Segue um maravilhoso resumo, aproveitando-me da genialidade do Astrdlogo
Nuno Michaels e da sua capacidade fantastica de usar as palavras para
esclarecer, canalizar e quantas vezes chocar as nossas mentes adormecidas e
esquecidas com tao maravilhosa informacao capaz de libertar os nos e esquemas
mentais que carregamos em nés..
Para quem ja anda na sua busca, quem ja anda de Mapa Astrolégico em punho a
aprender a ler os sagrados sinais que nos vao mostrando onde anda o pote de
ouro no fim do arco-iris, déem especial atengdo aos Arquétipos onde tém o
Saturno, o Sol, a Lua, os Nodos da Lua, o Ascendente pois, sem nunca
desprezar os outros, sao sinais Obvios de trabalho intenso na vida presente.
AUTONOMIA
O Dom de Carneiro
Autonomia: a qualidade de se nomear a si
proprio.
A capacidade de se definir, afirmar e fazer vingar
quem se é.Auto-nomos: nomear a sua propria regra, definir-se, depender de si mesmo. Ser
independente.
Ser independente, ou auténomo, é fundamental — nao s6 como condigao da
dignidade e auto-respeito pela propria existéncia, mas também para que
quaisquer relacionamentos, acordos, negociagées ou parcerias possam funcionar
na sua vida.
Eu s6 posso ceder, negociar, fazer concessées, ir ao encontro da necessidade do
outro em respeito pela minha propria, depois de aprender a afirmar, salvaguardar
e defender o meu proprio territorio e interesse egoistico. Uma relagao — seja de
natureza pessoal ou profissional — € uma dana entre dois individuos, isto é,
entre dois seres conscientes dos seus proprios interesses e necessidades e
capazes de as afirmar e lutar por elas.
O meu “sim” ao Outro s6 comega a ter valor quando eu sou capaz de dizer “sim”
a mim préprio primeiro — mesmo que isso implique dizer “nao” ao outro. Antes de
ser Capaz de dizer “nao”, o meu “sim” na verdade ainda nao tem valor.
Independéncia e autonomia sao, assim, condi¢gées fundamentais para aprender aser interdependente, isto é, aprender a partilhar, cooperar, trocar com beneficio
de todos os envolvidos. Mas nao a custa do sacrificio da propria verdade — isso
degenera em opressao, dependéncia, ressentimento, agressividade mal-
resolvida, e resulta inevitavelmente em conflito, aberto ou dissimulado, e todos
perdem com isso.
O direito individual a existéncia precisa ser defendido e afirmado, em nome da
forca de vida que se expressa e cumpre através de cada um de nés. Todos
precisamos ser capazes de desbravar por nds mesmos 0 nosso préprio caminho,
estar em paz com o facto fundamental de que em ultima analise estamos sos, €
sobre os nossos prdprios pés, frente a nossa propria vida, e que cada alma tem o
seu proprio caminho.
Apesar de nascermos de uma relagao, em relacdo e para as relagées, também é
verdade que chegamos, e partimos, essencialmente sos — e até quando somos
gémeos homozigéticos precisamos descobrir a nossa propria separa¢ao,
individualidade, e existéncia independente.
Isto exige 0 desenvolvimento de uma espécie de “guerreiro” interno que dispde
de coragem, ousadia, e da auto-confianga que nos permite avangar e afirmarmo-
nos a cada passo do caminho, é a condi¢ao do desenvolvimento do egoismo
saudavel e da autenticidade nas relagées
Cada um de nés precisa, por isso, de honrar esse guerreiro interior que tem como
fungées devolver-nos auto-consciéncia de quem somos antes dos outros nos
definirem, abrir caminho para novas areas de experiéncia, e permitir-nos
desenvolver a capacidade de travar as batalhas do nosso préprio destino
Na medida em que este dom esteja menos bem integrado, por excesso ou por
caréncia, tende a expressar-se de formas desequilibradas: como colera,
impulsividade, auto-afirmagao egoista sem nenhum respeito ou contemplagaopelos outros a nossa volta, ou, no outro extremo, como desmotivacéo, depressao,
medo, caréncia de energia para dar continuidade a vida; as vezes, como
tendéncia a dependéncia excessiva dos outros, a incapacidade de lutar sozinho
ou por si mesmo, € a atrair do exterior pessoas agressivas e/ou situagdes em que
nos sentimos agredidos.
Outras vezes, a nao-integragao deste egoismo saudavel manifesta-se como uma
tendéncia a acidentes, a enxaquecas, ou a um forte sentimento de culpabilidade
que oculta muitas vezes um ressentimento inadmissivel perante nds mesmos
contra aqueles que — acreditamos — nos impedem de ser (saudavelmente)
egoistas
Por isso é muito importante treinar consistente e conscientemente o dom da
Autonomia nas pequenas e grandes oportunidades ao nosso dispor:
-desenvolva o habito de, pelo menos uma vez por semana, fazer sozinho
qualquer tipo de actividade que Ihe dé prazer e que normalmente faca
acompanhado (ir ao cinema, jantar fora, passear num jardim, ir a uma exposi¢ao
aum evento cultural, sio pequenos exemplos)
—desenvolva 0 habito de, pelo menos uma vez por més, fazer algo novo,
diferente ou fora da sua rotina habitual. Isto pode passar por ir passar um fim-de-
semana sozinho a um sitio completamente desconhecido, ou simplesmente
passar umas horas na esplanada de uma praia onde nunca esteve. O objectivo é
oferecer a si mesmo a oportunidade de estar numa situa¢gao nova, nao familiar,
que represente um (ligeiro) afastamento da sua “zona de seguranca” habitual
—comece a praticar (dentro das suas caracteristicas, preferéncias e limitagdes
fisicas) uma actividade fisica que seja enérgica e faga transpirar, que exija
contacto corpo-a-corpo, e que nao seja de equipa. Uma arte marcial seria
absolutamente perfeito — afinal, sAo as artes de Marte que era, na mitologia, 0corajoso e combativo deus da guerra. Mesmo que nao comece a praticar
regularmente,experimentepelo menos uma aula durante este més e veja como se
sente
—treine-se em dizer “ndo” aos outros com firmeza e um sorriso, e habitue-se a
reconhecer o desconforto que isso representa para si. E um treino. Para ser mais
facil, comece por dizer “nao” em situagées em que a sua resposta verdadeira seja
“sim”, ou aquelas coisas, pessoas ou situagdes em que seja mais facil, in6cuo ou
inconsequente dizer “nao”.
Este é um “ndo” temporario, ou experimental, simplesmente uma forma de
ensaiar a sua capacidade de dizer “nao”. Por exemplo, se 0 convidarem na pausa
do trabalho para ir tomar café ou Ihe pedirem uma esferografica emprestada, ou
um amigo Ihe perguntar as horas, aproveite a oportunidade quase inécua de dizer
“nao” e de observar os seus efeitos (em si e nos outros. No final pode sempre
sorrir e dizer “sim”, explicando que estava a brincar ou a fazer uma experiéncia.
—recorde, e explique aos outros se necessario, que aquilo que os outros tomam
como 0 seu “nao” a eles as vezes é simplesmente um “sim” a si mesmo, e que é
da escolha deles tomarem-no como um “ndo” pessoal. “Eu ndo quero ir ao
cinema contigo hoje” nao significa que nao gosto de estar contigo, simplesmente
que hoje prefiro estar comigo proprio. Habitue-se a afirmar e defender as suas
vontades, escolhas, prioridades e autenticidade. E 0 que de mais valioso tem
para oferecer aos outros: a sua autenticidade.
O importante é treinar-se, a partir de agora, a perder o medo das consequéncias
—a maior parte delas imaginadas — de dizer “ndo”. Quando conseguir dizé-lo,
sentira muito mais prazer, autenticidade, e auto-respeito, isto é, muito mais
capacidade de ser vocé mesmo, afirmar a sua vontade, nomear as suas proprias
regras e limites.Esta autonomia, ou independéncia, fara toda a diferenga na sua vida —
especialmente nos seus relacionamentos. Tenha a coragem de fazer a
experiéncia, e observe a sua vida a mudar.
ABUNDANCIA
O Dom de Touro
O Universo é abundante. Eabundare significa “vir
em ondas’”.
Grande parte do que chega até si é trazido pelos
misteriosos e insondaveis meandros césmicos.
Nao depende tanto do seu esforgo, vem até si como uma onda que ressoa, e
responde, a sua propria “onda” energética.
A abundancia nao se sujeita, compadece, ou € conivente com o medo, pois é,
antes de mais, uma resposta da Vida a nossa propria confianga nela. E nao
consiste numa batalha de puxa-empurra contra o que nao se quer, desviando-se,
puxando-se a si proprio para a frente, empurrando para o lado os outros natentativa de obter o que quer, de evitar perder o que ja tem — enquanto tenta
obter todas as outras coisas que também deseja mas ainda nao tem, ao mesmo
tempo que evita perder as que quer e ja tem, e tenta livrar-se, por cima disto tudo,
daquelas que ainda tem mas ja nao quer, e ainda lida com todas aquelas — mais
dificeis de aceitar ou reconhecer — que também deseja, ou com que sonha, e que
nao admite para si proprio
Nao, essa luta nado é abundancia. Alias, abundancia e luta sao termos
contraditorios. Essa luta é, quanto muito, uma tentativa de obter segurancga —
nascida do medo e da crenga no esforco, nascida da ilus4o da separagdo em
relacéo ao todo do universo, nascida da permeabilidade a valores culturais e
sociais colectivos de uma sociedade desalmada, sem espago para 0 divino, 0
mistél
, € 0 milagre. A luta pela seguranga nao dignifica — antes diminui — a
natureza, a poténcia criadora e a divindade do ser humano.
A luta pela seguranga nasce do medo — e isso diz tanto acerca da sua qualidade
essencial, e da sua capacidade de nos condicionar se lhe entregarmos esse
poder.
Seguranga e abundancia sao coisas profundamente diferentes.
Recorde a maxima: “sé os inseguros lutam pela seguranga’”, e aceite — pelo
menos como hipdtese temporaria — que a necessidade de seguranga nasce da
preguiga, ou indisponibilidade, em dar um uso construtivo e pratico aos préoprios
talentos, dons, valores, interesses, ou possibilidades criativas.
Materialize e honre os seus talentos, dons e capacidades de uma forma pratica, e
vera como a questées ligadas a “seguranca” pessoal comegam imediatamente a
assumir outros contornos. Por exemplo, saiba que se esta num trabalho que vocé
nao valoriza, nao gosta, nao o realiza, e se se mantém nele apenas por uma
questo de sobrevivéncia ou seguranga, vocé esta a desvalorizar-se e acomunicar ao mundo a mensagem de que vocé nao merece melhor, nem ser
feliz, nem realizar-se, nem ganhar dinheiro a fazer aquilo que faria por prazer, e
eventualmente de borla.
Pois € essa a profissdo ideal a que todos aspiramos e que um dia todos teremos:
podermos ser reconhecidos social e profissionalmente, sendo pagos para fazer
aquilo que fariamos de borla, por ser da nossa natureza e nos dar prazer,
atendendo a uma necessidade do colectivo de uma forma que para nés seja
auténtica.
Por isso a verdadeira seguran¢a nasce de uma escolha: a escolha de dar um uso
pratico e produtivo ao que nos da prazer e que sao os nossos dons, talentos e
capacidades. A alternativa a isso é desvalorizarmo-nos e sacrificarmos 0
verdadeiro prazer em nome de prazeres sucedaneos — e que geralmente custam
dinheiro, retroalimentando a prisao que criamos para nds mesmos — para nos
compensarmos, na medida do possivel, da triste evidéncia de que nao vivemos a
altura do nosso potencial e, por isso mesmo, infelizes.
Mas abundancia vai mais longe do que seguranga. A seguranga é, neste
contexto, mais facil de conseguir, porque depende de uma escolha - a escolha
de pagar o preco de dar forma profissional, funcional e social aos nossos
talentos, dons ¢ interesses.
Viver em abundancia nao depende do esforgo, do controlo, de agir, fazer,
impondo a propria vontade ao mundo num acto puramente masculino (conseguir,
conquistar, lutar, provar, atingir, etc.) —e desgastando a si mesmo no processo
Mas depende de si. Depende de uma escolha, de um treino, de uma auto-
observagao, de uma vontade de viver de uma certa maneira. Porque a
abundancia nao é tanto um resultado de um esforgo quanto um estado de
consciéncia com que cada um de nés se pode sintonizar por escolha propria. Ouduvida que ha pessoas com muito que na sua mentalidade sao pobres, e
pessoas com muito pouco e que na sua mentalidade sao ricas? A abundancia é,
antes de mais, um estado de consciéncia, uma mentalidade, uma forma
essencialmente subjectiva e auto-determinada de interpretar e sentir o real.
A partir de hoje, comece a viver como se soubesse, com todas as células do seu
corpo, que o universo é abundante e com recursos mais do que suficientes para
Ihe proporcionar, ao longo das suas ondulagées sucessivas, tudo aquilo que vocé
possa precisar ou querer.
—afirme para si proprio, todos os dias e em todas as situagdes e momentos em
que se lembre de o fazer: “eu sou abundante” e viva como se isso fosse a
verdade, mesmo que inicialmente custe um bocadinho a acreditar. Deixe gorjetas.
Empreste livros. Ofereca-se para ajudar com o seu tempo, os seus recursos, 0S
seus conhecimentos. Oferega um café a um desconhecido. Dé esmolas. Oferec¢a
a si mesmo esse livro que o vai enriquecer, esse curso para 0 seu
desenvolvimento e enriquecimento pessoal. Viva sempre como se tivesse mais
do que suficiente. Mantenha os recursos a circular na sua vida — a circulagado das
energias é um dos mais valiosos ingredientes da abundancia.
Ou o seu medo tem o poder de o fazer temer que 0 universo nao tenha um euro,
ou quinze, para Ihe devolver mais a frente? No dia em que 0 universo nao tiver
um euro para Ihe devolver, estamos mal. E pouco provavel que o universo nao
Ihe devolva abundantemente o retorno da sua generosidade e voto de confianca.
—recorde também que abundancia nao se esgota em termos materiais ou
financeiros, mas que se expressa também através de todas as pessoas
maravilhosas que tem na sua vida, de todas as coisas boas de que ja esta
rodeado e que lhe proporcionam prazer, conforto, seguranga e bem-estar, da sua
boa saude, da perfeicdo do seu corpo, da energia que todas as manhas tem a
sua disposicao para viver mais um dia com alegria e vitalidade, e de todas asoutras bengaos negligenciadas que tantas vezes esquecemos de reconhecer e
agradecer. Agradeca por tudo o que ja tem na sua vida, em vez de viver apenas
focado no que nado tem. Como diz uma maxima amplamente divulgada hoje em
dia: “reconhecimento e gratidao geram abundancia”
—leia livros sobre abundancia, inteligéncia financeira e valorizagéo pessoal, e
aplique as sugestées contidas na grande parte deles. Funcionam, se vocé as fizer
funcionar. Comprometa-se a ler pelo menos um livro sobre esse tema, durante o
préximo més, e observe os resultados da sua experiéncia.
—saiba que o universo é uma camara de eco para os seus pensamentos, e um
abundante reservatorio de recursos ao seu dispor. Afirme a esséncia do que quer
(os exercicios mensais da Lua Nova ajudam tremendamente neste processo) e
deixe que o Universo satisfaga os seus pedidos — da forma, e no timing, sempre
cosmicamente perfeitos e que ultrapassam tantas vezes a va tentativa humana
de compreender os seus designios.
Por exemplo, nado pega uma relagdo com uma pessoa especifica, mas com
alguém com as mesmas qualidades; nado peca uma casa especifica num sitio
especifico, mas uma casa e um local com as caracteristicas que deseja
concentre-se no aspecto essencial, e deixe que o universo trate das formas e dos
detalhes concretos.
Viva como se, e lentamente a realidade comegara a mudar. Acima de tudo, deixe-
se surpreender pela abundancia que existe ao seu redor, ao seu dispor. Nao
aceite, nem se imponha, limitagdes. Honestamente, e aqui entre nos: prefere ter
razo (no seu medo de néo ter, na sua crenga na caréncia e na insuficiéncia, na
mentira de que tudo tem que ser com esforgo), ou prefere ser feliz?
Esclarega a sua escolha, assuma-a, e manifeste-a. Afinal de contas, 6 com os
resultados dela que vivera.CURIOSIDADE
O Dom de Gémeos
Conhece 0 conceito zen-budista de “mente de
principiante”?
“Mente de principiante” é a mente vazia e alerta,
a mente que esta pronta.
Pronta para novas percepgées. Pronta para observar, para ouvir, para aprender,
para descobrir, aberta a novas respostas e novas perguntas.
A mente de principiante 6 a mente que nao sabe, nao assume, n4o rotula e nao
se fixa.“Ha muitas possibilidades na mente do principiante, mas poucas na do
perito”, escreveu o mestre zen S. Suzuki, referindo-se as limitagées da mente que
parou de aprender, que parou de se usar a si propria para se transcender, ja nado
reverencia o mistério da vida, ja nao se deslumbra nem alegra perante a
imensidao da sua propria ignorancia.
Amente de principiante é, antes de mais, uma atitude integral perante a vida que
a permite vivenciar como uma descoberta permanente, fazendo de cada novo
contacto, experiéncia, conhecimento, principio, ideia, palavra ou pessoa umanova aprendizagem e a oportunidade de esticar os seus préprios limites e tirar
partido sem fim do infinito potencial da mente humana, esticando-se de volta ao
seu tamanho original — ilimitado.
Curiosidade significa a vontade de saber, de ampliar a mente, de saciar a fome
humana por percep¢ées, estimulos, aprendizagens; o prazer de inundar os
sentidos com matéria para a mente processar e transformar em experiéncia e
palavra, preencher os espagos vazios e ainda assim ganhar cada vez mais
espaco com essa pratica.
Curiosidade significa também o prazer, 0 alivio e a sabedoria de nao precisar de
saber. De simplesmente nao precisar de saber. E por isso estar aberto a
descobrir, a aprender. Desenvolver o conhecimento e a capacidade de
estabelecer relagées entre diferentes ideias, palavras, pensamentos, pessoas.
Cavalgar a plasticidade, a habilidade, a maleabilidade da mente.
Saber dizer bom dia e obrigado em sete linguas diferentes. Estar bem informado
e poder conversar sobre diferentes assuntos com diferentes interlocutores.
Adaptar-se as situagdes. Manter a mente treinada, em dia, em expansao
permanente. Aprender tudo a propésito de nada, qualquer coisa a qualquer um.
Manter a atencao, a energia mental a circular. Sem se focar no contetido, apenas
no processo.
Ler jornais e livros, aprender todos os dias, ter a curiosidade de investigar a
etimologia de uma palavra. Adaptar a propria comunicacgao em fungao do
interlocutor, ter varios sinénimos por onde escolher a palavra melhor, dispor de
recursos para dar forma e expresso a tudo quanto a mente possa gerar,
oferecer palavras, ideias, conhecimentos e conceitos novos a mente para que ela
gere novas coisas.
Manter o movimento, mas nao perder o controlo nem o foco. Esse é 0 desafioassociado ao Dom da Curiosidade.
Na sua origem, curiositas provém da raiz latina “cur” que significa por qué, E
também a origem da palavra “cura” que quer dizer cuidado, e da palavra curioso,
que seria aquele que teria sempre 0 cuidado de saber o por qué, de descobrir
mais, de saber mais. Curiositas era uma virtude, associada ao desejo da mente
pelo conhecimento, e uma motivagao nobre e louvavel.
Mas curiosidade também é usada, hoje em dia, para designar a sua expressao
negativa: a necessidade de saber o que nao lhe diz respeito, a afa excessivo de
pensar ou discutir trivialidades, a tendéncia a dividir a atengao por coisas sem
importancia, a perder tempo ou energia com bisbilhotices e informagées inuteis, a
perder-se num amontoado de informagées sem nexo nem dimensdo que néo sé
nao acrescentam nada como s6 criam ruido mental, confusao, e dispersao.
Nao é dessa curiosidade, dessa que tem efeitos opostos sobre a propria mente —
e a que os antigos chamavam cupiditas — que estamos a falar.
De cupiditas sofreu na mitologia Pandora, aquela que se fez esposa de Epimeteu
e a quem deram os deuses uma caixa com a recomendacao de que nunca a
abrisse, pois continha la dentro todos os males e desgragas do mundo.
Por nao ter resistido ao pior da sua prdpria curiosidade, sucumbiu Pandora a
tenta¢do de ver o que havia dentro da caixa — e libertou toda a espécie de males
sobre o mundo (0 egoismo, a crueldade, a inveja, o cilime, o ddio, a intriga, a
ambicao, o desespero, a tristeza, a violéncia, e todas as outras coisas que
causam miséria e infelicidade). E todos os males podem ser chamados por um
unico nome: Ignorancia.
O ignorante sofre inevitavelmente de todos os outros males. Se a mente nao é de
principiante nao aprendemos, nao mudamos de ideias, nao crescemos, nao nos
ampliamos, nao conhecemos, nao fluimos, nao deslizamos, nao nosdesdobramos, nao nos entrosamos, nem podemos.
Para honrar a energia de Gémeos permita-se, gradualmente, saber cada vez
menos. Faga cada vez mais perguntas. Esteja atento ao seu redor.
Observereal/mente as coisas e as pessoas. Escute-as, nao as oiga simplesmente.
Leia. Va a sitios novos. Leia paginas do dicionario. Pega indicagées a pessoas na
rua ou no café mesmo que saiba o caminho. Torne-se um aprendiz, uma crianca
de cinco anos que esta a descobrir o mundo, um olhar novo sobre o mesmo
mundo. E isso é tudo quanto basta.
“Se puderes olhar, vé. Se puderes ver, repara.” José Saramago
HOSPITALIDADE
O Dom de Caranguejo
Qual é a primeira coisa que Ihe ocorre quando
pensa em Hospitalidade?
Possivelmente em qualquer coisa parecida com a atividade de receber outros,
como hdspedes ou visitantes, proporcionar-lhes alojamento e alimenta¢ao,
atender as necessidades especificas de quem esta deslocado do seu proprio lare tem necessidade de se sentir confortavel e acolhido; ou ocorre-Ihe o conceito
da capacidade relativa de um individuo, organizagao ou pais de bem receber
quem o visita, e nesse sentido falariamos de um povo, ou de um local, ou de uns
amigos, hospitaleiros.
Levando um pouco mais longe a ideia, talvez possamos associar Hospitalidade
com partilha (de espagos, recursos ou comodidades), com a oferta de segurang¢a,
conforto e protecgao, com generosidade ou carinho a quem precisa.
Abstraindo-nos das especificidades inerentes a cada exemplo possivel de
Hospitalidade, poderiamos formula-la, de forma genérica, como uma atitude
atenta, disponivel e aceitante das necessidades alheias e o poder de as atender,
preencher, ou cuidar.
E evidente e sugestiva a raiz etimolégica de hospitalidade, hospital e hospicio, ja
que partilham da propriedade comum de atender a outros e as suas
necessidades. E da mesma raiz também derivam hospedagem, hotel, hostel,
hdspede e hospedeiro (de bordo), ou hospedeiro (de um parasita) — sendo que
aquele também recebe este “em casa” e o alimenta, mas nao propriamente por
escolha ou generosidade. Alberga-o mas nao o acolhe.
Menos evidente, ou conhecido, é que etimologicamente hdspede significava quer
aquele que recebia, quer aquele que era recebido — a mesma palavra era
indistintamente usada para ambos.
E que a mesma raiz também deu origem a hdstia — originalmente a vitima
sacrificada para apaziguar a ira dos deuses, depois 0 pao considerado na
eucaristia o corpo de Cristo. Mana, alimento, pao. O hospedeiro € héspede e
hostia, oferece o pao oferecendo a si mesmo. E de si proprio que o hospedeiro
alimenta 0 hospede. Aquele que alimenta, o que é alimentado, e alimento em si
mesmo — as trés dimensées aparentemente separadas de um Unico processo. Eeste o significado profundo do Dom da Hospitalidade: ser capaz de se receber, a
si mesmo e aos outros, em “casa”, e dar de si mesmo como alimento para
alimentar a si proprio.
Casa, aqui, significa interioridade, 0 “sitio” onde vivo dentro de mim, onde sinto e
me sinto, onde reajo as emogées e as minhas proprias necessidades, seja no
centro do peito ou na boca do estémago, 0 sitio para onde aponto quando digo
“eu”, Casa, antes de ser o lar fisico ou o sitio onde vivo, é a evidéncia de que
cada um vive dentro de si proprio — ou tenta -, cada um esta mais ou menos
confortavel consigo proprio, sente-se mais ou menos em paz consigo mesmo,
sente-se (como diz 0 povo) melhor ou pior na sua pele.
Quanto mais seguro, enraizado e confortavel esta alguém consigo mesmo, mais
em contacto com o que sente e precisa, mais aceitante das suas proprias
necessidades e oscilagées e reaccdes, mais familiarizado consigo proprio, mais
seguro no manejo emocional de si mesmo.
Ao mesmo tempo, menos dependente dos outros para preencher o seu vazio e
tomar conta das suas necessidades, menos sujeito a criagao de dependéncias
psiquicas dos outros para se sentir seguro, e por isso mesmo — misteriosamente,
para algumas pessoas — com maior capacidade de partilhar a sua vulnerabilidade
e necessidades mais abertamente com os outros, e mais capaz também de
atender e respeitar as necessidades alheias.
E que todo homem precisa de alimento, protecgao, seguranga, tranquilizagao,
pertenga, calor, companhia, presenga, amor, humanidade. Todo homem
transporta uma parte carente, emocional, receptiva, vulneravel, impotente,
necessitada, completamente exposta, nos primeiros anos de vida, a dependéncia
dos outros e marcada pela qualidade essencial da nutri¢do fisica e emocional que
recebeu. Uma “crianga interior”.Por nascer completamente exposto, vulneravel, carente, desprotegido, e numa
condi¢éo de impoténcia atroz para cuidar de si mesmo, 0 ser humano depende
totalmente, e durante muito tempo, do cuidado do outro para sobreviver; e
quando o ambiente nao é suficientemente hospitaleiro, securizante ou
emocionalmente saudavel, a crianga nao se sente confiante na vida ou segura na
sua propria pele. Nao confia que a vida seja suficientemente boa para cuidar das
suas necessidades, nem sequer no que vem de dentro de si.
A “crianga interior’ aprende a desconfiar, ou defender-se, do facto de ter
necessidades por estas a fazerem sofrer — distorce-as, esconde-as ou nega-as;
mas nao se livra delas. E enquanto o adulto nao for hospitaleiro para si mesmo,
sem espaco para a crianga necessitada em si, vai procurar quem a contenha, a
atenda, a cuide, a nutra, vai tornar-se dependente e orbitar em redor de quem a
possa nutrir. E as vezes — haja ironia — encarregando-se precisamente de tomar
conta das necessidades do outro, para se manter no controlo da relagao, evitar 0
abandono, e perpetuar a dependéncia.
Mas porque a vida é Espelho, como reflectiremos em Balanga, o outro vai
devolver-me a minha propria caréncia e mais tarde ou mais cedo ao meu proprio
vazio, e a evidéncia de que ninguém, antes de mim, pode conter-me e tomar
conta de mim como preciso. Enquanto nao aprendo a cuidar-me e conter-me, nao
posso ter relacées adultas, livres, com outros adultos responsaveis por si
mesmos e psiquicamente livres, também eles, de dependéncias.
“Aquilo que define um adulto”, afirmou o psicanalista portugués Prof. Carlos
Amaral Dias, “é a capacidade de sero seu proprio pai e mae, e a capacidade de
ser intimo com alguém”. E o método para o conseguir, dizemos nds, € o Dom da
Hospitalidade.
Quantas vezes da por si a pensar: “eu nado deveria sentir isto”, “terei direito asentir-me zangado?”, e tantas outras formas que denunciam a sua falta de
hospitalidade, tolerancia ou gentileza para o que emerge de dentro? E quantas
vezes da por si a corrigir os sentimentos dos outros, em vez de os aceitar e
validar, através de comentarios como “nao faz sentido sentires isso”, “ndo tens
raz&o nenhuma para te sentires assim”, “nado podes ter fome. Ainda ha meia hora
comeste!” e tantas outras formas, mais ou menos explicitas, de invalidar o sentir
e as necessidades alheias?
Repita para si mesmo o mantra da Hospitalidade “aceito o que sinto. Sim. Aceito
que sintas. Sim.Sinto que aceito. Sim. Aceito o que sinto.”
Sim?
E sim, sinta um espaco imenso a abrir dentro de si. E a sua nova casa interna a
preparar-se para 0 receber — e ao mundo inteiro a seguir.
BRILHO
O Dom de Leao
Sonha palpitando dentro de cada ser humano
uma profunda necessidade de ser visto,
reconhecido, admirado, de ser feito sentir-se
especial pelos outros seres humanos...E so estes seres determinados que, para cada um, se tornam determinantes da
capacidade individual de brilhar.
Anecessidade de reconhecimento e de validacao da identidade faz parte da
natureza humana e da sua sobrevivéncia desde o primeiro instante, e vai
tomando formas diferentes ao longo da vida, mas nunca desaparece totalmente.
Vai-se recriando e sublimando a medida que é aceite e preenchida; da mesma
maneira que se vai distorcendo e impondo de forma inconsciente a medida que é
negada ou rejeitada e nao preenchida.
Ser visto, aceite e reconhecido é fundamental desde o primeiro minuto de vida;
isso garante que temos uma existéncia no mundo, que somos aceites e amadose por isso mesmo protegidos, enquanto ndo podemos fazé-lo por nés prdprios.
Chame-se a esta a necessidade de reconhecimento, significancia ou
simplesmente de aten¢ao, é evidente desde o nascimento que precisamos ser
amados e vistos pelos outros seres humanos, termos a nossa a identidade
validada, sentirmo-nos amados, importantes, Unicos, significativos e especiais.
Para o recém-nascido, sentir-se o centro das atengées e incondicionalmente
amado pelos seus pais ou cuidadores é vital - para saber que existe, que é visto,
que é importante, que tem valor, que a sua sobrevivéncia esta assegurada a
partir do momento em que a sua importancia para o Outro esta assegurada
Por isso, é absolutamente natural, correcto, e vital satisfazer, de forma assumida
e declarada, este necessidade de reconhecimento, atengdo, importancia pessoal.
Nao o fazer é que se torna perigoso. Nao é aquilo de que tenho consciéncia, mas
aquilo de que nao tenho consciéncia, que se torna perigoso e me fecha as
opgées.
Existem geralmente duas grandes “linhas estratégicas” possiveis, seguidas pelos
humanos, para satisfazer as necessidades de reconhecimento, atenc¢ao, brilho,
amor e admiragai
: uma que funciona, e outra que nao.
A primeira, a que funciona, é ser criativo e auténtico, enfrentando a duvida e a
vergonha e correndo 0 risco de se expér, honrando a verdade de quem se é,
mesmo que isso arrisque perder 0 amor ou admiragao daqueles a quem
queremos impressionar ou agradar. Se me exponho completamente, nu na minha
autenticidade e transparente na minha verdade interior, corro o risco de nado
gostarem de mim - especialmente se eu no recebi, na altura devida, o
encorajamento e o amor necessérios para aprender a aceitar-me no que sou e
confiar assim que 0 que trago dentro é absolutamente digno de valor.
A segunda linha estratégica — a mais comum -, e que geralmente decorre de umaexperiéncia insatisfatoria em termos de receber o amor suficiente na altura
devida, mas que a longo prazo acaba por nao funcionar, é tentar ser o que nao se
6, ficando refém da necessidade de impressionar ou agradar ou pelo menos de
nao desagradar, e criar um falso “eu” destinado a conquistar 0 amor dos outros
em detrimento do préprio auto-respeito — criando um ciclo vicioso no qual quanto
mais me desrespeito mais dependo de que os outros me amem e facam sentir
digno, procurando tornar-me o que eles esperam que eu seja, desrespeitando-me
portanto na minha autenticidade e no meu respeito por quem realmente sou, €
procurando no exterior que os outros me déem algo que eu proprio nao sei ainda
fazer por mim mesmo.
Em astrologués, chamamos a essas duas estratégias as dinamicas do Leao com
sombra e a do o Leao sem sombra, isto €, daquele que vive preso da
necessidade de reconhecimento (sombra) e aquele que por ser auténtico e
criativo, acaba inevitavelmente por ser reconhecido e admirado precisamente
pelo que é — e nao, como insistem os fantasmas da vergonha, abandonado,
rejeitado, criticado, envergonhado, ridicularizado.
Qual € 0 método (nao a forma, porque existem muitas) de prover a esta
necessidade de reconhecimento de uma forma auténtica e funcional?
Talvez correndo o risco da auto-expressAo criativa e da exposi¢do perante os
outros, recorrendo ao armazém pessoal de memérias, a histéria de vida, a propria
sensibilidade, e dando-Ihes uma forma de auto-expressao criativa.
Mais ninguém pode criar o que eu crio, porque mais ninguém é eu! Mais ninguém
tem dentro de si o mesmo que eu tenho, mais ninguém sente o que eu sinto, mais
ninguém tem a mesma experiéncia de vida que eu, mais ninguém sorri, toca,
abraga, cuida, ama como eu! Mais ninguém tem o meu sorriso, o meu tom de
voz, 0 meu olhar, a minha alma, o meu coragao. Tudo isso faz de mim
absolutamente Unico. E “isso” precisa ser expresso a minha propria maneira, paraencontrar a minha propria voz, a minha prépria identidade, a minha propria
dignidade e prazer em ser eu proprio no mundo.
Sem esta necessidade preenchida, sofremos com um dos dois extremos:
narcisismo ou vergonha. E nenhum deles nos devolvera consciéncia — nem da
nossa criatividade, nem da nossa identidade, nem do nosso valor.
Para honrar a energia de Leao, pergunte-se honestamente (e tome nota das suas
respostas):
— se nao precisasse do reconhecimento dos outros, se nao estivesse dependente
de confirmagao narcisica, se nao procurasse admiracao ou validagao dos outros,
se vocé fosse a tinica pessoa a quem agradar, ou impressionar, o que faria de
diferente com a sua vida? O que deixaria de fazer? O que comegaria a fazer? O
que faria menos, mais, ou de maneira diferente? Onde é que esta a trair a sua
autenticidade para obter reconhecimento ou aprovacgao?
— onde esta, e qual é, na sua vida 0 palco onde vocé pode brilhar? Receber
aplausos? Ser elogiado? Encorajado? Admirado? Estar no centro das atengées?
Porque esse palco existe, tenha ou nao consciéncia dele. Pode ser que esteja a
tentar obter reconhecimento do seu companheiro, ou dos seus filhos, ou do seu
patro, ou nos grupos onde se insere, e isso possivelmente nao funciona. O que
funcionaria seria ter um palco onde se possa expressar criativamente. Mas isso
implica enfrentar o medo — e desenvolver o Dom de Carneiro.
— como é que expressa a sua criatividade? Pinta? Desenha? Danc¢a? Escreve?
Ensina? Fotografa? Declama? Compete? Onde da, ou nao da, permissao a si
mesmo para se descobrir a sua identidade e o seu valor, correndo riscos
associados a auto-express4o criativa?
APERFEIGOAMENTOO Dom de Virgem
Conhece o conceito japonés de “Kaizen”?
Ele pode ser traduzido, ou entendido, como a
continua melhoria de tudo por todos.
Tudo pode e deve ser melhorado em algum aspecto, continuamente; e cabe a
cada um, enquanto procura melhorar a si proprio, melhorar também o mundo (a
familia, a sociedade, a empresa, o planeta) a sua volta.
Desta forma, todos sao responsaveis por criarem, para si mesmos e para os
outros, uma vida cada vez melhor. Na perspectiva “kaizen’”, apanhar lixo do chao,
por exemplo, nao é atribuigdo exclusiva de quem faz a limpeza, mas de qualquer
pessoa que o possa recolher e deitar fora. E um conceito transversal e
independente de hierarquias — imagine este conceito impregnado na cultura da
nossa sociedade, nas empresas, nas escolas, nas familias, em todo o lado, por
toda a gente, todos os dias.
Amelhoria continua de tudo por todos requer, e oferece em troca, a continuamelhoria de cada um gracas aos seus proprios esforgos diligentes. Ao
aperfeigoar-me posso aperfeicoar o mundo e ao fazé-lo estou a aperfeigoar-me a
mim proprio. A sinergia perfeita.
No Ocidente, um psicélogo, farmacéutico e pioneiro de auto-hipnose chamado
Emile Coué usou uma frase, uma Unica frase, como forma de cura para os seus
pacientes. Ele dizia que nao curava os seus pacientes, apenas os ajudava a
curarem-se a si proprios. E instruia-os a repetirem para si proprios, de manha e a
noite, a frase que se destinava a programar a sua mente subconsciente: “De dia
para dia, e sob todas as formas, estou melhor e melhor e melhor’.
Amelhoria continua € a formula magica da satide, da vitalidade, e do senso de
realizagao pessoal. E esse 6 o Dom que propomos para este més: comprometer-
se com 0 seu aperfeigoamento diario, e aproveitar quaisquer oportunidades de
melhorar as condigdes no mundo em redor — através de ages concretas que
traduzam a vontade de servir e o prazer em ser util.
Nao é propriamente de altruismo que se trata. Quer dizer, é, mas como
consequéncia e nao como objectivo ou método. Melhorar a si mesmo e ao mundo
em redor é, antes de mais, uma forma de auto-aperfeigoamento que honra o
impulso natural do Homem para aproximar a realidade dos seus proprios ideais
de perfeicdo e por isso a realizar a sua natureza integral. E uma questao muito
mais egoista do que parece a primeira vista.
E muito importante distinguir aperfeigoamento de perfeicdo para explicar que se 0
primeiro é 0 desejavel, a segunda é impossivel. Apesar de ser um substantivo
como “casa”, “flor” ou “quadro”, "perfeicaéo” nao existe, nao tem existéncia propria
nem sequer como estado, nao corresponde a nada que exista — é simplesmente
uma abstragao da mente do Homem. Um ideal, dizemos.
O que existe, sim, € 0 processo interminavel de aperfeigoamento que faz comque hoje eu seja ligeiramente melhor que ontem, e prepare as condigdes para
amanha ser ainda melhor do que hoje.
Mas quando dirijo para o mundo e imponho sobre ele a minha propria
necessidade de perfeigdo, como se fosse possivel ou suposto encontra-la,
enquanto me recuso a aperfeigoar-me a mim mesmo e ao mundo a minha volta
de forma gradual e concreta, estou condenado a ressentir-me com a inevitavel
imperfei¢ao das circunstancias. Vou ressentir-me porque o exterior, os outros, as
coisas, enfim, nao sao perfeitas, nao estao suficientemente bem, adequadas,
limpas, arrumadas, claras, definidas.
Torno-me critico, exigente, insatisfeito, perfeccionista, obcecado com pequenos
detalhes que me impedem de ter visao de conjunto, de relativizar os mil milhdes
de pequenas contrariedades, de ter um vislumbre de unidade. A minha vida
torna-se um milhdo de fragmentos sem relagao nenhuma aparente entre eles,
esta tudo compartimentado, nao existe um senso de coesdo. E perante o pavor
do caos pressentido, dedico-me ainda mais obsessivamente a controlar todos os
pequenos pormenores na esperanga de nao ser engolido por um imenso e
desconhecido momento presente.
Torno-me viciado no trabalho, escravo de rotinas sem sentido nem amor,
hipocondriaco, amargurado, sobreanaliso e racionalizo; tenho uma capacidade
imensa de provar — ingloriamente — que a vida nao tem razao ou direito a fluir
como flui. Também consigo provar que os sentimentos dos outros estao errados,
enquanto lido com a minha propria revolta contra a imperfeigao alheia, e com o
meu medo de perder o controlo perante um imenso desconhecido.
Mas este esfor¢o todo nao me serve de nada, porque a realidade imperfeita
insiste em intrometer-se na minha bolha de insatisfagao e perfeigao idealizada.
Até que mais tarde ou mais cedo somatizo, o corpo manifestando a dolorosa
fragmentagao do espirito. Resisto, nao fluo. Sao trés os meus bloqueios:criticismo em vez de diligéncia, julgamento em vez de discriminagao, anélise em
vez de sintese.
Conhece a historia “O Tesouro de Bresa”? Procure-a, vale a pena. Leia-a,
encontra-a provavelmente na net — google it up! E a historia de um alfaiate que
compra um livro com o segredo de um tesouro. Mas para descobrir o segredo, ele
tem que decifrar tudo o que vem escrito no livro. E o que aprendemos com a sua
aprendizagem é surpreendente. A historia acaba bem... 0 alfaiate acaba préspero
e rico, mas nao bem da forma que imaginava...
Todos os anos, durante a passagem anual do Sol pelo Signo de Virgem (ou pela
sua Casa VI, caso conhe¢a e saiba identificar estes posicionamentos no seu
Mapa Astrolégico), quando se for deitar, evoque e recapitule o seu dia. Reserve
trés minutos para recordar e se deter um instante nos principais acontecimentos,
situagées e interagdes do seu dia. Identifique os momentos e as situagées que
Ihe pareceram erradas ou injustas, e as pessoas que deu por si a julgar durante o
dia. Este exercicio vai diverti-lo mas acima de tudo surpreender.
Por momentos, suspenda 0 seu juizo. E assuma que essas situagdes ou pessoas
que vocé julgou, durante o dia, estéo absolutamente correctas -isso nao faz com
que vocé esteja completamente enganado, é s6 um exercicio. E se o que eu
julguei como errado estiver absolutamente correcto?
Assuma consigo mesmo o compromisso de se inscrever, antes que esse més
termine, num curso de desenvolvimento pessoal, artistico ou tecnico que o
enriquega, Ihe dé novas ferramentas para trabalhar, servir ou criar,
conhecimentos com que possa dar forma a um talento, dom ou interesse latente.
Um curso em finangas pessoais, pintura, astrologia, fotografia, técnicas de
massagem ou cura, criacdo artistica, expressao corporal, comunicagao, danga,
criagao de bonsais ou manutengao de aquarios — a escolha é sua.E recorde, sempre que ouvir falar de perfeigao, que € de aperfeigoamento que se
trata.
“Se eu ndo morresse nunca, e eternamente buscasse e conseguisse a perfeigéo
das coisas” Cesario Verde
ESPELHO
O Dom de Balanga
——
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Nl
NyA Vida é magica. Esta sempre a revelar-nos
pistas e sinais que nos ajudam a tornar mais
conscientes, a detectar 0 que nao estavamos a
conseguir ver, e a viver de forma cada vez mais
fluida e desperta para a ordem oculta do
Universo.
Basta saber “ler”, ou descodificar, os seus sinais.
Quando descodificamos o significado dos sinais, ou lhes atribuimos sentido
através da sabedoria intuitiva de que dispomos, a sensac¢ao é genial. Insights.
Revelagées. Rasgos de simbolismo surpreendente e claro. lluminacgées.
Epifanias. E a visdo interna que se ilumina, e ilumina como um farol 0 caminho e
os desafios do momento, independentemente do que seriam as nossas
preferéncias, medos, gostos ou desejos.
E facil ver claramente nestes momentos de insight, e mesmo que sejam instantes
passageiros, a evidéncia e a forg¢a com que o seu significado se impée a nossa
consciéncia sao suficientes para um salto na consciéncia e um enquadramento
diferente das experiéncias. Uma epifania, um insight, e a percep¢ao das
situagédes muda para sempre.
No entanto, nem tudo sdo insights subitos, nem nds dependemos exclusivamente
da intuigdo para ampliar a nossa consciéncia. As vezes as respostas esto
mesmo a frente dos nossos olhos, desde que estejamos dispostos a aceitar que 0
que atraimos como experiéncia “de fora” tem algo a mostrar-nos sobre nos
proprios.
Por que é que nos vemos ao espelho antes de sair de casa? Porque s6 um olhar
“de fora” nos mostra como estamos e aparecemos perante o mundo. Sem um
espelho, ou o reparo do outro, é dificil — para nao dizer impossivel — ver 0 cabelodesgrenhado, o resquicio de chocolate junto ao ldbio, a remela ao canto do olho.
Esta é a aprendizagem que propomos para a energia de Balanga: que aprenda
sobre si mesmo observando, e aceitando — ao menos como hipotese temporaria
—as circunstancias da sua vida como um reflexo especular de si mesmo,
especialmente daquelas partes menos conscientes de si.
A ideia de que o inconsciente pessoal encontra maneira de se manifestar na vida,
através das circunstancias e das pessoas que atraimos para 0 nosso campo de
experiéncia, nao é exclusiva de uma visdo mistica da Vida; a propria Psicologia o
reconhece e admite, através do conceito psicanalitico de projec¢do ou do
conceito de Carl Jung deSombra, por exemplo.
Diz Jung: “A psique sempre luta pela totalidade” e “o Destino é o retorno do
recalcado”. O que isto significa é que, de certa forma, estamos “condenados” a
estar em contacto com a totalidade do que somos; e enquanto nao
reconhecemos “dentro” a complexidade paradoxal e contraditéria de tudo o que
somos, atraimos “de fora” 0 que nado reconhecemos “dentro”.
Se nao reconheco a minha agressividade, ou nao a aceito em mim, é provavel
atrair situagdes ou pessoas agressivas que rejeitarei com a mesma veeméncia
com que rejeito a minha prépria; mas curiosa e ironicamente, posso - em
simultaneo, ou paralelo —- encantar-me com aqueles que expressam os atributos
dea coragem, combatividade, e audacia. Ou seja, com as expressées “positivas”
da mesma qualidade fundamental.
Neste sentido, um “defeito” nado é mais do que a expresso exagerada, distorcida
ou descontextualizada de uma “qualidade”. E na medida em que eu nao tenha
ainda integrado essa qualidade — e eu nao posso integrar nenhuma qualidade
que rejeite -, 6 o proprio movimento psiquico de recusa em aceitar a consciéncia
esse “defeito” que faz com ele aparega espelhado nos, ou pelos, outros e nosincomode. E 0 lado obscuro daquilo a que Jung chamou de “Sombra”.
Mas a “Sombra” tem também um lado /uminoso que consiste em todas aquelas
qualidades que, nao as tendo eu desenvolvido ainda em mim mesmo, dou por
mim a admirar nos outros: a sensibilidade poética que eu proprio tenho, mais ou
— provavelmente — menos desenvolvida (ou nao a valorizaria nos outros quando a
encontro); a coragem e a capacidade de auto-afirmagao (perante a repressdo da
minha propria agressividade); a imaginacao e a fantasia (quando nao me permito,
eu proprio, sonhar). E esse é o lado apaixonante da Sombra.
E essa é precisamente uma das caracteristicas fulcrais da Sombra: nao nos deixa
indiferentes, existe sempre uma reacc4o emocional forte, positiva ou negativa. No
extremo, paixdo ou ddio. Isto sugere que, perante uma emogao forte perante o
exterior, podemos estar na presenca da nossa propria Sombra.
Mas esta nao é a Unica expressdo das dinamicas que fazem da Vida um Espelho.
Ja pensou, por exemplo, que a sua relacdo com figuras de autoridade espelha a
sua relagao com a sua propria autoridade interna, e eventualmente a sua
experiéncia com o seu pai ou as primeiras figuras de autoridade na vida? E que o
seu relacionamento com mulheres, de uma forma geral, pode espelhar o seu
relacionamento precoce com as mulheres mais significativas do inicio da sua vida
(a mae ou uma avo, por exemplo), e que até os seus sintomas fisicos podem
espelhar dinamicas emocionais, espirituais e psiquicas — conforme estudado, por
exemplo, pela disciplina da Psicossomatica?
A Vida é um enorme Espelho se estivermos dispostos a olhar para ela como tal, e
tivermos a humildade para nos pormos em causa e aprender com ela. A maxima
€: o que esta fora é como o que esta dentro.
— para consciencializar estas dinamicas na sua vida, e perante qualquer situacao
— especialmente aquelas onde se observe a reagir emocionalmente — pergunte asi proprio: o que é que esta situacdo pode estar a espelhar de mim?
Se os outros me criticam, talvez eu me critique, ou critique os outros. Alguém me
agride — talvez eu prdprio me esteja a agredir, ou agrida outros por formas de que
n&o me dou conta. Atraio pessoas dependentes. Talvez eu seja mais dependente
do que admito, ou tenha negado a minha préopria dependéncia em nome de uma
suposta auto-suficiéncia. Os outros reagem com medo e cautela, tentam
dissuadir-me — ou castrar-me, no limite - quando |hes comunico o meu novo
plano para mudar de casa, de trabalho, ou de vida. Talvez estejam a espelhar a
parte de mim, preocupada mas negligenciada, que quer ter a certeza de que nao
dou passos em falso. Escondo 0 meu medo de mim proprio e os outros
espelham-no de volta para mim. Facil de perceber, nao é?
Experimente pensar as suas circunstancias e relagées como Espelho de partes
“cegas’ de si, e dara por si a ver, de si mesmo, muito mais do que via antes.
TRANSFORMAGAO
O Dom de EscorpiaoTransformacaéo é sinénimo de “Vida”, porque a Transformacao é a propria
ess€éncia da Vida. Mas também sinonimo de “Morte”, que é a condigao da Vida, o
seu reverso indistinguivel
O mistério da vida e a morte. O milagre inevitavel, ao longo do tempo e das
formas — de todas as formas -, a danga permanente entre o velho que se esgota€ 0 novo a que aquele da lugar, a vida cumprindo-se através da morte das formas
que permite o nascimento de outras, continuamente
Ja pensou no alcance deste processo?
E um processo universal, esta sempre a decorrer. O bebé transforma-se em
crianga, a crianga em adolescente e este em jovem adulto, adulto, senior e
finalmente em idoso, antes de mudar de forma outra vez. O primeiro olhar em
primeiro beijo, namoro, casamento, divorcio ou felizes para sempre, desde que
dispostos a morrer permanentemente para as velhas vers6es de si mesmos.
Asemente transformando-se em rebento, caule, tronco, arvore, galho, ramo,
folha, fruto e novamente em semente; a Agua mudando de forma em gelo, vapor,
ou caudal de um rio... e todos os dias, milhdes de células no corpo humano.
morrendo para dar lugar a outras novas e assim levar a vida adiante
“Na natureza’, dizia Lavoisier no séc. XVIII, “nada se cria, nada se perde, tudo se
transforma”. Os mesmos elementos constituintes (Atomos e moléculas) dao
origem a diferentes formas, e é da sua reorganizagao permanente que novas
formas nascem enquanto as anteriores se desagregam. Entao na verdade o que
“morre” s4o as formas concretas de que a vida se reveste provisoriamente para
se manifestar, porque a Vida é o eterno processo de transformagao que preside a
ciclicidade das mortes e dos nascimentos de novas formas.
Siddhartha Gautama, 0 Buda historico, afirmou: “Nada é impermanente, no
universo, a nao ser o seu caracter de permanente mudanga”. O seu Ensinamento
€ uma via de libertacdo do sofrimento, da tendéncia natural do Homem - ou da
sua mente nao-iluminada — a querer tornar permanente tudo aquilo de que se
apega porque ama, gosta, ou precisa. Nesta perspectiva, a raiz do sofrimento é 0
apego (isto é, de querer tornar permanente) aquilo que esta condenado a mudar,
a transformar-se, e a morrer.Este € o primeiro vislumbre do que € o Dom da Transformagao: reconhecer que
todas as formas mudam e morrem para dar origem a outras, e que da sua
mudang¢a consiste 0 fluxo de que a vida é feita. E estas formas nao sao apenas
formas fisicas (coisas), mas também emocionais (sentimentos), mentais (ideias),
relacionais (pessoas), espirituais (ideais), e decorrem através de todos os planos
e dimensées da nossa encarnacao.
Mas 0 que fazer com o impulso natural e saudavel do ser humano para exercer 0
seu proprio poder, de influenciar o exterior, de transformar aquilo com que entra
em contacto, exercer 0 seu poder de vontade, satisfazer os seus desejos,
envolvendo-se profundamente com o que se passa fora de si para transformar,
enriquecer ou explorar os recursos e os outros a sua volta?
O senso de ter controlo sobre alguma coisa — ou melhor, sobre muitas coisas - é
vital para o ser humano. Mas é um pouco va, ou intitil, a pretensdo de ter poder
sobre as circunstancias, 0 comportamento dos outros, e tudo aquilo que esta para
la da epiderme, isto é, fora de nés. Sobre isso nao existe controlo. Influéncia,
talvez. Podemos tentar seduzir, intimidar, ou manipular. Mas controlo, em ultima
analise, nado temos. A vida segue o seu proprio fluxo mais além dos nossos
desejos, necessidades, ideais, regras ou expectativas pessoais. E é por isto que
€ tao importante treinar o Dom da Transformagao.
A ideia é que 0 tinico verdadeiro controlo que existe é o auto-controlo. O Dom da
Transformacao propée-nos desviar 0 foco do exterior para o interior, dirigindo a
nossa for¢a, desejo e vontade para dentro, com o objectivo de descobrir que o
verdadeiro poder € 0 poder de nos transformarmos perante um exterior que nao
controlamos; e que para nos deixarmos transformar por ele sem nos sentirmos
perdidos ou destruidos no processo, a nossa identificagao deve com o aspecto
essencial, intocavel e fundamental, da eternidade da vida por detras das
transitoriedade e efemeridade das formasTransforma¢éo torna-se auto-transformagao, e Vida torna-se reciclagem
permanente.
Assim como 0 universo recicla permanentemente as suas cascas, deve o homem
reciclar também a sua relagdo com a mateéria (plano fisico), com os seus
sentimentos (plano emocional), com as suas ideias (plano mental), e com os seus
ideais (plano espiritual).
Ao nivel fisico, a reciclagem consiste em aprender a ver mais profundamente do
que 0 corpo, nao confundir forma com qualidade, vibragao com aparéncia,
consciéncia com aspecto. A matéria degrada e engana, embora nela se exalte
também a vida; mas sofrer com o envelhecimento e a faléncia do corpo so se
justifica pela auséncia de vida interior. As rugas nao sao contratempos nem os
cabelos brancos, se existe um espirito que ganhou sabedoria com a experiéncia
e esta em paz com as pequenas e grandes mortes que viveu — em vez de ficar
preso a recusa das formas que se foram, e vao, degradando mais lenta ou
rapidamente.
Ao nivel emocional, a reciclagem consiste em regenerar os desejos, apegos,
padrées emocionais ou traumas que impegam de viver em amor (em vez de
medo) e expressar sentimentos autenticamente nobres, altruisticos e elevados
Ao nivel mental, a reciclagem exige aceitar mudar a maneira de pensar e
especialmente aquelas que sao as ideias fixas de estimagao, e que mais
propriamente deveriam ser chamadas de obsessAo, rigidez, ou inflexibilidade que
bloqueia qualquer possibilidade de mudar a propria vida, porque a vida é criada
na mente.
Ao nivel espiritual, permitir a morte das cascas, transformarmo-nos com as
circunstancias, deixar que sejam criados os espagos vazios necessarios. Aceitar
as perdas necessarias e os lutos por fases ultrapassadas, relagées terminadas,validades vencidas, colegas, amigos, sonhos antigos.
E recordar que como 0 universo abomina espagos vazios, ao permitir a morte das
formas e 0 vazio resultante, estou a permitir que mais a frente esse vazio venha
a ser preenchido com novas formas, mas de uma nova qualidade — desde que 0
espaco vazio seja atentido e nutrido correctamente.
Esse € 0 Dom da Transformagao.
“Nem sempre posso controlar 0 que se passa fora. Mas posso sempre controlar 0
que se passa dentro. Wayne Dyer
SENTIDO
O Dom de Sagitario
Qual é o sentido maior da sua vida?
a
Qual é 0 “quadro global”, a grande visdo, a visdo unificadora que atribui
qualidade, sentido e significado ao conjunto de pecas que compéem a sinfonia —
ou cacofonia — de gestos, pensamentos, acgdes, sentimentos, reacgées,investimentos, escolhas, e experiéncias didrias, momento a momento, dia a dia,
ano apds ano? E de que maneira se integram ou encaixam estas no “quadro
maior” da sua propria vida?
No fundo: qual é 0 sentido da sua vida? Sabe, honestamente, responder? E claro
para si qual é esse sentido para si? Qual é a visdo unificadora que confere
qualidade, sentido e significado a sua vida?
Sentido nao significa aqui explicagdo, mas direcgao — ou melhor dito,
direccionamento.
Nao se trata de discorrer intelectualmente sobre os comos ou os porqués,
improvisar — ou insistir em — explicagées, fazer atribuigdes de culpa ou inventar
justificagdes.
Trata-se, sim, de ter uma visdo clara do caminho que vale a pena seguir.
Para onde esta a crescer? Em direcgao a qué? Para onde se quer expandir? O
que vale para si a pena fazer crescer, aumentar, multiplicar na sua vida? Em que
€ que vale a pena apostar?
Em que é que acredita, faz fé, o que o Orienta — em suma?
O Dom do Sentido consiste nesta capacidade de questionamento honesto
relativamente a qualidade fundamental das suas escolhas, e a relagdo delas com
as suas convicgées e crengas mais profundas.
O Dom do Sentido faz apelo ao conjunto de valores, crengas e filosofia pessoal
de cada individuo relativamente a vida e a sua propria existéncia. A visao
particular do que é — para cada um, segundo a sua “filosofia particular”, bom,
belo, util, importante, correcto, ético — positivo.
Em que é que cada um acredita, onde esta a recompensa, o que é, para cadaum, evolugao e crescimento em direcgao ao melhor, ao maior, ao mais
verdadeiro, ao mais digno, ao mais elevado que pode conceber.
Uns podem acreditar na ética protestante e no espirito do capitalismo, outros
numa vida sem esforgo, outros na inteligéncia para sobreviver, outros no prazer
enquanto ca andam, outros nao acreditam em nada e fazem disso uma firme
crenga.
Uns acreditam na consciéncia de Buda, outros no amor do Cristo, outros no
acaso, outros na matematica lei das probabilidades, outros em explorar o mundo
interior, outros a seguranca material, outros na vida eterna. E cada um caminha e
se expande, inevitavel e irremediavelmente, no sentido daquilo em que acredita,
atraindo as consequéncias inevitaveis das suas préprias escolhas.
Por isso é tao importante perguntar-se, honrando assim a energia de Sagitario,
qual é o Sentido de ca andar. Porque se a sua vida nao traduz aquilo que para si
€ 0 sentido da Vida, fica dependente do esforgo, da disciplina, da capacidade de
se obrigar a fazer, e motivagées muito frageis para avangar a sua vida, como um
burro tocado a chicote no lombo mas sem uma cenoura a frente para o fazer
avancar. Sem prazer, fé ou confianga. Sem entusiasmo.
Sabia que etimologicamente “entusiasmo” significa “em Deus”?
Nao falamos necessariamente da versdo oficial, ou do conceito religioso, de
“Deus”, mas da sua propria visdo particular — e a sua relagao individual - com
isso a que palavra se refere.
Nao Ihe sugere, esta ideia, que a fe num Sentido maior oferece a coragem
(coragao) e o Animo (espirito) para encontrar prazer, dignidade, oportunidades de
crescimento, cada vez mais sabedoria e pacificagao com a vida a partir —e
através — das experiéncias que cria e atrai para si proprio?E somos assim chegados a dimensdo mais abstracta e filos6fica do Dom do
Sentido: qual é o sentido da Vida?
Nao falamos so da sua vida particular, mas da propria Vida.
Existe, antes de mais, um Sentido, para si?
E qual é?
Existem Leis a governar a vida? Uma inteligéncia suprema? Caos absoluto? E
quantos deuses, se algum? O que é que para si mais sentido faz? Existe uma
ordem na Vida, mesmo que nem sempre seja possivel conhecé-la, ou tudo é
mero fruto do acaso césmico? O Universo é inteligente, ou uma manifestagao
aleatéria de acontecimentos sem ordem nem sentido profundo? Em que é que
acredita? Que vive num universo inteligente, ou num enorme (embora diminuto
perante a dimensdo dos egos humanos) e desordenado bordel cosmico?
E em funcdo do que um individuo acredita que ele se expandira e encontrara as
forgas para continuar. A fé, o entusiasmo, o optimismo, a confianga na vida, a
convicgaéo de que a vida e todas as experiéncias tem um sentido, estao todos
relacionados e aumentam na medida em que a vida pessoal se alinha com uma
Verdade Maior, uma que ultrapasse, contenha, inclua e sintetize as diferentes
opinides pessoais e retenha delas apenas o que de luminoso exista, e de
essencial; a Filosofia Eterna, Perene, é a das Leis que subsistem enquanto os
paradigmas humanos vao mudando tendo por pano de fundo a imobilidade
absoluta das Leis que todo o Movimento sustentam e guiam.
E isto parece ganhar importancia especialmente ante as crises, pequenas e
grandes mas sempre inevitaveis, da existéncia; perante as mortes, as perdas, os
acidentes, o aparentemente inexplicavel, € daquilo em que acreditamos que nos
socorremos para nos ajudar a dar sentido a experiéncia e a integra-la.Um sentido maior, e que aponte para a Eternidade, é o que de melhor podemos
esperar retirar da Experiéncia, de uma qualquer; e simultaneamente, o Unico que
pode sustentar realmente cada um dos passos (nao coelho, nem gato por lebre)
dos nosso proprio crescimento.
Assim, a crenga na imortalidade da alma pode ajudar a aceitar a morte de um
ente querido, a confianca que o universo é abundante e sempre me oferecera
oportunidades de continuar a crescer pode ajudar-me a despedir-me de um
emprego que nao me realiza, a compreensao que a vida sempre denuncia os
nossos equivocos pode ajudar-me a aceitar o fim de uma relagao como uma
oportunidade de mudanga interior.
Ou entdo, os valores em que acredito nado me permitem inteligir o propésito oculto
nas experiéncias da vida, nem aproveita-las para ganhar sabedoria, amor,
consciéncia — e entao entro numa crise de sentido, numa crise de compreensao,
numa crise de consciéncia.
Os misticos cristéos chamam “a noite escura da Alma” a esse confronto interno
com a fragilidade dos préprios valores e ao convite a buscar um senso renovado
de sentido para a vida. Sem esse encontro, e confronto, embora no curto prazo e
no imediato aparentemente me “safe” de mais uma inconveniéncia evolutiva, o
facto é que a prazo me tornarei amargo, ressentido, sarcastico, nihilista, e nunca
perceberei a relacdo entre a (minha*) vida pessoal e a grande Vida que é vivida
através de mim.
“Eu me rio quando oucgo que o peixe tem sede dentro da agua. E tu nado
compreeendes que o que ha de mais vivo esta no interior da tua propria casa; €
por isso andas de cidade sagrada em cidade sagrada, com um olhar confuso.
Kabir te dira a verdade: vai onde quiseres, a Calcuta ou ao Tibete; se nado
conseguires descobrir onde tua alma se esconde, para tio mundo nunca serareal’Kabir
RESPONSABILIDADE
O Dom de Capricérnio
Responsabilidade: habilidade de responder.
Responder a qué? As circunstancias da vida.
Responder de que forma
Em verdade e coragem, de forma genuina e auténtica. Responder pelo qué?
Pelas consequéncias naturais das nossas escolhas mais verdadeiras. Pelo prego
das nossas necessidades mais profundas.
Responsabilizar-me: tornar-me habil (capaz) de responder por quem sou e 0 que
preciso. E o assumirresponsavelmente a propria existéncia
Mas também se confunde Responsabilidade com aceitar tarefas e incumbéncias
que nao nos fazem sentido, que nunca escolheriamos em amor por nés proprios,
€ nas quais nao temos realmente fé; mas que por serem importantes para outros
significativos na nossa vida (aqueles a quem amamos, ou desejamos, ou que tém
poder de nos recompensar ou punir) acabam por se tornar nossas.Por amor, medo, ignorancia ou qualquer outro motivo, é facil aceitar
responsabilidades alheias. E dificil é assumir a responsa-habilidade propria.
E facil esquecermo-nos (ou preferirmos nao nos perguntar) se as
responsabilidades que nos impomos nos pertencem, se sao importantes para nds
antes de mais, se sao valiosas, se acreditamos nelas. Porque grande parte das
vezes a resposta é: nao.
E ainda assim sobrevém culpabilidade, outra face do mesmo principio. E quando
a Responsabilidade se torna um sacrificio redutor, vivido a um nivel mental e
arrogante, que termina em ressentimento, vitimizagao, depressdo, cobranga,
doenga e tantos outros dos sintomas caracteristicos do mal-estar da nossa
civilizagao.
Em astrologués, chamamos a isso Capricérnio e Saturno.
Pessoas com estes principios fortes nos seus horéscopos podem observar estes
temas a ecoar nas suas vidas. Disciplina, controlo, “aguentar” em nome de um
ideal auto-imposto ou importado do exterior, um forte sentido de dever, a ambi¢ao
ou senso exagerado de poder/responsabilidade pessoal, 0 complexo de Atlas
(google it) e um forte senso de culpabilidade tendem a fazer parte das suas
disposigdes psicolégicas e experiéncias de vida.
E é na qualidade essencial de cada energia, apesar das suas expressées
distorcidas, que encontramos as chaves do seu desbloqueio: para podermos
realmente assumir outras responsabilidades em amor e verdade precisamos
primeiro assumir a responsabilidade pela nossa verdade pessoal, pela nossa
propria voz, pela nossa propria autenticidade.
Enquanto nao aprendemos a ser “responsabeis”, genuinos e auténticos nado nos
respeitaremos nem seremos respeitados —a vida devolve o espelho da nossa
propria falta de auto-respeito (o Espelho é o Dom de Balanga)Comegando desde ja — 0 Ano Novo nao é€ 0 pretexto perfeito? - comece a
introduzir no seu dia-a-dia as seguintes estratégias e mudangas:
—habitue-se a reconhecer e calcular a quantidade de vezes que diz (ou
pensa) “nao posso”, “ndo devo”, “tenho que”, “é suposto”, “preciso”. Contabilize-as
durante um dia. Sério! Vai ficar surpreendido com a quantidade de vezes que o
afirma, ao longo do dia. E se contar as vezes que diz (ou pensa) “nao podes”,
“nao devias”, “devias era...”, ‘tens que...”
(lol e boa sorte, sr(a). Inutil Mente Tirana)
—habitue-se a questionar-se a si mesmo:
“Tenho? Ou quero?”
“Nao posso? Ou nado quero?”
“E suposto? Para quem?”
“Preciso de? Ou escolho fazé-lo?”
- passe a reservar a frase “ndo posso” apenas para impossibilidades fisicas, por
exemplo, “eu nao posso correr mais depressa do que um automével”, e nos
outros casos, reconhe¢a em consciéncia que “nao quer’ lidar com as
consequéncias, mas poder, poderia, se assim o quisesse: nao estaria
impossibilitado fisicamente de o fazer.
Vocé pode (mesmo que nao deseje fazé-lo), faltar a um compromisso importante,
por exemplo; vocéndo pode estar em dois sitios ao mesmo tempo.
—aproprie-se do seu proprio discurso. Assuma o“eu", “para mim”, “tanto
quanto eu vejo”, “nomeuponto de vista”.
E muito diferente dizer “uma pessoa ndo imagina tal coisa” de “eu n&o imagineital coisa”. Assumir 0 seu discurso devolve-Ihe um senso de poder, autoria, e de
responsabilidade pelo que escolhe dizer, pensar e fazer.
Familiarize-se com a sensagao de falar na primeira pessoa apropriando-se do
seu discurso. Essa é a sensagao de estar no papel de autor da sua vida, vivendo-
acom consciéncia das suas escolhas, com maior responsabilidade e poder sobre
elas
Habitue-se a reconhecer a diferenga entre um falso e um verdadeiro “ndo posso”.
Habitue-se a reconhecer a quantidade de consequéncias com que néo quer
lidar e que — apenas estas — o/a impedem de dizer “nado quero”.
Habitue-se a reconhecer a quantidade de escolhas que tem a cada momento. A
maneira mais facil é comegar a treinar estes novos habitos.
Estes habitos simples, uma vez interiorizados, conduzem a uma mudanca
profunda na percep¢ao do seu grau de poder pessoal.
“Recorda os 3 R's: Respeito por Ti Proprio, Respeito pelos Outros,
Responsabilidade por todas as tuas Acgées” Dalai Lama
PARTICIPAGAO
O Dom de AquarioConhece a frase do profeta americano Edgar
Cayce que diz“passaros da mesma plumagem
voam juntos”?
O que significa para vocé esta frase?
“Passaros da mesma plumagem’” pode significar almas afins, individuos com os
mesmos interesses, visdes do futuro e projetos
Seres de boa vontade que partilham de ideais individuais e/ou colectivos comum,
que comungam da mesma vontade de se renovarem e de renovarem o mundo ao
seu redor, de contribuir para que exista mais liberdade, dignidade, justiga,
equidade, consciéncia ou verdade. Individuos que se identificam uns com os
outros, e se reconhecem, por aspiragées ou impulsos, semelhantes.
E “voarem juntos” pode significar, nesta perspectiva, que é em grupo mais do que
individualmente, unindo esforcos e recursos, amparados e motivados pela
energia grupal para a qual contribuem — e que os amplia em retorno -, que a
edificagao das realidades futuras, idealizadas e partilhadas, pode acontecer.
E este € o Dom da Participagao — procurar os da nossa “turma”, aqueles com
quem partilhamos ideais, visées, aspiragdes, aqueles que sao animados pelomesmo espirito que nés. Honrar a necessidade profundamente humana de
encontrar “iguais” com os quais se possa unir esfor¢gos para implementar uma
visao partilhada por todos. Chama-se ao reconhecimento desse espirito comum
“unanimidade”, isto é, um so animo. Em latim, “animus” significa “espirito”, aquilo
que vivifica, energiza, da vida. E quando um grupo de individuos é animado pelo
mesmo espirito falamos de unanimidade.
Mas isto é profundamente diferente de um grupo de individuos
que se une por uma identificagao exterior, ou formal,
mais ligada com a aparéncia do que com a esséncia.
Quando estamos perante um grupo de pessoas que age da mesma forma, veste
da mesma forma, repete os mesmos gestos e rituais que valem mais pelo
aspecto exterior e formal do que pela esséncia da sua intengao, partilham dos
mesmos ritos e habitos, ou se socorrem dos mesmos simbolos exteriores de
estatuto ou poder para encontrar ai um senso de identificagao, comunidade ou
pertenga, falamos de uniformidade — isto é, de uma unidade de forma e nao tanto
de uma unidade de espirito.
Mas para que os “passaros da mesma plumagem” voem juntos, ha dois requisitos
inevitaveis.
O primeiro e mais fundamental deles, parece evidente, é que cada um descubra a
verdade essencial acerca da sua propria natureza e da sua propria “plumagem”.
Isto é, ter a firme intengao de ser fiel e verdadeiro a si proprio — enfrentando, se
necessario, a inevitavel pressao para a conformidade que vem nao so de “fora”,
da sociedade, ou da familia, ou do grupo de pares, mas essencialmente de
“dentro”, daquela parte que em nds tem medo de nao pertencer, de nado se
enquadrar, de nao ser aceite, de ficar a parte, de ser excluido, de morrer sozinhoe abandonado se nao pertencer a um “rebanho” e encontrar nele a mesma
seguranga e protec¢do que o rebanho oferece a ovelha.
E que o preco de permanecer ovelha, sacrificando a propria autenticidade em pro!
da ilus4o de seguranga de pertencer ao rebanho, embora parega menor no curto
prazo, torna-se insuportavel no longo prazo.
E 0 prego de nunca descobrir ou assumir a verdadeira individualidade, é o prego
da falta de autenticidade, é o prego de nunca se vir a ganhar consciéncia de
quem realmente se é, € 0 prego de permanecer aquém de quem se nasceu para
ser ou tornar.
Entao o primeiro requisito é descobrir, e assumir, a “cor” da propria plumagem.
Na historia do Patinho Feio, é facil compreender que o sofrimento do “patinho” so
durou enquanto ele se comparou, e se obrigou a ser, como os outros patos — até
descobrir que na verdade era um cisne. Até reconhecer a sua verdadeira
“plumagem”.
Aeste processo chama-se “Individuagdo”: tornarmo-nos aqueles que somos, que
nascemos para ser, e€ nos quais nos tornamos a medida que somos o que somos.
E é a grande tarefa simbolizada no signo oposto e complementar de Aquario:
Leao.
O segundo requisito do Dom da Participagao € procurar outros cisnes, ou melhor,
outros “passaros” da mesma plumagem.
Nao se trata de procurar aqueles com que se partilha a uniformidade, mas
daqueles com quem existe um senso de unanimidade.
Enquanto por auto-envolvimento, falta de generosidade, cobardia, orgulho e
sobranceria, medo de perder a propria identidade ou qualquer outro motivo
separatista existe a recusa em participar, colaborar e contribuir em, e para, o