela jurisdicional coletiva depende da adequada representatividade por parte do legitimado ativo” [9] Correto 0 entendimento de Nelson Nery e Rosa Maria de Andrade Nery, para quem nas “agdes coletivas na tutela dos direitos difusos e coletivos, trata-se de legitimagao auténoma para a condugao do proceso, ordindria’. O STJ, em ago de tutela de direitos coletivos, também jé reconheceu a natureza ordinaria da legitimagao ¢ os consectérios dela advindos no plano processual [10] hitpstwww sKladvocacia.comMutela-colatva-dos-dieltosndividuais-homogeneos-leghimacao-processualdas-associacoes-no-dreto-brasiero! 3/13 05/10:2018 —_-TUTELA COLETIVA 008 DIREITOS INDIVIDUAIS HOMOGENEOS. LEGITIMAGAO PROCESSUAL DAS ASSOCIAGOES NO DI. A legitimagao para agir, em matéria de direitos coletivos indivisiveis transindividuais, 6 singular, devendo ser qualificada como ordinéiria, j4 que os legitimados nao atuam tecnicamente como substitutos processuais porque 0 interesse tutelado é incindivel e transindividual, néo se concebendo um titular determinado. Trata-se de legitimagao ordinaria que a lei atribui a certas entidades, para suprir a legitimagao coletiva. Assim, os legitimados coletivos so iguaimente legitimados ordinarios concorrentes. 2.2 Coisa Julgada Tratando-se de direitos transindividuais ¢ indisponiveis a autoridade da coisa julgada ¢ naturalmente erga omnes, no se limitando subjetivamente as partes processuais, alcangando inclusive os outros legitimados ativos concorrentes que se vinculam ao seu contetido. No direito brasileiro, a eficdcia erga omnes esta contemplada nos arts. 16 da Lei n° 7.437/98 e 103, I, do CDC, sendo vinculativa quando procedente ou improcedente a pretensdo (incindibilidade e uniformidade natural da deciso). A excegao prevista cinge-se a improcedéncia por falta de provas, hipétese em que qualquer dos demais legitimados podera renovar a demanda coletiva Diante da prépria natureza dos direitos difusos e coletivos stricto sensu, conclui-se com Kazuo Watanabe[11] que a tutela jurisdicional “deve fazer-se molecularmente em beneficio de todos os consumidores afetados, sendo suficiente uma sé demanda coletiva, cuja sentenga faré coisa julgada erga omnes". Os direitos essencialmente coletivos, Portanto, apenas sero submetidos a apreciagdo judicial na sua dimens&o molecular (processo essencialmente coletivo) pelos legitimados ordinarios coletivos. 3s Direitos Individuais Homogéneos ou Acidentalmente Coletivos Quando, porém, se cogita de direitos individuais homogéneos, desde a origem se pode identificar a titularidade do direito pelo individuo, sem conotago alguma com o grupo que posteriormente se configurou apenas para efeito de atuagao em juizo. Sao em realidade direitos individuais aos quais se dé tratamento processual coletivo, Ou seja, 0 direito subjetivo material é individual, a ele se dispensando, por razdes de politica legislativa, o uso de técnica processual coletiva para sua defesa. Trata-se, assim, de uma ficgdo juridica criada para ampliar a defesa de direitos individuais de origem comum. Hermes Zaneti Junior [12] observa que: *sin esta expresa previsién legal, la posibilidad de defensa colectiva de derechos individuales estaria vedada’ fato de se dar um tratamento processual coletivo no subverte a esséncia do direito que é individual. Trata-se apenas de criar mais um instrumento para facilitar a tutela dos direitos individuais sendo assim complementar e nao Substitutiva da acao individual [13]. Portanto, em se tratando de direitos individuais homogéneos, ao lado da ago individual, o legislador, por razdes politicas, autorizou paralelamente 0 manejo da agao coletiva, por meio da técnica cléssica de substituigao Processual, contemplando os legitimados ope legis extraordinarios para sua defesa, Ou seja, para os direitos individuais homogéneos, convive a técnica de defesa individual tradicional com aquela coletiva, pelo regime da substituigao processual. Os legitimados ativos, em nome proprio, defendem direitos individuais alheios, cujos titulares poderiam valer-se de agdes individuais, se as preferissem, como revela textualmente o art. 91 do CDC. Trata-se, portanto, de legitimagao extraordinaria, aquela conferida aos legitimados do art. 82 do CDC para a defesa dos direitos individuais homogéneos, uma vez que em nome préprio buscam a tutela de direitos alheios, isto 6, dos individuos [14] itpstwwwKladvocacia.comMutela-colatva-dos-dieitosndividuais-homogeneos-leghimacao-processualdas-associacoes-no-dreto-brasiero! 4/13 05/10:2018 | TUTELA COLETIVA 008 DIREITOS INDIVIDUAIS HOMOGENEOS. LEGITIMAGAO PROCESSUAL DAS ASSOCIAGOES NO DI. Com efeito, na sistematica de tutela dos direitos individuais homogéneos, convivem a legitimagao ordinaria classica dos titulares individuais do direito e a legitimagao extraordinaria classica, i.e., a substituigao processual autorizada Por lei a que alude o art. 6? do CPC. A tutela coletiva dos direitos individuais homogéneos 6, assim, alcangada por meio do instrumento processual clssico da substituigao processual. O que se deseja aqui ¢ autorizar a substituigao dos verdadeiros titulares do direito pelos legitimados extraordinarios como meio de alcangar uma eficiente tutela dos préprios direitos individuais que, pelo fato de serem inseridos em um microssistema de proceso coletivo, nao perdem a sua esséncia de direitos subjetivos individuais. E certo que a previsdo de agao coletiva na espécie nao anula a possibilidade de o individuo preferit 0 exercicio da ago individual, nem impede que a solugao da demanda possa ser diferente para algum interessado figurante do grupo. Justamente porque, na raiz, 0s direitos congregados so individuais e podem, caso a caso, sofrer reflexos de circunstancias pessoais. Para se bem compreender a estrutura da tutela jurisdicional coletiva dos direitos individuais homogéneos, é preciso ter em mente que se trata de “derechos individuales y divisibiles, tipicos derechos subjetivos tradicionales, pertenecientes a titulares exclusivos, que admiten tratamiento general y colectivizado no por su naturaleza, sino a partir de su homogeneidad, por construccién legislativa’ [15]. E assim que a natureza individual dessa categoria de direitos se apresenta como premissa essencial para a compreensao e a adequacao do modelo de tutela coletiva que, por outro lado, deverd se harmonizar e conviver com a garantia de tutela individual, isto 6, exercida pelo préprio titular individualmente considerado. Nesse ponto é que se distingue a tutela de direitos coletivos da tutela coletiva de direitos individuais. Ao contrério destes, aqueles nunca podem ser tutelados por ago individual idade Ativa no Microssistema de Processo Coletivo: Sintese Necess: 4ALeg ia Consoante se pode observar do microssistema de processo coletivo brasileiro, ao contrario do que se constata em outros sistemas como 0 americano, o legistador outorgou legitimagao aos mesmos entes tanto para a defesa de direitos essenciaimente coletivos (difusos coletivos stricto sensu) como de direitos acidentalmente coletivos {individuais homogéneos). Com efeito, a técnica legislativa, apés definir cada um dos direitos tuteldveis no proceso coletivo (art. 81 do CDC), simplesmente indica, no artigo subsequente, aqueles que seriam os legitimados sem qualquer preocupado de sistematizagao adequada [16]. Em verdade, a andlise do microssistema de processo coletivo revela um emaranhado de diplomas legais em convivéncia e sob constantes reformas. O quadro 6 de esfacelamento e auséncia de sistematicidade, dificultando a adequada compreensao e aplicagdo das regras, A falta de uma regulamentagao sistematica e que atente para a diversidade de natureza dos direitos que sao tutelados pelo proceso coletivo contribui para disseminar aos mais desavisados uma ideia equivocada de que a técnica do processo seria nica e de que, para todas as categorias de direito, suas regras seriam as mesmas No entanto, o fato de haver uma indicagao de rol dos mesmos legitimados para a tutela dos direitos essencialmente coletivos (difusos e coletivos) e acidentalmente coletivos (individuais homogéneos) ndo conduz necessariamente a que a legitimagao seja ampla e irrestrita para todas as categorias. Isto porque nem todos os legitimados do art. 82 esto autorizados a postular em juizo a defesa de todos os direitos difusos, coletivos e individuals homogéneos, sem qualquer restrigao. Quando se trata da tutela dos direitos essencialmente coletivos tem-se uma legitimacao singular e verdadeiramente nova: a legitimagao ordinaria coletiva. Trata-se de uma técnica processual edificada pelo processo a partir de uma ficg4o, qual soja a de que os legitimados personificariam os interesses incindiveis e transindividuais da coletividade despersonificada, Nao seriam, assim, meros substitutos processuais, mas aqueles a quem a sociedade atribuiu a hitpstwww sKladvocacia.comMutela-colatva-dos- direitos ndividuais-homogeneos-leghimacao-processualdas-associacoes-no-drelto-brasiero! —S/13 05/10:2018 | TUTELA COLETIVA 008 DIREITOS INDIVIDUAIS HOMOGENEOS. LEGITIMAGAO PROCESSUAL DAS ASSOCIAGOES NO DI. capacidade ordinaria de estar em juizo na defesa de direitos que tém na auséncia de determinabilidade e incindibilidade dos sujeitos titulares a sua nota caracteristica. Apenas os legitimados ordindrios arrolados no art. 82 do CPC (legitimados coletivos) podem perseguir, em juizo, a tutela dos direitos coletivos e difusos. Por sua vez, e a vista de serem incindiveis, deverdo faz6-lo em uma ago nica cuja solugao devera ser uniforme. A legitimagao & concorrente, mas nao simultanea, o que equivale a dizer que tecnicamente qualquer dos legitimados pode ajuizar a ago coletiva. Todavia, uma vez que um dos legitimados intentou a agao, vedado € que simultaneamente os demais ajuizem ages com idéntico objeto, sob pena de restar configurada a Iitispendéncia Por conseguinte, a tutela dos direitos essencialmente coletivos, por serem transindividuais e incindiveis, deve se fazer em uma ago Unica cuja coisa julgada material afetard e sera oponivel a todos os demais legitimados (erga omnes), exceto na hipétese de improcedéncia por insuficiéncia de provas. Diversa 6 a situagdo juridico-processual nas agdes entorno de direitos individuais homogéneos. Os mesmos legitimados, que na defesa de direitos difusos @ coletivos stricto sensu tém legitimagao ordindria coletiva, sao reputados substitutos processuais cldssicos (ou legitimados extraordindrios) quando agem em juizo para tutela dos direitos individuais homogéneos. Da circunstancia, porém, de se tratar de legitimagao extraordinaria decorre que a substituigo processual néo pode ser automatica e ope legis, reclamando um controle caso a caso, de representagao adequada. Por isso, nem todos 08 legitimados do art. 82 do CPC so representantes adequados para a defesa de todo e qualquer direito individual homogéneo. A exigéncia desse controle é inspirada na ideia de que uma representagao inadequada equivale 4 auséncia de representagdo, o que feriria a garantia do justo processo legal coletivo, porquanto nao se tera dado oportunidade de participacdo aqueles que serdo alcangados pela prestacdo jurisdicional. Na verdade, cada um dos legitimados extraordindrios arrolados no art. 82 do CDC podera ser o representante adequado de um universo distinto e especifico de substituidos, razdo pela qual a legitimagao legalmente prevista se apresenta como concorrente e disjuntiva, permitindo “agir em Juizo independentemente uns dos outros, sem prevaléncia alguma entre si" {17}, Como 0s direitos individuais homogéneos nao sao incindiveis, cada legitimado pode representar um universo distinto @ especifico de substituidos, raz4o pela qual, ao contrério da legitimagao coletiva ordinaria, nao havera uma Unica ago, podendo conviver miltiplas ages com extensao diversa de substituidos representados pelo legitimado extraordinario. Outrossim, nem todos os direitos que se qualifiquem como individuais homogéneos serao indistintamente tutelados pelos legitimados. Assim, 0 MP, por exemplo, nao tem legitimagao absoluta para a tutela de todo e qualquer direito individual homogéneo, haja vista que a Constituigéo Federal, como reconhece o STJ, apenas autoriza a representacao adequada daqueles que se qualifiquem como indisponiveis ou de relevante interesse social [18]. Em verdade, a legitimacao extraordinaria pressupée a andlise dos limites impostos na ordem juridica a cada um dos legitimados para a representacao adequada do universo dos titulares de direitos individuais que poderao ser por ele substituidos. 5 Legitimacao para a Execucdo da Sentenca Coletiva Porque cada legitimado substitui adequadamente um universo distinto e especifico de individuos titulares dos direitos individuais, tem-se que nas “agdes civis publicas em defesa de interesses individuais homogéneos, os efeitos da sentenga de procedéncia 6 ultra partes, pois alcanga apenas um grupo determinado de pessoas Vinculadas ao objeto da agao'[19]. Ou seja, aqueles que foram adequadamente substituidos formam 0 universo dos itpstwww sKladvocacia.comMutela-colatva-dos- direitos ndividuais-homogeneos-leghimacao-processualdas-associacoes-no-drelto-brasiero! 8/13 05/10:2018 | TUTELA COLETIVA 008 DIREITOS INDIVIDUAIS HOMOGENEOS. LEGITIMAGAO PROCESSUAL DAS ASSOCIAGOES NO DI. alcangados pela coisa julgada. Outrossim, a legitimagao pelo regime da substituigéo processual autorizada na fase de conhecimento quando é possivel haver o concurso entre todos os legitimados [20] e entre estes e os legitimados ordindrios individuais; j4 na fase de execugdo a substituigao sera eventual e subsididria. Na execugao hd, destarte, preferéncia para a legitimagao dos préprios titulares dos direitos individuais substituidos jé que o direito é divisivel estes tém melhores condigdes de buscar a satisfagao respectiva: \ssim, no ressarcimento individual (arts. 97 e 98 do CDC), a liquidagéo e a execugdo seréo obrigatoriamente personalizadas e divisiveis, devendo prioritariamente ser promovidas pelas vitimas ou seus sucessores de forma singular, uma vez que 0 préprio lesado tem melhores condigées de demonstrar a existéncia do seu dano pessoal, 0 exo etiolégico com o dano globalmente reconhecido, bem como o montante equivalente & sua parcela.” [21] Observa-se, portanto, que a legitimagao extraordinaria difere daquela ordinaria coletiva, em especial quanto a extensao da representagao. J que nem todos os legitimados do art. 82 do CPC estdo autorizados a agir como substitutos na defesa de todo e qualquer direito individual homogéneo. Logo nao é porque um direito se qualifica como individual homogéneo que os legitimados poderdo automaticamente agit concretamente em juizo. 6 As Associagées e sua Legitimagao para as Agées Coletivas Referentes a Direitos In Homogéneos: Perspectiva de Adequada Representacao Na legitimidade para as agées coletivas de consumidores, incluem-se érgdos puiblicos com aptidao institucional para defesa genérica de toda uma categoria de individuos no seu Ambito territorial e 6rgdos privados instituidos convencionalmente para defesa dos interesses de seus associados. Na CF/88, ha a previsdo de que as associagdes tém legitimidade para “representar seus filiados” em juizo (art. 5°, XI). A vista disso 6 procedente argumentar-se que a aco coletiva de defesa dos consumidores considerados numa perspectiva individual homogénea, manejada por associagao civil, destina-se a tutela dos interesses de seus associados (CDC, art. 82, IV), e nao da universalidade dos consumidores. Nao seria licito, portanto, a uma associagao substituir 0 Ministério Publico, por exemplo, para propor aco coletiva em defesa de interesses individuais homogéneos da generalidade de individuos ou daqueles que véo além de seu quadro de filiados [22] Na sistemética constitucional que estabeleceu a legitimidade das associagées para atuar, em juizo, na defesa de seus associados, criou-se uma situagao de substituigaio processual, pois a entidade estaré autorizada a demandar nna defesa de direitos que nao so seus, mas, sim, de seus associados A previsdo do Cédigo do Consumidor de que ages coletivas, para ressarcimento de danos ou para tutela de direitos individuais homogéneos, possam ser intentadas por associagGes tem de ser entendida dentro da regra fundamental da CF que delimitou a area de substituicéo processual aplicavel & espécie (CF, art, 5°, XXI). Da mesma forma a extensdo da substituigdo empreendida pela associagéo deve ser compreendida a vista da disposigo constitucional que regula o papel das associagées civis e, assim, define a sua representagao adequada [23]. A CF define, com efeito, 0 espectro daqueles individuos que podem ser substituidos pela associagéo, na qualidade de legitimada extraordindria: os seus associados. Logo, “poderd haver a representagao de seus filiados por parte de entidades associativas quando expressamente autorizadas’, o que diz respeito tanto ao filiado que seja portador de “um interesse difuso quanto o de um coletivo ou mesmo de um individual” [24) Nao se pode ampliar a incidéncia do art. 82, IV, do CDC além dos limites estabelecidos na prépria CF (art. 5°, XXI) [25] ao definir a representatividade adequada das associacées civis. Com efeito, a orientacdo jurisprudencial do STJ, que vem buscando tragar um sistema de legitimagao para as aces coletivas na defesa dos direitos individuais homogéneos, ndo Ihe atribui o carter de ampla e irrestrita, no tocante & defesa de todo e qualquer direito contemplado no art. 81 do CDC [26]. Embora os arestos colacionados tratem da legitimagao, a sua negativa se deu porquanto nao se anteviu a adequada representatividade do universo daqueles que seria substituidos. itpstwww sKladvocacia.comMutela-colatva-dos-dieitosndividuais-homogeneos-leghimacao-processualdas-associacoes-no-dreto-brasiero! 7/13 05/10:2018 | TUTELA COLETIVA 008 DIREITOS INDIVIDUAIS HOMOGENEOS. LEGITIMAGAO PROCESSUAL DAS ASSOCIAGOES NO DI. © Ministro Teor Albino Zavascki bem delineou a questao: or outro lado, também a existéncia de varias agdes coletivas a respeilo da mesma questo juridica néo representa, por si s6, a possibilidade de ocorrer decisées antagénicas envolvendo as mesmas pessoas. E que os substituldos processuais (= titulares do direito individual em beneficio de quem se pede tutela coletiva) nao sao, necessariamente, os mesmos em todas as agdes. Pelo contrério: 0 normal & que sejam pessoas diferentes, e, para isso, concorrem pelo menos trés fatores: (a) a limitagao da representatividade do 6rgo ou entidade autora da demanda coletiva (= substitulo processual); (b) 0 4mbito do pedido formulado na demanda; e (o) a eficécia subjetiva da sentenga imposta por lei, que ‘abrangeré apenas os substituidos que tenham, na data da propositura da ago, domicilio no ambito de competéncia territorial do érgao prolator’ (Lei n® 9.494/97, art. 2°-A, introduzido pela Medida Proviséria n® 2.180-35/01).” (REsp 487.202/RJ) Hé, assim, que se distinguir 0 papel das associagdes na defesa dos direitos essencialmente coletivos (difusos & coletivos stricto sensu) e na defesa de direitos individuais homogéneos identificdveis e divisiveis. Para os primeiros, basta que haja a previséo nos Estatutos da Associagao contemplando a finalidade de defesa dos direitos essencialmente coletivos, atendendo a pertinéncia tematica e adequada representalividade. A legitimacao para defesa desses direitos resulta da indivisibilidade e transindividualidade, outorgada pela legisiacao, em verdadeira legitimagao ordinaria coletiva. A adequada representacao resulta, na hipétese, de sua pertinéncia tematica, isto é, de seu escopo estatutério de promover a defesa dos direitos difusos e coletivos stricto sensu. Ja no que tange & tutela dos direitos individuais homogéneos divisiveis por natureza, a limitagao constitucional deve ser observada para que (i) seja assegurada a liberdade de associagao, pois do contrario estar-se-ia permitindo a defesa de direitos individuais de ndo associados, o que ¢ incompativel com a previsdo constitucional. Ou seja, mesmo sem ser associado, o individuo se veria substituido pela associagao a qual nao se filiou, o que malfere 0 direito fundamental de liberdade de associagao; (ji) seja respeitada a prépria ratio constitucional do direito de associagéo com personalidade de direito privado: criar uma pessoa que defenderd os interesses dos seus associados A fungao da associagéo civil é privada e ndo vai além do interesse dos seus associados. Séo legitimadas ativas para propositura de agdes coletivas na defesa dos referidos interesses, na forma dos seus estatutos[27]. Nao se pode, Portanto, pretender sua atuagdo como érgo de defesa e representacao indistinta de todo e qualquer interesse individual, Dentro da conjugagao entre a CF (art. 5°, XXI) e 0 CDC (art. 82, IV), a associagdo, para propor acdo indenizatéria coletiva (direitos individuais homogéneos), s6 estard legitimada a substituir e a promover a defesa dos direitos individuais homogéneos de seus associados, demonstrando, a um sé tempo, a qualidade, de todos ou de parte deles, de consumidores lesados dentro da relagdo de consumo abrangida pela Lei n° 8.078/90, e, ainda, a existéncia de autorizagao estatutéria para agir em defesa dos interesses dos lesados. Sé assim se demonstraré a existéncia de interesse legitimo e a representatividade adequada da parte autora no provimento jurisdicional, e, consequentemente, a sua legitimidade ad causam Em face, pois, do art. 5°, XI, da Carta Magna, o campo subjetivo alcangado numa ago coletiva proposta por associagdo ndo ullrapassa 0 quadro de seus sécios. Essa a sua representatividade adequada contemplada constitucionalmente © que, por sua vez, delimita os substiluidos nas agées coletivas para a defesa de direitos individuais homogéneos. Em outros termos, a associagao age, em juizo, em nome préprio (como autora da causa), mas defende direito alheio {isto 6, direlto de seus associados). Defende, como substituto processual, justamente “aqueles direitos para cuja tutela manifestaram (os titulares) interesse em filiar-se a associagao" [28]. Nessa qualidade cada associagdo & a representante adequada dos interesses dos individuos que integram 0 seu quadro de associados. Logo, sua legitimagao extraordinéria para a ago coletiva esté limitada ao universo dos individuos que esté, constitucionalmente, autorizada a representar: os seus associados. hitpstwww sKladvocacia.comMutela-colatva-dos- direitos ndividuais-homogeneos-leghimacao-processualdas-associacoes-no-drelto-brasiero! 8/13 05/10:2018 —_-TUTELA COLETIVA 008 DIREITOS INDIVIDUAIS HOMOGENEOS. LEGITIMAGAO PROCESSUAL DAS ASSOCIAGOES NO DI. Exatamente explicitando a regra constitucional da representatividade adequada das associagées civis @, por conseguinte, do alcance de sua legitimagao subjetiva para a tutela coletiva de direitos individuais homogéneos se introduziu o art. 2°-A e pardgrafo tinico na Lei n° 9.494/97, nos termos seguintes: “Art. 2°-A. A sentenca civil prolatada em agao de caréter coletivo proposta por entidade associativa, na defesa dos interesses e direitos dos seus associados, abrangeré apenas os substituidos que tenham, na data da propositura da aco, domicilio no 4mbito da competéncia territorial do érgéo prolator. Paragrafo Unico. Nas agées coletivas propostas contra entidades da administracdo direta, autarquica e fundacional da Unido, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municipios, a petigao inicial deveré obrigatoriamente estar instruida com a ata da assembleia da entidade associativa que @ autorizou, acompanhada com relagéo nominal dos seus associados ¢ indicagao dos respectivos enderecos. (alteragées introduzidas pela MP n° 1.798-2/99)" A tese da representatividade ampla da associagao para defender consumidores, sejam ou nao a ela filiados [29], perdeu toda a sua sustentago em face do disposto no art. 2°-A da Lei n° 9.494/97 ja citado, que adequadamente delineou a representatividade das associagées na defesa de direitos individuais homogéneos, conformando-a aos ditames constitucionais ¢ indicando que o espectro de substituidos contempla apenas aqueles que eram associados ao tempo do ajuizamento da demanda. Trata-se de regra absolutamente conforme a sistematica da Constituigo [30} 1. a) a Constituicéo Federal porquanto respeita a liberdade associativa e os limites de atuagao da associagao na defesa de direitos individuais homogéneos apenas de seus associados; 1. b) a legislagdo processual e 0 modelo constitucional de processo que erigem a estabilizagdo da relagdo processual em seus elementos como uma garantia fundamental das partes. Assim, 0 universo de substituidos deverd ser 0 daqueles associados ao tempo do ajuizamento da agdo, pois entendimento diverso malfere a regra da estabilizagao autorizando uma ampliagao do objeto do litigio; 1. ¢) 08 valores éticos e morais, uma vez que obsta a que a atuagdo das associagdes seja movida por interesses econémicos, coibindo 0 uso das agées coletivas como instrumento para angariar associados dispostos a contribuigdes financeiras para obter os efeitos de eventual decisdo favordvel. Enfim, obsta o abuso e o desvio de finalidade que representaria a mercantilizagao dos interesses individuais homogéneos. E certo que a associagdo civil tem especial relevo, quando se trata de defesa dos consumidores, e “elevada importéncia na melhor organizagao das relagdes de consumo, pois constituem elas um instrumento de participagéo da sociedade civil no aperfeigoamento da Politica Nacional de Relagdes de Consumo (art. 4°, il, b), @ uma forma eficiente de evitar que continue o patemalismo estatal exagerado na prote¢ao do consumidor’ [31]. Assim, as associagées serdo to mais fortes e igualmente os individuos se respeitados os limites constitucionais de sua representatividade e de liberdade associativa. Para coibir 0 abuso em raz&o da ampliagao do acesso a Justiga, e, ainda, para conferir verdadeira e adequada representatividade a associagdo, 0 legislador estabeleceu a extenséio de sua substituigéo limitando-a a seus associados, nos exatos termos do comando constitucional. [1] WATANABE, K. Acciones colectivas: culdados necesarios para la correcta fijacién del objeto litigioso del proceso. In: GIDI, A; MAC-GREGOR, E. F. (Coord.). La tutela de los derechos difusos, colectivos e individuales homogéneos, 2003. p. 3. [2] MOREIRA, Barbosa. Tutela jurisdicional dos interesses coletivos ou difusos. In: Temas de direito processual. 3° Série (1984). p. 193 ss. [3] WALD, A. Rev. For., 329, 1995, p. 5. [4] GRINOVER, A. P. A marcha do proceso, 2000. p. 20. hitpstwww Kladvocacia.comMutela-colatva-dos-dieitosndividuais-homogeneos-leghimacao-processualdas-associacoes-no-dreto-brasiero! 9/13 05/10:2018 | TUTELA COLETIVA 008 DIREITOS INDIVIDUAIS HOMOGENEOS. LEGITIMAGAO PROCESSUAL DAS ASSOCIAGOES NO DI. [5] CRUZ E TUCCI. Rev. de Proc., 143, 2007, p. 47, [6] GIDI, A. Derechos difusos, colectivos ¢ individuales homogéneos. In: GIDI, A; MAC-GREGOR, E. F. (Coord.), 2003. p. 32 [7] GUETTA, M. Rev. de Proc., 11, 2012, p. 45. [8] GOMES Jr., Manoel. Curso de direito processual civil coletivo, 2008. p. 84 [9] GUEDES, C. D. A legitimidade ativa na ago civil publica e os principios constitucionais. In: Proceso civil coletivo, 2005. p. 127 [10] STy, 3* S., CC 109.435/PR, Ac. 22.09.2010, Due 15.12.2010. [11] WATANABE, K. Acciones colectivas. In: GIDI, A; MAC-GREGOR, E. F. (Coord.). La tutela de los derechos difusos, colectivos e individuales homogéneos, 2003. p. 6. [12] ZANETI Jr, H. Derechos colectivos lato sensu. In: GIDI, A; MAC-GREGOR, E. F. (Coord.). La tutela de los derechos difusos, colectivos e individuales homogéneos, 2003. p. 48. [13] MAFRA LEAL. Notas sobre la definicién de intereses difusos, colectivos ¢ individuales homogéneos en el cédigo modelo de procesos colectivos para iberoamérica. In: GIDI, A.; MAC-GREGOR, E. F. (Coord). La tutela de los derechos difusos, colectivos e individuales homogéneos. p. 41 [14] GUETTA, M. Rev. de Proc., 211, 2012, p. 45. [15] ARAUJO FILHO. Anteproyecto de Cédigo de Proceso Civil colectivo modelo. In: GIDI, A.; MAC-GREGOR, E. F. (Coord.). La tutela de los derechos difusos, colectivos e individuales homogéneos.p. 84. [16] Para a defesa coletiva (sem discriminar direitos individuais homogéneos), o art. 82 do CDC prevé a legitimagao concorrente do Ministério Publico, da Administragao Publica e das associagées. [17] STy, 4° REsp 869.583/DF, 05.06.2012, DJe 05.09.2012, [18] STJ, 2° T., REsp 347.752/SP, 08.05.07, DJe 04.11.09, [19] STy, 4° T., REsp 964.755/RN, 04.08.2011, Due 05.09.2011 [20] Essa possibilidade resulta, consoante se destacou, do fato de que cada legitimado seja o representante adequado de um universo delimitado de individuos. E por ndo se tratar de direito incindivel, mas cindivel diante de sua natureza individual, é perfeitamente possivel convivermos com solugées diversas e ndo unitarias, [21] STy, 4° T., REsp 869.583/DF, 05.06.2012, DJe 05.09.2012. [22] Como ja foi visto, o inciso XX! do art. 5° da CF legitima as entidades associativas, quando expressamente autorizadas a representar seus filiados judicial e extrajudicialmente. Essa legitimagao extraordinéria, por conseguinte, restringe-se aos interesses dos associados, e nao abrange todo e qualquer interesse, mas apenas os interesses pertinentes aos préprios fins da entidade (ARAUJO FILHO. AgGes coletivas: a tutela dos direitos judiciais homogéneos, 2000. p. 95). [23] SILVA, J. A. Curso de direito constitucional positive, 1998. p. 264. [24] RIBEIRO BASTOS, Celso. Comentarios & Constituigao do Brasil, 1989. v. 2. p. 113. [25] Brasil, 1* T.Civ., Sao Paulo, 9* Cam., Embs. Inf. 582.718-0/00, 11.11.97, Rev. JUIS. Nesse sentido: GRECO FILHO. Comentarios ao Cédigo de Defesa do Consumidor, 1991. p. 352, [26] STJ, 1* T., REsp 762.839/SP, 18.08.05, DJ 07.11.05, 146; STJ, 1" T., REsp 727.092/RJ, 13.02.07, DJ 14.06.07, 256. itpstwww sKladvocacia.comMutela-colatva-dos- direitos ndividuais-homogeneos-leghimacao-processualdas-associacoes-no-drelto-brasiero! 10/13 05/10:2018 | TUTELA COLETIVA 008 DIREITOS INDIVIDUAIS HOMOGENEOS. LEGITIMAGAO PROCESSUAL DAS ASSOCIAGOES NO DI. [27] LORENZETTI GARRIDO, Rev. Consumidor, 16, 1995, p. 97. [28] LAMEGO BULOS, U. Mandado de seguranca coletivo, 1996. p. 57; CALMON DE PASSOS, J. J. Mandado de ‘seguranga coletivo, mandado de injungao, habeas data, 1991. p. 12. [29] BRITO FILOMENO, J. G. Manual dos direitos do consumidor, 1999. p. 364. [30] STJ, 5* T, AgRg no Ag 1.012.591/PE, 04.12.09, DJe 01.02.2010; STV, 5* T., AgRg no REsp 1.173.524/DF, 23.11.2010, Die 13.12.2010; STJ, 6° T., AgRg no REsp 972.765/PE, 18.06.09, DJe 10.08.09. [31] WATANABE, K. In: GRINOVER, A. P. (Coord.). Cédigo Brasileiro de Defesa do Consumidor: comentado pelos autores do anteprojeto, 1998. p. 643. Tags: direitos individuais (http:/www rkladvocacia.com/arquivo/direitos-individuais/), homogéneos (http/www.rkiadvocacia.com/arquivorhomogeneos!), tutela coletiva (http:/Iwww.rkladvocacia. com/arquivoftutela- coletival) Compartilhe este artigo! G Nenhum comentario - Quero comentar! 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Enviar Comentario RKL Advocacia rki@rkladvocacia.com (mailto:rkl@rkladvocacia.com) Confira todos os posts de RKL Advocacia (http:/wmw.rkladvocacia com/author/admin/) + Administrativo (http://www rkladvocacia.com/categoria/doutrina/administrativo/) + Advogado (http://www.rkladvocacia. com/categoria/doutrina/advogado/) + Civil (http://www rkladvocacia.com/categoria/doutrina/civill) + Constitucional (http://www.rkladvocacia.com/categoria/doutrina/constitucional/) + Consumidor (http:/iwww.rkladvocacia.com/categoria/doutrina/consumidor!) + Execugdo (http:/www.rkladvocacia com/categorialdoutrina/execucao/) + Familia (http://www.rkladvocacia.com/categoria/doutrina/familia/) + Internacional (http:/iwww.rkladvocacia.com/categoria/doutrina/intemacional/) + Locagao (http:/www.rkladvocacia.com/categoria/doutrina/locacao/) + Penal/Processo Penal (http:/www.rkladvocacia.com/categoria/doutrina/penal-processo-penal/) + Proceso Civil (http://www rkladvocacia.com/categoria/doutrina/processo-civill) + Recuperacdo Judicial e Faléncia (http:/www.rkladvocacia.com/categoria/doutrinalrecuperacao-judicial-e- falencia/) + Responsabilidade Civil (http:/www.rkladvocacia.com/categoria/doutrinalresponsabilidade-civill) + Sociedade (http://www.rkladvocacia.com/categoria/doutrina/sociedade/) + Sucessdo (http:/www.rkladvocacia.com/categoria/doutrina/sucessao!) + Trabalhista (http:/www.rkladvocacia.com/categoria/doutrina/trabathistal) + Tributério (http:/www.rkladvocacia.com/categoria/doutrina/tributario/) Pesquisa no site ‘Qualquer categoria ¥) Pesquisar RKL Escritério de Advocacia Instagram (https://www.instagram.com) Facebook (https:/www_facebook.com/RKL-Escritério-de-Advocacia-277169852407087) Contato (81) 3274-5066 rki@rkladvocacia.com Enderego ‘Av. 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