You are on page 1of 145
mM © ro no nome — rane MM HMM WN © mistésio do Deus Menino, vies [INIA AN UAAMM AN ALT Pocepene: 4 aaa OUTRAS | EDICO) ‘forea déste livro que causar# profunda impressio a todos os leitores, FILOSOFIA DA RELIGIAO — Fulton J. Sheen ste & um dos mais notévels livros: do famosn bispo norte-smerieano, ‘Teblogo, filésoto, ensafsts, homein de imprensa, de rédio e de televisio, conhecido no mundo inteiro pele extraordinaria cultura e pela capecidade de falar ao homem de hoje mums linguagem que, embora io 0 lisonjeie, the 6 perfeltamente. acessivel. COLECAO “MBSTRES ESPIRITUaIS” Cada um déstes pequencs livros é ums obra-prima de seguranca histériea 9 de objetividade, nio sé biografia dos homens que mals marearam a huma- nidade no sentido espiritual, mas sinda, sintese de ava doutrina © eshudo e sua importincia em dada época © através dos séculon. Apreser: gritiea primoross, ineluindo grande numero de ilustracdes lugaoes «obra 8 vida do personagem, Volumes mais recentes da Colecio: — CARLOS DE FOUCAULD 'f A FRATERNIDADE, — SKO BENTO = A VIDA MONASTICA, © PEQUENO PRINCIPE — A, Saint-Exupéry Certamente jé existe esta obra em sua bibliotéea, Se néo, procure ‘dguirir imediatamente éste mazavilhosopequeno livro. QUESTOES ABERTAS — Thomas Merton ‘Um dos livros mais importantes de Merton, com estudos como “O Caso Pasternak”, “O poder © 0 Sentido do Amor", «Cristianlsino ¢ Totslitarismo”™ © multor outros, stes livros podem ser adquiridés na livraria de sua preferéncia ou na Livraria AGIR Editore Ron Bréallo Gomes, 126 ua Mésieo, 9B Ay. Afonso io Inde de Bib un.) git ar ba ere) slat deme 31-20-90 outa Doma t08 Sho" Paulo, 2. “Ganabors ‘Minas Gerais Enderégo ‘elegrético: “AGIRSA” Atendemos pelo Servigo de Reembélsa Postal DO MESMO AUTOR: A DESCOBERTA DO OUTRO (89 TTRES ALQUEIRES E UMA VACA (6 LIGOES DE ABISMO (Romance) (11 DEZ ANOS (2 ed.) CLARO ESCURO (Col. Familia) (2% ed) ea) ed) ed) GUSTAVO CORCAO AS FRONTEIRAS DA TECNICA capa DE HELENA GEBARA DE MACEDO 5 EDICAO 1969 Livraria AGIR Editera RIO DE JANEIRO ARTES GRAFICAS INDUSTRIAS REUNIDAS 8.4. niversidade de Brasilia an Bal Gane (a Indo da Bi Rm) concn Portal 991-000 ENDER#CO TELEGRAFICO: Ao Leitor — 0 Teeniclsmo ¢ suas Origens Tl — 0 Fazer ¢ 0 Agir MI — Politica e Técnica ‘VII — © Valor da vida A Técnica de Deus, sua Arte e seu Amor . Patrlotismo e Naclonalismo ....... ‘A Missio da Mulher | AO LEITOR Os estudos contidos neste volume, inéditos em sua quase totatidade, resultaram da refusio ¢ da condensagéo de wm conjunto de aulas ¢ conferéncias pronunciadas em diferentes ‘grupos que, mal ou bem, através de grandes perplewidades ¢ ‘muitos desacertos, procuram a mesma coisa, o mesmo ideal que para uns é mais revelado e para outros mais escondido. E € ésse vineulo que me permite reunir alguns problemas ‘aparentemente distantes, ¢ que me autoriza a enfeixar na ‘mesma cordialidade a dedicatéria que aqui deixo lavrad aos amigos ¢ alunos do Centro Dom Vital e de Belo Horizon- te, que encontrarao num dos ‘estudos o resumo de nossas aulas; aos leitores da “Tribuna da Imprensa”, que sentirao em muitas passagens as ressonancias de antigas idéias, aos amigos da Resisténcia Democritica, da Unido Demoorética Nacional ¢ do Partido Libertador; aos irméos da fraterni- dade beneditina; ¢ ao leitor desconhecido, cuja sombra me peraeguin nestas péginas, dedico esta colcha de retalhos que pretende servir a uma inconsiitil unidade. 0 AUTOR I O TECNICISMO E SUAS ORIGENS Nao imagine o leitor, s6 pelo titulo déste ensaio, que eu venha aqui propor um racionamento das atividades técnicas; nem que eu pretenda restringir 0 progresso da eletronica ou dos testes psicoldgicos, em nome de um ideal de civilizagéio mais simples e mais humano. Essa rabugem me assalta, as vézes, quando vejo certos programas de televisio ou quando me trazem a0 conhecimento algum resultado esdrixulo co- Ihido nos gabinetes da psicotéenica; mas a razio, que bem ou mal ainda consigo manter acima dos humores, obriga-me a reconhecer que @ insanidade, quando hé, esté no lado do uso, ‘ou do abuso, e nao na coisa em si. # claro que desejo ardentemente um tipo de civilizagio mais humano; mas @ mesma razdo me diz que nfo hé nenhum principio filoséfico pelo qual o humano se oponha ao téenico. ‘Ao contrério, sendo a téenica o exereicio do dominio sobre a natureza das coisas, é e sempre seré uma gloria do homem. Em certas cireunstancias, a promogao do bem comum exigir4 uma regulagio, e até diria uma redugfo de tais ou quais atividades técnicas, mas é insustentavel a idéia de generali zar e de fazer désse racionamento um programa de civili- zagho. Dizer que a técnica ¢ a ciéneia desumanizam o homem equivale a afirmar que 0 homem é mais plenamente humano na selva do que na universidade ou na £4brica, e isto é uma tese do naturismo que 0 bom-senso ea sii filosofia rejeitam. B se nfo 6 a selva o ideal, onde demarcariamos nés o limi- te e com que critério determinariamos nés a barreira que ‘o homem nio deve ultrapassar, na ordem da especulacio © na ordem pratica, para ndo perder o seu teor de humanidade? | 4 AS PRONTEIRAS DA TECNICA Hi uma idéia muito difundida, principalmente em cer- tas revistas de vulgarizacio, pela qual o progresso téenico 6 por si mesmo civilizador e aperfeigoador do homem. Ora, se pretendemos desmontar 0 mito do progresso necessirio, e afirmar o primado da moral — e é nessa perspectiva que se situa o presente trabalho — nfo podemos, sem enfraque- cer todos os nossos argumentos, afirmar a eficdcia contréria da atividade téeniea, No que concerne & civilizagao e & sor- te do homem, a técnica é neutra, Nao traz nem tira a feli- cidade, Pode contribuir hoje para o bem-estar, e assim, de um modo subalterno, trazer uma contribuigao de felicidade; e pode amanhi contribuir para a desgraga dos povos. Em si mesma 6 neutra. Seu valor absoluto sé recebe o sinal al- gébrico, positivo ou negative, quando a vontade do homem determina 0 seu uso, e nfo quando a inteligéncia determina a sua forma. A bomba atémica, nas suas mais perigosas realizagées, com todo o seu portentoso acimulo de energias, obedece a trés ou quatro palavras escritas numa folha de servigo. um leviata décil. Quem nem sempre é décil é 0 homem que assina a ordem de servigo. Certas pessoas tém médo da técnica e da bomba; eu tenho médo do memorandum, Tenho mais médo, por exem- plo, de um coneurso de filosofia do que de um invento fisico; porque é daquele concurso que vai sair 2 data, o enderéco ea aplicagio da bomba de hidrogénio, e nao da prépria bomba. ‘Vou mais longe. Com téda a sua intrinseea neutrali- dade, a técnica tem um certo valor humano, uma certa incli- naco ao bom uso, na medida em que traduz o império do homem sobre as coisas. Torno a dizer que é uma gléria, que 6 uma alta conquista fundada num direito da inteligéneia, ‘So Jofo da Cruz, o doutor da mistica, diz que “um s6 pen- samento do homem vale mais do que o universo inteiro”, por onde se vé que nfio hf exagaro em afirmar que o domt- nio sobre tédas as coisas é um direito da inteligéncia. ® ver- dade que 0 mistico acreseenta: “eis ai por que s6 Deus é AS FRONTEIRAS DA TECNICA 15 digno de nosso pensamento, sendo s6 a Ble devido; e assim todo pensamento do homem que no se dirigir a Deus é um roubo feito A sua Majestade”. Na ordem prética, que aqui nos ocupa, eu também aerescentaria que a técnica #6 é uma auténtica gléria do homem enquanto permanecer na dire- gio da gléria de Deus. Nao se trata pois de restringir a atividade técnica, sim de polarizé-la. Nao se trata de diminuir o nimero de receptores de rédio ou de televiséo, e sim de melhorar o seu uso. Como técnico, nfo tenho culpa nenhuma se os progra- mas do radio chegaram a um grau de espantosa imbecili- dade, Como homem, como cidadao brasileiro, tenho certa- mente uma parte de culpa. Mas seria pueril castigar 0 tée nico pela culpa do homem, fechando as fabricas para dimi- nuir a irradiagio de tolices. Diria até que no mundo moderno, com @ crescente com- plexidade dos problemas humanos, impée-se a necessidade de um certo tipo de técnica que parecer desumano a quem ande a gonhar com um modélo campestre de civilizagéo. Dou um exemplo a eujas aberragbes sou particularmente sensi- vel: os testes psicol6gicos destinados & selecio e & orien- tagio profissional. fsses testes podem tornar-se instru- mentos de injustica e de opresséo; mas quem disser, « priori, que sio iniquos e contrérios A dignidade da pessoa humana, ‘estar de certo modo traindo o estandarte moral que pre- tende defender, por afirmar a impoténcia da ética sbre uma determinada atividade. A téenica que tem por matéria 0 homem é evidentemente mais delicada e mais condicionada do que a técnica que tem por matéria o chumbo ou o uranio; mas nem por isso pode ser sumariamente anatematizada em tarmos de um hipermoralismo, que tangencia o imoralis- mo, porque descré da amplitude do universo moral. Se a questo 6 no deixar que os instrumentos da técnica toquem o homem, devemos comecar por denunciar os dentistas; ou devemos fechar os sal6es de barbeiro.

You might also like