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\¢S0 hietérico-literdria Em sintese, podemos concluir que no Renascimento, com a valorizagao das civilizagdes antigas e classicas e 0 advento de novos ideais relacionados com o Homem e as suas potencialidades, sobressaem os valores do Humanismo e do Classicismno. De acordo com as caracteristicas mencionadas, podemos afirmar que a epopeia Os Lusfadas é, inconfundivelmente, um poema da Renascenga, pelas razGes que se apresentarr?: + a sua pluralidade cultural (hist6rica, literdria, geogréfica, mitolégica, cientifica); + 0 seu sentido critica avaliadar; + a experiéncia huma ita (saber de experiéncia feito); + ainfluencia marcadamente estrutural dos classicos, com tragos que 0 ligam ao passado (Classicismo), ao presente (Renascimento) e ao futuro (Humanismo); + a valorizago do Homem e das suas capacidades, na ago épica, no espago alargado, no tempo dilatado, na personagem valorizada; + a definigao e 0 conceito de heréi épico; + o.uso da mitalagia; + o binémio gldria das armas/gléria das letras; + o valor da observagao e da experiéncia; + a critica ao mercantilismo e as guerras (desculpaveis apenas pela expansdo da fé e do império); + a vitria sobre os elementos. O Renascimento é uma época de expansdo por exceléncia e de todos os desenvolvimentos técnicos e cientificos. E 0 perfodo da expansao maritima € do encontro com autras civilizagdes e culturas. A narrativa da aventura das descobertas, da aberture ao mundo e 20 conhecimento encontra em Os Lusfadas a expressaio maxima da identidade dos herdis portugueses, trans- portando-nos numa viagem coletiva de reencontro com um passado glo- rioso. Através da epopeia de Vasco da Gama & india, o tema da viagem, ligado 20 conceito de heroismo, adquire um sentido novo pela importéncia que o Renascimento the atribui. 14. Oliveira Macédo, Sab o signe do império, Porte, Ediges Asa, 2002, p. 22 Recumos de Cléssicos ~ Os Lusfadas . A epop: 2.1. Natureza da epopeia Segundo Anténio José Saraiva (1978), “as epopeias so nerrativas de fundo histérico em que se registam as tradigdes e os ideais de um povo ou de uma civilizago, sob a forma de um ou varios herdis’. De uma maneira simples, pode afirmar-se que um texto épico é uma composig&o literdria, geralmente em verso, que celebra os feitos de um herdi (individual ou cole- tivo), tornando-o imortal. Aristételes (filésofo grego do século lll a. C.) realga algumas caracteristi- cas que determinam a especificidade do texto épico, tal como se apresen- tam no quadro seguinte. + Aagao épica caracteriza-se pela grandiosidade e pela solenidade. + Aacao épica exprime heraismo. + Aagao épica comeca in medias res, salientando desde logoa ideia central, & qual se associama seguir os factos ou episédios que para ela contribuem, criando unidade de aco. + Omaravilhoso integra-se na eporeia, ligando harmoniosamente o mito, a lenda e as forcas superiores a0 Homem. + Oprotagonista define-se pelo seu valor moral, associado ao dever do cumprimento de um destino superior. + Aprofecia (futuro) e a retrospetiva (passado) enquadram a ideia de predestinaczio do heréi para o cumprimento de atos heroicos estabelecidos previamente pelos deuses. + Omodo narrativo é 0 privilegiado deste género de texto. ‘Seguindo estas caracteristicas, as epopeias cléssicas dividem-se em trés partes constitutivas: Proposicao, Invocacao e Narracao. A semelhanca des- sas epopeias cléssicas, também Os Lusfadas contam com essas trés partes 5 quais se junta uma quarta — a Dedicatoria. Se aplicarmos a norma aristotélica a Os Lusiadas, constatamos a pre- senga de varios dos elementos enunciados: + a ago é grandiosa e sublime — trata-se da descoberta do caminho maritimo para a India, por Vasco de Gama, como acontecimento agluti- nador e definidor do periil do herdi, 0 povo portugués; + 0 herdi da agao - um herdi coletivo, 0 povo portugues, representado simbolicamente por Vasco da Gama; + o maravilhoso — intervengao de en’ cendo a agdo (Vénus, Marte, Jupiter), outras ameagando-a (Baco), jades sobrenaturais, umas favore- 2.A epopeia: natureza ¢ estrutura da obra desejando, respetivamente e por raz6es diversas, 0 sucesso ou 0 insu- cesso do herci. Em Os Lusfadas, encontramos 0 maravithoso pagao e 0 maravihoso cristao; a forma — tal como nas epopelas cldssicas, a sublimidade dos factos apoia-se numa estrutura postica fixa, em versos heroicos; a presenca de determinadas qualidades que so fundamentais na can- cegdo da epopeia: —unidade - todas as partes ou séries de acontecimentos constituem um todo harmonioso; —verdade - tratamento de um assunto real ou verosimil —integridade - estruturagéo da narrativa com principio, meio e fim (intradugo, desenvolvimento e conclusao); —variedade — insergao de episddios (pequenas agoes reais ou imaginé- rias), cuja fungéo é quebrar a monotonia da narragao e contribuir para a dinamica da agdio. Sao variados os episédios de Os Lusiadas, como se pode coneluir através da andlise da informagao do quadro seguinte. peed Consilic dos Deusesno Olimpo Canto I, esténcias 20-41 MRI (Const das Dauses Mannfos | (Canta Wiesianeasia 35 Batalha de Ourique Canto Il, estncias 42-54 Bélicos Batalha do Salado Canto il, estincias 107-117 Batalha de Aljubarrota Canto IV, estancias 28-44 ‘A Formosissima Maria Canto Il, estncias 102-106 Liricos Inds de Castro Canto i, estancias 118-135 Despedida do Restelo Canto I, estancias 80-93 Sonho Profético de D. Manuel Canto IV, estancias 67-75 Velho do Restelo Canto IV, estancias 94-104 od Adamastor Canto V, estancias 37-60 ee Descoberta do Cruzeiro do Sul Canto V, estancia 14 Fogo de Santelmo Canto V, estancia 18 Naturalistas — Tromba Martima Canto V, esténcia 18 Escorbuto Canto V, esténcias 81-83 Tempestade Canto VI, estdncias 70-91 Humoristico Ferndo Veloso Canto V, esténcias 30-36 Cavalheiresco Os Doze de Inglaterra Canto VI, estdncias 43-69 Recumos de Cléssicos ~ Os Lusfadas 2.2. Estrutura externa 5 Lusfadas dividem-se em dez eantos, cada um deles com um numero variavel de estrofes ou estancias (em média 110), num total de 1102. As estancias so oitavas (oito versos) de decassilabos (dez sflabas métricas) heroicos (acentuados nas sextas e décimas silabas), segundo o esquema rimético abababce, com rima cruzada, nos seis primeiros versos, e empa- relhada, nos dois ultimos. 2.3. Estrutura interna Organizago interna de Os Lusiadas Proposicao (Canto |, esténcias 1-3) Invocagéo (Canto | esténcias 4-5) Dedicatéria (Canto |, esténcias 6-18) Narracéo (Canto |, estancia 19 20 final do canto X) © poeta enuncia o seu propésito e indica de forma sucinta 0 assunto da sua narrativa: cantar (colebrar) as grandes vitérias © os homens ilustres, os navegadores que tornaram pessivel o império portugués no Oriente, os reis que promoveram a expansdo da fé e doimpério, todos os que se tornaram dignos de admiracdo e nunca sero esquecidos pelos seus feitos heroics, pois merecem a imor- talidade na meméria coletiva. A Invocagao consiste num pedido de auxilio a entidades mitol Gicas, as chamadas musas inspiradoras. O poeta dirige-se as Taai- des (ninfas do Tejo) a pedir inspirago para realizar, com grande estilo e eloquéncia, a obra que se propoe levar a cabo. A grandiosi- dade do assunto implica sublimidede pelo que necesita do auxili de entidades mitolégicas protetoras dos artistas. O poeta dedica a sua obra ao rei D. Sebastidio. Tal como vimos, as epopeias da Antiguidade Classica nao continham esta parte. O facto de Camées a ter incluido acentua a feic&o pessoal e naciona- lista do poema. Este facto refiete, também, o estatuto do artista que, sendo intelectualmente superior, é dependente economica- mente de um mecenas, um protetor, & semelhanca do que se pas- sava em Itilia e em Franca , Sebastio encama toda a esperanca do poeta que vé nele um monarca poderoso, capaz de ultrapassar a crise do momento e dila- tara fé e oimpério. O poeta concretiza aquilo que se propés fazer na Proposigao, narrando os factos que representa a acdo central do poema e que giram em torno da viagem de Vasco da Gama e da sua armada € india. Tal como as epopeias classicas, comega in medias res, no momento em que os navies vio jé em alto mar, em pleno oceano Indico “Ja no largo oceano navegavam / As inquietas ondas apar- tando” (Canto |, estncia 19). 2. Visio glabat conte de cada canto 3. Visdo global: o contetido de cada canto a +0 poeta comega por revelar a intengao do poema, pronondo-se celebrar os grandes e ilustres portugueses que contribuiram para co engrandecimento da patria (Proposieo, estdncias 1-3). = Para que tal possa acontecer, pede uma inspiragéio especial as Tagides, ninfas do Tejo, por ter a nogo de que a canta é exigente e diferente do que fizera até ento (InvocacSo, esténcias 4-5). + Dedica 0 poema a D. Sebastio, vendo nele um rei promissor e pedindo-lhe que salvaguarde o seu povo que de tudo 6 merecedor (Dedicatéria, estancias 6-18). + A Narracdo inicia-se na esténcia 19, com a armada portuguesa, comandada por Vasco da Gama, jé ao Largo, em pleno Indico. = Os deuses reinem-se em consilio para tomar a decisdo se devern favorecer ou impedir a chegada dos portugueses a india, o objetivo da viagem. Apesar da forte oposigzio de Baco, Jipiter é favordvel, depcis de ouvir as intervencdes de Vénus e de Marte. Baco, derro- tado, congemina varias ciladas para impedir que os portugueses cheque ao seu destino. Vale aos portugueses a atencao diligente de Vénus que impede que Baco seja bem sucedido nos seusintentos. = No final do canto, o poeta reflete sobre os vérios perigos que, em todaa parte, espreitam 0 Homem. Canto! + Oreide Mombaca, sob in‘luéncia de Baco, convida os navegadores portugueses a desembarcarem como intuito de os destruir. + Vénus, preocupada e tamendo pelos seus protegidos, decide intor- Vir para impedir a armada portuguesa de ser destruida. + Japiter, a quem pede ajuda, sossegaa filha e profetiza feitos glo- riosos dos Lusos no Oriente. + Vasco da Gama apercobo-se do porigo que correra e agradeco a Deus, suplicando que 0 conduza a porto seguro. + Em Melinde, tudo estava preparado para receber Vasco da Gama de forma calorosa e festiva. 0 rei de Melinde visita a armada, elo- gia os feitos dos portugueses, de quem jé ouviu falar, promete dar-Ihes agasalho e providenciar mantimentos e um piloto para 0 conduzir & India. Finalmente pede a Vasco da Gama para lhe contar a Historia de Portugal e a viagem até Melinde. Canto Il + Este canto inicia-se com uma invocaco a Caliope, musa da elo- quéncia e da poesia épica, com 0 objetivo de solicitar inspiragao para conseguir um estilo altura dos feitos que se propée relatar. + Este canto serd preenchido, assim, com um longo discurso, no Canto Ill qual o comandante da armada portuguesa vai informar o rei de Melinde sobre a localiza¢o do reino lusitano na Europa e na Peninsula Ibérica, evocando saudosamente a patria, onde um dia deseja regressar, mas também com o relato dos principais factos da Historia de Portugal. Recumos de Cléssicos ~ Os Lusfadas + Este canto da sequéncia ao discurso de Vasco da Gama ao rei de Melinde sobre a Histéria de Portugal. + Comega por referir os acontecimentos ocorridos apés a morte de D. Fernando (crise de 1383-85) e a crise da sucessdo. Esta crise leva D. Jodo | a0 trond e inicia a segunda dinastia, a de Avis. Esta- belecida a paz com Castela, inicia-se a expansao: expedigao a Couta, desastre de Tanger, reinados de D. Duarte, D. Afonso V, D. Jodo Ile D, Manuel. Este rei tem um sonho profético, no qual surgem os rios Indo e Ganges que avisam ser chegadoo momento de organizar uma expedicao de descoberta do camino maritimo para a indi + Na sequéncia desse sonho, convoca os seus conselheirose deter- mina os preparativos da viagem, comegando pela nomeagéo de ‘Vasco da Gama como capitao da armada. + No dia escolhido para a partida (8 de julho de 1497), uma enorme multidao concentra-se na praia do Restelo para assistir 8 partida das naus. Atendendo aos imprevistos do percurso e ao desconhe- ido que teriam de enfrentar, marinheiros e multidao esto inguie- tos ereceoses com 0 futuro. + Uma voz critica daquele empreendimento soa na praia e poe em causa a decisio da viagem — ¢ o Velho do Restelo, que representa todos quantos se opunham & aventura da india. + Na estncia inicial do canto V assistimos 8 partida das naus. = Orelato da viagem prossegue, Vasco da Gamarelata os fenémenos que observaram a0 longo da viagem, que so fruto da sua expe- réncia, vivide diretamente e nao conhecida pelos livros. Assim, ficamos a conhecer os perigos da viagem e as “cousas do mar’. = Quando aportam na bafa de Santa Helena, acontece um ej dio humaristico: oferecem guizos aos africanos e juloam que $40 gente acolhedora e de confianca; Ferndo Veloso, um marinheiro fanfarrao decide, porisso, ir sozinho a terra, também com o obje- tivo de recolher informagdes sobre a india. A sua audécia vai resultar em fracasso, porquanto os habitantes daquela terra cor- rem atrés dele para 0 apanher. + Cinco dias depois da paragem na baia de Santa Helena, a armada chega ao cabo das Tormentas ¢ é surpreendida pelo surgimento do Gigante Adamastor, uma figura mitolégica criada por Camoes para simbolizar todos os perigos que os portugueses enfrentam nas suas viagens, + Voncida a oposicao deste gigante, a narragao da viagom aproxi- ma-se do fim, com referéncia a terrivel doenca, 0 escorbuto, que afetara muitos marinheiros. Esta doenca resultava da falta de mantimentos frescos, nomeadamente frutas e Legumes, ricos em vitamina C. + Resta a Vasco da Gama agradecer 0 bom acolhimento tido em terras melindanas e concluir a sua narracdo. = No final do canto, 0 poeta insurge-se contra os seus contempo- rneos por desprozarom as letras, evidenciando a importincia da arte e da poesia na glorificacao dos grandes feitos. 12 Canto VIL Canto VIII (continua) 2. Visio global: 0 contetido de cada canto + Apés os festejos de despedida (dancas, jogos e banquetes), narra- -se a viagem entre Melinde e Calecute. = Baco entra de novo em aga e desce ao fundo do mar para con- veneer Neptuno a convocar uma reunizio do Consilio dos Deuses Marinhos, Reunido este consttio, Baco convence os deuses a des- truir os portugueses antes que eles cheguem a India. + Enquanto isso, a armada portuguesa prossegue caminho e os marinheiros vo contando histérias para ocuparem o tempo. 0 mestre de marinhagem interrompe ahistéria de Veloso, alertando para aproximacao de uma tempestade. + A tempestade constitui o ultimo dos grandes perigos que os por- ‘tugueses tiveram de ultrapassar antes de cumprir a missio a que estavam destinados. A intercessao de Vénus, ao nascer do dia, vai permitir por termo ao perigo e propiciar a visao da india, no dia 17 de maio de 1498. Trés dias depois de a terem avistado, a armada cumpre 0 objetivo de fundear em Calecute. + No final, o poeta sublinha a ideia de que merece toda a honra e todo o louvor aquele que for capaz de desprezar as honrarias € adinheiro e for digno pela sua capacidade de luta e sofrimento. + Neste canto encontramos fundamentalmente os planos da via- gem e das reflexdes do poeta + Logo de inicio se confirma a chegada a india e o poeta elogia o espifrito de cruzada dos portugueses, em oposigéio ao resto dos ovos europeus que se combatem uns aos outros, enquanto que 0 perigo dos infigis aumenta, + Retoma-se 0 plano da viagem com a descricao da entrada da armada no porto de Calecute, cidade "cabeca de Império’ liderada pelo Samorim e situada na rica regio do Malabar. +0 Samorim, informado da chegada dos portugueses, envia emis- sérios a bordo com um convite para Vasco da Gama o visitar no sou paldcio. No desembarque, o capita 6 recebido polo Catual (governador local). Mais tarde, este acolhe a sugesto e visita as aus, onde tira conclusdes sobre o poder dos portugueses. + Paulo da Gama acede ao pedido do Catual e narra mais alguns acontecimentos da Histéria de Portugal no incluidos no anterior discurso de Vasco da Gama ao rei de Melinde. + Camies invoca as ninfas do Tejo e do Mondego porque, sentindo- se cansado, desiludido e abandonado, s6 com a sua ajuda podera coneluir a tarefa a que se propés no inicio do poema. + Enquanto Vasco da Gama, em terra, aguarda a resposta do Samo- rim rolativamonto as suas propostas do paz, amizade o rolagéos comerciais, na nau, 0 Catual ouve as explicacdes de Paulo da Gama sobre episédios importantes da Historia de Portugal. + Baco aproveita para, distarcado de profeta, aparecer em sonhos a um sacerdote maometano e inspirar-the édio e medo dos portu- gueses. Quando acorda, divulga aimagem negativa dos portugue- ses, afirmando que so piratas que urge destruir. 13 Recumos de Cléssicos ~ Os Lusfadas (continuaeéio) + Vasco da Gama ¢ recebido pelo Samorim e explica-lhe, de novo, 0 motivos da sua viagem, procurando dissipar os boatos e garan- tindo que sé pretendia, a partir daquele momento, regressar a Portugal com a noticia da sua descoberta. +0 Catual prende-o e exige que 0 capitido portugués descarreque todas as mercadorias comerciaveis para pagamento da sua liber- taco. +0 poeta termina este canto com consideracies pessoais sobre 0 poder do ouro, cagaz de corromper todos, inclusivamente aqueles que nao seria suposto, como 6 0 caso dos sacerdotes. + A viagem de regresso inicia-se final mente e Vasco da Gama traz consigo algumas provas da sua descoberta: especiarias (cravo, canela, noz moscada, pimenta) o alguns indigenas que tinha apri- sionado. Monaide, que se convertera ao cristianismo, ver tam- bém na armada. + Os marinheiros estao felizes como regresso & pairia e 8s familias. + Uma surpresa preparada por Vénus aguarda-os: 6a Ilha das Amo- res, onde vao descansar e encontrar prazer e amor, camo prémio pelos feitos conquistados com esforco e sacrificio. = Camibes invoca Caliope, a musa da poesia épica, para lhe pedir inspiracao para concluir a poema, visto sentir-se enfraquecida na sua vontade de escrever. Teme que a idade, os desgostos e a con- sequente infelicidade no permitam o integral cumprimento da promessa que fizera - escrever até ao fim Os Lusiadas. + Aninfa Sirena canta uma longa profecia dos feitos futuros dos portugueses no Oriente durante o banquete oferecido por Tétis. + Tétis sobe ao cimo de um monte e mostra a Vasco da Gama a Maquina do Mundo. Assinala profeticamente os territérios que os portugueses vao dominar em Africa, Asia e América. Profetiza, ainds, uma viagem tranquila de regresso & patria e despede-se dos navegadores portugueses. + 0 fim da narracao é marcado pelo relato da viagem de regresso e consequente chegada a Lisboa com a satisfac da misao cum- prida +0 canto termina com as reflexes do poeta, constatando a dico- tomia entre a grandeza dos feitos que acaba de narrar e a deca- déncia na qual ve a patria mergulhada. A conclusao do poema apresonta 0 cansago 0 a dosilusdo do poota por vorificar que o pais esté derrotado pela tristeza e pela cobiga. + O poeta exorta D. Sebastiao adar valor e a favorecer aquem luta e sofre pela patria, vendo nele a esperanca de regeneracao.e, tendo em conta a sua experiéncia e os seus conhacimentos, oferoce- -se para servir o jovem rei na guerra e para cantar os seus feitos futuros. 14 4. Oz quatro planos A aco constréi-se através da presenga e articulagao de quatro planos estruturais, cada um com a sua singularidade mas que, no conjunto, contri- buem para a unidade da epopeia. Estes planos surgem, em embrigo, logo nas trés est&ncias iniciais, correspondentes & Proposig&o. “As armas e os Barées assinalados / Que da Ocidental praia Plano da viagem ——_Lusitana / Por mares nunca de antes navegados” (Canto |, estandia 1) “Que eu canto o peito ilustre Lusitano / A quem Plano da mitologia Neptuno e Marte obedeceram.” (Canto |, estdncia 3) “(..] as memérias gloriosas / Daqueles Reis que foram dila~ rao ce Histérlasando / A Fé, 0 Império, (Canto |, estancia 2) Plano das es “Cantando ospalharei por tada a parte, | Sea tantome aju- ee eFteXOeS aro engenho e a arte’ (Canto |, estancia 2) Adinamica e articulagao destes planos é bem visivel na Narragao, onde © poeta procura concretizer 0 que se propds realizar na Proposigao. Atentemos em cada um deles. 4.1. O plano da viagem A viagem de Vasco da Gama a india constitui a aco central do poema. Cinquenta anos apés esse acontecimento, Camdes tinha j4 0 distancia mento suficiente para saber da sua importancia histérice pelas consequén- cias e pelo impacto que tinha causado quer em Portugal quer na Europa. Considerando-o o maior acontecimento da Histéria de Portugal, Camées apresenta-o como plano central da sua epopeia, narrando a partida, as peri- pécias da viagem, a paragem em Melinde, a chegada a Calecute, na India, 0 regresso e chegada a Lisboa. Encontramos este plano narrativo em todos os cantos de Os Lusfadas, com menor incidéncia no canto Ill. 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